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APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS 1. CONCEITOS ECOLÓGICOS A palavra ecologia vem do grego oikos, que significa "casa", nosso meio ambiente mais próximo. O zoólogo alemão Ernst Haeckel em 1870 deu a esta palavra um significado mais abrangente: definiu Ecologia como o estudo do meio ambiente natural e das relações dos organismos entre si e com seus arredores. Assim, Ecologia é a ciência através da qual estudamos como os organismos (animais, plantas e microorganismos) interagem dentro do e no mundo natural. Com as duplas crises de um desenvolvimento populacional muito rápido e uma aceleração da deterioração do meio ambiente terrestre, a ecologia assumiu uma importância extrema. A administração dos recursos bióticos, de uma forma que sustente uma razoável qualidade de vida humana, depende da sábia aplicação de princípios ecológicos, não meramente para resolver ou prevenir problemas ambientais, mas também para instruir nossos pensamentos e práticas econômicas, políticas e sociais. A ecologia proporciona uma estrutura para interpretar a devastadora abundância de informações que nos é colocada disponível todos os dias. E também nos fornece a compreensão que precisamos para prever as consequências de nossas interações com os sistemas naturais. A analogia de Haeckel da economia da natureza enfatiza que tudo na superfície da terra está inter-relacionado, do mesmo modo que os APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS empreendimentos humanos estão interligados e definidos pelos princípios econômicos. Nós e nossos empreendimentos afetamos diretamente o resultado dos processos naturais. Assim a própria espécie humana é uma parte importante da economia da natureza. 1.1. Níveis de Organização Ecológica Organismo: é a unidade mais fundamental da Ecologia. Nenhuma unidade menor em Biologia tais como o órgão, a célula, a molécula tem uma vida separada no meio ambiente (alguns casos especiais existem). Todo o organismo é limitado por uma membrana ou outro tipo de envoltório através do qual ele troca energia e matéria com os seus arredores. O seu sucesso como entidade ecológica depende dele ter um balanço positivo de energia e matéria que sustentem sua manutenção, crescimento e reprodução. Os organismos modificam as condições do ambiente e a quantidade de recursos disponíveis para os outros organismos; contribuem para os fluxos de energia e para a reciclagem de materiais. Os organismos e os seus ambientes físicos e químicos formam um ecossistema. Podemos falar de um ecossistema de recife de coral, floresta, savana como unidades distintas, pois relativamente pouca quantidade de energia e de substância é trocada entre estas unidades. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Contudo, em última instância, todos os ecossistemas estão ligados juntos numa única biosfera, a qual inclui todos os meios ambientes e organismos na superfície da Terra. A importância do movimento de matéria entre os ecossistemas dentro da biosfera é realçada pelas consequências globais das atividades humanas. Os rejeitos industriais e da agricultura dispersam-se para longe dos seus pontos de origem, causando danos em todas as regiões do planeta. Muitos organismos da mesma espécie juntos constituem uma população. As populações diferem dos organismos no sentido de que elas são potencialmente imortais, sendo seus tamanhos mantidos pelo nascimento de novos indivíduos que repõem aqueles que morrem. As populações têm também propriedades coletivas, tais como barreiras geográficas, densidade; e propriedades dinâmicas (respostas evolutivas às mudanças ambientais) que não são exibidas por organismo individuais. Muitas populações de diferentes espécies vivendo no mesmo lugar constituem uma comunidade (interações ecológicas). Comunidade biológica: associação de populações inter-atuantes, definidas pela natureza de suas interações ou pelo lugar em que vivem. Ecossistema: Todas as partes que interagem dos mundos físicos e biológicos. Hábitat: lugar onde um animal ou uma planta vive muitas vezes caracterizado por uma forma vegetal ou característica física dominante; posicionamento físico, no qual o organismo vive. Os ecólogos identificam os hábitats por suas características físicas mais visíveis, frequentemente incluindo flora predominante, ou mesmo fauna. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS 1.2. Alguns Princípios Gerais da Ecologia Todos os sistemas ecológicos são governados por um pequeno conjunto de princípios gerais. Entre os mais importantes estão: 1) Sistemas ecológicos funcionam de acordo com as leis da termodinâmica (governam as transformações fisico-químicas nos sistemas biológicos). 2) O meio ambiente físico exerce uma influência controladora na produtividade dos sistemas ecológicos. 3) A estrutura e a dinâmica das comunidades ecológicas são reguladas pelos processos populacionais. 4) Através das gerações, os organismos respondem às mudanças no meio ambiente através da evolução dentro das populações. Figura 1.1. – Ressurgência. