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TRAUMATOLOGIA ESPORTIVA Fraturas por estresse: - Fatura por fadiga ou por estresse é definida como a fratura espontânea que resulta de cargas submáximas e repetitivas aplicadas sobre ossos de resistência elástica normal, causando desequilíbrio entre a sua formação a sua reabsorção. - Mais comum em jovens praticantes de atividades físicas e em pessoas que iniciaram ou aumentaram o nível da atividade que já praticavam, nos quais a atividade intensa não deixa tempo para o osso se recuperar. - Em mulheres que apresentam a tríade da mulher atleta (distúrbio alimentar, amenorreia e osteoporose), há maior risco de ocorrência. - Fraturas podem ser completas ou incompletas. - Locais mais frequentes: diáfise da tíbia, ossos do tarso e nos metatarsos, na diáfise do fêmur, no colo do fêmur e na fíbula. Fatores de risco: Idade: adolescentes e adultos mais acometidos Grupo étnico: raça branca mais suscetível Sexo: 4 a 12x maior em mulheres. Fatores biomecânicos intrínsecos: aumento anteversao femoral, diâmetro da tíbia reduzido, valgismo acentuado dos joelhos e pes pronados. Fatores ambientais: mudança abrupta das características do treino e reabilitação insuficiente de lesões previas. Quadro clinico: - Dor aguda e insidiosa por dias a semanas, precedida de aumento do volume ou da carga do treinamento, sem associação com trauma. - instala-se de 4 a 6 semanas após mudança do treino. - Palpação dolorosa localizada e edema. - Diagnostico diferencial: lesões musculares, periostite, síndrome compartimental do exercício, compressões nervosas, osteomielite e neoplasias. Diagnostico: - Anamnese + exame físico principais para diagnostico - Exames complementares confirmação - Métodos mais usados: Rx simples, cintilografia óssea em 3 fases (alta sensib e baixa especificidade), TC e RNM. RX: - primeiras 3 a 4 semanas: pode ser normal - após 1º mês, pode ser encontrado imagens de reação periosteal, formação de calo ósseo e uma linha radiolucente (reabs) que apresenta o foco de fratura. Cintilografia óssea com tecnécio 99m: - mais indicado para diagnostico precoce - não serve para acompanhamento e para avaliar o melhor momento de liberação para o esporte. RNM: - menos sensível que a cintilografia na fase inicial - melhor preditor para acompanhamento (alta especificidade) e para definir o momento do retorno do atleta. TC: - útil na avaliação das pequenas lesões, principalmente bacia e coluna. Tratamento: - Maioria conservador: Repouso e controle da dor (dura de 3 semanas até o fim dos sintomas álgicos) Reabilitação e retorno as atividades (sistema progressivo de treinamento) - Fraturas de alto risco Risco de progressão da fratura, falha do tratamento conservador e retardo na consolidação. Ocorre nas fraturas diafisarias da tíbia com o traço na cortical anterior e na região lateral do fêmur (áreas de tensão). Tratamento por osteossintese! (Processo de fixação entre os fragmentos ósseos, com objetivo de agregar estabilidade e rigidez para facilitar a consolidação). Caso fratura esteja em área de compressão óssea, como na região medial do fêmur proximal, pode ser feito tratamento conservador, com analgésicos, proteção de descarga do peso e atividades sem impacto, de modo a permitir consolidação da fratura. Tendinopatias (tendinites/sinovites): - Lesões tendineas de origem multifatorial. - Processo inflamatório, frequentemente associado ao traumatismo de repetição, que acomete tendões (tendinite) e sinoviais dos tendões (tenossinovite). - As tendinites são inflamações dos tendões e suas bainhas desencadeadas por microtraumas devidos aos movimentos de repetição, o que provoca déficit da oxigenação tecidual, aumento do ácido lático, desencadeando a ativação de enzimas que degradam a matriz tendínea. Causas: traumáticas, metabólicas, degenerativas e hormonais. - Fatores desencadeantes: Extrínsecos: erro de treinamento e condições de superfície inadequadas (tipo de solo, calçado). Intrínsecos: falta de flexibilidade, doenças sistêmicos e uso de medicações. Tendinopatias mais frequentes: - Tendinopatia de aquiles: acomete tendão calcâneo, mais frequente na pratica esportiva, maior incidência no fim da 3ª década de vida. Mais