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21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 1/7 ESF ou PSF: Histórico, definição, princípios e estratégias • Parte 1 A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) SURGIU NO BRASIL EM 1994 E CONSISTE EM UMA DECISÃO POLÍTICA DE REORGANIZAR A REDE DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE MEDIANTE UMA POLÍTICA QUE APONTASSE PARA A UNIVERSALIZAÇÃO DO ACESSO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA À ATENÇÃO BÁSICA E CONSOLIDASSE O RECENTE PROGRESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO, INAUGURADO COM O ADVENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE, FOI O NORTE INSPIRADOR DA IMPLEMENTAÇÃO DA ESF NOS MAIS DIVERSOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Introdução A Estratégia Saúde da Família (ESF) surgiu no Brasil em 1994 e chegou ao final de 2005 com mais de 24.000 equipes. A decisão política de reorganizar a rede de assistência à saúde mediante uma política que apontasse para a universalização do acesso da população brasileira à Atenção Básica e consolidasse o recente progresso de descentralização, inaugurado com o advento do Sistema Único de Saúde, foi o norte inspirador da implementação da ESF nos mais diversos municípios brasileiros. Essa experiência, no âmbito municipal, trouxe um impacto na gestão e assistência à saúde representado pelo comprometimento dos recursos federais para a expansão da rede assistencial local e autonomia municipal na orientação da estratégia? entretanto, impôs novas responsabilidades de gestão e demanda por profissionais qualificados e comprometidos com a filosofia proposta por essa política. A Estratégia de Saúde da Família é considerada um modelo de Atenção Primária à Saúde, focado na unidade familiar e construído operacionalmente na esfera comunitária. Então, a experiência brasileira de ESF pode ser considerada como um modelo coletivo de atenção primária, com a peculiaridade de ser construído no âmbito de um sistema de saúde público com amplitude nacional e centrado na universalidade, cuja capacidade de impacto na saúde dos usuários do SUS vai depender, essencialmente, da sua capacidade de integração com as redes de atenção à saúde: ambulatorial especializada, hospitalar secundária e terciária, redes de serviços de urgência e emergência e rede de serviços de atenção à saúde mental. Embora historicamente rotulada como um programa (Programa Saúde da Família – PSF), a Estratégia Saúde da Família, por suas especificidades, foge à concepção dos demais programas concebidos pelo Ministério da Saúde, já que não se trata de uma intervenção verticalizada e paralela às atividades dos serviços de saúde. 01 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 2/7 Pelo contrário, caracteriza-se como uma estratégia que possibilita a integração e promove a organização das atividades em um território definido, com o propósito de propiciar o enfrentamento e a resolução dos problemas identificados no nível local. Nesta aula, iremos denominar de Estratégia Saúde da Família/ Programa Saúde da Família (ESF/PSF), uma vez que ambas as denominações são encontradas na literatura, sendo pertinentes ao tema. Um pouco de História da ESF/PSF A medicina comunitária está inserida em um dos projetos de reforma em saúde, compondo uma das ideologias sanitárias elaboradas na segunda metade do século XX, tanto para as instituições de ensino, quanto para a organização dos serviços de saúde. O movimento estruturou-se em 1966, nos Estados Unidos da América (EUA), quando alguns comitês formados pela Associação Médica Americana (AMA) e outras entidades elaboraram documentos para uma política federal e estadual para o financiamento da formação de médicos de família em cursos de pós-graduação. Esse acontecimento recebeu um mote ideológico porque visava responder aos impasses e questionamentos sobre o modelo médico hegemônico, sobretudo no que se refere aos altos custos, sofisticação tecnológica e superespecialização do cuidado, assim como tratava de questões acerca dos direitos humanos, racismo e pobreza. Nos EUA, sua implantação foi baseada nos centros comunitários de saúde, focalizando setores minoritários e permanecendo hegemônica a assistência médica convencional. A ideologia da medicina comunitária surge no cenário técnico-político da América Latina. Programas de saúde comunitária foram implantados na década de 1960, principalmente na Colômbia, no Brasil e no Chile, sob o patrocínio de fundações norte-americanas e com apoio da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS). Em 1978, em Alma-ata, a Conferência Internacional sobre Atenção Primária à Saúde, promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), reafirmou a saúde como direito do homem e estabeleceu a Atenção Primária como estratégia para conseguir a meta "Saúde Para Todos no Ano 2000" . A OMS passou a ser, então, a maior difusora do ideário da atenção primária e o Banco Mundial, o maior financiador dessas políticas. No Brasil, o movimento ideológico contra o modelo hegemônico centrado na doença prevaleceu desde a década de 1970, e teve seu momento de apogeu com a Reforma Sanitária e a VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, os quais culminaram com a criação do Sistema Único de Saúde, alicerçado nos princípios de universalidade, integralidade, descentralização e participação popular. Estava posta, assim, uma outra lógica de sistema de saúde que exigia uma nova estratégia de modelo de atenção à saúde. 02 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 3/7 A incipiente medicina comunitária deitou raízes quando da implantação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), no ano de 1986, como programa institucional no estado do Ceará e, a partir de 1991, foi implantado em outros estados brasileiros, servindo de inspiração para discussão e formulação do modelo atual da Estratégia Saúde da família/Programa Saúde da Família. Até que, por fim, no 1994, teve início a ESF/PSF enquanto instrumento de reorganização do SUS, sendo definida sua implantação prioritária em áreas de risco, de acordo com o Mapa da Fome, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), ganhando expressão nacional apenas no ano de 1995. A integração PACS/PSF foi apresentada pelo governo como sendo uma "estratégia de mudança do modelo assistencial", ou melhor, como uma estratégia de consolidação dos princípios do Sistema Único de Saúde. Momento este em que foi lançado, pelo governo federal, como uma política de governo para a saúde, intenção esta que ficou patente com o lançamento do documento, ratificando a prevenção e o atendimento básico, assim, o Ministério da Saúde admite a Atenção Primária de Saúde como primeiro nível de atenção e como estratégia de reorientação do sistema de saúde. 