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Enc%3a Material Processo Civil (Recursos)

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1. Recursos - considerações iniciais.pdf
Recursos – Noções Introdutórias 
 
* Recursos: considerações iniciais 
No semestre passado, examinamos o procedimento comum, até a sentença. Isto é, 
enquanto o processo corre em primeiro grau de jurisdição. 
 Vimos que, ao longo do processo, o juiz pode proferir variadas decisões, de 
diferentes espécies. 
 É comum que, contra elas, os litigantes, o Ministério Público ou terceiros 
interessados possam se insurgir, manifestando o seu inconformismo. 
 
- O tema deste semestre são os recursos, que pressupõem inconformismo, 
insatisfação com as decisões judiciais, e que buscam outro pronunciamento do 
Poder Judiciário a respeito das questões a ele submetidas. 
 
- O nosso sistema jurídico permite, em regra, que as decisões judiciais sejam 
reapreciadas. 
 Normalmente, isso é feito por um órgão diferente daquele que proferiu a decisão, 
embora haja exceções, conforme será estudado. 
 
1) Conceito: Recursos são os remédios processuais de que se podem valer as 
partes, o Ministério Público e eventuais terceiros prejudicados para submeter 
uma decisão judicial a nova apreciação, em regra por um órgão diferente 
daquele que a proferiu, e que têm por finalidade modificar, invalidar. esclarecer 
ou complementar a decisão. 
 
2) Características dos Recursos: É importante examinar aquelas características dos 
recursos que servem para distingui-los de outros atos processuais. 
 
• 2.1. Interposição na mesma relação processual: Os recursos não têm natureza 
jurídica de ação, nem criam um novo processo. 
 Eles são interpostos na mesma relação processual e têm o condão de prolongá-la. 
 Essa característica pode servir para distingui-los de outros remédios, que têm 
natureza de ação e implicam a formação de um novo processo, como a ação 
rescisória, a reclamação, o mandado de segurança e o habeas corpus. 
 
 
• 2.2. A aptidão para retardar ou impedir a preclusão ou a coisa julgada: Enquanto 
há recurso pendente, a decisão impugnada não se terá tornado definitiva. 
 Quando se tratar de decisão interlocutória, não haverá preclusão; quando se tratar 
de sentença, inexistirá a coisa julgada. 
 
- Assim, as decisões judiciais não se tornam definitivas, enquanto houver a 
possibilidade de interposição de recurso, ou enquanto os recursos pendentes não 
tiverem sido examinados. 
 
- Isso não significa que a decisão impugnada não possa desde logo produzir efeitos: 
há recursos que são dotados de efeito suspensivo, e outros que não são. 
 Somente no primeiro caso, a interposição do recurso implicará suspensão da 
eficácia da decisão. 
 Não havendo recurso com efeito suspensivo, a decisão produzirá efeitos desde 
logo, mas eles não serão definitivos, porque ela ainda pode ser modificada. 
 
- Podem surgir, a propósito, questões delicadas, sobretudo quando houver 
interposição 
de agravo de instrumento, nas hipóteses do art. 1.015 do CPC. 
 Como eles não têm, ao menos em regra, efeito suspensivo, o processo 
prosseguirá, embora a decisão agravada não tenha se tornado definitiva. 
 Disso resultará importante questão: o que ocorrerá com os atos processuais 
posteriores à decisão agravada, se o agravo for provido. 
 Tal questão torna-se ainda mais relevante porque, se o agravo tiver demorado 
algum tempo para ser julgado, pode ter havido até mesmo sentença. 
 Provido o agravo, todos os atos processuais supervenientes, incompatíveis 
com a nova decisão, ficarão prejudicados, até mesmo a sentença. 
 Por exemplo: se o autor requereu a redistribuição do ônus da prova, nos 
termos do art. 373, § 1°, do CPC, e o juiz a deferiu, tendo sido interposto 
agravo de instrumento pelo réu, o provimento do recurso fará com que o 
processo retroaja à fase em que foi proferida a decisão, ficando prejudicados 
todos os atos supervenientes, incluindo a sentença. Como o agravo de 
instrumento impede a preclusão, a eficácia dos atos processuais subsequentes 
à decisão agravada, e que dela dependam, fica condicionada a que ela seja 
mantida, porque, se vier a ser reformada, o processo retoma ao status quo 
ante. Isso faz com que alguns juízes, cientes da existência de agravo de 
instrumento pendente, suspendam o julgamento, aguardando o resultado do 
agravo. Mas tal conduta não é admissível, já que ele não tem efeito 
suspensivo, a menos que o relator o conceda. 
 
• 2.3. Correção de erros de forma ou de conteúdo: Ao fundamentar o seu recurso, o 
interessado poderá postular a anulação ou a substituição da decisão por outra. 
 
