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Técnicas de Exame Psicológico II

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Técnicas de Exame Psicológico II
TEPII
Teste psicológico
É utilizado para avaliar indivíduos em alguma circunstância significativa da vida
É um procedimento sistemático (caracterizado por planejamento, uniformidade e meticulosidade) para obtenção de amostras de comportamento relevantes para o funcionamento cognitivo ou afetivo e para a avaliação destas amostras de acordo com certos padrões
É padronizado atendendo à necessidade de objetividade no processo de testagem
Padronização
Corresponde à uniformidade de procedimentos em todos os aspectos importantes da administração, avaliação e interpretação dos testes
Significa tornar tão uniformes quanto possíveis todas as variáveis que estão sob o controle do examinador, para que todos que se submetam ao teste o façam da mesma forma
Também pode se referir ao uso de padrões para a avaliação dos resultados →os padrões são normas derivadas de um grupo de indivíduos (tomado como amostra normativa ou de padronização) no processo de desenvolvimento de um teste
Tipos de testes
1- Testes de habilidade: avaliam conhecimentos, habilidades ou funções cognitivas (as respostas são avaliadas como certas ou erradas)
2- Testes de personalidade: inventários, questionários, levantamentos, listas de verificação, esquemas ou técnicas projetivas (as respostas informam sobre motivações, preferências, atitudes, interesses, opiniões, constituição emocional); as respostas não são avaliadas como certas ou erradas
Escala: grupo de itens que se refere a uma única variável e são dispostos em ordem de dificuldade
Bateria: grupo de vários testes que são aplicados de uma única vez 
 Uso de testes
- Os testes psicológicos são ferramentas, um meio para alcançar um fim e devem ser utilizados para fins positivos, de forma correta
Histórico
Surgiram no início do século XX, no estabelecimento das sociedades urbanas, industriais e democráticas, selecionando os melhores candidatos possíveis para um determinado emprego
No campo da educação o primeiro uso da testagem foi na Idade Média com o surgimento das primeiras universidades européias no século XIII (uso de exames orais e escritos)
Na clínica os antecedentes dos testes psicológicos foram desenvolvidos na Alemanha (na 2° metade do séc. XIX) e alguns na França (no início do séc. XIX). Tinham como objetivo avaliar o nível de funcionamento cognitivo de pacientes com vários transtornos, como retardo mental ou danos cerebrais
A Psicologia experimental (Wundt), enfatizando a necessidade de precisão das mensurações e de condições padronizadas de laboratório foi uma contribuição importante para a testagem psicológica
Galton, em meados do século XIX, deu contribuições significativas para o campo da estatística e da mensuração psicológica tabulando dados (comparação entre pais e filhos com o objetivo de melhorar a raça humana por meio da reprodução seletiva de seus espécimes mais aptos)
No final do séc. XIX o teste de Complementação de Ebbinghaus (preenchimento de lacunas onde palavras ou fragmentos de palavras haviam sido omitidas) foi o precursor do primeiro instrumento de testagem bem sucedido: Escala Alfred Binet
Em 1904 Alfred Binet, psicólogo francês, criou um método para avaliar crianças com retardo mental ou outros atrasos no desenvolvimento, que não conseguiam se beneficiar das classes regulares do sistema educacional público e necessitavam de educação especial
Em 1905 Binet e Simon publicaram o primeiro instrumento para mensuração da capacidade cognitiva geral ou inteligência global (Escala Binet-Simon): o nível geral da capacidade intelectual de uma criança poderia ser medido quantitativamente, em termos de faixa etária à qual seu desempenho na escala correspondia
Em 1911 Stern criou o quociente de inteligência (QI): propôs que o nível mental obtido na escala Binet-Simon, fosse dividido pela idade cronológica do sujeito para se obter um quociente mental que representaria de forma mais precisa a capacidade em diferentes idades → QI= IM/IC x 100
Sperman criou uma teoria da inteligência que enfatizava um fator gral de inteligência (fator g) presente em todas as atividades intelectuais
- Em 1917, na 1° guerra mundial, foi criada ,nos Estados Unidos, uma comissão de psicólogos para desenvolver um teste grupal de inteligência que pudesse ser administrado a todos os recrutas do exército, ajudando assim, na alocação de pessoal: O Army Alpha consistia em 8 subtestes que mediam capacidades verbais, numéricas e de raciocínio, além de julgamento prático e informações gerais
