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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO RN UNIDADE DE ENSINO DE NATAL DIRETORIA DE ENSINO GERÊNCIA EDUCACIONAL DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte- CEFET-RN Jorge Magner Lourenço (magner@cefetrn.br) Manoel Fernandes de Oliveira Filho (Manoelfernandes@cefetrn.br) Av. Senador Salgado Filho, 1559 - Tirol - Natal-RN Gerência de Tecnologia Industrial - GETIN CEP.: 59.000-000 Caixa Postal: 601 Tel.: 84-4005-2635 / 4005-2660 mailto:magner@cefetrn.br mailto:Manoelfernandes@cefetrn.br Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 1 Caro aluno: Esta apostila trata-se de um material didático resumido de sistemas térmicos para o alunado de qualquer Curso Técnico de Mecânica. Nela estão inclusos conteúdos envolvendo hidrostática, ciclos termodinâmicos, transmissão de calor, geradores de vapor, refrigeração e ar condicionado, psicrometria e noções básicas de levantamento de carga térmica. Nenhum aprofundamento matemático está envolvido com tais assuntos, tendo em vista que o objetivo não é este e sim mostrar noções básicas e o princípio de funcionamento das máquinas térmicas proposta nesse curso. É bom lembrar que todo esse conteúdo será revisto, logicamente envolvendo cálculo diferencial e integral, caso o nosso aluno se interese pelo Curso de Engenharia Mecânica. Portanto, o caráter geral deste curso é oferecer ao aluno de nível técnico noções básicas dos temas acima citados oferecendo, ainda, visitas técnicas à indústrias locais para melhor compreensão de tais conteúdos. Atenciosamente, Prof. Jorge Magner Lourenço Prof. Manoel Fernandes de O. Filho Última atualização: dezembro de 2009 Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 2 CAPÍTULO 1 – PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA 1.1 Termodiâmica É a ciência que investiga os processos de transformação de energia e o comportamento dos sistemas nesses processos, ela estuda as leis da transformação da energia. A termodinâmica é simultaneamente um ramo da física e da engenharia, ela está interessada em obter uma compreensão básica do comportamento físico e químico de quantidades fixas de matéria em repouso, e utiliza os princípios da termodinâmica para relacionar as propriedades da matéria. Nós, usuários da termodinâmica, estamos interessados em estudar sistemas e como eles interagem com as suas vizinhanças. A termodinâmica é baseada em leis estabelecidas experimentalmente: A Lei Zero da Termodinâmica determina que, quando dois corpos têm igualdade de temperatura com um terceiro corpo, eles têm igualdade de temperatura entre si. Esta lei é a base para a medição de temperatura. A Primeira Lei da Termodinâmica fornece o aspecto quantitativo de processos de conversão de energia. É o princípio da conservação da energia e da conservação da massa, agora familiar: "A energia do Universo é constante". A Segunda Lei da Termodinâmica determina o aspecto qualitativo de processos em sistemas físicos, isto é, os processos ocorrem numa certa direção mas não podem ocorrer na direção oposta. Enunciada por Clausius da seguinte maneira: "A entropia do Universo tende a um máximo". A Terceira Lei da Termodinâmica estabelece um ponto de referência absoluto para a determinação da entropia, representado pelo estado derradeiro de ordem molecular máxima e mínima energia. Enunciada como "A entropia de uma substância cristalina pura na temperatura zero absoluto é zero". É extremamente útil na análise termodinâmica das reações químicas, como a combustão, por exemplo. 1.2 Conceitos importantes Transformações termodinâmicas: chama-se transformação termodinâmica, a variação de pelo menos um dos parâmetros de estado. Ex.: água a temperatura de 28ºC, se aquecida até 30ºC, passou por uma transformação termodinâmica. Volume específico: é definido como o volume por unidade de massa e é reconhecido pelo símbolo . Massa específica ou Densidade: é o inverso do volume específico e é definido como a massa por unidade de volume. kgm m V /3 3/ mkg V m http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Zero_da_Termodin%C3%A2mica http://pt.wikipedia.org/wiki/Temperatura http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Lei_da_Termodin%C3%A2mica http://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Lei_da_Termodin%C3%A2mica http://pt.wikipedia.org/wiki/Clausius http://pt.wikipedia.org/wiki/Entropia http://pt.wikipedia.org/wiki/Universo http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceira_Lei_da_Termodin%C3%A2mica http://pt.wikipedia.org/wiki/Entropia Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 3 Pressão: Vamos iniciar o conceito de pressão considerando uma pequena área A associada a um ponto em um fluido em repouso. O fluido em lado dessa área exerce uma força compressiva que é normal à área, Fnormal. Uma força igual, mas em sentido contrário, é exercida sobre a área pelo fluido situado no outro lado, isso para o fluido em repouso. A pressão P no ponto especificado é definida como, A pressão varia de ponto a ponto em um fluido estático; exemplos é a variação da pressão atmosférica com a altura e a variação da pressão com a profundidade dos oceanos. Os manômetros e os barômetros medem a pressão em termos de um comprimento de uma coluna de líquido, tal como o mercúrio, a água ou o óleo. O manômetro mostrado abaixo posui um lado aberto para a atmosfera e o outro ligado a um recipiente R que contém um gás a pressão uniforme. Aplicando um balanço elementar de forças, a pressão do gás é atmP P gh . Figura 1.1 – Manômetro de coluna. Patm é a pressão atmosférica local, ρ é densidade do líquido no maômetro, g é a aceleração da gravidade e h é a diferença entre os níveis do líquido. Os manômetros de Bourdon se baseiam na deformação de uma membrana flexível. Estas membranas, por terem deformação proporcional à pressão a que estão sujeitas, são utilizadas com vários outros métodos no sentido de transformar a deformação numa grandeza que possa ser processada. 2/normal F P N m A Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 4 Figura 1.2 – Manômetro de Bourdon Unidades de pressão: 1 Pa = 1 N/m 2 = 1,4504 x 10 -4 lbf/in 2 1 bar = 10 5 N/m 2 1 lbf/in 2 = 6894,8 Pa 1 lbf/in 2 = 144 lbf/ft 2 1 atm = 14,696 lbf/in 2 = 760 mmHg = 760 Torr = 1,013 bar = 1 kgf/cm 2 1 mbar = 10 -3 bar = 0,75 mmHg Temperatura: Um dispositivo familiar para medição da temperatura é o termômetro de bulbo, que consiste de um tubo de vidro capilar conectado a um tubo cheio de um líquido com mercúrio, álcool e selado na outra extremidade. O espaço acima do líquido é ocupado pelo vapor do líquido ou por um gás inerte. Exemplo 01 – A pressão no interior de um tanque é de 0,4 bar, e pressão atmosférica nas vizinhanças é de 98 kPa. Que leitura, em kPa, seria fornecida por um manômetro de Bourdon instalado no tanque? Essa leitura é manométrica ou de vácuo? Exemplo 02 - Um manômetro contém um fluido com densidade de 816 kg/m 3 . Em suas extremidades, este equipamento contém gases a diferentes pressões. A diferença de altura entre as duas colunas é de 50 cm. Que diferença de pressão é indicada em kgf/cm 2 . Exemplo 03 - Água e óleo de densidades 1 g/cm³ e 0,8 g/cm³, respectivamente, são colocados em um Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 5 sistema de vasos comunicantes, como mostrados na figura abaixo. Sendo 26 cm a altura de coluna de óleo, determine a altura da coluna de água medida acima do nível de separação entre os líquidos. Exemplo 04 - Água escoa através de um medidor de Venturi, conforme ilustrado na figura abaixo. A pressão da água no tubo suporta colunas de água que diferem de 10 in (0,25 m) de altura. Determine a diferença de pressão entreos pontos a e b, lbf/in 2 . A pressão aumenta ou diminui na direção do escoamento? A pressão atmosférica é de 14,7 lbf/in 2 (101,354 kPa), o volume específico da água é de 0,01604 ft 3 /lb (0,001 m 3 /kg) e a aceleração da gravidade é 32 ft/s 2 (9,7 m/s 2 ). Exemplo 05 – A figura abaixo mostra um tanque no interior do outro, cada um contendo ar. A pressão absoluta no tanque A é de 267,7 kPa. O manômetro A está instalado no interior do tanque B e registra 140 kPa. O manômetro de tubo em U conectado ao tanque B contém mercúrio. Usando os dados do diagrama, determine a pressão absoluta no interior do tanque B, em kPa. A pressão atmosférica nas vizinhanças do tanque B é de 101 kPa. A aceleração da gravidade é de g = 9,8 m/s 2 . Exemplo 06 – Conforme ilustrado na figura abaixo, um veículo de exploração submarina submerge de uma profundidade de 1000 ft (304,8 m). Considerando que a pressão atmosférica na superfície é de 1 Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 6 atm, a massa específica da água é de 62,4 lb/ft 3 (999,5 kg/m 3 ) e g = 32 ft/s 2 (9,8 m/s 2 ), determine a pressão sobre o veículo em atm. 1.3 Equação geral da energia Calor (Q): é o fluxo de energia entre duas regiões a temperaturas diferentes. Bloco I, transferindo uma certa quantidade de calor ao bloco II, devido a temperatura de I ser maior que II. Unidade de calor (MKS): Joule 1 Cal = 4,186 Joule A lei da conservação indica claramente que a energia transmitida a um corpo deve conservar-se totalmente. Demonstrou-se que alguma parte (ou toda) da energia absorvida por um material, pode abandoná-lo como trabalho e que somente a porção que não seja utilizada para efetuar trabalho externo, permanece no corpo como “energia térmica armazenada”. Toda energia transmitida a um corpo deve conservar-se ou manifestar-se em algumas das formas a seguir especificadas ou combinação destas: (1) Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 7 como um aumento da energia cinética, (2) como um aumento da energia potencial, ou (3) como trabalho externo realizado. ΔQ = ΔK + ΔP + ΔW Onde: ΔQ = energia térmica transmitida ao corpo; ΔK = a parte de energia transmitida que aumenta a energia cinética interna; ΔP = a parte de energia transmitida que aumenta a energia potencial interna e ΔW = a parte de energia transmitida que é utilizada para efetuar trabalho externo. 