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VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
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ENDOCRINOLOGIA 
HORMÔNIOS E AÇÃO HORMONAL 17/08/2011 
OBJETIVOS 
 Definir hormônios, células-alvo, receptores hormonais; 
 Estabelecer diferenças entre controle endócrino, parácrino e autócrino; 
 Mecanismos de ação hormonal; 
 Transporte, degradação e secreção; 
 Sistema de retrocontrole. 
 
HORMÔNIOS 
 São moléculas informativas secretadas por tecidos especializados (maquinário de 
glândulas) e que agem sobre receptores específicos de células-alvo; 
 Características: 
 Circulam em pequenas quantidades (transporte eficiente se faz necessário); 
 Podem ser liberados em circulação restrita sem atingir a circulação sistêmica 
(por exemplo, no sistema porta-hipofisário); 
 Derivados de precursores sistêmicos; 
 Respeitam biorritmos; 
 Tem ação permissiva sobre outros hormônios. 
 
REGULAÇÃO HORMONAL 
 Defeitos pré-receptores 
 Biossíntese hormonal inadequada; 
 Estrutura bioquímica do hormônio pode estar alterada (erros de biossíntese, 
clivagem, transporte); 
 Alterações na proteína transportadora. 
 
 Defeitos no receptor 
 Estrutura química alterada; 
 Alterações no turnover (meia-vida) do receptor; 
 Incapacidade de ativação; 
 Incapacidade de inativação. 
 
 Defeitos pós-receptores 
 Erros na cascata bioquímica e enzimática; 
 Defeitos na produção de enzimas. 
 
 
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EFEITOS DOS HORMÔNIOS 
 EFEITO CONTÍGUO (PARÁCRINO) 
 Ocorre quando o hormônio liberado por uma célula 
exerce sua ação biológica sobre células vizinhas, fre- 
quentemente localizadas no mesmo órgão. 
 Exemplos: 
1. Pâncreas: 
 
 
 
 
 
 
 Observação: 
 No caso de diabetes tipo 1, a pessoa não produz 
insulina. A aplicação de insulina exógena não 
restaura o efeito parácrino das células beta do 
pâncreas sobre as células alfa. Dessa forma, o 
paciente acometido com diabetes tipo 1 apresenta 
uma taxa elevada de glucagon no sangue. 
 
2. Testículo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Observação: 
 A testosterona produzida nas células de Leydig 
ajuda na maturação dos espermatozoides pelas 
células de Sertoli. Se o homem toma anabolizantes 
com testosterona, o testículo percebe a alta 
concentração desse hormônio e para de produzi-
lo. Como o efeito parácrino não é mantido pela 
testosterona exógena, o homem pode se tornar 
infértil. 
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3. Ovário. 
 
4. Hipófise. 
 
 EFEITO A DISTÂNCIA (ENDÓCRINO) 
 O hormônio é liberado na circulação e, em seguida, trans- 
portado pelo sangue para exercer seu efeito biológico so- 
bre células-alvo distantes. 
 Exemplo: 
 Eixo hipotálamo – adenohipófise – órgão-alvo 
 
 
 EFEITO AUTÓCRINO 
 Hormônio é liberado e produz um efeito biológico 
sobre a mesma célula que o produziu. 
 Exemplo: 
 Testosterona intracelular 
 
FEEDBACK (OU RETROCONTROLE) 
 NEGATIVO 
 
 
 
 
 POSITIVO 
 
 
 
 
 ELEMENTOS QUÍMICOS DE REGULAÇÃO 
 
 
 
 
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CLASSIFICAÇÃO DOS HORMÔNIOS 
 Peptídeos: 
 Constituem a maioria dos hormônios; 
 São derivados de grandes cadeias polipeptídicas; 
 Seguem a forma natural da síntese proteica (tra- 
dução e processamento); 
 São sintetizados na forma de pré-pró-hormônios 
e sofrem processamento pós-tradução. Depois, 
são armazenados em vesículas antes de sua libe- 
ração por exocitose; 
 Exemplos de hormônios peptídeos: 
 Produzidos no hipotálamo: 
 TRH; 
 GnRH; 
 SMS; 
 CRM; 
 GHRH. 
 Produzidos na hipófise: 
 GH; 
 ACTH; 
 PRL; 
 TSH; 
 LH; 
 FSH. 
 Produzidos nas gônadas: 
 Inibina; 
 Relaxina; 
 MIF. 
 Produzidos em outros lugares: 
 PTH; 
 Gastrina; 
 Insulina; 
 Glucagon. 
 Derivados de aminoácidos 
 Sintetizados a partir do aminoácido tirosina; 
 Incluem: 
 Catecolaminas (dopamina, epinefrina, norepinefrina); 
 Hormônios da tireoide. 
 Esteroides 
 Derivados do colesterol; 
 Sintetizados no córtex da adrenal, nas gônadas e na placenta; 
 Exemplos: 
 Vitamina D; 
 Cortisol, Aldosterona, DHEA, Estradiol, Progesterona, Testosterona. 
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TRANSPORTE HORMONAL 
 Determina o intervalo de tempo que o hormônio 
fica disponível e a concentração dele na circulação 
sanguínea. 
 Proteínas ligadoras (BPs) 
 Aumentam a meia-vida do hormônio; 
 São produzidas no fígado; 
 A interação entre determinado hormônio e 
sua proteína ligadora está em equilíbrio di- 
nâmico; 
 Controlam a degradação metabólica e a ex- 
creção urinária. 
 A remoção dos hormônios da circula- 
ção é também conhecida como Taxa 
de Depuração Metabólica (TDM). 
 
BIORRITMOS 
 Hormônios obedecem a ritmos circadianos; 
 O organismo leva cerca de três dias para se adaptar 
a mudanças (por exemplo, no horário de verão); 
 Os biorritmos são usados para se determinar a me- 
lhor hora de coleta de sangue para análise de um hor- 
mônio; 
 Os níveis sanguíneos de um hormônio também podem 
ser afetados pela privação de sono, pela luz, pelo es- 
tresse, pela presença de doença. 
 
RECEPTORES HORMONAIS 
 São proteínas que reconhecem moléculas específicas; 
 É por meio desses receptores que os hormônios trans- 
mitem informações para o meio intracelular e desencadeiam respostas da célula-alvo; 
 Controlam, portanto, o sistema efetor, que desencadeia os efeitos biológicos; 
 Podem se localizar tanto na membrana plasmática quanto no interior da célula; 
 Algumas patologias estão associadas ao reconhecimento de mais de uma substância 
por parte do receptor; é o caso, por exemplo, da doença de Graves. Nesse caso, 
anticorpos estimulantes da tireoide atuam sobre os receptores do TSH, que passam a 
“interpretar” o anticorpo como se ele fosse o próprio TSH. 
 
 
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 Receptores transmembranários 
 Proteína G (são os mais comuns) 
 Tirosina kinase 
 JAK tirosina kinase 
 
 Esquema geral dos receptores de membrana: 
Ligação hormônio-receptor 
Alteração conformacional 
Ativação de um sistema efetor 
Geração de segundos mensageiros 
Ativação de proteínas kinases 
 
 
 Receptor transmembranários ligado a proteína G 
 Ligação hormônio-receptor; 
 Subunidade alfa da proteína G incorpora um GTP e se separa 
das subunidades beta e gama; 
 A subunidade alfa “livre” ativa uma enzima (exemplo: 
adenilatociclase, fosfolipase C), que gera um segundo 
mensageiro (adenilatociclase gera AMPc e fosfolipase C gera 
DAG, por exemplo); 
 Os segundos mensageiros ativam proteínas kinases (AMPc 
ativa a PKA e DAG ativa a PKC, por exemplo) – esse é o 
chamado sistema efetor; 
 Essas proteínas fosforilam outras estruturas da célula, o que 
dará continuidade à cascata iniciada; 
 Exemplo: receptor do GHRH (figura abaixo) e receptor beta da 
noradrenalina (figura ao lado). 
 
 
 
 
 
 
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 Receptor transmembranário tirosina kinase 
 Ligação hormônio-receptor; 
 Autofosforilação de resíduos de tirosina com o consequente 
aumento de sua atividade kinase (figura ao lado); 
 Ligação de proteínas efetoras (exemplo: SH2/GRB2)  
ativação do complexo RAS/RAF; Ativação de kinases MEK e MAP; 
 Essas proteínas fosforilam outras estruturas da célula, o que 
dará continuidade à cascata iniciada; 
 Exemplos de hormônios que utilizam receptores tirosina 
kinase: fator de crescimento (ver as duas figuras abaixo) e 
insulina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Receptor transmembranário JAK tirosina kinase 
 Associação de proteínas homólogas de 2 receptores 
(dimerização) para a ativação após a ligação do hormônio (1 
hormônio para 2 receptores); 
 Alteração conformacional; 
 Ativação (fosforilação) das proteínas JAK associadas ao 
receptor; 
 Fosforilação das proteínas-alvo (STAT, por exemplo); 
 Efeito biológico; 
 Exemplo: receptor do GH (ver abaixo). 
 
 
 
 
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CONTROLE NEUROENDÓCRINO DA FUNÇÃO HIPOFISÁRIA 17/08/2011 
OBJETIVOS 
 Descrever relações anatômicas e fisiológicas entre o hipotálamo e a hipófise; 
 Identificar hormônios hipotalâmicos com ações de estímulo e inibição da hipófise; 
 Identificar as famílias de hormônios hipofisário. 
 