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS 1.3. Energia no Ecossistema Durante o século passado, vários conceitos novos que emergiram levaram o estudo da ecologia para novas direções. A percepção de que as relações de alimentação ligam os organismos numa entidade funcional única, a comunidade biológica. (Charles Elton, 1920). As relações de alimentação definiam uma unidade ecológica (idéia nova). - Termodinâmica: Relativo ao calor e ao movimento; parte da Física que investiga a transformação de energia, particularmente dos processos que envolvem energia térmica. - Nível trófico: A posição na cadeia alimentar, determinada pelo número de passos de transferência de energia até aquele nível. - Cadeia alimentar: A representação de uma passagem de energia de um produtor primário através de uma série de consumidores em níveis tróficos (de alimentação) progressivamente mais altos. Por exemplo, planta- herbívoro-carnívoro, e assim por diante. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Figura 2 – Representação esquemática de uma cadeia alimentar e teia alimentar no ambiente marinho. - Pirâmide de energia: O conceito de que o fluxo de energia através das ligações na cadeia alimentar diminui progressivamente em direção aos níveis tróficos superiores. Figuras 3, 4 e 5 – Pirâmide energética nos ecossistemas. - Eficiência ecológica: A percentagem da energia na biomassa produzida num nível trófico que é incorporada na biomassa produzida pelo nível trófico seguinte acima. - Produção primária: A assimilação (produção primária bruta) ou acumulação (produção primária líquida) de energia e nutrientes pelas plantas verdes e outros autotróficos. - Autotróficos: Um organismo que assimila energia ou da luz do sol (plantas verdes) ou de compostos inorgânicos (bactéria de enxofre) - Heterotróficos: Um organismo que usa materiais orgânicos como fonte de energia e nutrientes. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Figura 6 – Experimento avaliando a produtividade do fitoplâncton marinho. Visão Termodinâmica do Ecossistema Lotka desenvolveu conceitos de ecossistemaa partir das considerações energéticas. Ele classificou as populações e as comunidades como sistemas termodinâmicos. Cada sistema deve ser representado por um conjunto de equações que governam as transformações de massa entre seus componentes. Tais transformações incluem a assimilação de dióxido de carbono em compostos orgânicos de carbono pelas plantas verdes e o consumo de plantas pelos herbívoros e de animais pelos carnívoros. Nem toda a energia da luz do sol penetra nas vias biológicas das transformações. A maior parte dela dirige os ventos, as correntes oceânicas e a evaporação da água, os quais juntos formam um grande sistema físico termodinâmico. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Entretanto à parte da energia do sol que as plantas realmente assimilam pela fotossíntese, alimenta todos os processos biológicos, e assim estabelece a taxa global das transformações dentro do ecossistema. A cadeia alimentar tem muitos elos - produtor primário, herbívoro, carnívoro - os quais Lindeman denominou níveis tróficos. Além disso, Lindeman visualizou uma pirâmide de energia dentro do ecossistema. Uma quantidade menor de energia atinge cada nível trófico acima sucessivamente devido ao trabalho executado e também a ineficiência das transformações de energia biológica no próximo nível trófico inferior. A razão da produção de um nível trófico em relação ao nível abaixo dele constitui a eficiência ecológica daquele elo da cadeia alimentar. Diferente da energia, que em última instância vem da luz do sol, e deixa o ecossistema como calor, os nutrientes são reciclados e mantidos dentro do sistema. O carbono, em particular, possui uma relação forte com o conteúdo energético devido a sua íntima associação com a assimilação de energia via fotossíntese. Uma segunda razão para a importância do ciclo de nutrientes é o fato de que os níveis de certos nutrientes regulam a produção primária (Ex: desertos e oceanos). Compreender como os elementos circulam entre os componentes do sistema parece crucial para entender a regulação da estrutura e funcionamento do ecossistema. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Produção Primária As plantas capturam a energia luminosa e transformam em energia química de ligação nos carboidratos. O balanço químico total da fotossíntese é: 6 CO2 + 6 H2 O = C6 H12 O6 + O2 A fotossíntese transforma o carbono de um estado oxidado no CO2 (baixa energia) num estado reduzido no carboidrato (alta energia). A fotossíntese supre os blocos de construção dos carboidratos a e a energia que a planta precisa para sintetizar os tecidos e crescer. Reorganizadas e montadas, as moléculas de glicose tornam-se gordura, óleos e celulose. Combinadas com nitrogênio, fósforo, enxofre e magnésio, carboidratos simples, derivados em última instância da glicose, produzem um conjunto de proteínas, ácidos nucléicos e pigmentos. Os ecólogos distinguem duas medidas de energia assimilada: produção bruta, a energia total assimilada pela fotossíntese, e produção líquida, a energia acumulada na biomassa (incluindo o crescimento e reprodução da planta). Devido às plantas ocuparem a primeira posição na cadeia alimentar, os ecólogos referem-se a estas medidas como produção primária bruta e líquida. A diferença entre a produção bruta e líquida é a energia da respiração, a quantidade usada para manutenção e biosíntese. