Buscar

DIP CONCEITO FONTES HISTORIA

Prévia do material em texto

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Conceito de Direto Internacional Público 
 Nasce para regular a relações entre os Estados - relações interestaduais. Esse é o conceito clássico. É a disciplina que regula as relações interestaduais, bem como as condutas das organizações internacionais, intergovernamentais e também dos indivíduos no plano internacional, ainda que a atuação destes seja um pouco mais limitada. 
Segundo Jorge Barcelar Gouveia, Direito Internacional é "o conjunto de princípios e regras, de natureza jurídica, que disciplina os membros da sociedade internacional, ao agirem numa posição jurídico-pública, no âmbito das suas relações internacionais." 
Dimensão histórica do Direito Internacional Público.
– A diplomacia é tão antiga quanto as nações.
– Formalmente o DIP surge apartir do Tratado de Westphalia e da obra de Hugo Grotius (Do direito da guerra e da paz).
Hugo Grócio (1583 -1645)
De acordo com Hugo Grotius, o homem possui, naturalmente, um desejo de viver em sociedade, não uma sociedade qualquer, mas uma sociedade pacífica e ordenada segundo sua recta ratio. O homem, através do exercício de sua racionalidade, constrói um direito internacional que promove a sociabilidade entre os Estados e permite que convivam, ainda que sem alcançar a paz. Ao argumentar pelo estabelecimento de regras mínimas necessárias para o mínimo de sociabilidade, Grotius conjuga tanto aqueles que acreditam na justiça do direito natural quanto aqueles que o aceitam por razões de auto-interesse. A violação dessas regras mínimas autoriza uma guerra justa.
OIs (Organizações Internac ionais): 
- Vestfália: acordo que deu fim á Guerra dos 30 anos. 
- Versailhes (1919): Sociedade das nações tinha por objeto manter a paz social. Buscava a paz mundial, é criada a Sociedade das Nações. Nesse documento desiste da guerra, porém os problemas não são solucionados, ocorrendo, assim, a 2ª Guerra M undial. Por essa razão, a sociedade das nações perde seu objeto e sua força. Logo após, é assinada a Carta do Atlântico em 1941, impondo, assim , as condições e objetos do tratado. Posteriormente, os EUA atacam a Baía de Pearl Harbor com o apoio da população americana. 
Hugo Grócio não considera o mundo uma soberania internacional, mas sim das pessoas. Estas pactuando para que o direito das gentes seja fiscalizados quando descumpridos (erga omens). 
OBS: Pacto de não agressão: evitar os estragos (inter partes).
Classificação e Rezeck (4 períodos):
1º– Antiguidade até o tratado de Vestfália (1648).
– Isolamento dos povos na antiguidade era pouco propício para o surgimento do Direito Internacional.
– Surgiram na Grécia Antiga as primeiras Instituições do Direito das Gentes. (arbitragens, troca de prisioneiros, direito de asilo, neutralização de certos lugares, necessidade de declaração de guerra).
– Roma, universalização do Império (Dificuldade para o DIP). O desmembramento do Império Romano, por outro lado, proporcionou a possibilidade de crescimento para o Direito Internacional Público.
– Papel da Igreja = Cruzadas.
– Desenvolvimento do Comércio Marítimo.
– Queda do feudalismo e desenvolvimento do Estado Nacional.
– Tratado de Westphalia – Triunfo da soberania e igualdade jurídica entre estados.
– Fim do século XVI “descobrimento da América”. Necessidade de regulamentar as novas relações e interesses que surgiram.
Anotações de Guido Soares:
“As relações entre os Estados somente irão surgir após a criação das cidades-estado gregas. É na Antigüidade grega que surgem os primeiros institutos do Direito Internacional: o asilo, os representantes diplomáticos negociadores etc. A maior contribuição grega ao direito Internacional foi no campo filosófico.”
Westphalia – Tratado que põe fim à Guerra dos Trinta Anos. Com ele é feito um novo desenho do mapa político da Europa. Nesse momento é reconhecida a soberania dos territórios e dos governos constituídos. É também nesse momento que passa a haver uma maior tolerância entre as diversas correntes religiosas da época.”