1.3.1 Trabalho externo de um sólido ou líquido Quando o calor aplicado a um material no estado sólido ou líquido aumenta a temperatura deste, o material dilata efetuando uma pequena quantidade de trabalho. No entanto, o aumento no volume e o trabalho externo efetuado são tão pequenos que a porção de energia transmitida para efetuar trabalho externo ou para aumentar a energia potencial interna é desprezível. Em resumo, toda energia adicionada a um sólido ou a um líquido durante uma mudança na temperatura há variação apenas na sua energia cinética interna, e nenhuma porção abandona o material como trabalho externo ou energia potencial. Neste caso, ΔQ = ΔK Quando um sólido funde para o estado líquido, a mudança no volume é tão insignificante que o trabalho externo efetuado pode ser desprezado. Além disso, a temperatura permanece também constante durante a mudança de estado, não existe variação na energia cinética interna, sendo ΔQ = ΔP. Isto não é válido quando um líquido muda para o estado vapor. A mudança que ocorre no volume e, consequentemente, o trabalho externo efetuado, é considerável. Por exemplo, quando 1 lb (0,45 kg) de água à pressão atmosférica se transforma em vapor, o seu volume aumenta de 0,0167 pés 3 (472 cm 3 ) para 26,79 pés 3 (758600 cm 3 ) gastando 970,4 Btu de energia. Neste caso, 72 Btu são necessários para efetuar trabalho de expansão contra a pressão atmosférica, sendo o restante armazenado na forma de energia potencial, ou seja, ΔQ = ΔP + ΔW. 1.3.2 Gás ideal ou gás perfeito Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 8 As várias leis que regem as relações pressão/volume/temperatura, aplicam-se com precisão absoluta somente a um gás “ideal” ou “perfeito”. Um gás “perfeito” é descrito como aquele onde não existem ações internas entre suas moléculas. As moléculas deste gás são totalmente livres e independentes das forças atrativas das demais moléculas. Portanto, nenhuma porção da energia transmitida de ou para um gás perfeito tem qualquer efeito sobre a energia potencial interna. Dado que a mudança na energia potencial interna, ΔP, sempre será zero, a equação geral da energia para um gás ideal pode ser escrita como, ΔQ = ΔK + ΔW. 1.3.3 Processos com gases ideais Diz-se que um gás sofre um processo termodinâmico quando passa de um determinado estado para outro. Uma mudança na condição de um gás pode se apresentar em um infinito número de formas das quais apenas cinco são de grande interesse. Estas formas são as correspondentes aos processos (1) pressão constante (isobárico); (2) volume constante (isométrico); (3) temperatura constante (isotérmico); sem troca de calor com o meio externo (adiabático); e entre isotérmico e adiabático (politrópico). a) Processo a volume constante Quando um gás é aquecido enquanto o volume permanece constante, a pressão e temperatura se modificarão de acordo com a lei de Charles (T1P2=T2P1). Posto que o volume do gás não se modifica, consequentemente, não se efetua trabalho externo, sendo ΔW igual a zero, portanto, ΔQv = ΔKv A equação estabelece que durante um processo termodinâmico a volume constante, toda a energia cedida ao gás aumenta a energia cinética interna deste. Parte alguma da energia abandona o gás como trabalho. b) Processo a pressão constante Se a temperatura de um gás aumenta pela adição de calor, o gás pode se dilatar de forma que a sua pressão se mantenha constante, o volume do gás aumenta de acordo com a lei de Charles (T1V2=T2V1). Desta forma, o gás efetua trabalho ao mesmo tempo em que sua energia interna aumenta. Pelo exposto, enquanto que a fração da energia transmida aumenta a energia cinética do gás, outra fração da energia transmitida abandona o gás como trabalho. Para um processo a pressão constante, pode-se escrever a equação da energia como, Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 9 ΔQp = ΔKp + ΔWp c) Calor específico dos gases Quando o calor absorvido ou cedido por um material causa ou acompanha uma mudança na temperatura deste, o calor transmitido é denominado de calor sensível; enquanto que a energia que causa ou acompanha uma mudança de fase é conhecida como calor latente. A quantidade de calor necessário para aumentar a temperatura de 1 kg de gás em 1°C enquanto seu volume permancec constante é conhecida como o calor específico a volume constante (cv). Da mesma forma, a quantidade de calor necessário para aumentar a temperatura de 1 kg de gás em 1°C, enquanto a pressão permanece constante é denominada de calor específico a pressão constante (cp). Para um processo a volume constante, tem-se que ΔQv = ΔKv Como, ΔKv = m.cv.(T2 – T1) Onde, ΔKv é o aumento da energia cinética; m é a massa do gás; cv é o calor específico a volume constante; e (T2 – T1) é variação de temperatura durante o processo. Logo, ΔQv = ΔKv = m.cv.(T2 – T1) Exemplo 07 – A temperatura de 2,27 kg de ar é aumentada pela adição de calor, de uma temperatura inicial de 132°K a uma temperatura final de 246°K. Se o Cv para o ar é de 0,711 J/g°K, qual o aumento na energia cinética interna? Exemplo 08 – Se no exemplo acima, o gás for aquecido enquanto o seu volume é mantido constante, qual a quantidade de calor cedida ao gás durante o processo? d) Trabalho externo durante um processo a pressão constante O trabalho W é usualmente definido como uma força F agindo através de um deslocamento x, Prof. ManoelFernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 10 estando tal deslocamento na direção da força. Logo, W = F.x mas F = P.A teremos então que W = P.A.x, onde A.x = V, daí W = P.V Resultando que o trabalho efetuado durante um processo a pressão constante pode ser calculado pela equação, ΔWp = P.(V2 – V1) e) Calor cedido durante um processo a pressão constante De acordo com a equação (ΔQp = ΔKp + ΔWp) o calor total cedido a um gás durante um processo a pressão constante é igual a soma de ΔKp (aumento da energia cinética interna do gás) mais o ΔWp (trabalho externo efetuado pela expansão do gás). Exemplo 09 – 0,45 kg (1 lb) de ar possuindo um volume inicial de 13,34 pés 3 e uma temperatura inicial de 33°C é aquecida e pode expandir sob pressão constante de 1 atm (2116,2 lb/pé 2 ) até um volume final de 15 pés 3 . Calcular o trabalho externo efetuado em lb.pé. 1.3.4 Diagrama (PV) Pressão-Volume Da combinação das leis de Charles e Boyle é obtida a seguinte equação geral dos gaes: 1 1 2 2 1 2 p V p V T T A equação mostra que, para uma dada massa de gás, o produto da pressão absoluta pelo volume, dividido pela temperatura absoluta é sempre uma constante, isto é, pV cte T O valor desta constante é diferente, logicamente, para gases diferentes e é conhecida com a constante do gás. A constante R poderá ser encontrada em tabelas específicas de gases ideais. A representação gráfica de um processo ou ciclo denomina-se de diagrama de processo ou diagrama de ciclo, sendo muito útil nas análises e soluções de problemas cíclicos. Quando a pressão e o volume são usados como coordenadas para executar um diagrama de processo ou ciclo, este diagrama denomina-se de “diagrama pressão- volume (pV)”. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 11 A Lei de Boyle-Mariotte (enunciada por Robert Boyle e Edme Mariotte) diz que: "Sob temperatura constante (condições isotermas), o produto da pressão e do volume de uma massa gasosa é constante, sendo, portanto, inversamente proporcionais. Qualquer aumento de pressão produz uma diminuição de volume e qualquer aumento de volume produz uma diminuição de pressão." Condição 1 Condição 2 Figura 1.3 – Demonstração da lei Boyle-Mariotte A temperatura do sistema permanece constante (repare que o indicador de temperatura não se move) e uma força externa exerce um trabalho sobre o gás (aumenta o número de massas sobre o pistão). Assim, enquanto o volume diminui a pressão aumenta proporcionalmente. A massa do gás no interior do cilindro permanece constante e na mesma temperatura. Considerando um gás ideal, utiliza-se a equação p.V=n.R.T para esta descrição. Repare que o termo nRT(constante) não se modifica quando a temperatura é constante (o número de moles (n) não varia e R é, por definição, constante). Assim, para que o produto da pressão pelo volume permaneça constante é necessário que a diminuição do volume seja compensado pelo aumento da pressão. Logo, se conclui que p1V1= p2V2 Ou seja, pV=constante Genericamente falando, tem-se que, pV n =constante http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Boyle http://pt.wikipedia.org/wiki/Edme_Mariotte http://pt.wikipedia.org/wiki/Temperatura http://pt.wikipedia.org/wiki/Isotermo http://pt.wikipedia.org/wiki/Press%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Volume http://pt.wikipedia.org/wiki/Massa http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s http://pt.wikipedia.org/wiki/Inversamente_proporcionais javascript:; javascript:; Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 12 Lista de exercícios 1. Um manômetro contém 2,8 kgf/cm² de pressão e o barômetro indica 742 mmHg. Calcular a pressão absoluta em kgf/cm² e atm. 2. O nível de água num tanque fechado é de 30 m acima da base. A pressão no espaço de ar acima da água é de 1,15 kgf/cm². A densidade média da água é de 1 kg/dm³. Qual é a pressão da água na base? 3. Um manômetro de mercúrio, usado para medir um vácuo, registra 731 mmHg e o barômetro registra 750 mmHg. Determinar a pressão em kgf/cm². 4. Um cilindro vertical contendo gás argônio possui um êmbolo de 45 kg e área seccional de 280 cm². A pressão atmosférica no exterior do cilindro é 0,92 kgf/cm² e a aceleração da gravidade local é 9,7 m/s². Qual a pressão do argônio no cilindro? 