comum em jogadores de futebol e no atletismo. - Tendinopatia patelar: “joelho de saltador” – esportes de salto e impulsão. Pode ocorrer em qualquer idade e sintomas são no polo inferior da patela. Dor é provocada na extensão súbita do joelho, como corrida, salto e chutes, levando a microtraumas no tendão patelar, geralmente no pólo inferior da patela quando submetido à sobrecarga intensa e repentina. - Tendinopatia lateral do cotovelo: “cotovelo de tenista” – atividades de arremesso e com raquetes. Atletas em torno dos 30 anos são os mais acometidos. Ocorre a morte do tecido muscular por alteração da vascularização local e consequentemente ruptura local dos músculos extensores. - Tendinopatia do manguito rotador: “ombro de nadador” – acomete músculos que estabilizam o ombro, manguito rotador (supraespinal, infraespinal, subescapular e redondo menor) em atividades que exigem que o membro sup fique acima da cabeça. - TENDINITE DEQUERVAIN: acomete principalmente mulheres de meia idade, caracterizada por inflamação secundária após ações repetidas sobre os tendões abdutor longo e extensor curto do polegar, doenças inflamatórias e estado de hipervolemia. Diagnóstico é clínico e o paciente apresenta uma história de dor crônica no punho, geralmente relacionada ao trabalho ou esforço, como torcer roupas, especialmente quando o movimento põe em ação os tendões extensores do polegar. - TENOSSINOVITE ESTENOSANTE DE FLEXORES DA MÃO (DEDO EM GATILHO): afeta principalmente o sexo feminino na faixa etária entre 40 e 50 anos, sendo os dedos anelar e o polegar do lado dominante mais acometidos. É caracterizada por espessamento de uma bainha fibrosa digital que envolve os tendões flexores, causando constrição e dificuldade do deslizamento dos mesmos. Diagnostico: - Exames complementares: Rx: calcificação tendinosa RNM USG Tratamento: - Repouso relativo com restrição da atividade na fase inicial, além de crioterapia e analgésicos - IMOBILIZAÇAO NÃO É RECOMENDADA diminui a resistência do tendão. - Órteses podem ser usadas durante atividades. - Principal tratamento: REABILITAÇÃO (cinesioterapia para alongamento, fortalecimento e trabalho de resistência muscular). - AINE são usadas única e exclusivamente para o controle da dor e para facilitar o inicio da reabilitação. - Tratamento cirúrgico: se não houver resposta ao tratamento conservador após 4 a 6 meses. Epicondilites: - Principal causa de dor no cotovelo em adultos. - Processo inflamatório que atinge os pontos de origem e inserção dos tendões. Etiologia: - MOV. REPETITIVOS DE TRAÇÃO! - Traumas de repetição - Trauma único - Demanda aumentada. Quadro clinico: Epicondilite lateral, ou cotovelo de tenista: - dor na origem dos tendões extensores no epicôndilo lateral. - mais acometidos: extensor radial curto do carpo e o extensor comum dos dedos. - exame físico: aumento da dor com extensão do punho contra resistência. Epicondilite medial, ou cotovelo de golfista: - dor na origem dos tendões flexores, principalmente o flexor radial do carpo. - aumento da dor a pronação ou flexão do punho contra resistência. Diagnostico: - Clínico queixa de dor no local a palpação. - Rx: normal - USG: examinador-dependente, associa-la ao quadro clinico. - RNM: não é necessária de rotina. - Diagnostico diferencial: síndrome do interosseo posterior (compressão do n. interosseo post na arcada de Frohse), que se caracteriza por dor a extensão do 3º dedo contra resistência e aumento da dor com supinação contra resistência. Tratamento: - Fase aguda: repouso, crioterapia, AINH, imobilização, fisioterapia analgésica e anti-inflamatória. - Fase crônica: fisioterapia analgésica e anti-inflamatória, alongamentos, adequação postural, mudança de atividade e correção da técnica esportiva, com fortalecimento e reequilíbriomuscular. Infiltração e terapia com ondas de choque podem ser uteis. - Cirurgia: último caso, via aberta ou artroscopica. Ruptura do tendão calcâneo: - Maioria das vezes, entre pacientes do sexo masculino, na faixa etária dos 30 aos 50 anos e em atletas recreacionais. - Ruptura é espontânea e pode estar relacionada a doença inflamatória, autoimune, doenças sistêmicas, doenças do colágeno, tipo sanguíneo O e uso de quinolonas