SISTEMA NERVOSO x SISTEMA ENDÓCRINO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANATOMIA DA HIPÓFISE 
 A hipófise (glândula pituitária) está localizada 
na base do cérebro, em uma cavidade chama- 
da sela túrcica do osso esfenoide; 
 É envolvida pela dura-máter, exceto na região 
ligada ao assoalho do diencéfalo pelo infundí- 
bulo; 
 Tem íntima relação com o quiasma óptico (ver 
segunda figura à direita). Dessa forma, tumo- 
res na hipófise comprimem o nervo óptico, 
causando perda visual (mais especificamen- 
te, perda no campo visual lateral, sintoma 
característico de lesão no quiasma); 
 Tem estreita ligação com o hipotálamo através 
da haste infundibular. Assim, lesões hipofisári- 
as ou lesões na haste podem causar deficiên- 
cia nos níveis de vários hormônios. 
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 Neurônios magnocelulares: 
 As terminações de seus longos axônios constituem a hipófise posterior; 
 O transporte axoplasmático de hormônios pré-fabricados no hipotálamo é 
feito por vesículas que deslizam no corpo do axônio para seu armazenamento; 
 Neurônios parvocelulares: 
 Vindos do hipotálamo, terminam na eminência média (comunicação 
hipotálamo-haste); 
 Transportam os hormônios estimuladores da hipófise anterior, lançando-os no 
sistema porta-hipofisário. 
EMBRIOLOGIA DA HIPÓFISE 
 Durante o processo de formação da hipófise na vida embrionária, observa-se que a 
pars distalis e a pars intermedia se originam da bolsa de Rathke (originada do teto da 
cavidade oral do embrião), e que a pars nervosa se origina de uma evaginação do 
assoalho do terceiro ventrículo. Em seguida, as duas partes se fundem e formam uma 
glândula aparentemente única. 
 A bolsa de Rathke se “enche” de células e forma a pars distalis; o fundo de sua bolsa se 
espessa e forma a pars intermedia que se justapõe à pars nervosa. Assim, as duas 
partes formadas a partir da cavidade oral apresentam características de glândula, 
secretando hormônios que dependem do controle hipotalâmico (fatores/hormônios), 
os quais penetram na parte glandular através do chamado sistema porta-hipofisário 
(que une fisiológica e anatomicamente o hipotálamo e a hipófise). 
 A parte neural não apresenta estrutura histológica glandular e suas células são 
chamadas pituicitos, rodeados por células intersticiais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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HIPOTÁLAMO 
 Núcleo paraventricular: 
 Produz os hormônios TRH e CRH; 
 Induz a produção de TSH e ACTH pela adenohi- 
pófise. 
 Área pré-óptica: 
 Produz o GnRH; 
 Induz a produção de FSH e LH na adenohipófise. 
 Núcleo arqueado: 
 Produz o GHRH e a dopamina (ver a frente); 
 GHRH induz a produção de GH na adenohipófise. 
 Núcleo periventricular: 
 Produz a somatostatina; 
 Inibe a secreção de GH. 
 
HORMÔNIOS HIPOTALÂMICOS 
 Observação: todos os hormônios hipofisários são peptídicos. 
 Somatostatina 
 Síntese no núcleo periventricular do hipotálamo, no pâncreas, no trato 
gastrointestinal e nas células C da tireoide; 
 Efeito: inibe a secreção de GH e de TSH; 
 É um peptídeo derivado de precursor de 116 aminoácidos; 
 Formas moleculares: 
 SMS-14: liberada pelo sistema nervoso 
central; 
 SMS-28: liberada pelo sistema digestó- 
rio. 
 GHRH 
 Síntese no núcleo arqueado do hipotálamo; 
 Efeito: estimula a secreção de GH na adenohipófise; 
 Derivado de um precursor de 108 aminoácidos; 
 Formas moleculares: 
 1-44 NH2: forma ativa 
 1-40 OH: forma inativa 
 1-37 OH: forma inativa 
 Dopamina 
 Síntese no núcleo arqueado do hipotálamo; 
 Efeito: inibe a secreção de prolactina; 
 Derivado de um precursor de 92 aminoácidos. 
 
 
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 TRH 
 Síntese no núcleo paraventricular; 
 Efeito: estimula a secreção de TSH e prolactina (fraco – não se compara à 
inibição feita pela dopamina); 
 Derivado de um precursor de 242 aminoácidos; 
 Fórmula molecular: 3 aminoácidos. 
 GnRH 
 Síntese na área pré-óptica; 
 Estimula a secreção de FSH e LH; 
 Derivado de um precursor de 92 aminoácidos; 
 Fórmula molecular: 10 aminoácidos. 
 CRH 
 Síntese no núcleo paraventricular; 
 Estimula a secreção de ACTH; 
 Derivado de um precursor de 196 ami- 
noácidos; 
 Estrutura: 41 aminoácidos. 
 
HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS 
 Dividem-se em famílias, segundo os seguintes critérios: 
 Características bioquímicas comuns; 
 Ação em receptores semelhantes. 
 
 Família glicoproteica 
 São heterodímeros constituídos por uma subunidade alfa comum e uma 
subunidade beta que confere especificidade biológica a cada hormônio; 
 Agem em receptores de membrana; 
 
 
 
 
 
 
 
 Subunidade alfa: afinidade para o hormônio chegar ao receptor; 
 Subunidade beta: especificidade da ligação para ativação do receptor. 
 
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 Família POMC (pro [precursor] opio [origina endorfinas] melano [MSH – estimula 
melanócitos] cortina [atua no córtex da suprarrenal]) 
 Hormônios são derivados do pró-hormônio POMC, que é um precursor 
sintetizado pelos corticotropos da adenohipófise. A produção e secreção do 
POMC são feitas predominantemente pelo CRH, produzido no hipotálamo. 
 Após a clivagem do POMC, obtêm-se todos os hormônios dessa família: ACTH; 
β-endorfina; e α, β e γ-melanócitos (MSH). 
 Os efeitos desses hormônios são mediados em grande parte através dos 
receptores da melanocortina (MCR), dentre os quais 5 foram descritos: 
 MC1R: desempenha funções definidas na pele; 
 MC2R: produção de hormônios esteroides pela suprarrenal; 
 MC3R: não está bem definido; 
 MC4R: expresso no cérebro, relacionado com o comportamento 
alimentar e o apetite; 
 MC5R: termorregulação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Observação: juntamente com o aumento do 
ACTH, há um aumento de endorfinas e do 
MSH. O ACTH promove a liberação de cortisol, 
o que inibe a secreção do CRH (feedback 
negativo). Em casos de deficiência no cortisol, 
como na Doença de Addison, não existe esse 
mecanismo de feedback, e os hormônios da 
família POMC são hiper-expressos. 
 O primeiro sintoma flagrado na doença de 
Addison é o surgimento de manchas cinzas e 
negrasnas mucosas, devido ao aumento da 
concentração de MSH (ver figura ao lado). 
 
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 Família mamosomatotrófica 
 Tem ação sobre receptores JAK tirosina kinase; 
 Os hormônios dessa família possuem um gene ancestral comum, com 4 
íntrons e 5 éxons, e possuem peso molecular e número de aminoácidos 
próximos. 
 
 
 
 
 
 
 
COMO A HIPÓFISE ANTERIOR CONSEGUE CONTROLAR TANTOS HORMÔNIOS? 
 Através de seus fatores de diferenciação. Uma célula pluripotente da hipófise, 
conforme estimulada por um fator transcricional, é citodiferenciada e passa a produzir 
um tipo específico de hormônio. 
 Os fatores de diferenciação para a hipófise são: PROP-1, PIT-1 (PTTG), CUTE, LhX3 e 
LhX4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CASO CLÍNICO 
 Baixa estatura  deficiência de GH 
 Genitália hipotrófica (testículos)  deficiência de FSH e LH 
 Retardo mental  deficiência de TSH (maturação do SNC) 
 Gordura flácida abdominal com celulite  deficiência de GH 
no adulto 
 Prolactina indeterminável 
 Idade óssea de oito anos 
 
 DIAGNÓSTICO: hipoplasia hipofisária por deficiência de fator 
de diferenciação (PROP-1) 
 
 
 
 
 
EIXO SOMATOTRÓFICO 26/08/2011 
OBJETIVOS 
 Compreender os mecanismos reguladores do eixo somatotrófico; 
 Biorritmo do GH, proteínas transportadoras; 
 Receptores envolvidos no eixo somatotrófico; 
 Efeitos de metabólicos do GH e efeitos indiretos das IGFs. 
 
AÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
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CONTROLE DO EIXO SOMATOTRÓFICO 
 GHRH 
 Síntese no núcleo arqueado do hipotálamo; 
 Estimula a secreção de GH; 
 Derivado de um precursor de 108 aminoácidos; 
 Formas moleculares: 
 1-44 NH2: forma ativa 
 1-40 OH: forma inativa 
 1-37 OH: forma inativa 
 Observação: não pode ser dosado por uma coleta de sangue, já que não cai na 
circulação sistêmica! 
 Receptor: 
 Transmembranário, associado a proteína G; 
 
 
 
 
 
 
 
 Exemplo: cidade de Itabaianinha, onde toda a população tem defeito 
no receptor de GHRH. 
 
 Somatostatina 
 Síntese no núcleo periventricular, no pâncreas, no trato gastrointestinal e nas 
células C da tireoide; 
 Inibe a secreção de GH e de TSH; 
 É usada no tratamento de gigantismo; 
 Derivado de um precursor de 116 aminoácidos; 
 Formas moleculares: 
 SMS-14; 
 SMS-28. 
 Receptor: 
 5 tipos (na hipófise, principalmente os tipos 2 e 5) 
 
 
 
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HORMÔNIO DO CRESCIMENTO – GH 
 Sua produção é regulada pelo cromossomo 17; 
 Estrutura química: 
 191 aminoácidos; 
 2 pontes dissulfeto. 
 O crescimento fetal não é regulado pelo GH, mas sim pelo HLP (hormônio lactogênico 
placentário) e pelo GHv (variação do GH) produzidos pela placenta; 
 Isoformas circulantes: 
 22 kD: forma ativa; 
 20 kD: forma inativa. 
 Observação: para o doping, deve-se medir a isoforma de 22 kD, uma 
vez que é ela que desencadeia os efeitos biológicos. 
 Proteínas de ligação: 
 GHBP1: 
 Tem 61 kD e afinidade pela isoforma de 22 kD; 
 Responsável por conduzir o GH até o fígado; 
 Homologia com a porção extramembranária do receptor JAK tirosina 
kinase; 
 Deslocamento da porção extra da JAK, que busca o GH e volta, 
num reacoplamento fisiológico  “ímã” para o GH. 
 GHBP2: 
 Tem 100 kD e afinidade pela isoforma de 20 kD do GH. 
 Biorritmo de secreção do GH: 
 Secreção pulsátil; 
 Maior pico de liberação durante a fase de sono profundo (fases 3 e 4) 
 Pico causado pelo bloqueio da somatostatina imposto pelas ondas 
lentas do sono (receptores muscarínicos do hipotálamo) 
 Pico do meio-dia 
 Jejum que precede o almoço: ação da grelina 
 Concentração mais baixa às 8h da manhã 
 
 
 
 
 Ao longo da vida, diminui 14% a cada 10 anos, depois dos 20 anos de idade: 
 
 
 
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 Regulação da secreção de GH: 
 Sono: 
 Ondas lentas ativam os receptores muscarínicos no hipotálamo, de 
forma a inibir a secreção de somatostatina. Isso resulta no aumento 
do GH 
 Exercício: 
 Aumentam a amplitude dos pulsos de GH; 
 Esportes anaeróbicos estimulam o anabolismo muscular, mas de 
forma não-linear (?) 
 Nutrição: 
 Hiperglicemia: reduz o GH; 
 Hipoglicemia: aumenta a amplitude dos pulsos de GH (GH atua na 
biossíntese de glicose); 
 Arginina: inibe a liberação de somatostatina. 
 Puberdade: 
 Aumento da amplitude dos pulsos de GH; 
 Estrogênio: estimula a produção de GH e aumenta a responsividade 
(periférica) ao GH. 
 Altas doses de estrogênio inibem a ação óssea do GH e 
aumentam a maturação esquelética 
 Aromatase: 
 Enzima que converte testosterona em estradiol; 
 Se acumula no tecido adiposo; 
 Explica o porquê de meninos “gordinhos” 
apresentaram ginecomastia, por exemplo. 
 Estímulo para a secreção de GH: 
 GHRH, grelina, melatonina; 
 Estrogênio, testosterona em baixas doses; 
 Sonos fases III e IV; 
 Exercícios; 
 Aminoácidos; 
 Estresse agudo; 
 Hipoglicemia. 
 Estímulo farmacológico para secreção de GH 
 Grelina: estimula a hipófise a liberar GH; 
 Injeção de insulina: pico; 
 GHRH. 
 