5. O esquema representa um recipiente R contendo um gás, conectado com um tubo em U com mercúrio e aberto para o exterior na outra extremidade. Na situação de equilíbrio esquematizada, a altura da coluna de mercúrio é 24 cm e a pressão atmosférica é 76 cmHg. Determine a pressão exercida pelo gás: a. expressa em centímetros de mercúrio (cmHg) b. expressa em N/m². 6. Um reservatório contém água, cuja densidade é 1 g/cm³, até uma altura de 10 m. A pressão atmosférica local é 10 N/m² e a aceleração da gravidade é g =10 m/s². Determine a pressão no fundo do reservatório expressa em N/m². 7. Um termômetro de massa 0,055 kg e calor específico 0,20 kcal/kgºC marca 15,0ºC. O termômetro é mergulhado em 0,30 kg de água e após atingirem o equilíbrio térmico, ele marca 44,4ºC. Calcular a temperatura inicial da água, isto é, antes da imersão do termômetro, desprezando outras perdas possíveis de calor. 8. Qual a quantidade de calor Q transferida para um sistema onde o trabalho W é 200 kJ e a variação de energia interna é 80 kJ? 9. Um sistema térmico recebe 3000 J de calor e realiza um trabalho de 200 J. Qual a energia consumida por este sistema? Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 13 10. (UERJ 2001) Um adestrador quer saber o peso de um elefante. Utilizando uma prensa hidráulica, ele consegue equilibrar o elefante sobre um pistão de 2000cm 2 de área, exercendo uma força vertical F equivalente a 200N, de cima para baixo, sobre o outro pistão da prensa, cuja área é igual a 25cm 2 . Calcule o peso do elefante. 11. Determinar o trabalho realizado pela expansão do gás contido no cilindro da figura abaixo, onde o êmbolo se desloca da posição 1 até a posição 2. O êmbolo tem uma massa de 80 kg. 12. Um gás ideal sofre uma expansão a pressão constante, onde o volume inicial é 1,0 m3 e o volume final é 4,0 m 3 . A pressão ao longo do processo é p = 2,0 x 10 5 N/m2, conforme mostrado no gráfico abaixo. Qual o trabalho realizado pelo gás? (A) 8,0 x 10 5 J (B) 6,0 x 10 5 J Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 14 (C) 5,0 x 10 5 J (D) 600 J (E) 10,0 J 13. (Petrobras Distribuidora) Numa transformação termodinâmica, certa quantidade de um gás ideal sofre a transformação A→B, como indicado no gráfico abaixo. Sabendo-se que, durante o processo, a energia interna do gás diminuiu 200 J, o trabalho realizado e a quantidade de calor trocada têm módulos, em J, respectivamente, iguais a: (A) 1.000 e 700 (B) 700 e 500 (C) 700 e 300 (D) 500 e 700 (E) 300 e 500 14. (Transpetro 2008) O gráfico (p x V) acima representa um gás ideal que, inicialmente em equilíbrio termodinâmico (ponto A da figura), a uma temperatura T0 = 27°C, sofre uma expansão isobárica (A→B) e, depois, uma compressão isovolumétrica (B→C) até atingir um novo equilíbrio termodinâmico (ponto C da figura) à mesma temperatura inicial T0. Utilizando os dados do gráfico, qual a temperatura do gás no estado B (T1) e o trabalho realizado na transformação A →B→ C, respectivamente? (A) 36°C e 0,25x105 J. (B) 36°C e 0,5x105 J. (C) 36°C e 2x105 J. (D) 127°C e 2x105 J. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 15 (E) 127°C e 8x10 5 J. 18. (Petrobras 2008) Quatro quilogramas de um determinado gás estão contidos em um conjunto cilindro-pistão. O gás sofre um processo para o qual a relação entre a pressão e o volume é pV 1,5 =constante. Considere que a pressão inicial é de 3 bar,o volume inicial é de 0,1 m 3 e o volume final é de 0,2 m 3 . A variação da energia internaé dada por 4,6 kJ/kg. Não há variação significativa de energia cinética ou potencial. O trabalho neste processo é dado por W = 17,0 kJ. Assim, a transferência de calor líquida para o processo, em kJ, é dada por (A) 10,0 (B) 2,5 (C) 1,4 (D) 4,0 (E) 4,5 19. (PetroquímicaSuape 2009) O gráfico abaixo mostra os valores de pressão e volume em um gás ideal ao longo do processo termodinâmico AB. De acordo com os dados do gráfico, esse processo é (A) adiabático. (B) isobárico e o gás sofre compressão. (C) isobárico e o gás sofre expansão. (D) isotérmico e o gás sofre compressão. (E) isotérmico e o gás sofre expansão. 20. (BR distribuidora 2019) A figura acima apresenta o gráfico de uma transformação sofrida por um gás ideal. Essa transformação é um(a) Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 16 (A) aquecimento isocórico. (B) compressão isobárica. (C) compressão isotérmica. (D) expansão isobárica. (E) expansão isotérmica. 21. (BR distribuidora 2010) Um gás ideal recebe uma certa quantidade de calor a volume constante. Nesse processo, a temperatura final é 3 vezes maior do que a temperaura inicial Tf=3Ti. Sabendo-se que a pressão inicial é de 1 atm, qual é a pressão do gás ao final desse processo ? (A) 1 atm (B) 2 atm (C) 3 atm (D) 4 atm (E) 5 atm 22. Fervendo 1 g de água, a pressão atmosférica, cujo volume é 1 cm3, obtém-se 1671 cm3 de vapor. O calor de vaporização da água é 539 cal/g a 1 atm. Calcule a energia interna deste sistema. 23. Calcule o calor específico de um metal a partir dos seguintes dados: um recipiente metálico de 4 kg contém 14 kg de água e ambos estão a 15ºC. Um bloco de 2 kg, feito do mesmo metal, e que se encontrava a 160ºC, é mergulhado na água. Após o equilíbrio térmico, o sistema todo se encontra a 18ºC. Considere o calor específico da água como 1 cal/g.ºC. 24. Consideremos como sistema o gás contido no cilindro. Este sistema é provido de um êmbolo sobre o qual são colocados vários pesos pequenos. A pressão inicial é de 2 kgf/cm 2 e o volume inicial do gás é de 25 dm 3 . O volume final do gás é aumentado para 40 dm 3 , após o sistema sofrer aquecimento, enquanto a pressão permanece constante. Calcule o trabalho realizado. 25. Fervendo 1 g de água, a pressão atmosférica, cujo volume é 1 cm3, obtém-se 1671 cm3 de vapor. O calor de vaporização da água é 539 cal/g a 1 atm. Calcule a energia interna deste sistema. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 17 Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 18 CAPÍTULO 2 – SEGUNDO PRINCÍPIO DA TERMODINÂMICA A lei que estabelece a conservação da energia não é suficiente para explicar os fenômenos básicos da termodinâmica. Ela estabelece a equivalência entre calor e trabalho, mas não indica, por exemplo, qual a quantidade de calor de uma máquina térmica que pode ser transformada em trabalho. A primeira lei da termodinâmica Qe=Ws, admitindo-se nulos os demais termos da equação, indica que uma máquina térmica recebe calor Qe e o transforma totalmente em trabalho Ws. Veremos mais adiante que isso não é possível e que essa impossibilidade deu origem a uma segunda lei da termodinâmica. 2.1 Máquina térmica É toda máquina que utiliza o calor como fonte de energia. Dentre estas máquinas, pode ser citado, por exemplo: o motor de combustão interna que utiliza o calor liberado pelo combustível, através de um processo de queima em que a transformação é do tipo exotérmica. As máquinas térmicas, em geral, utilizam o calor e produzem um trabalho do tipo mecânico. 2.2 Enunciado de Planck-Kelvin “É impossível admitir-se uma máquina térmica que produza trabalho trocando calor com uma única fonte. A máquina recebe calor de uma fonte quente, tarnsforma uma parte desse calor em trabalho e transfere a diferença para uma fonte fria”. A figura 2.1 representa duas fontes de calor sujeitas às temperaturas t1 e t2. Entre as duas fontes está instalada uma máquina cíclica que recebe o calor Qe da fonte quente, transforma uma parte em trabalho Ws e transfere o calor Qs para uma fonte fria. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 19 Figura 2.1 – Máquina cíclica operando a partir de uma fonte quente Suponhamos que a fonte quente seja uma caldeira que produz vapor a uma temperatura t1. O vapor é transferido para uma turbina que aproveita a sua energia para transformá-la parcialmente em trabalho, o qual pode ser medido no eixo da turbina. O vapor que sai da turbina deve retornar à caldeira fechando o ciclo. A caldeira tem pressão elevada e o vapor que sai da turbina tem pressão reduzida. Antes de se efetuar a compressão desse vapor, ele deve ser liquefeito, e isso implica retirada de calor. Portanto, para se completar o ciclo deve-se instalar um condensador e uma bomba, situados entre a saída da turbina e a entrada da caldeira, conforme indica a figura 2.2. Figura 2.2 – Representação real da figura 2.1. A finalidade da máquina cíclica da figura 2.2 é produzir um trabalho Ws através de uma turbina. A transformação é cíclica e o regime é permanente, desde que em todos os pontos do sistema as propriedades do fluido permaneçam constantes. Dessa maneira, funcionando em regime permanente, o sistema recebe as energias We e Qe e cede para o meio as energias Ws e Qs. De acordo com o princípio da conservação da energia, podemos afirmar que Qe + We = Qs + Ws. Por esse exemplo verificamos que, em uma máquina cíclica destinada a transformar calor em trabalho, é inevitável a perda de calor para uma fonte fria. Em outras palavras, não é possível transformar calor em trabalho com um rendimento de 100%. 