Posteriormente foi criado o Army Beta, um teste equivalente ao Army Alpha, mas que não demandava leitura, podendo ser usado com recrutas analfabetos ou que não falassem inglês
Apesar de algumas consequências negativas com os testes militares, a partir deles a psicologia saiu dos laboratórios e da academia e demonstrou seu potencial de aplicação no mundo real
Após a 1° guerra mundial a testagem psicológica se fortaleceu nos Estados Unidos e os procedimentos de administração e pontuação de testes também foram aperfeiçoados (padronização, confiabilidade)
 Utilização de testes para seleção de trabalhador e para orientação vocacional
- O Army Alpha estimulou o desenvolvimento de testes com o objetivo de selecionar trabalhadores para diferentes ocupações (testes de aptidão e habilidades especiais)
Os procedimentos para o uso de testes na seleção ocupacional envolviam:
Identificação das habilidades necessárias para um determinado papel ocupacional por meio de uma análise do trabalho
Administração de testes elaborados para avaliar a aptidão
Correlação dos resultados dos testes com a mensuração do desempenho no trabalho
Posteriormente testes de habilidades espaciais, motoras e organizacionais surgiram
Na década de 40 as baterias de aptidões múltiplas, desenvolvidas por meio das técnicas de análise fatorial propostas por Spearman, substituiram o uso dos testes de habilidades separadas no aconselhamento vocacional
As baterias de aptidões múltiplas foram criadas a partir do entendimento da inteligência não mais como um conceito unitário e a partir da compreensão das habilidades humanas englobando uma ampla gama de componentes ou fatores separados e relativamente independentes
As mensurações de interesse foram criadas para a orientação vocacional e depois, foram empregadas na seleção de pessoal
Testagem clínica
Desenvolvimento de instrumentos que ajudassem a diagnosticar problemas psiquiátricos
1- Inventário de personalidade
O 1° inventário foi um questionário desenvolvido durante a 1° guerra mundial para triar recrutas que pudessem sofrer de doenças mentais
O Inventário Multifásico Minnesota da Personalidade (1940) MMPI é utilizado até hoje: é um instrumento menos transparente que os testandos não podem manipular tão facilmente porque muitos itens não fazem referência óbvia a tendências psicopatológicas
2- Técnicas projetivas
- Em 1920 surgiram as técnicas projetivas a partir dos métodos de associação livre introduzidos por Galton e usados clinicamente por Kraeplin, Jung e Freud
Em 1921, Rorschach, psiquiatra suiço, publicou o teste de manchas. Essa técnica oferecia um método padronizado para obter e interpretar as reações aos cartões com as manchas de tinta: as respostas refletem o modo singular do sujeito perceber o mundo e se relacionar com ele
Os Teste de Rorschach, de Apercepção temática (TAT),de complementação de sentenças e de desenhos da figura humana são mais sutis e incisivos do que os questionários para a investigação dos aspectos da personalidade que os testandos podem não ser capazes de revelar ou não estar dispostos a isso
3- Testes neuropsicológicos
Os danos cerebrais não são mais vistos como uma condição de organicidade com um conjunto comum de sintomas, mas sim como uma ampla gama de transtornos possíveis resultantes da interação de fatores genéticos e ambientais específicos em cada caso individual
- É necessário a compreensão clínica e científica das muitas relações entre o funcionamento cerebral e a cognição, as emoçõese o comportamento
Uso dos testes psicológicos
1- Tomada de decisões
Determinação de critérios para selecionar, alocar, classificar, diagnosticar ou conduzir outros processos com indivíduos, grupos, organizações ou programas
Atenção: os testes devem ser parte de uma estratégia bem planejada e minuciosa
2- Pesquisas psicológicas
Uso na pesquisa científica sobre fenômenos psicológicos e diferenças individuais
3- Autoconhecimento e desenvolvimento pessoal
- A partir dos anos 1970 alguns profissionais passaram a usar testes e outras formas de avaliação de maneira individualizada, de acordo com os princípios humanistas e existencialistas fenomenológicos (testagem como forma de oferecer aos clientes informações que pudessem promover o autoconhecimento e o crescimento positivo)
3- Avaliação psicológica
Os testes são uma das ferramentas usadas no processo de avaliação
O processo de avaliação psicológica compreende:
Identificação dos seus objetivos do modo mais claro e realista possível
