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ESF ou PSF Histórico, definição, princípios e estratégias Parte 1

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ESF ou PSF: Histórico, definição,
princípios e estratégias • Parte 1
A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) SURGIU NO BRASIL EM 1994 E CONSISTE EM UMA DECISÃO
POLÍTICA DE REORGANIZAR A REDE DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE MEDIANTE UMA POLÍTICA QUE
APONTASSE PARA A UNIVERSALIZAÇÃO DO ACESSO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA À ATENÇÃO BÁSICA E
CONSOLIDASSE O RECENTE PROGRESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO, INAUGURADO COM O ADVENTO DO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE, FOI O NORTE INSPIRADOR DA IMPLEMENTAÇÃO DA ESF NOS MAIS
DIVERSOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS.
Introdução
A Estratégia Saúde da Família (ESF) surgiu no Brasil em 1994 e chegou ao final de 2005 com mais de 24.000
equipes. A decisão política de reorganizar a rede de assistência à saúde mediante uma política que
apontasse para a universalização do acesso da população brasileira à Atenção Básica e consolidasse o
recente progresso de descentralização, inaugurado com o advento do Sistema Único de Saúde, foi o norte
inspirador da implementação da ESF nos mais diversos municípios brasileiros.
Essa experiência, no âmbito municipal, trouxe um impacto na gestão e assistência à saúde representado
pelo comprometimento dos recursos federais para a expansão da rede assistencial local e autonomia
municipal na orientação da estratégia? entretanto, impôs novas responsabilidades de gestão e demanda por
profissionais qualificados e comprometidos com a filosofia proposta por essa política.
A Estratégia de Saúde da Família é considerada um modelo de Atenção Primária à Saúde, focado na unidade
familiar e construído operacionalmente na esfera comunitária. Então, a experiência brasileira de ESF pode
ser considerada como um modelo coletivo de atenção primária, com a peculiaridade de ser construído no
âmbito de um sistema de saúde público com amplitude nacional e centrado na universalidade, cuja
capacidade de impacto na saúde dos usuários do SUS vai depender, essencialmente, da sua capacidade de
integração com as redes de atenção à saúde: ambulatorial especializada, hospitalar secundária e terciária,
redes de serviços de urgência e emergência e rede de serviços de atenção à saúde mental. Embora
historicamente rotulada como um programa (Programa Saúde da Família – PSF), a Estratégia Saúde da
Família, por suas especificidades, foge à concepção dos demais programas concebidos pelo Ministério da
Saúde, já que não se trata de uma intervenção verticalizada e paralela às atividades dos serviços de saúde.
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Pelo contrário, caracteriza-se como uma estratégia que possibilita a integração e promove a organização
das atividades em um território definido, com o propósito de propiciar o enfrentamento e a resolução dos
problemas identificados no nível local. Nesta aula, iremos denominar de Estratégia Saúde da Família/
Programa Saúde da Família (ESF/PSF), uma vez que ambas as denominações são encontradas na literatura,
sendo pertinentes ao tema.
Um pouco de História da ESF/PSF
A medicina comunitária está inserida em um dos projetos de reforma em saúde, compondo uma das
ideologias sanitárias elaboradas na segunda metade do século XX, tanto para as instituições de ensino,
quanto para a organização dos serviços de saúde. O movimento estruturou-se em 1966, nos Estados Unidos
da América (EUA), quando alguns comitês formados pela Associação Médica Americana (AMA) e outras
entidades elaboraram documentos para uma política federal e estadual para o financiamento da formação
de médicos de família em cursos de pós-graduação. Esse acontecimento recebeu um mote ideológico
porque visava responder aos impasses e questionamentos sobre o modelo médico hegemônico, sobretudo
no que se refere aos altos custos, sofisticação tecnológica e superespecialização do cuidado, assim como
tratava de questões acerca dos direitos humanos, racismo e pobreza. Nos EUA, sua implantação foi baseada
nos centros comunitários de saúde, focalizando setores minoritários e permanecendo hegemônica a
assistência médica convencional.
