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Relações do Direito Administrativo com outros ramos do Direito e das Ciências Sociais Administrativo Âmbito Jurídico

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Administrativo
 
Relações do Direito Administrativo com outros ramos
do Direito e das Ciências Sociais
Francisco Mafra.
O Direito Administrativo faz parte do bloco monolítico do Direito que, como já
se sabe, é dividido em dois ramos principais (público e privado) com objetivos
didáticos, para facilitar a sua compreensão e estudo.
Assim como nenhum ser humano é uma ilha vivendo sempre em sociedade,
os diferentes ramos do direito não existem isolados.
Os ramos do direito:
“Articulam-se todos, interpenetrando-se, exercendo e recebendo influências
de outros ramos”.[1]
O fato de que o conjunto de normas em que se compõe o direito tem a sua
validade última no texto fundamental da Constituição é capaz de caracteriza-
lo como um todo indivisível. Entretanto, suas diversas disciplinas, ao longo
dos tempos, têm sido aceitas como autônomas e independentes.[2]
CAETANO inicia por descrever a situação do direito administrativo como
direito público. Os critérios para a separação entre público e privado seriam o
do interesse e o do sujeito da relação jurídica. A norma de direito público é
aquela que diretamente protege um interesse público e só indiretamente
beneficia, quando beneficia, interesses particulares. Reconhecendo-se a
primazia dos interesses públicos sobre os particulares, atribui-se, então,
posição superior às pessoas públicas nas relações jurídicas para se alcançar
o interesse público, o bem comum.[3]
Tanto o interesse público quanto a presença de um órgão da Administração
nas relações jurídicas tratadas pelo direito administrativo asseguram o seu
posicionamento no campo do direito público.
Direito Constitucional
Em razão de tratarem do Estado, o Direito Administrativo e o Direito
Constitucional possuem muito em comum. No entanto, o Direito
Constitucional trata da estrutura estatal e da instituição política do governo. O
Direito Administrativo tem como objetivo regular a organização interna dos
órgãos da Administração Pública, seu pessoal, serviços e funcionamento que
satisfaça as finalidades constitucionalmente determinadas. O Direito
Constitucional estabelece a estrutura estática do Estado e o Direito
Administrativo a sua dinâmica. Enquanto O Direito Constitucional dá os
Você está aqui: Página Inicial Revista Revista Âmbito Jurídico Administrativo
lineamentos gerais do Estado, institui os seus principais órgãos e define os
direitos e as garantias fundamentais dos indivíduos, o Direito Administrativo
disciplina os serviços públicos  e as relações entre a Administração e os
cidadãos de acordo com os princípios constitucionais.[4]
O direito administrativo nasce da própria constituição que institui os poderes
e  seus órgãos, cada qual com sua função precisamente delineada. São de se
frisar alguns pontos de extrema influência do direito constitucional no direito
administrativo: direitos e deveres do servidor público; limites da atuação
estatal em razão dos direitos e garantias fundamentais, dentre outros.
BASTOS destaca que o direito constitucional é a primeira fonte do direito
administrativo. O direito administrativo seria o ramo da ciência jurídica que
mantém a relação mais íntima com o direito constitucional, pois regula uma
das funções do Estado e trata, fundamentalmente, de um dos poderes que o
compõe.[5]
BRANDÃO CAVALCANTI afirma serem tão íntimas as relações entre os dois
direitos que a maior dificuldade seria distingui-los um do outro. Enquanto o
Constitucional trata da estrutura do Estado, o Administrativo estuda o
mecanismo, o funcionamento e a atividade do poder executivo, na execução
dos serviços públicos direta ou indiretamente a cargo do Estado, ou
concedidos.[6]
BIELSA afirma que a ciência da Constituição trata da anatomia e fisiologia do
direito público, ensina a essência do Estado na teoria e na prática. Ao mesmo
tempo, a ciência administrativa ensina o que o organismo do Estado deve
fazer.[7]
SANTI ROMANO diz ser difícil precisar onde um começa e o outro termina.[8]
VON STEIN estabelece a unidade da idéia política e considera o direito
administrativo a constituição em movimento.
