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Apostila do NCPC

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MATÉRIA: NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
1. Atos processuais 
1.1. Ato processual 
 
O processo é um procedimento realizado em contraditório que visa à 
tutela jurisdicional adequada, efetiva e tempestiva (art. 5º, XXXV, LV e 
LXXVIII, da CF). 
O procedimento é uma sequência de atos processuais estruturada a 
partir de posições jurídicas outorgadas às partes e ao juiz pelo legislador. 
Afora a estruturação legal do procedimento, pode ainda o juiz – valendo de 
normas abertas (art. 139, VI) – adequar o processo às necessidades 
evidenciadas pelo direito material. Nosso Código permite ainda, em 
determinadas situações, acordos processuais entre as partes rendo por 
objeto a adequação do procedimento (art. 190). 
Em regra, o procedimento é previsto pelo legislador (art. 318). Os 
atos processuais, portanto, têm a sua forma prevista em lei, nada obstante a 
prática por outro modo que não lhe subtraia a finalidade legal é igualmente 
considerada válida no processo civil (arts. 188 e 277). É o que a doutrina 
chama de sistema de instrumentalidade das formas processuais. 
Além de os atos processuais terem a sua sequência determinada pelo 
legislador, pode o juiz eventualmente inverter a ordem da prática de 
determinados atos e mesmo prorrogar prazos processuais (art. 139, VI). 
É nessa linha igualmente que se permite a programação de um 
calendário processual, oriundo de um prévio diálogo e de um comum 
acordo entre o juiz e as partes, para a prática dos atos processuais (art. 191). 
De acordo com o art. 190, versando o processo sobre direitos que 
admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular 
mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e 
convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres 
processuais, antes ou durante o processo. É por essa razão que, além de 
controlar de ofício a validade dos acordos processuais nos casos de 
nulidade, de inserção abusiva em contrato de adesão ou em caso de 
manifesta vulnerabilidade (art. 190, parágrafo único), tem o juiz de 
controlar a validade dos acordos à luz do direito fundamental ao processo 
justo. 
Tendo em conta as bases democráticas em que se assenta o estado 
Constitucional, os atos processuais devem ser públicos (arts. 5º, LX, 93, 
IX, da CF, e 11 e 189 do CPC), sendo admitido o segredo de justiça apenas 
quando: I) em que o exija o interesse público ou social; II – que versem 
sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, 
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III – em que 
constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; e IV – 
que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta 
arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja 
comprovada perante o juízo. Nesses casos, o direito de consultar os autos 
de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus 
atos é restrito às partes e aos seus procuradores. O terceiro que demonstrar 
interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, 
bem como de inventário e partilha resultante de divórcio ou separação (art. 
189, §2º). 
Os atos processuais devem ser escritos em língua portuguesa, sendo 
que o documento redigido em língua estrangeira somente poderá ser 
juntados aos autos quando acompanhado de versão para a língua 
portuguesa tramitada por via diplomática ou pela autoridade central, ou 
firmada por tradutor juramentado (art. 192). Os atos processuais podem ser 
praticados por suporte físico ou eletrônico (arts. 193 e SS). Compete ao 
Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, aos tribunais, 
regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais por 
meio eletrônico e velar pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a 
incorporação progressiva de novos avanços tecnológicos e editando, para 
esse fim, os atos que forem necessários para sua regulamentação, 
respeitadas as linhas fundamentais traçadas pelo CPC (art. 196). Os atos 
processuais podem ser praticados ainda por videoconferência ou outro 
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real (arts. 
236. §3º). 
 
1.2. Atos das partes e pronunciamentos do juiz 
 
As partes manifestam-se no processo por seus advogados e, 
eventualmente, de forma pessoal mediante interrogatório livre (art. 139, 
VIII) e depoimento pessoal (arts. 385 e ss.). 
Os atos das partes produzem imediatamente a constituição, a 
modificação ou a extinção de direitos processuais (art. 200). Essa é a regra 
da eficácia imediata dos atos processuais das partes, cujos corolários são: I 
– a desnecessidade de qualquer ato judicial ulterior para outorgar-lhe 
eficácia e; II – a adoção da regra da preclusão consumativa. Apenas 
excepcionalmente se exige para eficácia da desistência da ação a 
homologação do ato por sentença (art. 200, parágrafo único). A desistência 
do recurso, porém, independe de homologação (art. 998). 
O efeito processual típico ligado à transação e à renúncia – extinção 
do processo com resolução de mérito (art. 487, III) – só se verifica após a 
homologação sentencial. 
A fim de comprovação da prática de seus atos em juízo, podem as 
partes exigir recibos de suas manifestações (petições e arrazoados) e 
documentos entregues em cartório ou secretaria (art. 201). 
No Código vigente os atos normativos do juiz são chamados de 
pronunciamento judicial (arts. 203 – 205) – que podem ser catalogados 
basicamente em cinco espécies: 1 – sentenças; 2 – decisões interlocutórias; 
3 – despachos; 4 – acórdãos; e 5 – decisões monocráticas. 
Sentença é todo ato processual que resolve definitivamente uma 
questão processual ou de mérito de acordo com os arts. 485 e 487, 
colocando fim à atividade de conhecimento ou de execução (art. 203, §1º). 
Nessa linha, a sentença pode ser total – quando resolver toda a controvérsia 
posta em juízo – ou parcial, quando resolvê-la apenas em parte (como é o 
caso, por exemplo, da sentença que leva ao julgamento antecipado parcial 
do mérito, art. 356). Com a previsão de sentenças parciais de mérito e da 
possibilidade de cisão do julgamento da causa, o direito brasileiro rompeu 
com o mito da unidade e da unicidade do julgamento da causa. 
Decisão interlocutória é todo ato judicial que resolve, sem colocar 
fim à atividade de conhecimento ou de execução, questões processuais ou 
de mérito ao longo do procedimento (art. 203, §2º). As decisões 
interlocutórias podem tanto tratar de questões processuais como questões 
de mérito. Ainda que o processo continue para o esclarecimento da outra 
parte do mérito ainda não resolvida definitivamente ou ainda que o 
processo continue para efeitos de cumprimento de sentença, aquilo que foi 
decidido por sentença não pode voltar a ser decidido pelo mesmo juiz (art. 
505, ressalvado o disposto nos incisos desse dispositivo). 
Despachos são atos de simples impulso do procedimento, sem 
qualquer conteúdo decisório (art. 203, §3º). Os despachos, portanto, são um 
dos instrumentos pelos quais o procedimento ganha impulso, tendo em 
conta que o direito brasileiro adotou a regra do impulso oficial (art. 2º). 
Embora a condução do processo toque ao juiz, os atos meramente 
ordinatórios que visam a impulsioná-lo, como a juntada de petições e 
documentos e a vista obrigatória independem de despacho e podem ser 
praticados de ofício por um auxiliar do juízo, de ofício ou a requerimento 
da parte, quando necessário. 
Acórdãos são julgamentos colegiados realizados pelo tribunal (art. 
204). 
Decisões monocráticas são decisões tomadas individualmente pelos 
relatores dos processos nos tribunais visando à economia processual, seja 
porque a postulação é inadmissível, seja porque sobre o mérito há 
jurisprudência dominante ou porque há precedente (art. 932, IV e V). 
 
1.3. Forma,tempo e lugar dos atos processuais 
 
O sistema da instrumentalidade das formas permite ao juiz 
considerar a finalidade do ato e a ausência de prejuízo aos fins de justiça do 
processo para analisar a validade de um ato processual, nada obstante o 
desvio formal (arts. 188 e 277). A violação relevante à forma implica 
invalidade processual. 
Vários atos processuais têm forma legalmente prescrita (art. 246). As 
sentenças, ainda, têm de ser redigidas de acordo com a forma legal (art. 
489). Mesmo determinados recursos têm forma pré-determinada de redação 
– a demonstração da repercussão geral da questão constitucional no recurso 
extraordinário, por exemplo, tem de ser exposta preliminarmente (art. 
1.035, §2º). 
Ao lado da forma, nosso Código disciplina o tempo (arts. 212 a 216) 
e o lugar (art. 217) dos atos processuais. Os atos processuais devem ser 
praticados nos dias úteis das seis às vinte horas, observadas as 
particularidades pertinentes (arts. 212). Tendo o ato de ser praticado por 
petição em processo não eletrônico, tem-se que praticá-lo durante o período 
em que o fórum ou o tribunal encontrarem-se abertos, observando-se o 
horário estabelecido na lei de organização judiciária local. Se eletrônicos, 
podem ser praticados até as vinte e quatro horas do último dia do prazo (art. 
213). Conforme o art. 217, os atos processuais devem ser praticados na 
sede do juízo (fórum ou tribunal), ressalvados aqueles que podem ser 
realizados fora por deferência (por exemplo, oitiva do depoimento pessoal 
do Presidente da República, art. 454, I), no interesse da justiça (inspeção 
judicial, arts. 481) e por força de obstáculo arguido pelo interessado e 
acolhido pelo juiz (oitiva do interditando impossibilitado de comparecer em 
juízo, art. 451, II). 
 
