O texto harmônico – coerência

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O texto harmônico – coerência
CONCEITUAR COERÊNCIA, EXERCITAR A PRODUÇÃO DE TEXTOS COERENTES E LEVAR O EDUCANDO 
A PRODUZIR UM TEXTO ADEQUADO, COESO E COERENTE.
Coerência: a palavra "coerência", da mesma família de "aderência" 
e "aderente", provém do latim cohaerentia (formada do prefixo co = junto com + 
o verbo haerere = estar preso). Significa, pois, conexão, união estreita entre várias partes, relação entre
ideias que se harmonizam, ausência de contradição. 
É a coerência que distingue um texto de um aglomerado de frases.
Incoerência: o texto torna-se incoerente quando há falhas na continuidade 
de suas partes, quando as palavras aparecem de maneira gratuita. Não é raro ouvirmos alguém dizer que
determinada palavra está imprecisa, não diz com exatidão o que pretendíamos dizer. A imprecisão resulta
da falta de motivação entre 
as palavras que se sucedem em uma cadeia em que um elo foi rompido. Para evitar isso, elas devem ter um
elo bem estreito.
A coerência textual é o instrumento que o autor vai usar para conseguir encaixar as "peças" do texto e dar
um sentido completo a ele.
Um texto pode ser incoerente para determinada situação se seu autor não consegue inferir um sentido ou
uma ideia por meio da articulação de suas frases 
e parágrafos e de recursos linguísticos (pontuação, vocabulário etc.).
A coerência de um texto inclui fatores como o conhecimento que o produtor 
e o receptor têm do assunto abordado no texto, conhecimento de mundo, 
o conhecimento que esses têm da língua que usam e intertextualidade.
Como complemento e ilustração desta parte da aula, visualize a figura sobre coerência textual. 
A figura faz parte do conteúdo da aula e facilita a sua compreensão.
IMAGEM (https://ead.uninove.br/ead/disciplinas/web/_g/lptl80/a11i01_lptl80.htm)
Pode-se concluir que texto coerente é aquele do qual é possível estabelecer sentido, é entendido como um
princípio de interpretabilidade, por isso a coerência 
de um texto depende também do nosso conhecimento de mundo.
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Conhecendo melhor a coerência
Coerência narrativa: é a que ocorre quando se respeitam as implicações lógicas existentes entre as partes
da narrativa. Assim, para que uma personagem realize uma ação, é preciso que ela tenha capacidade (saiba
ou possa) de fazê-la. Ex.: 
se um personagem foi a uma partida de futebol esperando ver um mau jogo, não pode se dizer
decepcionado com a atuação de seu time porque ele perdeu.
Coerência argumentativa: diz respeito às relações de implicação ou 
de adequação que se estabelecem entre certos pressupostos e afirmações explícitas colocadas no texto e as
conclusões que se tira deles. Ex.: se o texto disser que 
o descontrole orçamentário é a causa da inflação e que este é o problema mais grave do país, será
contraditório concluir que o governo deve aumentar os gastos públicos para reaquecer a economia.
Coerência figurativa: diz respeito à combinatória de figuras para manifestar um dado tema ou à
compatibilidade de figuras entre si. Ex.: em uma festa requintada, com pessoas ilustres da alta sociedade e
comida francesa, pode causar estranhamento haver como música de fundo o pagode, por exemplo, que
combina muito mais com festas animadas e populares.
Coerência temporal: respeita as leis da sucessividade dos eventos ou apresenta uma compatibilidade entre
os enunciados do texto, do ponto de vista da localização no tempo. Ex.: comprar um sapato para depois
experimentá-lo e perceber que está apertado seria incoerente.
Coerência espacial: diz respeito à compatibilidade entre os enunciados do ponto de vista de localização
no espaço. Ex.: dizer que a sala tinha apenas uma porta 
e mais adiante escrever que essa sala ligava a sala de estar com o jardim através de passagens arejadas e
amplas é incoerente.
Coerência organizacional: diz respeito à ordem dos fatos apresentados no texto. Ex.: cama, chinelo,
banheiro. Descarga, pasta de dente, chuveiro, toalha. Roupas, meias, sapatos (...). Esse é um texto coerente,
apesar de só ter substantivos, porque a sua ordem revela a sequência dos fatos realizados pelas pessoas
cotidianamente. Já a frase "Fazendo sucesso com sua nova clínica, a psicóloga Iracema Leite Ferreira
Duarte, localizada na rua Campo Grande, 159" torna-se incoerente por causa da ordem das informações,
que indicam que quem está localizada na rua Campo Grande é a psicóloga e não a sua clínica.
Coerência no nível de linguagem: é a compatibilidade da variante linguística escolhida com as
características do personagem ou do autor do texto. Ex.: um texto acadêmico ou científico não deve ter
palavras chulas ou gírias.
Falsa incoerência
Por vezes a atribuição do significado depende do contexto (situação) em que foi produzido. E, se não
conhecemos esse contexto, ou as possibilidades de uso 
da língua, pode nos parecer que o texto não tem significado.
Veja o exemplo de Luiz Fernando Veríssimo, que circulou na internet recentemente (maio de 2005) e usou
trocadilhos:
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Não tem nada pior do que ser hipocondríaco num país que não tem remédio. Eu tomo um
remédio para controlar a pressão. Cada dia que eu vou comprar o dito cujo, 
o preço aumenta. Controlar a pressão é mole. Quero ver é controlar o preção. 
Tô sofrendo de preção alto. O médico mandou cortar o sal.
Comecei cortando o médico, já que a consulta era salgada demais. Controlei também 
a alimentação. Como a única coisa que tenho comido, depois do Fome Zero, é minha
patroa, não tem perigo: ela é a coisinha mais sem sal deste lado do mundo. 
 
Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrênico. Sério! Não sei mais o que é real.
Principalmente quando abro a carteira ou pego extrato no banco. Não tem mais um real.
Sem falar na minha esclerose precoce. Comecei a esquecer as coisas: Sabe aquele carro?
Esquece! Aquela viagem? Esquece! Tudo o que o barbudo prometeu? Esquece! Podem
dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao meu time: nas últimas. Bem,
carioca é assim mesmo, já nem liga mais para bala perdida. Entra por um ouvido e sai pelo
outro!
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REFERÊNCIA
KOCH, Ingedore G.V.; TRAVAGLIA, L.C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 1990.
KOCH, Ingedore G.V.; TRAVAGLIA, L.C. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997.
SAYEG-SIQUEIRA, João Hilton. O texto – movimentos de leitura, tática de produção, critérios de avaliação.
São Paulo: Selinunte Editora, 1997.
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