- Deverá expor quais as razões de sua pretensão, que podem ser de fundo ou de 
forma, tendo por objeto vícios de conteúdo ou processuais. 
 Os primeiros são denominados errores in procedendo; e os segundos, errores in 
judicando. 
 Aqueles são vícios processuais, decorrentes do descompasso entre a decisão 
judicial e as regras de processo civil, a respeito do processo ou do 
procedimento. 
 Estes, a seu turno, são vícios de conteúdo, de fundo, em que se alega a 
injustiça da decisão, o descompasso com as normas de direito material. 
 
- Em regra, o reconhecimento do error in procedendo enseja a anulação ou declaração 
de nulidade da decisão, com a restituição dos autos ao juízo de origem para que outra 
seja proferida. 
 E o errar injudicando leva à reforma da decisão, quando o órgão ad quem profere 
outra, que substitui a originária. 
 
- Os embargos de declaração fogem à regra geral, porque sua finalidade é apenas 
aclarar ou integrar a decisão, e não propriamente reformá-la ou anulá-la. 
 
• 2.4. Impossibilidade, em regra, de inovação: Em regra, não se pode invocar, em 
recurso, matérias que não tenham sido arguidas e discutidas anteriormente. Ou seja, 
não se pode inovar no recurso. 
 
- Mas a regra comporta exceções. 
 O art. 493 do CPC autoriza que o juiz leve em consideração, de ofício ou a 
requerimento da parte, fatos supervenientes, que repercutam sobre o julgamento. 
 Esse dispositivo não tem aplicação restrita ao primeiro grau, mas pode ser 
aplicado pelo órgão ad quem, que deve levar em consideração os fatos novos 
relevantes, que se verifiquem até a data do julgamento do recurso. 
 
- Outra exceção é a do art. 1.014, que permite ao apelante suscitar questões de fato 
que não tenha invocado no juízo inferior, quando provar que deixou de fazê-lo por 
motivo de força maior. 
 
- Há ainda a possibilidade de alegar questões de ordem pública, que podem ser 
conhecidas a qualquer tempo. 
 Ainda que não se tenha discutido em primeiro grau a falta de condições da ação, ou 
de pressupostos processuais, ou prescrição e decadência, elas poderão ser 
suscitadas em recurso. 
 
• 2.5. O sistema de interposição: Salvo uma única exceção, os recursos são 
interpostos perante o órgão a quo, e não perante o órgão ad quem. 
 A exceção é o agravo de instrumento, interposto diretamente perante o Tribunal. 
 
- Há alguns recursos interpostos e julgados perante o mesmo órgão; não se pode 
falar, nesses casos, em órgão a quo e ad quem, como nos embargos de declaração e 
embargos infringentes da Lei de Execução Fiscal. 
 
- No CPC de 1973, cumpria ao órgão a quo fazer um prévio juízo de admissibilidade 
dos recursos, decidindo se eles tinham ou não condições de ser enviados ao órgão ad 
quem. 
 No CPC atual, não cabe ao órgão a quo fazer esse juízo de admissibilidade, que 
será feito exclusivamente pelo órgão ad quem. 
 A função do órgão a quo será apenas fazer o processamento do recurso, 
enviando-o oportunamente ao ad quem, que fará tanto o exame de 
admissibilidade quanto, se caso, o de mérito. 
 
- Dessa forma, não haverá prévio exame de admissibilidade pelo órgão a quo, nem na 
apelação (art. 1009, §3°), nem no recurso ordinário (art. 1.028, § 3°), nem em recurso 
especial e extraordinário (art. 1.030, parágrafo único).
- Antes de examinar a pretensão recursal, o órgão ad quem fará o juízo de 
admissibilidade, verificando se o recurso está ou não em condições de ser conhecido. 
 Em caso negativo, não conhecerá do recurso. 
 Em caso afirmativo, conhecerá, podendo dar-lhe ou negar-lhe provimento, 
conforme acolha ou não a pretensão recursal. 
 
• 2.6. A decisão do órgão ad quem em regra substitui a do a quo: Quando o órgão 
ad quem examina o recurso, são várias as alternativas, assim resumidas: 
 
a) pode não conhecer do recurso. Nesse caso, a decisão do órgão a quo 
prevalece, e não é substituída por uma nova; 
b) pode conhecer do recurso, apenas para anular ou declarar a nulidade da 
decisão anterior, determinando o retorno dos autos para que seja proferida 
outra; 
c) pode conhecer do recurso, negando-lhe provimento, caso em que a 
decisão anterior está mantida; ou dando-lhe provimento, para reformá-la. 
 
- No caso de mantença ou reforma, a decisão proferida pelo órgão ad quem substitui a 
do órgão a quo, ainda que aquela tenha se limitado a manter, na íntegra, a anterior. 
 O que deverá ser cumprido e executado é o acórdão, e não mais a decisão ou 
sentença. 
 
