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A tutela dos diversos tipos de família no direito brasileiro

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A tutela dos diversos tipos de família no direito brasileiro
Publicado por Caio Marcel Mathias
há 2 anos
2.004 visualizações
RESUMO
O presente estudo aborda a recente evolução da entidade familiar no Direito brasileiro, suas novas formações e como a doutrina e jurisprudência vêm às recepcionando, determinando se são merecedoras ou não da tutela legal destinada às famílias tradicionais (formadas pela união entre homens e mulheres). Procuramos, sempre que possível, forneceres casos concretos e análises de juristas renomados para que o leitor possa tirar suas próprias conclusões, tendo, como objetivo principal, a sua conceituação e apresentação dos principais litígios envolvendo as famílias não tradicionais, - tais como as famílias homoafetivas, plurais, anaparentais ou simultâneas. Buscamos fornecer ao leitor, através de análises doutrinárias e jurisprudenciais fundamentos suficientes para a formação de sua própria convicção acerca da tutela a estas famílias, desprovidas de qualquer viés preconceituoso ou tendencioso, e evitando, sempre que possível, demonstrar a opinião pessoal deste pesquisador. Assim, acreditamos que forneceremos subsídios suficientes para que o próprio leitor desenvolva sua linha de raciocínio e forme sua opinião uma vez que, como em qualquer outra área do direito, principalmente no Direito de Família, torna-se impossível apresentar soluções concretas, definitivas e convergentes acerca do tema famílias plurais.
ABSTRACT
This study talks about the recent developments about the family unit in the Brazilian legislation, their new formations and how the doctrine and jurisprudence comes to entertaing the theme, determining whether they are worthy or not of legal protection aimed at traditional families (formed by the union of men and women). We try, whenever possible, to provide concrete cases and the analyzes of renowned jurists so that the reader can draw their own conclusions, having, as main objective, its conceptualization and presentation of the main disputes involving non-traditional families in courts - such as homossexual families, plural, non-parents families or simultaneous families. We seek to provide the reader through doctrinal and jurisprudential analysis sufficient grounds to form his own conviction about the protection to these families, devoid of any prejudiced or biased bias, and avoiding wherever possible, to demonstrate the personal opinion of this researcher. Thus, we believe we provide enough information so that the reader himself will be able to develop his line of reasoning and form your own opinion since, as in any other area of ​​law, particularly in the Family Law, it is impossible to have concrete, definitive and converging solutions and converging about the plural families topic.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho abordará a tutela das diversas famílias no direito brasileiro, com ênfase nas novas famílias reconhecidas hoje em nossa sociedade, tais como as famílias homossexuais, multiparentais, compostas e anaparentais.
Com o avanço da sociedade e constante mutação dos usos e costumes, diversos tipos de famílias estão sendo reconhecidos pelo Direito brasileiro além das tradicionais, fundadas em laços matrimoniais ou de união estável entre um homem e uma mulher.
Ocorre que a tutela à essas famílias não-tradicionais ainda é escassa, confusa e contraditória no tocante à sua proteção constitucional, ao direito patrimonial e sucessório, bem como no tocante à possibilidade de adoção
Ademais, trata-se de um tema contemporâneo, que vem ganhando espaço no judiciário brasileiro, e que, brevemente, será enfrentado no diaadia do operador do direito, razão pela qual um estudo aprofundado será importante tanto para o aprimoramento profissional quanto acadêmico do estudante.
Neste trabalho, nos propomos a responder as seguintes questões: a) Como se deu a evolução histórica da família?; b) qual o conceito de família? Este conceito passou por alterações nos últimos anos?; c) além da família tradicional, quais outros tipos de família estão presentes em nossa sociedade?; d) as famílias não tradicionais possuem proteção legal?; e) como se aplicam os direitos patrimoniais e sucessórios nestas famílias?; f) é reconhecido o direito de adoção às famílias não tradicionais?
No presente estudo, trabalharemos com duas hipóteses. A primeira hipótese a ser tratada é a conservadora, que não reconhece a proteção legal às famílias que não são tradicionais. A segunda hipótese trata-se da corrente liberal, que equipara as famílias atípicas às tradicionais, conferindo-lhes toda a proteção legal com fundamento em princípios constitucionais de igualdade, isonomia e dignidade da pessoa humana.
O objetivo geral do trabalho a ser desenvolvido é buscar maior compreensão do leitor acerca das famílias não tradicionais, tema novo e complexo que tende a fazer parte do diaadia dos operadores do Direito. Por sua vez, o objetivo específico compreende identificar os tipos de família e buscar enquadrá-los nos diversos institutos do Direito brasileiro, tais como o divórcio, a adoção e a sucessão.
Para atingir o objetivo do trabalho, será feita, a princípio, uma análise histórica da família na sociedade e perante o Direito. Serão apresentados os direitos básicos da família tradicional, que servirão de embasamento para análise da tutela das novas famílias.
Após, apresentaremos a evolução do conceito de família, identificando os novos tipos reconhecidos pela sociedade conforme a evolução do tempo. Por conseguinte, serão estudados possíveis direitos e deveres que os membros desta sociedade possuem. Para tal, será analisada doutrina consagrada generalizante e específica, a letra fria da lei e suas possíveis interpretações analógicas, bem como a forma como o judiciário vem enfrentando o tema através da busca da jurisprudência mais recente.
.2. O DIREITO DE FAMÍLIA
2.1. HISTÓRICO E TENTATIVA CONCEITUAL DE FAMÍLIA
Ante as mutações nas estruturas familiares reconhecidas pela sociedade moderna, torna-se difícil encontrar um conceito claro e definitivo para a família ante o Direito.
Acerca da dificuldade de definir a extensão do conceito de família no Direito, assevera Silvo de Salvo Venosa:
Não bastasse ainda a flutuação de seu conceito, como todo fenômeno social, no tempo e no espaço, a extensão dessa compreensão difere nos diversos ramos do direito. Assim, sua extensão não é coincidente no direito penal e fiscal, por exemplo[1].
O legislador nunca preocupou-se em conceitua-la, entretanto, deixou implícito que, perante à lei, a família deveria ser constituída pelo casamento entre homem e mulher que, unidos pelo afeto recíproco, empenhavam esforços para adquirir patrimônio e criar filhos. Neste sentido, dispunha a Constituição da República de 1934: “Art 144. A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção especial do Estado”.