Seleção apropriada dos instrumentos a serem usados na coleta de dados
Administração e pontuação dos instrumentos e interpretação dos dados obtidos
Relatório verbal ou escrito comunicando as conclusões às pessoas que solicitaram a avaliação
Conceito de projeção em Psicologia
Em 1939, a expressão métodos projetivos foi criada para explicar o parentesco entre três provas psicológicas: teste de associação de palavras de Jung (1904), teste de manchas de tinta de Rorschach (1920) e Teste de apercepção temática (TAT) de Murray (1935)
Estas técnicas formam o protótipo de uma investigação holística da personalidade, abordando a personalidade como uma estrutura em evolução, cujos elementos constitutivos se encontram em interação
Os testes projetivos passaram a ser considerados os mais valiosos instrumentos do método clínico em psicologia e uma das mais importantes aplicações práticas das concepções teóricas da psicologia dinâmica
Os testes projetivos têm um método próprio, diferente daquele que fundamenta os testes psicométricos, proporcionando na prática efetiva do conhecimento de uma pessoa uma eficiência clínica que compensa seu menor rigor estatístico
As técnicas projetivas se caracterizam pela ambiquidade do material apresentado ao sujeito e pela liberdade que lhe é dada para responder. Estas duas características situam o método projetivo dentro das tendências respectivas da psicologia da forma (Gestalt) e da Psicanálise
Enquanto na Gestalt, a ambiquidade do material é utilizada para abordar as condições externas da percepção, na temática projetiva é usada para abordar as condições internas
A partir da psicanálise as projeções do sujeito são interpretadas como reveladoras de suas tendências e de seus conflitos
A projeção como todo mecanismo de defesa envolve conflitos inconscientes, defesas contra tendências inconscientes, atribuição a outro de ideias, sentimentos e atitudes inconscientes, rejeição da tensão, da angústia, da culpa (1896, “Estudos sobre as psiconeuroses de defesa” Freud)
Uma percepção interna é reprimida e, substituindo-a, seu conteúdo, após sofrer certa deformação, chega à consciência sob a forma de uma percepção vinda do exterior (1911, “Caso Schreber”, Freud)
Testes psicométricos x Testes projetivos
Testes psicométricos:
As normas gerais são quantitativas (o resultado é um número ou medida)
Os itens do teste são objetivos e podem ser computados de forma independente uns dos outros conforme uma tabela
Testes projetivos
As normas são qualitativas
Seus elementos não podem ser medidos separadamente
A relativa certeza do diagnóstico será dada a partir da constância de certas características avaliadas no teste
Testes projetivos: TAT, CAT e teste das fábulas (técnicas de contar histórias);PMK e Palográfico (testes expressivos); HTP (teste gráfico); Zulliger e Rorschach (testes de manchas de tinta)
Características dos testes projetivos
Semelhanças e diferenças em relação à situação psicanalítica:
Falar livremente, comunicar ideias, impressões, sentimentos à medida que estes se apresentam à sua consciência → duração diferente (“psicanálise condensada”); material desencadeador das associações
À semelhança da situação psicanalítica, as instruções proporcionam a maior liberdade à pessoa e, ao mesmo tempo representam para ela uma restrição. É condenada a ser livre, isto é, a revelar-se
O examinador adota a atitude de neutralidade indulgente, característica do psicanalista. Estabelece-se uma relação transferencial mais ou menos manifesta e mais ou menos breve (conforme seja positiva ou negativa estimula a produção do sujeito ou seus bloqueios)
O testando está mais livre, no que se refere à transferência, do que o paciente em análise: envolve-se rápido, intensamente, mas por pouco tempo; sente-se mais seguro por poder se desligar logo que o teste termine
A regressão psíquica ligada à posição do corpo no espaço é mais profunda na psicanálise. Esta diferença coloca uma situação análoga à diferença relativa à duração: convida-se o testando para um rápido mergulho no inconsciente, facilitando-lhe os meios de se refazer prontamente
A estruturação inconsciente do material, a liberdade das respostas e do tempo, o fluxo relativo das instruções tornam a situação projetiva em certa medida “vazia”, vazio que o sujeito deve preencher, recorrendo a suas aptidões e inteligência e mais aos recursos profundos de sua personalidade
Tal situação vazia tem, como efeito, o avivamento no indivíduo de conflitos psicológicos, o desencadeamento de angústia e regressão