CAETANO indica que a relação entre os direitos constitucional e
administrativo é tão grande que alguns autores chegariam a afirmar que o
direito constitucional seria a matriz do direito administrativo.[9]
A partir do seu conceito de direito constitucional[10], o autor demonstra a
grande afinidade existente entre as duas disciplinas...
Direito Tributário e Financeiro
O Direito Administrativo tem com o Direito Tributário e com o Direito
Financeiro uma relação de fundamental importância. Basta admitirmos que a
tributação é realizada a partir de relações jurídicas em virtude das quais o
Estado irá arrecadar os seus recursos indispensáveis ao funcionamento da
estrutura pública e o segundo disciplinará como os mesmos serão
empregados, tudo conforme a Constituição e as Leis. É daí que afirmamos
que o Direito Tributário nasce da necessidade de se fornecer recursos para o
funcionamento da máquina administrativa e de se criar mecanismos que
protejam os cidadãos da ânsia arrecadadora do Poder Público.
O direito tributário estabelece limites à atividade tributária estatal e protege o
cidadão contra qualquer modelo desregrado e confiscatório que porventura
venha a ser criado.
O Direito Financeiro, por sua vez, surge no mundo do direito para disciplinar os
gastos do que é arrecadado pela Administração com os tributos. Ele cuida da
disciplina das receitas e das despesas do Estado, que compõem a função
administrativa.[11] Ambas as atividades de realização de receitas e efetivação
de despesas são eminentemente administrativas, já ensinava MEIRELLES.[12]
Para CAETANO, o direito financeiro ou sistema das normas reguladoras da
atividade financeira do Estado e das demais pessoas coletivas de direito
público, é um simples capítulo do direito administrativo, assim como o direito
tributário que nele está compreendido. A autonomia dos direitos financeiro e
tributário só se justificariam por motivos didáticos.[13]
BASTOS lembra que o direito administrativo cuida dos bens que o Estado
possui, enquanto o direito financeiro trata da arrecadação daquilo que o
Estado não tem.[14]
No tocante à discricionariedade, freqüente na Administração Pública em
função da inexistência de todos os comandos legais necessários ao
administrador, ela é inexistente no direito financeiro. Acontece que o interesse
público a ser gerido pela Administração está perfeitamente delineado pela
ordem jurídica. Um bom exemplo é a Lei Complementar 101 que estabelece
normas de finanças públicas para a responsabilidade na gestão fiscal.[15]
Direito Penal
O Direito Administrativo é bastante distinto do Direito Penal. De qualquer
forma, a lei penal ,como nos casos de crimes contra a Administração Pública,
subordina a definição do delito à conceituação de atos e fatos
administrativos. Também a Administração Pública possui prerrogativas de
Direito Penal, como nos casos de caracterização de infrações que dependem
das normas penais em branco.
CAETANO faz longa exposição a respeito das relações entre as duas
disciplinas para ressaltar que:
“A repressão penal vem depois da violação e não pode repor o interesse
violado no estado anterior; a Administração actua  antes da violação no
sentido de evitá-la.
Toda a actividade administrativa é, em relação a ofensas possíveis dos
interesses sociais, preventiva e não repressiva.
Por isso cabe dentro da Administração a Polícia – que se destina a evitar
danos sociais mediante a limitação da actividade dos indivíduos”.[16]
Direito Processual
A relação do Direito Administrativo com o Direito Processual é bastante
próxima. Nos aspectos dos processos civil e penal a relação se dá na própria
regulamentação das respectivas jurisdições. Nos processos administrativos
são utilizados princípios característicos de processo comum.