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS 1.4. Evolução e Biodiversidade - Evolução biológica: A mudança nos atributos hereditários dos organismos através da substituição dos genótipos numa população. - Seleção Natural: A mudança na freqüência dos atributos genéticos de uma população pela sobrevivência e reprodução diferencial de indivíduos portadores daqueles atributos. - Adaptação: Uma característica geneticamente determinada que aumenta a capacidade de um indivíduo de lidar com seu meio ambiente: um processo evolutivo pelo qual os organismos tornam-se melhor ajustados aos seus ambientes. - Co-evolução: A ocorrência de atributos geneticamente determinados (adaptações) em duas ou mais espécies, selecionadas por interações mútuas controladas por esses atributos. - Nichos Ecológicos: O papel ecológico de uma espécie na comunidade; os muitos intervalos de variação das condições e qualidades de recursos nos quais o organismo ou a espécie convive, frequentemente concebido como um espaço multidimensional. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Figura 7 - Todos os sistemas ecológicos estão sujeitos à mudança evolutiva, a qual resulta do diferencial de sobrevivência e reprodução, dentro das populações, de indivíduos que apresentam atributos determinados geneticamente diferentes. Devido à seleção natural maximizar o processo evolutivo individual, os sistemas ecológicos evoluem para funcionar em níveis próximos aos limites impostos pelas considerações físicas e termodinâmicas. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS ABORDAGEM MULTIDIMENSIONAL DE NICHO - Nicho ecológico é a função do organismo no ecossistema; todos os componentes do ambiente com os quais um organismo ou população interagem. Figura 8 – Resposta da espécie para um único gradiente ambiental. Medidas do fitness incluem sucesso reprodutivo, tamanho populacional e sobrevivência. Figura 9 – Resposta da espécie para três gradientes ambientais que incorporam o fitness da espécie. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Diversidade Ecológica - A diversidade dos sistemas ecológicos é gerada pela proliferação de espécies em um meio ambiente heterogêneo (complexidade estrutural do hábitat). A variação espacial nas condições promove diferenças entre as espécies que vivem em hábitats diferentes. As interações entre populações dentro do mesmo hábitat também promove diversificação local das espécies. - Especiação: A divisão de uma espécie em duas ou mais espécies filhas reprodutivamente incompatíveis. - Extinção: O desaparecimento de uma espécie ou outro táxon de uma região ou biota. Figura 10 – Charge. 1.5. O Estudo da Ecologia Os ecólogos estudam os sistemas naturais com diversas técnicas. As mais importantes são a observação e o teste de hipótese. No caso dos sistemas naturais se prestarem prontamente para experimentação, os ecólogos podem trabalhar com microcosmos ou modelos matemáticos dos sistemas. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS O mundo natural varia no tempo e no espaço, e é importante respeitar nos estudos ambientais a escala de tempo e espaço (ex: dia e noite, as marés, a sazonalidade do clima). 1.6. Ecologia Humana Os humanos são elementos importantes da biosfera, e nossas atividades criaram uma crise ambiental de proporções globais. A solução dos nossos problemas ambientais agudos necessita da aplicação de princípios gerais da ecologia dentro do quadro das considerações sociais, políticas e econômicas. 2. CICLOS BIOGEOQUÍMICOS ● Diferente da energia, os nutrientes são retidos dentro do ecossistema e circulam entre seus componentes físicos e bióticos. ● O ciclo de cada elemento pode ser pensado como um movimento entrecompartimentos do ecossistema, sendo os grandes compartimentos os organismos vivos, detritos orgânicos, formas inorgânicas imediatamente disponíveis e formas inorgânicas e orgânicas indisponíveis, geralmente em sedimentos. ● Nutrientes, como o fósforo e o nitrogênio frequentemente limitam a produção primária e secundária. ● Dessa forma, os ecossistemas podem ser melhores compreendidos através dos ciclos de nutrientes (ciclos biogeoquímicos). ● Os ciclos dos nutrientes podem ser divididos em dois tipos: APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Ciclos locais, tal como o ciclo do fósforo, que envolve elementos que não apresentam mecanismos de transferência à longa distância. Ciclos globais, o qual envolve trocas entre a atmosfera e o ecossistema e são particularmente aplicáveis aos elementos tais como nitrogênio, carbono, oxigênio, e água. Ocorrem no nível da biosfera. 2.1. Ciclo do Fósforo: ● É um ciclo relativamente simples, devido ao fósforo não apresentar um componente atmosférico. ● Portanto o fósforo não é transportado pela chuva ou vento. A ciclagem do fósforo tende a ser local e por um curto espaço de tempo. ● A crosta terrestre é a principal reserva desse mineral. ● Todos os organismos vivos necessitam de fósforo para o seu metabolismo, absorvido principalmente na forma iônica (fosfato). ● Eutrofização ("bloom" de algas) causado antropicamente. ● As perdas do sistema terrestre são balanceadas pelas reservas nas rochas. Nos ecossistemas aquáticos é grande à parte do fósforo que torna indisponível para os organismos devido à precip ● itação. ● Figura 11 APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS 2.2. Ciclo da Água: ● Embora a água esteja quimicamente envolvida na fotossíntese, a maior parte do fluxo de água através do ecossistema acontece pelos processos físicos de evaporação, transpiração e precipitação. ● A energia luminosa absorvida pela água executa o trabalho da evaporação. A condensação do vapor de água atmosférico ao formar nuvens libera a energia