Com o afastamento da sociedade com a igreja esta visão foi relativizada e o legislador constituinte de 1988 passou a aceitar a ideia de família independente do instituto do casamento. É o que se extrai do artigo 226 da Constituição da República de 1988 que, ao invés de definir como a entidade familiar é constituída, a elevou a um patamar de especial proteção estatal e passou a considerá-la como base da sociedade.
Entretanto, um dos maiores avanços estava inserido no § 3ºdo artigoo supracitado, que determina: “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”. Tal parágrafo fora então regulado pela Lei 9.278 de 10 de maio de 1996, conhecida como Lei da União Estável, que preconiza, em seu artigo 1º: “É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família”.
Ainda que com o advento da Lei da União Estável o legislador não definira um conceito claro de família, já era notada uma sinalização de que os laços afetivos haviam se sobressaídoaos laços legais criados pelo matrimônio. Entretanto, muitas outras formas de família estavam à margem da lei e, embora os laços afetivos fossem tão fortes quanto àqueles desenvolvidos entre um homem e uma mulher unidos pelo matrimônio ou pela união estável, não faziam jus a qualquer tutela estatal.
Em 2006, com o advento da Lei Maria da Penha (11.340/06) a lei definiu família de acordo com sua visão moderna, identificando-a, em seu artigo 5º, III, como proveniente de qualquer relação de afeto[2].
Nota-se que, com o passar do tempo, o afeto tornou-se o elemento basilar na definição de família. Neste sentido, leciona Maria Berenice Dias:
“É necessário ter uma visão pluralista da família, abrigando os mais diversos arranjos familiares, devendo-se buscar o elemento que permite enlaçar no conceito de entidade familiar todos os relacionamentos que têm origem em um elo de afetividade, independentemente de sua formação”.[3]
Por sua vez, Maria Helena Diniz sugere que, na seara jurídica, encontram-se três acepções fundamentais do vocábulo família, sendo elas: a) A amplíssima, que abrange os indivíduos ligados pelo vínculo da consanguinidade ou afinidade; b) A lata, que compõe, ainda, os parentes da linha reta ou colateral, bem como os afins; c) Por fim, a acepção estrita, que compõe o conjunto de pessoas unidas pelos laços do matrimônio e da filiação[4].
Paulo Lôbo assevera que, sob o ponto de vista do direito, a família é feita de duas estruturas associadas: os vínculos e os grupos. Há três tipos de vínculos, que podem coexistir ou existir separadamente, sendo: vínculos de sangue, vínculos de direito e vínculos de afetividade[5].
É notório que, nos tempos atuais, a noção de família afasta-se da ideia de poder de um membro sobre o outro concedido, principalmente, ao homem através do casamento, e coloca em supremacia a vontade de seus membros, igualando-se os direitos familiares e emprestando maior relevância ao afeto[6].
Obviamente há uma parcela conservadora da sociedade e dos operadores do direito que refutam esta visão moderna, porém, entendemos que o conceito mais adequado de família é o apresentado pela professora Maria Berenice Dias como sendo um grupo social fundado essencialmente nos laços de afetividade[7].
Por fim, especificamente quanto ao direito de família, Carlos Roberto Gonçalves entende ser este o complexo de disposições, pessoais e patrimoniais, que se origina do entrelaçamento das múltiplas relações estabelecidas entre os componentes da entidade familiar[8]
2.2. TUTELA CONSTITUCIONAL DA FAMÍLIA
É vasta a proteção à família concedida pela Constituição Federal de 1988. Como dito alhures, a Carta Magna consagra em seu artigo 226 a família como base da sociedade e merecedora de especial proteção do Estado.
Entretanto, o diploma ainda indica que o casamento entre o homem e a mulher é a principal forma de constituição familiar. Vide a redação do § 5º do artigo supracitado:
“Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”), concedendo gratuidade à sua celebração (§ 1º), caráter civil ao casamento religioso (§ 2º) e facilitando a conversão da união estável em casamento, ainda que a reconheça como entidade familiar e merecedora da proteção estatal (§ 3º).
No entendimento de Maria Berenice Dias, o legislador constituinte afastou da ideia de família o pressuposto do casamento. A família à margem do casamento passou a merecer tutela constitucional, uma vez que apresenta condições de sentimento, estabilidade e responsabilidade necessários ao desempenho das funções reconhecidamente familiares, além de subtrair de seu conceito a finalidade procriativa[9].
Não são poucos os artigos que visam resguardar a dignidade e o desenvolvimento da família e seus integrantes, como, por exemplo, o artigo 5º, XXVI, que determina que a pequena propriedade rural, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva; o artigo 7º, IV, que consagra como direito do trabalhador urbano ou rural o salário mínimo capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social; o artigo 183.
É possível, ainda, notar a tutela estatal destinada à manutenção digna da família em normas assistenciais, como o artigo 203, I, que estabelece que a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivo, entre outros, a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice.
Como se vê, foi grande a preocupação do legislador constituinte para com a entidade familiar. Trata-se de reflexo da socialização do Estado, que intervém na vida privada como forma de resguardar o cidadão, ao contrário do que é defendido por um Estado liberal, que prestigia, acima de tudo a liberdade[10].
2.3. TUTELA INFRACONSTITUCIONAL
Muitos são os diplomas infraconstitucionais que concedem tutela à entidade familiar. Notadamente, o Código Civil de 2002 emprestou grande relevância ao tema ao destinar um livro exclusivamente ao direito de família, onde é regulado o instituto do casamento e sua dissolução (arts. 1.511 a 1.582), a proteção da pessoa dos filhos (arts. 1.583 a 1.590), as relações de parentesco (arts. 1.591 a 1.619), o poder familiar (arts. 1.630 a 1.638), o direito patrimonial inerente à entidade familiar (arts. 1.639 a 1.693), o direito a alimentos (1.694 a 1.710), o bem de família (arts. 1.711 a 1.722), a união estável (arts. 1.723 a 1.727) e, finalmente, a tutela e curatela (arts. 1.711 a 1.783-A).
Acerca das normas dispostas no Código Civil de 2002 sobre o Direito de Família, Silvio de Salvo Venosa assevera:
O Código Civil de 2002 procura fornecer uma nova compreensão da família adaptada ao novo século, embora tenha ainda com passos tímidos nesse sentido. Seguindo o que já determinara a Constituição de 1988, o atual estatuto procura estabelecer a mais completa igualdade jurídica dos cônjuges e dos companheiros, do homem e da mulher[11].