2.3 Enunciado de Clausius Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 20 “É impossível admitir-se uma máquina cíclica que transfere calor de uma fonte fria para uma fonte quente sem que ela se movimente à custa de um trabalho externo”. Isso equivale a dizer que o calor passa espontaneamente de uma fonte quente para uma fonte fria, mas o fluxo de calor em sentido contrário necessita de energia para levá-lo até um potencial mais alto. Por esse motivo, denomina-se bomba de calor um conjunto de equipamentos destinados a transferir o calor de uma fonte fria para uma fonte quente. Por exemplo, o compressor de uma geladeira é uma bomba de calor. 2.4 Ciclo das máquinas térmicas Um ciclo é um processo físico fechado, isto é, um gás ao expandir-se realiza trabalho contra as forças exteriores ao sistema de controle. Para que este sistema volte a expandir-se é necessário que haja um processo de compressão, onde as condições iniciais de transformação se verificam. Figura 2.3 – Ciclo realizado por um motor térmico 2.5 Ciclo de Carnot Já vimos, como exemplo do segundo princípio da termodinâmica, um ciclo constituído por uma caldeira, uma turbina, um condensador e uma bomba, ligados em série com a finalidade de transformar calor em trabalho. Suponhamos que a água saia da bomba e entre na caldeira no estado líquido saturado e que todos os processos desse ciclo sejam reversíveis. Temos, então, um processo isotérmico na caldeira e no condensador, pois trata-se de evaporação e condensação a pressão constante. Na bomba e na turbina o processo é isoentrópico, porque não há troca de calor, e é reversível, com mostrado no diagrama TxS, figura 2.4. O ciclo assim constituído é denominado ciclo de Carnot, que é um ciclo teórico. Sua importância está na utilidade para a definição de alguns conceitos fundamentais da termodinânmica. Uma escala absoluta de temperatura pode ser definida com o auxílio de uma máquina que funciona segundo o ciclo de Carnot. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 21 Figura 2.4 – Ciclo de Carnot Vejamos quala relação entre o calor perdido e a temperatura da fonte fria de um ciclo de Carnot. Pela definição da entropia podemos escrever: T Q S Daí, o calor trocado no condensador ou na caldeira pode ser calculado da seguinte maneira: )( 32 SSTQ CDCD e )( 41 SSTQ GVGV OBS.: QCD é o calor cedido pelo condensador; e QGV é o calor recebido pela caldeira (gerador de vapor). Isso indica que a área abaixo da temperatura T2 do diagrama TxS representa o calor perdido pelo ciclo através do condensador. Pela equação acima conclui-se que a redução da temperatura de condensação e, portanto, da fonte fria reduz também a perda de calor em um ciclo de Carnot. Portanto, reduzindo-se a temperatura da fonte fria, eleva-se o rendimento do ciclo. No limite, quando adotarmos T2=0 teremos uma máquina cíclica que transforma calor em trabalho, sem rejeitar calor. O rendimento do ciclo de Carnot pode ser representado, então, em função das temperaturas absolutas. GV CD C T T 1 Quando QCD=0 temos também TCD=0 e resulta C =1 Já o rendimento de uma máquina cíclica qualquer é dado por GV CD C Q Q 1 ou GV TB C Q W . Obs.: 1 CV=632,41 kcal/h e 1 HP=640,80 kcal/h Na figura 2.5 é mostrado a instalação física para o ciclo de Carnot. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 22 Figura 2.5 – Instalação física para realização do ciclo de Carnot. Nomenclatura: Caldeira: serve para vaporizar o fluido de trabalho, geralmente, a água; Turbina: é o órgão destinado a transformar energia mecânica em energia elétrica, através de um gerador; Condensador: é destinado a condensar os vapores do fluido de trabalho; Bomba: serve para vencer uma diferença de pressão entre as linhas de alta e baixa pressão. Onde: P1=P4; P1>P2; P3< P4 – sendo P1, P2, P3 e P4 as pressões em cada etapa do sistema. Uma turbina real é irreversível. O vapor que passa dentro dela o faz com velocidade muito alta, provocando a transformação de uma parte de sua energia em calor devido ao atrito. O trabalho que ela produz naturalmente é menor do que aquele de uma turbina ideal. Consequentemente, o vapor ao sair da turbina deve ter acumulado uma quantidade maior de energia, correspondente ao trabalho que deixou de produzir. Analisando o diagrama TxS da figura 2.6 devemos concluir que o ponto 2 deve estar mais para a direita, o que corresponde a um título maior. O calor gerado pelo atrito provoca a vaporização das partículas de líquido que acompanham o vapor. O ponto 2T indica as condições teóricas (reversíveis) e o ponto 2R indica as condições reais (irreversíveis). A área cinza-escuro representa o calor teórico que sai do condensador e a área cinza-claro representa o acréscimo de calor perdido. )()( teóricoCDrealCD QQ Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 23 Figura 2.6 – Diagrama T x S para o ciclo de Carnot (real) 2.6 Enunciados de Carnot “É impossível construir um motor que opere entre dois reservatórios térmicos e tenha maior rendimento que um motor térmico reversível operando entre os mesmos reservatórios”. “Todos os motores que operam segundo um ciclo de Carnot, entre dois reservatórios de temperaturas constantes, têm o mesmo rendimento”. Exemplo 01: Uma máquina térmica, operando em regime permanente, recebe 500 000 Kcal/h de uma fonte quente e produz uma potência de 260 HP. Calcular: a) O fluxo de calor transferido para a fonte fria; b) O rendimento térmico da máquina; c) A variação de entropia que ocorre na fonte quente e na fonte fria, cujas temperaturas são, respectivamente, 400ºC e 50ºC; d) A máquina térmica é de Carnot? Resp.: a) 333 392 Kcal/h b) 33% c) SFQ =742,94 Kcal/hK SFF=1032,17 Kcal/hK d) não é de Carnot Exemplo 02: O esquema abaixo apresenta as máquinas A, B e C que funcionam de acordo com o ciclo de Carnot. Calcular o rendimento e o trabalho da máquina A. Dados: T3=300 K; Wc=500 Kcal; Q3C=1500 Kcal; WB=WC; Q1B=3 000 Kcal; Q1A=7 000 Kcal. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 24 Resp.: A=37,5% WA=2625 Kcal Exemplo 03 - Calcular o rendimento térmico de uma máquina térmica, operando segundo um ciclo de Carnot entre 493ºC e 43ºC. Exemplo 04 - Calcular o rendimento térmico para a seguinte máquina cíclica, representada na figura abaixo. A máquina térmica é de Carnot? Resp.: 18% A máquina é de Carnot Exemplo 05 – Uma máquina térmica, funcionando de acordo com o ciclo de Carnot, recebe 5 000 000 kcal/h da fonte quente, cuja temperatura é de 184ºC. A potência consumida na fase de bombeamento é de 200 CV e a temperatura da fonte fria é de 47ºC. Calcular: a) O rendimento térmico da máquina; b) O fluxo de calor cedido à fonte fria; c) A potência produzida pela máquina. Resp.: =30%; QCD=3 500 000 kcal/h; WTB=2 570 CV 2.7 Ciclo de Rankine O ciclo de Carnot, figura 2.7(a), apresenta uma grande dificuldade para ser colocado na prática, devido à mistura líquido-vapor de água que sai do condensador e é comprimida para entrar na caldeira. A dificuldade consiste na compressão de vapor e do líquido separadamente. Além disso, a energia gasta na compressão de vapor é muito maior do que seria gasta para comprimir a mesma quantidade de líquido. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 25 Portanto, é muito mais prático um ciclo que tenha somente líquido na entrada da bomba. Este ciclo está representado na figura 2.7(b) com o nome de Rankine. Figura 2.7(a) – Ciclo de Carnot Figura 2.7(b) – Ciclo de Rankine O ciclo de Rankine é então aquele que se obtém quando o ponto 3 é deslocado para a linha de líquido saturado. Dessa maneira, o ponto 4, que representa o estado da água que entra na caldeira, fica abaixo da temperatura de saturação. A função da caldeira nesse novo ciclo é aquecer e vaporizar a água em processo a pressão constante. No ciclo de Carnot a caldeira somente vaporiza a água em um processo a temperatura constante. Verifica-se na figura 2.7(b), ciclo de Rankine, que a bomba começa a trabalhar sobre a linha de líquido saturado, ponto 3, isto é, o fluido de trabalho na saída do condensador se encontra no estado líquido. O trecho 3-5 é a região de líquido comprimido ou de ação de compressão da bomba. Podemos então definir um ciclo de rankine como aquele que tem dois processos adiabáticos (bomba e turbina) e dois processos isobáricos (caldeira e condensador), sendo todos eles reversíveis. 