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CONSTRUÇÕES SUFIXAIS DE AUMENTATIVO: UMA ANÁLISE COM BASE NA GRAMÁTICA DAS CONSTRUÇÕES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 
 FACULDADE DE LETRAS 
 
 COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSTRUÇÕES SUFIXAIS DE AUMENTATIVO: 
 
UMA ANÁLISE COM BASE NA GRAMÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
Regina Simões Alves 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
 
Março de 2016 
 
 
 
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 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 
 FACULDADE DE LETRAS 
 
 COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA 
 
 
 
 
 
 
 
REGINA SIMÕES ALVES 
 
 
 
 
 
CONSTRUÇÕES SUFIXAIS DE AUMENTATIVO: 
 
UMA ANÁLISE COM BASE NA GRAMÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 
 
 
 
 
 
 
Tese de doutorado apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Letras Vernáculas da 
Faculdade Federal do Rio de Janeiro como 
quesito para a obtenção do Título de doutora em 
Letras Vernáculas (Língua Portuguesa). 
 
Orientador: Professor Doutor Carlos Alexandre 
Gonçalves 
 
Coorientadora: Professora Doutora Maria Lucia 
Leitão de Almeida 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Março de 2016 
 
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Alves, Regina Simões 
Construções sufixais de aumentativo: uma análise com base na Gramática das 
Construções. / Regina Simões Alves. Rio de Janeiro: UFRJ/FL, 2016 
XV, f.: 170 il.: 31cm 
Orientador: Professor Doutor Carlos Alexandre Gonçalves 
Tese de doutorado – UFRJ/ FL/ Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, 
2016 
Referências Bibliográficas: f. 156-162 
1, Linguística Cognitiva 2. Construções sufixais de aumento 3 Gramática das 
Construções 4 Redes construcionais. I. Gonçalves, Carlos Alexandre II Universidade 
Federal do Rio de Janeiro. Faculdade de Letras, Pós- Graduação em Letras, Programa 
de Pós-Graduação de Leras Vernáculas. III Título 
 4 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 FACULDADE DE LETRAS 
 COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA 
 
 CONSTRUÇÕES SUFIXAIS DE AUMENTATIVO: 
 UMA ANÁLISE COM BASE NA GRAMÁTICA DAS 
CONSTRUCÕES 
 
Regina Simões Alves 
Orientador: Professor doutor Carlos Alexandre Gonçalves 
 
Tese de doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos quesitos necessários para 
a obtenção do Título de Doutora em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa) 
 
 
Examinada por: 
 
 
_________________________________________________________________________ 
Presidente: Professor doutor Carlos Alexandre Gonçalves - Programa Letras Vernáculas - 
UFRJ – Orientador. 
 
_________________________________________________________________________ 
Professora Doutora: Katia Emmerick Andrade - UFRRJ 
 
_________________________________________________________________________ 
Professor(a) Doutora Sandra Pereira Bernardo - UERJ 
 
________________________________________________________________________ 
Professor(a) Doutor Vitor de Moura Vivas - IFRJ 
 
_________________________________________________________________________ 
Professor(a) Doutora Ana Paula Victoriano Belchor - UFRJ 
 
_________________________________________________________________________ 
Professor(a) Doutora Suplente: Eliete Batista da Silveira - UFRJ 
 
_________________________________________________________________________ 
 Professor (a) Doutor Suplente: Bruno Cavalcanti Lima - IFRJ 
 
 
Rio de Janeiro 
Março de 2016 
 
 
 
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AGRADECIMENTO 
 
 
A Deus por tudo e por mais uma vitória. 
 
À minha querida família pelo amor e carinho em todas as horas. Ao meu querido pai, José, 
que sempre me incentivou e acreditou em mim; à minha mãe, Wilma, que está aprendendo 
muito do amor de Maria Santíssima e torce para que eu seja feliz; aos meus irmãos: 
Rejane, Eliane, José Roberto, Vânia e Juliene por serem pessoas maravilhosas e ficarem 
felizes e orgulhosos com a minha felicidade e ao meu querido marido, Marcos Vinicius, 
pelo amor que nos fortalece e pelo esforço feito para entender que a pesquisa requer tempo 
e dedicação. E aos meus amados sobrinhos: Januir, Joice, Júnio, Beatriz, Samuel, Gabriel, 
Adriano e Anna Beatriz porque são fonte de inspiração para mim e de muitas alegrias para 
todos. 
 
Ao meu querido e dedicado orientador Carlos Alexandre Gonçalves. Meu muito obrigada 
com muito carinho e gratidão. 
 
À minha querida professora da época da graduação e, hoje, coorientadora, Maria Lucia 
Leitão de Almeida. Obrigada pela amizade. 
 
A todos os professores com quem tive o privilégio de trilhar o caminho do conhecimento e 
aos colegas com quem tive o prazer de conviver, em especial, aos colegas do NEMP. 
 
A minha querida amiga irmã Darci. Obrigada pelas orações que me fortalecem. 
 
Aos meus amigos e a todas as pessoas que, de alguma forma, participaram desse sonho ou 
que simplesmente torcem por mim. Em especial à Katia Emmerick Andrade pela força, 
incentivo, ajuda na correção deste trabalho e por ser essa amigona maravilhosa! Ao Silvio 
pelo incentivo e pela troca de conhecimentos. Aos colegas de trabalho que torcem por 
mim, especialmente, Sônia Matias, pelas mensagens carinhosas trocadas via whatsApp. 
 
Muito obrigada a todos por tudo. 
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Com todos esses bens, eu me alegrei, porque é a sabedoria 
que os guia, 
 Mas, ignorava que ela fosse a sua mãe. 
Eu estudei lealmente e reparto sem inveja 
 E não escondo a riqueza que ela encerra, 
Porque ela é para os homens um tesouro inesgotável; 
 E os que a adquirem preparam-se para se tornar amigos 
de Deus, 
Recomendo (a ele) pela educação que ela lhes dá. 
 
 Sabedoria, 7,12-14. 
 
 
 
 
 
 
 
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SINOPSE 
 
 
Análise, com base nos pressupostos da Linguística Cognitiva, mais 
precisamente da Gramática das Construções, das construções de 
aumentativo com os sufixos -ão, -aço, -eiro, -ada, -aria, -udo, 
-ento e -oso. Percurso histórico para comprovação de sua inflexão 
aumentativa. Reflexões das variações de significado, considerando 
sua anexação a uma mesma base. Proposta de uma construção 
genérica de aumentativo. Formação de uma rede por meio de links 
de herança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESUMO 
 
CONSTRUÇÕES SUFIXAIS DE AUMENTATIVO: 
 UMA ANÁLISE COM BASE NA GRAMÁTICA DAS 
CONSTRUCÕES 
 
Regina Simões Alves 
Orientador: Professor doutor Carlos Alexandre Gonçalves 
Coorientadora: Maria Lucia Leitão de Almeida 
 
Resumo da Tese de doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras 
Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos quesitos 
necessários para a obtenção do Título de Doutora em Letras Vernáculas (Língua 
Portuguesa) 
 
 
 Este trabalho surge do questionamento sobre o porquê de se ter na língua portuguesa 
tantos afixos com sentido de aumento, a exemplo de -ão, -aço, -ada, -aria, -eiro (a), -udo, 
-ento e -oso. Estamos diante de diferentes sufixos que podem ser adjungidos a uma mesma 
base e cujos produtos
não compartilham, na maioria das vezes, da mesma interpretação, 
como em “cabelão”, “cabelada”, “cabeleira”, “cabeludo”, “piolhão”, “piolhaço”, 
“piolhento”, “piolhada”, “piolhudo” etc. Alguns afixos passaram a imprimir o sentido de 
aumento, de acordo com a sua história, mesmo quando a língua já dispunha de outros 
formativos para esse fim. O trabalho visa a apresentar abordagens históricas desses afixos 
que figuram em construções de aumento e observar a inflexão aumentativa adquirida por 
eles ao longo da história através dos dados coletados em compêndios de gramática 
histórica (SAID ALI, 1966; COUTINHO, 1968; MACHADO, 1967) e, principalmente, em 
dicionários etimológicos e eletrônicos. Boa parte dos dados provém da consulta à base de 
dados de "Corpus do Português". A partir da constatação da afinidade semântica entre 
esses sufixos, é possível observar a relação semântica de aumento existente entre eles no 
processo de formação de palavras e defender que, de acordo com os princípios de Poder da 
Força Expressiva Maximizado e do Princípio de Não Sinonímia de Goldberg (1995), essas 
formas não são sinônimas e surgiram para atender as necessidades comunicativas dos 
falantes, fato que explicaria a mudança que os dotou da capacidade de atualizar essa noção 
de aumento numa mesma base, ora com especificidades semânticas, ora com diferenças 
pragmáticas. Também propomos a formalização da construção genérica de aumentativo e 
uma rede das construções de aumentativo, bem como os links de herança dessas 
construções. 
 
Palavras-chave: Construção aumentativa. Gramática das construções. Sufixo aumentativo 
 
 
 
 9 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
CONSTRUCTIONS AUGMENTATIVE: ANALYSIS BASED ON THE 
GRAMMAR OF CONSTRUCTIONS 
 
 
 
Regina Simões Alves 
Orientador: Professor doutor Carlos Alexandre Gonçalves 
Coorientadora: Maria Lucia Leitão de Almeida 
 
 
The abstract of the Doctor Teses submitted to the Programa de Pós-Graduação em Letras 
Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, as part of the necessary 
requirements to obtain the Doctor Title in Portuguese Language. 
 