A ideologia da medicina comunitária surge no cenário técnico-político da América Latina. Programas de
saúde comunitária foram implantados na década de 1960, principalmente na Colômbia, no Brasil e no Chile,
sob o patrocínio de fundações norte-americanas e com apoio da Organização Pan Americana de Saúde
(OPAS). Em 1978, em Alma-ata, a Conferência Internacional sobre Atenção Primária à Saúde, promovida
pela Organização Mundial de Saúde (OMS), reafirmou a saúde como direito do homem e estabeleceu a
Atenção Primária como estratégia para conseguir a meta "Saúde Para Todos no Ano 2000" . A OMS passou a
ser, então, a maior difusora do ideário da atenção primária e o Banco Mundial, o maior financiador dessas
políticas. No Brasil, o movimento ideológico contra o modelo hegemônico centrado na doença prevaleceu
desde a década de 1970, e teve seu momento de apogeu com a Reforma Sanitária e a VIII Conferência
Nacional de Saúde, em 1986, os quais culminaram com a criação do Sistema Único de Saúde, alicerçado nos
princípios de universalidade, integralidade, descentralização e participação popular. Estava posta, assim,
uma outra lógica de sistema de saúde que exigia uma 
nova estratégia de modelo de atenção à saúde.
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A incipiente medicina comunitária deitou raízes quando da implantação do Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS), no ano de 1986, como programa institucional no estado do Ceará e, a partir
de 1991, foi implantado em outros estados brasileiros, servindo de inspiração para discussão e formulação
do modelo atual da Estratégia Saúde da família/Programa Saúde da Família. Até que, por fim, no 1994, teve
início a ESF/PSF enquanto instrumento de reorganização do SUS, sendo definida sua implantação
prioritária em áreas de risco, de acordo com o Mapa da Fome, elaborado pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA), ganhando expressão nacional apenas no ano de 1995.
A integração PACS/PSF foi apresentada pelo governo como sendo uma "estratégia de mudança do modelo
assistencial", ou melhor, como uma estratégia de consolidação dos princípios do Sistema Único de Saúde.
Momento este em que foi lançado, pelo governo federal, como uma política de governo para a saúde,
intenção esta que ficou patente com o lançamento do documento, ratificando a prevenção e o atendimento
básico, assim, o Ministério da Saúde admite a Atenção Primária de Saúde como primeiro nível de atenção e
como estratégia de reorientação do sistema de saúde.
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Diferenças entre o modelo hegemônico de atenção à saúde e a Estratégia 
Saúde da Família/ Programa Saúde da Família (ESF/PSF)
Modelo Hegemônico ESF/PSF
Saúde como ausência de doença. Saúde como qualidade de vida.
Base em prática freqüentemente 
clientelista, em que a prestação de 
serviços era realizada como favor e não 
como direito do cidadão.
Prestação dos serviços de saúde como 
um direito de cidadania.
Atenção centrada no indivíduo. Atenção centrada no coletivo.
Centrado em ações curativas.
Centrado na atenção integral à saúde, 
incluindo ações de promoção, proteção, 
cura e recuperação.
Hospital como serviço de saúde 
dominante.
Hierarquização da rede de atendimento, 
ou seja, garantindo níveis de atenção 
primária, secundária e terciária, 
articulados entre si.
Serviços de saúde centrados nos 
centros urbanos dos municípios.
Serviços de saúde distribuídos em todo 
o território dos municípios, permitindo 
acesso de toda população.
Predomínio da intervenção do 
profissionalmédico.
Predomínio da intervenção de uma 
equipe interdisciplinar.
Planejamento e programação 
desconsiderando o perfil de saúde da 
população.
Planejamento e programação com base 
em dados que consideram o perfil de 
saúde da população e priorizando as 
famílias ou grupos com maior risco de 
adoecer e morrer.
Desconsideração da realidade e 
autonomia local, não valorização da 
participação comunitária.
Estimulação da participação 
comunitária, garantindo autonomia das 
ações de planejamento no nível dos 
territórios das equipes de saúde da 
família.
Funcionamento baseado na demanda 
espontânea.
Funcionamento dos serviços baseado 
na organização da demanda e no 
acolhimento da população adscrita.