e corticoides. - Ocorre na zona hipovascular, que se situa de 2 a 6cm da sua inserção no calcâneo (pouca vascularização e portanto foco de fragilidade). - Teste de Thompson: decúbito ventral e apalpa do tendão, pé não faz a flexão plantar Thompson + Quadro clinico: - Caracteriza-se pela síndrome “da pedrada” dor súbita na região da panturrilha, como se o paciente acabasse de levar uma pedrada. Apresenta incapacidade para apoio monopodalico e diminuição da força plantar. Tratamento: - Conservador: recidiva é alta, indicado somente quando paciente não pode ser submetido ao procedimento cirúrgico. - Cirúrgico: ideal nas primeiras 48h, com sutura da lesão e reforço tendineo dependendo do caso. Lesão muscular: - Devem-se a contusão (lesão na zona do impacto) ou estiramento (lesão na junção miotendinea). - Lesão típica de adolescentes do sexo masculino, entre os 12 e 14 anos, antes do fechamento das apófises. - Contratura do musculo resulta na avulsão do osso. - Lesão aguda é mais comum, mas pode ocorrer por trauma repetitivo. - Historia típica de chutar uma bola com força ou uma virada brusca, com dor repentina. - Os músculos tem um padrão de cicatrização em que o processo de reparação leva a formação de tecido cicatricial com celularidade diferente daquela do tecido original. Tratamento: - Varia de acordo com o grau da lesão muscular. - Conservador: bons resultados, com tratamento sintomático e restrição de carga por 2 a 3 semanas. Bursite: - Processo inflamatório que acomete a bolsa sinovial de algumas articulações e provoca dor e impotência funcional. - destacam-se a: bursite subacromial, a bursite subcutânea do olecrano, a bursite patelar (rotuliana) e a bursite trocantérica. OMBRO COTOVELO (OLECRANIANA) QUADRIL (TROCANTÉRICA) JOELHO (SUPRA-INFRAPATELAR) RETROCALCANEANA Tratamento: - repouso, evitando o movimento que desencadeia o impacto sob a bolsa. - medidas de ação antiiflamatória e analgésica (eventual punção com infiltração de corticóide) - demais cuidados específicos para o tipo, local e causa da bursite. Luxação: - Perda do contato entre as superfícies articulares. Etiologia: - Pode ser de natureza traumática, congênita ou patológica. Traumática: traumatismo direto ou indireto. - A articulação escapuloumeral, por ser a que apresenta maior amplitude de movimento, é a mais instável, sendo que 50% de todas as luxações ocorrem na junção entre a escápula e o úmero. - Pode ser: Aguda primeiro episódio Recidivante: quando existirem mais de três episódios de luxação - Pode, ainda, ocorrer isoladamente ou estar associada à fratura. Congênita: - Quando determinada por malformação congênita. - Exemplo: luxação congênita do quadril. Patológica: - Quando a causa da luxação é uma doença pré-existente. - Exemplo: artrite séptica e processos tumorais. Quadro clinico: - Dor - limitação dos movimentos - deformidade e impotência funcional. Tratamento: - deve ser reduzida o mais rapidamente possível, sob anestesia local, plexular ou geral, na dependência da região acometida, com manobras delicadas. - Em alguns casos, está indicada a redução cirúrgica, em geral, na articulação coxofemoral, pela presença de fragmento ósseo intra-articular. - tempo de imobilização varia entre três e seis semanas, na dependência da articulação em questão, tipo de lesão e tratamento realizado, para que ocorra cicatrização da cápsula articular e dos ligamentos. - principais complicações são: recidiva da luxação, rigidez articular, calcificação periarticular e necrose asséptica. - luxação recidivante, mais comum na articulação escapuloumeral, o tratamento é cirúrgico e o prognóstico é bom. - A importância para a fisioterapia está no fato de que após a imobilização da região acometida, sempre necessária, deve-se promover a recuperação muscular, ou seja, reforçá-la e trazer o retorno da mobilidade articular. - Em consideração à articulação escapuloumeral, deve-se hipertrofiar adutores e rotadores internos do ombro e evitar movimentos de abdução e rotação externa, fatores desencadeantes da luxação. Contusão: - Lesão traumática exercida sobre uma região do organismo por agente contundente, na qual a pele resiste e não perde sua continuidade. - Tipos: Equimose: contusão