Nospaíses do contencioso administrativo, é falado a respeito do direito
administrativo processual.[17]
Para CAETANO, o direito processual é disciplina afim do direito
administrativo.[18] Explica o autor que o sistema das normas que regulam o
funcionamento dos tribunais perante o direito administrativo tem autonomia
bastante explícita pelos caracteres da função judicial. As semelhanças seriam
respeito nas normas organizadoras dos serviços (secretarias) judiciais e
estatuto de seu pessoal.
Direito do Trabalho
O Direito do Trabalho muito se aproxima do Direito Administrativo em razão
do fato das relações dos empregadores com os empregados passaram do
setor privado para o domínio público em virtude de sua regulamentação e
fiscalização pelo Estado. Hoje em dia, especialmente, há lei que permite a
contratação pelo Poder Público de empregados públicos sem deixar de
existirem os servidores ocupantes de cargos públicos.
Direito Eleitoral
As relações do Direito Administrativo com o Direito Eleitoral se dão em virtude
da proximidade do primeiro com diferentes pontos da organização da votação
e apuração dos pleitos, no próprio funcionamento dos partidos políticos, na
disciplina da propaganda partidária, dentre outros. MEIRELLES admite que
toda a parte formal dos atos eleitorais é regida pelo Direito Administrativo.[19]
Direito Municipal
Com o Direito Municipal o Direito Administrativo se relacionam por operarem
em um mesmo setor da organização governamental. A afirmação crescente
do primeiro se deu em razão do desenvolvimento  das funções locais de cada
município. O que há na verdade entre os dois ramos do direito é uma
verdadeira simbiose.[20]
Direito Civil
As relações entre o Direito Civil e o Direito Administrativo são muito próximas,
principalmente no que se refere aos contratos e obrigações do Poder Público
com os particulares. Isto sem se falar também nos bens públicos, nas
pessoas públicas e na responsabilidade civil do Estado, todos tratados pelo
Código Civil.[21]
Direito Econômico
A relação do Estado com a economia particular teria dado surgimento ao
direito econômico, segundo BASTOS.[22] Tanto o direito financeiro, quanto o
tributário e o econômico seriam especificações ou especializações do próprio
direito administrativo.  Isto porque seriam direitos que se destacaram do
próprio direito administrativo.[23]
Direito Internacional
BASTOS faz referências às relações mantidas pelo direito administrativo com
o direito internacional. Lembra o mesmo que é muito freqüente encontrar uma
regulamentação proveniente de acordos internacionais a respeito de serviços
públicos. Nestes casos caberia ao direito administrativo zelar pelas mesmas
e colocarem-nas em funcionamento.[24]
 BRANDÃO CAVALCANTI lembra que nos tratados e convenções sobre polícia
preventiva, repressiva e sanitária, nas atribuições administrativas dos
cônsules e agentes diplomático, na naturalização, expulsão de estrangeiros e
demais relações administrativas com nações estrangeiras, os princípios de
direito internacional devem ser respeitados.[25]
O direito dos estrangeiros perante a administração, como o seu direito ao
exercício de funções públicas; o direito de entrada e saída, imigração,
extradição, naturalização, expulsão, polícia sanitária, anexação de territórios,
regimes administrativos, empréstimos externos e etc compõem um
considerável grupo de relacionamento entre o direito administrativo e o direito
internacional.[26]
Todas as questões acima são resolvidas pelo direito interno ou pelos tratados
e convenções.[27]
Como as normas do direito administrativo não são apenas internas, ou seja,
em virtude das relações internacionais demandarem tratados e convenções
muitas vezes unificadores das normas internas de diferentes países, temos a
relevante importância no direito administrativo dos mesmos tratados e
convenções. Temas como leis de polícia de saúde pública, aduaneiras,
radiotelegrafia, polícia social (repressão de tóxicos e outros), tráfico de
mulheres e crianças, propriedade industrial e literária, extradição e entrada de
estrangeiros podem ser elencados.[28]  
Ciências Sociais
O Direito Administrativo se relaciona também com as Ciências Sociais.