Fonte: GASTÃO e col. , 2006.
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Diferenças entre o modelo hegemônico de atenção à saúde e a Estratégia 
Saúde da Família/ Programa Saúde da Família (ESF/PSF)
Modelo Hegemônico ESF/PSF
Saúde como ausência de doença. Saúde como qualidade de vida.
Base em prática freqüentemente 
clientelista, em que a prestação de 
serviços era realizada como favor e não 
como direito do cidadão.
Prestação dos serviços de saúde como 
um direito de cidadania.
Atenção centrada no indivíduo. Atenção centrada no coletivo.
Centrado em ações curativas.
Centrado na atenção integral à saúde, 
incluindo ações de promoção, proteção, 
cura e recuperação.
Hospital como serviço de saúde 
dominante.
Hierarquização da rede de atendimento, 
ou seja, garantindo níveis de atenção 
primária, secundária e terciária, 
articulados entre si.
Serviços de saúde centrados nos 
centros urbanos dos municípios.
Serviços de saúde distribuídos em todo 
o território dos municípios, permitindo 
acesso de toda população.
Predomínio da intervenção do 
profissional médico.
Predomínio da intervenção de uma 
equipe interdisciplinar.
Planejamento e programação 
desconsiderando o perfil de saúde da 
população.
Planejamento e programação com base 
em dados que consideram o perfil de 
saúde da população e priorizando as 
famílias ou grupos com maior risco de 
adoecer e morrer.
Desconsideração da realidade e 
autonomia local, não valorização da 
participação comunitária.
Estimulação da participação 
comunitária, garantindo autonomia das 
ações de planejamento no nível dos 
territórios das equipes de saúde da 
família.
Funcionamento baseado na demanda 
espontânea.
Funcionamento dos serviços baseado 
na organização da demanda e no 
acolhimento da população adscrita.
Fonte: GASTÃO e col. , 2006.
Conceitos Básicos
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Família - é o conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de
convivência que residem na mesma unidade domiciliar. Inclui empregado (a) doméstico (a) que reside no
domicílio, pensionistas e agregados.
Domicílio - Designa o "local de moradia estruturalmente separado e independente, constituído por um ou
mais cômodos". A separação fica caracterizada quando o local de moradia é limitado por paredes (muros
ou cercas, entre outros) e coberto por um teto que permita que seus moradores se isolem e cujos
residentes arcam com parte ou todas as suas despesas de alimentação e moradia.Considera-se
independente o local de moradia que tem acesso direto e que permite a entrada e saída de seus moradores
sem a passagem por local de moradia de outras pessoas. Também são considerados domicílios, prédio em
construção, embarcação, carroça, vagão, tenda, gruta e outros locais que estejam servindo de moradia para
a família.
Microárea - O espaço geográfico delimitado onde residem cerca de 400 a 750 pessoas e corresponde à área
de atuação de um agente comunitário de saúde (ACS).
Área - O conjunto de microáreas sob a responsabilidade de uma equipe de saúde da família. A composição
da equipe de saúde e as coberturas assistenciais variam de acordo com o Modelo de Atenção adotado e a
área pode assumir configurações distintas.
Área, no Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) – é o conjunto de microáreas cobertas por uma
equipe do PACS (1 instrutor /supervisor e, no máximo, 30 agentes comunitários de saúde) dentro de um
mesmo segmento territorial. Nesse caso, embora as microáreas sejam referenciadas geograficamente, elas
nem sempre são contíguas.
Área, no PSF – é o conjunto de microáreas contíguas sob a responsabilidade de uma equipe de saúde da
família, onde residem em torno de 3.00 a 4.500 pessoas.
 
REFERÊNCIA
CAMPOS, W. de S. (org.). Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec? Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2006.
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Manual do Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB.
Adaptação do original do Ministério da Saúde, 1998. Secretaria Municipal de Saúde, São Paulo, 2006.
ROUQUAYROL, M. Z.? ALMEIDA FILHO, N. de. Epidemiologia & Saúde. 6ª ed. .Rio de Janeiro: MEDSI, 2003.
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