 
This Thesis arises from the question about why have so many suffixes in Language 
Portuguese with a sense of augmentative, like -ão, -aço, -eiro, -udo, -ada, -aria, -ento and 
-oso. We are facing different affixes that can be aggregated to the same base and whose 
products share not, in most case, the same interpretation as “cabelão”, “cabelada”, 
“cabeleira”, “cabeludo”, “piolhão”, “piolhaço”, “piolhento”, “piolhada”, “piolhudo” etc. 
Some affixes began to express a sense of augmentative, according to its history even when 
the language other already available for this purpose formative. The work aims present and 
observe the augmentative inflexion acquired throughout their history through data 
collected in compendiums of historical grammar (SAID ALI, 1966; COUTINHO, 1968; 
MACHADO, 1967) and mainly etymological dictionary and electronics, also a the 
database of "Corpus do Português", we defend, based on the data, which according to the 
principles of no-synonymy and the maximized power of Goldberg (1995), these forms not 
synonymous and emerged to meet the communication of the speakers, which would 
explain the change that made them the ability to update an augmentative sense semantic. It 
also proposes a generic construction of augmentative and a semantic network for them and 
their inheritance links. 
 
Keywords: Construction augmentative. Grammar constructions. Augmentative suffixes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
 
 
 
 
 
RESUMEN 
 
 
CONSTRUCCIONES AUMENTATIVAS: UN ANÁLISIS BASADO EN LA 
GRAMÁTICA DE LAS CONSTRUCCIONES. 
 
 
 
Regina Simões Alves 
Orientador: Professor doutor Carlos Alexandre Gonçalves 
Coorientadora: Maria Lucia Leitão de Almeida. 
 
Resumen da Tese de doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras 
Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos quesitos 
necessários para a obtenção do Título de Doutora em Letras Vernáculas (Língua 
Portuguesa). 
 
 
Esta Tesis surge del cuestionamiento sobre porqué existen en la Lengua Portuguesa tantos 
afijos con sentido de aumento, por ejemplo, -ão, -aço, -ada, -aria, -eiro (a), -udo, -ento y 
-oso. Estamos delante de diferentes sufijos que se adjunge a una misma base y cuyos 
productos no comparten, en la mayoría de las veces, de la misma interpretación, como en 
“cabelão”, “cabelada”, “cabeleira”, “cabeludo”, “piolhão”, “piolhaço”, “piolhento”, 
“piolhada”, “piolhudo” etc. Algunos afijos empiezan a imprimir el sentido de aumento, de 
acuerdo con su historia, mismo cuando la lengua ya disponía de otros formativos para ese 
fin. El trabajo se propone presentar el abordaje histórico de estos afijos que figuran en 
construcciones de aumento y observar la inflexión aumentativa adquirida al lejos de la 
historia de los mismos a través de los datos colectados en compendios de gramática 
histórica (SAID ALI, 1966; COUTINHO, 1968; MACHADO, 1967) y, principalmente, en 
diccionarios etimológicos y electrónicos como también por consulta à base de datos de 
"Corpus do Português". Defendemos que de acuerdo con los principios de No Sinonimia y 
de Poder Expresivo Maximizado de Goldberg (1995) esas formas no son sinónimas y 
surgieron para atender a las necesidades comunicativas de los hablantes, lo que explicaría 
el cambio que los dotaran de la capacidad de actualizar ese sentido de aumento. También 
proponemos una construcción genérica de aumentativo e una red semántica de las 
construcciones de aumentativo y análisis de sus links de herencia. 
 
Palabras clave: Construcciones de aumentativo. Gramática de construcciones. Afijos 
aumentativos 
 
 
 
 
 11 
SUMÁRIO 
 
 
LISTA DE QUADRO..................................................................................................... 14 
LISTA DE FIGURA....................................................................................................... 15 
CAPÍTULO 1 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................16 
1.2 Hipóteses 17 
1.3 Metodologia 18 
1.4 Apresentação do Trabalho 20 
CAPÍTULO 2 
 2. ABORDAGEM HISTÓRICA DOS AFIXOS DE AUMENTATIVOS: -ÃO, 
-AÇO, -ADA, -ARIA, -EIRO, -UDO, -ENTO E -OSO...................................................24 
2.1 A visão dos sufixos de aumentativos na Gramática Tradicional 24 
2.2 O afixo aumentativo -ão: primeiro estudos 27 
2.3 O sufixo -aço e sua origem 35 
2.4 O sufixo -ada e sua origem 37 
2.5 O sufixo -eiro e sua origem 40 
2.6 O sufixo -udo: sua origem 46 
2.7 Sufixo -aria: sua origem
49 
2.8 Sufixo -oso e sua origem 51 
2.9 O afixo -ento e sua origem 53 
 2.10 O grau aumentativo de acordo com a Gramática de Mira Mateus (2003) e Villalva 
 (2000) 55 
 2.11 Resumo do capítulo 59 
 
 12 
CAPÍTULO 3 
3. ABORDAGEMTEÓRICA....................................................................................61 
3.1 Linguística Cognitiva 61 
3.1.1 A categorização 62 
3.1.2 Modelos Cognitivos Idealizados e Espaços Mentais 64 
3.1.3 Frame semântico 67 
3.2 A Gramática das Construções 70 
3.2.1 Relações entre construções 75 
3.2.2 Propriedade Geral da herança 78 
3.2.3 Da integração conceptual das estruturas mentais 83 
3.2.4 O continnum sintaxe – léxico – morfologia 87 
3.3 Resumo do capítulo 89 
 
CAPÍTULO 4 
4. OUTROS TRABALHOS DESSA CORRENTE TEÓRICA..............................90 
4.1 A escala Pragmática de Fauconnier (1975) e os Princípios de Grace (1975) 90 
4.2 A mudança Linguística e o fenômeno da subjetificação segundo Langacker (1990, 
1999) e silva (2006) 92 
4.3 Domínios básicos: Espaço e tempo 94 
4.4 Metáfora – Esquema Imagético e MCI de Tamanho 97 
4.5 Resumo do capítulo 104 
 
CAPÍTULO 5 
5. APLICANDO A TEORIA AOS DADOS............................................................105 
5.1 As construções de aumentativo 105 
 13 
5.2 Os links de herança das construções de aumentativo 119 
5.2.1 Link por Polissemia 123 
5.2.2 Link por polissemia em construções com sentido de VALORAÇÃO 132 
5.2.3 Link de herança por subparte 134 
5.2.4 Link de herança por extensão Metafórica 137 
5.2.5 Link de herança por instanciação 140 
5.2.6 O caso de herança múltipla: Os deverbais 142 
5.3 As formações concorrentes e a Escala Pragmática de Fauconnier 145 
5.4 As motivações da inflexão aumentativa 147 
5.5 Centro de prototipicidade e a rede de construção de aumentativo 148 
5.6 Resumo do capítulo 152 
6. CONCLUSÃO ......................................................................................................154 
7. BIBLIOGRAFIA..................................................................................................156 
8. ANEXOS................................................................................................................163 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
LISTA DE QUADROS 
Capítulo 2 
Quadro 1. Tipos semânticos de produtos em -ão aumentativo 34 
Quadro 2. Exemplares com sufixo -aço 37 
Quadro 3. Produtos com o sufixo -ada com acepção aumentativa 40 
Quadro 4. Produtos com os sufixo -eiro com semântica de aumento de excesso 46 
Quadro 5. Produtos com o afixo -udo 48 
Quadro 6. As acepções de aumentativo com -aria 50 
Quadro 7. Produtos com o sufixo -oso 52 
Quadro 8. O sufixo -ento e suas acepções 54 
 
Capítulo 4 
Quadro 9. Tipos de construções: Croft & Cruse (2004) 88 
Quadro 10. Categoria dimensão de espaço: Ferrari (2011) 94 
Quadro 11. Inventário de Esquema imagético 95 
 
Capítulo 5 
Quadro 12. Esquema abstrato da construção de aumentativo 115 
Quadro 13. Esquema da construção herdada de -eiro 116 
Quadro 14. Esquema construcional X -udo 119 
Quadro 15. Esquema das construções de aumentativo: sentido central e sentidos 
periféricos 120 
Quadro 16. Esquemas das formações deverbais 121 
Quadro 17. Esquemas construcionais envolvendo processos metafóricos e 
metonímicos 122 
Quadro 18. Relação de herança por polissemia 124 
Quadro 19. Esquemas construcionais que figuram na construção herdada por 
polissemia 127 
Quadro 20. Esquema construcional por polissemia com sentido de intensidade 130 
Quadro 21. Esquemas formais da construção herdada por polissemia com sentido de 
intensidade 131 
Quadro 22. Esquema da construção herdada de valoração 132 
Quadro 23. Esquema formal da construção herdada com sentido de valoração
134 
Quadro 24. Esquema construcional por subparte 136 
Quadro 25. Afixos que figuram no esquema construcional por metonímia 137 
Quadro 26. Esquema construcional de herança por metáfora 139 
Quadro 27. Esquema formal da construção de herança por metáfora 140 
Quadro 28. Esquema construcional da construção por instanciação 141 
Quadro 29. A categoria dimensão relacionada a tempo 141 
Quadro 30. Esquema formal da construção por mesclagem (herança múltipla) 144 
 