1.4. Invalidades processuais 
 
As infrações relevantes à forma dos atos processuais resultam em 
invalidades processuais – ou nulidades, na linguagem tradicional 
empregada pelo legislador (arts. 276 e ss.). A principal tarefa de um Código 
de Processo Civil preocupado com a viabilização de uma efetiva e 
tempestiva tutela aos direitos no terreno das invalidades processuais 
certamente está em evitar que invalidades sejam decretadas. Com isso, 
evita-se o custo temporal que a repetição dos atos inevitavelmente implica, 
promovendo-se nessa perspectiva um processo com duração razoável (arts. 
5º, LXXVIII, da CF, e 4º, CPC). Daí a salutar insistência no Código na 
viabilização de prévia sanação dos atos viciados (art. 352) e na necessidade 
de aproveitamento tanto quanto possível dos atos processuais (arts. 282 e 
283). 
Inexistem invalidades processuais de pleno direito no processo civil. 
A infração à forma será relevante quando comprometer a finalidade 
legal do ato (art. 277) e causar prejuízo aos fins de justiça do processo (arts. 
282, §§ 1º e 2º, e 283, parágrafo único). Vale dizer o ato praticado com 
violação de forma só será decretado inválido se, e somente se, não atingir a 
sua finalidade e comprometer os fins de justiça do processo. Do contrário, 
os arts. 277, 282, §§ 1º e 2º, e 283, parágrafo único, impedem que o vício 
se transforme em invalidade. 
O art. 278 refere que a nulidade dos atos deve ser alegada na 
primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de 
preclusão, sendo que o seu parágrafo único dispõe que não se aplica esta 
previsão às nulidades que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a 
preclusão provando a parte legítimo impedimento. 
É necessário, antes da decretação de qualquer invalidade, viabilizar-
se a possibilidade de as partes sanarem os vícios eventualmente existentes 
nos atos processuais (art. 352). 
O art. 281 refere que, anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito 
todos os subsequentes que dele dependam, todavia a nulidade de uma parte 
do ato não prejudicará as outras que dela sejam independentes. O art. 283 
estabelece que o erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação 
dos atos que não podem ser aproveitados. Isso quer dizer que, sempre que 
possível, deve-se aproveitar determinado ato reduzindo-se a sua eficácia. É 
o que o próprio Código faz, por exemplo, quando refere que a citação 
ordenada por juiz incompetente é eficaz para interromper a prescrição (art. 
240). Aproveita-se o ato para aquilo que ele pode ser aproveitado, 
descartando-se para o fim que não pode ser alcançado pela existência de 
determinado defeito normal. 
 
1.5. Prazos 
 
A observação dos prazos constitui direito das partes e representa 
garantia de segurança e igualdade ao longo do processo. Nosso Código 
cuida do tema nos arts. 218 e ss. 
Existem prazos que podem ser livremente modificados pelas partes – 
esses prazos são chamados de dilatórios e ingressam na área dos acordos 
processuais (art. 190). Existem outros, porém, como os prazos para o 
oferecimento de defesa e para o exercício do direito ao recurso, que são 
chamados de prazos peremptórios, porque só podem ser modificados 
mediante a observância de certas condições. Esses prazos também podem 
ser adaptados pelo juiz e pelas partes às especificidades da causa (art. 139, 
VI), mas com a peculiaridade de que não podem ser encurtados sem a 
oitiva das partes (art. 222, §1º). 
Quanto ao descumprimento, os prazos podem ser próprios ou 
impróprios. A inobservância dos prazos próprios gera preclusão temporal, 
isto é, gera a impossibilidade de se praticar o ato posteriormente, salvo 
alegação e prova de justa causa. Os prazos impróprios existem para moldar 
o cumprimento de deveres – por essa razão, o seu descumprimento não 
gera a impossibilidade de prática posterior do ato. São exemplos de prazos 
impróprios os prazos que o juiz tem para decidir questões incidentais e para 
prolatar sentenças (art. 226). O mesmo se diga dos prazos do serventuário 
(art. 228). 
A preclusão pode ser temporal (perda da faculdade processual em 
função do decurso de um prazo próprio sem o seu exercício, art. 507), 
lógica (extinção da faculdade processual à vista de um comportamento 
contraditório, isto é, da prática de um ato incompatível com aquele que se 
pretende realizar) ou consumativa (consumação da faculdade processual 
em face do seu já exercício). 
Os prazos processuais podem ser comuns ou particulares: prazos em 
que algo deve ser feito pelas partes ou prazos em que não se pode exigir a 
atuação das partes antes de um lapso temporal mínimo (exemplo, art. 357, 
§9º). 
O prazo flui – corre – a partir do momento em que existe. Conta-se o 
prazo a partir do momento em que é computado para fins de da própria 
extinção (art. 231). 
O prazo para a parte, para o seu advogado, para a advocacia pública, 
para Defensoria Pública e para o Ministério Público flui desde a citação e 
as intimações (art. 230). Considera-se o dia em que começa a correr o 
prazo: quando, I – a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, 
quando a citação ou a intimação for pelo Correio; II – a data de juntada aos 
autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por 
oficial de justiça; III – a data de ocorrência da citação ou da intimação, 
quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria; IV – o dia 
útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a 
intimação for por edital; V – o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação 
ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a 
citação ou a intimação for eletrônica; VI – a data de juntada do comunicado 
de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos 
autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se 
realizar em cumprimento de carta; VII – a data de publicação, quando a 
intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico; VIII – o dia 
da carga, quando a intimação se der por meio da retiradados autos, em 
carga, do cartório ou da secretaria (art. 231). Obviamente, a citação por 
hora certa, como praticada por oficial de justiça, tem o início do seu prazo 
marcado para a data de juntada aos autos do mandado cumprido (art. 231, 
§4º). Havendo mais de um réu, o prazo para contestar fluirá a partir da 
última das datas a que se referem os incisos I a IV do caput do art. 231, §1º. 
Havendo mais de um intimado, o prazo flui e é contado individualmente. 
Os prazos podem ser contados em minutos, horas, dias, meses ou 
anos. Os prazos processuais contados em dias contam-se excluindo o dia do 
começo e incluindo o do vencimento (art. 224). Os prazos contados em 
meses e anos expiram no dia de igual número do de início ou no imediato, 
se faltar a exata correspondência (art. 132, §3º, do CC). 
Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o 
primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente 
forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver 
indisponibilidade de comunicação eletrônica. A contagem do prazo terá 
início no primeiro dia útil que se seguir ao da publicação. Considera-se 
como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização 
da informação no Diário da Justiça eletrônico (art. 224, §2º). Não se 
considerará intempestivo o ato processual praticado antes do início da 
contagem do prazo (art. 218, §4º). 
Na contagem de prazos processuais em dias – a regra não se aplica, 
portanto, aos prazos prescricionais e decadenciais, bem como a quaisquer 
outros prazos que pertençam igualmente ao direito material – não se 
computam os dias feriados. Vale dizer: só se computam os dias úteis (art. 
219). Importante ver ainda o art. 224, §1º. 
A interrupção do prazo importa em contar-se o prazo que ainda flui e 
devolvê-lo à parte por inteiro depois de cessada a causa de interrupção (por 
exemplo, art. 1026). A suspensão coloca em suspenso o prazo durante a sua 
fluência e a cessação da causa suspensiva devolve à parte tão – somente o 
que faltava do prazo para a sua própria ultimação (por exemplo, art. 221). 
 