 
 
 
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 Inibição da secreção de GH: 
 Somatostatina, neuropeptídio Y, CRH; 
 Sono REM; 
 Hiperglicemia; 
 Aumento de ácidos graxos; 
 Cortisol; 
 Hipotireoidismo; 
 Privação social (depressão infantil aumenta a SMS). 
 Estímulo patológico: 
 TRH 
 GnRH a célula doente responde a estímulos diferentes 
 Glicose 
 Anorexia nervosa: picos cada vez mais baixos 
 Insuficiência renal tempo de atuação 
 Insuficiência hepática maior 
 Receptor do GH: 
 
 
 
 
 
 
 
AÇÕES DO GH 
 Diretas 
1. Aumenta a lipólise, inibindo a lipase lipoprotéica; 
2. Aumenta o transporte de aminoácidos para a síntese proteica  anabolismo 
 Indiretas – via somatomedinas (IGFs) 
1. Crescimento das epífises; 
2. Estimula osteoblastos e osteoclastos. 
 
3. Somatomedinas: IGF-1 e IGF-2 
 Produção no fígado 
 Crescimento linear 
 IGF-1: 70 aminoácidos 
 IGF-2: 67 aminoácidos (expressa em tecidos fetais) 
 Transporte: IGFBPs 1 a 6 
 IGFBP-3 tem maior afinidade pelo IGF-1 
 
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 Observações: 
1. Acromegalia: tumor hipofisário  causa crescimento ósseo (a começar pela 
mandíbula), de articulações e artrose; 
2. Excesso de GH: causado por análogos da somatostatina, agonistas 
dopaminérgicos suprafisiológicos, antagonistas do receptor do GH (atuam no 
fígado); 
3. Somatopausa (declínio de 14% a cada 10 anos depois dos 20 anos de idade): 
modificação da composição corporal, perda óssea de Ca++, variações do 
humor, diminuição da renovação celular; 
4. Reposição de GH – retarda o envelhecimento? 
 Efeitos indesejáveis: aumento da massa muscular cardíaca, 
intolerância a glicose, hipertensão, desenvolvimento de tumores pré-
existentes. 
 
 
PROLACTINA 31/08/2011 
OBJETIVOS 
 Compreender características da família mamosomatotrófica; 
 Entender o mecanismo de ação do receptor para prolactina; 
 Entender que a prolactina é um hormônio sob regulação inibitória, diferente dos 
demais hormônios hipofisários. 
 
CÉLULAS MAMOSOMATOTRÓFICAS 
 Não se sabe ainda se a diferenciação das células da famí-lia mamosomatotrófica é definitiva ou se as células podem 
se converter se somatotrofos para lactotrofos conforme 
as necessidades do organismo. 
 A hipótese mais aceita é a de que as células adqui- 
rem a capacidade de produzir mais de um ou outro 
hormônio em diferentes etapas da vida. 
 
 
 
 
 Os hormônios produzidos pelas células mamosomatotróficas tem a 
característica comum de agirem sobre receptores JAK tirosina kinase. 
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 Os hormônios da família mamosomatotrófica também possuem um gene 
ancestral comum, composto por 4 íntrons e 5 éxons. Esse gene se localiza em 
diferentes cromossomos, conforme o hormônio a ser expresso: 
 Prolactina: cromossomo 6; 
 GH: cromossomo 17; 
 HLP (lactogênico placentário, que funciona como o GH no período 
fetal, quando a hipófise ainda não funciona): cromossomo 17. 
 
RECEPTOR DA PROLACTINA 
 Receptor JAK tirosina kinase; 
 Após a ação hormonal, o receptor sofre o processo 
de endocitose. Do endossoma, ele pode passar por 
um processo de degradação ou pode ser reciclado e 
devolvido para a membrana plasmática da célula; 
 Caso haja pequena quantidade do hormônio na cir- 
culação, ele pode sofrer um processo de up regula- 
tion, que consiste na liberação e expressão de hor- 
mônios armazenados em vesículas. Também é pos- 
sível que haja uma quantidade excessiva do hormô- 
nio na circulação. Nesse caso, o receptor sofre o pro- 
cesso de down regulation, que consiste na sua endo- 
citose e a sua consequente hipoexpressão. 
 
 
ESTRUTURA QUÍMICA DA PROLACTINA 
 Foi identificada em 1928, mas purificada apenas em 1971. Essa demora se deveu à 
falta de técnicas que permitissem diferenciá-la do GH; 
 Consiste num polipeptídio de 199 aminoácidos e três pontes dissulfeto; 
 Formas moleculares: 
 Monomérica – 23 kD: forma biologicamente ativa; 
 Dimérica – 48-56 kD (“big-prolactin”) 
 Polimérica ou macroprolactina – > 100 kD 
 
 Observação: só importa a dosagem da forma ativa (23 kD). Para se 
distinguir essa forma, é necessário fazer uma eletroforese. 
 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
21 
 
CONTROLE DA SECREÇÃO DE PROLACTINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Principal: efeito inibitório da dopamina; 
 Secundários: efeitos estimulatórios do estrógeno, TRH, VIP, PACAP 
 O efeito da dopamina é cerca de 10 vezes mais forte do que todos os 
estimulantes juntos. 
 Secreção pulsátil: 14 picos ao dia 
 O biorritmo é muito semelhante ao do GH, com os horários de pico próximos. 
 
 
 
 
 
 
 Fatores que influenciam a secreção de prolactina: 
 Fisiológicos: 
 Gestação: 
 O estrogênio estimula o crescimento dos lactotrofos durante a 
gravidez, bem como a expressão e liberação do gene da 
prolactina. 
 Sucção mamilar; 
 Exercícios extenuantes: podem bloquear os hormônios femininos; 
 Sono; 
 Estresse: aumenta o GH, o cortisol e a prolactina; 
 Convulsões: diminui a dopamina. 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
22 
 
 Farmacológicos: 
 Antidepressivos: diminuem os níveis de dopamina; 
 Neurolépticos; 
 Antagonistas H2: bloqueiam a bomba de H+ no estômago; 
 Anti-hipertensivos; 
 Narcóticos; 
 Estrogênio (ver acima); 
 Maconha diminui muito a dopamina (em algumas regiões do cérebro! 
Lembrar que em farmaco ela aumentava); 
 Observação: prolactina bloqueia o LH e o FSH. Por isso, 
homens que utilizam maconha podem ter ginecomastia. 
 Patológicos: 
 Distúrbios hipotalâmicos (influenciam no transporte/produção da 
dopamina): 
 Tumores; 
 Doenças infiltrativas; 
 Granuloma eosinofílico; 
 Radioterapia craniana. 
 Distúrbios hipofisários: 
 Prolactinomas: 
 Tumores hipofisários das células lactotróficas; 
 Níveis de prolactina muito altos; 
 Tratamento: dopamina. 
 Macroadenomas: compressão da hasta hipofisária: 
 Modificações na haste hipofisária alteram os níveis de 
todos os hormônios da hipófise, mas a prolactina é o 
primeiro a ser percebido. 
 Hipofisite; 
 Síndrome da Sela Vazia: 
 Herniação do líquor para dentro da sela túrcica, com 
consequente alteração da haste hipofisária  
modifica os níveis de dopamina. 
 Doenças sistêmicas: 
 Endócrinas: 
 Hipotireoidismo: 
 
 
 
 Doença de Addison: 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
23 
 
 Não endócrinas: 
 Cirrose; 
 Insuficiência renal crônica: 
 Meia-vida do hormônio é alterada e seu nível na 
circulação também. 
 LES. 
TRANSDUÇÃO DA PROLACTINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AÇÕES DA PROLACTINA 
 Gerais: 
 Proliferação celular, atuando no ciclo celular; 
 Motilidade ciliar para defesa imune; 
 Angiogênese. 
 Na glândula mamária: 
 Crescimento lóbulo-alveolar (preparação tissular para a produção de leite): 
 IGF-1, EGF, Peptídeo PTH-like. 
 Aumento da síntese de proteínas do leite: 
 α-caseína, β-caseína, β-lactoglobulina. 
 Ativação enzimática do metabolismo lipídico (mobilizar gordura de outros 
tecidos para jogar no leite): 
 Lipase lipoprotéica, acetil-CoA, carboxilase, ácidos graxos sintetase. 
 No controle da lactação: 
 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
24 
 
 No equilíbrio hidroeletrolítico: 
1. Rim 
 Hipertrofia glomerular; 
 Ativação de Na+/K+/ATPase: 
 Diminuição da excreção de Na+ e K+; 
 Aumento do volume extracelular; 
 Se a PRL estiver alta, então, há retenção hídrica 
2. Intestino 
 Aumento da absorção de sal e água. 
3. Glândula sudorípara 
 Diminuição da excreção de Na+ e Cℓ-; 
 Novamente, se a PRL estiver alta, haverá retenção hídrica, podendo 
acarretar em hipertensão e edema. 
 No crescimento e desenvolvimento: 
1. Pele e cabelo 
 Proliferação de queratinócitos e melanócitos. 
2. Fígado 
 Proliferação de hepatócitos; 
 Ativação enzimática (PKC, MAPK, DAG). 
3. Crescimento 
 Ativa a transcrição gênica  “irmã-gêmea do GH!” 
 Reprodução 
1. Próstata e vesícula seminal 
 Proliferação epitelial e receptores androgênicos. 
2. Células de Sertoli 
 Receptores para FSH. 
3. Células de Leydig 
 Receptores para LH. 
4. Epidídimo 
 Metabolismo (ATPase, ácido siálico)  espermatogênese. 
5. Ovários 
 Reduz a produção de estrogênio; 
 Estimula a aromatase 
 Conversão de testosterona em estrógeno. 
 Ação luteotrófica. 
SINTOMAS DA HIPERPROLACTINEMIA 
1. Retenção de líquidos 
2. Irritabilidade 
3. Amenorreia 
4. Galactorreia 
5. Infertilidade 
6. Cefaleia 
 Retenção de líquido ou tumor 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
25 
 
 Diagnóstico diferencial 
 Macroporlactinemia 
 Circulação grande de macroprolactina (forma inativa)  sem 
problemas! 
 Hipotireoidismo 
 Farmacológica 
 Tumores hipofisários (ver abaixo!) 
 Lesões infiltrativas ou inflamatórias 
 Distúrbios hipotalâmicos 
 Hiperprolactinemia idiopática 
 
 PROLACTINOMAS 
 Tumores hipofisários mais comuns; 
 Nível de prolactina é proporcional ao volume tumoral 
 PRL = 250  tumor pequeno 
 PRL = 30000  tumor gigante 
 Responde bem ao tratamento 
 Dopamina 
 Apenas 5% das pessoas apresentam resistência a um agonista da 
dopamina. Nesses casos, basta trocar de agonista. 
 Agonistas dopaminérgicos: 
 
 
 
 
 
 
 Tumorigênese: 
 
 
 
 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
26 
 
CONTROLE DO BALANÇO HÍDRICO – FISIOLOGIA DAVASOPRESSINA 02/09/2011 
VER MENININHO DO QUADRO 
 
HIPÓFISE POSTERIOR 
 Elementos neuronais e pituicitos: 
 Terminações dos neurônios magnocelulares. 
 Hormônios sintetizados no hipotálamo (núcleos supraóptico e paraventricular) e 
transportados na forma de pró-hormônios pelo trato supraóptico-hipofisário. 
 