Por sua vez, a Lei 8.009 de 1990 (Lei do bem de família), tratou de fortalecer a entidade familiar, concedendo maior segurança ao patrimônio da família ao dispor, em seu artigo 1º, que o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas no mesmo diploma.
Por fim, outro diploma de grande relevância é a Lei 9.278 de 1996 (Lei da União Estável), que reconhece como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família (art. 1º), além de dispor acerca dos direitos e deveres dos conviventes (art. 2º).
2.3.1. O estatuto da família
Até o fechamento deste estudo, tramitava perante a Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 6583/2013, que dispõe sobre o Estatuto da Família e dá outras providências[12].
O referido projeto, até então, é motivo de grande discussão entre os deputados e operadores do Direito, pois, em seu artigo 2º, tenta definir o conceito de família. É a atual redação do referido artigo:
Art. 2º: Para os fins desta Lei, define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes[13].
Nota-se, o texto do artigo 2º do citado projeto de lei confere tutela apenas à família tradicional, formada por um homem e uma mulher, deixando à margem da lei as famílias plurais.
A aprovação do projeto de lei com o texto atual poderá causar imensa instabilidade jurídica em nosso país, uma vez que, como se demonstrará adiante, os tribunais superiores e estaduais, ainda que a passoscurtos, vêm consolidando o entendimento no sentido de dar proteção às famílias não tradicionais.
2.4. A FAMÍLIA TRADICIONAL
Na lição de Maria Berenice Dias, “É mais ou menos intuitivo identificar família com a noção de casamento, ou seja, pessoas ligadas pelo vínculo do matrimônio. Também vem à mente a imagem da família patriarcal, o pai como a figura central, tendo ao lado a esposa, rodeada de filhos, genros, noras e netos”[14].
O casamento é, ainda, indubitavelmente, o centro de onde irradiam as normas básicas do direito de família[15].
A lei emprestava juridicidade apenas à família constituída pelo casamento, vedando quaisquer direitos às relações nominadas de adulterinas ou concubinárias. Apenas a família legítima, ou seja, aquela constituída pelo matrimônio, existia juridicamente[16].
Obviamente, há ainda doutrinadores que sustentam que, embora existam relações familiares fora do casamento, estas devem ocupar plano secundário devido sua menor importância social[17]. Nota-se, entretanto, uma evolução social e legislativa que dá mais importância ao afeto ante os laços sanguíneos ou matrimoniais para o reconhecimento da entidade familiar.
Neste sentido, Maria Helena Diniz leciona que deve-se vislumbrar na família uma possibilidade de convivência marcada pelo afeto e pelo amor, fundada não apenas no casamento[18].
Acerca da perda da força do matrimônio como o principal pilar na formação de uma família, Silvio de Salvo Venosa destaca:
A unidade familiar, sob o prisma social e jurídico, não tem mais como baluarte exclusivo o matrimônio. A nova família estrutura-se independentemente das núpcias. Coube à ciência jurídica acompanhar legislativamente essas transformações sociais, que se fizeram sentir mais acentuadamente em nosso país na segunda metade do século XX, após a segunda guerra[19].
Paulo Lôbo sustenta que não é a família per se que é constitucionalmente protegida, mas o locus indispensável de realização e desenvolvimento da pessoa humana. Salienta o autor:
Sob o ponto de vista do melhor interesse da pessoa, não podem ser protegidas algumas entidades familiares e desprotegidas outras, pois a exclusão refletiria nas pessoas que as integram por opção ou por circunstâncias da vida, comprometendo a realização do princípio da dignidade da pessoa humana[20].
Esta nova concepção dá abertura para o reconhecimento de diversos tipos de família outrora ignorados pela sociedade e pelo legislador. São as chamadas famílias não tradicionais ou famílias plurais, as quais abordaremos a seguir.
3. FAMÍLIAS NÃO TRADICIONAIS OU FAMÍLIAS PLURAIS
3.1. FAMÍLIA HOMOAFETIVA
3.1.1. Conceito
As famílias homoafetivas são aquelas formadas pela união de duas pessoas do mesmo sexo, diferentemente das famílias tradicionais, formadas pela união de um homem e uma mulher. Doutrinariamente, é preferida e expressão “homoafetiva” ante “homossexual” para destacar o caráter afetivo da relação.
Ainda que o presente estudo vise abordar os principais litígios envolvendo diversos tipos de famílias não tradicionais, não há como negar que o tema “família homoafetiva” merece maior atenção.
Isto porque os temas relativos a este tipo de família são os mais comumente enfrentados pelos operadores do Direito e, talvez, objeto de maior preconceito perante a sociedade brasileira.
3.1.2. Casamento e união estável
Doutrinariamente é possível encontrar opiniões totalmente divergentes acerca da possibilidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Paulo Lôbo, ao indagar se as uniões homossexuais (também chamadas de homoafetivas para ressaltar o afeto sobre caráter sexual) são entidades familiares constitucionalmente protegidas, responde:
Sim, quando preencherem os requisitos de afetividade, estabilidade e ostensibilidade e tiverem finalidade de constituição de família. A norma de inclusão do artigo 226 da Constituição apenas poderia ser excepcionada se houvesse outra norma de exclusão explícita de tutela dessas uniões[21].
Contra o matrimônio entre casais homossexuais, destacamos a opinião da professora Maria Helena Diniz, que sustenta:
O casamento tem como pilar o pressuposto fático da diversidade de sexo dos nubentes (CC, arts. 1.514, 1.517, 1.565; CF, art. 226, § 5º). Se duas pessoas do mesmo sexo, como aconteceu com Nero e Sporus, convolarem núpcias, ter-se-á casamento inexistente, uma farsa. Absurdo seria admitir que o matrimônio de duas mulheres ou dois homens tivesse qualquer efeito jurídico, devendo ser invalidado por sentença judicial. Se, porventura, o magistrado deparar com caso dessa espécie, deverá tão somente pronunciar sua inexistência, negando a tal união o caráter matrimonial.[22]
No mesmo sentido, Silvio de Salvo Venosa entende que não há casamento senão na união de pessoas do sexo oposto. A sociedade de pessoas do mesmo sexo não forma uma união de direito de família, mas, meramente, direitos do campo obrigacional. Entente, ainda, o autor, que para haja proteção legal à relação homoafetiva, qualquer legislação neste sentido deve alterar o preceito constitucional que, tanto para o casamento quanto para a união estável, estabelece a diversidade de sexos (CF, art. 226, § 3º)[23].