1.6. Comunicação dos atos processuais 
 
A comunicação dos atos processuais pode ocorrer por três formas 
típicas: cartas (arts. 260 e ss.), das quais são espécies as cartas de ordem, 
rogatórias, precatórias e arbitrais (art. 69, §1º), citação (arts. 238 e ss.) e 
intimações (arts. 269 e ss.). A Consolidação das Leis do Trabalho, o 
Código de Processo Penal e algumas leis extravagantes (por exemplo, art. 
7º, I, Lei 12.016/2009, Lei do Mandado de Segurança) ainda aludem à 
notificação, como espécie distinta, em que se comunica à parte a 
necessidade de praticar ato futuro – reservando-se o termo intimação para a 
comunicação de ato já praticado no passado. A distinção, todavia, inexiste 
no sistema do Código de Processo Civil (a alusão à notificação nos arts. 27, 
35, 69, §2º, I, e 230, existe apenas para completar casos que estão fora do 
sistema do Código de Processo Civil). 
Citação é o ato pelo qual alguém é chamado para integrar o processo 
na qualidade de parte (art. 238). Para a validade do processo é essencial a 
citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento 
da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido (arts. 330 e 332). 
Transitada em julgado a sentença favorável ao réu proferida antes da 
citação, incumbe ao escrivão ou chefe de secretaria comunicar-lhe do 
resultado (arts. 241, 331, §3º, e 332, §2º). 
O comparecimento espontâneo do réu ou do executado, contudo, 
supre a ausência da citação. No procedimento comum, a citação é realizada 
para o comparecimento à primeira audiência (art. 334), ressalvadas as 
exceções legais (art. 334, §4º). Daí que, comparecendo o réu, tem o juiz de 
assinalar em regra a data da primeira audiência. Apenas nas exceções legais 
é que se considera o dia do comparecimento espontâneo o termo inicial 
para o oferecimento da contestação (art. 335, III). No procedimento 
diferenciado para execução de quantia certa fundada em título executivo 
extrajudicial, o dia do comparecimento serve como termo inicial do prazo 
para os embargos à execução (art. 239, §1º). Pode o réu comparecer, ainda, 
apenas para alegar a nulidade da citação. Nesse caso, sendo acolhida, 
marcará o juiz, conforme o caso, a primeira audiência, assinalará prazo 
para a contestação ou para os embargos à execução. Não sendo acolhida a 
alegação, o réu será considerado revel no procedimento comum ou a 
execução prosseguirá (art. 239, §2º). 
Ainda quando ordenada por juízo incompetente, a citação válida 
produz três efeitos: a demarcação da litispendência, a constituição da 
litigiosidade da coisa e a constituição em mora do demandado, ressalvadas 
as exceções legais (por exemplo, arts. 397 e 398, do CC). No direito 
vigente, a prevenção decorre sempre da propositura da ação (isto é, do seu 
registro e distribuição, art. 59). No que tange à interrupção da prescrição, é 
preciso perceber que não se trata propriamente um efeito da citação – é um 
efeito do despacho que determina a citação do demandado, retroagindo 
para o momento em que proposta a ação (art. 240, §1º). O mesmo vale para 
a decadência (art. 240, §4º). Isso porque o demandante não pode ser 
prejudicado pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. 
A citação far-se-á pela comunicação pessoal ao réu – ou, 
eventualmente, a seu representante legal ou ainda ao seu procurador 
legalmente autorizado – da existência da ação proposta em detrimento de 
sua esfera jurídica, convocando-o a participar do processo na qualidade de 
parte. O Código permite ainda, na ausência do citando, a citação na pessoa 
de seu mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando a ação se 
originar de atos por ele praticados. Refere o Código, ainda, que o locador, 
que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário que deixou na 
localidade onde estiver situado o imóvel procurador com poderes para 
receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel 
encarregado do recebimento dos aluguéis, que será considerado inclusive 
habilitado para representa-lo em juízo (art. 242, §2º). 
Essa comunicação pode ocorrer em qualquer local onde se encontre o 
réu (art. 243), desde que obedecidas as garantias constitucionais e legais 
para tanto. Assim, por exemplo, não se admite possa o oficial de justiça, 
para efetivar a citação, ingressar sem permissão (ou autorização judicial) na 
casa do réu, já que isso violaria frontalmente o disposto no art. 5º, XI, da 
CF. Da mesma forma, salvo casos excepcionais (para evitar o perecimento 
de direito), a lei processual veda a citação do réu que se encontre em 
circunstâncias especiais, tais como: a quem estiver participando de ato de 
culto religioso; ao cônjuge, companheiro ou a qualquer parente do morto, 
consaguineo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, 
no dia do falecimento e nos sete dias seguintes; aos noivos, nos três 
primeiros dias seguintes ao casamento; aos doentes, enquanto grave seu 
estado (art. 244). A essas pessoas – e a outras, como os militares em 
serviço ativo e os mentalmente incapazes (para os quais a lei exige 
procedimento especial, arts. 245) – a citação realizada fora dos parâmetros 
fixados em lei é nula, invalidando, ademais, o processo como um todo. 
No que tange ao conhecimento dos termos da demanda, o Código de 
Processo Civil concebe duas formas de citação: a citação real e a citação 
ficta. 
A primeira se faz diretamente à parte no processo ou a seu 
representante legal com poderes para representar o réu pessoalmente. Já a 
citação ficta ocorre quando a ciência do réu sobre a propositura da ação 
ocorre por mera ficção legal. Por duas formas, autorizadas em lei, pode dar-
se a citação ficta: a citação por edital e a citação com hora certa. Seja como 
for,quando a citação for ficta e não comparecendo o réu para defender-se 
no processo, a fim de evitar prejuízo à sua defesa, prevê o CPC a nomeação 
de curador especial, que será responsável pela defesa do revel citado por 
edital ou com hora certa (art. 72, II). A esse curador concedem-se, ademais, 
para poder oferecer defesa adequada ao revel, poderes especiais, 
permitindo-lhe fundamentalmente a defesa por negativa geral (art. 341, 
parágrafo único). 
No que concerne às formas pelas quais a citação pode ser realizada, o 
Código de Processo Civil prevê cinco meios: pelo correio; por oficial de 
justiça; pelo escrivão ou chefe de secretaria; por edital; e por meio 
eletrônico (art. 246). 
O ideal é que a citação ocorra sempre por meio eletrônico. Para que 
isso possa ocorrer, prevê o legislador o dever de as empresas públicas e 
privadas, ressalvadas as microempresas e as empresas de pequeno porte, 
manter cadastro junto aos sistemas de processo em autos eletrônicos, para 
efeito de recebimento de citações e intimações. Esse dever grava 
igualmente a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as 
entidades da administração indireta (art. 246, §2º). 
Não ocorrendo por meio eletrônico, a citação deverá ocorrer pelo 
correio para qualquer comarca do país, exceto nas ações de estado, quando 
o citando for incapaz, for pessoa de direito público, quando o citando 
residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência ou 
quando o autor, justificadamente, a requerer por outra forma (art. 247). A 
carta contendo a citação obedecerá aos requisitos do art. 248. Nos 
condomínios edilícios ou loteamentos com controle de acesso, será válida a 
entrega do mandado feita a funcionário da portaria responsável pelo 
recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o 
recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário 
da correspondência está ausente. 
Não sendo admissível citação pelo correio ou sendo essa frustrada, a 
citação será feita por meio de oficial de justiça (art. 249). Acaso apareça o 
citando em cartório ou secretaria, pode ainda o escrivão ou chefe de 
secretaria citá-lo. Sendo o caso de citação por oficial de justiça, esse 
receberá mandado de citação (que deverá preencher os requisitos do art. 
250, sob pena de nulidade), devendo, então, procurar o réu onde se 
encontrar – ressalvadas as situações e locais acima apontados – e promover 
sua citação, mediante leitura do mandado e entrega da contrafé, 
certificando no mandado essa entrega ou sua recusa, bem como a ciência 
do réu sobre a citação (art. 251). Ainda, conforme prescreve o art. 255, nas 
comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma 
região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, 
citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros meios 
executivos. Dispensa-se nesse caso o emprego de carta precatória. 
A citação por oficial de justiça pode dar azo a uma forma de citação 
ficta, a chamada citação com hora certa. Esta é admitida quando a citação 
tradicional, por oficial – acima vista -, não puder ser concluída porque, 
após procurar o réu por duas vezes em seu domicílio ou residência – ou 
ainda em outro local em que pudesse, normalmente, ser encontrado -, o 
oficial de justiça não logrou encontra-lo, suspeitando que ele tenta ocultar-
se para evitar a citação. Nesse caso, deve o oficial de justiça intimar 
qualquer pessoa da família ou, na falta dessa, algum vizinho, de que voltará 
àquele local, no dia útil imediato, em hora determinada, para citar o réu. 
Nos condomínios edilícios ou loteamentos com controle de acesso, será 
válida a intimação feita a funcionário da portaria responsável pelo 
recebimento de correspondência. Então, e sendo desnecessário para isso 
novo despacho judicial ou mesmo prévia comunicação ao juízo, no dia 
subsequente e na hora e lugar marcados, voltará o oficial para proceder à 
citação. Encontrando o réu, efetivará a citação pessoal, na forma 
anteriormente descrita. Caso contrário, não encontrando o réu no local 
determinado, e sem que haja plausível justificativa para a ausência dele, a 
critério do próprio oficial (posteriormente sujeito ao crivo judicial), 
considerar-se-á citado o réu, certificando o fato no mandado e deixando a 
contrafé com alguém da família ou algum vizinho, cujo nome também 
constará na certidão. A citação com hora certa será efetivada mesmo que a 
pessoa da família ou o vizinho, que houver sido intimado, esteja ausente, 
ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a 
receber o mandado (art. 253, §2º). Tem de constar no mandado a 
advertência de que, havendo revelia, será nomeado curador especial ao réu 
(art. 253, §4º). Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de 
secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de dez dias, 
contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou 
correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência (art. 254). 
Por fim, é possível citação por edital, que pode ser essencial ou 
acidental. Ela é essencial quando responde à especificidade do direito 
material debatido em juízo, porque aí ela é da essência do procedimento 
que visa à tutela do direito. É o caso da ação de usucapião, da ação de 
recuperação ou substituição de título ao portador e de todas aquelas ações 
em que seja necessária, por determinação legal, a provocação, para a 
participação no processo, de interessados incertos ou desconhecidos (art. 
259). Nesses casos, é indispensável a realização da citação por edital. 
Acidentalmente, a citação por edital serve para promover a citação quando 
for desconhecido ou incerto o réu, quando for ignorado, incerto ou 
inacessível – aí inserido o país estrangeiro que recuse o cumprimento de 
carta rogatória brasileira – seu paradeiro ou ainda nos demais casos 
contemplados pela lei. O réu será considerado em local ignorado ou incerto 
se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante 
requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadastros de 
órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos (art. 256, §3º). 
São requisitos da citação por edital: a afirmação do autor ou a 
certidão do oficial informando a presença das circunstâncias autorizadoras; 
a publicação do edital na rede mundial de computadores, no sítio do 
respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional de 
Justiça, que deve ser certificada nos autos; a determinação pelo juiz, do 
prazo, que variará entre vinte e sessenta dias, fluindo da data da publicação 
única, ou havendo mais de uma, da primeira; a advertência de que será 
nomeado curador especial em caso de revelia. O juiz poderá determinar que 
a publicação do edital seja feita também em jornal local de ampla 
circulação ou por outros meios, considerando as peculiaridades da comarca, 
da seção ou da subseção judiciárias (art. 257, parágrafo único). O prazo do 
edital não se confunde com o prazo para a defesa: apenas depois de 
escoado o prazo a que alude o art. 257, III, é que começará a fluir o prazo 
para a defesa, na forma do art. 355. 
Se o autor requerer a citação do réu por edital, invocando dolosa e 
falsamente o desconhecimento ou incerteza quanto à sua pessoa ou a 
ignorância, incerteza ou inacessibilidade de sua localização, ser-lhe-á 
imposta multa no importe de cinco vezes o valor do salário mínimo, que 
reverterá em benefício do citando (art. 258) – tudo, obviamente, sem 
prejuízo da eventual sanção criminal aplicável (art. 347, do CP) e da 
nulidade da citação. 
Conforme define o Código de Processo Civil, intimação é o ato pelo 
qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo (art. 269). O 
juiz determinará de ofício as intimações em processos pendentes, salvo 
disposição em contrário (art.271). 
As intimações podem ocorrer: por meio eletrônico; por publicação 
oficial; pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria, pessoalmente ou pelo 
correio, sendo possível inclusive por ato do advogado da parte contrária; 
por oficial de justiça, inclusive por hora certa; por edital. 
As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, 
na forma da lei. Nessa linha, tem o Ministério Público, a Defensoria 
Pública e a advocacia pública o dever de manter endereços eletrônicos para 
viabilizar as intimações eletrônicas. A intimação da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e 
fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia 
Pública responsável por sua representação judicial. 
Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as 
intimações pela publicação dos atos no órgão oficial. Os advogados 
poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da 
sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem 
dos Advogados do Brasil. Sob pena de nulidade, é indispensável que da 
publicação constem os nomes das partes, de seus advogados com o 
respectivo número da inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se 
assim requerido, da sociedade de advogados. A grafia dos nomes das partes 
não deve conter abreviaturas. A grafia dos nomes dos advogados deve 
corresponder ao nome completo e ser a mesma que constar da procuração 
ou que estiver registrada junto à Ordem dos Advogados do Brasil. 
Constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos 
processuais sejam feitas em nome dos advogados indicados, o seu 
desatendimento implicará nulidade. A retirada dos autos do cartório ou da 
secretaria em carga pelo advogado, por pessoa credenciada a pedido do 
advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela 
Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implicará intimação de 
qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de 
publicação. O advogado e a sociedade de advogados deverão requerer o 
respectivo credenciamento para a retirada de autos por preposto. Não sendo 
possível a prática imediata do ato diante da necessidade de acesso prévio 
aos autos, a parte limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação, caso em que 
o prazo será contado da intimação da decisão que a reconheça (art. 272, 
§9º). 
Se inviável a intimação por meio eletrônico e não houve na 
localidade publicação em órgão oficial, incumbirá ao escrivão ou chefe de 
secretaria intimar de todos os atos do processo os advogados das partes: 
pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do juízo; por carta registrada, 
com aviso de recebimento, quando forem domiciliados fora do juízo (art. 
273). Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante 
dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a 
modificação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente 
comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do 
comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço (art. 
274, parágrafo único). É facultado aos advogados promover a intimação do 
advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos, a seguir, 
cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento. O ofício de 
intimação deverá ser instruído com cópia do despacho, da decisão ou da 
sentença. 
A intimação será feita por oficial de justiça quando frustrada a 
realização por meio eletrônico ou pelo correio. A certidão de intimação 
deve conter: a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, 
mencionando, quando possível, o número de sua certeira de identidade e o 
órgão que a expediu; a declaração de entrega de contrafé; a nota de ciente 
ou a certidão de que o interessado não a apôs no mandado. Caso necessário, 
a intimação poderá ser efetuada com hora certa ou ainda por edital (art. 
275, §2º). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Petição inicial 
2.1. A propositura da ação, a distribuição da petição inicial e a 
instauração do processo 
 