03 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 4/7 Diferenças entre o modelo hegemônico de atenção à saúde e a Estratégia Saúde da Família/ Programa Saúde da Família (ESF/PSF) Modelo Hegemônico ESF/PSF Saúde como ausência de doença. Saúde como qualidade de vida. Base em prática freqüentemente clientelista, em que a prestação de serviços era realizada como favor e não como direito do cidadão. Prestação dos serviços de saúde como um direito de cidadania. Atenção centrada no indivíduo. Atenção centrada no coletivo. Centrado em ações curativas. Centrado na atenção integral à saúde, incluindo ações de promoção, proteção, cura e recuperação. Hospital como serviço de saúde dominante. Hierarquização da rede de atendimento, ou seja, garantindo níveis de atenção primária, secundária e terciária, articulados entre si. Serviços de saúde centrados nos centros urbanos dos municípios. Serviços de saúde distribuídos em todo o território dos municípios, permitindo acesso de toda população. Predomínio da intervenção do profissionalmédico. Predomínio da intervenção de uma equipe interdisciplinar. Planejamento e programação desconsiderando o perfil de saúde da população. Planejamento e programação com base em dados que consideram o perfil de saúde da população e priorizando as famílias ou grupos com maior risco de adoecer e morrer. Desconsideração da realidade e autonomia local, não valorização da participação comunitária. Estimulação da participação comunitária, garantindo autonomia das ações de planejamento no nível dos territórios das equipes de saúde da família. Funcionamento baseado na demanda espontânea. Funcionamento dos serviços baseado na organização da demanda e no acolhimento da população adscrita. Fonte: GASTÃO e col. , 2006. 04 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 5/7 Diferenças entre o modelo hegemônico de atenção à saúde e a Estratégia Saúde da Família/ Programa Saúde da Família (ESF/PSF) Modelo Hegemônico ESF/PSF Saúde como ausência de doença. Saúde como qualidade de vida. Base em prática freqüentemente clientelista, em que a prestação de serviços era realizada como favor e não como direito do cidadão. Prestação dos serviços de saúde como um direito de cidadania. Atenção centrada no indivíduo. Atenção centrada no coletivo. Centrado em ações curativas. Centrado na atenção integral à saúde, incluindo ações de promoção, proteção, cura e recuperação. Hospital como serviço de saúde dominante. Hierarquização da rede de atendimento, ou seja, garantindo níveis de atenção primária, secundária e terciária, articulados entre si. Serviços de saúde centrados nos centros urbanos dos municípios. Serviços de saúde distribuídos em todo o território dos municípios, permitindo acesso de toda população. Predomínio da intervenção do profissional médico. Predomínio da intervenção de uma equipe interdisciplinar. Planejamento e programação desconsiderando o perfil de saúde da população. Planejamento e programação com base em dados que consideram o perfil de saúde da população e priorizando as famílias ou grupos com maior risco de adoecer e morrer. Desconsideração da realidade e autonomia local, não valorização da participação comunitária. Estimulação da participação comunitária, garantindo autonomia das ações de planejamento no nível dos territórios das equipes de saúde da família. Funcionamento baseado na demanda espontânea. Funcionamento dos serviços baseado na organização da demanda e no acolhimento da população adscrita. Fonte: GASTÃO e col. , 2006. Conceitos Básicos 05 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 6/7 Família - é o conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência que residem na mesma unidade domiciliar. Inclui empregado (a) doméstico (a) que reside no domicílio, pensionistas e agregados. Domicílio - Designa o "local de moradia estruturalmente separado e independente, constituído por um ou mais cômodos". A separação fica caracterizada quando o local de moradia é limitado por paredes (muros ou cercas, entre outros) e coberto por um teto que permita que seus moradores se isolem e cujos residentes arcam com parte ou todas as suas despesas de alimentação e moradia.Considera-se independente o local de moradia que tem acesso direto e que permite a entrada e saída de seus moradores sem a passagem por local de moradia de outras pessoas. Também são considerados domicílios, prédio em construção, embarcação, carroça, vagão, tenda, gruta e outros locais que estejam servindo de moradia para a família. Microárea - O espaço geográfico delimitado onde residem cerca de 400 a 750 pessoas e corresponde à área de atuação de um agente comunitário de saúde (ACS). Área - O conjunto de microáreas sob a responsabilidade de uma equipe de saúde da família. A composição da equipe de saúde e as coberturas assistenciais variam de acordo com o Modelo de Atenção adotado e a área pode assumir configurações distintas. Área, no Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) – é o conjunto de microáreas cobertas por uma equipe do PACS (1 instrutor /supervisor e, no máximo, 30 agentes comunitários de saúde) dentro de um mesmo segmento territorial. Nesse caso, embora as microáreas sejam referenciadas geograficamente, elas nem sempre são contíguas. Área, no PSF – é o conjunto de microáreas contíguas sob a responsabilidade de uma equipe de saúde da família, onde residem em torno de 3.00 a 4.500 pessoas. REFERÊNCIA CAMPOS, W. de S. (org.). Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec? Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2006. PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Manual do Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB. Adaptação do original do Ministério da Saúde, 1998. Secretaria Municipal de Saúde, São Paulo, 2006. ROUQUAYROL, M. Z.? ALMEIDA FILHO, N. de. Epidemiologia & Saúde. 6ª ed. .Rio de Janeiro: MEDSI, 2003. 06 / 06 21/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 7/7
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