Assevera ainda o citado autor:
De qualquer modo, encarado como um fato social, qualquer que seja o sentido dessas relações de lege ferenda, ou seja, seu valor axiológico, seu nível jurídico nunca poderá ser o de matrimônio, ainda que alguns de seus efeitos secundários sejam conferidos, como, por exemplo, o direito à herança, a benefícios previdenciários, a planos de saúde, devendo a relação ficar acentuadamente no plano do direito das obrigações, fora do sublime e histórico conceito de família e casamento[24].
Cumpre observar que o professor Venosa segue o mesmo entendimento quanto à união estável, enumerando a diversidade de sexos como um de seus elementos constitutivos.
Em sentido oposto, destacamos o posicionamento da professora Maria Berenice Dias, uma das principais defensoras do casamento entre pessoas do mesmo sexo:
Nem a Constituição nem a lei, ao tratarem do casamento, fazem qualquer referência ao sexo dos nubentes. Portanto, não há qualquer impedimento, quer constitucional, quer legal, para o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Também, entre os impedimentos para o casamento, não se encontra a diversidade de sexo do par. (...)
O só fato de a lei estabelecer (CC 1.565) que, pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família, não significa que esteja limitando o casamento a heterossexuais. Simplesmente o que está afirmando é que tanto o homem como a mulher assumem tal condição, e não que necessariamente tenham de estar casados com pessoas do sexo oposto[25].
Por sua vez, acerca da possibilidade de existir união estável entre pessoas do mesmo sexo, destaca a citada autora:
Por absoluto preconceito, a Constituição emprestou, de modo expresso, juridicidade somente às uniões estáveis entre um homem e uma mulher, ainda que em nada se diferencie a convivência homossexual da união estável heterossexual. A nenhuma espécie de vínculo que tenha por base o afeto pode-se deixar de conferir status de família, merecedora da proteção do Estado, pois a Constituição (1º, III) consagra, em norma pétrea, o respeito à dignidade da pessoa humana.[26]
Carlos Roberto Gonçalves entende que a Constituição Federal admite apenas o casamento entre homem e mulher, sendo que a diferença de sexos sempre constituiu requisito natural do casamento, a ponto de serem consideradas inexistentes as uniões homossexuais, sendo vedada, inclusive, a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Lembra, entretanto, que a partir do reconhecimento, pelo Supremo Tribunal Federal, da união homoafetiva como entidade familiar, a jurisprudência tem afastado o requisito da diversidade de sexos, admitindo expressamente o casamento homoafetivo[27].
Entretanto o autor acima mencionado assevera que a diferença de sexos é elemento estrutural do casamento, sem o qual inexiste o vínculo matrimonial,tratando-se de uma condição tão evidente que dispensa até mesmo regulamentação legislativa[28].
Consolidando o entendimento jurisprudencial que vinha tornando-se dominante, em 2011 o Supremo Tribunal Federal julgou a ADI 4277 (originariamente autuada como ADPF 178) que buscava a aplicação do método analógico de integração do Direito para equiparar as uniões estáveis homoafetivas às uniões igualmente estáveis que se dão entre pessoas de sexo diferente.
Na referida ação foram solicitadas informações aos Tribunais de Justiça Estaduais acerca das ações em trâmite no seu espaço de jurisdicação, destacando suas posições majoritárias. Assim, manifestaram-se a favor da equiparação entre a união estável heterossexual e a união estável homoafetiva: Acre, Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná; Contrários estavam Distrito Federal, Santa Catarina e Bahia.
Ao final, acordaram os Ministros em votar pela procedência da Ação Direta de Inconstitucionalidade a fim de que o artigo 1.723 do Código Civil de 2002fosse interpretado conforme a Constituição, determinando sua aplicabilidade não apenas à união estável estabelecida entre homem e mulher, como também à união estável constituída entre indivíduos do mesmo sexo.
Destacamos o seguinte trecho da ementa do julgamento:
INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA INTERPRETAÇÃO CONFORME). RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES.
Ante a possibilidade de interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de interpretação conforme à Constituição. Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva[29].
Importante destacar, a referida ADI limitou-se a equiparar os efeitos tão somente da união estável homoafetiva, nada deliberando acerca da possibilidade de pessoas do mesmo sexo contraírem matrimônio.
Visando pacificar o tema, o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução Nº 175, que determina que é vedada aos cartórios a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo, podendo os interessados levar a recusa ao conhecimento do juiz corregedor competente para que determine o cumprimento da medida[30].
3.1.3. Adoção
A adoção é o ato judicial pelo qual se estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha, criando, portanto, um vínculo de parentesco civil em linha reta entre adotante (ou adotantes) ou adotado (ou adotados)[31].
Modernamente, dois são os objetivos primordiais do instituto da adoção: Dar filhos àqueles que não os podem ter biologicamente e dar pais aos menores desamparados, inserindo-os em um ambiente familiar homogêneo e afetivo, tendo em vista, principalmente, o bem-estar do adotado[32].
Quanto a adoção por casais homossexuais, Venosa observa que, se não são ainda os companheiros homoafetivos reconhecidos como entidade familiar, a eles não é dado, em princípio, adotar conjuntamente, embora alguns julgados já ensaiem essa possibilidade. Poderá, entretanto, o indivíduo homossexual adotar após submetido à avaliação judicial[33].
É o mesmo entendimento de Carlos Roberto Gonçalves, que observa:
A adoção por homossexual, individualmente, tem sido admitida, mediante cuidadoso estudo psicossocial por equipe interdisciplinar que possa identificar na relação o melhor interesse do adotando. (...)
A Lei Nacional da Adoção não prevê a adoção por casais homossexuais porque a união estável só é permitida entre homem e mulher (CC, art. 1.723; CF, art. 226, § 3º)[34].
Em sentido oposto, Paulo Lôbo defende não haver qualquer impedimento constitucional para que duas pessoas do mesmo sexo que possuam uma relação afetiva possam adotar a mesma criança, salientando que pesquisas científicas têm concluído que a orientação sexual dos pais não tem o condão de afetar o desenvolvimento da criança e do adolescente[35].
O fato é que, atualmente, a adoção por casais homossexuais é amplamente aceita pela jurisprudência. Destacamos aqui o caso de um casal homossexual feminino em que uma das companheiras realizou inseminação artificial heteróloga, por doador desconhecido a fim de proporcionar um filho ao casal. Posteriormente, fora proposta ação de doação unilateral para que ambas as companheiras passem a compartilhar a condição de mães da adotanda.