SÍNTESE HORMONAL 
 Pré-pró-hormônio é sintetizado pelos neurônios magnocelulares; 
 Pró-hormônio é formado e empacotado em grânulos do complexo de Golgi. Depois, é 
transportado pelo trato supraóptico-hipofisário e estocado na hipófise posterior. 
 O fluxo axoplasmático desses neurônios é de 2 a 3mm/h. 
 Neurofisinas: são subprodutos do processamento pós-tradução do pró-hormônio nas 
vesículas secretoras. Desempenham um papel fundamental síntese e no transporte do 
hormônio. 
 
 
 
 
 
 Neurofisina 1: transporta o ADH; 
 Neurofisina 2: transporta a Ocitocina 
 
SECREÇÃO HORMONAL 
 Estímulo osmótico gera impulso elétrico que leva à despolarização da membrana do 
neurônio e à abertura dos canais de Ca++; 
 Exocitose: fusão de grânulos à membrana plasmática, levando à abertura e à extrusão 
do conteúdo hormonal. 
 
ESTRUTURA QUÍMICA 
 ADH e Ocitocina 
 Nonapeptídeos, compostos por 3 grupos carboxiamidados e pontes dissulfeto. 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
27 
 
 
 Neurofisinas 
 Proteínas de 90 a 95 aminoácidos, ricas em cisteínas  transportam 
hormônios pelo fluxo axonal; 
 Nonapeptídeos, compostos por 3 grupos carboxiamidados e pontes dissulfeto. 
CONTROLE DA SECREÇÃO DA VASOPRESSINA (em ordem cronológica) 
1. Variações na osmolaridade plasmática de 1 a 2% (causando concentração de solutos) 
 ativação dos osmorreceptores do hipotálamo  liberação de ADH 
 ( ) 
 
 
 
 
 
 
 O peso do Na+ é muito grande! 
 Limiar de ativação é de 280 mOsm/kg 
2. Variações de 2 a 3% da osmolaridade ativam o reflexo da sede: 
 Mecanismo da sede: reflexo orofaringe/deglutição; 
 Causa diluição dos solutos (inibe a ingestão); 
 É uma correção temporária sem mediação hormonal  não atinge os 
barorreceptores; 
 Observação: a saciedade é dada pelo reflexo ORF e pelo fator atrial 
natriurético. 
3. Variações de 10 a 20% da volemia ativam os barorreceptores dos átrios cardíacos, da 
aorta e dos seios carotídeos  diminuição da taxa de disparos dos barorreceptores  
sinais transmitidos pelos nervos vago e glossofaríngeo  redução da inibição tônica da 
liberação de ADH. 
 Além de fornecer um sinal para o cérebro, a redução da pressão arterial 
também é percebida pela mácula densa nos rins  liberação de renina no 
aparelho justaglomerular  angiotensina  ativação dos osmorreceptores  
liberação de ADH. 
 
AÇÕES DA VASOPRESSINA 
 Ações renais do ADH 
 Receptores V2: 
 Atuam nos rins, impedindo a liberação de água; 
 Túbulos coletores: permeabilidade de água e ureia; 
 Túbulos corticais: permeabilidade de água; 
 Alça ascendente: reabsorção de Na+, Cℓ- e K+. 
 Receptores V1: 
 Atuam nas artérias, causando vasoconstrição e redistribuição do fluxo; 
 Atuam na hipófise anterior de forma parácrina, estimulando a 
secreção de ACTH, que liberará corticoides (retentores de água); 
 Glomérulo: contração das células mesangiais; 
 Vasa Recta: reduz o fluxo da medula adrenal. 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
28 
 
COMO A VASOPRESSINA PERMITE A REABSORÇÃO DE ÁGUA? 
 Receptor V2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ADH se liga ao receptor V2 (receptor acoplado a proteína Gs); 
 Subunidade alfa da proteína ativa a adenilatociclase; 
 AMPc ativa a PKA, que fosforila os canais de aquaporina-2 (AQP-2); 
 AQP-2 se tornam ativos e migram para a membrana plasmática das células 
tubulares na região do lúmen; 
 A água passa pelos canais de aquaporina-2 (é reabsorvida), passa pelas células 
tubulares e cai no interstício renal através dos canais de aquaporina-3 e 
aquaporina-4. 
 
POLIÚRIA 
 Definição: diurese superior que 3000mℓ/dia (ou 50mℓ/kg/dia em adultos); 
 Confirmar e estabelecer o grau de poliúria  balanço hídrico de 24h; 
 Causas da poliúria: 
 Hiperglicemia; 
 Hipercalcemia; 
 Hipocalemia; 
 Doença renal; 
 Polidipsia (paciente que bebe muita água): dipsogênica ou psicogênica; 
 Alterações de secreção ou ação da vasopressina. 
 
 CASO CLÍNICO  Polidipsia 
 Balanço hídrico de 24 horas  volu- 
me da diurese (rosa) cai e urina con- 
centra (amarelo)! 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
29 
 
DIABETES INSIPIDUS 
 Central ou neurogênico: 
 Distúrbio na secreção do hormônio; 
 Total ou parcial; 
 Congênito ou adquirido. 
 Nefrogênico: 
 Distúrbio na ação; 
 Total ou parcial; 
 Congênito ou adquirido. 
 
 CASO CLÍNICO  Diabetes insipidus 
 Balanço hídrico de 24 horas  volume urinário cai pouco e urina não 
concentra  aplicação de DDAVP (ver seta na figura)  volume urinário cai e 
urina passa a concentrar. 
 
 
 
 
 
 
 
 Critérios para a administração de DDAVP: 
 8 horas de teste; 
 Osmolaridade plasmática > 305 mOsm/kg; 
 Três osmolaridades urinárias consecutivas com variação ≤ 
30 mOsm/kg; 
 Perda de peso de 3-5% em relação ao inicial. 
 
 
 
 
 
FIM DA PRIMEIRA PROVA 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
30 
 
14/09/2011 
PARATIREOIDE 
IMPORTÂNCIA DA HOMEOSTASE DO CÁLCIO 
 Extracelular: 
 Contração miocárdica e de outros músculos; 
 Transmissão sináptica; 
 Agregação plaquetária  Coagulação sanguínea; 
 Secreção hormonal. 
 Intracelular: 
 Funciona como segundo mensageiro; 
 Divisão celular; 
 Contratilidade muscular; 
 Motilidade celular; 
 Transporte transmembrana; 
 Secreção hormonal  A extrusão do hormônio depende do influxo de Ca++. 
 
CÁLCIO 
 Na circulação: 
 40% se encontra ligado à albumina, que é o transportador do cálcio; 
 10% forma complexos com citrato e fosfato; 
 50% se encontra ionizado (Ca++)  O controle dos níveis de cálcio é feito pela 
regulação do cálcio ionizado. 
 Quando se quer dosar o cálcio, pede-se a quantidade de cálcio total e 
a quantidade dele na forma ionizada. 
 
METABOLISMO DO CÁLCIO E DO FÓSFORO 
 
 
 
 
 
 
 PTH: 
 Aumenta o cálcio circulante. Retira cálcio dos ossos, estimula a sua absorção e 
diminui a excreção. 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
31 
 
 Calcitonina: 
 Atua de forma oposta ao PTH: diminui os níveis de Ca++ circulante, 
depositando-o nos ossos, aumenta sua excreção e diminui a absorção. 
 Vitamina D: 
 Nesse caso, a vitamina D é um hormônio! 
 Ação direta: aumenta a absorção de cálcio no trato gastrointestinal; 
 Atua como mediador do PTH e da calcitonina. 
 
 Observação: além desses três hormônios, que atuam de forma sincrônica, 
outras substâncias estão relacionadas com o metabolismo do cálcio e do 
fósforo. São elas: 
 
 Cortisol e tiroxina: atuam de forma semelhante ao PTH. 
 Corticoides em longo prazo causam osteoporose! 
 Insulina, GH, IGFs, Estrogênio e Testosterona: atuam de forma 
semelhante à calcitonina. 
 Em mulheres idosas, como há diminuição do estrogênio, há 
maiores riscos de se ter osteoporose. 
 
EQUILÍBRIO DO CÁLCIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRINCIPAIS AÇÕES DOS HORMÔNIOS QUE ATUAM SOBRE OS NÍVEIS DE CÁLCIO 
 
 
 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
32 
 
SISTEMA CÁLCIO-CALMODULINA 
 Relacionado com processos inflamatórios e imunológicos; 
 Potencializa a ação de cascatas metabólicas; 
 Atua em mecanismos intracelulares (principalmente na fosfolipase C) ativação de 
mecanismos pós-receptores. 
 
FOSFATO 
 Acompanha o metabolismo do cálcio (“irmãos”); 
 Componente essencial de todos os tecidos; 
 80% está no osso; 
 Participa da homeostase do cálcio  É trocado pelo Ca++ na sua absorção; 
 Absorvido no trato gastrointestinal (via vitamina D); 
 Excreção renal; 
 Atua nas cadeias intracelulares: fosforilação. 
 
PTH 
 Hormônio das paratireoides; 
 Paratireoides: 
 4 glândulas, cada uma pesando 40mg; 
 Células epiteliais e estroma gorduroso; 
 Secreção do PTH: 
 Sensor de cálcio na membrana das 
células epiteliais  Inibição da sínte- 
se e excreção de PTH (feedback ne- 
gativo); 
 Vitamina D também atua nas células inibindo a síntese de PTH. 
 Hormônio peptídeo de 84 aminoácidos, secretado como pré-pró-hormônio; 
 Metabolização hepática e renal; 
 Excreção renal. 
 