LISTA DE FIGURAS 
Capítulo 3 
Figura 1. Processo de significação da Linguagem 66 
Figura 2. Triângulo de Langacker 69 
 15 
Figura 3. Interpretação do triângulo de acordo com Goldberg (1995) 69 
Figura 4. Construção bitransitiva 72 
Figura 5. Construção bitransitiva – entregar 72 
Figura 6. A relação de herança 78 
Figura 7. Link por polissemia - Goldberg 79 
Figura 8. Link por subparte - Goldberg 80 
Figura 9. Link de herança por metáfora - Goldberg 81 
Figura 10. Link por instanciação - Goldberg 82 
Figura 11. Processo de mesclagem conceptual 85 
Figura 12. Mesclagem correspondente à palavra ‘Frescão’ 86 
Capítulo 4 
Figura 13. Sujeito e objeto da concepção 94 
Figura 14. Imagem do fenômeno de Multiplexização adaptada de Talmy 96 
Figura 15. Multiplexização 97 
 
Capítulo 5 
Figura 16. Buraco 109 
Figura 17. Buracão 109 
Figura 18. Relação não processual 111 
Figura 19. Buraqueira 112 
Figura 20. Buracada 113 
Figura 21. Formalização da construção de aumentativo 114 
Figura 22. Narigudo 118 
Figura 23. Esquema metonímico 118 
Figura 24. Processo metafórico 122 
Figura 25. Processo metonímico 123 
Figura 26. Dinheirada 126 
Figura 27. Berreiro 127 
Figura 28. Berraria 127 
Figura 29. Gordurento 131 
Figura 30. Frescão 135 
Figura 31. Panelaço 135 
Figura 32. Calçadão 136 
Figura 33. Orelhão 139 
Figura 34. Orelhão 139 
Figura 35. Esquema de herança múltipla 142 
Figura 36. O babão 144 
Figura 37. Rede da construção de aumentativo 150 
 
 
 
 
 
 
 16 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Este trabalho surge do questionamento sobre o porquê de se ter, na Língua 
Portuguesa, tantos sufixos com sentido de aumento, a exemplo de -ão, -udo, -eiro (a), -ada, 
-aço, -aria, -ento e -oso. Estamos diante de diferentes sufixos com sentido aumentativo que 
podem se agregar a uma mesma base e cujos produtos não compartilham, na maioria das 
vezes, da mesma interpretação, como em ‘cabelão’ (“cabelo grande ou bonito”), ‘cabeludo’ 
(“que tem cabelo grande”), ‘cabeleira’ (“excesso de cabelo na cabeça; cabelo bonito”), 
‘cabelada’ (“excesso de cabelo, fora da cabeça”); ‘dinheirão’ (“papel-moeda de tamanho 
grande, alta quantia, valor excessivo”), ‘dinheirada’ (“grande quantidade de dinheiro”); 
‘piolhão’ (“piolho grande”), ‘piolhaço’ (“piolho grande demais”), ‘piolheira’ (pediculose: 
infestação por piolhos; “excesso de piolho”), ‘piolhudo’ (“que tem muito piolho”), 
‘piolhada’ (“conjunto de piolhos”), entre outros. Também se faz necessário questionar o 
porquê de ser possível agregar a uma mesma base afixos com o mesmo teor semântico, 
pois, como se observa em ‘cabelada’ e ‘cabeleira’, ‘buracada’ e ‘buraqueira’, ‘corpão’ e 
‘corpaço’, a adjunção de um afixo a uma base não restringe a adjunção de outro, o que em 
princípio, contrariaria o Princípio do Bloqueio, de Aronoff (1976), segundo o qual um 
processo morfológico não se aplica quando já existe, no léxico, uma forma que cumpre 
aquela função/designação na língua. Buscamos explicar esse fato, tomando por base os 
pressupostos da Linguística Cognitiva (doravante LC), mais precisamente da Gramática das 
Construções, que nos oferece ferramentas necessárias para justificar que formas 
concorrentes e coocorrentes, como as citadas acima, encontram respaldo, principalmente, 
no Princípio do Poder da Força Expressiva Maximizado de Goldberg (1995), que leva em 
conta as necessidades comunicativas dos falantes, assim como pelo Princípio de Não 
Sinonímia, da mesma autora, que afirma que uma diferença na forma acarreta diferença de 
 17 
ordem semântica ou pragmática. Nossa análise também será pautada na escala pragmática 
de Fauconnier (1975), para quem os significados podem ser descritos como a construção 
permanente de espaços mentais, de elementos, de papéis e de relações no interior
desses 
espaços, a partir de índices gramaticais e pragmáticos. 
 A justificativa para focarmos o fenômeno encontra respaldo em Rio-Torto (1998, p. 
235), que questiona o fato de -eiro(a) passar a exprimir o sentido de aumento quando a 
Língua já dispunha de outros sufixos para esse fim. Nas palavras da autora, “Que razões 
explicam a inflexão na semântica de -eir- nos seus primórdios tão centrada na formação de 
nomes concretos (...) quando a língua já dispõe de tantos e tão expressivos sufixos de 
intensificação e de codificação da (inter)subjetividade?” 
 Considerando que esse fenômeno tem muito a contribuir com a análise dos processos 
de formação de palavras e que a Gramática das Construções (GOLDBERG, 1995, 2006) e 
outros aportes teóricos da LC (tais como o conceito de Modelos Cognitivos Idealizados - 
os MCIs - de Lakoff, 1987, e a Escala Pragmática de Fauconnier, 1975) nos proporcionam 
ferramentas que podem ser utilizadas para explicar o nosso objeto de estudo e mostrar que 
existe, no português, uma rede construcional envolvendo a construção de ‘aumento’ e de 
que há uma construção básica da qual as outras são decorrentes (herdadas). 
 
1.1 Hipóteses 
 
 Para direcionar a investigação do fenômeno, apresentamos algumas hipóteses: 
(1) A hipótese principal é a de que existiria, no português, uma rede construcional 
envolvendo a construção de ‘aumento’ e de que há uma construção básica da qual as outras 
são decorrentes (herdadas). 
 18 
(2) O fato de os sufixos aumentativos possuírem afinidade semântica e serem agregados a 
uma mesma base, mas com interpretações diferentes, poderia ser explicado e justificado 
pelos Princípios da Força Expressiva Maximizado e o de Não Sinonímia de Goldberg 
(1995)? 
(3) O Princípio de Poder Maximizado, que leva em conta as necessidades comunicativas 
dos falantes, justificaria a motivação do uso? 
(4) O Princípio de Coerência Semântica e o Princípio de Correspondência (GOLDBERG, 
1995, p. 50-51) legitimaria o uso dos afixos em formas como ‘cabeleira’, ‘cabelada’ e daria 
fundamento ao bloqueio desses mesmos sufixos nas formas ‘sanduicheira’ e ‘azulada’? 
(5) A possibilidade de formas como ‘socão’, socaço’, ‘socãozaço’ serem usadas revelam 
que objetivos semânticos, pragmáticos e estilísticos podem levar à criação de formas 
concorrentes (SANDMANN, 1991) – e formas coocorrentes também. Tal fato pode ser 
explicado com a escala pragmática de Fauconnier (1975) e pelo Princípio de Não 
Sinonímia de Goldberg? 
(6) “A diacronia tem muita importância para a compreensão da Gramática [...] e também 
para a compreensão de processos cognitivos”. (BYBEE, 2010, p. 96). Com base no que 
afirma Bybee, a origem do afixo influiria no significado atual que veicula como preveem 
pressupostos da Linguística Cognitiva que não entende sincronia sem a diacronia? 
(7) Por fim, trabalhamos com a hipótese de que analisar os afixos com base no MCI de 
tamanho ajudaria a explicar suas diferentes interpretações, o que corrobora os Princípios de 
Goldberg, e mostraria que esses sufixos contribuem sobremaneira com o processo de 
formação de palavras e que têm diversas funções além de especializar a semântica do 
nome. 
 Tais questões serão abordadas tanto nos capítulos dois e três e, principalmente no 
capítulo quatro, que trata da análise dos dados. 
 19 
1.2 Metodologia 
 