Sociologia, Economia Política, Ciência das Finanças e Estatística são elas. Por
tratarem todas elas da sociedade, seu campo é um só.
Conclusões
Nunca seria cansativo alegar, como se faz rotineiramente, a unicidade do
direito, a sua divisão em diferentes ramos com propósitos didáticos, a sua
divisão histórica a partir de Roma, entre outras afirmações. O que se pode
destacar, entretanto, é que o direito administrativo se relaciona com todos os
demais ramos do direito, com intensidade maior à medida que se aproxima do
objeto de tratamento dos assuntos que envolvem o interesse público e o bem
comum, fundamentalmente.
Notas
[1] CRETELLA JR, José Manual de Direito Administrativo, 7ª edição, RJ:
Forense, 2000. P.5.
[2] BASTOS, Celso Ribeiro.  Curso de Direito Administrativo, 5º edição, São
Paulo: Saraiva, 2001. P.59.
[3] CAETANO, Marcelo. Manual de Direito Administrativo, 3ª edição, Coimbra:
Coimbra Ed., 1951, p.25.
[4] MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 24ª edição,
atualizada, SP: Malheiros, 1999. p.35.
[5] BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Administrativo, 5º edição, São
Paulo: Saraiva, 2001. Pp. 59-60.
[6] BRANDÃO CAVALCATI, Themístocles, Curso de Direito Administrativo,Rio
de Janeiro/São Paulo: Freitas Bastos, 1949/50. p.31.
[7] BIELSA, Derecho Administrativo, p.16 apud    BRANDÃO CAVALCATI
(1949/50: 31).
[8] SANTI  ROMANO,   Corso di dirito amministrativo, p.11 apud    BRANDÃO
CAVALCATI (1949/50: 31).
[9] CAETANO, Marcelo. Manual de Direito Administrativo, Coimbra: Coimbraa
Ed., 1951, pp 26-27.
[10] “O Direito Constitucional é o sistema das normas jurídicas que disciplinam
a instituição e o funcionamento dos órgãos da soberania do Estado,
delimitando a sua competência de harmonia com os direitos reconhecidos e
garantidos à pessoa humana e aos corpos sociais.
[11] BASTOS (2001:60-61).
[12] (1999:36).
[13] CAETANO (1951: 27-28).
[14] (2001:61).
[15] Idem.
[16] CAETANO (1951:27-28).
[17] BASTOS, Celso Ribeiro.  Curso de Direito Administrativo...p.62.
[18] CAETANO (1951:28-29).
[19] (1999:37)
[20] Idem
[21] CRETELLA JR. Manual ..., p.6.
[22] BASTOS, (2001:61).
[23] BASTOS (2001:61-62).
[24] BASTOS (2001:62).
[25] OTTO MAYER, Droit Adm.allemand., IV, p.380. apud  BRANDÃO
CAVALCANTI,  (1949/50:32)..
[26] BRANDÃO CAVALCANTI,  (1949/50:32).
[27] TRIEPEL, Diritto Internazionale e diritto interno, apud  BRANDÃO
CAVALCANTI,  (1949/50:32).
[28]  BRANDÃO CAVALCANTI,  (1949/50:32-33).
Francisco Mafra.
Doutor em direito administrativo pela UFMG, advogado, consultor jurídico,
palestrante e professor universitário. Autor de centenas de publicações
jurídicas na Internet e do livro “O Servidor Público e a Reforma Administrativa”,
Rio de Janeiro: Forense, no prelo.
Informações Bibliográficas
 
MAFRA., Francisco. Relações do Direito Administrativo com outros ramos do
Direito e das Ciências Sociais. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, VIII, n. 20, fev
2005. Disponível em: <
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=791
>. Acesso em out 2016.
O Âmbito Jurídico não se responsabiliza, nem de forma individual, nem de forma solidária, pelas
opiniões, idéias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de
seu(s) autor(es).

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