• 2.7. O não conhecimento do recurso e o trânsito em julgado: Questão que 
sempre trouxe dificuldades ao julgador é a de saber a partir de quando pode 
considerar-se transitada em julgado uma sentença, quando a apelação não foi sequer 
conhecida pelo órgão ad quem. 
 Se uma das partes apela, e o Tribunal não conhece do recurso, porque, por 
exemplo, não havia preparo, ou ela é intempestiva, terá a apelação tido o condão de 
impedir o trânsito em julgado? 
 O entendimento que prevalecia, anteriormente, era de que o recurso não 
conhecido equivalia a não interposto, sem aptidão para evitar a coisa julgada. 
 Não conhecida a apelação, era considerada não apresentada, e o trânsito em 
julgado retroagia para o dia subsequente aos quinze dias que o apelante tinha 
para apresentá-la. 
 
- Mas esse entendimento não prevalece mais, porque gera insegurança. Afinal, ainda 
que o apelante tivesse interposto o recurso de boa-fé, nunca era possível, de 
antemão, saber se seria conhecido ou não. 
 E, às vezes, ocorria de, entre a interposição do recurso e o seu julgamento, passar 
prazo superior a dois anos. Se o recurso não era conhecido, e o trânsito em julgado 
retroagia para mais de dois anos antes, estava já perdida a oportunidade para a ação 
rescisória, cujo prazo conta do trânsito em julgado da sentença. Isso criava uma 
situação injusta, pois o interessado perdia o prazo, sem nunca ter tido a oportunidade 
de ajuizá-la. 
 Em razão disso, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento 
de que o recurso, ainda que não venha a ser conhecido, impede o trânsito 
em julgado, salvo em caso de má-fé. 
 Ele só ocorrerá daí para diante, e não mais retroagirá, salvo má-fé. Nesse 
sentido: "Segundo entendimento que veio a prevalecer no Tribunal, o termo 
inicial para o prazo decadencial da ação rescisória é o primeiro dia após o 
trânsito em julgado da última decisão proferida no processo, salvo se provar-se 
que o recurso foi interposto por má-fé do recorrente" (RSTJ 102/330). 
 Esse entendimento acabou pacificando-se com a edição da Súmula 401 do 
STJ, que assim estabelece: "O prazo decadencial da ação rescisória só se 
inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento 
judicial". 
 O entendimento da súmula, que é anterior ao CPC atual, foi acolhido pelo seu 
art. 975, caput, que assim estabelece: "O direito à rescisão se extingue em dois 
anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo". 
 
3) Atos Processuais Sujeitos a Recursos: Só cabe recurso contra pronunciamento 
do juiz, nunca do Ministério Público ou de serventuário ou funcionário da Justiça. 
 E é preciso que tenha algum conteúdo decisório. 
 Não cabe, portanto, dos despachos, atos judiciais de mero andamento do 
processo. 
 
- Os recursos são cabíveis contra: 
 
a) As sentenças: pronunciamentos do juiz por meio dos quais ele, com fundamento 
nos arts. 485 e 487 do CPC, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem 
como extingue a execução. 
 Contra elas caberá a apelação e, eventualmente, embargos de declaração; 
 
b) As decisões interlocutórias: atos judiciais de conteúdo decisório, que se prestam 
a resolver questões incidentes, sem pôr fim ao processo ou à fase condenatória. 
 O sistema do CPC atual permite, sempre, a possibilidade de impugnação das 
decisões interlocutórias por meio de recurso. 
 
- Mas é preciso fazer uma distinção: há as decisões interlocutórias que são recorríveis 
em separado, isto é, por meio de um recurso próprio e específico, interposto contra 
elas, que é o agravo de instrumento (são as enumeradas no art. 1015 do CPC); 
 E há aquelas que não são recorríveis em separado, por meio de agravo de 
instrumento (as que não integram o rol do art. 1.015), mas que podem ser 
reexaminadas, desde que suscitadas como preliminar na apelação ou nas 
contrarrazões. 
 Não se pode dizer, propriamente, que tais decisões sejam irrecorríveis. Elas 
apenas não são recorríveis em separado, isto é, por meio de recurso 
autônomo, devendo ser impugnadas quando do oferecimento da apelação ou 
das contrarrazões. 
 
- Contra as decisões interlocutórias, agraváveis ou não, também cabem embargos de 
declaração; 
 
c) As decisões monocráticas proferidas pelo relator: O relator dos recursos ou 
dos processos de competência originária dos tribunais tem uma série de atribuições, 
elencadas no art. 932. 
Pode até mesmo, em determinados casos, julgar monocraticamente o recurso, 
dando-lhe ou negando-lhe provimento (art. 932, IV e V). 
 Da decisão do relator cabe agravo interno. 
 
d) Os acórdãos: decisões colegiadas dos Tribunais (art. 204); contra elas, além dos 
embargos de declaração, poderão caber: recurso extraordinário e especial, em caso 
de ofensa à Constituição ou à lei federal. 
 Também será admissível o recurso ordinário, nos casos previstos na Constituição 
Federal. 
 