A propositura da ação dá início ao processo. No processo civil 
brasileiro, considera-se proposta a ação quando a petição inicial for 
protocolada em juízo (art. 312). Uma vez protocolada, essa é submetida ao 
registro e, havendo mais de um juízo, é determinada a sua distribuição (art. 
284). Saber quando se considera exercido o direito de ação é importante 
por várias razões, sendo que dentre elas figuram os marcos para a 
perpetuação da competência (art. 43), para prevenção do juízo (art. 59) e 
para a interrupção da prescrição (art. 240). 
 
2.2. Requisitos da petição inicial 
 
De acordo com o art. 319, a petição inicial indicará: o juízo a que é 
dirigida; os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união 
estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas 
ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, o endereço eletrônico, o 
domicílio e a residência do autor e do réu; o fato e os fundamentos 
jurídicos do pedido; o pedido com as suas especificações; o valor da causa; 
as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos 
alegados; a opção do autor pela realização ou não de audiência de 
conciliação ou de mediação. Além disso, a petição inicial será instruída 
com os documentos indispensáveis à propositura da ação (art. 320) – como, 
por exemplo, a procuração outorgada ao advogado. 
É necessário perceber, ainda, que os conceitos de partes, causa de 
pedir e pedido são fundamentais para a correta individualização da ação, já 
que são seus elementos, segundo o próprio Código de Processo Civil (art. 
337, §2º) – nossa legislação adotou o critério da tríplice identidade para 
identificação das ações. Por consequência, esses conceitos são importantes 
para a identificação da litispendência e da coisa julgada, pois, como 
também diz o Código de Processo Civil, há litispendência quando se repete 
ação que está em curso, e há coisa julgada quando se repete ação que foi 
decidida por sentença de que não caiba recurso (art. 337, §§3º e 4º). 
 
2.2.1. Partes 
 
Parte é quem pede e contra quem se pede tutela jurisdicional. A 
petição inicial deve identificar quem são as partes no processo (art. 319, II). 
Não dispondo dessas informações, poderá o autor requerer que o juiz o 
auxilie, determinando as diligências necessárias para a sua obtenção (tem-
se aí o dever de auxílio do juiz decorrente da necessidade de colaboração 
no processo, art. 319, §1º). É por essa razão que o art. 319, §2º, refere que, 
a despeito de não estarem completas as informações, a petição inicial não 
será indeferida se for possível a citação do réu. 
As partes no processo tendencialmente refletem as partes na relação 
de direito material que se afirma existente ou inexistente em juízo 
(ressalvados os casos de legitimação extraordinária, art. 18). O art. 319, II, 
exige apenas a identificação das partes – quem pede e contra quem se pede 
tutela jurisdicional, isto é, a identificação das pessoas que irão litigar. Saber 
se as partes são legítimas para a causa ou não é uma questão que tem de ser 
decidida pelo juízo durante o processo. 
 