 Analisamos os formativos, observando a sua entrada na língua e seu significado nos 
dias atuais. Para tanto, utilizamos, como fontes de informações diacrônicas, compêndios de 
gramática histórica (SAID ALI, 1966; COUTINHO, 1968; MACHADO, 1967), manuais 
de filologia e linguística portuguesa (LAPA, 1971; CHAVES DE MELO, 1981) e, 
principalmente, dicionários etimológicos (NASCENTES, 1955; COROMINAS, 1987; 
BUENO, 1988; CUNHA, 1994) e dicionários morfológicos (GOÉS, 1937; 1945; 
HECKLER et al., 1981). Também consultamos as bases de dados de 
www.copusdoportugues.org, organizados por Michael Ferreira e Mike David, envolvendo 
fontes documentais desde o século XIII até o século XX. 
 Com o objetivo de comprovar as hipóteses apresentadas acima, utilizamos os 
pressupostos teóricos da Linguística Cognitiva, principalmente a Gramática das 
Construções (GC) de Goldberg (1995), a noção de MCI (LAKOFF, 1987), a Escala 
Pragmática (FAUCONNIER, 1975) e o MCI de tamanho de Ruiz de Mendoza (2000). 
 Para focar a integração conceptual dos elementos que figuram na construção 
aumentativa, incluímos os pontos de vista de Mendoza (2000) e ampliamos a análise para 
outros afixos aumentativos com base em Alves (2011). 
 Os dados que embasam a análise foram recolhidos de dicionários eletrônicos 
(AURÉLIO, 1999; MICHAËLLIS, 2007; HOUAISS, 2001[2009]; AULETE, 2009); 
posteriormente, com o objetivo de chegar ao maior número possível de formações recentes, 
utilizamos os rastreadores eletrônicos google e yahoo, conseguindo, com isso, extrair 
dados de blogs, chats e posts nas redes sociais, bem como jornais e revistas on line. Uma 
coleta menos sistemática foi feita, paralelamente, a partir de fontes diversas: jornais e 
 20 
revistas, além de dados ouvidos em diferentes situações de interação linguística, como 
conversas informais e programas de televisão. 
 Sempre que possível, ilustramos as diferenças semânticas entras as palavras com 
imagens extraídas da Internet, não apenas para evitar que o ponto de vista do analista 
sobressaia nas descrições, mas também para orientar o leitor na interpretação de pares ou 
séries de palavras com a mesma base. Usos contextualizados, igualmente extraídos das 
fontes citadas, também acompanham as análises. 
 
1.3 Apresentação do trabalho 
 
 Esta Tese apresenta, no capítulo 2, uma pesquisa sobre o percurso histórico dos 
sufixos estudados porque trabalhamos com a hipótese de que a origem do afixo influi no 
significado atual que expressa. Propomos esse percurso para melhor compreensão do uso e 
do significado atual do formativo. Em outra pesquisa realizada (ALVES, 2011), a partir do 
percurso histórico do afixo -ão aumentativo, observou-se que algumas palavras que 
possuíam no latim os formativos -one, -onis não passaram ao português com a forma -ão, a 
exemplo de ‘capǐtō, ōnis’ que significa “o que tem a cabeça grande” (FARIA, 1994). Em 
português, a forma resultante é ‘cabeçudo’, que data de 1220 e possui o mesmo 
significado. A forma ‘cabeção’ (séc. XIII) significa “cabeça grande...” (HOUAISS, 2009) e 
não ‘aquele que possui a cabeça grande’, ou seja, não mais responde pelo sentido de posse, 
fato que nos leva a formular a hipótese de que a forma ‘capito, -onis’ passou ao português, 
como vimos mais acima, com o sufixo –udo. A partir do século XIV, ‘capitão’ nos remete 
também a uma patente militar. 
 O mesmo se observa com palavras do tipo ‘lanǐo, -ōnis’, cuja tradução é ‘carniceiro, 
açougueiro’. Segundo Väänänen (1967), o sufixo -onis significava, primeiramente (grifo 
 21 
nosso), nos sobrenomes derivados de nomes de objetos, a qualidade individualizada e o 
mesmo ocorreu com verbos, a exemplo de “bibere > bibo, -onis: beberrão; gluttire > glutto, 
-onis: glutão”. Em segundo lugar (grifo nosso), figura em palavras como ‘lanionis’ para 
indicar, nesse caso, uma atividade. O significado em português se materializou no sufixo 
-eiro, que, por sua vez, também tem, como -one, o significado de ‘aumento’, ‘grande 
quantidade de’, a exemplo de ‘lamaceiro’ e ‘aguaceiro’. Por não haver trabalho que 
relacione os sufixos apresentados, pretendemos mostrar essa relação, mas somente no que 
se refere à semântica de aumento. 
 Para atingir nosso objetivo, faremos no capítulo 3,
a fundamentação teórica da 
pesquisa, amplamente pautada nos pressupostos da Linguística Cognitiva, sobretudo na 
Gramática das Construções de Goldberg (1995) e na descrição do MCI que esses 
elementos ativam. Recorre-se à Escala Pragmática de Fauconnier (1975) para esclarecer a 
possibilidade de uso de afixos aumentativos concorrentes na mesma base e justificar por 
que não ocorre o bloqueio, nos termos de Aronoff (1976), ou não se aplica o Princípio de 
Economia Maximizado, que preconiza que o número de construções distintas é 
minimizado tanto quanto possível. 
 Com base na constatação de que há afinidade semântica entre esses vários afixos, 
objetivamos, no capítulo quatro, analisar a relação semântica de ‘aumento’ existente entre 
eles no processo de formação de palavras e aplicar os Princípios do Poder da Força 
Expressiva Maximizado e de Não Sinonímia de Goldberg (1995). Os deverbais estão 
contemplados pela pesquisa, mas a exemplo dos agentivos, são alocados num ponto mais 
afastado na rede construcional, por se ligarem ao centro prototípico por meio de um 
sublink e por pertencerem também à outra construção (agentiva). Também incluímos na 
análise o conceito de MCI de tamanho e a integração conceptual de aumento desses 
formativos. Após a análise, mostramos que esses afixos contribuem de forma rica com a 
 22 
descrição dos processos de formação de palavras e ampliação do léxico. A formalização da 
construção de cada um será feita com base em Goldberg (1995) e no modelo de Langacker 
(2009), que representa os processos morfológicos por meio de esquemas gerais 
(simbólicos). 
 Importante se faz frisar que o conceito de aumentativo utilizado nesta pesquisa está 
baseado no conceito de Rosa (1982). A autora concebe o grau aumentativo como: 
 
Uma categoria que expressa relação existente entre um significado 
considerado normal e outro(s) considerado(s) acima, abaixo, ou no 
mesmo nível numa escala de intensidade (muito...pouco) ou de dimensão 
(pequeno...grande), incluindo os valores pejorativos e afetivos. (ROSA, 
1982, p.14) 
 
 Podemos acrescentar na escala os conceitos ‘mais’ e ‘menos’, ‘maior’ e ‘menor’; 
além de ‘muito’ e ‘pouco’; ‘grande ‘ e ‘pequeno’. Pontuamos que a este Trabalho somente 
interessa o valor aumentativo expresso pelos sufixos mencionados, pois sabemos que o 
acréscimo desse tipo de afixo a uma base não é a única forma de exprimir o grau 
aumentativo, o mesmo também pode ocorrer por meio da prefixação. Os prefixos mais 
utilizados para este fim são macro-, mega-, super-, ultra-, como em ‘megafeliz’, 
‘supermãe’, ‘macrotexto’, ‘ultracansada’. Também se pode utilizar a forma analítica com 
os adjetivos ‘grande’, ‘enorme’ e ‘muito’; antepostos ou pospostos ao substantivo 
(Comprei um sofá enorme), e advérbios de intensidade para a gradação de adjetivos como 
‘muito’, ‘mais’ e ’tão’, conforme se vê em ‘Ele é muito alto’. Entre outros mecanismos, 
identificamos a repetição de termos (Ela chegou linda, linda), comparações breves (Esse 
assunto está claro como água) e expressões (Ele é podre de rico), entre outros. Uma 
abordagem mais detalhada sobre a manifestação do grau em português se encontra em 
Gonçalves (2011). Gonçalves (2016) mostra que a materialização pode se dar por várias 
 23 
formas: por meio de estruturas sintáticas estereotipadas (01), expressões exclamativas (02), 
palavras de conteúdo lexical (03), advérbios (04), formações X-mente (05), prefixos 
variados (06), sufixos diversos (07), símiles (08), repetição enfática (09), silabificação 
(10), alongamento da sílaba tônica (11), conforme os exemplos em (01) dados pelo autor: 
 
(01) É podre de rico; É linda de morrer. 
(02) Que aula!; Que doce! 
(03) Ele é um baita professor; Dá uma puta aula. 
(04) É inteligente pacas; É demais esperto. 
(05) É extremamente inteligente; É surpreendentemente bonita. 
(06) É megainteressante; É arquicompetente. 
(07) É inteligentíssima; É chiquérrima; É lindésima. 
(08) É forte como um touro; É gorda como uma baleia. 
(09) É pobre, pobre, pobre; É linda, linda, linda. 
(10) É es-pe-ta-cu-lar!; É ma-ra-vi-lho-sa! 
(11) Fulano coooome!; Era ôoooonibus que não acabava mais. 
 
 Entre os exemplos de Gonçalves (2016), incluiríamos a forma analítica com os 
adjetivos ‘grande’, ‘enorme’ e ‘muito’; antepostos ou pospostos ao substantivo como em 
‘Ela tem um cabelo enorme’; forma já explicitada anteriormente (p. 22). 
 No capítulo cinco tecemos a conclusão deste trabalho e apresentamos as elucidações 
referentes aos questionamentos apresentados nas hipóteses e ao longo das diversas 
reflexões feitas, assim como a ratificação de todos os objetivos propostos na Tese. 
Também buscamos mostrar a relevância da pesquisa para os estudos em Linguística 
Cognitiva relacionados à morfologia. 
 
 24 
2. ABORDAGEM HISTÓRICA DOS AFIXOS AUMENTATIVOS: -ão, -ada, -aria, 
-eiro, -udo, -aço, -ento e -oso. 
 