RECEPTOR SENSOR DO CÁLCIO 
 Receptor acoplado a proteína G, localizado sobre a 
membrana plasmática das células principais da paratireoide, 
das células tubulares renais e das células C da tireoide; 
 O aumento na concentração de Ca++ leva a uma maior 
ativação do receptor, o que culmina com a inibição da 
liberação de PTH; 
 Aumenta a degradação do hormônio (PTH) pré-
formado. 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
33 
 
AÇÃO DO PTH 
 Age em receptor de membrana acoplado a proteína G; 
 Efeitos biológicos: 
 Nos rins: 
 Aumenta a reabsorção de 
cálcio e diminui a reabsorção 
de fosfato. 
 No intestino: 
 Ação indireta; 
 Estimula a vitamina D. 
 Nos ossos: 
 Aumenta a reabsorção óssea. 
 Observação: tumor nas paratireoides 
causa osteoporose e cálculo renal. 
 
CALCITONINA 
 Peptídeo de 32 aminoácidos; 
 Produzida pelas células C da tireoide; 
 Tem a sua secreção regulada pelo Ca++ sérico; 
 Hipercalcemia estimula a liberação de calcitonina; 
 A calcitonina inibe a reabsorção óssea; 
 Possui efeitos analgésicos. 
 Atua em receptores opióides; 
 Diminui a dor óssea da osteoporose. 
 
VITAMINA D 
 Pode ser sintetizada a partir de precursores de 
origem vegetal ou através da ação da luz solar a 
partir dos precursores derivados do colesterol na 
pele; 
 Precursor derivado do colesterol 
presente na pele é o 7-
desidrocolesterol, que sofre ação da 
radiação UV do sol e se converte em 
colecalciferol (vitamina D3). D3 também 
está presente no óleo de peixes e em 
ovos; 
 Precursor obtido na alimentação é o ergocalciferol (vitamina D2), presente em 
vegetais verde-escuros, em fungos desidratados, em peixes marinhos. 
 No fígado, há conversão de D2 e D3 em 25-hidroxivitamina D (pela 25 hidroxilase); a 25-
OH-vit D é convertida em 1,25-dihidroxivitamina D nos rins (pelas hidroxilases 1 e 24). 
inibe a retirada de Ca do osso para depositar no sangue
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
34 
 
 Ação da vitamina D: 
 Atua em receptor nuclear; 
 Estimula a absorção intestinal de cálcio; 
 Estimula a formação óssea. 
 Raquitismo: 
 Ausência de vitamina D, pois não há 
absorção no intestino; 
 Osso fica radiotransparente. 
 
 
 
 
 
 
 
OSTEOPOROSE 
 Diferente do raquitismo. Na osteoporose, o osso um dia já foi normal; 
 Consiste em uma redução de massa óssea e alteração microarquitetural que resulta 
em fraturas com trauma mínimo (exemplo: virar à noite na cama); 
 Diagnóstico: densitometria óssea; 
 Estima a concentração de Ca++ no osso. 
 Causas: 
 Hiperparatireoidismo (↑ PTH); 
 Menopausa (↓ estrogênio); 
 Deficiência de vitamina D (↓ absorção). 
 Tratamento: 
 Agentes antirreabsortivos: Ca, vitamina D, estrogênio, SERMS, biofosfonados; 
 impedem a reabsorção óssea! 
 Agentes formadores de osso: fluoreto, calcitonina; 
 Efeito agonista-antagonista: administração prolongada de PTH. 
 PTH sai do biorritmo; 
 Receptores se internalizam. 
 Tratamento com o estrogênio: 
 Estrogênio inibe TNF, de forma a inibir osteoclastos; 
 Benefícios: 
 Aumenta a densidade mineral óssea; 
 Melhora os sintomas da menopausa; 
 Melhora o perfil cardiológico. 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
35 
 
 Tratamento com o estrogênio (continuação): 
 Riscos: 
 Cálculo de vesícula; 
 Ca de endométrio; 
 Fenômenos tromboembolíticos; 
 CA de mama. 
 Tratamento com o SERMS: 
 Semelhante ao estrogênio, mas age exclusivamente no osso. 
 
HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO 
 Causas: 
 Adenoma da paratireoide; 
 Carcinoma da paratireoide  PTH fica a níveis altíssimos; 
 Hiperplasia da paratireoide. 
 Observação: primeiro osso que “sofre” (é reabsorvido) com o hiperparatireoidismo 
primário é a lâmina dura (“linha” acima dos dentes). 
 
HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO 
 Insuficiência renal 
 Destruição do parênquima renal 
 Redução na conversão de 25-OH vitamina D3 em 1,25-OH vitamina D3 
 Redução na absorção intestinal de cálcio 
 Estímulo das paratireoides. 
 
HIPERPARATIREOIDISMO TERCIÁRIO 
 Hiperparatireoidismo secundário de longa evolução 
 Autonomia das paratireoides (por “demanda” do rim) 
 Formação de adenomas de paratireoide. 
 
 É uma mistura dos hiperparatireoidismos primário e secundário. 
 
 
 
 
 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
36 
 
EIXO TIREOTRÓFICO – FISIOLOGIA DA TIREÓIDE 16/09/2011 
EIXO TIREOTRÓFICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Observação: paciente em tratamento para Parkinson pode ter diminuição de TRH. 
 
TRH 
 Hormônio peptídeo; 
 Precursor de 242 aminoácidos sofre inúmeras clivagens e dá origem à forma ativa de 3 
aminoácidos; 
 Sua síntese ocorre no núcleo paraventricular do hipotálamo; 
 Biorritmo do TRH: 
 Picos a cada 90-180min; 
 Secreção máxima entre 21:00 e 5:00. 
 Mecanismo de ação do TRH: 
 Atua em receptor para proteína G; 
 Sistema efetor: fosfolipase C. 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
37 
 
 Ações hipofisárias do TRH: 
 Fisiológicas (primária): 
 Estimula o TSH e a Prolactina. 
 Patológicas: 
 Estimula LH, FSH, ACTH e GH; 
 Em células “doentes”, o TRH age em receptores que não são 
“seus”. 
 Ações extrahipofisárias do TRH: 
 Córtex cerebral: 
 Anorexia, hipertermia, comportamento (sensação de morte 
eminente). 
 Neurohipófise: 
 Aumento do ADH  retenção hídrica. 
 Pineal: 
 Altera os padrões de sono. 
 Digestivos: 
 Aumenta o peristaltismo intestinal. 
 
TSH 
 Hormônio glicoproteico, da família do LH e do FSH; 
 Contém duas subunidades: 
 Alfa  afinidade pelo receptor; 
 Beta  atividade biológica. 
 Peso molecular: 28kD; 
 Meia-vida de 50 a 60 minutos; 
 Biorritmo do TSH: 
 Maior secreção entre 20:00 e 12:00. 
 Locais de síntese do TSH: 
 10% das células da hipófise; 
 Tireotrofos: regiões anterolateral e 
anteromedial da hipófise; 
 Diferenciação celular regulada pelo PIT-
1. 
 Controle da secreção de TSH: 
 TRH; 
 T3 e T4: feedback negativo com o TSH; 
 Somatostatina: inibe o TSH; 
 Cortisol: reduz a sensibilidade do TSH ao 
TRH; 
 Dopamina: inibe a secreção de TSH. 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
38 
 
 Ações do TSH: 
 Morfologia da tireoide: 
 Vascularização; 
 Síntese da tireoglobulina 
(coloide). 
 Metabolismo do iodo: 
 Captação, oxidação, 
organificação e acoplamento. 
 Acoplamento: MIT, 
DIT, T3 e T4. 
 Outros: 
 Regula o consumo de O2 na 
tireoide. 
 
 
TIREOIDE 
 Vem do grego thyroeiodes, que significa “em forma de escudo”; Possui relação filogenética com o trato gastrointestinal; 
 Células C podem ficar no trato digestório. 
 Está restrita a animais superiores; 
 É o maior reservatório hormonal do nosso organismo. 
 Embriologia da tireoide: 
 4 semanas: 
 Primórdio tireoidiano. 
 8 semanas: 
 Fragmentação do ducto tireoglosso. 
 10 semanas: 
 Formação das TBG (thyreoid binding proteins). 
 11 semanas: 
 Hormônios placentários estimulam a diferenciação; 
 Formação dos fragmentos MIT, DIT e TSH. 
 
IODO 
 Principal substrato para a síntese hormonal; 
 Fontes alimentares: 
 Frutos do mar, carnes, couve, repolho, brócolis, folhas verdes escuras (78mcg), 
sal iodado (380mcg). 
 Medicamentos: 
 Amiodarona (150por cp); 
 Povidone iodine (75000 por mℓ). 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
39 
 
 Síntese do hormônio tireoidiano: 
 Captação do iodo 
 Transporte ativo  bomba 
de Na/K/ATPase; 
 Concentração do iodo na 
tireoide é 40 vezes maior 
que no plasma; 
 Ação permitida pela 
Na/I/Symporter (NIS); 
 Proteína de 
membrana das 
células tireoidianas 
que permite a 
entrada de Na+ e I- 
para o interior da 
célula. 
 Cotransporte de 
Na/I; 
 TPO – enzima tireoperoxidase: 
 Responsável pelo processamento do iodo (migração e 
oxidação); 
 Dependente de TSH; 
 Hipotireoidismo de Hashimoto: 
 Organismo produz anticorpos contra a TPO. 
 Ânions: 
 Atrapalham na captação, pois competem com o iodo; 
 Preclorato, tecnécio. 
 Oxidação do iodo 
 Iodo migra do polo basal para a região apical das células; 
 Na região apical, sofre ação da TPO; 
 Sofre oxidação na presença de H2O2, NADPH e cálcio; 
 Regulação é feita pelo TSH! 
 Organificação do iodeto 
 Consiste no armazenamento dentro da 
molécula de tireoglobulina, presente 
no coloide; 
 Tireoglobulina incorpora o 
iodeto na tirosina. 
 Tireoglobulina possui 
4 resíduos de tirosina. 
 Regulação feita pelo TSH. 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
40 
 
 Reação de acoplamento 
 Ocorre em cada resíduo de 
tirosina da tireoglobulina; 
 Cada resíduo de tirosina pode 
comportar um (MIT) ou dois 
(DIT) iodetos; 
 O T3 consiste na união de um 
DIT com um MIT; 
 O T4 consiste na união de dois 
MIT; 
 Preferencialmente, o 
organismo produz o T4, que 
não é biologicamente tão ativo. 
 Na circulação, o T4 é 
um precursor do T3 e 
dá origem a ele por um 
processo de desiodação 
(enzima 5’monodeiodi-
nase). 
 
