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Apostila Engenharia de confiabilidade 11 AnalisedaManutenção

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ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE 
VIII – ANÁLISE DA MANUTENÇÃO 
Eduardo de Santana Seixas – Abraman Pág: VIII-1 
 
As informações dos modos de falha, da freqüência de ocorrência dos modos de falhas 
e da conseqüência destes podem ser utilizadas para determinar os “valores de risco”. 
 
A análise destes valores irá permitir que modificações sejam conduzidas com o intuito 
de modificar as ações de manutenção, objetivando a redução dos riscos. 
 
Geralmente observamos que 80% do risco total estão contidos dentro de aproxima-
damente 30% do número total de modos de falha. Isto difere, um pouco, da relação 
80/20, o qual diz que 80% dos problemas originam-se de 20% do número total de 
fontes. 
 
Dados de um Sistema Ferroviário 
 
Modos 
de 
Falha 
Freqüência 
(por ano) Conseqüência Risco 
Risco 
Acumulado 
% do 
Risco 
MCE 15,94 80,15 1277,23 1277,23 0,3554 
ATA 4,44 84,81 376,78 1654,01 0,4603 
TPP 1,61 198,71 319,10 1973,11 0,5491 
EBM 4,58 69,02 315,94 2289,04 0,6370 
MCT 3,64 81,34 296,22 2585,27 0,7195 
CVC 2,19 86,77 190,09 2775,35 0,7723 
CVA 1,99 80,92 160,77 2936,12 0,8171 
LPD 1,26 88,44 111,52 3047,64 0,8481 
CMP 1,08 90,63 97,95 3145,59 0,8754 
LPM 1,01 93,03 94,21 3239,79 0,9016 
ATS 1,17 73,98 86,62 3326,41 0,9257 
LPB 1,02 76,44 78,31 3404,72 0,9475 
LTA 0,71 80,18 57,08 3461,80 0,9634 
LCD 0,27 167,07 45,39 3507,19 0,9760 
SLU 0,53 78,32 41,80 3548,99 0,9876 
CBQ 0,10 266,1 26,14 3575,13 0,9949 
LPS 0,32 56,44 18,26 3593,39 1,0000 
 
Os gráficos abaixo foram construídos com base nos valores acima. Devemos observar 
que o valor da conseqüência foi estabelecido com base no custo relativo dos modos 
de falha para a empresa. 
 
A parte fundamental do Risk-CM é a classificação dos riscos mais altos e mais baixos 
dos modos de falha. Esta classificação fornece as bases quantitativas para medir a 
eficiência dos programas de manutenção preventiva e preditiva atualmente em uso e 
de como os recursos de manutenção deverão ser alocados. A base quantitativa para 
identificar quais modos de falha deverá ter mais atenção e, muito mais importante, 
quais não deverão precisar de qualquer atenção. 
 
 
 
ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE 
VIII – ANÁLISE DA MANUTENÇÃO 
Eduardo de Santana Seixas – Abraman Pág: VIII-2 
CLASSIFICAÇÃO DO RISCO DOS MODOS DE FALHA
FREQUÊNCIA X CONSEQUÊNCIA
MODOS DE FALHA
VA
LO
R
 D
O
 R
IS
C
O
100
1000
MCE
ATA
TPP
EBM
MCT
CVC
CVA
LPD
CMP
LPM
ATS
LPB
LTA
LCD
SLU
CBQ
LPS
 
 
CLASSIFICAÇÃO DO RISCO DOS MODOS DE FALHA
"VERSUS" RISCO TOTAL ACUMULADO
MODOS DE FALHA
VA
LO
R
ES
 D
O
 R
IS
C
O
%
 D
O
 R
IS
C
O
 T
O
TA
L
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
10
100
1000
MCE
ATA
TPP
EBM
MCT
CVC
CVA
LPD
CMP
LPM
ATS
LPB
LTA
LCD
SLU
CBQ
LPS
35% dos modos de falha são
responsáveis por 80% do Risco
Total
 
 
Pontos básicos a serem considerados na análise da situação atual de manutenção, 
quando do processo de decisão para melhoramento do sistema de manutenção: 
 
1 – determinar onde e quando as tecnologias de manutenção preventiva deverão ser 
aplicadas. 
 
2 – determinar onde e quando os treinamentos de empregados deverão ser desempe-
nhados. 
 
3 – Justificar a manutenção corrente ou sugerir novas tarefas de manutenção. 
 
4 – Justificar as freqüências correntes ou justificar novas freqüências para as tarefas 
de manutenção. 
 
5 – Indicar áreas de manutenção excessiva ou de pouca manutenção, e 
 
6 – Indicar as mudanças de engenharia que são necessárias. 
 
Para cada modo de falha, as tarefas de manutenção deverão ser analisadas sob os 
diversos pontos para prevenir a ocorrência de falhas futuras. As tarefas podem ser 
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VIII – ANÁLISE DA MANUTENÇÃO 
Eduardo de Santana Seixas – Abraman Pág: VIII-3 
adicionadas, mudadas ou eliminadas com base no julgamento efetivo para mitigar os 
modos de falha de alto risco. 
 
Sistema para Medir o Risco 
 
Há diversos modos para documentar e monitorar o melhoramento do desempenho dos 
programas. 
 