 Neste capítulo, abordamos aspectos históricos dos afixos que figuram em construção 
de aumentativos estudados nesta Tese com o objetivo de observar a inflexão aumentativa 
adquirida e atestada através dos dados, ao longo da história dos mesmos. Antes vejamos 
como a gramática tradicional trata desses afixos 
 
2.1 A visão dos sufixos na Gramática Tradicional 
 
 É importante observar que a visão tradicional a respeito de tais afixos em muito 
difere da visão defendida por outros estudiosos e pelo presente trabalho. Bechara (2002, p. 
362-363), no capítulo que trata dos processos de formação de palavras, precisamente na 
seção em que aborda a derivação por sufixação, separa os sufixos de acordo com sua 
finalidade ou acepção. É característica desses afixos, a exemplo de -ão, -udo, -eiro, 
apresentar mobilidade categorial, pois selecionam várias classes de palavras como base e 
propiciam produtos de várias categorias, sendo considerados, portanto, heterogramaticais. 
Vejamos em que grupo (s) o autor aloca os afixos estudados e os exemplos dados por ele: 
 
O sufixo -eiro(a), por exemplo, é alocado em cinco grupos diferentes: 
1) como um dos principais sufixos formadores de substantivo (lavadeira, padeiro); 
2) para significar abundância, aglomeração, coleção (desgraceira); 
3) para significar causa produtora, lugar onde se encontra ou se faz a coisa denotada 
pela palavra primitiva (açucareiro, chocolateira); 
4) para formar nomes de naturalidade (brasileiro); 
 25 
5) para formar adjetivo (costumeiro, verdadeiro). 
 
O sufixo -ada é incluído em quatro grupos: 
1) derivados de verbo (estada) [estadia na norma de Portugal], 
2) derivados de substantivo (laçada, braçada, pousada), 
3) para significar abundância, aglomeração, coleção (boiada), 
4) para formar adjetivo (barbado). 
 
Os grupos do sufixo -aria são três: 
1) para significar lugar, meio e instrumento (livraria, tesouraria); 
2) para significar abundância, aglomeração, coleção (cavalaria, infantaria); 
3) para significar causa produtora, lugar onde se encontra ou se faz a coisa denotada 
pela palavra primitiva (livraria, mercearia). 
 
São dois os grupos do sufixo -ão: 
1) para formar nomes de naturalidade (coimbrão), 
2) principais sufixos de nomes aumentativos muitas vezes tomados pejorativa ou 
afetivamente (cadeirão, homenzão, [formas encorpadas: vozeirão, coparrão, 
homenzarrão, grandalhão, chapeirão, toleirão]). 
 
O sufixo -aço(a) apresenta quatro grupos: 
1) derivado de substantivo (vidraça); 
2) para significar abundância, aglomeração, coleção (chumaço); 
3) aumentativo (ricaço, barcaça, copaço); 
4) diminutivo (fumaça). 
 26 
 
O formativo -udo apresenta apenas um grupo: 
1) para formar adjetivo (barrigudo,
cabeçudo). 
 
São dois os grupos de -oso: 
1) para formar nomes técnicos usados na ciência [NA.1, 123-124] (cloreto 
mercuroso); 
2) para formar adjetivos (bondoso, fastoso, untuoso, espirituoso). 
 
O sufixo -ento também figura em dois grupos: 
1) aumentativo (farturento); 
2) para formar adjetivo (cruento, corpulento). 
 
 Em suma, de acordo com Bechara (op. cit.), os afixos estudados são distribuídos da 
seguinte forma: a) -eiro, -aria e -ada (com acepção aumentativa) são colocados no grupo 
de sufixos que significam abundância, aglomeração, coleção; b) -ão, -aço e -ento são 
alocados nos grupos dos sufixos aumentativos e c) -udo e -oso são alocados no grupo de 
sufixos formadores de adjetivo, mas o autor não explica que -udo e -oso atualizam a 
semântica de aumento de tamanho para ‘mais’ ou ‘muito’ ou ‘grande’. Contudo, na seção 
em que descreve a gradação do adjetivo, indica três tipos de gradação: positiva, 
comparativa e superlativa. Na mesma seção, defende que ‘a positiva’ não constitui a rigor 
uma gradação, enunciando simplesmente a qualidade e exemplifica com ‘cuidadoso’; 
portanto, para ele, o sufixo -oso pode ser inserido entre os sufixos que indicam gradação, 
mas, ao mesmo tempo, restringe a noção aumentativa do formativo. Nesse caso, o afixo 
não é considerado um protótipo da categoria aumentativo e ocuparia um lugar na periferia 
 27 
do centro prototípico. Quanto ao formativo -udo, o autor não explica a noção aumentativa e 
chega a excluí-lo da descrição no capítulo que trata da formação de adjetivos. 
 Vejamos na seção abaixo, o percurso histórico do sufixo -ão considerado o 
prototípico dentro dessa categoria (aumentativo). 
 
2.2. O sufixo aumentativo -ão: Primeiros estudos 
 
 Apresentamos nesta seção o percurso histórico do afixo -ão de acordo com Alves 
(2011). A autora mostra um fato que influenciou a formação dita “encorpada” 
(MACHADO, 1941) da terminação (-onis) que mais tarde resultou no sufixo estudado. O 
desgaste fonológico sofrido pelos vocábulos, devido ao acento de intensidade do latim, 
reduziu, por vezes, esses nomes a uma única sílaba. Os monossílabos resultantes foram 
reforçados com o uso de sufixo e prefixo de várias espécies, assim surgindo, por exemplo, 
o aumentativo, usado, de acordo com Machado (op. cit.), apenas para dar corpo ao 
vocábulo original. Portanto, inicialmente, o afixo era adjungido a palavras tão somente 
para aumentá-las de tamanho. Como afirma Machado (1941, p. 352-353), “os sufixos 
primitivos -n- ĕn, -ŏn,-ōn entram na estrutura de palavras antigas para ampliá-las: sangu-is, 
sangu-in-is, car-o car-n-is, ingu-en-is> inguinis”. São, para ele, sufixos latinos que não 
possuem significado próprio. 
 Segundo Machado, o sufixo ō (vogal média posterior longa) influiu, mais do que 
qualquer outro, na formação de substantivos de qualidade que originaram, depois, 
sobrenomes e apodos que designam a qualidade individualizada: Cícero Ciceronis, de 
cicer. Ciceronis significa “o mais brilhante orador de Roma” ou “oradores comparáveis a 
Cicero” ou ainda, “eloquentes como Cícero”. Machado (op. cit.) destaca ainda que, com 
 28 
formação idêntica, o sufixo -ōn- forma substantivos que indicam uma espécie de 
aumentativo, como em edo > ed-on-is > edonis: “comilão”. 
 Väänänen (1967) postula que os sufixos -o, -onis originalmente serviam para formar 
nomes que faziam pares com adjetivos em -us, -a, -um: manducus > manduco (“tragador” 
ou “comilão”) (cf FARIA, 1994, p.329). Esse sufixo, segundo ele expressivo, designa 
primeiramente (grifo nosso) a qualidade individualizada nos sobrenomes derivados de 
nomes de objetos: “frons - fronto : o que tem a frente grande; nasus - nāsō (Naso)” , em 
que Nasão é um sobrenome romano. Väänänen (op.cit) salienta que o mesmo ocorreu com 
os verbos: “bibere > bibo: beberrão; gluttire > glutto: glutão”. 
 Devido ao exposto, é lícito dizer que a desinência –onis não se constituía, no latim 
clássico, em sufixo puro, mas como uma terminação do genitivo singular da terceira 
declinação para nomes terminados em –o, como por exemplo, Cícero – Ciceronis, Otto – 
Ottonis, Bruno – Brunonis. 
 No latim medieval, essa terminação continua a ser usada com a mesma função, mas 
assume o estatuto de sufixo com característica de aumentativo, transmitindo a ideia de 
afeto, simpatia e benquerença quando aplicado a nomes próprios, conforme destacado 
acima. 
 O latim vulgar conservou e ampliou (grifos nossos) as aplicações primitivas do 
sufixo “-o” com a terminação “-one”, desenvolvendo uma aplicação aumentativa, como 
atestam as línguas românicas: Italiano: boccone, espanhol: bocón, português: bocão, 
bocona (segundo a Gramática Tradicional, bocarra). Portanto, as terminações -one, -on e 
-ão são, respectivamente, os principais sufixos aumentativos dessas línguas. 
 Coutinho (1971, p.240) afirma que sufixo aumentativo era raro no latim e que os 
escritores romanos tinham preferência pelo processo analítico: dorsum immane (“dor 
imensa”), altum dolorem (“alta dor, dor intensa / aguda / grande”). Destaca, ainda, que 
 29 
alguns sufixos aumentativos usados no português “não passam de terminações latinas que 
significavam coisas ou objetos grandes” (COUTINHO, op. cit.). Quanto ao -ão, do latim 
-one, afirma que este se junta a temas verbais (designando agente, como em ‘brigão’, 
‘chorão’) e nominais (designando tanto aumento de proporções como aumento de 
intensidade, a exemplo de ‘casarão’, ‘sabichão’, ‘pobretão’). Destaca, por fim, que entre o 
tema e o sufixo pode vir uma consoante de ligação (-r-, -ch-, -t-), como vemos nos 
exemplos acima. 
 Rosa (1982), em sua dissertação, concorda com Rocha Lima (2006[1972]) para 
quem o sufixo formador de aumentativo, por excelência, é o -ão. A divergência maior de 
seu trabalho, comparado ao de Alves (2011), é que Rosa (op. cit.) defende, assim como 
Bechara (2002) e Rocha Lima (op.cit.), entre outros autores, que o grau aumentativo é 
utilizado como forma de depreciação e que “sua afetividade é tida como indicadora, em 
geral, de desprezo” (ROSA, 1982, p. 18). Rosa também exclui formas como ‘babão’, 
‘reclamão’ e ‘esfregão’ da categoria ‘aumentativo’. Para a autora, o aumento tem de incidir 
sobre o referente para que o afixo seja considerado ‘aumentativo’, diferentemente de Alves 
(2011), que compartilha a opinião de Sandmann (1998) de que o sufixo de grau 
aumentativo se presta, especialmente, ao desempenho de funções expressiva e apelativa, 
centradas no emissor e receptor, e bem menos de função referencial, centrada no objeto ou 
referente. Assim também afirma Villalva (2003, p. 958): “[...] a descrição da interpretação 
da semântica das palavras que esses sufixos integram é complexa, não se esgotando na 
expressão de dimensão...”. Nessa mesma linha, Gonçalves (2011, p.33) defende que o grau 
pode servir de veículo para o falante exteriorizar sua impressão a respeito de algo ou de 
alguém. Em ‘chorão’, ‘beberrão, pidão’, o que se ressalta não é o tamanho do referente, e 
sim a intensidade da ação habitual. 
 30 
 Rio-Torto (1998) sustenta a homonímia presente no sufixo -ão. Segundo ela, esse 
formativo é analisado, no português contemporâneo, como quantificador aumentativo, 
sendo suscetível de se agregar a bases substantivas, adjetivas e verbais. Sublinha, 
categoricamente, que não se trata de apenas um sufixo e sim “de tantos outros homónimos 
quantas as diferentes relações categoriais e/ou semânticas envolvidas na sufixação de -ão” 
(p. 150). A autora separa os produtos de acordo com a categoria a que pertencem com 
relação às bases e não
de acordo com as acepções que o afixo adquire. Nesse sentido, Rio-
Torto (1998) distribui as formas derivadas X-ão em dois grandes grupos: a) isocategoriais 
(denominais, deadjetivais e diminutivo) e b) heterocategoriais (adjetivos denominais, 
nomina actionis [deverbais]). Observamos que, em palavras como ‘chorão’, ‘comilão’, 
‘fujão’, casos chamados pela autora de incômodos e “derradeiros”, o sufixo acumula a 
função de agente e de intensidade, o que para Rio-Torto (op. cit.: 171) é impossível: 
 