Objeto de Recurso Especial perante o Superior Tribunal de Justiça, confirmou-se a possibilidade de adoção por casais homoafetivos, conforme extrai-se da ementa do julgamento:
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. UNIÃO HOMOAFETIVA. PEDIDO DE ADOÇÃO UNILATERAL. POSSIBILIDADE. ANÁLISE SOBRE A EXISTÊNCIA DEVANTAGENS PARA A ADOTANDA.
I. Recurso especial calcado em pedido de adoção unilateral de menor, deduzido pela companheira da mãe biológica da adotanda, no qual se afirma que a criança é fruto de planejamento do casal, que já vivia em união estável, e acordaram na inseminação artificial heteróloga, por doador desconhecido, em C. C. V.
(...)
III. A plena equiparação das uniões estáveis homoafetivas, às uniões estáveis heteroafetivas, afirmada pelo STF (ADI 4277/DF, Rel. Min. Ayres Britto), trouxe como corolário, a extensão automática àquelas, das prerrogativas já outorgadas aos companheiros dentro de uma união estável tradicional, o que torna o pedido de adoção por casal homoafetivo, legalmente viável.
IV. Se determinada situação é possível ao extrato heterossexual da população brasileira, também o é à fração homossexual, assexual ou transexual, e todos os demais grupos representativos de minorias de qualquer natureza que são abraçados, em igualdade de condições, pelos mesmos direitos e se submetem, de igual forma, às restrições ou exigências da mesma lei, que deve, em homenagem ao princípio da igualdade, resguardar-se de quaisquer conteúdos discriminatórios.
(...)
VII. O avanço na percepção e alcance dos direitos da personalidade, em linha inclusiva, que equipara, em status jurídico, grupos minoritários como os de orientação homoafetiva - ou aqueles que têm disforia de gênero - aos heterossexuais, traz como corolário necessário a adequação de todo o ordenamento infraconstitucional para possibilitar, de um lado, o mais amplo sistema de proteção ao menor - aqui traduzido pela ampliação do leque de possibilidades à adoção - e, de outro, a extirpação dos últimos resquícios de preconceito jurídico - tirado da conclusão de que casais homoafetivos gozam dos mesmos direitos e deveres daqueles heteroafetivos.
VII. A confluência de elementos técnicos e fáticos, tirados da i)óbvia cidadania integral dos adotantes; ii) da ausência de prejuízo comprovado para os adotados e; iii) da evidente necessidade de se aumentar, e não restringir, a base daqueles que desejam adotar, em virtude da existência de milhares de crianças que longe de quererem discutir a orientação sexual de seus pais, anseiam apenas por um lar, reafirmam o posicionamento adotado pelo Tribunal de origem, quanto à possibilidade jurídica e conveniência do deferimento do pleito de adoção unilateral. Recurso especial NÃO PROVIDO[36].
Importante destacar o seguinte trecho do voto da Ministra Relatora Nancy Andrighi:
A adoção, ato de amor que é, exige desprendimento para aceitar como parte de sua vida, alguém com quem não tinha vínculo biológico; paciência para lidar com as inúmeras situações de tensão que brotam de uma relação familiar e; sobretudo, carinho para fazer com que os adotandos, muitas vezes vítimas de uma estrutura social perversa, recuperem o sonho de viver.
Essas, ou outras qualidadesquaisquer que venham a ser enumeradas, independem de gênero, credo, cor ou orientação sexual, mas não prescindem de elevadas doses de humanidade, sobejamente demonstrada por aqueles que lutam contra empeços discriminatórios de várias estirpes, para lograr êxito em pedidos de adoção.
3.2. FAMÍLIA PARALELA OU SIMULTÂNEA
3.2.1. Conceito
As famílias paralelas (também chamadas de simultâneas ou plúrimas) são constituídas quando um ou ambos os cônjuges mantêm relacionamentos simultâneos com dois ou mais parceiros, dividindo-se entre duas casas, duas famílias, sendo que todos os vínculos atendem aos requisitos legais de ostensividade, publicidade e notoriedade. Pode tratar-se de um casamento e uma união estável ou diversas uniões estáveis[37].
Cumpre observar que, embora no Brasil trate-se de uma formação contemporânea de entidade familiar, Silvio de Salvo Venosa lembra que, em civilizações antigas (como, por exemplo, na Babilônia), tal prática era comum. Embora a família fosse fundada no casamento monogâmico, o direito, sob influência semítica, autorizava que o marido tivesse esposas secundárias caso a primeira não pudesse conceber um filho ou fosse acometida de doença grave[38].
Na defesa deste tipo de família, o autor supracitado defende:
Não se pode afastar aprioristicamente a proteção à família plúrima. Por essa e outras razoes melhor denominar entidades familiares a todas essas formas de relacionamento, como faz o Projeto do Estatuto das Famílias. Não há mais uma única família a ser analisada e compreendida, mas inúmeras entidades familiares[39]
Não há que se confundir o instituto em comento com as relações adulterinas eventuais. Nestas, não está presente o affectio maritalis, ou seja, o ânimo de constituir família.
3.2.2. Direito patrimonial e sucessório
Tema controverso atinente ao tema “famílias simultâneas” refere-se à partilha dos bens no caso da sucessão aberta de pessoa que integre famílias simultâneas.
Para que possa haver uma divisão justa dos bens deixados pelo de cujus é necessário, a princípio, que o órgão judicante reconheça a instituto da família simultânea como merecedor da tutela legislativa destinada às famílias tradicionais.
Aos que reconhecem ambas entidades familiares, aberta a sucessão, é determinada seja feita a triação entre os cônjuges sobreviventes. Neste caso, os bens adquiridos na constância da união dúplice são partilhados entre as companheiras e o de cujus. Em outras palavras, a meação que se transforma em "triação", pela duplicidade de uniões.
Neste sentido, destacamos o julgado do Tribunal de Justiça de Pernambuco:
DIREITO DE FAMÍLIA. UNIÕES ESTÁVEIS SIMULTÂNEAS. RECONHECIMENTO. PARTILHA DE BENS. TRIAÇÃO.
1. Estando demonstrada, no plano dos fatos, a coexistência de duas relações afetivas públicas, duradouras e contínuas, mantidas com a finalidade de constituir família, é devido o seu reconhecimento jurídico à conta de uniões estáveis, sob pena de negar a ambas a proteção do direito.