2.2.2. Causa de pedir 
O autor, por meio da causa de pedir, e o réu, por meio da alegação de 
defesas indiretas na contestação, podem trazer fatos essenciais a juízo a fim 
de delimitar o litígio que deve ser examinado pelo juiz (art. 141). 
O Código de Processo Civil cataloga os fatos essenciais em fatos 
constitutivos e em fatos impeditivos, modificativos e extintivos do direito. 
É importante, portanto, saber a natureza de determinado fato – até mesmo 
porque o autor tem o ônus de provar os fatos constitutivos e o réu os 
demais (art. 373). 
Os fatos constitutivos são aqueles que dão vida auma vontade 
concreta da lei e à expectativa de um bem por parte de alguém, 
exemplificando-os fazendo referência ao empréstimo, ao testamento, ao ato 
ilícito e ao matrimônio. Os fatos extintivos são aqueles que fazem cessar 
uma vontade concreta da lei e a consequente expectativa de um bem. Por 
exemplo: pagamento; remissão de dívida; perda da coisa devida. 
Existindo uma circunstância que impeça um determinado fato de 
produzir o efeito que lhe é normal, há fato impeditivo. 
Já os fatos modificativos são aqueles que pressupõem válida a 
constituição do direito, mas tendem a alterá-lo. Assim, por exemplo, a 
moratória concedida ao devedor. Se o autor pede o pagamento da dívida, e 
o réu alega que foi parcelada, somente podendo ser exigida em parte, o fato 
é modificativo; se o réu alega pagamento, o fato é extintivo; se o réu alega 
exceção de contrato não cumprido, o fato é impeditivo. 
Costuma-se dividir a causa de pedir em remota e próxima. A 
primeira seria o título aquisitivo do direito (a origem do direito). Já a 
segunda seria a ameaça ao direito que se pretende evitar ou a violação ao 
direito que se pretende reparar. 
É possível, contudo, que a petição inicial invoque mais de uma causa 
de pedir. Isso pode ocorrer quando: são invocados fatos de igual estrutura, 
que repercutem na esfera jurídica de uma pessoa: pede-se anulação de 
contrato, alegando-se que o réu, por diversas vezes, violou determinada 
cláusula de contrato; são invocados fatos de igual estrutura, que conduzem 
a efeitos jurídicos que repercutem em diferentes esferas jurídicas: dois 
autores, proprietários de casas vizinhas, afirmam que o réu, por culpa, 
causou danos a seus imóveis; são invocados fatos de estrutura diferente: 
pede-se o despejo do réu com base no não pagamento do aluguel e no uso 
indevido do imóvel. 
Assim como é vedado ao juiz julgar a causa genericamente, 
fundamentando de forma vaga e desligada do caso concreto a sua decisão 
(art. 489, §§ 1º e 2º. Do CPC), também é defeso à parte alegar 
genericamente na petição inicial o sue direito. Isso quer dizer que a parte 
tem o ônus de sustentar justificadamente suas posições jurídicas na petição 
inicial (art. 319, III, do CPC) – e o mesmo vale, por uma questão de 
igualdade (arts. 5º, I, CF/1988, e 7º do CPC), para o réu na contestação (art. 
336 do CPC). Não tendo a parte desempenhado adequadamente o seu ônus 
de alegar justificadamente, tem o juiz o dever de determinar o 
esclarecimento das suas alegações (art. 321 do CPC). 
Sob outro ângulo, para atender ao art. 319, III, do CPC, é correto 
afirmar que o autor deve afirmar um fato e apresentar o seu nexo com o 
efeito jurídico. Não atende ao art. 319, III, do CPC, a simples indicação, 
reprodução ou paráfrase de texto normativo: é preciso que a parte 
contextualize as suas afirmações, mostrando qual a sua relação concreta 
com o caso que pretende ver julgado a seu favor (analogicamente, art. 489, 
§1º, I, do CPC). Ademais, assim como é vedado ao juiz valer-se de 
postulados como a proporcionalidade, a razoabilidade e a ponderação sem 
justificar adequadamente a maneira como essas normas incidem para 
solução de conflitos entre outras normas, também é vedado à parte invocar 
semelhantes normas sem justificar apropriadamente por qual razão incidem 
e como contribuem para interpretação e aplicação de outras normas 
(analogicamente, art. 489, §2º, do CPC). O mesmo vale obviamente para a 
aplicação dos princípios: é preciso mostrar quais são os estados de coisas 
que os princípios visam a promover e de que modo essas finalidades 
determinam ou não a solução do caso apresentado na petição inicial 
(analogicamente, art. 489, §1º, I, e §2º, do CPC). 
Por fim, embora não conste no rol do art. 319, constitui requisito da 
petição inicial e, especificamente, requisito concernente à causa de pedir, a 
discriminação das obrigações contratuais controvertidas e a quantificação 
do valor incontroverso do débito nas ações que tenham por objeto a revisão 
de obrigação decorrente de empréstimo, financiamento ou alienação de 
bens (art. 330, §2º). Obviamente, o valor incontroverso não constitui 
matéria judicializada e, portanto, não pode modo algum ser alcançado pelo 
resultado do processo – pela simples razão de que não compõe o mérito da 
causa. Por essa razão, o valor incontroverso deverá continuar sendo pago 
no tempo e modo contratados, de acordo com o direito material que rege a 
espécie (art. 330, §3º). 
 
2.2.3. Pedido 
 
O pedido tem duas faces essenciais, uma vez que divide-se em 
pedido imediato e pedido mediato – o primeiro concerne à técnica 
processual, ao passo que o segundo diz respeito à tutela do direito. 
Assim, quando se alude ao pedido imediato, pensa-se na espécie de 
sentença – e consequentemente no tipo de pedido – que é requerida ao 
órgão jurisdicional. Nesse sentido fala-se em pedido declaratório, 
constitutivo, condenatório, mandamental e executivo. 
O pedido declaratório é aquele por meio do qual o autor pede a 
declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica ou de seus 
efeitos (art. 19, I), podendo excepcionalmente ser requerida uma declaração 
sobre um fato - o fato da falsidade ou inautenticidade documental (art. 19, 
II). 
O pedido é constitutivo quando se postula a criação, extinção ou a 
modificação de uma situação jurídica. Exemplos: renovação, alteração ou 
anulação de um negócio jurídico (por exemplo, por força do art. 157 do CC 
– alegação de lesão). 
Há pedido condenatório quando se pede que o juiz condene o réu ao 
pagamento de certa quantia – por exemplo, ao pagamento de uma 
indenização. 
Nessa perspectiva, do ponto de vista teórico, não há qualquer 
distinção entre a sentença condenatória que exige a propositura de ação de 
execução e a sentença condenatória que pode ser executada como uma 
simples fase posterior no próprio processo em que se desenvolveu a 
atividade de conhecimento. Dito de outro modo: constitui uma opção 
técnica ligada à política processual ter um processo autônomo de execução 
ou anexar a fase destinada à atividade executiva ao processo em que 
igualmente se desenvolveu a fase de conhecimento. O Código vigente 
adotou adequadamente a segunda opção (arts. 513 e ss.). 
O pedido é mandamental quando o autor pede que o juiz ordene sob 
pena de coerção indireta (por exemplo, multa coercitiva). Quando isso 
ocorre, pede-se algo diverso da simples condenação, pois o autor não quer 
apenas ter a possibilidade de requerer a execução – por expropriação – 
desejando que o juiz ordene que o réu faça (ou não faça) alguma coisa sob 
pena de coerção indireta. Em outros termos: nesse último caso deseja-se 
que a sentença pressione o réu (atue sobre a sua vontade) a fazer ou não 
fazer algo (art. 497). 
Por fim, há o pedido executivo, que faz surgir a sentença executiva, 
que tem por objetivo corrigir as linhas que separam as esferas jurídicas do 
autor e do réu por meio da atuação direta sobre o seu patrimônio por meio 
de técnicas processuais atípicas que independem de uma fase de 
cumprimento de sentença estruturada a partir da técnica expropriatória. O 
pedido executivo é apropriado, segundo o desenho legislativo, para a tutela 
do direito à coisa (art. 498) e para a tutela destinada a suprir a prestação da 
declaração de vontade (art. 501). 
O pedido mediato é o bem da vida pretendido pelo autor. 
Havendo dúvida a respeito do alcance do pedido, deve o juiz 
interpretá-lo considerando o conjunto da postulação e de acordo com o 
princípio da boa – fé (art. 322, §2º). Embora o Código enuncie esse 
postulado interpretativo do pedido como um parágrafo do art. 322, é certo 
que esse se aplica não só para a interpretação do pedido mediato, mas 
constitui uma norma geral para interpretação de todo e qualquer pedido. 
 
2.2.3.1. Pedido certo 
 
O pedido tem de ser certo(art. 322). É claro que o pedido de técnica 
processual é sempre certo, ainda que possa o juiz variar de ofício a técnica 
executiva para prestação da tutela do direito (arts. 497 e 498). 
Ainda que se exija pedido certo, admite-se que certas postulações 
encontram-se implícitas – são os chamados pedidos implícitos (arts. 322, 
§1º, e 323). Assim é que estão compreendidos no principal os juros legais, 
a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários 
advocatícios. Ainda, na ação que tiver por objeto cumprimento de 
obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no 
pedido, independentemente de declaração expressa do autor e serão 
incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no 
curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las (art. 323). 
 
2.2.3.2. Pedido determinado 
 
Além de certo, o pedido mediato deve ser também determinado (art. 
324). Vale dizer: tem o autor de dimensionar o seu alcance na petição 
inicial. É lícito ao autor, no entanto, formular pedido genérico: nas ações 
universais, se não puder individuar os bens demandados; quando não for 
possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; 
quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de 
ato que deva ser praticado pelo réu (art. 324, §1º). O mesmo vale para o réu 
que formula reconvenção (art. 324, §2º). 
Ações universais são aquelas em que o bem da vida postulado em 
juízo é uma universalidade (fática ou jurídica). Constitui uma 
universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à 
mesma pessoa, tenham destinação unitária (art. 90 do CC – por exemplo, 
uma biblioteca). Constitui uma universalidade de direito o complexo de 
relações jurídicas, de uma mesma pessoa, dotado de valor econômico (art. 
91 do CC – por exemplo, o patrimônio e a herança). 
Exemplo clássico de situação que depende de ato a ser praticado pelo 
réu para se determinar o valor da condenação é o da ação de exigir de 
contas (arts. 550 e ss.). 
Sendo o pedido indeterminado, admite-se a prolação de sentença 
genérica. A obrigação constante da sentença genérica tem de ser liquidada 
antes de ser submetida a cumprimento (arts. 509 e ss.). 
 