potencial da água em forma de calor. ● Desta forma, a evaporação e a condensação assemelham-se à fotossíntese e à respiração (na visão termodinâmica). ● Mais de 90% de toda a água está presa nas rochas, no núcleo da Terra e em depósitos sedimentares próximos à superficie. ● A maior parte da água da superfície da Terra originou-se dessa forma, embora as taxas de contribuição dos grandes depósitos subterrâneos para os atuais fluxos de água sejam bastante baixas. Figura 12 - APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Figura 13 – 2.3. Ciclo do Carbono: ● Três grandes classes de processos causam a reciclagem do carbono nos sistemas aquáticos e terrestres. ● O primeiro inclui as reações assimilativas e desassimilativas de carbono na fotossíntese e na respiração. ● A segunda classe inclui a troca física de dióxido de carbono entre a atmosfera e os oceanos, lagos e águas correntes. O dióxido de carbono dissolve-se rapidamente na água; de fato os oceanos contêm cerca de 50 vezes mais CO2 do que a atmosfera. ● O terceiro tipo de processo que dirige o ciclo do carbono consiste na dissolução e precipitação (deposição) de compostos de carbonato como sedimentos, particularmente calcário e dolomita. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS ● Figura 14- 2.4. Ciclo do Nitrogênio: ● Em última instância a fonte de nitrogênio para o ecossistema é o nitrogênio molecular (N2) da atmosfera. ● Esta forma de nitrogênio dissolve-se razoavelmente na água, mas não se encontra nitrogênio em qualquer forma em rochas nativas. ● Não fosse pelos processos biológicos, sob as condições oxidantes presentes na superfície da Terra, e virtualmente todo o nitrogênio ocorreria na sua forma molecular. ● O nitrogênio molecular entra nos caminhos biológicos do ciclo do nitrogênio através da sua assimilação por certos organismos. ● Fixação do Nitrogênio: Ex: transformação do N2 atmosférico em amônia por bactérias no solo. ● Nitrificação: envolve a oxidação do nitrogênio, primeiro da amônia para o nitrito, e então do nitrito para o nitrato, durante as quais o átomo de nitrogênio libera muito da sua energia química, potencial. Ambos os passos são executados somente por bactérias especializadas. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS ● Assimilação: O nitrato é absorvido pelas raízes das plantas nos ecossistemas terrestres e pelo o fitoplâncton nos aquáticos. ● Amonificação: hidrólise de proteínas e a oxidação de aminoácidos, resultando na produção de amônia (NH3), que é realizada por todos os organismos (decomposição das plantas e produção de excrementos pelos animais). ● Desnitrificação: é a redução de nitrato a nitrogênio gasoso. Ocorre em solos carentes de oxigênio e é efetuada por bactérias tais como a Pseudomonas denitricans. Figura 15 - 3. CLIMA E BIOMAS TERRESTRES 3.1. Conceitos: Clima continental: Um clima carente do efeito de moderação do oceano, APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS normalmente apresentando grandes variações de temperatura. Clima marítimo: Um clima com a influência marcante do mar, normalmente apresentando uma variação estreita de temperatura. Clima mediterrâneo: Um padrão de clima encontrado em latitudes médias, caracterizado por invernos frios e úmidos e verões quentes e secos. Efeito Estufa: O aquecimento no clima da Terra devido ao aumento da concentração de gás carbônico (CO2) e determinados outros poluentes na atmosfera. 3.2. Modificações do Clima Na terra, todas as espécies e consequentemente as comunidades animais e vegetais variam em diversidade e abundância, de acordo com os fatores abióticos e bióticos. Ex: a temperatura atmosférica média diminui de cerca de 0.5ºC a cada grau de latitude. E o aumento da altitude produz um efeito semelhante. 3.3. Biomas Terrestres Um bioma é definido como um grupo de plantas e animais distribuídos em uma ampla área geográfica, que possuem um passado co-evolutivo que possibilitou uma adaptação às condições ambientais. Os biomas terrestres podem ser classificados de várias maneiras, mas as principais categorias podem ser aqui reconhecidas e fornecem a base para uma pequena análise da vegetação que ocorre em todo o mundo. O conceito de comunidade é válido em uma ampla variação de escalas. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Comunidades de larga escala são chamadas biomas, e incluem as florestas tropicais, florestas temperadas, savanas, desertos e tundras. Cada bioma possui sua comunidade característica. (Ex: Distribuição vertical dos organismos na floresta tropical). A diversidade animal, em termos de número de espécies aumenta com a complexidade estrutural da vegetação. Dependendo da localização geográfica (latitude e longitude) as comunidades podem variar devido a sazonalidade no clima. Será que as comunidades que vivem nos trópicos são realmente sazonais? As plantas terrestres enfrentam variados problemas. Estão sujeitas à secas periódicas e a rápidas oscilações de temperatura ao longo do dia, e nas diferentes épocas do ano. As áreas na superfície terrestre mostram-se descontínuas, e essa descontinuidade tem um importante efeito sobre a distribuição dos organismos (Ao contrário doocorre no ambiente marinho). Floresta Tropical Estas florestas são encontradas nas regiões equatoriais onde o índice pluviométrico excede 240 cm3 / ano, e a temperatura média é maior do que 17ºC. Na floresta pluvial tropical vive um maior número de espécies de plantas e animais do que em todos os outros biomas do mundo reunidos. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS As comunidades mais complexas e diversas da Terra encontram-se nestas florestas úmidas (Erwin 1983). Nem a água, nem a temperatura consistem fatores limitantes durante todo o decorrer do ano. Não existe uma camada rica de húmus como em florestas temperadas, pois pouca luz solar penetra até o solo da floresta, ocorre pouco metabolismo, e dessa forma pouca acumulação de restos orgânicos. As folhas que caem das árvores são rapidamente decompostas, e os nutrientes retornam para a vegetação. Nesta floresta as espécies não necessitam desenvolver mecanismos para a sobrevivência durante épocas desfavoráveis, como nos períodos de seca ou frio (Ex: hibernação). Quase todas as plantas são lenhosas, e as plantas trepadeiras lenhosas são abundantes. Existe também um grande número de epífitas que crescem sobre os ramos de outras plantas na zona iluminada, bem acima do solo (no extrato arbóreo). A floresta pluvial ocorre em quatro principais áreas no mundo. A maior delas é encontrada na Bacia Amazônica da América do Sul. Os outros locais são América Central, África e Austrália. Surpreendentemente, os solos nestas áreas são bastante pobres, e mesmo assim suportam uma vegetação luxuriante. Consequentemente, as áreas de floresta tropical não sustentam práticas agrícolas. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Floresta Temperada A floresta decídua temperada está quase ausente no Hemisfério Sul, mas é representada em todas as grandes massas continentais do norte. Este tipo de floresta é bem desenvolvido em áreas com verão quente e invernos brandos e chuvosos. As plantas destas regiões, muitas vezes árvores e arbustos decíduos no verão ou permanentemente verdes, possuem períodos relativamente curtos de crescimento no outono e na primavera, sendo limitados pelas baixas temperaturas do inverno e pela seca do verão. É o tipo de floresta que ocorre principalmente nos EUA e na Europa. Possui uma influência marcante da sazonalidade, apresentando estações bem definidas, com temperaturas abaixo de zero durante o inverno. O índice pluviométrico varia entre 75 e 200 cm3 / ano. A diversidade de espécies é bem menor do que nos trópicos. (Possui poucas espécies dominantes). Os solos são ricos devido à baixa taxa de decomposição da matéria orgânica. Portanto excelente para a prática da agricultura. Assim como as plantas, os animais são bem adaptados ao clima rigoroso, e muitos mamíferos hibernam durante os meses frios. Desertos Os desertos são biomas que tem na água seu principal fator limitante. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS São encontrados normalmente em torno das latitudes 30ºN e 30ºS, entre latitudes das florestas tropicais e temperadas. Mais que 1/3 da superfície do planeta é ocupado por este bioma. Uma das razões para a localização dos desertos é o regime de movimento dos ventos na atmosfera da Terra. São caracterizados por duas condições principais; altas temperaturas durante o dia e a falta de água (menos de 30 cm3 / ano). Três formas de plantas são adaptadas ao deserto: As anuais (crescem apenas quando chove) As suculentas (cactos que armazenam água) Os arbustos (que tem caule pequeno; numerosas ramificações e pequenas folhas que retraem em períodos secos). Savana As savanas são áreas de transição entre a floresta pluvial tropical sempre verde e os desertos. Em geral a pluviosidade é bem mais baixa que na floresta tropical. Verifica-se também, uma flutuação mais ampla nas temperaturas médias mensais, devido à época da seca e à escassez de vegetação. Muitas comunidades vegetais nos trópicos se caracterizam por um período bem determinado de seca anual. Uma das comunidades vegetais tropicais mais amplamente distribuídas é o campo (“grassland”), com árvores muito APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS esparsas, e que são geralmente decíduas (perdem as folhas na estação seca). Floresta Boreal de Coníferas (Taiga) Caracteriza-se por invernos rigorosos e por uma capa de neve persistente no curso do inverno. Os climas que produzem estes biomas são encontrados apenas no interior de grandes massas continentais em altas latitudes, portanto ausente no Hemisfério Sul. Na taiga a maior parte da precipitação se dá no verão; o ar frio do inverno nestas regiões possui um teor muito baixo de umidade. A taxa de evaporação apresenta-se baixa, sendo frequentes: lagos, pântanos e brejos. Tundra Esta região constitui um enorme bioma ocupando um quinto da superfície da terra. É desprovida de árvores, e se estende até os locais mais afastados em que ocorre algum crescimento de algum vegetal. É mais desenvolvido no Hemisfério Norte, sendo principalmente encontrada ao norte do Círculo Ártico. Em geral, o gelo permanente forma uma camada de menos de 1 metro, e como a água é incapaz de infiltrar-se através do gelo, as condições do solo na tundra são normalmente úmidas. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Para que ocorra crescimento de plantas, a temperatura média deve situar- se acima do ponto de congelamento durante pelo menos 1 mês do ano. As grandes plantas lenhosas estão ausentes, provavelmente devido à baixa temperatura e à presença de gelo permanente, que permite apenas o desenvolvimento de um sistema radicular pouco profundo. 