4) Juízo de admissibilidade e juízo de mérito dos recursos: Da mesma forma 
como, antes de examinar o mérito, o juiz deve verificar se estão preenchidos os 
pressupostos processuais e as condições da ação, antes de examinar a pretensão 
recursal, deve-se analisar os requisitos de admissibilidade do recurso. 
 O exame é feito pelo órgão ad quem. 
 
- Os requisitos de admissibilidade constituem matéria de ordem pública e, por isso, 
devem ser examinados de ofício. 
 Constituem os pressupostos indispensáveis para que o recurso possa ser 
conhecido. 
 O não preenchimento leva a que a pretensão recursal nem sequer seja 
examinada. 
2. Requisitos de Admissibilidade dos Recursos.pdf
Requisitos de Admissibilidade dos Recursos 
 
 
 
* Considerações iniciais: Há vários critérios de classificação dos requisitos de 
admissibilidade dos recursos. 
 O mais completo é aquele sugerido por Barbosa Moreira, que os divide em duas 
grandes categorias: os intrínsecos e os extrínsecos. 
 Sendo os primeiros àqueles que dizem respeito à relação entre a natureza e o 
conteúdo da decisão recorrida e o recurso interposto; 
 E, os segundos, os que levam em conta fatores que não dizem respeito à 
decisão impugnada, mas que são externos a ela. 
 
- De acordo com essa classificação, os requisitos intrínsecos são o cabimento, a 
legitimidade para recorrer e o interesse recursal. 
E, os extrínsecos são a tempestividade, o preparo, a regularidade formal e a 
inexistência de fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrer. 
 Esses requisitos são os gerais. 
 Alguns recursos vão exigir, além deles, outros específicos, que serão 
examinados com os recursos em espécie. 
 
1) Requisitos
de admissibilidade intrínsecos: Assemelham-se, em grande parte, 
às condições da ação. 
 O recurso não tem natureza de ação, mas os requisitos intrínsecos são as 
condições para que ele possa ser examinado pelo mérito. 
 
• Cabimento: Os recursos são apenas aqueles criados por lei. 
 O rol legal é numerus clausus, taxativo. 
 Recurso cabível é aquele previsto no ordenamento jurídico e, nos termos da 
lei, adequado contra a decisão. Esse requisito aproxima-se da possibilidade 
jurídica do pedido, que integra o interesse de agir. 
 
- O art. 994 do CPC enumera os recursos: apelação, agravo de instrumento, 
agravo interno, embargos de declaração, recurso ordinário, recurso especial, 
recurso extraordinário e embargos de divergência. 
 Nada impede que lei especial crie outros, como os embargos infringentes na Lei de 
Execução Fiscal, ou o recurso inominado contra a sentença no Juizado Especial Cível. 
 
• Legitimidade recursal: Para interpor recurso é preciso ter legitimidade. 
 São legitimados: 
 
a) As partes e intervenientes: As partes - o autor e o réu - são os legitimados por 
excelência. 
- Além deles, podem interpor recurso aqueles que tenham sido admitidos por 
força de intervenção de terceiros. Alguns deles tornam-se partes, como o 
denunciado, o chamado ao processo e o assistente litisconsorcial, tratado 
como litisconsorte ulterior. 
- Outros não adquirem essa condição, mas têm a faculdade de recorrer, como 
o assistente simples. No entanto, a participação deste é subordinada à parte, e 
lhe será vedada a utilização de recurso, se o assistido manifestar o desejo de 
que a decisão seja mantida. 
- O único terceiro interveniente que não tem legitimidade recursal é o amicus 
curiae, exceto para opor embargos de declaração e para recorrer da decisão 
que julga o incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 138, §§ lo e 
3°). 
 
b) O Ministério Público: O Ministério Público pode atuar no processo como parte 
ou fiscal da ordem jurídica. 
- O primeiro caso recai no item anterior; mas o Promotor pode recorrer ainda 
quando atue como fiscal da ordem jurídica. 
- Nem é preciso que ele já esteja intervindo no processo, pois ele pode recorrer 
exatamente porque lhe foi negada a intervenção. 
- Em qualquer condição em que recorra, o Ministério Público terá prazo em 
dobro, na forma do art. 180, caput, do CPC. 
 
c) O recurso de terceiro prejudicado: O art. 996 do CPC, que cuida da 
legitimidade para recorrer, menciona, entre os legitimados, o terceiro 
prejudicado. 
- Quem é ele? Aquele que tenha interesse jurídico de que a sentença seja 
favorável a uma das partes, porque tem com ela uma relação jurídica que, 
conquanto distinta daquela discutida em juízo, poderá ser atingida pelos efeitos 
reflexos da sentença. 
- Em suma, aquele mesmo que pode ingressar no processo como assistente 
simples: os requisitos para ingressar nessa condição são os mesmos que 
para recorrer como terceiro prejudicado. 
- Mas a figura do assistente simples não pode se confundir com a do terceiro 
que recorre. As posições em si são diferentes. 
- O que ingressa como assistente simples não entra em defesa de um 
interesse próprio, mas para auxiliar uma das partes a sair vitoriosa. Tem, 
portanto, atuação subordinada. Pode recorrer, desde que a parte não lhe vede 
tal conduta. 
- Já o terceiro prejudicado entra em defesa de direito próprio, que, conquanto 
não seja discutido no processo, será afetado reflexamente pela sentença. Por 
isso, não tem atuação subordinada, de sorte que a parte não poderá vetar 
o processamento do seu recurso. 
- Mas, de acordo com o art. 996, § 1°, do CPC: "Cumpre ao terceiro demonstrar 
a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação 
judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo 
como substituto processual". 
 