2.8 Rendimento do ciclo de Rankine Vimos no ciclo de Carnot que o seu rendimento pode ser calculado por meio das temperaturas absolutas das duas fontes: GV CD C T T 1 No ciclo de Rankine não podemos aplicar a mesma expressão porque as temperaturas das duas fontes não são constantes, entretanto podemos afirmar, por analogia com o ciclo de Carnot, que o seu rendimento depende das temperaturas médias das duas fontes. Portanto, para o ciclo de Rankine, o rendimento térmico é dado por: GV CD C Q Q 1 ou GV TB C Q W similar a qualquer máquina térmica cíclica. Onde: GVQ vazão mássica (h1-h5) e CDQ vazão mássica (h2-h3) Vamos lembrar que a temperatura média da fonte quente, quando elevada, ou a da fonte fria, quando reduzida, pode melhorar o rendimento de um ciclo de Rankine. A temperatura média da fonte Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 26 quente pode ser elevada de três maneiras diferentes: a) elevando-se a temperatura do ponto 1 da figura 2.7(b), mantendo-se a pressão constante; b) elevando-se o patamar que representa a vaporização da água no diagrama TxS, da figura 2.7(b); elevando-se a temperatura do ponto 4. Por outro lado, a temperatura média da fonte fria pode ser reduzida rebaixando-se o patamar que representa a condensaçãoda água. Vejamos com mais detalhes: Uma caldeira pode produzir vapor saturado se ele for retirado diretamente do tubulão de vapor. Se esse vapor saturado seco passar por uma outra fonte de calor, ele pode ser aquecido acima da temperatura de saturação, sem que sua pressão seja alterada. Na figura 2.8 é mostrado esses detalhes. Figura 2.8(a) – Ciclo de Rankine Figura 2.8(b) – Ciclo de Rankine com vapor superaquecido Figura 2.8(c) - Instalação física do ciclo de Rankine com vapor superaquecido. Pela figura 2.8 pode-se facilmente observar, por comparação de áreas, que quando se utiliza vapor superaquecido a relaçãode calor QCD/QGV é menor do que no caso de vapor saturado. Dessa maneira, o rendimento do ciclo aumenta. O ciclo de Rankine sem vapor superaquecido não tem aplicação prática, pois industrialmente são utilizados ciclos aquele mostrado na figura 2.8(c). A vantagem do ciclo com superaquecimento de vapor consiste em um melhor aproveitamento da energia do sistema. Verifica-se que uma quantidade maior de calor (QGV + QGV 1 ) é fornecida ao fluido de trabalho. O aumento da temperatura de vapor da caldeira está limitado pela resistência mecânica do material em altas temperaturas, pela temperatura de combustão, etc. Por isso, quando já se tem o vapor a uma Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 27 temperatura considerada elevada, deve-se lançar mão de outro recurso para melhorar ainda mais o rendimento do ciclo de Rankine. Se a caldeira produzir vapor a uma pressão mais alta, mantendo-se a sua máxima temperatura, teremos a vaporização a uma temperatura mais elevada. Na figura 2.9 é mostrada tais alterações. Figura 2.9(a) – Ciclo de Rankine Figura 2.9(b) – Ciclo de Rankine com elevação da pressão de vaporização Verifica-se, entretanto, que o ponto 2 se desloca para a esquerda à medida que aumenta a pressão de vapor. Isso significa que a quantidade de líquido na saída da turbina aumenta. O vapor tem uma velocidade muito alta e a presença de líquido no vapor pode colocar em risco a segurança da turbina, fato que pode limitar a pressão do vapor que entra na turbina. Entretanto, pode-se lançar mão de um recurso que permite o uso de vapor em altas temperaturas sem afetar a segurança da turbina devido à presença de líquido, que seria o reaquecimento do vapor. De acordo com o diagrama TxS, figura 2.10, pode-se observar que o reaquecimento deslocou para a direita o ponto de saída do vapor na última etapa da turbina. De fato, se o vapor passasse para a segunda turbina sem reaquecimento, o seu estado estaria representado pelo ponto 2‟. O reaquecimento permite a presença de um vapor mais seco na saída da segunda turbina. Conclui-se então que o uso de altas pressões de vapor é viável, desde que acompanhado de um reaquecimento. Figura 2.10 – Ciclo de Rankine com reaquecimento Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 28 A última maneira de elevar o rendimento do ciclo de Rankine é por meio da elevação da temperatura do ponto 5, figura 2.7(b). Na prática isso se consegue introduzindo pré-aquecedores no trajeto da água que se dirige à caldeira. Exemplo 06 – Calcular o rendimento de um ciclo de Rankine, conhecendo-se a pressão da caldeira P1=50 atm, e a do condensador P2=0,5 atm. Sabe-se que o vapor entra saturado na turbina e que a água que sai do condensador está saturada, como mostrado diagrama TxS. Resp.: 31% Exemplo 07 – Calcular o rendimento do um ciclo do problema anterior adotando agora vapor superaquecido na entrada da turbina a 500ºC, com as demais condições mantidas, isto é: P1=50 atm e P2=0,5 atm. Comparar este rendimento com o do problema anterior e justificar a sua variação. Resp.: 33% Exemplo 08 – Calcular o rendimento do um ciclo do problema anterior adotando uma pressão na caldeira de 100 atm e com as demais condições mantidas, isto é: T1=500ºC e P2=0,5 atm. Comparar este rendimento com o do problema anterior e justificar a sua variação. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 29 Resp.: 36% Exemplo 09 – Imaginemos um ciclo de Rankine com reaquecimento de vapor que passa pela turbina do problema anterior a uma pressão de 75 atm. Calcular o rendimento deste ciclo supondo que a temperatura de reaquecimento seja também de 500ºC e que a demais condições sejam mantidas, isto é: P1=100 atm, pressão no condensador de 0,5 atm. Resp.: 37% CAPÍTULO 3 - TRANSMISSÃO DE CALOR 3.1 Relação entre transmissão de calor e termodinâmica Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 30 Sempre que existir um gradiente de temperatura no interior de um sistema, ou que dois sistemas a diferentes temperaturas forem colocados em contato, haverá transferência de energia. O processo pelo qual o calor é transportado, chama-se transmissão de calor. A entidade em trânsito se chama calor e não pode ser medida ou observada diretamente, porém, os efeitos por ela produzidos são susceptíveis a observação e a medida. O fluxo de calor, como desempenho de trabalho, é um processo pelo qual a energia interna de um sistema se modifica. O ramo da ciência que trata da relação entre calor e outras formas de energia, chama-se termodinâmica. Seus princípios, como todas as leis da natureza, são baseados em observações, e foram generalizados em leis julgadas verdadeiras para todos os processos que ocorrem na natureza, porque nenhuma exceção foi observada. O primeiro desses princípios, a primeira lei da termodinâmica, estabelece que a energia não pode ser criada ou destruída, mas apenas modificada de uma forma para outra. Essa lei governa quantitativamente todas as transformações de energia, mas não faz restrições quanto a direção das referidas transformações. Sabe-se, pela experiência, entretanto, que é impossível um processo cujo único trabalho seja uma transmissão líquida de calor de uma região de baixa temperatura para outra de temperatura mais alta. Esse enunciado de um fato experimental é conhecido como o segundo princípio da termodinâmica. Todos os processos de transmissão de calor envolvem a transferência e a conversão de energia. Dessa forma, eles devem obedecer a primeira e segunda leis da termodinâmica. 3.2 Modos de transmissão de calor A transmissão de calor pode ser definida como a transmissão de energia de uma região para outra como resultado de uma diferença de temperatura entre elas. A transmissão de calor é governada por uma combinação de várias leis independentes da física. A literatura geralmente reconhece três modos distintos de transmissão de calor: condução, convecção e radiação. Estritamente falando, apenas a condução e radiação devem ser classificados como processos de transmissão de calor, pois somente esses dois mecanismos dependem, para sua operação, da mera existência de uma diferença de temperatura. O último dos três mecanismos, a convecção, não concorda com a definição de transmissão de calor, pois também depende, para sua operação, do transporte de massa. Mas, como a convecção também efetua a transmissão de energia de regiões de maior temperatura para as de menor, o termo “transmissão de calor”, tornou-se geralmente aceito. Condução - é um processo pelo qual o calor flui de uma região de temperatura mais alta para outra de temperatura mais baixa. Nesse modo de transmissão de calor, a energia é transmitida por meio de comunicação molecular direta, sem apreciável deslocamento das moléculas. Convecção - ocorre quando aquecemos um fluido, as partículas em contato com a superfície Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 31 aquecida se tornam menos densas, tendendo a afastar-se da mesma, como conseqüência ocorrem correntes de deslocamentos fazendo com que as partículas mais frias venham a entrar em contato com a superfície quente. Radiação - o termo “radiação” é geralmenteaplicado a todas as espécies de fenômenos de ondas eletromagnéticas, mas na transmissão de calor são de interesse apenas aqueles fenômenos que resultam da diferença de temperatura. A energia transmitida dessa maneira é chamada de calor radiante. A energia radiante viaja com velocidade da luz (3x108 m/s). O movimento de energia radiante do espaço é semelhante a propagação da luz, e pode ser descrito pelas teorias das ondas eletromagnéticas. Ex.: se você estiver próximo a um material aquecido, imediatamente você sentirá a sensação de calor. 3.3 Leis básicas da transmissão de calor Condução - a relação básica para a transmissão de calor por condução foi proposta pelo cientista francês Fourier, em 1822. Ela estabelece que qk, o calor transmitido por condução por unidade de tempo em um material, é igual a: Onde: K, é a condutibilidade térmica do material (kcal/h.m.ºC); A, área da secção através do qual o calor flui por condução, medida perpendicularmente a direção do fluxo (m2); T, variação de temperatura (ºC); L, espessura do isolamento ou parede condutora (m). Convecção - o calor transmitido por unidade de tempo por convecção entre uma superfície e um fluido pode ser calculado pela relação: Onde: qc, é o calor transmitido por convecção por unidade de tempo (kcal/h); A, área da secção através do qual o calor flui por convecção, medida perpendicularmente a direção do fluxo (m2); T, variação de temperatura (ºC); hc, coeficiente médio de transmissão de calor por convecção (kcal/h.m2.ºC). Radiação - o calor transmitido por unidade de tempo por radiação entre uma superfície e um fluido pode ser calculado pela relação: L TAk qk .. TAhq cc .. TAhq rr .. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 32 Onde: qr, é o calor transmitido por radiação por unidade de tempo (kcal/h); A, área da secção através do qual o calor flui por radiação, medida perpendicularmente a direção do fluxo (m2); T, variação de temperatura (ºC); hr, coeficiente médio de transmissão de calor por radiação (kcal/h.m2.