Para programas de RCM e Risk-CM, os objetivos geralmente podem ser classificados 
dentro de três categorias: 
 
• Aumento da disponibilidade 
• Redução dos custos 
• Aumento da segurança 
 
O principal objetivo do programa, está na redução dos custos com aumento da confia-
bilidade e da segurança. Lembre-se que as instalações estão sempre mudando com o 
tempo e, mesmo que as atividades de manutenção e operação tenham sido revistas 
um ano atrás, sempre pode haver alterações que possam ser conduzidas para adap-
tação do sistema. 
 
Utilizando o Risk-CM para explicar o conceito, significa que sob uma base periódica, a 
freqüência e a conseqüência deverão ser atualizadas. Mudanças podem ocorrer no 
sistema, e portanto, novos procedimentos ou modificações de projeto tornam-se ne-
cessários. 
 
Vamos agora direcionar nossa atenção para a estratégia a ser utilizada para o Risk-
CM. O objetivo a ser perseguido é: reduzir o risco na instalação. Nós podemos calcular 
o risco e observar as possíveis mudanças que ocorreram desde a última medição. 
Também devemos observar se o risco foi reduzido de um modo correto. 
 
Medida do Risco e Avaliação do Risco 
 
Medida do risco: o risco associado a cada modo de falha é definido por um ponto no 
sistema de coordenadas. 
 
MOTO-BOMBA
RISCO DOS MODOS DE FALHA (1999)
Freqüência (falhas/dia)
C
on
se
qü
ên
ci
a
 10
 100
 1000
 10000
 100000
0.000010 0.000100 0.001000 0.010000
 
 
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VIII – ANÁLISE DA MANUTENÇÃO 
Eduardo de Santana Seixas – Abraman Pág: VIII-4 
A coordenada horizontal é a freqüência do modo de falha e a coordenada vertical é o 
valor da conseqüência. No gráfico foram colocados os riscos individuais de todos os 
modos de falha de maneira a produzir o risco global do sistema moto-bomba. Se nós 
queremos reduzir o risco total, nós iremos precisar de um valor de referência para o 
futuro desempenho do sistema. Este desempenho será o resultado das decisões da 
equipe de trabalho a respeito dos recursos operacionais e de manutenção necessá-
rios. 
 
O risco médio é o centro estatístico, com um intervalo de confiança de 95%, ou seja: 
 
Média da freqüência de falhas: 0,001291 
Valor Inferior: 0,001011 
Valor superior: 0,001571 
 
Média da Conseqüência: 3222,57 
Valor Inferior: 2312,42 
Valor Superior: 4132,72 
 
MOTO-BOMBA
RISCO DOS MODOS DE FALHA (1999)
Freqüência (falhas/dia)
C
on
se
qü
ên
ci
a
 10
 100
 1000
 10000
 100000
0.000010 0.000100 0.001000 0.010000
RISCO MÉDIO
 
 
 
Avaliação do Risco: podemos utilizar o exemplo da moto-bomba para demonstrar a 
utilidade da avaliação do risco. Após o período de um ano nós temos um segundo grá-
fico contendo as freqüências e as conseqüências. 
 
A avaliação do risco envolve a determinação da direção do movimento do risco, e en-
tão, junto com outros fatores, tais como as inspeções, decidir se é mais ou menos pro-
vável a instalação sofrer eventos de alta conseqüência. 
 
ALTA CONSEQÜÊNCIA
BAIXA PROBABILIDADE
IV
BAIXA CONSEQÜÊNCIA
ALTA PROBABILIDADE
II
ALTA CONSEQÜÊNCIA
ALTA PROBABILIDADE
I
BAIXA CONSEQÜÊNCIA
BAIXA PROBABILIDADE
III
Probabilidade
C
on
se
qü
ên
ci
a
 
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VIII – ANÁLISE DA MANUTENÇÃO 
Eduardo de Santana Seixas – AbramanPág: VIII-5 
A direção mais desejada para o centro do risco se movimentar é para o “terceiro” qua-
drante (na direção da origem – ideal: risco zero). Esta direção implica na redução da 
freqüência de falhas e na redução da conseqüência. Em geral os movimentos para 
cima e para a direita são ruins (na direção de alta conseqüência e de altas freqüências 
de falha). 
 
Podemos observar abaixo o gráfico do risco dos modos de falha para a moto-bomba 
durante os anos de 1999 e 2000. 
 
MOTO-BOMBA
RISCO DOS MODOS DE FALHA (1999 & 2000)
Freqüência (falhas/dia)
C
on
se
qü
ên
ci
a
 10
 100
 1000
 10000
 100000
0.000010 0.000100 0.001000 0.010000
1999
2000
 
 
Risco Médio (1999) = 0,001291 x 3222,57 = 4,1603 
Risco Médio (2000) = 0,000044 x 7690,03 = 0,3384 
 
Claro, que a redução do risco é um bom negócio. Podemos observar que houve uma 
redução na freqüência de falhas, mas ao mesmo tempo, ocorreu o aumento na severi-
dade das falhas. 
 
Podemos ver que o sistema em questão se movimentou para o “quarto” quadrante 
(para cima e para a esquerda), fazendo com que o sistema fique afeto a falhas catas-
tróficas. A conclusão da avaliação do gráfico acima sugere que as práticas atualmente 
empregadas deverão ser analisadas e mudadas de modo a reduzir a tendência de 
aumento da conseqüência das falhas.

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