2. Ausentes os impedimentos previstos no art. 1.521 do Código Civil, a caracterização da união estável paralela como concubinato somente decorreria da aplicação analógica do art. 1.727 da mesma lei, o que implicaria ofensa ao postulado hermenêutico que veda o emprego da analogia para a restrição de direitos.
3. Os princípios do moderno direito de família, alicerçados na Constituiçãode 1988, consagram uma noção ampliativa e inclusiva da entidade familiar, que se caracteriza, diante do arcabouço normativo constitucional, como o lócus institucional para a concretização de direitos fundamentais. Entendimento do STF na análise das uniões homoafetivas (ADI 4277/DF e ADPF 132/RJ).
4. Numa democracia pluralista, o sistema jurídico-positivo deve acolher as multifárias manifestações familiares cultivadas no meio social, abstendo-se de, pela defesa de um conceito restritivo de família, pretender controlar a conduta dos indivíduos no campo afetivo.
5. Os bens adquiridos na constância da união dúplice são partilhados entre as companheiras e o companheiro. Meação que se transmuda em "triação", pela simultaneidade das relações. 6. Precedentes do TJDF e do TJRS[40].
Contrario Sensu, caso prevaleça o entendimento de impossibilidade do reconhecimento de uniões estáveis simultâneas, serão aplicadas as regras da sociedade de fato, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.
Neste sentido, posicionou-se o Superior Tribunal de Justiça:
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. UNIÕES ESTÁVEIS SIMULTÂNEAS. IMPOSSIBILIDADE. REQUISITOS LEGAIS. EQUIPARAÇÃO A CASAMENTO. PRIMAZIA DA MONOGAMIA. RELAÇÕES AFETIVAS DIVERSAS. QUALIFICAÇÃO MÁXIMA DE CONCUBINATO. RECURSO DESPROVIDO.
(...)
4. Este Tribunal Superior consagrou o entendimento de ser inadmissível o reconhecimento de uniões estáveis paralelas. Assim, se uma relação afetiva de convivência for caracterizada como união estável, as outras concomitantes, quando muito, poderão ser enquadradas como concubinato (ou sociedade de fato). 5. Agravo regimental a que se nega provimento[41].
3.3. FAMÍLIA POLIAFETIVA
3.3.1. Conceito
As famílias poliafetivas assemelham-se às famílias paralelas ou simultâneas, com a diferença de que os diversos cônjuges convivem sob o mesmo teto. Assim, em outras palavras, a família poliafetiva é formada por um homem e duas mulheres ou uma mulher e dois homens que convivem, dividem o leito e somam esforços para constituir uma família.
É, talvez, a entidade familiar mais estigmatizada na sociedade moderna, que tem como regra a monogamia na formação das entidades familiares, associando, assim, as famílias poliafetivas à promiscuidade ao invés do afeto.
3.3.2. Registro público das famílias poliafetivas
Destacamos aqui a solução encontrada pelos membros de famílias poliafetivas a fim de regularizar sua união, qual seja, a lavratura de escritura pública de uniões poliafetivas.
O caso pioneiro ocorreu na cidade de Tupã – SP, onde um homem e duas mulheres, que viviam juntos na mesma casa há três anos, oficializaram a união em cartório de notas de ao lavrar Escritura Pública de União Poliafetiva, visando, assim, garantir os direitos de família entre eles, tais como traz regras que correspondem a forma de divisão do patrimônio no caso de um dos parceiros falecer ou num caso de separação, além de se reconhecerem como uma família[42].
3.4. FAMÍLIA MONOPARENTAL OU UNILINEAR
3.4.1. Conceito
De acordo com o § 4º, do artigo 226 da Constituição Federal, entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. Essas famílias receberam, doutrinariamente, a denominação de famílias monoparentais, destacando, assim, a presença de somente um dos pais na titularidade do vínculo familiar[43].
De acordo com Maria Helena Diniz:
A família parental ou unilinear desvincula-se da ideia de um casal relacionado com seus filhos, pois estes vivem apenas com um de seus genitores, em razão de viuvez, separação judicial, divórcio, adoção unilateral, não reconhecimento de sua filiação pelo outro genitor, “produção independente” etc[44].
Destaca-se que tal entidade familiar é cada vez mais comum em nossa sociedade. Prova disso são as diversas ações de reconhecimento de paternidade que assolam o judiciário brasileiro. Conclui-se, portanto, que tal fenômeno é mais frequente entre mulheres e seus descendentes, uma vez que o não conhecimento do pai da criança leva à formação de uma entidade familiar monoparental.
3.5. FAMÍLIA PARENTAL OU ANAPARENTAL
3.5.1. Conceito
Ao pensar em família, imediatamente vem às nossas mentes a estrutura verticalizada do vínculo familiar, formada por ascendentes e descendentes. Entretanto, não há como afastar deste conceito as famílias anaparentais, ou seja, aquelas em que não está presente a verticalidade no grau de parentesco.
Em outras palavras, a diferença de gerações não pode ser considerada condição para o reconhecimento de uma família merecedora de proteção legal. A mera convivência entre parentes sob o mesmo tempo, duranteanos, com o objetivo comum de formar patrimônio, impõe o reconhecimento da existência da entidade familiar denominada parental ou anaparental[45].
3.5.2. Direito sucessório
Maria Berenice Dias sustenta que a convivência sob o mesmo teto, durante longos anos, de duas irmãs, por exemplo, que conjugam esforços para a formação de patrimônio, constitui uma entidade familiar e, assim sendo, vindo uma delas a falecer, descabe dividir os bens igualitariamente entre os demais herdeiros colaterais em nome da vocação hereditária.
A autora adota, entretanto, a drástica posição de conceder a totalidade do patrimônio à irmã convivente, descartando a aplicação por analogia da Súmula 380 do STF (“Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum”).
3.5.3. Da adoção conjunta por irmãos
Indaga-se se a adoção conjunta prevista no artigo 42, § 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente seria aplicável à família anaparental. É a redação do citado artigo: “Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família”.
Ocorre que não raro é encontrar o referido artigo em conflito com os princípios da dignidade da pessoa humana e do melhor interesse da criança e do adolescente.
Isto posto, indaga-se se é possível, visando o melhor interesse do menor através de sua inserção em uma família comprovadamente estável, a adoção conjunta por irmãos. Em outras palavras, é possível que dois irmãos que formem uma família anaparental adotem conjuntamente uma criança ou adolescente em prol de seu melhor interesse?