3.4. Fatores que Limitam a Distribuição das Plantas FATORES CLIMÁTICOS A distribuição das plantas é primariamente controlada pela distribuição dos fatores climáticos, tais como umidade, luz e temperatura. As plantas que ocorrem ao longo de um gradiente ambiental variam também quanto a sua genética e fisiologia, e embora possam pertencer à mesma espécie, podem responder de modo muito diferente a um dado grau de tensão ambiental. FATORES EDÁFICOS As diferenças nos solos – que se denominam diferenças edáficas – são muito importantes no controle da distribuição das plantas. Os conteúdos de minerais dos solos constituem fatores fundamentais na determinação dos padrões de crescimento vegetal. Os tipos de solo podem diferir mesmo em áreas próximas. O que leva a variação na diversidade e abundância de espécies vegetais em cada ambiente. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Em contraste com os fatores de crescimento, tais como luz solar e água, que afetam geralmente grandes áreas de vida vegetal; as diferenças no solo, devido a diferença na “rocha-mãe”, podem ser extremamente localizadas, com linhas de demarcações bem definidas. FATORES BIÓTICOS As distribuições biogeográficas são limitadas e determinadas pela variabilidade fisiológica potencial e pela amplitude do nicho realizado por cada espécie. 4. INTERAÇÕES DAS ESPÉCIES 4.1. Sucessão Ecológica: Comunidades em Transição Diversidade: O número de taxa numa área local (diversidade alfa) ou regional (diversidade gama). Também uma medida da variedade de taxa numa comunidade queleva em consideração a abundância relativa de cada um. Nicho ecológico: O papel ecológico de uma espécie na comunidade; os muitos intervalos de variação das condições e qualidades de recursos nos quais o organismo ou a espécie convive, frequentemente concebido como um espaço multidimensional. Espécie nativa: Espécie que vive e prospera em um ecossistema específico. Espécie exótica: Espécie que migra para um ecossistema ou é deliberada ou acidentalmente introduzida em um ecossistema pelos seres humanos. Espécie indicadora: Espécie que atua como advertência inicial de que uma comunidade ou ecossistema está sendo degradado. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Espécies chave: Uma espécie, frequentemente um predador, com uma influência dominante na composição da comunidade, a qual pode ser revelada quando a espécie chave é removida. Espécie fundadora: Espécie que desempenha um papel importante ao criar e aprimorar um hábitat que beneficia outras espécies. Partilha de recursos: Processo de divisão de recursos em um ecossistema, para que as espécies com necessidades similares (nichos ecológicos sobrepostos) usem os mesmos recursos escassos em momentos diferentes ou de formas diferentes. Sucessão ecológica: A substituição de populações num hábitat através de uma progressão regular em direção a um estado estável. Clímax: O ponto final de uma sequência sucessorial, ou sere; uma comunidade que atingiu um estado estacionário (“regime permanente”) sob um conjunto particular de condições ambientais. As grandes forças físicas e químicas agem como funções motrizes primárias; contudo, os organismos não se adaptam simplesmente de forma passiva a estas forças, mas modificam, mudam e regulam ativamente o ambiente físico dentro de limites impostos pelas leis naturais que determinam a transformação de energia e ciclagem de materiais. 4.2. Conceitos – Ecologia de Populações: Densidade a densidade populacional é o tamanho da população em relação a alguma unidade de espaço. Geralmente é avaliada e expressa como o número de indivíduos ou a biomassa da população, por unidade de área ou volume. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Natalidade é a capacidade de uma população aumentar. A taxa de natalidade é equivalente à taxa de nascimento na terminologia de do estudo da população humana. Mortalidade refere-se a morte dos indivíduos na população, e é equivalente à taxa de óbitos na demografia humana. 4.3. Dinâmica populacional e Capacidade Suporte Capacidade de suporte: O número de indivíduos de uma espécie que o ambiente pode suportar. Figura 16 – Capacidade Suporte e curva de crescimento logístico. Taxa intrínseca de aumento: A taxa de crescimento exponencial de uma população com uma distribuição etária estável; isto é sob condições constantes. Resistência ambiental: Todos os fatores limitantes que agem juntos para limitar o crescimento de uma população. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Crescimento logístico: Padrão no qual o crescimento demográfico exponencial ocorre quando a população é pequena e seu crescimento diminui imediatamente conforme a população se aproxima da capacidade de suporte. Crescimento populacional: Especialmente para propósito de manejo da espécie, quantificamos a densidade populacional mais precisamente para determinar quais frações da população consistem de juvenis e adultos. A densidade é normalmente calculada para pequenas áreas, e a abundância total para o habitat inteiro é estimada a partir desses dados. Ao contrário da simples contagem visual dos organismos, os métodos amostrais incluem o uso de: - Armadilhas (vivas, luminosas, sucção, feromonas, e outras) - Pelotas fecais (principalmente roedores) - Frequência do som emitido (aves e anfíbios) - Registro de peles apreendidas no comércio ilegal (principalmente grandes mamíferos) - Captura por unidade de esforço (especialmente útil na pesca, onde a