 
 
PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS 
 99% dos hormônios T3 e T4 se encontram na forma ligada à proteína transportadora e 
só 1% está livre (biodisponível); 
 TBG (globulina ligadora dos hormônios tireoidianos): 
 70-75% de T4 e T3 estão ligados à TBG. 
 TBPA: 
 15-20% de T4 está ligado à TBPA. 
 ALBUMINA: 
 5-10% de T4 está ligado à albumina; 
 25-30% de T3 está ligado à albumina. 
 Fatores que afetam as proteínas transportadoras: 
 Aumento da TBG: 
 Gravidez, uso de anticoncepcional, hipotireoidismo. 
 Redução da TBG: 
 Corticoides, desnutrição. 
 Drogas que reduzem a ligação hormônio-transportador: 
 AAS, Diazepan, heparina. 
 T3 e T4 livres ficam altos e podem ser vistos com exame 
laboratorial. 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
41 
 
CONTROLE DA TIREOIDE 
1. Eixo hipotálamo-hipófise-tireoide 
2. Mecanismo de autorregulação 
 Capacidade de adaptação às variações de iodo, independentemente do TSH; 
 Wolff-Chaikoff: 
 Altas doses de iodo levam a um bloqueio na captação e secreção de T3 
e T4 por mais ou menos seis semanas; 
 Jod Basedow: 
 Doses pequenas e contínuas de iodo são captadas pela tireoide sem 
ativar o mecanismo de Wolff-Chaikoff, levando a um hipertireoidismo. 
 Exemplo: uso de amiodarona (antiarrítmico). 
 
AÇÕES DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS 
 Desenvolvimento cerebral fetal; 
 Não existe hipertireoidismo na fase fetal. 
 Metabolismo basal; 
 Queima de calorias. 
 Inotrópicos e cronotrópicos; 
 Estimulam a eritropoese; 
 Aumentam a motilidade intestinal; 
 Aumentam a reabsorção óssea; 
 Participam da gliconeogênese e da glicogenólise. 
 Levam à hiperglicemia. 
 
BÓCIO 
 Avaliação do bócio: 
 Anatômica: 
 Difuso; 
 Nodular; 
 Multinodular. 
 Funcional: 
 Hipertireoidismo; 
 Hipotireoidismo; 
 Eutireoidismo. 
 
HIPERTIREOIDISMO AUTOIMUNE 
 Oftalmopatia de Graves; 
 Anticorpos atacam a tireoide e os olhos; 
 Exoftalmia: aumento da pressão intraorbitária. 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
42 
 
HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO 
 Sinais: 
 Hérnia umbilical; 
 Hipotonia muscular; 
 Choro rouco. 
 Teste do pezinho: 
 Entre outras coisas, analisa o TSH. 
 
 
 
 
 
EIXO CORTICOTRÓFICO 21/09/2011 
EIXO HIPOTÁLAMO-ADENOHIPÓFISE-ADRENAL 
 
 
 
 
 
 
CRH 
 Peptídeo de 41 aminoácidos; 
 Percursor de 196 aminoácidos; 
 Meia-vida de 60 minutos; 
 Síntese no núcleo paraventricular do hipotálamo, na placenta, no pulmão, no fígado e 
no trato gastrointestinal. 
 Mecanismo de ação: 
 Atua em receptores para proteína G. 
 Estimuladores: 
 Estresse físico, metabólico e emocional, interleucinas e serotonina. 
 Inibidores: 
 GABA, corticoides por feedback negativo. 
 Estimula a secreção de ACTH. 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
43 
 
ACTH 
 Sintetizado nas células corticotróficas; 
 Pertence à família POMC; 
 Peptídeo com 39 aminoácidos; 
 Precursor de 241 aminoácidos; 
 Secreção episódica com pico noturno; 
 Mecanismo de ação: 
 Receptores para proteína G, ativando adenilatociclase. 
 
PROCESSAMENTO DA PROOPIOMELANOCORTINA – RELEMBRANDO 
 
 
 
 
 
 
 Observação: 
 Deficiência na formação do cortisol impede o feedback negativo com o 
hipotálamo, o que causará acúmulo dos outros hormônios da família POMC 
(MSH e Endorfinas). 
 
AÇÕES DO ACTH 
 ACTH se liga ao receptor de proteína Gs, 
ativando a adenilatociclase. A 
adenilatociclase ativa a fosfoquinase A, 
que desencadeará uma via para formação 
de cortisol a partir do colesterol 
(necessário LDL). 
 
BIORRITMO DO ACTH 
 Essencialmente noturno; 
 Pico do cortisol (que é estimulado durante a noite 
pelo ACTH) ocorre às 8h da manhã. 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
44 
 
GLÂNDULAS ADRENAIS 
 Anatomia 
 A glândula direita é um pouco maior que a esquerda; 
 São subdivididas em três regiões: cápsula, córtex e medula. 
 Medula não é ativada pelo ACTH! 
 
CÓRTEX DA ADRENAL 
 Subdividido em três regiões: 
 Camada glomerulosa: 
 Produz mineralocorticoides 
(aldosterona). 
 Camada fasciculada: 
 Principal produto: 
glicocorticoides. 
 Cortisol: 
 Hormônio esteroide; 
 Derivado do colesterol; 
 Age em receptores intracelulares, deslocando chaperonas. 
 Biorritmo: 
 
 
 
 
 
 
 Ações do cortisol: 
 Metabolismo intermediário: 
 Fígado: gliconeogênese; 
 Gordura: disponibiliza ácidos graxos; 
 Músculos: proteólise. 
 Resumindo: eleva a glicemia e predispõe ao 
diabetes! 
 Homeostase do cálcio: 
 Rim: reduz a absorção; 
 Ossos: inibe deposição óssea; 
 Cartilagem: inibe a síntese de colágeno; 
 Intestino: antagoniza a vitamina D. 
 Resumindo: reduz a densidade óssea! 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
45 
 
 Ações do cortisol (continuação): 
 Sistema imunológico: 
 Timo: atrofia; 
 Monócitos: inibe, reduz as interleucinas; 
 Inflamação: inibe leucotrienos e 
prostaglandinas; 
 Eritrócitos:sem efeito significativo. 
 Pele: 
 Reduz a produção de colágeno; 
 Inibe os queratinócitos. 
 Sistema cardiovascular: 
 Aumenta o inotropismo; 
 Vasoconstrição; 
 Retém água e sódio; 
 Eleva a pressão arterial. 
 Camada reticular: 
 Produz os hormônios sexuais (testosterona e estradiol). 
 Morfologicamente idêntica a testículo e ovário. 
 
BIOSSÍNTESE DOS ESTEROIDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
46 
 
 Enzima 20,22 desmolase 
 Pertence ao complexo citocromo P-450; 
 Cliva a cadeia lateral do colesterol; 
 Colesterol (27 carbonos)  Pregnenolona (21 carbonos) 
 Fundamental para as três camadas do córtex da adrenal: fasciculada, 
glomerulosa e reticular. 
 Ausência dessa enzima é incompatível com a vida. 
 Enzima 3β hidroxiesteroide desidrogenase 
 É a única dessas enzimas que não pertence ao complexo citocromo P-450, mas 
sim ao complexo isomerase; 
 Transforma a pregnenolona em progesterona; 
 Substitui o OH- do carbono 3 por um corpo cetônico. 
 Também é necessária para as três camadas, e sua ausência também é 
incompatível com a vida. 
 Enzima 21 hidroxilase 
 Citocromo P-450; 
 Hidroxila o carbono 21, convertendo a progesterona em 11-
desoxicorticosterona e a 17α-hidroxiprogesterona em 11-desoxicortisol; 
 Afeta as camadas glomerulosa e fasciculada, mas não a reticular; 
 Deficiência nessa enzima constitui o defeito enzimático mais comum dessa 
cascata; 
 Quando há defeito na 21-OH, os níveis de cortisol e aldosterona ficam 
baixos e há um desvio (regulação alostérica) da produção para a 
camada reticular, além de um acúmulo dos precursores das camadas 
glomerulosa e fasciculada. 
 Tratamento: dar cortisol e aldosterona para promover o 
feedback negativo e fazer cirurgia para reverter os “erros” 
causados pelo excesso de hormônios sexuais. 
 Enzima 11 hidroxilase 
 Citocromo P-450; 
 Hidroxila o carbono 11, convertendo o 11-deoxicorticosterona em 
corticosterona e o 11-deoxicortisol em cortisol; 
 Age nas camadas glomerulosa e fasciculada; 
 Deficiência da 11-OH é o segundo defeito enzimático mais comum da cascata; 
 Diferença no quadro clínico da falta dessa enzima para a falta de 21-OH: 
 Quando a 11-OH está ausente, o indivíduo ainda consegue reter água 
e sal. Quando é a 21-OH que está ausente, o indivíduo não consegue 
retê-los e desidrata. 
 A biossíntese do cortisol termina com essa enzima. 
 Enzima 18 hidroxilase 
 Citocromo P-450; 
 Hidroxila o carbono 18, convertendo a corticosterona em 18-OH 
corticosterona; 
 Age somente na camada glomerulosa; 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
47 
 
 RESUMO 
 Enzimas comuns às camadas glomerulosa e fasciculada: 
 20,22 desmolase; 
 3β hidroxiesteroide desidrogenase; 
 21 hidroxilase; 
 11 hidroxilase. 
 Bloqueios enzimáticos: 
 11 hidroxilase e 21 hidroxilase: 
 Acúmulo de precursores que podem ser desviados para a 
camada reticular  virilização. 
 Deficiência de 21 hidroxilase: 
 Prejuízo na produção do cortisol; 
 Perda de sal e água  desidratação; 
 Forma clássica: infância; 
 Forma não clássica: adolescentes e adultos. 
 Hirsutismo (aparecimento de pelos em locais como a 
face) e irregularidade menstrual. 
 Deficiência de 11 hidroxilase: 
 Acúmulo de 11-deoxicorticosterona e 11-deoxicortisol, que 
têm alto poder de retenção de água  não há desidratação. 
 
DOENÇA DE CUSHING 
 Excesso de cortisol: 
 ↑ glicemia; 
 ↑ pressão arterial. 
 Fáceis de lua cheia: 
 Acúmulo de gordura na face e no abdome. 
 Estrias; 
 Equimoses; 
 Dificuldade de coagulação; 
 Proteólise; 
 Osteoporose. 
 