De resto, uma solução deste tipo colide com o recorte semântico das 
operações derivacionais actuantes na língua portuguesa, porquanto nesta 
não há lugar para uma operação afixal que contemple simultaneamente 
uma relação heterocategorial e uma relação, também sistêmica, mas 
isocategorial, ainda que de intensificação. 
 
 A solução encontrada pela autora é a de reconhecer que há um afixo -ão formador 
de adjetivos deverbais (“que V”), os quais, uma vez nominalizados, podem designar 
“aquele que V”. 
 No caso dos deverbais, ainda há os nomes instrumentais, como ‘esfregão’, ‘pilão’, 
‘podão’, cuja paráfrase é “instrumento com o qual um agente humano executa a ação 
denotada pelo verbo” ou “aquilo (com) que (se) V”. Segundo Rio-Torto (op.cit.) há 
argumentos contra e a favor da inclusão de sufixos com essa acepção no grupo dos 
“nomina agentis”, grupo esse, segundo a autora, marcado pelo traço [+-humano]. Em todos 
os exemplos citados acima, temos uma ação que exige força humana para ser executada. 
 31 
 Rio-Torto (1998) assevera que “o sistema derivacional do português contemporâneo 
não possui um só afixo -ão, mas vários sufixos homónimos com a mesma estrutura formal” 
(p.172-173). Segundo a autora, há homônimos no grupo dos isocategoriais: os que têm 
valores aumentativo-intensivo e diminutivo, com origem em -one. No grupo dos 
heterocategoriais, estão os sufixos -ão com valor relacional, cuja origem está em -anu e o 
 -ão deverbal, que engloba os nomes de ação e os agentivos, todos com origem em -one1. 
 Se tomarmos apenas o sufixo -ão aumentativo, conforme a divisão da autora, 
teríamos apenas os denominais, cuja operação semântica é de dimensão ou intensidade, já 
que para ela os deverbais formariam um grupo distinto. 
 De acordo com Alves (2011), pontuamos que as várias acepções do afixo 
aumentativo não são casos de homonímia, mas de polissemia. Contudo, fazemos ressalva 
no que se refere à formação deverbal. 
 Autores, como Mattoso Camara Jr., Said Ali e Coutinho, incluem a formação 
agentiva (‘babão’, ‘comilão’) na categoria aumentativo e correlacionam essas formações 
ao sufixo latino -one, com exceção de Said Ali que o liga a -onis (cf. SAID ALI, 1971, 
p.56). Porém, no que diz respeito a essas formações, podemos sim, admitir um caso de 
homonímia se concordarmos com Pharies (2002). O autor postula que o sufixo tem duas 
origens e funções: como sufixo nominal aumentativo, remonta a -ō -ōnis, sufixo latino 
utilizado para derivar majoritariamente designações de pessoas a partir de bases verbais e 
nominais; o outro (-iō, -ōnis) tem a função de derivar nomes de ações bruscas a partir de 
verbos. Os dois tipos acabam se influenciando mutuamente. Como afirma o autor, é 
costume dizer que -ō / -ōnis desempenha uma função “individualizadora” em latim e 
designa pessoas que se destacam por alguma ação ou característica habitual, geralmente 
indesejável. Como se trata de ação, o produto tem por base um verbo (errō -ōnis > 
 
1
 Ressaltamos que segundo Rio-Torto (1998), há vários afixos -ão (homônimos) resultantes de vários -one 
(também homônimos). 
 32 
‘vagabundo’; errō -āre > ‘vagar’), (bibō ōnis > beberrão’; bibō ere > ‘beber’), enquanto os 
derivados de radicais nominais, conforme destacamos anteriormente, fazem referência a 
sobrenomes baseados em características pessoais (frontō ōnis, ‘pessoa que tem a frente 
larga’; frons -ntis, ‘frente’). Por outro lado, –io –onis é sufixo latino de nomina actionis 
 (-ção em português) e alguns derivados desse último afixo fazem referência a ações 
bruscas, violentas ou repentinas exemplificadas, inicialmente, com -ção que sofre mudança 
no final do século XV, época em que surgem nomes com -ão, a exemplo de ‘empurrão’, 
‘encontrão’, ‘apertão’, de acordo com Pharies (2002). 
 Há controvérsias também em relação à produtividade do sufixo -ão aumentativo 
entre os autores citados. Alguns o analisam como produtivo, mas Mattoso Câmara (1970, 
p.226) o analisa como pouco produtivo, bem como Coutinho (op.cit.). Na verdade, em 
Alves (2011), o afixo é considerado muito produtivo e, conforme observamos na pesquisa, 
os dados comprovam essa afirmação. O afixo é adjungido a diferentes tipos de bases 
(substantiva, adjetiva, verbal, adverbial) e possui várias acepções, como mostramos no 
quadro 1, abaixo. Esse afixo tem atualmente, juntamente com o diminutivo, uso 
extremamente enriquecedor no campo lexical e possui enorme expressividade. 
O formativo pode ser agregado a uma base numeral formando adjetivo, como por exemplo, 
a) ‘vintão’ (s/d), b) ‘trintão’ (s/d), c) ‘quarentão’ (1817-1819), d) ‘cinquentão’ (s/d), e) 
‘sessentão’ (s/d), f) ‘setentão’ (s/d), g) ‘oitentão’ (1873) e ‘noventão’ (s/d). Observemos o 
dado abaixo, em (02). 
 
(02) “Ele é um sessentão2 requisitado no mercado de trabalho”. 
 
 
2
 Palavra usada por um jornalista da Rede Globo numa matéria que trata da falta de mão de obra qualificada 
no mercado de trabalho da construção civil exibido em 06/08/11. 
 33 
 ‘Sessentão’ faz referência à quantidade de anos vividos por uma pessoa que a torna 
experiente, apesar de ser, em nossa cultura, uma idade já elevada para esse tipo de 
atividade laboral. No exemplo (03), a seguir, o afixo não atualizaria uma ideia de 
quantidade elevada: 
 
(03) “Bahia reduziu o ingresso pra 20 – “vintão” no setor popular” 3. 
 
