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Farmacologia do Sistema Respiratório VAMOS FALAR UM POUQUINHO SOBRE FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA RESPIRATÓRIO. AUTOR(A): PROF. TATIANA CRISTINA FERREIRA ARAMINI AUTOR(A): PROF. VIVIANI MILAN FERREIRA RASTELLI RINITE: A rinite é a inflamação da mucosa nasal e apresenta congestão nasal, rinorreia, espirros, coceira e perda do olfato, pode ser alérgica ou não alérgica. São classificadas de várias formas: Frequência e intensidade dos sintomas Fatores etiológicos Segundo a duração: aguda, subaguda e crônica. Rinite Alérgica: É a rinite mediada por IgE após a exposição a alérgenos, podem ser classificadas de acordo com a duração e a gravidade dos sintomas. Duração dos sintomas: Intermitente: sintomas duram menos de 4 dias por semana ou menos de 4 semanas Persistente: sintomas duram mais de 4 dias por semana ou mais de 4 semanas Gravidade dos sintomas: 01 / 12 Leve: sono normal, atividades normais, sintomas não atrapalham a qualidade de vida Moderada-grave: sono comprometido, comprometimento das atividades como prática de esportes, trabalho e escola, diminuição da qualidade de vida. Legenda: SINTOMAS DA RINITE Fatores desencadeantes: 02 / 12 Ácaros da poeira Fungos Baratas Pelo de animais: gato, cão, cavalo Polens Alérgenos ocupacionais: trigo, poeira de madeira, detergentes, látex. Alérgenos domiciliares: fumaça de cigarro, poluentes ambientais. Poluentes: ozônio, óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre. Principais mediadores envolvidos na rinite alérgica: Histamina: A histamina é armazenada e liberada pelos mastócitos, sua liberação é mediada via IgE, que estimula a degranulação dos mastócitos causando: Vasodilatação Aumento da permeabilidade vascular Coceira Aumento da produção de secreções Estimulações de terminações nervosas. Prostaglandinas: A histamina liberada pelos mastócitos ativa a enzima fosfolipase A2 e gera ácido araquidônico. As cicloxigenases quebram o ácido araquidônico e originam as prostaglandinas. As prostaglandinas causam: Aumento da permeabilidade vascular Coceira Leucotrienos: O ácido araquidônico também sofre ação das lipoxigenases e formam os leucotrienos que causam: Recrutamento e ativação de eosinófilos Redução da apoptose do eosinófilo Aumento da produção de citocinas Aumento da permeabilidade vascular Vasodilatação e edema Aumento de secreção de muco pelas células caliciformes Redução de batimento ciliar 03 / 12 Tratamento farmacológico: Anti-histamínicos: São os principais fármacos utilizados para o tratamento dos sintomas da rinite. São fármacos antagonistas dos receptores H , são eficientes para tratar os sintomas das rinites intermitentes ou persistentes, e também leves, moderadas ou graves. São classificados em 1ª geração que causam maior sedação e 2ª ou 3ª geração que causam menor sedação. Fármacos de 1ª geração: Cetotifeno Clemastina Dexclorfeniramina Hidroxizina Prometazina Fármacos de 2ª geração: Ebastina Epinastina Fexofenadina Levocetirizina Loratadina Rupatadina Bilastina Descongestionantes Nasais: São fármacos do grupo dos agonistas alfa-1 adrenérgicos que causam principalmente vasoconstrição. Como efeitos colaterais podem causar hipertensão, cefaleia, ansiedade, tremores e palpitação. Podem ser administrados por via oral ou intranasal. A pseudoefedrina é o principal representante dos descongestionantes orais e pode ser associada com os anti-histamínicos. A fenilefrina também possui o mesmo efeito, porém apresenta maior incidência dos efeitos colaterais, assim sua utilização é bem menor. Os descongestionantes nasais tópicos quando utilizados por mais de 5 dias podem causar rinite medicamentosa, que é uma vasodilatação que acaba piorando o quadro sintomático. Exemplos de descongestionantes nasais tópicos: 1 04 / 12 Efedrina Fenilefrina Nafazolina Oximetazolina Xilometazolina Fenoxazolina Corticoide Tópico Nasal: Como todos os corticóides, sua ação consiste na inibição da síntese de proteínas que participam do processo inflamatório. São os fármacos mais efetivos para o controle dos sintomas da rinite, compõe a primeira linha de tratamento pois proporcionam a melhora