 
 
 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
48 
 
DIFERENCIAÇÃO SEXUAL E FISIOLOGIA TESTICULAR 23/09/2011 
DIFERENCIAÇÃO SEXUAL 
 A diferenciação sexual depende de: 
 Cariótipo: 
 22 autossomos e 2 cromossomos sexuais. 
 Cromossomos sexuais: 
 Região PAR1: 
 SRY 
 Antígeno responsável 
pela determinação 
do sexo. 
 Receptor androgênico: 
 Necessário para diferenciar o sexo. 
 Três etapas: 
 Determinação genética; 
 Diferenciação genital; 
 Diferenciação psicossocial. 
 
 Homem XX: 
 Homem que deveria ser XXY (Klinefelter); 
 Crossing over na região do SRY; 
 Transferência do gene SRY do Y para o X durante a divisão meiótica paterna; 
 Um dos cromossomos X fica com o gene SRY e o cromossomo Y é 
inativado (corpúsculo de Barr). 
 Quadro clínico: 
 Infertilidade; 
 Azoospermia; 
 Ginecomastia. 
 
PRIMÓRDIO GONADAL 
 
 
 
 
 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
49 
 
 Célula de Leydig: 
 Produz testosterona; 
 Ductos de Wolff: 
 São estimulados pela testosterona; 
 Dão origem à próstata, ao epidídimo 
e à vesícula seminal. 
 Testosterona não tem efeito sobre a genitália 
externa. O que a testosterona faz é se 
converter em di-hidrotestosterona (DHT), 
que influencia na diferenciação da genitália 
externa. 
 Célula de Sertoli: 
 Responsável pela maturação dos espermatozoides; 
 Produz AMH (hormônio anti-mülleriano); 
 Ductos de Müller: 
 São inibidos pelo AMH; 
 São os responsáveis por originar o útero, as trompas, o terço superior 
da vagina. 
 
 Caso clínico – deficiência de 5α-redutase: 
 A 5α-redutase é a enzima responsável pela conversão de testosterona em di-
hidrotestosterona; 
 Genitália externa: 
 Mal diferenciada; 
 Fusão lábio escrotal incompleta; 
 Testículos tópicos. 
 Genitália interna: 
 Próstata, epidídimo e vesículas seminais normais  testosterona não 
está alterada! 
 Cariótipo: 
 46 XY. 
 Caso clínico – resistência ao receptor androgênico: 
 Mutação no braço longo do cromossomo X; 
 Impede a ativação da testosterona; 
 Genitália externa: 
 Testículos tópicos; 
 Ausência de desenvolvimento peniano; 
 Genitália interna: 
 Ausência de derivados dos ductos de Wolff; 
 Ausência de derivados dos ductos de Müller  células de Sertoli não 
são afetadas; produção de AMH se mantém normal e ductos de Müller 
são inibidos. 
 Cariótipo: 
 46 XY. 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
50 
 
FISIOLOGIA DA FUNÇÃO TESTICULAR 
 Neurônios peptidérgicos da área pré-óptica e do núcleo arqueado do hipotálamo 
produzem o pré-pró-GnRH; 
 Pré-pró-GnRH é clivado em pró-GnRH (92 aminoácidos); 
 Pró-GnRH é clivado em GnRH (10 aminoácidos); 
 O GnRH atua em receptores acoplados a proteína G, tendo a fosfolipase C como 
efetora. 
 GnRH: 
 Síntese na área pré-óptica; 
 Hormônio peptídico; 
 Estimula a secreção de FSH e de LH. 
 
EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-GÔNADAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 GnRH estimula a produção de LH e FSH; 
 FSH: 
 Responsável pela gametogênese; 
 Inibina faz o retrocontrole do FSH; 
 Ativina estimula o FSH. 
 LH: 
 Responsável pela esteroidogênese; 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
51 
 
HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS 
 LH 
 Age sobre células de Leydig: 
 Síntese hormonal. 
 Testosterona: 
 Ações parácrina e endócrina. 
 Testosterona age em células contíguas (ação parácrina) para 
aumentar a sensibilidade ao FSH e ao LH. 
 Age sobre receptores para proteína G, tendo como efetor a adenilatociclase; 
 Feedback negativo pela testosterona e derivados. 
 FSH 
 Age sobre as células de Sertoli; 
 Efeitos: 
 Síntese de proteína ligadora de andrógenos (transportador de 
testosterona); 
 Ativa a aromatase; 
 Conversão de testosteronaem estradiol. 
 Ação endócrina: 
 Síntese de inibina, ativina, AMH, DHT. 
 Ação parácrina: 
 Estimula receptores para LH; 
 Regula receptores do próprio FSH. 
 Trofismo testicular! 
 O volume testicular depende do FSH. 
 
HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO 
 Hipogonadismo: 
 Consiste na diminuição das funções das gônadas. 
 Causas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
52 
 
TESTOSTERONA 
 Esteroide de 19 carbonos, derivado do colesterol; 
 Transporte: 
 SHBG (proteína ligadora de hormônios esteroides); 
 Albumina. 
 Ações: 
 Diferenciação da genitália interna; 
 Estimula os ductos de Wolff. 
 Desenvolvimento muscular; 
 Crescimento da laringe; 
 Ativação das glândulas sudoríparas e sebáceas; 
 Estirão puberal; 
 A testosterona é convertida em estradiol por meio da aromatase; 
 Pequenas quantidades de estradiol potencializam o efeito do GH. 
 Comportamento social. 
 A camada reticular da suprarrenal é similar 
ao testículo e ao ovário no que diz respeito 
à produção hormonal. 
 
 
FASES DA FUNÇÃO TESTICULAR 
 Vida embrionária: 
 AMH: suprime ductos de Müller 
ipsilateralmente; 
 Testosterona: evolui os ductos de 
Wolff; 
 DHT: responsável pela genitália externa. 
 Fase neonatal: 
 Até 3 meses: produção tônica de testosterona; 
 De 3 meses a 1 ano: bloqueio na produção de testosterona. 
 Infância: 
 Supressão da testosterona; 
 Entre 6 e 7 anos: adrenarca. 
 Ativação leve da reticular da suprarrenal; 
 Precede a puberdade; 
 Causa modificações corporais na criança, mudança de odor das axilas e 
pés, aparecimento dos primeiros pelos pubianos. 
 Puberdade: 
 Aumento dos pulsos de GnRH. 
 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
53 
 
DESCIDA TESTICULAR 
 Gubernáculo é uma prega que fica aderida ao testículo 
primordial. Fica próxima a região mesonéfrica; 
 Essa prega não consegue acompanhar o crescimento do feto 
(cresce menos que o feto). Dessa forma, quando o embrião 
cresce, o gubernáculo traciona o testículo para fora da cavidade 
abdominal. Esse processo origina um recesso no local por onde 
o testículo desce: o processus vaginalis, que se oblitera 
posteriormente; 
 Testículos abdominais em crianças de dois anos ou mais 
(criptorquidismo) é indicativo de cirurgia; 
 
 
 
EIXO PITUITÁRIO-OVARIANO – FISIOLOGIA DO OVÁRIO 28/09/2011 
DESENVOLVIMENTO OVARIANO 
 A formação dos folículos começa 
antes mesmo do nascimento, e o seu 
desenvolvimento e maturação 
continuam ininterruptamente da 
puberdade até o final da vida 
reprodutiva da mulher; 
 Durante todos os anos reprodutivos 
da vida adulta (entre 13 e 46 anos), 
400 a 500 folículos primordiais 
desenvolvem-se o bastante para 
expelir seus óvulos, um por mês; 
 O restante dos folículos se degenera 
(torna-se atrésico); 
 Durante a menopausa, apenas alguns folículos primordiais permanecem nos ovários, e 
mesmo estes se degeneram em pouco tempo. 
 
REGULAÇÃO HIPOTALÂMICA 
 Neurônios peptidérgicos da área pré-óptica e do núcleo arqueado do hipotálamo 
produzem o pré-pró-GnRH; 
 Pré-pró-GnRH é clivado em pró-GnRH (92 aminoácidos); 
 Pró-GnRH é clivado em GnRH (10 aminoácidos); 
 O GnRH atua em receptores acoplados a proteína G, tendo a fosfolipase C como 
efetora. 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
54 
 
CONTROLE HIPOFISÁRIO 
 O GnRH controla a liberação dos hormônios gonadotróficos (LH e FSH) produzidos pela 
adenohipófise; 
 LH e FSH são hormônios peptídicos, que possuem uma subunidade alfa igual 
(responsável pela afinidade ao receptor) e uma subunidade beta variável, responsável 
pela especificidade. 
 
SECREÇÃO DE GONADOTROFINAS 
 Durante a infância os níveis de 
gonadotrofinas no plasma são muito 
baixas; 
 Na adrenarca (fase que precede a 
puberdade em 2-3 anos) a suprarrenal 
libera grande quantidade de 
testosterona, despertando o eixo 
gonadotrófico para o início da 
puberdade; 
 Durante a puberdade: aumento da 
pulsatilidade noturna de LH e FSH; 
 Durante a vida adulta a pulsatilidade é diurna e noturna; 
 Durante a menopausa, há uma resistência aos hormônios gonadotróficos. Por isso, 
eles estão em altas concentrações no plasma. 
 
GONADOTROFINAS 
 LH 
 Age principalmente nas células da teca  síntese hormonal; 
 Age sobre receptores acoplados a proteína G, tendo como efetora a 
adenilatociclase; 
 Sofre feedback negativo pelo estradiol e seus derivados. 
 FSH 
 Age sobre as células da granulosa; 
 Efeitos: 
 Efeitos: 
 Síntese de proteína ligadora de esteroides sexuais; 
 Ativa a aromatase; 
 Conversão de testosterona em estradiol. 
 Ação endócrina: 
 Síntese de inibina, ativina, AMH, DHT. 
 Ação parácrina: 
 Estimula receptores para LH; 
 Regula receptores do próprio FSH. 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
55 
 
ESTRUTURA DOS FOLÍCULOS OVARIANOS 
 Células da granulosa: 
 Produzem testosterona, 
mas a convertem em 
estradiol por meio da 
aromatase; 
 Importantes na síntese da 
aromatase e das proteínas 
ligadoras de esteroides 
sexuais; 
 Assemelha-se às células de Leydig dos testículos. 
 Células da teca: 
 Produzem apenas a testosterona (a partir do colesterol), sem convertê-la em 
estradiol; 
 Porém, passa a testosterona produzida para células contíguas (ação parácrina) 
para as células da granulosa, e lá a testosterona é convertida pela aromatase. 
 
BIOSSÍNTESE HORMONAL 
 Como dito, a granulosa produz 
testosterona que atua de forma 
parácrina na camada granulosa. 
Essa produz aromatase, que 
converte testosterona em 
estradiol. 
 Síndrome de ovários 
policísticos: 
 Desbalanço da produção 
de LH e FSH (altas 
concentrações de LH em 
relação ao FSH); 
 Leva a uma maior produção de testosterona em relação ao estradiol 
(hiperandrogenia). 
 Nesses casos podem aparecer sintomas como: pelos, acnes e ciclo menstrual 
irregular. 
 