A angústia associa-se a representações fantasmáticas inconscientes, que transparecem no conteúdo das respostas enquanto que os mecanismos de defesa do ego contra a angústia e contra os fantasmas se manifestam principalmente nas características formais das respostas
Teste de Rorschach
O teste de Rorschach remete à fase pré-verbal da infância, a regressão é profunda, fazendo com que o testando volte aos problemas de diferenciação do exterior e do interior, da mãe e do filho, do objeto e do sujeito
Sendo um teste projetivo estrutural alcança um corte representativo do sistema da personalidade, de seu equilíbrio, de sua maneira de apreender o mundo, das inter-relações entre id, ego e superego
A interpretação decorre da interação dos dados entre si, das suas respectivas relações, não tendo uma variável qualquer significado real a não ser em relação ao contexto global
Todas as respostas ao teste são”percepções sensoriais completadas subjetivamente”, sendo completadas em graus variáveis, desde as associações muito simples de semelhança formal até às associações mais complexas com algo que foi vivido, experimentado afetivamente, desejado ou temido
Os diferentes determinantes utilizados pelo indivíduo em suas respostas refletirão as suas capacidades de adaptação ao objeto estímulo e às qualidades perceptivas deste, assim como a sua aptidão para se desprender dele e apoiar-se na sua experiência
As respostas representam uma gama de atitudes que vão do perceptivo ao projetivo, do percebido ao vivido, refletindo por isso mesmo, as modalidades de ação, de relação do sujeito com as diferentes situações que defronta
Em cada uma das respostas ocorre uma articulação entre os dois tipos de reação: perceptivo e projetivo
A totalidade dos fatores que caracterizam as respostas inscreve-se numa oscilação de movimentos em que o jogo dos mecanismos defensivos e adaptativos dá conta da variedade de combinações na organização interna das três fases da resposta e na totalidade do teste
A verbalização, a maneira de conduzir a resposta, a sua mobilidade ou rigidez constituem indicações preciosas sobre a organização dos modos defensivos da personalidade
O sujeito pode manter-se muito próximo da estrutura do objeto, adere à sua realidade e descreve-a. Neste caso o processo é descritivo e perceptivo. Em outras reações, o processo é nitidamente interpretativo, onde o sujeito fornece uma imagem mais pessoal, mais distanciada do estímulo, mais projetivaO teste investiga como o sujeito organiza e estrutura sua personalidade a partir da maneira pessoal de elaborar e configurar as respostas diante das manchas ambíguas
Histórico
Herman Rorschach (1884-1922) nasceu em Zurique, seu pai era pintor e professor de desenho. Hesitou entre a carreira artística e a médica. Formou-se em medicina e especializou-se em psiquiatria
Rorschach tinha dons artísticos e clínicos, interessava-se por exposições de pintura e impressionava-se com a maneira com que pessoas diferentes reagiam diante do mesmo quadro 
“O teste de Rorschach foi elaborado longe das universidades, dos laboratórios, das grandes bibliotecas, em um pequeno hospital psiquiátrico, por um homem que não estudara psicologia, não frequentara congressos internacionais, nem conquistara títulos oficiais” (Ellenberger –biógrafo)
A estimulação decisiva para a elaboração do teste de manchas de tinta veio da tese de um estudante polonês (Szymon Hens, 1917) que acabara de concluir medicina em Zurique, na clínica de Bleuler
Szymon com 8 pranchas contendo manchas de tinta testou 1.000 crianças, 100 adultos normais e 100 psicóticos, pretendendo investigar a imaginação
Questões colocadas por Hens que foram decisivas para Rorschach:
1- Certos sujeitos interpretam toda a mancha e outros somente detalhes. Este fato é significativo?
2- Todas as manchas eram em preto e branco. Que resultados seriam obtidos com manchas coloridas?
3- Este método serviria para o diagnóstico das psicoses?
A originalidade de Rorschach está em ter transformado o teste de manchas de tinta em teste de personalidade e não mais de imaginação e em ter encontrado a chave para a nova interpretação: as respostas de figuras em movimento expressam a introversão do sujeito; as respostas que usam a cor a extratensão
Em 1918, Rorschach elaborou as pranchas do teste
Técnica de administração
Material:
Pranchas ou lâminas (10)
Folha de localização
Cronômetro
Folha de protocolo
Aplicação do teste
Escolha do vocabulário: as explicações devem variar de acordo com a idade, nível cultural, aspectos psicopatológicos, etc.