captura é frequentemente relacionada com o tempo do arrasto) - Percentual de cobertura (plantas e animais sésseis) - Frequência de abundância ao longo de transects ou em quadrados de área conhecida (plantas e animais sésseis) - “Feeding damage” (útil para estimar o número relativo de insetos herbívoros) APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Tabelas de vida Com os dados coletados é possível construir tabelas de vida (demografia) que mostram precisamente como uma população é estruturada pela idade em um dado período (neste caso é necessário utilizar uma medida precisa da idade). Tabela de vida. x = intervalo de idade (em anos). nx = o número de sobreviventes no início do intervalo de idade x. x’ = idade como percentual do desvio do tamanho médio de vida. dx = número de organismos mortos entre o início do intervalo de idade x e o início do intervalo de idade x + 1. lx = proporção de organismos sobreviventes no início do intervalo de idade x. qx = taxa de mortalidade entre o início do intervalo de idade x e o início do intervalo de idade x + 1. ex = expectativa média de vida para organismos vivos no início do intervalo de APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS idade x. Figura 17 – Curva de sobrevivência no tempo para o “mountain sheep”. Figura 18 – Densidade do canguru vermelho ao longo de transects realizados em New South Wales in 1976. Modelos determinísticos: APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Figura 19 – Crescimento geométrico ou exponencial em um ambiente ilimitado e crescimento logístico em um ambiente limitado. 4.4. INTERAÇÕES ECOLÓGICAS: TIPO DA INTERAÇÃO ESPÉCIE 1 ESPÉCIE 2 Mutualismo* + + Comensalismo* + 0 Herbivoria + __ Predação + __ Parasitismo* + __ Alelopatia __ 0 APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS Competição __ __ + = efeito positivo; 0 = nenhum efeito; __ = efeito negativo - Na herbivoria, predação e parasitismo ocorre um efeito positivo em uma população e negativo na outra população. - A competição afeta ambas as populações negativamente. - Apesar da grande importância, mutualismo e comensalismo são as interações biológicas menos pesquisadas e discutidas em ecologia. - Mutualismo, comensalismo e parasitismo são ditas relações simbióticas (espécies intimamente associadas)*. - Alelopatia: influência química negativa da planta, exclusiva para microorganismos. MUTUALISMO: - É uma relação em que ambas as espécies se beneficiam. Durante a polinização das flores de angiospermas por exemplo, tanto a planta quanto o polinizador (inseto, pássaro ou morcego) se beneficiam, um pelo néctar e o outro pela transferência de pólen. - Ambas as partes também se beneficiam de modo mutualístico na dispersão de sementes, onde os frutos são ingeridos por pássaros frutívoros, morcegos e outros mamíferos, o consumidor recebe uma refeição e a planta recebe uma efetiva dispersão de informações genéticas. - A falta de mobilidade da planta tem feito muitas delas dependentes dos animais para polinização e dispersão das sementes.APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS - Cerca de 45% dos estudos sobre mutualismo involvem sistemas de polinização e 38% estão relacionados com a dispersão de sementes (Bronstein, 1991). - No mutualismo obrigatório, a relação é tão estreita que nenhuma espécie da relação poderia existir sem a outra (Ex: líquen: alga + fungo; micorrizas: planta + bactéria; corais: pólipo + zooxantelas) Figura 20 – Diagrama esquemático da borda terrestre de um “salt marsh” em New England. COMENSALISMO: - Uma espécie é beneficiada e a outra não sofre influência (Ex: caranguejo e anêmona do mar; dispersão de sementes não especializada) COMPETIÇÃO: - Intraespecífica APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS - Interespecífica A competição pode também ser caracterizada como: - Competição por recursos: onde os organismos competem diretamente pelos recursos limitantes. É mais evidente em invertebrados. - Competição por interferência: onde os indivíduos prejudicam uns aos outros através da força física. Está normalmente associada a manutenção de territórios. Mais comum em vertebrados. Segundo Schoener (1985) os principais mecanismos dos processos competitivos são: - Consumo ou exploratório (utilização dos recursos) - Estabelecimento (uso do espaço) - “Overgrowth” (quando uma espécie cresce sobre a outra e bloqueia algum recurso) - Químico (pela produção de toxinas) - Territorial (comportamento ou luta pela defesa do espaço) - “Encounter” (interagem diretamente sobre um recurso específico) Principais características de espécies r e K estrategistas (Stiling, 1996): Característica r selection K selection Clima favorável Variável e incerto constante Mortalidade Não direcionada, Mais direcionada, APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS independente da densidade dependente da densidade Tamanho populacional Variável no tempo, usualmente abaixo da capacidade suporte Constante no tempo, perto da capacidade suporte Competição intra e interespecífica Variável, frequentemente pouca Usualmente intensa Seleção de características 1.Rápido desenvolvimento 2.Alta taxa reprodutiva 3.Reprodução cedo 4. Tamanho pequeno 5.