superficial com lesão de capilares ao nível cutâneo e subcutâneo, com infiltração sanguínea na pele (derme e epiderme). Hematoma: contusão com ruptura de um vaso de maior calibre e o consequente acúmulo localizado de sangue. Contusões de 3º grau: produzem lesões em tecidos mais profundos e podem, eventualmente, sofrer processo de necrose do tipo superficial, a exemplo da abrasão (lesão por raspagem ou fricção entre o segmento corporal e o objeto contuso). Contusões de 4º grau: mortificação dos tecidos, quando ocorre necrose superficial e profunda, com a possibilidade da desvitalização atingir inclusive a estrutura óssea. Entorse: - Lesão traumática de uma articulação causada por um movimento brusco que ultrapassa os limites normais da mobilidade articular. - pode estar associado a uma lesão parcial ou completa dos ligamentos, bem como, a uma lesão da cápsula articular, membrana sinovial e cartilagem articular. - entorse mais comum é o do tornozelo, freqüentemente, acontece no traumatismo indireto em inversão, comprometendo o ligamento fibular (fibulotalar anterior, fibulotalar posterior e fibulocalcaneano), que, por sua vez, pode resultar em lesão do tipo estável ou instável (ruptura total dos três componentes do ligamento fibular). Tratamento: - lesões estáveis: conservadoramente, ou seja, com enfaixamento, bota gessada ou com dispositivo especial de imobilização, bloqueando-se a inversão por um período máximo de três semanas. - lesões instáveis: cirurgicamente ou com imobilizações mais rígidas, por aproximadamente seis semanas. - Na fase inicial, a fisioterapia indicada é a de alívio de sintomas, evitando-se movimentos de inversão, porque esta prática favorece a instabilidade ânterolateral do tornozelo. Na fase crônica, porém, a fisioterapia deve enfocar ainda o reforço da musculatura lateral (fibulares) e dorsal (extensores) do tornozelo para evitar entorses de repetição. Osteoartrose - Processo de degeneração articular, caracterizado pela dor, redução da mobilidade articular, até rigidez e limitação física. - Doença de caráter inflamatório e degenerativo que provoca a destruição da cartilagem articular, levando a deformidade da articulação. - elemento fundamentalmente comprometido é a cartilagem articular que é a sede das primeiras manifestações. Fatores de risco: - predisposição genética - idade - alt da biomecânica articular (deformidades) - trauma articular Classificação: Primaria: Quando o processo degenerativo ocorre com o envelhecimento ou com o uso excessivo das articulações ou ainda pela concomitância destas duas eventualidades. - se instalam nos indivíduos, corriqueiramente, com o passar do tempo. Secundaria: em decorrência de uma patologia pré-existente, que ao acometer a articulação ou a região peri-articular predispõe a degeneração articular. - aparecem em articulações e outras regiões que foram previamente comprometidas. Quadro clinico: - INÍCIO INSIDIOSO E PROGRESSIVO - DOR AUMENTA COM O TEMPO E USO - LIMITAÇÃO ARTICULAR PROGRESSIVA Diagnostico: - Presença de sinais e sintomas + achados em Rx - Queixas: dor, rigidez, deformidades e limitações funcionais. - Sinais clínicos: aumento de volume articular, redução do arco de movimento articular,deformidades angulares, crepitação a mobilização articular passiva e ativa, osteofitose marginal (nódulos de Heberden). - RX: redução do espaço articular, esclerose óssea, cistos subcondrais e osteofitose. Tratamento: - Objetivo: controlar sintomas de dor e melhorar função articular e a qualidade de vida dos pacientes. Conservador: - emagrecimento, atividades que não sobrecarreguem a articulação acometida, exercícios para reforço muscular. - fisioterapia - uso de tutores e/ou palmilhas melhorar distribuição da carga entre os compartimentos articulares. - agentes analgésicos tópicos: capsaicina e diclofenaco - medicação VO: analgésicos, AINE e suplementos como diacereina e glicosamina - 1ª opção para alivio da dor: analgésicos e AINE (ibuprofeno, naproxeno). - adm VO: glicosamina e condroitina - injeção intrarticular de corticoide induz alivio do sintomas Cirúrgico: - artroscopia - osteotomias: correção de deformidades - artroplastias
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