Preparação do material:
Sala de aplicação
Iluminação adequada
Disposição do examinando e do examinador
Lâminas em bom estado
Cronômetro sobre a mesa
Material suficiente para que não ocorra interrupção
c) Instruções para a aplicação:
Devem ser claras e breves
Devem deixar claro que a duração do teste é livre, que o cronômetro será usado e que cada pessoa tem a liberdade para ver o que quiser, não existindo respostas certas ou erradas
As pranchas devem ser apresentadas na posição correta
d) Marcação do tempo:
O cronômetro deve ser acionado assim que a prancha for apresentada
Marca-se o tempo reacional (tempo transcorrido entre a apresentação da prancha e a primeira resposta
Da primeira resposta até a última, em cada prancha, marca-se o tempo de realização
Tempo total do teste = tempo de reação + tempo de realização
Anota-se todas as respostas como são faladas pelo examinando (observar expressões durante a apresentação e o manuseio de cada prancha)
Registra-se todas as mudanças de posição das pranchas:
Prancha na posição correta: ^
Prancha na posição invertida: v
Prancha virada para direita: >
Prancha virada para esquerda: <
Girando a prancha:
Após a apresentação de todas as pranchas, pede-se que escolha a que mais gostou. Pergunta-se porque. Depois pede-se que escolha a que menos gostou. Pergunta-se porque
Inquérito
Abre-se a folha de localização e diz que são as mesmas manchas que foram vistas nas pranchas
Ex: Esta corresponde a primeira prancha. Você disse primeiro que viu um morcego. Passe o dedo em volta de onde você viu o morcego (marca-se o desenho e coloca o número 1)
Porque lhe parece um morcego? Ou O que lhe fez lembrar um morcego?
Como você está vendo este morcego? Ou Como está este morcego?
Observações:
1- O tempo de reação pode demonstrar um choque à prancha
2- Com mais de 10 respostas muda-se a prancha
3- Número total de respostas entre 20 e 30 para a população geral
4- O tempo de reação corresponde, em média, a 45 segundos
5- Cada resposta será classificada três vezes, segundo sua localização, seu determinante e seu conteúdo
1- Classificação quanto ao tipo de percepção (localização)
Através da percepção verifica-se o funcionamento da inteligência
1.1- Respostas globais (G): percepção da mancha em sua totalidade
Indica energia disposicional da atividade associativa e frequentemente também, gosto consciente ou inconsciente pelas realizações mais complicadas
Indica capacidade de abstração, capacidade combinatória, lógica e construtiva
a) Respostas globais primárias:
Apreensão em um único ato perceptivo da impressão do conjunto da prancha sem diferenciação prévia de detalhes
Costumam ser percebidas por um grande número de pessoas (vulgares ou populares)
b) Respostas globais secundárias:
Na elaboração das respostas ocorre uma sucessão de operações mentais
b.1) Simultâneo-combinatórias: o sujeito combina diversos elementos da mancha e os engloba numa única resposta. A combinação é feita simultaneamente
Caracterizam pessoas inteligentes com boa capacidade de síntese e de abstração
O que as diferencia das respostas vulgares é a qualidade das respostas
b.2) Sucessivo-combinatórias: os detalhes são percebidos sucessivamente e englobados numa única resposta. O trabalho de síntese é mais lento
b.3) Confabulatórias: a partir da percepção de um detalhe todos os outros são englobados
b.4) Contaminadas: condensações esquizofrênicas que fundem duas respostas
A porcentagem normal de respostas globais é de 20 a 30% com relação ao número total de respostas 
G%= Gx100/R sendo R = número total de respostas no teste
1.2- Respostas de detalhes (D): abrangem um determinado setor da mancha
Estão relacionadas com a inteligência prática, interesse pelo concreto, capacidade de ajustamento aos aspectos práticos da realidade imediata
D%= Dx100/R
A porcentagem normal de respostas D em um teste é de 45 a 55% das respostas totais
1.3- Respostas de pequeno detalhe (Dd): 
Indicam preocupação com as minúcias
Dd%= Ddx100/R
O número normal de respostas Dd em um teste é de 10 a 15% das respostas totais
Diferencia-se D de Dd estatisticamente e não pelo tamanho
Existem detalhes em algumas pranchas que embora sejam pequenos são percebidos por um grande número de pessoas sendo considerados D
