Conteúdo Interativo estudo dos conflitos aula 8

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04/04/2018 Disciplina Portal
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Estudo sobre os conflitos
Aula 8 - Teoria dos jogos, dilemas e conflitos
INTRODUÇÃO
Antes de começarmos a compreender a importância da teoria dos jogos e os dilemas para o estudo dos conflitos é
importante estabelecer, como já foi dito, que o estudo do conflito é interdisciplinar. Não podemos entender o conflito e
a formulação matemática que a teoria dos jogos faz do mesmo, sem considerarmos o processo de tomada de
decisões.
Todo tipo de ação que se adota seja em âmbito pessoal, social, nacional e internacional, de forma reativa ou interativa,
implica em uma análise entre todas as partes que tomam a decisão ou se veem afetadas por ela.
O confronto com as situações de conflito, tanto na teoria dos jogos quanto nas estratégias de resolução de conflitos,
como, por exemplo, a mediação, implica em um processo de tomada de decisões que devemos levar em conta, se
queremos entender a dinâmica do conflito e sua transformação.
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Os fatores estruturais, estudados na teoria dos jogos, são os determinantes primários dos comportamentos que se
manifestam no conflito. Estes fatores podem ser: a modificação das recompensas que suporta cada estratégia, o
tamanho do grupo, o tempo de interação, por exemplo. As pessoas se comportam de maneira diferente dependendo se
os conflitos forem de valores, estruturais, de relação, informação ou de interesses.
As situações integrativas podem produzir mais cooperação. Muita gente que, vive uma situação conflituosa, é incapaz
de perceber que a situação é integrativa e, ao expô-la como distributiva, perde a opção de alcançar soluções
colaborativas e eficazes para todos.
OBJETIVOS
Reconhecer a teoria dos jogos;
Identificar alguns jogos de estratégia;
Compreender a relação entre a teoria dos jogos e os métodos de resolução ou gestão de conflitos.
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TEORIA DOS JOGOS
É importante esclarecer, neste primeiro momento, o termo “jogo”.
Fonte:
Este termo deve ser entendido como uma estratégia dirigida às situações de conflito, onde uma pessoa deve realizar
uma escolha, sabendo que outras estão realizando suas escolhas, também, ao mesmo tempo. O resultado do conflito
estará determinado pelas escolhas realizadas.
Compondo a palavra “jogo” temos os seguintes componentes:
A teoria dos jogos oferece subsídios teóricos para os que buscam entender de forma matemática-formal como facilitar
a resolução de disputas, tais como presentes no processo judicial, notadamente a mediação, a negociação e a
arbitragem.
Mas, afinal, do que trata essa teoria?
A teoria dos jogos corresponde a um dos ramos da Matemática cujo desenvolvimento ocorreu no século XX,
particularmente depois da Primeira Grande Guerra Mundial. Seu principal objeto de estudo é o conflito, conforme
ocorre quando as atividades incompatíveis acontecem. Tais atividades podem surgir em uma pessoa, um grupo ou
países e até nação.
Na teoria dos jogos, o conflito pode ser entendido como a situação na qual duas ou mais pessoas têm que desenvolver
estratégias para maximizar seus ganhos, de acordo com certas regras preestabelecidas.
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Para continuar lendo sobre a teoria dos jogos, clique aqui. (glossário)
(glossário)
Vamos entender um exemplo simples:
Fonte da Imagem:
Vamos supor que 30% desses compradores estão interessados em temas orçamentários e 70% no tratamento da
doença. Essas pessoas comprarão a revista dependendo da história da capa.
Se ambas as revistas tiverem a mesma capa, os compradores ficarão divididos.
Fonte da Imagem:
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O editor da revista A pode pensar:
“— Se o editor da revista B escolher a história da doença, eu escolho a história do orçamento e levo todo o mercado dos
interessados no orçamento (30%), ou publico a história da doença e reparto com B o mercado dos interessados na
doença (35%). Se a revista B escolher a história do orçamento posso levar 15% dos leitores, se adotar a mesma história
ou 70% se escolher a história da doença.
Essa situação ficaria refletida em uma tabela, da seguinte forma:
Tabela de resultados ou matriz
Na decisão sobre qual capa publicar é fácil perceber a estratégia dominante: a primeira fileira é melhor do que a
segunda, cada número da primeira fileira é maior do que os números imediatamente abaixo.
Dilema do prisioneiro
Um dos mais clássicos exemplos da aplicação da teoria dos jogos e que demonstra os problemas, por ela levantados,
é o chamado dilema do prisioneiro.
O dilema foi formulado por Albert Tucker, professor de Princeton, na década de 1950, embora tenha sido primeiramente
proposto por Flood e Dresher, cientistas da Rand na época. Vamos a uma de suas versões, lembrando que esta
questão é muito mais ampla do que apenas um jogo porque envolve um dilema ético.
A história é a seguinte:
Esquematicamente teríamos a seguinte matriz:
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Manual de Mediação Judicial (2013), p. 51.