na qualidade de vida dos pacientes. A aplicação tópica diminui a incidência de efeitos colaterais sistêmicos, quando utilizadas doses usuais, porém quando utilizados em altas doses pode-se observar os efeitos colaterais sistêmicos. Exemplos: Beclometasona Budesonida Propionato de Fluticasona Mometasona Triancinolona Furoato de Fluticasona Ciclesonida Cromoglicato Dissódico: São fármacos estabilizadores da membrana do mastócito impedindo a liberação de histamina. Seu uso é essencialmente profilático, ou seja, ele deve ser utilizado de forma preventiva antes da exposição ao alérgeno. Esse fármaco é seguro para crianças menores de dois anos e também para gestantes. Mecanismo de ação: bloqueiam os canais de cloro da membrana celular dos mastócitos inibindo a sua degranulação. Brometo de Ipratrópio: São fármacos antagonistas muscarínicos, que são úteis no controle da secreção mas com poucos efeitos sobre os sintomas alérgicos. Antileucotrienos: 05 / 12 São fármacos antagonistas dos receptores LT , se ligam nos receptores e impedem a ligação dos leucotrienos. São fármacos efetivos no alívio dos sintomas de congestão e secreção nasal. Exemplo: Montelucaste Controle dos sintomas da rinite por classe: Classe Espirros Rinorreia Congestão Nasal Prurido Nasal Sintomas Oculares Inflamação Anti-Histamínicos Orais ++ ++ +/- ++ + + Anti-Histamínicos Intranasais ++ ++ + ++ +/- + Corticoides Intranasais ++ ++ ++ ++ + ++ Antileucotrienos +/- +/- - +/- +/- + Cromonas + + - + + + Benefício Substancial (++) Benefício Modesto (+) Pouco ou nenhum Benefício (+/-) ASMA: Conceito: Doença crônica inflamatória, que se caracteriza por diminuição do fluxo aéreo nas vias aéreas inferiores, devido a hiper-responsividade. Essa diminuição do fluxo aéreo pode ser revertida espontaneamente ou com tratamento. As manifestações clínicas dessa doença aparecem principalmente à noite ou ao despertar pela manhã, e frequentemente são aperto no peito e tosse, dificuldade para respirar e chiado no peito. São vários os fatores responsáveis pela asma, mas a interação entre os fatores leva ao desenvolvimento dos sintomas. Os principais fatores são: Genéticos Ambientais 1 06 / 12 Legenda: COMPARAçãO DO BRôNQUIO SADIO E ASMáTICO Tratamento farmacológico: Corticoides Sistêmicos: Os corticoides sistêmicos são necessários para o tratamento de paciente com asma persistente grave que não respondem aos outros tratamentos. São essenciais quando os broncodilatadores não apresentam resposta satisfatória. Os mais utilizados são a prednisona e prednisolona, pois têm meia-vida intermediária e causam menores efeitos colaterais Costicoides Inalatórios: 07 / 12 São fármacos utilizados principalmente para o tratamento profilático, de manutenção e anti-inflamatório. A utilização no tratamento de manutenção reduz a frequência e gravidade das crises. Os efeitos colaterais do corticoides inalatórios só são observados em altas doses e por tempo prolongado. Exemplos: Beclometasona Budesonida Ciclesonida Fluticasona Agonistas Beta-2: Os receptores beta 2 estão presentes nos pulmões e quando ativados causam broncodilatação. Os agonistas beta-2 são fármacos com ação broncodilatadora. São classificados em: Curta ação - efeito broncodilatador dura de 4 - 6 horas: Salbutamol Terbutalina Fenoterol São fármacos utilizados para o alívio dos sintomas da asma, no tratamento das crises. Longa ação - efeito broncodilatadordura até 12 horas: Salmeterol Formoterol São utilizados em associação com os corticoides inalatórios no tratamento de manutenção para controlar os sintomas. Anticolinérgicos: O brometo de ipratrópio é o único representante dessa classe para uso inalatório. Esse fármaco reduz o tônus das vias aéreas, pois bloqueia os receptores muscarínicos, levando a broncodilatação. O seu efeito tem início lento, por volta de 30 minutos, é utilizado associado ao Beta 2-agonistas. Xantinas: 08 / 12 São broncodilatadores de baixa potência terapêutica e alta incidência de efeitos colaterais, porém além de broncodilatadores apresentam uma baixa ação anti-inflamatória comparável à doses baixas de beclometasona. As xantinas possuem estreita margem terapêutica, ou seja, a dose tóxica