1.4- Respostas em branco (Dbl): a resposta é constituída pelos espaços brancos situados entre as manchas
Predominam em pessoas excêntricas e obstinadas, revelam tendência oposicionista
1.5- Respostas de pequeno detalhe oligofrênico (Do): são respostas que interpretam apenas uma parte do corpo humano quando todos percebem o ser em sua totalidade
- Ocorrem por uma incapacidade de integração dos elementos entre si, numa síntese total. São encontradas nas pessoas com déficit cognitivo grave, mas também em pessoas angustiadas e depressivas
2- Classificação quanto ao determinante
É o elemento que determina a resposta (forma, movimento e cor)
2.1- Respostas formais (F)
Caracterizam a capacidade do indivíduo para se orientar na vida, para se adaptar à realidade pelo uso da razão (controle intelectual)
Fundamentam-se única e exclusivamente na forma
São classificadas em: 
F+ formas bem vistas
F- formas mal vistas ou erroneamente percebidas
F+- respostas intermediárias
A classificação em mais, menos ou mais ou menos é determinada estatisticamente e consta no atlas de localização das respostas do Rorschach
 F%= (F+) + (F-) + (F+-)/R x 100
F% sinaliza o grau de controle intelectual
O número de F% não deve ir além de 50% do número total de respostas
Mais de 50% significa coartação da personalidade, ou seja, a espontaneidade, a capacidade de criação, de reação emocional, a sensibilidade de um modo geral estão limitadas ou ausentes. Caracterizando pessoas rígidas, pouco flexíveis, vigilantes, atentas a seus próprios atos
De 60 a 80% de respostas F implica e inflexibilidade e constriçãojá com elementos compulsios
Acima de 80% indica casos patológicos
Próximo de 40% indica o aumento da espontaneidade
Abaixo de 40% indica sinais de desajustamento às normas
F+% sinaliza capacidade crítica, capacidade de atenção, de rotular com precisão, nitidez da percepção dos processos associativos
F+% avalia a aptidão para orientar o pensamento mantendo uma atenção precisa e um julgamento exato
F+%= (F+) + (F+-)/2/(F+) + (F-) + (F+-) x100
A porcentagem ideal é de 75 a 80%
Acima de 80% sugere nível de inteligência superior
2.2- Respostas de movimento (K)
Interpretação da mancha como uma figura executando um movimento
Serão consideradas respostas K unicamente as percepções de seres humanos e de animais realizando movimentos antropomórficos
Representam a fantasia criadora, frente às respostas F, que representam o objetivo
O predomínio de respostas K apontam para uma inteligência mais diferenciada, vida mais orientada para o íntimo, afetividade mais estabilizada, contato mais intenso do que extenso. O comportamento exterior é, por vezes, inepto e a capacidade de adaptação, sofrível
O número de k entre os normais, aumenta com a produtividade da inteligência, com a riqueza das associações, com a capacidade de estabelecer novas ligações associativas
O número de k apresenta-se diretamente proporcional ao número de G: a mesma energia disposicional que determina o grande número de G deve também ser o fator determinante de respostas K
O número de K está ligado à variabilidade das associações, tem alguma relação com o afrouxamento das associações, o qual evita a predominância das atitudes associativas esteriotipantes e aumenta o número de respostas originais
A tendência à esteriotipia aumenta normalmente com a idade, da mesma forma que o número de k diminui com a idade
A disposição eufórica aumenta o número de k e a deprimida diminui 
Quanto melhores forem as formas maior o número de respostas k
Movimentos de extensão caracterizam indivíduos ativos, corajosos (embora às vezes sujeitos a inibições neuróticas)
Movimentos de flexão caracterizam indivíduos passivos, resignados
Cinestesias menores
Quando as motivações das respostas K são deslocadas para substitutos tais como animais e objetos
Cinestesia animal (Kan)
Referem-se a respostas de animal inteiro e animado
É comum em crianças e adultos imaturos e instáveis (tendências que permanecem infantis, espontaneidade de expressão e desejos)
b) Cinestesia objetal (Kob)
Refere-se a resposta de movimento centrífugo, possuindo em si mesmo fonte de energia