Dilema do Covarde
Outro dilema interessante, para exemplificar a teoria dos jogos, citado por Lima (2012), é o dilema do covarde. Neste,
os jogadores podem ou não colaborar. Para determinar a melhor estratégia de cada jogador devemos considerar
qualquer resultado possível. Existem várias versões sobre esta situação, esta é uma delas.
Você e um amigo entram em seus carros, após um pacto. Adiante, existe um penhasco. O primeiro a parar ou mudar a
direção do carro é o covarde. Se ambos pararem, simultaneamente, ninguém é covarde, mas também ninguém vencerá.
NA SUA OPINIÃO, QUAL SERIA O MELHOR RESULTADO?
O melhor resultado para você será o seu amigo parar primeiro. Você vencerá e ele será o covarde.
O pior resultado para ambos será vocês não pararem e cairem no precipício.
Alguns jogos de estratégia
Vejamos alguns jogos de estratégia:
O princípio minimax e o equilíbrio de Nash
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Um ponto minimax é aquele no qual um jogador nunca ganhará menos que um valor X, ou seja, garante que seu
mínimo máximo seja aquele valor, e o outro jogador garante que o seu ganho nunca será menor que um valor Y, ou seja,
seu máximo mínimo.
Um par de estratégias (minimax: maximin) garante que, enquanto um dos jogadores mantiver sua estratégia minimax,
não importa o que faça o outro jogador, o resultado do jogo será o do equilíbrio.
Aplicação deste princípio pode ser entendida a partir do seguinte exemplo:
Assim, ela tem um incentivo real para cortar o bolo o mais próximo possível da metade, ou seja, buscará assegurar o
ponto maximin (o "maior" mínimo possível, já que a irmã escolherá o maior pedaço), enquanto à irmã restará o
minimax, o mínimo máximo, ou seja, a metade do bolo mais uma pequena porcentagem, já que é muito difícil cortar
exatamente na metade um pedaço de bolo.
Deve-se considerar que ela escolherá o maior pedaço, mesmo que a quantidade maiorque a do outro pedaço seja
mínima. Note-se que o equilíbrio minimax só ocorre em jogos de duas pessoas com soma zero, nos quais a
colaboração é impossível.
De outro lado, Nash parte de pressuposto contrário ao de Neumann. Para Nash é possível agregar valor ao resultado do
jogo por meio da cooperação. A cooperação, no equilíbrio proposto por Nash, não é bilateral, necessariamente. O
princípio do equilíbrio pode ser assim exposto como a combinação de estratégias que os jogadores preferencialmente
devem escolher, na qual nenhum jogador faria melhor escolhendo uma alternativa diferente dada a estratégia que o
outro escolhe.
O equilíbrio é o ponto comum em que dadas as estratégias escolhidas, nenhum dos jogadores se arrepende, ou seja,
não teria incentivo para mudar de estratégia, caso jogasse novamente. Essa ideia foi ilustrada em uma das cenas do
filme "Uma mente brilhante", de Ron Howard, baseada em obra homônima de Sylvia Nasar. Vamos assistir?
Na cena, John Nash está com um grupo de colegas da universidade em um bar, quando entra no recinto uma mulher
muito bonita acompanhada por algumas amigas. Nash e seus amigos, interessados na mulher mais bonita, começam
a discutir para decidir quem iria falar com ela.
Nash propõe duas hipóteses:
• na primeira, os rapazes tentam conquistar a mulher bonita, mas apenas um consegue conquistar sua simpatia; 
• a segunda hipótese segue o raciocínio de que cada um dos rapazes deveria procurar as outras moças, não a mais
bonita. Isso porque, de acordo com o conceito de equilíbrio, desenvolvido por ele, cada um deve buscar o seu interesse,
levando em consideração o interesse dos outros envolvidos.
Como vimos, no filme, a utilidade geral é bem superior ao primeiro caso, porque no segundo, as chances dos rapazes e
das moças ficarem sozinhos na festa são mínimas, ao passo que, no primeiro, quase todos ficariam sós.
Passou-se a um jogo cooperativo de soma não zero, em que o valor agregado do jogo todo aumentou de forma
considerável.
Segundo Dawes (1988), um dilema social é do prisioneiro com múltiplas partes, onde cada uma tem uma estratégia
dominante (competitiva) que serve ao seu próprio interesse. Entretanto, o interesse de todas as partes seria escolher
coletivamente a opção não dominante (cooperar).
Um dilema social é uma situação em que todos os participantes têm estratégias dominantes que levam a um equilíbrio
deficiente. O problema dos dilemas sociais é que a melhor estratégia para quem escolhe é optar pela alternativa
dominante, esperando que o resto das pessoas envolvidas não o faça.
Uma das possibilidades para conseguir uma atitude cooperativa é a comunicação. Esta pode levar a uma
“solidariedade grupal” que possibilita tanto a cooperação voluntária quanto a confiança em que os outros também irão
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cooperar. As pessoas tendem a se apresentar como voluntárias quando imaginam que a sua participação é crítica ao
grupo. Quando esta possibilidade de ser necessário para o grupo diminui, a frequência para apresentar-se como
voluntário, também diminui.