2.2.3.3. Pedido alternativo 
 
O pedido é fixo quando o direito material permite apenas um modo 
de realização da prestação, ao passo que pode ser alternativo quando, pela 
natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um 
modo (art. 325). O Código de Processo Civil, quando alude à natureza da 
obrigação, está fazendo referência às obrigações alternativas (arts. 252 a 
256 do CC) e às obrigações facultativas, isto é, às obrigações com 
faculdade de substituição da prestação. 
O direito brasileiro consagrou em toda a sua extensão a regra da 
atipicidade dos meios executivos (arts. 139, Iv, 536, 537 e 538), com o que 
tornou a atividade executiva mais maleável e adaptável às necessidades do 
caso concreto. 
Diz o parágrafo único do art. 325, parágrafo único, ainda que 
quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe 
assegurará o direito a cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda 
que o autor não tenha formulado pedido alternativo. Em regra, se outra 
coisa não se estipulou, a escolha cabe ao devedor nas obrigações 
alternativas (art. 252 do CC). Quando o autor formula pedido alternativo, o 
valor que deve ser atribuído à causa corresponde ao do pedido com maior 
valor econômico (art. 292, VII). 
O pedido alternativo não deve ser confundido com a cumulação 
alternativa de pedidos (art. 326). Na cumulação, existe uma ordem de 
preferência expressa pelo autor: o autor quer a procedência do pedido 
principal, mas também lhe serve a procedência do pedido alternativo. 
 
2.2.3.4. Cumulação de pedidos 
 
O autor pode cumular pedidos na petição inicial. A cumulação pode 
ser simples ou eventual. A cumulação simples é caracterizada pela 
autonomia entre os pedidos (art. 327), ao passo que a cumulação eventual é 
caracterizada pela dependência – o pedido formulado de maneira sucessiva 
ou alternativa só será examinado se o juiz acolher ou rejeitar o pedido 
formulado de forma principal ou prioritária. 
 
2.2.3.4.1. Cumulação simples 
 
O art. 327 permite a cumulação simples de pedidos. O juiz tem o 
dever de examinar todos os pedidos formulados em regime de cumulação 
simples, sendo por essa razão hipoteticamente possível a procedência 
simultânea de todos os pedidos cumulados. Por essa razão, na cumulação 
simples, o valor da causa corresponde à soma de todos os pedidos 
cumulados (art. 292, VI). Sucumbindo o autor quanto a qualquer um dos 
pedidos cumulados, tem interesse recursal. 
É admissível a cumulação simples de pedidos desde que os pedidos 
sejam compatíveis entre si, que o juízo seja absolutamente competente para 
conhecer de todos os pedidos cumulados e seja adequado para todos os 
pedidos o mesmo procedimento. O art. 327 sugere que a cumulação 
simples deve apresentar pedidos cumulados contra o mesmo réu. 
O juízo tem de ser absolutamente competente para conhecer de todos 
os pedidos cumulados. Se o juiz é relativamente incompetente, incidem as 
normas sobre prevenção e conexão, não havendo óbice à cumulação. Pode 
ocorrer de o juiz ser absolutamente competente para conhecer apenas um 
ou alguns dos pedidos cumulados. 
É possível ao demandante cumular pedido que siga o procedimento 
comum com pedido sujeito a procedimento especial, desde que p 
demandante opte pela adoção do procedimento comum, sem prejuízo do 
emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos 
procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, 
que não forem incompatíveis com as disposições do procedimento comum 
(art. 327, §2º). 
Se a cumulação comprometer a defesa do demandado ou a rápida 
solução do litígio (por analogia, art. 113, §1º, já que o litisconsórcio 
facultativo simples implica cumulação objetiva), pode o juiz intimar o autor 
para que escolha qual o pedido que deve ser analisado no processo, não 
conhecendo dos demais. Pode o réu, ainda, requerer a inadmissibilidade da 
acumulação simples por idênticos fundamentos, inclusive em momento 
anterior à contestação, mediante mero requerimento nos autos, hipótese em 
que se interrompe o prazo para resposta à demanda (por analogia, art. 113, 
§2º). Trata-se de possibilidade que se adjudica ao demandado como 
decorrência direta do direito fundamental à paridade de armas no processo 
civil (art. 5º, I, da CF). 
 
2.2.3.4.2. Cumulação sucessiva 
 
Há cumulação sucessiva de pedidos quando o autor formula dois 
pedidos pretendendo o acolhimento de ambos, sendo o acolhimento do 
primeiro pedido pressuposto lógico e essencial para análise do pedido 
sucessivo. Acolhendo o primeiro pedido e julgando improcedente o 
segundo, a parte deve ser considerada parcialmente sucumbente (art. 86) e 
há, evidentemente, interesse em recorrer. Em sendo o caso, todavia, de 
cumulação sucessiva, a fixação do valor da causa obedece à soma de todos 
os pedidos cumulados (art. 292, VI). 
 
2.2.3.4.3. Cumulação alternativa 
 
Há cumulação eventual alternativa de pedidos – ou simplesmente 
cumulação eventual – quando o autor formula pedido subsidiário, cuja 
apreciação só se dará na impossibilidade de acolhimento do pedido 
principal. É o assunto regulado no caput do art. 326. 
Além da cumulação alternativa com ordem prioritária, o legislador 
consagrou igualmente a cumulação alternativa sem ordem prioritária no 
parágrafo único do art. 326 (é lícito formular mais de um pedido, 
alternativamente, para que o acolha um deles). No fundo, o parágrafo único 
do art. 326 constitui uma espécie de atipicização da regra do pedido 
alternativo (art. 325). Havendo cumulação alternativa, o valor dacausa 
corresponde ao valor do pedido principal (art. 292, VIII). 
 
2.2.3.5. Modificações da causa de pedir e do pedido 
 
O art. 329 refere que o autor poderá: até a citação, aditar ou altera o 
pedido ou a causa de pedir, independentemente do consentimento do réu; 
até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, 
com o consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a 
possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de quinze dias, 
facultado o requerimento de prova suplementar – obviamente por quaisquer 
das partes. A mesma possibilidade de modificação da causa de pedir e do 
pedido aplica-se à reconvenção. 
No direito anterior, porém, dizia-se que em nenhuma hipótese seria 
admitida modificação da causa de pedir e do pedido do saneamento da 
causa. O direito vigente não repetiu semelhante vedação, na medida em 
que, versando a causa sobre direitos disponíveis e sendo as partes capazes, 
nada obsta à modificação acordada da causa de pedir e do pedido (art. 190). 
Não foi deferido ao órgão judicial qualquer juízo de valor a respeito 
da conveniência ou não da realização do acordo processual sobre a 
modificação da causa de pedir e do pedido. Assim, o juiz só poderá negar 
validade a acordo dessa ordem nos casos expressamente mencionados no 
art. 190, parágrafo único. 
No mais, o art. 329 fala em aditar ou alterar o pedido ou a causa de 
pedir. O Código não veda a possibilidade de a parte autora pretender 
reduzir a causa de pedir ou o pedido. A redução da causa de pedir e do 
pedido pelo autor é lícita e não se submete aos limites temporais da citação 
e do saneamento da causa. Com efeito, o pedido pode ser reduzido em 
virtude de: desistência da ação no tocante a uma parte do pedido ou a um 
dos pedidos (quando houver cumulação de pedidos); renúncia a uma parte 
do direito postulado; transação parcial na pendência do processo; 
convenção de arbitragem em relação a uma parte do objeto do litígio e; 
recurso em relação a uma parte da sentença. Em todos esses casos, fica 
claro que há autorização legal para a redução do pedido, de modo que a sua 
ocorrência não fica subordinada aos limites temporais definidos pelo art. 
329. 
 
2.2.4. Valor da causa 
 
Ao litígio posto em juízo deve ser dado um valor. Ainda que o litígio 
não tenha valor econômico imediatamente aferível, ou não configure 
propriamente um litígio – por não haver conflito entre as partes -, toda 
causa que deva ser objeto de prestação jurisdicional deve ser valorada (art. 
291). 
O valor da causa – que é requisito obrigatório da petição inicial (arts. 
291 e 319, V) – pode ser legal ou estimado. 
O art. 292 encarrega-se de estabelecer critérios para que sejam 
fixados os valores de algumas causas. Na ausência de critérios legais para 
que seja fixado o valor da causa, o autor deve proceder por estimativa. 
O valor da causa sempre deve retratar o estado fático – jurídico da 
causa que existe no momento da apresentação da petição inicial. 
Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em 
consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas 
será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo 
indeterminado ou por tempo superior a um ano. Se por tempo inferior, será 
igual à soma das prestações. 
O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa, 
quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em 
discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor. Nesse caso, 
determinará de imediato o recolhimento das custas correspondentes. 
Não estando o réu de acordo com o valor atribuído à causa, poderá 
impugná-lo em preliminar de contestação (art. 293). Não o fazendo, incide 
a preclusão. Perceba-se, portanto, que o direito vigente eliminou o 
incidente de impugnação ao valor da causa, seguindo uma linha de 
simplificação formal que visa à economia processual e daí à duração 
razoável do processo (art.s 5º, LXXVIII, da CF, e art. 4º do CPC). O juiz 
decidirá a respeito, preferencialmente no saneamento da causa (art. 357, I), 
impondo, se for o caso, a complementação das custas. 
 
2.2.5. Requerimento de provas 
 
Tem o demandante o ônus de indicar na petição inicial os meios de 
prova que pretende mostrar a veracidade do que alega em juízo. Não 
estando especificados os meios de prova com que as partes pretendem 
provar suas alegações até o momento oportuno para a organização do 
processo, tem o juiz de intimá-las a fim de que essas as especifiquem, a fim 
de que o juiz possa decidir a respeito (art. 321). 
 