- Pode o advogado recorrer em nome próprio? O advogado não postula, em juízo, 
direito próprio, mas age na condição de mandatário da parte. Portanto, não tem 
legitimidade para recorrer em nome próprio, mas tão somente no da parte 
 .Mas há uma parte da sentença que diz respeito diretamente a ele, que versa sobre 
direito dele, e não da parte. É a condenação em honorários advocatícios, que, de 
acordo com o art. 23 da Lei n. 8.906/94, constituem direito autônomo do advogado, 
que pode promover-lhes a execução em nome próprio. 
 Nessa circunstância, é preciso admitir que o advogado terá legitimidade para 
recorrer, quando o objeto do recurso forem os seus honorários. 
 Não o terá para recorrer dos demais pontos da sentença, mas tão somente 
daquele que os fixar. Mas se preferir não recorrer em nome próprio, pode fazê-
lo em nome da parte que o constituiu e que também tem legitimidade recursal. 
 A legitimidade de parte para recorrer dos honorários é extraordinária, já que 
estes pertencem não a ela, mas ao advogado. 
 Como decidiu o Superior Tribunal de Justiça, "têm legitimidade, para recorrer 
da sentença, no ponto alusivo aos honorários advocatícios, tanto a parte como 
o seu patrono" (STJ- 4• Turma, REsp 361.713/RJ, Rei. Min. Barros Monteiro, j. 
17/02/2004). 
 A interposição de apelação apenas sobre os honorários advocatícios não 
impedirá a execução do restante da sentença, sobre o qual não pende recurso 
com efeito suspensivo. 
 
• Não tem legitimidade recursal: Não tem legitimidade recursal o próprio juiz, já que 
a ninguém é dado recorrer da própria decisão. 
 A remessa necessária, como condição de eficácia da sua sentença, não tem 
natureza recursal. 
 
- Também não têm os funcionários da justiça. 
 Há controvérsia sobre a possibilidade de haver recurso do perito, especificamente 
no que concerne ao valor dos seus honorários fixados judicialmente 
 A resposta há de ser negativa, podendo o perito, se assim desejar, discutir os 
seus honorários em ação própria, mas não por meio de recurso, dada a sua 
posição, no processo, de auxiliar do juízo. 
 
• Interesse recursal: O último dos requisitos intrínsecos é o interesse recursal, que se 
assemelha ao interesse de agir, como condição de ação. 
 Para que haja interesse é preciso que, por meio do recurso, se possa conseguir 
uma situação mais favorável do que a obtida com a decisão ou a sentença. 
 Ela não existirá, se a parte ou interessado tiver já obtido o melhor resultado 
possível, de sorte que nada haja a melhorar. 
 
- O interesse está condicionado à sucumbência do interessado. 
 Só tem interesse em recorrer quem tiver sofrido sucumbência, que existirá quando 
não se tiver obtido o melhor resultado possível no processo. 
 
- É preciso, no entanto, ressalvar os embargos de declaração, cuja apreciação está 
condicionada à existência de outro tipo de interesse: não o de modificar para melhorar 
a decisão judicial, mas o de aclarar, sanar alguma contradição, integrá-la ou corrigir 
erro material. 
 
- É possível recorrer de sentença apenas para sanar-lhe algum vício? 
 Às vezes, o recorrente obteve resultado favorável, mas a sentença prolatada 
tem algum vício. Por exemplo, é extra ou ultra petita. A parte vitoriosa pode recorrer 
para que o vício seja sanado, pois o melhor resultado possível pressupõe que 
a sentença esteja hígida, sem máculas. 
 Uma sentença favorável, mas eivada de nulidades, não trará tranquilidade àquele 
que a obteve, porque permitirá ao adversário valer-se de medidas como a ação 
rescisória, para desconstituí-la. 
 Há interesse em recorrer apenas com a finalidade de sanar eventuais 
nulidades, ainda que disso pudesse advir um aparente prejuízo ao recorrente. 
Por exemplo: o autor pede um tanto na sentença, e o juiz concede-lhe mais 
que o postulado. O próprio autor pode recorrer para reduzir a condenação aos 
limites do julgado, sanando com isso o vício. 
 