 Nesse caso, ‘vintão’ faz referência a um valor irrisório. O afixo não exprime uma 
ideia de grande quantidade, mas um teor avaliativo. 
 Rio-Torto (1998) inclui essa acepção no grupo dos heterocategoriais e na subclasse 
dos adjetivos denominais com origem na forma latina -anu. A autora não o considera um 
exemplo de aumentativo e entende que esse -ão relacional seja uma forma homônima do 
afixo -ão aumentativo. Pharies (2002) afirma que o aumento, nesse caso, não recai no 
referente e sim no número de idade que é considerado demasiadamente grande, o que não 
seria verdade em ‘vintão’, conforme explicado acima. Em nosso trabalho, apesar de 
observarmos um sentido avaliativo nesse uso, não o colocamos na categoria aumentativo, 
pois percebemos que é o numeral que traz a semântica de quantidade e não o sufixo. 
 Com a pesquisa histórica sobre o afixo, podemos afirmar que ele possui, desde sua 
origem, um teor semântico de aumento, o que corrobora o fato de ser considerado o 
prototípico entre todos os outros. Observando os dados, podemos afirmar que a datação 
nos fornece dois importantes esclarecimentos acerca das formas deverbais: (1) boa parte 
tem entrada anterior à das formas nominais e (2) a formação mais antiga com adjunção do 
afixo aumentativo é deverbal, a exemplo de ‘glutão’ (séc. XIV) e ‘beberrão’ (séc. XV). 
Vejamos alguns dados com -ão e suas respectivas datas: 
 
3
 Disponível em: globoesporte.globo.com/pr/torcedor de 18/11/2013. Acessado em 18/09/2015. 
 34 
Afixo: -ão Base substantiva Base adjetiva Base 
adv. 
Base verbal 
Dimensão 
(tamanho) 
cachorrão
(1922), 
narigão (1716), 
bundão (1913) 
carrão (1595), 
casarão, (s/ data), 
Altão, gordão 
(s/d) 
 
Intensidade calorão (s/ data) 
trabalhão (1881) 
felizão ( 1899), 
espertalhão (s/ 
d), lentão (não 
dicionarizada) 
pobretão( 1819), 
rapidão 
 
cedão, 
tardão 
Agentivo: 
babão (1712), beberrão (séc. 
XV), brigão (séc. XVI), 
cagão (a 1836), chorão 
(1562), fujão (1562), 
comilão (1603), vacilão 
Utensílio: podão (1720), 
esfregão (1562), pilão 
(1553). 
 Ato ou efeito:chupão 
(1712), safanão (1874), 
puxão (1844) 
Quantidade dinheirão, pozão 
(s/ datação), 
loução (s/d) 
 
 
Valoração 
(afeto muito 
afeto, 
simpatia) 
filhão, mãezona, 
Marcão, amigão 
amigão 
Valoração: 
muita beleza, 
conforto, 
importância 
e grandeza 
bundão (1913), 
carrão (1595)*, 
feirão (1913), 
pernão ( 1899), 
mulherão (1881), 
 
Metonímia empadão (1890), 
salão (1672-
1693), paredão 
(1660) 
frescão (ônibus 
com ar 
condicionado –
s/d), quentão 
(bebida)séc XX 
 
Metáfora cebolão (1258), 
orelhão(s/datação)
, sapatão 
(1858*),), tijolão 
(celular grande) 
 
cagão (a 1836), galinhão 
 Quadro 1: Tipos semânticos de produtos em -ão aumentativo 
 35 
 Outro sufixo, tradicionalmente, considerado formador de aumentativo é o -aço, 
que será descrito na seção seguinte. 
 
 2.3 O sufixo -aço e sua origem. 
 
 O sufixo -aço vem do latim –āceus (var. ācius) e formava adjetivos que denotavam 
matéria, semelhança, pertencimento etc., a exemplo de ‘gallinācēus’ (pertencentes às 
galinhas). Segundo Maurer Junior (1959), o afixo, nas línguas românicas, tem muitas vezes 
sentido pejorativo e aumentativo. Observemos os exemplos (a): Vinaceus: (espécie de 
vinho), ‘vinho ruim’ (em português, ‘vinhaço’) e (b) carnaceus: (relativo à carne, carne de 
má qualidade, salsicha). De acordo com Pharies (2002), trata-se de um sufixo latino 
utilizado para derivar adjetivo e substantivos a partir de bases quase exclusivamente 
nominais, mas o sentido aumentativo se desenvolve pela primeira vez no latim falado 
ocidental. 
 No que diz respeito à língua portuguesa, grande parte dos produtos com -aço se inclui 
na categoria dos substantivos. 
 Em Rosa (1982), conseguimos visualizar, por meio da testagem que a autora fez, o 
processo de mudança na semântica de -aço e também o aumento de sua produtividade. 
Vejamos o que afirma a autora (p. 40): 
 
[...] somente falantes da faixa etária de sessenta anos fizeram leituras 
como: ‘mulheraço’ (mulher vagabunda, vulgar, debochada), ‘jogaço’ 
(jogo vagabundo), ‘maridaço’(marido mais ou menos), apartamentaço 
(apartamento mais ou menos) e ‘carraço’ (aumentativo de carro, mas bem 
pejorativo). (ROSA, 1982, p. 40). 
 
 36 
 Segundo Rosa (op.cit., 41), falantes adultos somente “aceitavam termos 
consagrados pelo uso: ‘golaço’, filmaço’, ‘jogaço’...” e rechaçavam termos como 
“’sonzaço’, ‘musicaço’, ‘solzaço’...”, que eram naturalmente utilizados pelos jovens. 
 Em Bechara (2002), encontramos o exemplo ‘mulheraça’4 com significado 
pejorativo, o que vai de encontro com a pesquisa de Rosa (1982), que conseguiu identificar 
a mudança semântica do afixo, vinte anos antes da afirmação de Bechara (op. cit.). A 
autora afirma que os jovens reconheciam no sufixo -aço um valor positivo e que a noção 
pejorativa do afixo praticamente se perdeu. Para os jovens que participaram da pesquisa, 
‘mulheraço’, por exemplo, é uma “mulher com físico perfeito” (p.41), bem como 
‘apartamentaço’ é um “apartamento bem decorado” (p. 41). Tais definições irão corroborar 
a análise dos dados no capítulo quatro desta Tese, no qual defendemos o Princípio da Força 
Expressiva Maximizada de Goldberg (1995) e o valor positivo que o afixo possui 
atualmente. Concluímos, de acordo com a pesquisa histórica, que o afixo se prestava à 
função avaliativa, expressando um conteúdo pejorativo e mais tarde adquire, entre os 
jovens, a noção de avaliação positiva. Atualmente, o afixo possui um valor positivo 
independentemente da faixa etária. Também observamos que o formativo adquiriu a noção 
de aumento com acepção ‘dimensiva’ como em ‘piolhaço’, demonstrando um maior grau 
de informatividade ou de força semântica, conforme escala apresentada no capítulo 4. 
 Há exemplos de palavras em -aço com sentido pejorativo, porém elas têm datação 
antiga, anteriores ao trabalho de Rosa (1982) como ‘gentaça’ (séc XV): conjunto de 
pessoas pertencentes às camadas mais baixas da sociedade e ‘doutoraço’ (s/d): homem que 
se cobre de ridículo ao se por pretensiosamente na pele de um sábio (HOUAISS, 2009). 
 Ilustramos no quadro 2 alguns dados com -aço. 
 
 
4
 O exemplo está no feminino, diferentemente do citado por Rosa (1983). 
 37 
Afixo -aço Base substantiva Base adj. Base 
adv. 
Base verbal 
Valor 
intensivo 
solzaço bonzaço, curtaço, 
felizaço, gordaço 
(1576) ricaço 
(c1570) 
cedaço puxaço 
Quantidade - - - - 
Dimensão balaço (1675), piolhaço, Gordaço (1576) 
Valoração 
(beleza, 
eficácia, 
qualidade 
positiva) 
apartamentaço, corpaço 
(s/datação), filmaço, 
golaço (s/ datação), 
jogaço, mulheraço , 
vidaço 
mulataço 
Metonímia balaço (1675), buzinaço 
(d1985), panelaço 
 
 cagaço (1873) 
 
 Quadro2: exemplares com afixo -aço 
 
 Dando continuidade ao nosso propósito, que é desenhar sucintamente um 
panorama das investigações acerca dos formativos que exprimem aumento, na próxima 
seção abordamos o sufixo -ada. 
 