Sinaliza conflitos internos muito intensos que interferem não permitindo uma íntima colaboração entre a vida interior e o ambiente externo
Controle interno
K:Kan +Kob 
Proporção ideal: K > Kan + Kob
 1 : 1,5
- Se o número de K for maior sugere equilíbrio e calma para enfrentar as condições ambientais negativas, procurando refúgio na vida interior
Se o número de respostas K for muito baixo sugere fraco controle interno. A pessoa teme sua própria imaginação, tem dificuldades de pensar em como enfrentar as situações
Quando não apresenta respostas K sugere adaptação precária ao meio externo. Deve-se verificar os outros controles para saber se estes estão bem representados
- Relação entre as respostas K (vida interior, capacidade de introspecção) e respostas G (Capacidade mental, capacidade de realização) 1:2
- Sendo K = capacidade criadora e tendência à conquista intelectual e G = capacidade produtiva para levar a termo as possibilidades implícitas em K:
 Então se o número de K for maior ou próximo do número de G: tendência à fantasia e ao narcisismo, elaboração muito baixa. O indivíduo não concretiza no plano da realidade suas potencialidades intelectivas
Quando o número de respostas G for muito maior do que o número de respostas K: dificuldade de controle interno, a pessoa age sem grande elaboração, impulsividade
2.3- Respostas de cor (C)
Através delas constatamos a reatividade afetiva
FC (quando a forma predomina sobre a cor): Capacidade de contato
CF (quando a cor determina a resposta): 
Labilidade
C (quando o único determinante da resposta é a cor):
Impulsividade
- Cn (cor nomeada): o sujeito dá como resposta o nome da cor. A resposta não é computada, é vista qualitativamente, raramente aparece, sendo indício de patologia
Resposta FC
Representam capacidade de emoção controlada pela razão, esforço para ser objetivo, concordância emocional com a realidade externa.
Respostas CF
Representam irritabilidade, grau de emotividade e instabilidade afetiva, reações emocionais mais intensas, impulsivas e violentas. Afetividade instável.
As pessoas são explosivas e se descontrolam inesperadamente
Resposta C
Expressam respostas de emoção sem controle.
Caracterizam intensa irritabilidade e instabilidade afetiva.
Demonstram baixo índice à frustração
Os adultos normais raramente apresentam respostas C
Respostas Cn
É comum em crianças, seu significado é patológico a partir da adolescência
Implicam em grande pobreza associativa, aparecem nos casos de déficit cognitivo grave e em doenças orgânicas (epilepsia)
Sua interpretação tem valor qualitativo
Quanto mais estáveis os afetos, tanto mais precisa é a visão de formas; quanto mais lábeis os afetos tanto menos precisa será a visão de formas
Indivíduos com perturbações depressiva têm pobreza de respostas de cor
Indivíduos com perturbações eufóricas fornecem numerosas respostas de cor
As respostas C e CF exprimem mais a afetividade egocêntrica, enquanto as respostas FC evidenciam mais a capacidade de adaptação afetiva
As respostas FC expressam a capacidade de contato e adaptação
Quanto mais o número de FC ultrapassar o número de CF, tanto mais estável, adaptável e capaz de contato será a afetividade
Choque e rejeição à cor: consiste num aumento do tempo de reação acompanhado quase sempre de estupor. Manifesta-se por um bloqueio dos processos associativos
Quando o sujeito não apresenta respostas de cor, ou são escassas, sugere bloqueio afetivo
Controle externo
Proporção ideal: FC > CF + C
Quando o resultado está na proporção ideal sugere controle do racional sobre o emocional, do formal sobre o sensorial
Tipos vivenciais
→ Coartado (0K:0C)
Ocorre predomínio das respostas formais
Predomina o pensamento lógico disciplinado, hiperfunção da atenção consciente. O indivíduo age sob controle constritivo em detrimento dos outros aspectos da personalidade como vida interior, imaginação, afetividade, sensibilidade, capacidade de relacionamento
→ Coartativo (1K:1C)
Apresenta as mesmas carcterísticas do coartado, porém, menos marcantes
Nestes dois tipos vivenciais as pessoas são estritamente formais, sentem-se incomodadas quando entram em jogo os componentes afetivos ou colocam à prova a imaginação
→ Introversivo (K > C)