é muito próxima da dose terapêutica, assim são os fármacos com maior potencial de toxicidade entre os broncodilatadores. Exemplos: Teofilina Aminofilina Bamifilina A aminofilina deve ser utilizada preferencialmente para pacientes hospitalizados de preferência por via intravenosa. A teofilina de ação lenta pode ser utilizada como fármaco de controle porém sua eficácia é inferior aos agonistas beta-2. Efeitos colaterais: Efeitos gastrointestinais: Náuseas Diarreia Vômitos Cefaleia Irritabilidade Insônia Convulsões Encefalopatia tóxica Hipertermia Dano cerebral e morte. Pacientes idosos e lactentes têm maior risco de toxicidade. Cromoglicato: São fármacos que estabilizam a membrana dos mastócitos Anti-leucotrienos: Têm efeito anti-inflamatório e reduzem a hiper-responssividade brônquica, são antagonistas dos receptores de leucotrienos. Possuem efeitos broncodilatadores, porém menores que o agonistas beta-2. Sua utilização reduz a necessidade da utilização dos corticoides. Exemplos: 09 / 12 Montelucaste Zafirlucaste Tratamento da Asma de acordo com a gravidade: Gravidade Etapa Em todas as etapas: Educação e controle dos fatores desencadeantes e agravantes Alívio Manutenção 1ª Escolha Alternativas Intermitente I B -Agonista de curta ação Persistente Leve II B -Agonista de curta ação CI dose baixa Antileucotrienos Cromoglicato - Crianças Persistente Moderada III B -Agonista de curta ação CI dose baixa/média + B longa duração CI dose alta CI dose alta + B longa duração CI dose alta + B longa duração + CO + Antileucotrienos ou Teofilina de ação lenta Persistente Grave IV B -Agonista de curta ação CI dose alta + B longa duração + CO CI dose alta + B longa duração + CO + Antileucotrienos ou Teofilina de ação lenta CI - Corticoide Inalatório CO - Corticoide Oral ATIVIDADE Para tratar as crises de ASMA são necessários vários fármacos, com diferentes mecanismos de ação, mas com o mesmo objetivo: . 2 2 2 2 2 2 2 2 2 10 / 12 A. A Teofilina é um broncodilatadores que ativa receptor beta-2 adrenérgicos. B. O montelucaste é um fármaco com ação anti-inflamatória e broncodilatadora, pois é um potente inibidor das cicloxigenases. C. A associação do montelucaste com o salmeterol e benéfica, pois os dois têm ação broncodilatadora, montelucaste bloqueia receptor beta-2 adrenérgico e Salmeterol ativa receptores colinérgicos. D. Associa-se fenoterol um agonista beta-2 adrenérgico com ipratrópio um antagonista muscarínico para potencializar a broncodilatação. ATIVIDADE A principal indicação clínica do ipratrópio é: A. Broncodilatador B. Midriático C. Controlar incontinência urinária D. Tratamento do mal de Alzheimer ATIVIDADE O melhor tratamento para a manutenção de asma brônquica leve é feito com uso de: A. Beta- 2 adrenérgico de curta duração por inalação. B. Beta-2 adrenérgico de longa duração por via oral. C. Corticoesteróide associado a Beta-2 adrenérgico de longa duração por inalação D. Corticoesteróide por via oral 11 / 12 REFERÊNCIA III Consenso Brasileiro sobre Rinites. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology. São Paulo, 2012. Disponível em: http://www.aborlccf.org.br/consensos/Consenso_sobre_Rinite-SP-2014-08.pdf - Acesso em 20/10/2015. IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma. J Bras Pneumol. 2006;32 (Supl 7):S 447-S 474. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132006001100002 - Acesso em 20/10/2015. BRUTON, L. L. et al. Goodman e Gilman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11ª ed., Rio de Janeiro: MacGralHill, 2007. RANG, H. P.; DALE, M. M. Farmacologia. 6ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. FUCHS, F.D; Wannmacher, L.;Ferreira, M.B.C. Farmacologia clinica : fundamentos da terapêutica racional. 3ª ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. KATZUNG, B.G. (Ed.). Farmacologia: básica & clínica. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. ZANINI, A. C.; OGA, S. Farmacologia Aplicada. 5ª ed., São Paulo: Atheneu. 1994. GOLAN, David E. e col. Princípios de Farmacologia. A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. Guanabara Koogan, 3ª edição, 2014 12 / 12
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