2.4 O formativo -ada e sua origem 
 
 O afixo -ada, consoante Maurer Jr (1959), tem sua origem no particípio passado 
latino na forma -ata, mais precisamente da forma de feminino; junta-se a princípio a temas 
substantivos para designar conteúdo e mais tarde, coleção e ato. É um formativo provindo 
de uma desinência latina com aspecto perfectivo (particípio passado ou supino de verbo da 
primeira conjugação). O afixo foi e continua sendo produtivo e se adjunge a diversos tipos 
de bases, conforme o lexicógrafo Houaiss (2009). Nesse caso, o sufixo pode ser (a) 
formador de adjetivo acrescido a formas verbais substantivadas do particípio passado na 
forma feminina, tendo a acepção de resultado de ação (incluindo golpe): ‘alfinetada’ 
(1858), ‘chegada’ (d.s.XIII), ‘misturada’ (1623); (b) conectado a uma base nominal 
 38 
(substantivo) para formar substantivos ligados à culinária, como em ‘abacatada’ (sXIX), 
‘laranjada’ (1640), ‘galinhada’ (s/d), (c) indicador de espaço de tempo: ‘alvorada’ (sXV), 
‘noitada’ (1873), ‘temporada’ (sXIV); (d) relativo à taxionomia biológica (tendo como 
forma de output um substantivo): ‘coronada’, ‘cilioflagelada’; (e) medida: ‘braçada’, 
‘polegada’, ‘trovada’[...]. Neste mesmo grupo, incluiríamos outras formas de medida 
criadas metonimicamente como ‘colherada’ e ‘fornada’; (f) formador de coletivo: 
‘aguaceirada’ (s/d), ‘baianada’ (1889), bicharada’ (a1776), ‘cariocada’ (s/d). 
 Apresentamos as acepções do afixo de uma forma um pouco diferente do que se 
encontra no Houaiss (op. cit.). Como podemos perceber, o afixo apresenta vários matizes 
semânticos, inclusive o de aumento. O sufixo -ada em ‘chuvarada’ ou ‘chuvada’ não 
exprime conteúdo, coleção ou ato e sim uma noção de acúmulo, de grande quantidade ou 
coletividade e de acordo com o dicionário Houaiss (2009[2001]), ‘chuvarada’ ou ‘chuvada’ 
significam chuva abundante e datam de 1899. 
 Pesquisas recentes confirmam o que se afirmou anteriormente. Becker
(2014) 
implementa um estudo histórico do afixo e apresenta vários grupos de acepções e o único 
grupo que o autor não inclui em sua pesquisa é o grupo (d), descrito acima, referente à 
taxionomia biológica. Seguindo a mesma linha de classificação, Takahashi (2014) também 
exclui de seus grupos essa mesma acepção (taxionomia biológica). Os autores descrevem 
esses grupos de forma diferenciada, mas os exemplos são os mesmos, o que nos autoriza 
afirmar que a linha de raciocínio dos autores é a mesma que a nossa. A diferença consiste 
na descrição semântica do grupo, no que diz respeito ao domínio conceptual. Becker 
nomeia um determinado grupo (na divisão do autor, grupo 4) de “produto alimentar, 
bebida” e exemplifica com “bananada, laranjada”. Takahashi nomeia este mesmo grupo de 
“termos relacionados à culinária” e exemplifica com “feijoada, laranjada, cocada”. As 
datações do surgimento dos grupos (a partir do primeiro exemplar) diferem, no entanto. 
 39 
Para Becker (op. cit), o grupo que designa “alimento e bebidas”, por exemplo, surgiu no 
século XV, já no trabalho de Takahashi (2014), esse mesmo grupo tem como data de 
aparecimento o século XIII. 
 Becker aponta divergência no surgimento do afixo com a forma que tem hoje na 
língua. Segundo, o autor: 
Os estudos diacrônicos discordam bastante no que tange a gênese do 
procedimento derivacional em –ada. Basicamente, podem-se distinguir 
duas construções avançadas na literatura linguística. Por um lado tanto 
Meyer-Lübke (1894), quanto filólogos posteriores, como Rohlfs (1969, p. 
444) e Tekavĕié (1972, p.67), defendem a hipótese de que o sufixo surgiu 
como particípio perfeito passivo dos verbos de 2ª e 3ª classes que ocorria 
junto com substantivos em expressões sintagmáticas... (BECKER, 2014. 
p.125-126). 
 
 
Ainda segundo o autor, Collin (1918) contesta essa etimologia e apresenta outra: 
 
Conforme sua reconstrução –ata- remonta ao sufixo –tus (com o 
alomorfe –sus), que, junto com –(t)io, formava nomina actionis (“ação ou 
efeito de X”) na língua latina. Os dois sufixos que, em um primeiro 
momento, distinguiam-se pelo conteúdo semântico (-tio: eventivo vs. 
–tus: resultativo), chegaram a forma dubletes como ‘abortio’, 
abortus.(COLLIN, 1918, p. 16s) 
 
 O autor admite que a reconstrução da gênese de -ada proposta por Collin (que passa 
pela reanálise do plural do neutro, mas é demasiado complexa para ser particularmente 
atraente) fornece uma explicação do momento “coletivo / sumativo” das formações em 
-ada. 
 Em nosso trabalho, temos uma visão diferente da de Becker no que diz respeito às 
formações aumentativas. Em suas “Considerações finais”, o autor afirma que a acepção 
aumentativa perde sua vitalidade no século XIX e estanca no século XX. Como a nossa 
acepção aumentativa inclui a ideia de quantidade e intensidade, além da dimensiva, como o 
próprio autor postulou, concluímos que a noção de aumento no sufixo não é a primeira, 
 40 
mas o afixo foi utilizado para esse fim e hoje é utilizado com frequência, principalmente a 
partir do século XIX, como podemos ver nos exemplos no quadro 3 que apresenta 
formações, inclusive, sem datação por serem recentes: 
 
Afixo -ada : Base substantiva Base participial Base adj. 
Quantidade Concreta: buracada (s/d), 
cabelada (?), chuvarada 
(1899) goleada (1958), 
lamaçada (?), fumaçada 
(1899), panelada (a1858), 
poeirada (1858), piolhada 
(1899), 
fofocada (séc. XX). 
Intensidade abstrata: barulhada 
(1954), brigalhada (1885), 
mentirada (a1899), 
caozada 
 
Metonímia braçada (sXIII) 
fornada (sXV) 
 burrada (1647) 
 
 Quadro 3 : Produtos com o sufixo -ada com acepção aumentativa. 
 
 Na seção que se segue mostramos a abordagem feita em vários trabalhos de cunho 
morfológico a respeito do sufixo -eiro. 
 
2.5 O sufixo -eiro: sua origem 
 
 O afixo -eiro se origina de -arium (arius no genitivo) da língua latina. Segundo 
Maurer Jr (1959), o sufixo formava adjetivos, depois nomes designativos de agente e 
ofício, nomes de árvores, nomes de lugar. Portanto, no próprio latim, o afixo já apresentava 
várias acepções. Nas línguas românicas, emprega-se o formativo -arius abundantemente 
para formar nomes de agente, a exemplo de ‘ferrarius’ e ‘porcarius’. Com a elipse do 
substantivo ‘arbor’ em nomes como arbor persicarius (árvore de ‘pêssego’) ou arbor 
persicaria, que passa a persicarius (‘pessegueiro’), ocorre a substantivação dos antigos 
adjetivos em -arius. O mesmo aconteceu com outros sufixos designativos de árvores. 
 41 
 Almeida & Gonçalves (2005) apresentam um estudo cognitivista das construções 
X-eiro e se propõem a investigar seu sentido mais básico; para isso, tomam por base a 
relação fillmoriana entre a cena de evento e os elementos básicos que integram a estrutura 
dessa cena, como (a) o agente, (b) a ação, (c) o local, (d) o objeto, etc., apresentando ao 
final do trabalho uma rede polissêmica com as várias acepções do sufixo, tendo no centro, 
como protótipo da categoria, a acepção agentiva. Os autores identificam seis acepções para 
o sufixo: agente profissional, agente habitual, agente natural, locativos, intensificadores e 
modais. Conceituam os intensificadores deste modo: “Esse grupo reúne formas que 
designam o modo da ação que pode ser intensificada com a metonímia ‘substância pelo seu 
excesso’: ‘lamaceiro’, nevoeiro’” (p. 243). Para ao autores: 
 
O grupo dos intensificadores deve ser derivado do grupo dos locativos 
porque nesse há uma noção de multiplicidade que é refocalizada como 
excesso de algo. Por serem menos tipicamente agentivos e por serem 
gerados por habilidades cognitivas diferentes das anteriores, são mais 
afastados do centro prototípico. (ALMEIDA & GONÇALVES, 2014, 
p.243). 
 
 Rio-Torto (2008) faz uma reflexão em seu artigo sobre a relação entre as teorias e a 
realidade das mudanças linguísticas. Nesse trabalho, a autora toma como objeto de estudo 
o sufixo -eiro e elucida que o valor primeiro do afixo, atestado desde os primórdios da 
Língua Portuguesa, é o agentivo, fato que corrobora a descrição de Almeida & Gonçalves 
(2005), que colocam os agentivos no centro da rede polissêmica, porém não há consenso 
no que diz respeito aos intensificadores (a categoria que realmente nos interessa neste 
trabalho), pois para Rio-Torto (op.cit), não há como defender que os intensificadores 
tenham vindo da acepção locativa uma vez que os dados observados de acordo com a 
cronologia mostram que “desde sempre os locativos (lamaceiro, esterqueira) acusam 
 42 
marcas de grande quantidade, de excessividade e de avaliação...” (RIO-TORTO, 2008, p. 
239). 
 Observamos, com base em dados históricos como os de Coelho (2004, apud Rio-
Torto, 2008), que não há ocorrência de casos com a noção intensiva no Português arcaico 
até 1536. No quadro de Coelho (2004) são encontradas cinco acepções do afixo: a) nomes 
de agentes humanos, b) adjetivos, c) nomes de instrumentos, d) nomes locativos e e) 
nomes de árvores. Marinho (2004) também não encontrou formações intensivas X-eiro nas 
primeiras fases históricas do português em seu estudo sobre produtividade lexical, embora 
mostre ser essa acepção muito usual nos dias de hoje. Antes do século XIII, portanto, os 
produtos com -eir- são adjetivos (‘dianteiro’, ‘traseiro’) e agentivos profissionais 
(‘vaqueiro’), segundo Rio-Torto, dão continuidade ao valor latino de -ariu-. Ao longo da 
história, percebe-se um enriquecimento semântico do afixo que passa a figurar também em 
produtos com sentidos abstratos. A partir do século XIII, crescem numericamente os 
nomes locativos

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