Caracteriza pessoa “fechadas” que vivem intensamente suas fantasias, pouco participando do sentir geral
Funcionam mais na esfera intelectiva, são críticos, individualistas e a afetividade funciona mais intensiva do que extensivamente
As respostas são originais não ocorrendo esteriotipias
→ Extratensivo (C >K)
Indica relação afetiva fácil e expansiva. O extratensivo vibra com os acontecimentos, é influenciável pelo ambiente, é mais objetivo e materialista do que o introversivo, confraterniza com facilidade, mas é menos estável, mais lábil do que o introversivo
Possui inteligência mais reprodutiva do que criadora
→ Ambigual (K = c)
Indica a vida interior, capacidade criadora, estabilidade dos introversivos e têm os recursos práticos e adaptativos dos extratensivos
Respostas acromáticas (C’; FC’; C’F)
São respostas em que as cores cinza. Preta ou branca são utilizadas como determinantes da percepção
Revelam tendências extratensivas mais inibidas que as cromáticas e ainda componentes ansiosos e depressivos da personalidade
Revelam comportamento passivo e inibido com os outros seres humanos e, podem caracterizar também expressão cautelosa das emoçõesRespostas esfumaçadas (FE; EF; E)
São determinadas pelo contraste de claro e escuro ou as diferentes tonalidades
A tonalidade é utilizada tanto em seu aspecto sensorial, tátil como em seu aspecto de profundidade e perspectiva
Caracterizam sentimentos de inferioridade, de inadequação afetiva, de ansiedade e angústia perante o ambiente social (sentimento de abandono e temor injustificável de fracasso)
As respostas esfumaçadas exprimem o tato no relacionamento social
Controle social
Proporção ideal: FE > EF + E
Significa que o indivíduo demonstra bom controle da ansiedade em relação ao meio ambiente, tato no relacionamento social
Respostas de claro-escuro (FClob; ClobF; Clob)
É mais comum em pranchas cinzento escuras. Estas tonalidades podem representar angústia, depressão ou agressividade
As repostas clob representam uma angústia patológica, característica da neurose, representam ainda, receptividade às emoções dolorosas, fragilidade das estruturas mais profundas da personalidade
Ex: castelos em ruínas; tempestade ameaçadora
3- Respostas de Conteúdo
3.1- Conteúdo animal
A: animal inteiro
Ad: partes de um animal
(A): A estilizado
Um número muito elevado de conteúdo animal caracteriza esteriotipia, as funções do pensamento estão sujeitas a um rígido controle, de tal forma que as conexões entre as associações carecem da flexibilidade necessária para tornar o pensamento variado
 A% = A + Ad x 100/R (ideal de 35 a 50%)
A% maior que 50% sugere esteriotipia e rigidez intelectual
A% menor que 35% sugere pessoas imaginativas
3.2- Conteúdo humano
H: figura humana inteira
Hd: partes da figura humana
(H): H estilizado
As respostas de conteúdo humano revelam interesse em si próprio e nos outros seres humanos
H% = H + Hd x 100/R (ideal de 15 a 20%)
H% < 15% sugere distância da realidade imediata
H% >20% sugere que a figura humana foi incorporada negativamente e constitui fonte de ansiedade
H% = 0 sugere aversão à figura humana ou à sociedade
3.3- Conteúdo anatômico (Anat)
Referem-se às partes internas do corpo humano
Anat% = Anat x 100/R 
Anat% de 45 a 50% pode indicar esteriotipia
Quando o número não passa de 40% e são positivas costumam revelar tendências hipocondríacas
3.4- Conteúdo de objeto
Não são muito frequentes, a não ser em crianças ou em pessoas com deficiência cognitiva grave
Se a porcentagem for além de 10% é índice de falta de concentração, interesse pouco intenso em setores mais intimamente relacionados com a capacidade criadora
Simbolismo das pranchas
Prancha I: representa as primeiras relações com a mãe
Prancha II: desperta reações afetivas e associações sexuais
Prancha III: sociabilidade
Prancha IV: imagem paterna, conflitos em relação a auto aceitação
Prancha V: adaptação à realidade, representação de si mesmo
Prancha VI: sexualidade
Prancha VII: figura materna associada à segurança
Prancha VIII: relação afetiva com o ambiente social
Prancha IX: inconsciente
Prancha X: reações frente ao perigo do despedaçamento, da desagregação

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