METABOLISMO DA TESTOSTERONA 
 A testosterona pode ser aromatizada em estradiol 
ou transformada em formas menos ativas, que 
serão degradadas. 
 
VINÍCIUS BURNETT – MED 92 
 
56 
 
ESTROGÊNIO 
 Ações: 
 Puberdade: 
 Maturação da vagina, útero e trompas; 
 Caracteres sexuais secundários. 
 Ossos: 
 Estirão do crescimento e fechamento das epífises. 
 Coagulação: 
 Aumenta os fatores II, VII, IX e X. 
 Comportamento: 
 Aumenta a libido. 
 Observações: 
 Anticoncepcionais possuem estrogênio e são contraindicados para pessoas 
com histórico de varizes e trombose, pois estimula os fatores de coagulação. 
 Em baixas doses o estrogênio potencializa a ação do GH, mas em grandes 
doses fecha as epífises. 
 
PROGESTERONA 
 Ações: 
 Útero: 
 Atividade secretória e aumento endometrial e decidualização 
(formação da placenta). 
 Mamas: 
 Desenvolvimento glandular. 
 Rins: 
 Retenção hídrica. 
 Comportamento: 
 Aumenta a irritabilidade. 
 Observação: 
 Os sintomas pré-menstruais (edema, dor mamária, irritabilidade) são causados 
pela progesterona. 
 
ANDRÓGENOS 
 Ações: 
 Puberdade: 
 Desenvolvimento de pelos. 
 Ossos: 
 Mantém cálcio no osso. 
 Comportamento: 
 Aumenta a libido. 
 
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 Observação: 
 As mulheres que utilizam anticoncepcionais tem diminuição da libido pois 
fazem a reposição apenas dos produtos finais da via metabólica. Esses 
produtos fazem feedback negativo com os precursores, que passam a ser 
produzidos em menor quantidade.Porém, esses precursores são responsáveis 
pela libido. 
 
PEPTÍDEOS – INIBINA 
 Produzida pela granulosa; 
 Possui subunidades alfa e beta; 
 Ação: 
 Feedback negativo com o FSH é feito pela inibina e pelo estradiol circulantes; 
 Inibina faz feedback negativo apenas com o FSH. 
 
PEPTÍDEOS – ATIVINA 
 Produzido pela granulosa; 
 Possui subunidades alfa e beta; 
 Ações: 
 Feedback positivo (!) com o FSH no meio do ciclo; 
 Ativa a aromatase; 
 Fator de crescimento no ovário. 
 
TRANSPORTE DOS ESTEROIDES SEXUAIS NA CIRCULAÇÃO 
 Albumina; 
 SHBG (sexual hormones binding globulin): 
 Síntese no fígado e na granulosa; 
 Grande afinidade pelo estradiol e pela testosterona. 
 
CICLO MENSTRUAL 
 
 
 
 
 
 
 
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 Observações: 
 O aumento do estrogênio por volta do 11º dia deveria diminuir o FSH e o LH, 
mas nessa etapa do ciclo ele faz feedback positivo com os dois. 
 O estrogênio possui dois picos: 
 Quem causa o primeiro é o leve aumento de FSH que o precede. 
 A progesterona leva à proliferação endometrial; 
 O pico de progesterona é causado pelo aumento do LH; 
 A queda da progesterona leva à descamação do endométrio. 
 Não se deve usar anticoncepcionais por um período muito longo, pois se 
geraria um excessivo feedback negativo com o LH e o FSH, resultando em 
atrofia ovariana. 
 Pílula do dia seguinte: 
 Contém altas doses de progesterona. A queda brusca desse hormônio 
causa descamação do endométrio e impede a nidação. 
 
SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS 
 Nome da síndrome é inadequado: o diagnóstico não deve ser feito com base na 
imagem de uma ecografia (que perceberia os cistos), mas sim com a medida do LH e 
do FSH; 
 Síndrome comum na adolescência; 
 Mecanismos: 
 Imaturidade do eixo hipófise-gônadas; 
 Desproporção LH/FSH > 2,5; 
 Aumenta a síntese de andrógenos, sem a aromatização correspondente. 
 Causa acne, queda de cabelo e masculinização. 
 Sintomas: 
 Irregularidade menstrual; 
 Aumento dos pelos; 
 Acnes; 
 Ganho de peso. 
 Ovário policístico secundário: 
 Como visto, a síndrome do ovário policístico leva a um aumento de peso; 
 A insulina não tem bom funcionamento no tecido adiposo, pois esse não 
expressa receptores de alta afinidade para tal hormônio; 
 Dessa forma, a insulina fica em grande nível na circulação: 
 O excesso de insulina passa a agir inespecificamente sobre os 
receptores do ovário, levando a uma proliferação celular e à formação 
de cistos. 
 Tratamento: emagrecimento! 
 
 
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FUNÇÃO ENDÓCRINA DO PÂNCREAS 28/09/2011 
HOMEOSTASE DA GLICOSE 
 Equilíbrio entre a produção hepática e o gasto de glicose. 
 
 
 
 
 
 Reguladores: insulina; 
 Contrarreguladores: glucagon, GH, cortisol, adrenalina. 
 
INSULINA 
 Hormônio proteico de 51 aminoácidos, com aproximadamente 5700kD; 
 Meia-vida plasmática de 5-10 minutos; 
 Age em receptores tirosina kinase, localizados no tecido adiposo, músculos e fígado; 
 Promove a utilização da glicose através da síntese de glicogênio, inibição da lipólise 
(excesso de insulina causa aumento da gordura abdominal) e síntese proteica; 
 Objetivo: 
 Retirar glicose do sangue e “estocar”. 
 
AMILINA 
 Peptídeo de 37 aminoácidos; 
 Sintetizado e estocado nas células β com a insulina (na razão de 1:100); 
 Co-secretado com a insulina; 
 Na Diabetes Mellitus tipo II, há depósito amiloide em célula β e ilhotas; 
 Quando há produção excessiva de insulina e, consequentemente, de amilina, esta se 
deposita no pâncreas, dificultando mais ainda a sua ação. 
 
GLUCAGON 
 Principal opositor da insulina; 
 Gene localizado no braço longo do cromossomo 2; 
 Cadeia única de 29 aminoácidos; 
 Precursor: molécula de 180 aminoácidos (glucagon, glucagon-like peptide 1 e 2, 
glicetina); 
 Meia-vida de 3-6 minutos; 
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GLUCAGON (continuação) 
 Metabolizado no fígado e nos rins; 
 Célula β tem ação parácrina sobre a célula α; 
 Controle da secreção de glucagon: 
 Inibida por glicose; 
 Efeito direto na célula α ou mediada por insulina ou somatostatina; 
 GABA inibe a secreção de glucagon; 
 Ácidos graxos livres inibem a secreção de glucagon; 
 Estimuladores: 
 Aminoácidos (arginina, alanina); 
 Catecolaminas (simpático e parassimpático); 
 Glicocorticoides. 
 Ações do glucagon: 
 Fornece energia para suprir os tecidos no período de jejum. 
 Estimula a glicogenólise; 
 Estimula a neoglicogênese. 
 Mantém o fluxo de corpos cetônicos (que conseguem dar energia para 
o SNC mesmo durante o jejum) a partir de precursores (ácidos graxos 
livres); 
 Lipólise  AGL  Corpos cetônicos  “Anorexia por 
substrato endógeno”. 
 SPA para emagrecimento: 
 Mantém o indivíduo em uma dieta extrema; 
 Como saber se ele não comeu escondido? 
 Mede o AGL; se tiver corpos cetônicos, ele não 
comeu além do esperado. 
 Mecanismo de ação: AMPc. 
 
SECREÇÃO E AÇÃO DA INSULINA 
 GLUT são transportadores de glicose 
que mandam sinais para a célula 
beta e para outras que é necessária 
a liberação de insulina; 
 No pâncreas, é o GLUT-2 que avisa 
às células beta que a liberação de 
insulina é necessária; 
 No Diabetes tipo II pode haver 
menor expressão do GLUT-2, o que dificulta a regulação; 
 Na periferia, o GLUT-4 é o sensor que permite que o receptor de insulina seja ativado 
(figura abaixo). 
 
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AÇÃO DA INSULINA 
 Ativação dos receptores; 
 Migração dos transportadores de glicose. 
 
 Receptores tirosina kinase (fatores de crescimento/insulina): 
 Ligação hormônio/receptor; 
 Autofosforilação; 
 Ligação de proteínas efetoras (SH2/GRB2); 
 Ativação do complexo RAS/RAF. 
 Ativação de kinases MEK e MAP. 
 
 Ativação do receptor tirosina kinase: 
 Primeira fase: 
 Fosforilação e recrutamento de proteínas; 
 Substratos (IRS). 
 Segunda fase: 
 Fosforilação e desfosforilação (IRS); 
 MAP-MAPK, Raf, S6K. 
 Terceira fase: 
 Efeitos metabólicos: 
 Síntese proteica e de glicogênio; 
 Efeito antilipolítico. 
 Observação: 
 IRS atua nas três vias mais importantes da insulina: síntese proteica, 
antilipólise e glicogênio sintetase. 
 Vias de sinalização: 
 MAPK: 
 Ligação de GRB2 ao IRS ou SH2 ao ShC; 
 GRB2 liga-se ao mSOS, que catalisa a conversão de GDP em GTP na 
RAS; 
 RAS-RAF ativa MAP e MEK kinases  ERK1; 
 Fosforilação e ativação de fatores de transcrição. 
 PI3K: 
 Fosfatidil inositol 3 kinase; 
 Estimula a translocação dos transportadores de glicose; 
 Aumenta a síntese proteica, glicogênio e lipídeos. 
 Transportadores de glicose (GLUTs) 
 
 
 
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 Ações metabólicas da insulina: 
 Fígado: 
 Aumenta a síntese e 
estoque de glicogênio; 
 Diminui a glicogenólise; 
 Aumenta a síntese de 
proteína, triglicerídeos (TG) 
e VLDL; 
 Diminui cetogênese e neoglicogênese. 
 Tecido adiposo: 
 Aumenta a síntese de triglicerídeos; 
 Aumenta o transporte de glicose: esterificação de AGL; 
 Diminui a lipólise*. 
 O aumento do tecido adiposo promove o aumento da insulina 
(por haver resistência); a insulina aumentando, promove 
aumento do tecido gorduroso  bola de neve. 
 Músculo: 
 Aumenta a síntese proteica; 
 Aumenta a síntese de glicogênio; 
 Aumenta o transporte de glicose. 
 
ORIGEM DA GLICOSE 
 Alimentação; 
 Nas

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