A clara noção de Estado surgiu após o tratado de Vestfália, e foi pautada no trabalho de Hugo Grossius (obra; “Do direito da Guerra e da paz”):
Os Estados são responsáveis pelos acordos que assinam. 
b) Cada Estado pode agir de qualquer forma desde que não lese outro.. 
c) Soluções pacíficas de controvérsias internacionais através de laudos arbitrais. 
d) Convivência pacífica entre os Estados, respeitando a soberania de cada um. 
e) Respeito à religião e às casas dinásticas de cada Estado. Esses princípios irão fundar o próprio Direito Internacional e permanecem até hoje. 
2º – 1648 até a Revolução Francesa. (1789)
– Europa = Diversos países independentes – Necessidade de regulamentar as relações entre esses países.
– Paz de Westphalia – Princípio da Igualdade jurídica entre Estados – Desenvolvimento para o Direito Internacional Público.
– Fim do século XVIII – Revolução Francesa – Grande influência para o DIP – As guerras e conquistas de Napoleão destruíram o Sistema de Wetphalia.
3º– Do Congresso de Viena até a I Guerra Mundial.
– Congresso de Viena: foi uma conferência entre embaixadores das grandes potências europeias que aconteceu na capital austríaca, entre 2 de maio de 1814 e 9 de Junho de 1815, cuja intenção era a de redesenhar o mapa político do continente europeu após a derrota da França napoleônica na primavera anterior, iniciar a colonização (como visto na Revolução Liberal do Porto, no caso do Brasil), restaurar os respectivos tronos às famílias reais derrotadas pelas tropas de Napoleão Bonaparte (como a restauração dos Bourbon) e firmar uma aliança entre os burgueses.
– Novos princípios do DIP surgiram após o Congresso de Viena. Ex: proibição do Tráfico Negreiro, Liberdade de Navegação e classificação para os agentes diplomáticos.
– Na segunda metade do século XIX e início do século XX houve uma enorme quantidade de relações formais estabelecidas pelos estados, isso se visualiza, por exemplo, a partir de vários atos políticos historicamente conhecidas, como:
–          Congresso de Paris em 1856
–          Congresso de Berlim em 1878
–      1ª Conferência da Paz em Haia em 1899
– DIP até então bidimensional atinge o pleno desenvolvimento do espaço aéreo.
A Conferência de 1899 criou os precedentes a partir dos quais subsequentemente passaram a operar, na vida internacional, as conferências multilaterais: um sistema de comissões para organizar os trabalhos e reportá-los ao plenário, uma comissão de redação para assegurar a boa e devida forma das convenções e declarações acordadas e uma Ata Final que dava conta das deliberações, fruto dos entendimentos multilaterais. A Primeira Conferência Internacional de Haia, de 1899, e assim também a Segunda, de 1907, ficaram conhecidas, por inspiração da opinião pública, como Conferências da Paz. Elas tiveram um caráter inovador no campo da diplomacia e das relações internacionais. Foram, em primeiro lugar, conferências multilaterais que não lidaram com a organização da ordem internacional de um pós-guerra, como ocorreu, no século XIX, com o Congresso de Viena (1815), origem do Concerto Europeu que estruturou o sistema internacional eurocêntrico depois do período das guerras napoleônicas. Com efeito, as duas conferências tiveram como lastro instigador a idéia da paz, defendida pelos movimentos pacifistas do século XIX que se organizaram no âmbito da sociedade civil, reagindo aos horrores da guerra magnificados pela destrutividade das armas que a inovação tecnológica foi propiciando. 
4º – De 1918 aos dias de hoje.
– I Guerra Mundial; crise.
– Liga das Nações (1919).
– Século XX; pleno desenvolvimento.
– II Guerra Mundial; extremamente prejudicial para o DIP.
– Pós II guerra; surgimento de vários organismos internacionais, a começar pelas Nações Unidas (Carta das Nações Unidas – São Francisco – 26 de junho de 1945).
– Preâmbulo da Carta das Nações Unidas:
NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra,quepor duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla. 
E PARA TAIS FINS, praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos.
RESOLVEMOS CONJUGAR NOSSOS ESFORÇOS PARA A CONSECUÇÃO DESSES OBJETIVOS. Em vista disso, nossos respectivos Governos, por intermédio de representantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados em boa e devida forma, concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de Nações Unidas. 
– Proteção ao meio ambiente; Conferência de Estocolmo – 1972. Rio, agenda 21, 1992.
– Organização regionais e subregionais; Mercosul, Nafta, UE.
5º – Perspectivas para o Século XXI.
– Fragilização, principalmente por causa dos desrespeito às deliberações do Conselho de Segurança da ONU.