- É possível ao réu
recorrer da sentença de extinção sem resolução 
de mérito? 
 Que o autor possa recorrer dessa sentença não há qualquer dúvida, porque ele 
não obteve aquilo que pretendia. 
 Mas e o réu? Como regra, a resposta há de ser afirmativa, porque, sendo a 
sentença meramente terminativa, inexistirá a coisa julgada material, a questão 
poderá ser novamente posta em juízo. 
 Melhor para o réu se a sentença fosse de improcedência, o que impediria a 
rediscussão. Portanto, há interesse recursal do réu para apelar da sentença 
extintiva, postulando julgamento definitivo de improcedência. 
 
- É possível recorrer para manter o resultado, mas alterar a fundamentação da 
sentença? 
 Aquele que obteve a vitória no processo não tem interesse de recorrer, postulando 
que a decisão seja mantida, mas que seja alterada a fundamentação. 
 Para que haja interesse, é necessária a possibilidade de que seja alterado o 
resultado. Aquilo sobre o que recairá a coisa julgada material é o dispositivo 
(incluindo as questões prejudiciais, decididas na forma do art. 503, § 1°), não a 
fundamentação. 
Se o autor formula o pedido inicial com dois fundamentos, e o juiz o acolhe 
por força do primeiro, não tem interesse de apelar pedindo que a sentença seja 
mantida; mas o fundamento alterado, uma vez que essa modificação não terá 
repercussão prática. 
 Excepcionalmente, porém, será possível recorrer da fundamentação quando, 
por exemplo, ela não for compatível com a conclusão a que chegou o juiz, ou 
quando, ao formulá-la, o juiz extrapolar os limites objetivos da ação. Nesse 
caso, haverá nulidade, cujo saneamento justificará o interesse do litigante, 
apesar do resultado favorável. 
 
- Há interesse para recorrer de sentenças homologatórias de transa- 
ção, reconhecimento jurídico do pedido ou renúncia ao direito em que se 
funda a ação? 
 Aquele que fez acordo reconheceu o pedido ou renunciou ao direito em que se 
funda a ação, em princípio, não tem interesse recursal, uma vez que o juiz se limitou a 
homologar a sua manifestação de vontade. 
 Há preclusão lógica para a apresentação de recurso. Poderá fazê-lo, no 
entanto, para alegar que a homologação desbordou dos limites do acordo, do 
reconhecimento ou da renúncia. 
 
- Há interesse em recorrer quando o juiz acolhe um dos pedidos 
alternativos? 
 Se o autor, na inicial, formulou pedidos alternativos, sem manifestar preferência 
por nenhum deles, o acolhimento de um pelo juiz não autorizará a interposição de 
recurso para o acolhimento do outro, porque não terá havido sucumbência. 
 Mas, se houver formulação de um pedido principal e um subsidiário, e o juiz 
acolher este em detrimento daquele, o autor terá interesse de recorrer. 
 
2) Requisitos de admissibilidade extrínsecos: São aqueles que não dizem respeito 
à decisão recorrida, e à relação de pertinência entre ela e o recurso interposto, mas 
são exteriores, relacionam-se a fatores externos, que não guardam relação com a 
decisão. 
 São eles: 
 
• Tempestividade: Todo recurso deve ser interposto dentro do prazo estabelecido em 
lei. Será intempestivo, e, portanto, inadmissível, o recurso que for apresentado fora do 
prazo, devendo ser observado quanto à contagem e à possibilidade de prorrogação o 
disposto no CPC, arts. 219 e 224. 
 
- Quanto ao início da contagem do prazo devem ainda observar-se as regras do art. 
1.003 do CPC, que estabelecem como dies a quo a data da intimação dos advogados 
ou sociedade de advogados, da Advocacia Pública, da Defensoria Pública ou do 
Ministério Público. 
- Todos os recursos do CPC, salvo os embargos de declaração, devem ser interpostos 
no prazo de 15 dias. 
 Os embargos de declaração serão opostos no prazo de cinco dias. 
 
- O Ministério Público, a Fazenda Pública, a Advocacia Pública e a Defensoria 
Pública têm os prazos recursais e de contrarrazões em dobro. 
 Os litisconsortes com advogados diferentes, de escritórios distintos, desde que o 
processo não seja eletrônico, têm em dobro o prazo para recorrer e também para 
contrarrazoar. 
 
- A oposição de embargos de declaração por qualquer dos litigantes interrompe o 
prazo para a apresentação de outros recursos. 
 A interrupção beneficia todos os litigantes (CPC, art. 1.026). 
 A eficácia interruptiva vale também no Juizado Especial Cível, já que o art. 
1.065 do CPC alterou a redação do art. 50 da Lei n. 9.099/95. 
 
• O preparo: Aquele que recorre deve pagar as despesas com o processamento do 
recurso, que constituem o preparo. 
A beneficiária é a Fazenda Pública, por isso os valores devem ser recolhidos em 
guia própria e pagos na instituição financeira incumbida do recolhimento. 
 