Sobre o tema, manifestou-se o Superior Tribunal de Justiça na apreciação do Recurso Especial 1217415, cuja ementa do julgamento destacamos:
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ADOÇÃO PÓSTUMA. VALIDADE. ADOÇÃO CONJUNTA. PRESSUPOSTOS. FAMÍLIA ANAPARENTAL. POSSIBILIDADE.
Ação anulatória de adoção post mortem, ajuizada pela União, que tem por escopo principal sustar o pagamento de benefícios previdenciários ao adotado - maior interdito -, na qual aponta a inviabilidade da adoção post mortem sem a demonstração cabal de que o de cujus desejava adotar e, também, a impossibilidade de ser deferido pedido de adoção conjunta a dois irmãos (...).
O art. 42, § 2º, do ECA, que trata da adoção conjunta, buscou assegurar ao adotando a inserção em um núcleo familiar no qual pudesse desenvolver relações de afeto, aprender e apreender valores sociais, receber e dar amparo nas horas de dificuldades, entre outras necessidades materiais e imateriais supridas pela família que, nas suas diversas acepções, ainda constitui a base de nossa sociedade. A existência de núcleo familiar estável e a consequente rede de proteção social que podem gerar para o adotando, são os fins colimados pela norma e, sob esse prisma, o conceito de núcleo familiar estável não pode ficar restrito às fórmulas clássicas de família, mas pode, e deve, ser ampliado para abarcar uma noção plena de família, apreendida nas suas bases sociológicas. Restringindo a lei, porém, a adoção conjunta aos que, casados civilmente ou que mantenham união estável, comprovem estabilidade na família, incorre em manifesto descompasso com o fim perseguido pela própria norma, ficando teleologicamente órfã. Fato que ofende o senso comum e reclama atuação do interprete para flexibilizá-la e adequá-la às transformações sociais que dão vulto ao anacronismo do texto de lei. O primado da família socioafetiva tem que romper os ainda existentes liames que atrelam o grupo familiar a uma diversidade de gênero e fins reprodutivos, não em um processo de extrusão, mas sim de evolução, onde as novas situações se acomodam ao lado de tantas outras, já existentes, como possibilidades de grupos familiares. O fim expressamente assentado pelo texto legal - colocação do adotando em família estável - foi plenamente cumprido, pois os irmãos, que viveram sob o mesmo teto, até o óbito de um deles, agiam como família que eram, tanto entre si, como para o então infante, e naquele grupo familiar o adotado se deparou com relações de afeto, construiu - nos limites de suas possibilidades - seus valores sociais, teve amparo nas horas de necessidade físicas e emocionais, em suma, encontrou naqueles que o adotaram, a referência necessária para crescer, desenvolver-se e inserir-se no grupo social que hoje faz parte. Nessa senda, a chamada família anaparental - sem a presença de um ascendente -, quando constatado os vínculos subjetivos que remetem à família, merece o reconhecimento e igual status daqueles grupos familiares descritos no art. 42, § 2, do ECA. Recurso não provido[46].
Extrai-se do acordão do julgamento supracitado que, de acordo com o STJ, as famílias anaparantais são igualmente merecedoras de especial proteção do Estado, podendo, inclusive, adotar. Sob o prisma do bem-estar do menor, entendeu-se que deve prevalecer o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente – que poderá ser inserida em uma família estável, receber afeto e orientação - em detrimento da interpretação literal do artigo 42, § 2º, do ECA.
3.6. FAMÍLIA COMPOSTA
3.6.1. Conceito
Dá-se o nome de família composta (ou recomposta) àquelas originadas no matrimônio ou união de fato de um casal onde um ou ambos de seus integrantes têm filhos provenientes de uma relação prévia e caracterizadas pela multiplicidade de vínculos, ambiguidade das funções dos novos casais e forte grau de interdependência[47].
De acordo com Paulo Lôbo:
A incidência elevada de separações e divórcios, no Brasil, faz aflorar o problema das relações jurídicas, além das afetivas, das famílias recompostas, assim entendida as que se constituem entre um cônjuge ou companheiro e os filhos do outro, vindos de relacionamento anterior[48].
Com o trâmite do divórcio cada vez menos burocrático e mais célere, tal estrutura familiar passa a ser comum em nossa sociedade, o que requer especial atenção do legislador e da doutrina, afinal, a relação entre os pais biológicos divorciados, novos cônjuges e enteados é, por diversas vezes, conturbada.
3.6.2. Adoção unilateral
Não há como negar a fragilidade das relações nas famílias compostas, onde seus integrantes constantemente se deparam com situações de forte conteúdo moral. Essas situações ocorrem, principalmente, na delicada relação entre enteados e padrastos ou madrastas.
Visando regular tal situação, o Código Civil de 2002 tratou de criar uma nova modalidade de parentesco por afinidade ao dispor em seu artigo 1.595: “Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade”. Assim, ao padrasto ou madrasta devem ser reconhecidas decisões e situações no interesse do enteado, tais como em matéria educacional, legitimidade processual para a defesa do menor, atividades sociais e lazer corresponsabilidade civil por danos cometidos pelo enteado e, até mesmo, direito de visita em caso de separação e divórcio[49].
Há, entretanto, situações em que a afinidade entre enteado e padrasto ou madrasta é tão intensa que estes consideram-se como se pais e filhos biológicos fossem. Atento a esta possibilidade, o legislador tratou de criar o instituto da adoção unilaretal.
A adoção unilateral é o instituto previsto no § 1º, do artigo 41 do Estatuto da Criança e do Adolescente que dispõe: “Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge e o concubino do adotante e os respectivos parentes” (Carlos Roberto Gonçalves observa que onde está escrito “concubino” ou “concubinos” deve-se ler “companheiro” ou “companheiros”[50]).
Frisa-se, para ser deferida a adoção unilateral ao padrasto ou madrasta, é necessária a destituição do poder familiar do pai ou da mãe biológica. Ocorre que, por diversas vezes, o enteado desenvolve laços afetivos com o padrasto ou madrasta sem perder os laços de afeto com seu genitor, impedindo, assim, a destituição do poderfamiliar e impossibilitando a adoção unilateral.