ºC). Fazendo-se uma analogia com eletricidade, tem-se: condutância térmica, K, para transmissão de calor; resistência térmica, R, que é o inverso da condutância térmica; 3.4 Mecanismos combinados de transmissão de calor Na prática, entretanto, o calor é transmitido em etapas, através de várias secções diferentes, conectadas em série, ocorrendo, desta forma, a transmissão de calor. AhK AhK L kA K rr cc k . . . Ah R Ah R kA L R r r c c k . 1 . 1 . Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 33 Onde: Exemplo 01 - Uma parede de um trocador de calor consiste numa chapa de cobre de 9,5 mm de espessura. Os coeficientes de transmissão de calor nas superfícies dos dois lados da chapa são 2300 e 6100 kcal/h.m2.ºC, correspondendo, respectivamente, a temperatura de fluido de 90ºC e 30ºC. Admitindo a condutibilidade térmica da parede como sendo 330 kcal/h.m.ºC. a) Calcule as temperaturas superficiais da parede; b) Calcule o fluxo de calor. Exemplo 02 - Quanto isolamento de fibra de vidro (k=0,03 kcal/h.m.ºC) é necessário para permitir que a temperatura externa de um forno de cozinha não exceda 43ºC? A temperatura máxima do forno a ser mantida pelo tipo convencional de controle termostática é 290ºC. A temperatura da cozinha é 32ºC e o coeficiente médio de transmissão de calor entre a superfície do forno e a cozinha é 10 kcal/h.m2.ºC. Exemplo 03 - Uma parede de 0,3 m de espessura é feita de um material que tem uma condutibilidade térmica de 0,75 kcal/h.m.ºC. O calor transmitido por condução, por unidade de tempo através desta parede é 1600 kcal/h. A temperatura em uma das superfícies é 1150ºC. Calcule a temperatura na outra superfície. Exemplo 04 - As temperaturas nas duas faces de uma parede plana de concreto, com 150 mm espessura, são mantidas a 10 e a 40ºC, respectivamente. Compare o fluxo de calor, quando o concreto está seco, com 5 1 51 térmicas total R TT q Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 34 o fluxo de calor quando o concreto está molhado. kconcreto seco = 0,7 kcal/h.m.ºc kconcreto molhado = 1,2 kcal/h.m.ºC Exemplo 05 - Uma placa de 50 mm de espessura tem um de seus lados mantidos a 100ºC e o outro a 200ºC. O fluxo de calor através do material é 10000 kcal/h. Calcule a condutibilidade térmica deste material. Exemplo 06 - Estime o fluxo de calor através de uma parede de um forno constituído de uma camada interna de 200 mm de espessura, de tijolos a base de cromo, uma camada central de tijolos refratários de caulim (100 mm) e de uma camada externa de tijolos de alvenaria (100 mm). O coeficiente de transmissão de calor na superfície interna é 73 kcal/h.m2.ºC, e a temperatura na superfície externa é 65ºC. A temperatura dos gases dentro do forno é de 1600ºC. Que temperaturas prevalecerão em regime permanente nas superfícies interna e externa da camada central? Dados: k (tijolos refratários de caulim) = 0,05 kcal/h.m.ºC k (tijolos „a base de cromo) = 0,82 kcal/h.m.ºC k (tijolos de alvenaria) = 0,58 kcal/h.m.ºC Exemplo 07 - O calor é transmitido de uma parede plana do interior de um ambiente a 20ºC para o ar externo a -1ºC. Os coeficientes de transmissão de calor nas superfícies interna e externa são, respectivamente, 10 e 15 kcal/h.m2.ºC. A condutibilidade térmica da parede é de 0,9 kcal/h.m.ºC, a espessura da parede é 15 cm, calcular a temperatura na superfície a temperatura na superfície externa da parede. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 35 CAPÍTULO 4 - GERADORES DE VAPOR Gerador de vapor ou caldeira é todo equipamento destinado a produzir vapor sob pressão superior à atmosférica utiliazando qualquer fonte externa de energia. Neste estudo trataremos apenas de caldeiras de água, embora existam caldeiras para outros tipos de vapores. A energia térmica usada no processo de produção de vapor será obtida através da queima de um combustível que poderá ser: sólido, líquido ou gasoso. Nem sempre a fonte produtora de calor é um combustível, podendo ser aproveitado o calor residual de processos industriais (escape de motores diesel, gases de alto forno ou de turbinas a gás) dando ao equipamento a denominação de caldeiras de recuperação. Esse equipamento, pelo fato de operar com pressões acima da atmosférica – sendo na grande maioria de suas aplicações industriais até quase 20 vezes maior e nas aplicações para produção de energia elétrica de 60 a 100 vezes - constitui um risco um risco eminente na sua operação. Veja figura 4.1 Figura 4.1 – Geração, distribuição e utilização de vapor, com retorno de condensado. 4.1 Classificação das caldeiras quanto ao processo de troca de calor Flamotubulares – são caldeiras em que as chamas e os gases da combustão passam pelo interior dos tubos, banhados externamente pela água contida na caldeira; Aquotubulares – são caldeiras em que as chamas e os gases da combustão envolvem os tubos que contém água em seu interior; Mistas – são caldeiras constituídas em parte aquotubular e parte flomotubular. 4.2 Componentes principais de um gerador de vapor Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 36 Um gerador de vapor normalmente é constituído das seguintes partes: Tambor de vapor – é um cilindro fechado colocado na parte superior da caldeira, onde se encontram a água líquida e o vapor d‟água. O nível de água dentro deste recipiente é limitado; Tambor de lama – localizado na parte mais baixa da caldeira, trabalhando sempre cheio de água, servindo para armazenar as impurezascontidas na água, tais como: lama (proviniente de tratamento d‟água), ferrugem, entre outros. Para retirar estes materiais do fundo deste tambor, faz-se periodicamente as chamadas “descargas de fundo”. Nas caldeiras flamotubulares, as impurezas se na parte inferior da câmara d‟água; Feixe tubular – é constituído de feixes de tubos de diversos perfis interligados aos tambores. Encontram-se sobre a parede da fornalha e em todo o percurso dos gases quentes, sendo através da superfície destes tubos e dos tambores que se efetua a troca de calor na caldeira. Nas caldeiras flamotubulares os tubos ficam internamente no casco cilíndrico, na região ocupada pela água líquida, fixados nas extremidades por espelhos; Fornalha – local próprio para se efetuar a queima dos combustíveis como lenha, óleo, gás, carvão, necessário para a vaporização da água. A câmara de combustão deve permitir a entrada do ar necessária à combustão e a saída dos gases depois de terem cedido calor à água; Superaquecedor – responsável pela elevação da temperatura do vapor saturado, transformando-o em vapor superaquecido; Economizador – equipamento que aproveita o calor residual dos gases de combustão para aumentar a temperatura da água de alimentação. Este dispositivo fica situado no trajeto dos gases para chaminé; Pré-aquecedor de ar – sua função é de elevar a temperatura do ar de combustão. Em algumas caldeiras fica localizado ao redor da fornalha para a passagem do ar, com a finalidade de aquecido antes de entrar na fornalha. Existem pré-aquecedores de ar colocados na altura da caixa de fumaça; Chaminé – é um tubo destinado ao escoamento dos gases da combustão. Este escoamento ocorre através de tiragem forçada, induzida ou natural. Tiragem é a retirada dos gases da combustão de dentro da caldeira, através de uma diferença de pressão. Dessuperaquecedor – é um conjunto de tubos semelhante a uma serpentina, colocados numa câmara d‟água, destinado a dessuperaquecer parte do vapor para o necessário funcionamento das máquinas auxiliares; Reservatório para combustível – a capacidade varia de acordo com as necessidades de trabalho, e deve possuir um sistema de aquecimento dependendo do combustível utilidado (ex.: óleo BPF); Pré-aquecedor de óleo – está situado antes da entrada do combustível no queimador. Serve para aquecer o óleo, fazendo-o atingir uma viscosidade correta para a queima; Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 37 Queimador – aparelho destinado a pulverizar o combustível, misturando-o convinientemente com o ar, a fim de se obter boa combustão; Válvula de retenção para água de alimentação – é uma válvula destinada a não permitir o retorno de água da caldeira para a bomba. É construída de forma a permitir que a bomba de alimentação force a entrada de água na caldeira, e não permitir que a pressão do vapor force, em retrocesso para a rede. Nas caldeiras com economizador a bomba descarrega através dos tubos deste equipamento; Tubo interno de alimentação – é um tubo existente na câmara d‟água, perfurado na periferia e ligado as válvulas de alimentação e retenção. Sua finalidade é distribuir a água ao longo da câmara de modo uniforme, evitando a entrada em jatos localizados; Indicador de nível – é um indicador visual do nível da água no interior da câmara d‟água. A verificação do nível da água pode, também, ser feita por meio de torneiras de provas. Estas torneiras são, em geral, duas, dispostas de modo a indicarem os níveis máximo e mínimo permitidos. São utilizadas em caso de avaria ou de dúvidas do funcionamento dos indicadores de nível; Tubo secador – é destinado a evitar que o vapor ao sair da caldeira para a rede distribuição, arraste consigo partículas d‟água. Nas caldeiras com superaquecedor, o tubo secador está instalado na entrada do superaquecedor; Válvula de segurança – é uma válvula destinada a proteger a caldeira contra excesso de pressão. Descarrega automaticamente para atmosfera o vapor gerado pela caldeira, quando a pressão do vapor atingir determinado valor. Essa válvula fechará automaticamente quando a pressão