- Além do preparo, também haverá o recolhimento do porte de remessa 
e retorno, quando o recurso tiver de ser examinado por órgão diferente daquele que 
proferiu a decisão, salvo quando se tratar de processo eletrônico. 
 
- Cabe à legislação pertinente estabelecer quais são os recursos que exigem o 
recolhimento do preparo. 
 Ficam ressalvados os embargos de declaração, que não o exigirão, porque 
julgados pelo mesmo juízo ou órgão que prolatou a decisão, visando apenas integrá-la 
ou aclará-la. 
 
- É possível que leis estaduais isentem de preparo outros recursos. Assim, durante 
longo tempo, a revogada lei estadual de custas de São Paulo isentava de preparo o 
agravo de instrumento. 
 Não havendo isenção, prevista na legislação pertinente, o recurso deverá vir 
acompanhado do comprovante de recolhimento. 
 
- Há, porém, recorrentes que, dada a sua condição, estão isentos (art. 1.007, § 1°). 
 São eles: o Ministério Público; a Fazenda Pública; os beneficiários da justiça 
gratuita. 
 
- Há necessidade de preparo no recurso especial e no extraordinário? 
 O regimento interno do Superior Tribunal de Justiça dispensava o recolhimento 
de preparo, mas não o do porte de remessa e de retorno, que corresponde às 
despesas com o encaminho do recurso ao órgão ad quem. 
 No entanto, a Lei n. 11.636/2007 o exige expressamente: agora é preciso 
àquele que interpõe recurso especial recolher o preparo e o porte de remessa 
e retorno. 
 
 Com relação ao recurso extraordinário, o regimento interno do Supremo Tribunal 
Federal também exige o recolhimento de preparo e porte de remessa e retorno. 
 
- Qual o valor do preparo? O valor depende da legislação pertinente. 
 
- Qual a ocasião oportuna para comprovar o recolhimento? O art. 1.007 do CPC é o 
dispositivo que cuida, de maneira geral, do preparo. 
 O caput não deixa dúvidas quanto ao momento de comprová-lo: no ato de 
interposição do recurso, ocasião em que também deve ser comprovado o porte de 
remessa e retorno. 
 Um problema que o advogado poderá enfrentar é o do encerramento do 
expediente no banco responsável pelo recolhimento antes do término do 
expediente forense, no último dia do prazo. Seria isso empecilho a justificar a 
prorrogação para o dia seguinte? O Supremo Tribunal Federal e o Superior 
Tribunal de Justiça têm posicionamentos diferentes a respeito. 
 No primeiro, prevalece o entendimento de que o fechamento dos bancos antes 
do encerramento do expediente forense não constitui óbice a justificar a 
prorrogação para o dia seguinte, uma vez que o recorrente sabe de antemão 
os horários e tem de precaver-se, recolhendo o preparo oportunamente. Foi o 
que ficou decidido no Acórdão do Pleno do STF, publicado em RTJ 305/103. 
 Já no Superior Tribunal de Justiça prevalece entendimento diverso: o preparo 
poderá ser tempestivamente recolhido no dia seguinte ao último dia do prazo, 
em razão do expediente bancário encerrar-se antes do forense. Esse 
entendimento pacificou-se naquela Corte, com a edição da Súmula484; que 
assim estabelece: "Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil 
subsequente, quando a interposição
do recurso ocorrer após o encerramento 
do expediente bancário". 
 Esse é o entendimento que há de prevalecer, já que o recolhimento do preparo 
não envolve matéria constitucional, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça a 
última palavra a respeito do tema. 
 Com essas hipóteses, não se confunde a de haver encerramento do 
expediente bancário ou forense fora do horário convencional, caso em que 
haverá motivo para a prorrogação até o dia útil seguinte. 
 
- A falta de comprovação do recolhimento do preparo no ato de interposição não 
é causa de rejeição liminar do recurso. 
 O recorrente deverá ser intimado, na pessoa de seu advogado, para proceder ao 
recolhimento em dobro, sob pena de deserção. 
 
- Não cabe ao juízo a quo fazer o prévio juízo de admissibilidade do recurso. 
 Assim, ainda que sem preparo, ele deve determinar a subida dos autos ao Tribunal. 
 Mas o relator, se verificar que o preparo não foi recolhido, ou foi recolhido fora 
do prazo, mas pelo valor singelo e não em dobro, deverá determinar a 
intimação do advogado do recorrente para recolhimento ou complementação, 
sob pena de deserção, no prazo de cinco dias. 
 As mesmas regras aplicam-se ao porte de remessa e retorno. 
 
 
- Complementação do preparo: O art. 1.007, § 2°, do CPC trata da hipótese de 
insuficiência do preparo, estabelecendo que o recurso será considerado deserto se a 
diferença não for recolhida em cinco dias. 
 O dispositivo trata apenas da insuficiência, não da falta de recolhimento. 
 