Entretanto, hoje em dia é reconhecido o instituto da multiparentalidade, possibilitando que o padrasto adote enteado sem desfazer o parentesco com o pai biológico. Neste sentido:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ADOÇÃO. PADRASTO E ENTEADA. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA ADOÇÃO COM A MANUTENÇÃO DO PAI BIOLÓGICO. MULTIPARENTALIDADE.Observada a hipótese da existência de dois vínculos paternos, caracterizada está a possibilidade de reconhecimento da multiparentalidade. DERAM PROVIMENTO AO APELO[51].
Assim, constará na certidão de nascimento do adotado o registro do seu pai biológico e do seu pai-adotante e, como consequência, a adoção do sobrenome do adotante sem prejuízo da manutenção do sobrenome do pai biológico.
4. CONCLUSÕES
Ante todo o exposto no presente estudo, podemos concluir o que segue:
a) Ainda que o Direito de Família seja um dos institutos mais antigos da civilização humana, pouco se evoluiu fora do enfoque patrimonial do tema. Estudos e legislações do século passado limitavam-se a discutir acerca dos efeitos patrimoniais da família, pouco abordando seus novos conceitos e os efeitos jurídicos que adviriam do reconhecimento de entidades familiares não tradicionais.
b) Com a promulgação da Carta Magna de 1988 e, posteriormente, com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, os operadores do direito conscientizaram-se de que seus estudos deveriam emprestar maior relevância ao aspecto humano ante o patrimonial nas legislações, doutrinas e decisões judiciais. Trata-se, na verdade, de claro efeito da consolidação do princípio da dignidade da pessoa humana como norteador das relações jurídicas.
c) Tendo, portanto, o princípio da dignidade da pessoa humana como base das relações jurídicas, culminando com a crescente tolerância da sociedade acerca de novos tipos de uniões, estão cada vez mais aceitas e respeitadas as famílias não tradicionais, como, principalmente, a homoafetiva.
d) Entretanto, estamos longe de atingir um consenso entre os operadores do Direito acerca da proteção que estas entidades familiares merecem, pondendo, ainda nos dias de hoje, encontrar opiniões extremamente liberais e outras extremamente conservadoras, fundadas, ainda, em princípios morais e religiosos inerentes do século passado.
e) Infelizmente, parece-me que apenas o tempo cuidará de convergir as diversas opiniões através do avanço da sociedade, cabendo a nós, operadores do direito, neste meio tempo, buscar as soluções mais eficientes possíveis a fim de que a tutela jurisdicional alcance a todos, sem distinção.
REFERÊNCIAS
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito Das Famílias. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais;
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, Vol. 5: Direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2013;
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume 6: Direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2013;
LÔBO, Paulo. Famílias. São Paulo: Saraiva, 2009;
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. São Paulo: Forense, 2015;
ROSENVALD, Nelson Farias Cristiano Chaves de. Curso de Direito Civil: Famílias. Rio de Janeiro: Editora Atlas, 2015;
TARTUCE, José Fernando. Direito de Família - Novas Tendências e Julgamentos Emblemáticos. São Paulo: Atlas, 2014;
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. São Paulo: Editora Atlas, 2012.
[1] VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. São Paulo: Editora Atlas, 2012. P. 1.
[2] DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito Das Famílias. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013.
[3] Ibid. P. 42.
[4] DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, Vol. 5: Direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2013. P. 25.
[5] LÔBO, Paulo. Famílias. São Paulo: Saraiva, 2009. P. 2.
[6] VENOSA, op. Cit.
[7] DIAS, op. Cit.. P. 42.
[8] GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume 6: Direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2013. P. 18.
[9] DIAS, op. Cit.. P. 36.
[10] Ibid. P. 36.
[11] VENOSA, op. Cit. P. 10.
[12] Disponível em <http://www.câmara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=597005>. Acesso em: 12. Out. 2015
[13] Fechamento em 27-10-2015.
[14] DIAS, op cit. P. 132.
[15] DINIZ, op. Cit. P. 19.
[16] DIAS, op. Cit.. P. 46.
[17] GONÇALVES, op cit.. P. 20.
[18] DINIZ, op. Cit. P. 27.
[19] VENOSA, op. Cit. P. 6.
[20] LÔBO, op. Cit. P. 62.
[21] Ibid. P. 68.
.
[22] DINIZ, op. Cit. P. 68.
[23] VENOSA, op. Cit. P. 26.
[24] Ibid. P. 29.
[25] DIAS, op. Cit. P. 153.
[26] Ibid. P. 46.
[27] GONÇALVES, op. Cit. P. 45.
[28] Ibid. P. 144..
[29] ADI 4277-STF, Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de Julgamento: 05/05/2011, Tribunal Pleno
[30] Disponível em <http://www.cnj.jus.br/images/imprensa/resolucao_n_175.pdf>. Acesso em: 22 out. 2015
[31] DINIZ, op. Cit.
[32] VENOSA, op. Cit.
[33] Ibid. P. 292.
[34] GONÇALVES, op. Cit. P. 390.
[35] LÔBO, op. Cit. P. 69.
[36] STJ, Recurso Especial nº 1.281.093 – SP, Relator: Ministra Nancy Andrighi, Data de Julgamento: 18/12/2012, T3 - TERCEIRA TURMA.
[37] DIAS, op. Cit. P. 153.
[38] VENOSA, op. Cit. P. 4.
[39] Ibid. P. 46.
[40] TJ-PE - APL: 2968625 PE, Relator: José Fernandes, Data de Julgamento: 13/11/2013, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 28/11/2013.
[41] STJ - AgRg no Ag: 1130816 MG 2008/0260514-0, Relator: Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), Data de Julgamento: 19/08/2010, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/08/2010.
[42] Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2012/08/união-estável-entre-tres-pessoaseoficializada.... Acesso em: 10 out. 2015
[43] DIAS, op. Cit. P. 153.
[44] DINIZ, op. Cit. P. 25.
[45] DIAS, op. Cit.
[46] STJ - REsp: 1217415 RS 2010/0184476-0, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 19/06/2012, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 28/06/2012.
[47] DIAS, op. Cit. P. 141.
[48] LÔBO, op. Cit. P. 73.
[49] Ibid. P. 74.
[50] GONÇALVES, op. Cit. P. 144.
[51] TJ-RS - AC: 70064909864 RS, Relator: Alzir Felippe Schmitz, Data de Julgamento: 16/07/2015, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 22/07/2015.
https://caiomathias.jusbrasil.com.br/artigos/297344261/a-tutela-dos-diversos-tipos-de-familia-no-direito-brasileiro?ref=topic_feed

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