2.2.6. Opção ou não de audiência de conciliação ou de mediação 
 
A fim de facilitar a solução consensual do litígio (art. 3º, §2º), o 
legislador desenhou o procedimento comum de modo a proporcionar às 
partes uma oportunidade de diálogo antes de se encontrar bilateralmente 
estabelecido o litígio no processo, - isto é, antes de oferecida a contestação. 
A oportunidade para tanto é a audiência de conciliação ou de mediação (art. 
334). Essa audiência, no entanto, não será realizada se ambas as partes 
manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual ou se 
a natureza do direito não admitir a autocomposição (art. 334, §4º, I). Daí a 
razão pela qual tem o autor de manifestar expressamente a sua opção ou 
não pela realização da audiência de conciliação ou de mediação (art. 319, 
VII). 
 
2.3. Emenda à petição inicial 
 
Chama-se emenda à petição inicial a possibilidade que o juiz confere 
à parte autora, no momento em que lhe é apresentada a petição inicial, de 
sanar eventual incorreção ou até mesmo omissão nela contida. Se a petição 
inicial não possui os requisitos dos arts. 319 e 320, ou apresenta defeitos e 
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, o juiz deverá 
determinar que o autor a emende ou complete-a no prazo de quinze dias, 
indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Esse 
dever está hoje expressamente previsto no art. 321 e é uma especificação 
do dever geral de colaboração do juiz para com as partes (art. 6º). 
Quando a petição inicial pode ser emendada, é proibido ao juiz 
indeferi-la sem dar o direito de emendá-la. Não atendida a determinação de 
emenda, cumpre ao juiz extinguir o processo sem resolução de mérito, 
indeferindo a petição inicial (art. 321, parágrafo único). Indeferida, pode o 
autor apelar, facultado ao juiz, no prazo de cinco dias, retratar-se (art. 331). 
 
2.4. Indeferimento da petição inicial 
 
Pode o juiz indeferir a petição inicial quando considerá-la inepta, 
quando não for possível julgar o mérito por falta de legitimidade para a 
causa ou de interesse processual, quando a determinação de emenda não for 
atendida e quando o advogado, postulando em causa própria, não declinar 
sua qualificação e endereço (art. 330). Em nenhum desses casos há 
resolução de mérito (art. 485). Os casos em que o juiz pode antes da citação 
do réu resolver o mérito da causa entram nas hipóteses que são catalogadas 
pelo Código como de improcedência liminar do pedido (art. 332). 
Considera-se inepta a petição inicial quando lhe faltar pedido ou 
causa de pedir, quando o pedido for indeterminado, fora das hipóteses em 
que permitido, quando da narração dos fatos não decorrer logicamente a 
conclusão e quando contiver pedidos incompatíveis (art. 330, §1º), 
ressalvada a possibilidade de cumulação alternativa (art. 326). Embora o 
Código tenha abolido a categoria das condições da ação, o julgamento que 
entende que a parte é ilegítima para a causa ou de que o autor não tem 
interesse processual determina a extinção do processo sem resolução de 
mérito (art. 330, II e III). 
Mesmo nas questões que o juiz pode conhecer de ofício, como a 
legitimidade e o interesse (art. 337, §5º), tem o juiz de primeiro oportunizar 
o contraditório antesde decidi-las (arts. 5º, LV, da CF, e 9º do CPC). Posto 
que não se trate propriamente de determinar emenda à petição inicial, tendo 
em conta que o problema aí está apenas em oportunizar ao autor que 
convença o juiz da ausência de qualquer defeito de legitimidade ou 
interesse, é possível veicular o dever de diálogo judicial mediante emenda à 
petição inicial, porque o que interessa é viabilizar o contraditório sobre a 
questão da legitimidade ou do interesse. Inexistindo oportunidade para o 
contraditório, há violação do dever de diálogo do juiz, inerente à 
colaboração no processo civil (arts. 6º, 9º e 10). 
Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, sendo facultado ao 
juiz, no prazo de cinco dias, retratar-se. Se não houver retratação, o juiz 
mandará citar o réu para responder ao recurso. Sendo a sentença reformada 
pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do 
retorno dos autos (art. 331, §2º). Sendo oportuna a designação de audiência 
de conciliação ou de mediação, contudo, deverá o juiz fazê-lo, caso em que 
o prazo para a contestação obedecer ao disposto no art. 335, I. Não 
interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da 
sentença (art. 331, §3º). 
 
2.5. Improcedência liminar do pedido 
 
Refere o art. 332: nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, 
independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o 
pedido que contrariar: enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal 
ou do Superior Tribunal de Justiça; acórdão proferido pelo Supremo 
Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de 
recursos repetitivos; entendimento firmado em incidente de resolução de 
demandas repetitivas ou de assunção de competência; enunciado de súmula 
de tribunal de justiça sobre direito local. O seu §1º ainda refere: o juiz 
também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, 
desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. 
Alguém poderia imaginar que o julgamento liminar de 
improcedência não poderia levar em consideração questões sobre as quais o 
autor não teve a oportunidade de se manifestar (arts. 5º, LV, da CF, e 10 do 
CPC). Isso poderia levar à conclusão de que, acaso o autor não tenha se 
pronunciado sobre a aplicação do precedente, da jurisprudência, da 
decadência ou da prescrição ao seu caso na petição inicial, teria o juiz de 
oportunizar que o autor se pronunciasse sobre a aplicação do precedente ou 
da jurisprudência ao seu caso ou sobre a decadência do direito ou a 
prescrição da pretensão. 
No entanto, como nesse caso a apelação excepcionalmente viabiliza 
a retratação do juiz de primeiro grau (art. 332, §3º), pode o contraditório ser 
exercido eficazmente na apelação, inclusive com a possibilidade de o juiz 
se retratar e reconhecer que o precedente não é aplicável, que a orientação 
jurisprudencial não alcança o caso, que não há decadência ou prescrição. E 
é justamente por essa razão que o art. 332, §1º, dispensa o contraditório 
prévio no julgamento da improcedência liminar que declara a decadência 
ou a prescrição. 
Do julgamento de improcedência liminar caberá apelação (art. 
1.009). Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em 
julgado da sentença (arts. 332, §2º). Interposta, o juiz poderá retratar-se em 
cinco dias. Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do 
processo, com a citação do réu; se não houver retratação, determinará a 
citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de quinze dias (art. 
332, §4º). Havendo cumulação de pedidos, sujeitando-se um ou alguns 
deles à improcdência liminar, caberá o recurso de agravo de instrumento de 
decisão parcial (art. 1.015, II). 
 
2.6. Deferimento da petição inicial 
 
Estando em termos a petição inicial, isto é, não sendo o caso de seu 
indeferimento (art. 330), nem de improcedência liminar do pedido (art. 
332), o juiz deferirá a petição inicial e determinará a citação do réu. No 
procedimento comum, a citação do réu é para o comparecimento em 
audiência de conciliação ou de mediação (art. 334). A citação só não será 
para a audiência – e sim para a apresentação de defesa (art. 335) – quando 
todas as partes manifestarem expressamente desinteresse na composição 
consensual (arts. 334, §4º, I) ou quando, pela natureza do direito debatido 
em juízo, não se admitir a autocomposição (art. 334, §4º, II). 
 
 
3. Atitudes do réu 
3.1. Atitudes do réu 
 
Simetricamente ao direito fundamental de ação (art. 5º, XXXV, da 
CF) encontra-se o direito fundamental de defesa (art. 5º, LV, da CF). Daí 
que, não sendo o caso de designar audiência de conciliação ou mediação ou 
não tendo sido possível obter a autocomposição, tem o juiz de oportunizar 
que o réu exerça o seu direito de defesa (art. 335). 
Como decorrência do direito fundamental ao processo com duração 
razoável (art. 5º, LXXVIII, da CF), repetido como norma fundamental do 
processo civil pelo Código (art. 4º), nosso legislador procurou eliminar na 
maior medida possível o formalismo desnecessário, na medida em que o 
processo com duração razoável é processo em que se promove a economia 
processual. 
O Código eliminou as exceções e os incidentes de defesa: a 
incompetência relativa é matéria de contestação (art. 337, II), bem como a 
impugnação ao valor da causa (arts. 293 e 337, III) e a impugnação ao 
benefício da gratuidade judiciária (arts. 100 e 337, XIII). A reconvenção, 
que antes tinha de ser formulada em peça apartada, hoje tem de ser na 
contestação (art. 343). A provocação da intervenção forçada de terceiros 
continua sendo matéria de contestação (arts. 126 e 131). A ação 
declaratória incidental foi abolida, tendo sido alargado os limites objetivos 
da coisa julgada nas hipóteses legais (art. 503, §1º), além de a alegação de 
impedimento ou de suspeição do juiz hoje ser suscetível de apresentação 
por simples requerimento (art. 146). 
Visando à defesa, pode o réu tomar as seguintes atitudes: oferecer 
contestação (arts. 335 e ss.); oferecer reconvenção (art. 343); nada fazer 
com o que será decretada a sua revelia (arts. 344 e ss). Dependendo da 
atitude do réu e de seu conteúdo, tem o juiz de determinar providências 
preliminares à organização do processo (arts. 347 e ss.). 
Ainda, acaso concorde com o pedido do autor, poderá reconhecê-lo 
juridicamente, provocando a extinção do processo com resolução de mérito 
(art. 487, III, a). Ao reconhecer juridicamente o pedido, o autor concorda 
com as jurídicas que o autor extrai da causa de pedir, reconhecendo a 
procedência do pedido formulado. O reconhecimento jurídico do pedido 
não se confunde, portanto, com a confissão (arts. 389 e ss.), que é admissão 
de fato contrário ao interesse e cujo valor é probatório, não vinculando o 
convencimento judicial. O reconhecimento jurídico do pedido independe de 
prazo, podendo ocorrer ao longo de todo o processo. 
 