Única reprodução 1.Desenvolvimento lento 2.Alta habilidade competitiva 3.Reprodução tardia 4.Tamanho grande 5.Reprodução contínua Período de vida Curto, normalmente menos que um ano Longo, normalmente mais que um ano Prevalece Produtividade Eficiência PREDAÇÃO Existem vários tipos de predação: - Herbivoria: Animais que se alimentam de planta verde. - Carnivoria: Animais que se alimentam de herbívoros ou outros carnívoros. - Parasitismo: (i) Animais ou plantas se alimentam de outros organismos sem matá-los. (ii) Parasitóides, usualmente insetos, põem seus ovos em outros insetos, que são subsequentemente totalmente devorados pelas larvas parasitóides desenvolvidas. - Canibalismo: uma forma especial de predação, predador e presa pertencem APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS a mesma espécie. Figura 21 – Possíveis interações entre populações. “Lethality” representa a probabilidade que uma interação trófica resulta em morte do organismo que está sendo consumido. “Intimacy” representa o quanto a relação é próxima e duradoura entre o consumidor e o organismo que é consumido. Estratégias para evitar ser predado: evidência da importância da predação como uma força seletiva: - Aposematismo ou coloração de advertência - Camuflagem - Mimetismo - Polimorfismo - Defesas químicas HERBIVORIA Os vegetais parecem ser um mundo verde de alimento disponível para diversos organismos, porém poucos são aqueles que possuem adaptações que possibilitam a exploração dessa reserva energética. Existem três possíveis razões pela qual não é consumida uma maior biomassa de plantas: - Inimigos naturais (predadores e parasitas) que mantém os herbívoros abaixo dos níveis pelos quais eles poderiam utilizar mais matéria vegetal na alimentação. - Os herbívoros podem ter evoluído mecanismos de regulação para prevenir a destruição da planta hospedeira, talvez preservando alimento para gerações futuras. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS - O reino vegetal não é tão indefeso o quanto parece, possui defesas químicas e morfológicas que evitam a herbivoria excessiva. Defesas da planta alcalóides (morfina, cafeína, nicotina, e outros), terpenos e outras substâncias que não fazem parte do metabolismo principal da planta. São chamados de metabólitos secundários e são sintetizados especificamente para deter a herbivoria. Enquanto que os animais eliminam suas excretas para o ambiente, as plantas ao contrário “armazenam” os produtos do metabolismo principal, transformando-os em metabólitos secundários. Teoria da defesa induzida (Rhoades, 1979): - Uma maior pressão da herbivoria leva a produção de mais defesas. - O alto custo energético faz com que a planta produza poucas defesas. - Mais defesas são alocadas para tecidos mais importantes. - O estresse ambiental pode diminuir a disponibilidade de energia para mecanismos de defesa. - Os mecanismos de defesa são reduzidos quando inimigos estão ausentes, e aumentam quando a planta é atacada. Tipos de reações defensivas: - Quantitativas São substâncias que gradualmente se formam no trato digestivo do herbívoro prevenindo a digestão do alimento. Ex: Taninos e resinas nas folhas. No caso do tanino, o composto não é tóxico em pequenas doses, mas possui um efeito cumulativo. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS - Qualitativas São substâncias altamente tóxicas, mesmo em pequenas doses podem matar o herbívoro. Estes compostos estão presentes nas folhas em baixas concentrações. Ex: Alcalóides e cianureto. Outros mecanismos de defesa: - Mecânica Espinhos que detém vertebrados herbívoros, mas não impede a herbivoria por parte dos invertebrados. - Falta de atrativo Algumas plantas podem parar a herbivoria, quando não produzem mais atrativos químicos que estimulam os herbívoros. - Inibição reprodutiva Algumas plantas possuem derivados dos hormônios produzidos pelos insetos, que se digerido impede a metamorfose juvenil- adulto do inseto. - “Masting” o sincronismo na reprodução e consequente produção de sementes “sacia” o herbívoro, permitindo que um percentual das sementes sobreviva. PARASITISMO A definição verdadeira de parasita é problemática. Parasitas podem incluir muitas espécies que se alimentam de plantas, bem como parasitas “tradicionais” (tênia, sanguessuga e insetos parasitóides). Sem dúvida o parasitismo é um modo de vida extremamente comum, talvez mais que 50% de todos os animais são considerados parasitas. Defesas contra parasitas: - Reações de defesa celular encontradas em larvas de insetos que se protegem de parasitóides. APOSTILA – GESTÃO DE ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE PROF. DR. ALEXANDRE BASTOS ORNELLAS - Resposta imunológica em vertebrados defesas do corpo contra doenças em humanos e animais. - “Defensive displays” Comportamentos que detém os parasitas. Ex: Mariposas evitam parasitas girando violentamente dentro do casulo. - “Grooming behavior” Encontrado em mamíferos e pássaros, respectivamente, para remover ectoparasitas. Parasitase controle biológico Nem todos os parasitas são maléficos para o homem. Muitos são utilizados como defesa efetiva contra pragas (principalmente insetos) na agricultura. Um bom agente de controle biológico é aquele que: - Possua adaptação ao ambiente e ao hospedeiro. - Alta capacidade de procura. - Alta taxa de aumento relativo ao hospedeiro. - Mobilidade adequada para a dispersão. Referências - Stiling. Ecology, Prentice Hall. (2006) - Miller. Ciência Ambiental, Thomson (2007) - Levinton. Marine Biology, Academic Press (2001) - Ricklefs. Economia do Meio Ambiente, Guanabara-Koogan (2004)
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