- Havendo apenas insuficiência, a complementação poderá ser feita pela diferença. 
 Havendo falta de recolhimento, pelo dobro do que era devido, originalmente, como 
preparo. 
 As mesmas regras valem para o porte de remessa e retorno. 
 Se o recorrente que não recolheu preparo for intimado para recolhê-lo em 
dobro, e o fizer a menor, não haverá oportunidade de complementação, e c 
recurso será julgado deserto (art.1.007, § 5°). 
 
• Regularidade formal: Os recursos são, em regra, apresentados por escrito. 
 No entanto, a lei autoriza interposição oral, em casos excepcionais. É o caso dos 
embargos de declaração no Juizado Especial (art. 49 da Lei n. 9.099/95). 
 Conquanto a interposição seja oral, há necessidade de que o recurso seja 
reduzido a termo, para que o órgão julgador possa conhecer-lhe o teor. 
 
- Todo recurso deve vir acompanhado das respectivas razões, já no ato de 
interposição. Distinguem-se, nesse passo, os recursos cíveis dos criminais, em que há 
um prazo de interposição e outro de apresentação das razões. 
 Não será admitido o recurso que venha desacompanhado de razões, que 
devem ser apresentadas, em sua totalidade, no ato de interposição. 
 Não se admite que as razões sofram acréscimos, sejam modificadas ou 
aditadas, posteriormente. 
 
- Ao apresentar o recurso, a parte deve formular a sua pretensão recursal, aduzindo se 
pretende a reforma ou a anulação da decisão, ou de parte dela, indicando os 
fundamentos para tanto. 
 
• Inexistência de fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrer: São os 
pressupostos negativos de admissibilidade, isto é, circunstâncias que não 
podem estar presentes para que o recurso seja admitido. 
 Os fatos extintivos são a renúncia e a aquiescência; o fato impeditivo é a 
desistência do recurso. 
 
- Renúncia e aquiescência: São sempre prévias à interposição, ao contrário da 
desistência, que pressupõe recurso já apresentado. 
 
- A renúncia é manifestação unilateral de vontade, pela qual o titular do direito de 
recorrer declara a sua intenção de não o fazer. Sua finalidade, em regra, é antecipar 
a preclusão ou a coisa julgada. 
 Caracteriza-se por ser irrevogável, prévia e unilateral, o que dispensa a anuência 
da parte contrária. 
 
- A aquiescência é a manifestação, expressa ou tácita, de concordância do titular do 
direito de recorrer, com a decisão judicial. Impede que haja recurso, por 
força de preclusão lógica. 
 Pode ser expressa quando o interessado comunica ao juízo a sua concordância 
com o que ficou decidido; e tácita, quando pratica algum ato incompatível com o 
desejo de recorrer. Por exemplo, cumprindo aquilo que foi determinado na decisão ou 
sentença. 
 
- Não se admite renúncia prévia, formulada antes da decisão ou sentença, salvo 
nos casos em que já seja possível conhecer de antemão o seu teor. 
É o que ocorre, por exemplo, quando as partes fazem acordo e pedem que o juiz o 
homologue, renunciando ao direito de recorrer. 
 Nesse caso, conquanto a renúncia seja anterior à homologação, as 
partes já sabem qual será o teor do julgamento. 
 
- A renúncia vem tratada no art. 999 do CPC, que explícita a desnecessidade de 
aceitação da outra parte; e a aquiescência, no art. 1.000: "A parte que aceitar 
expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer". 
 O parágrafo único conceitua aceitação tácita como "...a prática, sem nenhuma 
reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer". 
 
- Havendo renúncia ou aquiescência, ficará vedada a admissibilidade do recurso, seja 
sob a forma comum ou adesiva, uma vez que a decisão ou sentença precluirá ou 
transitará em julgado. 
 
- Há situações em que poderá ser difícil distinguir se houve renúncia ou aquiescência, 
mas isso não terá importância, dado que ambas constituem causas extintivas do 
direito de recorrer. 
 
- A desistência do recurso: É causa impeditiva, tratada no art. 998 do CPC: "O 
recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos 
litisconsortes, desistir do recurso". 
 
- O que distingue a desistência da renúncia é que ela é sempre posterior à 
interposição: só se desiste de recurso já apresentado, e só se renuncia ao direito de 
recorrer antes da interposição. 
 
- O recorrente tem sempre o direito de desistir do recurso, independentemente de 
qualquer anuência, ainda que o adversário tenha oferecido já as contrarrazões, 
diferentemente da desistência da ação que, após o oferecimento de resposta, exige o 
consentimento do réu. 
 A desistência pode ser manifestada até o início do julgamento do recurso e ser 
expressa ou tácita. 
 Será expressa quando o recorrente manifestar o seu desejo de 
que ele não tenha seguimento; e será tácita quando, após a interposição, o 
recorrente praticar ato incompatível com o desejo de recorrer. 
 Não pode haver retratação da desistência, porque, desde que manifestada - e 
ainda que não tenha havido homologação judicial -, haverá preclusão ou coisa 
julgada

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