na caldeira baixar a determinado valor. Em geral, existem mais de uma válvula situada na câmara de vapor, reguladas para abrirem com ligeira diferença de pressão; Válvula de extração de fundo – destina-se a retirar da caldeira a lama e sais depositados no fundo da câmara d‟água, em geral, provinientes do tratamento d‟água. Está localizado na parte mais baixa da câmara d‟água e serve também para esvasiar a cladeira. Nos tipos de caldeiras mais empregadas atualmente existem mais de uma válvula de extração de fundo; Torneira de ar – pequena válvula colocada na parte mais alta da câmara de vapor, cuja finalidade é permitir a saída do ar quando se enche a caldeira. Nas caldeiras com superaquecedores, existem, ainda, torneiras de ar na sua parte mais elevada, destinadas ao mesmo fim; Manômetros – instrumentos instalados na câmara de vapor, servindo para monitoramento da pressão do vapor saturado. Nas caldeiras com superaquecedores, existe um manômetro para indicar a pressão do vapor seco. A pressão no superaquecedor é diferente daquela medida na câmara de vapor, devido à queda de pressão provocada pela perda de carga da canalização. O monitoramento da temperatura dos vapores saturado e seco também é realizado; Aparelhos de ramonagem – são aparelhos localizados em posições convenientes na caldeira, de forma a permitirem soprar, por meio de vapor, a fuligem que se deposita no feixe tubular e tubos dos superaquecedores. Ramonagem, neste contexto, significa limpeza da fuligem a sopro de ar Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 38 comprimido ou vapor; Aparelho de combustão – é neste dispositivo que ocorre a mistura do comburente com o combustível e, conseqüentemente, a queima do mesmo. 4.3 Princípio de funcionamento Para uma caldeira aquotubular (fig. 4.2): com o auxílio de um ventilador, o ar atmosférico passa por um ventilador. Já aquecido, o ar vai para a fornalha onde se mistura com o combustível, ocorendo a combustão. Pelo fenômeno da tiragem, realizado pela chaminé, os gases quentes, produtos da combustão, circulam por todo o gerador até ser lançado na atmosfera. Figura 4.2 – Caldeira aquotubular, fixa e vertical. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 39 Neste trajeto, ele cede calor para a água nos seguintes modos: aquecendo a água no economizador; vaporizando-a na caldeira; transformando o vapor saturado (câmara de vapor) em vapor superaquecido (superaquecedor). A maior parcela da energia é absorvida nas superfícies expostas diretamente às chamas na câmara de combustão, onde predomina a troca de calor por radiação. Nas caldeiras bem dimensionadas, as paredes d‟água representam menos de 10% da superfície de troca total de calor e são capazes de absorver até 50% da energia liberada na combustão. Nas partes posteriores da caldeira, os gases fornecem calor por convecção e radiação. 4.4 Caldeiras flamotubulares Este foi o primeiro de tipo de caldeira que surgiu. São conhecidas por tubos de fogo, tubos de fumaça ou fogotubulares, por que os gases da combustão circulam no interior dos tubos ficando a água por fora dos mesmos. A carcaça ou costado é constuído de chapas soldadas que variam de espessura e tamanho, de acordo com a pressão e a produção de vapor. Estas caldeiras normalmente são utilizadas para produzir vapor saturado, representando uma limitação de produção de vapor e na pressão de operação. Na figura 4.3 é mostrada uma caldeira flamotubular em corte - horizontal e fixa – com a descrição de seus principais componentes. Figura 4.3 – Caldeira flamotubular - horizontal e fixa – com corte longitudinal. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 40 Vantagens das caldeirastubos de fogo Baixo custom de aquisição, facilidade de manutenção, exigem pouca alvenaria e dispensam tratamento rigoroso da água de alimentação. Desvantagens das caldeiras tubos de fogo Baixo rendimento térmico, pressão e produção de vapor limitada, apresentam dificuldades para instalação de economizador, superaquecedor e pré-aquecedor de ar. Figura 4.4 – Caldeira flamotubular - horizontal e fixa – 3 passes de gases quente. 4.4.1 Tipos de caldeiras flamotubulares Caldeiras verticais - é do tipo monobloco, constituída por um corpo cilíndrico fechado nas extremidades por placas planas denominadas espelhos. São várias as suas aplicações por ser facilmente transportada e pelo pequeno espaço que ocupa, exigindo pequenas fundações. Apresentam, porém, baixa capacidade e baixo rendimento térmico. São construídas com área de até 30 m 2 , com pressão máxima de 10 kgf/cm 2 , sendo sua capacidade de 15 a 16 kg de vapor/m 2 de superfície de aquecimento. Apresenta a vantagem de possuir seu interior bastante acessível para limpeza. São mais utilizadas para combustível de baixo poder calorífico. Caldeiras horizontais - Podem possuir fornalha interna ou externa. A seguir será feita uma descrição dos diversos tipos de caldeiras horizontais. Caldeiras cornovaglia ou cornuália Tem funcionamento simples, é constituída por uma tubulação por onde circulam os gases produtos da combustão, transmitindo calor para água que o circunda, por contacto de sua superfície externa, de acordo com a figura 4.4. Tem, em geral, grandes dimensões (~100 m 2 ), tem baixo rendimento térmico e, Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 41 devido ao seu tamanho, tem sua pressão máxima limitada a 10 kgf/cm 2 . Sua capacidade específica varia de 12 a 14 kg de vapor/m 2 de superfície. Figura 4.4 – Caldeira flamotubular, horizontal, cornovaglia ou cornuália Caldeiras Lancashire Também conhecida como caldeira Lancaster, é a evolução da caldeira anterior, possuindo 2 (as vezes 3 ou 4) tubulões internos, alcançando superfície de aquecimento de 120 a 140 m 2 . Alguns tipos atingem de 15 a 18 kg de vapor/m 2 de superfície de aquecimento. Tanto a caldeira cornovaglia como a Lancaster está caminhando para o desuso, devido às unidades modernas serem mais compactas. Figura 4.5 – Caldeiras flamotubular, horizontal, Lancashire ou Lancaster Caldeiras multitubuares A substituição dos tubulões das caldeiras anteriores por vários tubos de pequeno diâmetro deu origem a caldeira flamotubular multitubular. São encontradas com duas ou três voltas de chama. Os diâmetros dos tubos variam entre 2 ½” a 4”, de acordo com a aplicação. Não permite o uso de fornalha interna, sendo completamente revestida de alvenaria. Sua grande vantagem é permitir a utilização de qualquer combustível, mas devido ao alto custo de refratário, despesas de manutenção e alto custo de instalação, este tipo de caldeira vem tendo sua aplicação industrial diminuída. Sua capacidade máxima é Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 42 de 600 kg de vapor/hora com pressão máxima de 16 kgf/cm 2 . Figura 4.6 – Caldeira flamotubular, horizontral, multibular. Caldeiras locomotives & locomóveis As caldeiras locomóveis são uma adaptação e modiicação das caldeiras locomotivas, conforme mostrada na figura 4.6. São multitubulares com a fornalha revestida completamente por dupla parede metálica, formando uma câmara onde circula água, tendo um razoável custo de construção. Possui vantagens de ser portátil, serviço contínuo e excelente, com custo mínimo em condições severas de trabalho, assim como uma grande capacidade de produção de vapor em comparação com o seu tamanho. Tem como desvantagens a pequena velocidade de circulação de água e grandes superfícies metálicas. Supotam pressões de 18 kgf/cm 2 e chegam até 8000 kg de vapor/hora. Tem aplicação em campos de petróleo, associados a máquinas de vapor na geração de energia, em serrarias, etc. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 43 Figura 4.7 – Caldeiras flamotubulares, horizontais, locomóeis. Caldeiras escocesas É o tipo mais moderno de caldeiras flamotubulares, figura 4.7. Não exige gastos com instalações especiais ou custosas colunas de aço ou alvenaria, bastando uma fundação simples e nivelada. As ligações da fonte e água, eletricidade e esgoto são facilmente obtidas. Têm controle eletrônico de segurança e funcionamento automático. A caldeira consta de um corpo cilíndrico que contém um tubulão sobre o qual existe um conjunto de tubos de pequeno diâmetro. Tem uma câmara de combustão feita de tijolos refratários instalada na parte posteior da caldeira, que recebe os gases produtos da combustão, e os conduz ao espelho traseiro. Essas unidades operam com óleo ou gás, sendo a circulação garantida por ventiladores (tiragem mecânica). As unidades compactas alcançam elevado rendimento térmico. São construídas para produção máxima de 10000 kg de vapor/hora a uma pressão máxima de 18 kgf/cm 2 . Sua Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 44 vaporização específica alcança valores da aodem de 30 kg de vapor/m 2 , dependendo da perda de carga oferecida pelo circuito. Os gases circulam com grande velocidade, 20 a 25 m/s, permitindo a obtenção de elevado índice de transmissão de calor. Figura 4.8 – Caldeiras flamotubular, horizontal, escocesa. 4.5 Caldeiras aquotubulares Também conhecidas como caldeiras tubos de água se caracterizam pelo fato dos tubos situarem-se fora dos tubulões da caldeira, constituindo com os tambores de vapor e lama um feixe tubular. Diferenciam-se das flamotubulares no fato da água circular no interior dos tubos e os gases quentes se encontram em contato com sua superfície externa. São empregadas quando interessa obter pressões e rendimentos elevados, pois os esforços desenvolvidos nos tubos pelas altas pressões são de tração ao invés de compressão, como ocorre nas flamotubulares. Pelo fato dos tubos estarem fora do corpo da caldeira otemos superfícies de aquecimento praticamente ilimitadas. Os objetivos a que se propõe uma caldeira aquotubular abragem uma grande faixa e em vista disto tem-se como resultados muitos tipos e modificações, tais como tubos retos, tubos curvos de um ou vários corpos cilíndricos, enfim a flexibilidade permitida possibilita vários arranjos, como mostrado na figura 4.9. Na figura podemos notar que a água é vaporizada nos tubos que constituem a parede mais interna, subindo ao tambor de vapor, dando lugar à nova quantidade de água fria que será vaporizada e assim sucessivamente. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 45 Figura 4.9 – Caldeiras aquotubulares 4.5.1 Tipos de caldeiras aquotubulares Caldeiras de tubos retos É constituída de tubos retos e paralelos, que se interligam com o tambor de vapor através de câmaras. Os gases resultantes da combustão passam por entre estes tubos retos. Estas foram as primeiras caldeiras tubos de água a surgir e tinham capacidade de produzir de 3 a 30 ton de vapor/hora, com pressões de até 45 kgf/cm 2 e vaporização específica de 20 a 25 kg de vapor/m 2 . As figuras seguintes mostram outros tipos de caldeiras de tubos retos com o tambor de vapor colocado no sentido transversal e longitudinal. Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 46 Figura 4.10 – Caldeiras aquotubular de tubos retos com tubulão transversal (acima) e com tubulão longitudinal (abaixo). Caldeiras de tubos curvos A utilização de vapor em centrais térmicas exigia geradores de grande capacidade de produção e com isto as caldeiras de tubos curvos, devido à sua capacidade de produzir vapor, tomaram uma posição de grande importância para os casos desta natureza. São compostas por tubos ligados a tambores e suas concepções iniciaispossuíam quatro, e até cinco tambores, sendo revestidos completamente por avenaria, vê figura 4.11. Atualmente, por motivos de segurança, economia e para eliminar o uso de peças de grande diâmetro, o número de tambores foi reduzido a dois. As paredes de refratário, representam um elvado Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 47 custo e enormes instalações. A principal característica deste tipo de caldeira é de nãp oferecer limites de capacidade de produção de vapor. Figura 4.11 – Caldeira aquotubular de tubos curvos. Caldeiras com circulação natural e forçada A circulação da água nas caldeiras pode ser natural ou forçada. A circulação natural se deve ao fato de existir diferenças de densidades quando se aquece a água. Caso esta circulação seja deficiente, poderá ocorrer um superaquecimento do tubo e, conseqüentemente, sua ruptura. Para resolver este problema, surgiram as caldeiras de circulação positiva, as quais garantem uma circulação unidirecional da água através de todo o sistema tubular. A primeira caldeira deste tipo foi a de fluxo unidirecional ou caldeira de BENSON, a qual não possui tambor de vapor nem bomba de recirculação. Existe também a caldeira BELSER que é idêntica a BENSON acrescida do tambor de vapor para aquecer a água de alimentação. 4.5.2 Caldeiras aquotubulares Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 48 Figura 4.12 – Caldeira aquotubular. Figura 4.13 – Caldeira aquotubular sendo transportada Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 49 4.6 Riscos de explosões O emprego de caldeiras implica na presença de riscos dos mais diversos, tais como: explosões, incêndios, choques elétricos, intoxicações, quedas, ferimentos diversos, etc. O risco de explosão do lado da água está presente em todas as caldeiras, pois a pressão reinante nesse lado é sempre superior à pressão atmosférica. Todo fluido compressível tem seu volume bastante reduzido quando comprimido. Essa redução é tantas vezes menor quanto for o aumento da pressão. A massa de fluido comprimido procura então, ocupar um espaço maior através de fendas e rupturas, ocorrendo, dessa forma, as explosões. Para evitar a explosão surge a necessidade de empregar-se espessuras adequadas em função da resistência do material e das características de operação. Os riscos de explosões podem, portanto, ser originados pela combinação de três causas: diminuição da resistência, diminuição da espessura de chapa e aumento de pressão. Superaquecimento como causa de explosões – principais causas: seleção inadequada do aço no projeto da caldeira – em algumas caldeiras aquotubulares, por exemplo, parte dos tubos da fornalha poderão estar submetidas à radiação mais intensa que outras partes, devendo, por este motivo, ser contituídos por aços de características condizentes com a solicitação. Essas solitações mecânica e térmica poderão provocar risco de fluência e/ou ruptura dessas partes submetidas a pressão; uso de aços com defeito – o processo de laminação utilizado na obtenção de chapas e tubos é o que mais pode determinar a inclusão de defeitos. Exemplos: segregação, vazios, rechupe, etc; prolongamentos excessivos dos tubos – isso ocorre com muita freqüência nas caldeiras flamotubulares, em que os tubos expandidos nos espelhos são deixados com comprimento excessivo para dentro das caixas de reversão dos gases; queimadores mal posicionados – as chamas dos queimadores podem atingir valores de temperatura de até 1000ºC, de modo que seu mal posicionamento pode determinar a incidência direta da chama sobre alguma superfície , propiciando o superaquecimento e a fluência do material; incrustações – são deposições de sólidos sobre as superfícies de aquecimento. No lado da água, se dá devido à presença de sulfatos, carbonatos, silicatos e sólidos em suspensão. Aparecem ainda, devido à presença de precipitados resultantes de tratamentos inadequados de água. Funcionam como isolamento térmico (a condutibilidade térmica é cerca de 45 vezes menor que o aço); operação em marcha forçada – ocorre devido à demanda de vapor ser maior do que a capacidade de produção da caldeira. Dessa maneira se intensifica o fornecimento de energia à caldeira gerando superaquecimento das várias partes do equipamento; má circulação da água – a circulação de água nas caldeiras aquotubulares é feita de modo natural, mais precisamente por convecção (a diferença de densidades da água é a força motriz do Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 50 sistema). Na prática, pressões de trabalho superiores a 150 bar (~150 atm) é justificável o uso de bombas para forçar a circulação da água. È necessário que cada tubo seja atravessado por uma quantidade de água suficiente para refrigerá-lo, evitando o superaquecimento; Choques térmicos Os choques térmicos acontecem em virtude de frequentes paradas e recolocação em marcha de queimadores. As caldeiras suscetíveis a essas condições são aquelas que possuem queimadores que operam em on-off. As incrustações das superfícies também favorecem os efeitos dos choques térmicos. Outras situações ocorrem nas caldeiras alimentadas com água fria (<80º) ou com entradas de água quente nas regiões frias. A falha operacional também pode contribuir para a ocorrência de choques térmicos. Isso acontece quando após uma redução excessiva do nível de água, por um motivo qualquer e com parte da superfície de aquecimento sem refrigeração, o operador faz injetar água na tentativa de restabelecer o nível normal. Falhas em juntas soldadas O processo de soldagem é muito aplicado na fabricação de caldeiras: solda de tubos, solda de espelhos, solda de tubulões, de reforço, etc. Portanto, falhas em juntas soldadas aumentam os riscos de acidentes nas caldeiras, pois representam regiões de menor resistência do metal. Corrosão – alguns tipos: corrosão interna – este tipo de corrosão é conseqüência direta da presença da água (características químicas e físicas, impurezas presentes e comportamento) quando em contato com o ferro nas diversas faixas de temperaturas; corrosão galvânica – ocorre quando dois metais diferentes estão na presença de um eletrólito, gerando uma diferença de potencial e, conseqüentemente, um fluxo de elétrons. Nas caldeiras, o par galvânico pode ser originado quando partes metálicas de cobre, níquel ou outro metal, se desprendem pela erosão, cavitação de bombas e se alojam em ranhuras ou pequenas folgas entre as partes da caldeira. O aço, atuando como ânodo, é o elemento de sacrifício; corrosão por aeração diferencial – Isso ocorre em geral, nas caldeiras flamotubulares em que o oxigênio dissolvido na água provoca corrosão dos tubos superiores. Os tubos submersos estão submetidos a menores concentrações de O2 comparados à região acima da superfície da água (daí o nome aeração diferencial). Como na pilha galvânica, o ânodo (parte menos aerada), nesse caso, é também a região que apresenta corrosão mais severa, viabilizando o surgimento de pites e alvéolos; fragilidade caústica – esse é um modo de corrosão em que o hidróxido de sódio (soda caústica), em concentrações acima de 5%, migra para fendas ou outras partes em que não exista a camada protetora de magnetita e reage diretamente com o ferro; Prof. Manoel Fernandes/ Prof. Jorge Magner – CEFET-RN 51 cavitação – é também uma forma de degeneração dos materiais, podendo ser responsável pela redução de espessuras. Seu mecanismo é caracterizado pela ação dinâmica resultante da contínua formação e colapso de bolhas de gases ou vapores do meio líquido sobre uma superfície; corrosão externa – esse tipo de corrosão acontece nas superfícies expostas aos gases da combustão e é função do combustível utilizado e das temperaturas. A corrosão nas regiões de baixa temperatura é conseqüência direta
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