4.2. Contestação 
 
A contestação corresponde ao campo mais amplo para a arguição da 
defesa. Se comparado com o direito anterior, o Código vigente aumentou o 
número de questões que ela pode veicular (art. 337), além de introduzir em 
determinadas hipóteses novos marcos como termo inicial de seu prazo (art. 
335) e de permitir em um caso específico a sua apresentação perante foro 
diverso daquele em que foi proposta a ação (art. 340). 
O prazo para contestação é de quinze dias (art. 335). O termo inicial 
para fluência do prazo: da audiência de conciliação ou de mediação, ou da 
última sessão de conciliação, quando qualquer das partes não comparecer 
ou, comparecendo, não houver autocomposição; do protocolo do pedido de 
cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo 
réu, quando ambas as partes expressamente manifestarem o desinteresse na 
autocomposição; em que se considerarealizada a citação, na forma do art. 
231 (art. 335). No caso de litisconsórcio passivo, se todos se opuserem à 
realização da audiência de conciliação ou de mediação, o termo inicial para 
contestação será autônomo para cada um dos litisconsortes, vale dizer, para 
cada um dos réus, o termo inicial será a data da apresentação de seu 
respectivo pedido de cancelamento da audiência (art. 335, §1º). No caso de 
não ser possível autocomposição, e havendo o litisconsórcio passivo, o 
autor desistir da ação em relação ao réu ainda não citado, o prazo para a 
contestação correrá da data de intimação da decisão que homologar a 
desistência (art. 335, §2º). 
A contestação normalmente é apresentada diante do juiz da causa. 
Contudo, havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a fim de 
facilitar o acesso à justiça do réu, a contestação poderá ser protocolada no 
foro do seu domicílio, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da 
causa, preferencialmente por meio eletrônico (art. 340). 
No direito brasileiro, a contestação tem três características básicas: é 
uma defesa total (art. 336), formal (art. 337) e especificada (art. 341). 
A contestação é total porque incumbe ao réu alegar na contestação 
toda a matéria de defesa, expondo as razões com que impugna o pedido do 
autor, especificando ainda as provas que pretende produzir (art. 336). 
Vigora, assim, no direito processual civil brasileiro, a regra da 
eventualidade, segundo o qual toda e qualquer defesa que o réu tiver a opor 
ao pedido do autor deverá ser deduzida na ocasião da contestação, sob pena 
de preclusão. Como refere o art. 342, depois da contestação, só é lícito ao 
réu deduzir novas alegações quando: relativas a direito ou a fato 
superveniente; competir ao juiz conhecer delas de ofício (por exemplo, a 
decadência legal, art. 210, CC, e a existência de cláusulas abusivas em 
contratos de consumo, art. 51, CDC); por expressa autorização legal, 
puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição (por 
exemplo, a existência de coisa julgada). 
Por força do caráter total imposto à contestação pela regra da 
eventualidade, cumpre ao réu nela arguir tanto defesas processuais como 
defesas materiais. Constitui defesa direta de mérito aquela pela qual o réu 
nega o fato constitutivo alegado pelo demandante ou nega a consequência 
jurídica pretendida pelo autor do fato constitutivo narrado (por exemplo, 
em uma ação de despejo, o réu alega que inexiste contrato de locação, que 
é o seu pressuposto, ou que o contrato é de comodato). Consiste em uma 
defesa indireta de mérito quando o réu opõe ao fato constitutivo afirmado 
pelo autor outro fato impeditivo (por exemplo, exceção de contrato não 
cumprido), modificativo (por exemplo, parcelamento da dívida) ou 
extintivo de seu direito (por exemplo, pagamento). Por essa razão, a 
propósito, tem o juiz de dar vista ao autor da contestação quando o réu 
alega qualquer espécie de defesa indireta (trata-se de providência 
preliminar, art. 350), a fim de resguardar-se o direito ao contraditório (art. 
5º, LV, da CF, e 8º do CPC). 
Ademais, tem o réu de indicar as provas que espera produzir já na 
contestação. Tal como ocorre com a petição inicial, basta que aponte os 
meios de prova que pretende se valer para confortar as suas alegações, 
podendo especificá-la em momento posterior. Pretendendo produzir prova 
documental, contudo, deve o réu oferecê-la no momento de sua contestação 
(art. 434). 
A contestação tem uma ordem de alegação das matérias. É por essa 
razão que se diz que ela é formal – justamente porque apresenta uma forma 
específica de alegação das matérias. Refere o art. 337 que incumbe ao réu, 
antes de discutir o mérito, alegar: inexistência ou nulidade da citação; 
incompetência absoluta ou relativa; incorreção do valor da causa; inépcia 
da petição inicial; perempção; litispendência; coisa julgada; conexão; 
incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; 
convenção de arbitragem; ausência de legitimidade ou de interesse 
processual; falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como 
preliminar; indevida concessão do benefício da gratuidade judiciária. Essas 
questões são consideradas questões preliminares pelo legislador. 
As questões preliminares arroladas pelo legislador têm em comum o 
fato de constituírem questões que podem e devem ser conhecidas de ofício 
pelo juiz (art. 337, §5º). Apenas a convenção de arbitragem e a 
incompetência relativa são questões que não podem ser conhecidas de 
ofício pelo juiz. Não alegada na contestação a incompetência relativa, 
prorroga-se a competência (art. 65). A ausência de alegação de convenção 
de arbitragem na contestação implica aceitação da jurisdição e renúncia à 
arbitragem (art. 337, §6º). 
Seguindo lição tradicional, nosso Código consagrou a teoria da 
tríplice identidade para arrolar os elementos da ação – ou da causa – e para 
identificar consequentemente a existência de litispendência e de coisa 
julgada (art. 337, §§1º a 4º). Uma ação é idêntica à outra quando possui as 
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. 
No que tange à alegação de ilegitimidade passiva para a causa, o 
Código inova em relação ao direito anterior. No direito vigente, tornou-se 
atípica a necessidade de indicação da parte legítima, sendo um dever do réu 
fazê-lo em todos os casos em que alega ilegitimidade passiva, ressalvada a 
impossibilidade de indicação por desconhecimento (arts. 338 e 339). Não 
indicando quando possível, o réu arcará com as despesas processuais e 
indenizará o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. 
Diante da alegação do réu, o juiz facultará ao autor, em quinze dias, a 
alteração da petição inicial para a sua substituição (art. 339, §1º) ou para a 
inclusão do indicado pelo réu como seu litisconsorte passivo (art. 339, §2º). 
Aceita a indicação pelo autor, esse procederá à alteração da petição inicial 
no prazo de quinze dias para substituição do réu, sendo responsável pelas 
despesas processuais em que incorreu o réu originário (arts. 338, parágrafo 
único, e 339, §1º). 
Refere o art. 448 que, em sendo possível ao juiz resolver o mérito da 
causa em favor da parte a quem a extinção do processo sem o exame 
aproveitaria, deverá fazê-lo. 
A contestação tem de ser especificada (art. 341). O réu tem o ônus de 
manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição 
inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: não for 
admissível, a seu respeito, a confissão; a petição inicial não estiver 
acompanhada de instrumento que a lei considera da substância do ato (por 
exemplo, a escritura pública da compra e venda do bem imóvel); e forem 
contrárias à defesa, considerada em seu conjunto. Vale dizer: é vedada a 
contestação genérica. Esse ônus de impugnação específica não se aplica, 
contudo, ao advogado dativo e ao curador especial. Nesses casos, é lícita a 
chamada defesa por negativa geral, em que é possível limitar-se a 
genericamente impugnar os fatos narrados pelo autor. A presunção gerada 
pela ausência de desempenho do ônus de impugnação específica é relativa. 
Isso quer dizer que pode ser afastada por prova em contrário realizada pelo 
demandado. Trata-se de presunção júris tantum. 
 
4.3. Reconvenção 
 
Além de contestar, pode o réu aproveitar o processo já iniciado para 
propor uma ação contra o autor cujo nome é reconvenção. 
Ao contrário do que ocorria no direito anterior, o CPC de 2015 
permite a formulação da reconvenção na própria contestação (art. 343). 
Não é necessário, portanto, que se formule o pedido reconvencional em 
uma petição exclusivamente a ele dedicado. É importante, contudo, que a 
reconvenção esteja bem identificada na contestação com a finalidade de 
facilitar o debate e a identificação das questões que dela surgem para

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