– Avanços; Tribunal Penal Internacional – Estatuto de Roma.
– Desafio; extraordinária ampliação do seu âmbito de atuação – Busca de mecanismos correspondentes de implementação.
“A compreensão do papel e alcance do DIP somente se consolidará na medida em que se tenha conscientização da absoluta impossibilidade e inadequação operacional dos sistemas nacionais isoladamente considerados, como unidades autônomas, muitas vezes se não francamente antagônicas ao menos colidentes, para atender às necessidades do tempo presente.” (Rezeck)
– Terrorismo Internacional.
– Proteção ao meio-ambiente.
– Repressão ao tráfico de Drogas.
– Repressão ao crime organizado.
– Globalização; constituição de espaços regionais e economicamente integrados.
NORMAS IMPERATIVAS (de JUS COGENS)
 igualdade jurídica dos estados e o princípio da não-intervenção;
 a proibição do uso da força nas relações internacionais e a obrigação da solução pacífica das controvérsias;
 o princípio da autodeterminação dos povos;
 os direitos fundamentais do homem.
Fontes do Direito Internacional Público
Convenções e Tratados Internacionais
Usos e Costumes Internacionais
Princípios Gerais do DIP (pacta sunt servanda; não agressão; coexistência pacífica; proibição de propaganda de guerra; etc)
Doutrina e Jurisprudência
Equidade
Atos unilaterais
COSTUME: Quem invoca o costume, tem o ônus da prova.
Elementos:
 Material – uso geral; prática, multiplicação de precedentes;
 Subjetivo – opinio júris; consciência coletiva da Sociedade Internacional aceitando o costume como um novo direito
Características:
 Prática comum – repetição uniforme de certos atos da vida internacional;
 Prática obrigatória – o costume é direito e deve ser respeitado por toda a Sociedade Internacional;
 Prática evolutiva – possui plasticidade, que permite adequar-se às novas circunstâncias.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIP:
Abstenção de recorrer a ameaça ou uso da força;
Solução pacífica de litígios; 
Não-intervenção em assuntos de jurisdição interna;
 Cooperação;
 Igualdade de direitos e livre determinação dos povos;
 Igualdade soberana;
 Cumprimento em boa-fé das obrigações contraídas.
ATOS UNILATERAIS:
Efeito internacional;
Feita por órgão estatal;
Expressa ou Tácita;
Público.
Fundamento do Direito Internacional Público
- Doutrinas Voluntaristas: possui como elemento comum a “vontade” das pessoas políticas de Direito Internacional;
- Doutrinas Objetivistas: o elemento “vontade” é desconsiderado
- Os Estados Soberanos são regidos pelo princípio da Autodeterminação. Dessa forma, só estará sujeito às estruturas normativas que ele consentir em acatar;
- Qualquer norma de Direito Internacional só será observada se houver consentimento do Estado para tanto (regra geral).
Objetos do Direito Internacional Público
Estudo das normas que regem a sociedade internacional;
Estudo da personalidade dos Estados;
Estudo dos componentes do espaço que integra o domínio público internacional;
Estudo dos conflitos internacionais e de seus meios alternativos de solução
Corte Internacional de Justiça
A Corte Internacional de Justiça, estabelecida pela Carta das Nações Unidas como o principal órgão judiciário das Nações Unidas, será constituída e funcionará de acordo com as disposições do presente Estatuto.
A Corte será composta de um corpo de juízes independentes, eleitos sem atenção à sua nacionalidade, dentre pessoas que gozem de alta consideração moral e possuam as condições exigidas em seus respectivos países para o desempenho das mais altas funções judiciárias ou que sejam jurisconsultos de reconhecida competência em direito internacional.
Só os Estados poderão ser partes em questões perante a Corte.
Os Estados, partes do presente Estatuto, poderão, em qualquer momento, declarar que reconhecem como obrigatória, ipso facto e sem acordos especiais, em relação a qualquer outro Estado que aceite a mesma obrigação, a jurisdição da Corte em todas as controvérsias de ordem jurídica que tenham por objeto:
a) a interpretação de um tratado;
b) qualquer ponto de direito internacional;
c) a existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria violação de um compromisso internacional;
d) a natureza ou extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional.
A Corte poderá dar parecer consultivo sobre qualquer questão jurídica a pedido do órgão que, de acordo com a Carta nas Nações Unidas ou por ela autorizado, estiver em condições de fazer tal pedido.

Continue navegando