Teoria dos jogos e métodos de resolução ou gestão de
disputas
Uma das finalidades da função jurisdicional é promover a pacificação social. Porém, tal finalidade não tem sido
alcançada. Segundo Almeida (2003):
O processo judicial contencioso é um jogo não cooperativo. Além de não cooperativo, o processo judicial pode ser
também classificado como um jogo de soma zero. Como já estudamos, a não cooperação é típica de jogos de soma
zero porque é impossível trazer aos autos, após a estabilização da lide, pedidos novos prontos para agregar valor e
garantir uma negociação ampla dos termos da questão judicial. Entretanto, apesar de ser um jogo de soma zero, o
processo judicial não tem, necessariamente, um ponto minimax em que ambos os adversários conseguem assegurar
uma utilidade mínima.
Apesar de estarmos considerando o processo judicial um jogo, quem decide é um terceiro, o juiz, e não as partes. Além
disso, o juiz não poderá decidir a lide de modo que os interesses das partes sejam ressalvados porque julgará de
acordo com o Direito e não com interesses.
 
A impossibilidade de se encontrar, no processo judicial, o ponto de equilíbrio de Nash ou mesmo um ponto de equilíbrio
minimax é fator que proporciona grandes insatisfações em relação ao poder judiciário.
Se os pontos de equilíbrio garantem, de certo modo, a possibilidade de que cada parte consiga assegurar o melhor
possível, por outro lado, o processo judicial determina que, no mínimo, apenas uma das partes terá sua utilidade
garantida.
Em muitos casos, mesmo a parte vitoriosa considera insatisfatória a prestação jurisdicional, seja em virtude da
morosidade processual, seja pela própria insatisfação com o resultado. Outra característica do processo judicial é a
informação perfeita. Em relação aos princípios de publicidade e do livre convencimento motivado, todos os litigantes
têm conhecimento de todas as jogadas, que são os atos processuais praticados, realizados até então, bem como
sobre as regras do jogo, representadas pela legislação processual vigente.
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Fonte da Imagem:
No caso da mediação, ela é um jogo cooperativo. A própria função de mediador é a de fazer que as partes se
entendam, levando em conta seus sentimentos e interesses, além da outra parte, promovendo uma maior possibilidade
de cooperação no processo.
A cooperação está diretamente ligada às informações disponíveis para as partes. A presença do mediador estabelece,
pelo menos, a possibilidade de um equilíbrio de Nash. Por causa da própria presença de um terceiro neutro ao
processo, as partes tenderão a encontrar um acordo mutuamente satisfatório do qual ambas não deverão se
arrepender no futuro.
O trabalho do mediador garante isso, porque as partes estarão aptas a oferecer propostas reais e modificarem suas
posições fixas para interesses comuns. A mediação é caracterizada por outro fundamento que permite confirmar a
existência do equilíbrio de Nash. Toda mediação é um jogo de soma não zero.
A teoria dos jogos nos fornece critérios seguros para identificar as peculiaridades de cada método e suas respectivas
vantagens e desvantagens. Não existe propriamente um método melhor ou mesmo perfeito, cada um cumpre
determinadas finalidades, o que não exclui os méritos dos demais métodos.
Usando como analogia a Medicina, podemos perceber que existem diversos medicamentos para o tratamento e cura
de diversas doenças, da mesma forma, cada método de resolução de conflitos ou interesses pode ser utilizado para
tratar diferentes conflitos e, conseguir chegar à construção da pacificação social de forma mais rápida e mais
econômica.
Quanto ao processo judicial, é claro que os competidores se veem obrigados a tomar decisões e agir no sentido de
maximizar seus resultados, representados pela busca da procedência de seu pedido, no caso do autor da ação e, em
se tratando do réu, da improcedência do pedido.
ATIVIDADE
“A teoria dos jogos consiste em um dos ramos da Matemática aplicada e da Economia que estuda situações
estratégicas em que participantes se engajam em um processo de análise baseando sua conduta na expectativa de
comportamento da pessoa com quem se interage” (Manual de Mediação. p. 49).
A partir dessa afirmação, analise os itens e marque a opção correta.
Curso de Mediação – CNJ- 2013 
I - Um dos exemplos de aplicação mais populares da teoria dos jogos é o dilema do prisioneiro. 
II - Na teoria dos jogos, um jogador baseia suas ações no pensamento que ele tem da jogada do seu adversário, este,
por sua vez, baseia suas ações nas suas ideias daspossibilidades de jogo do adversário. 
III - Segundo John Nash, a ideia de cooperação é totalmente incompatível com o pensamento de ganho individual. 
IV - A teoria dos jogos auxiliou a estabelecer fundamentos teóricos que explicam quando a mediação pode apresentar
vantagens e desvantagens em relação à heterocomposição.
Escolha uma:
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a. Todos os itens são verdadeiros.
b. Todos os itens são falsos.
c. Apenas os itens I e IV são falsos.
d. Apenas os itens I, II e IV são verdadeiros.
e. Apenas os itens I e III são verdadeiros.
Justificativa
Glossário