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CAP˝TULO 16 121 1616 CAP˝TULOCAP˝TULO Diabetes Mellitus Tipo 1 Luis Eduardo P. Calliari INTRODU˙ˆO O conhecimento a respeito do Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) vem au- mentando rapidamente nos œltimos anos, e tambØm a elevaçªo na incidŒn- cia da doença em vÆrias populaçıes do mundo. Mesmo que o pediatra nªo cuide especificamente dos distœrbios glicŒmicos dos pacientes com DM1, Ø importante que conheça os novos conceitos envolvendo a etiopatogenia, diagnóstico, classificaçªo e opçıes terapŒuticas atuais. CLASSIFICA˙ˆO A classificaçªo do diabetes mellitus foi revista em 1997, sendo levado em consideraçªo a etiologia do processo (Tabela 16.1). ETIOPATOGENIA O conceito atual do DM1 Ø de uma doença crônica na qual hÆ interaçªo entre fatores genØticos e ambientais que induzem a uma reaçªo auto-imu- ne contra as cØlulas b -pancreÆticas, que evolui com insulinopenia relativa ou absoluta, culminando com hiperglicemia. A destruiçªo das cØlulas b Ø seletiva, havendo preservaçªo das cØlulas alfa e delta. Ocorre principalmente em crianças e adolescentes, sem preferŒncia de sexo, e mais raramente em adultos. A incidŒncia de DM1 no Estado de Sªo 122 CAP˝TULO 16 Paulo Ø de 7.4/100.000 habitantes/ano. O risco populacional de desenvol- vimento de DM1 Ø de 0,4%, e sobe para 50% a 70% em gŒmeos monozigóticos de diabØticos. Os estudos para identificar os genes responsÆveis pela susceptibilidade genØtica identificaram pelo menos 15 loci, denominados IDDM1 a 15. Os mais importantes sªo o IDDM 1 e 2. O IDDM 1 estÆ situado no braço curto de cromossomo 6 e corresponde ao local dos antígenos do sistema HLA. Cerca de 95% dos pacientes com DM1 possuem antígenos de classe II HLA DR3 ou DR4. A regiªo do DQ estÆ associada à susceptibilidade, havendo genótipos que aumentam (DQA1*0301, DQB1*0302) e outros que diminuem (DQAB1*0602) o risco de evoluçªo para DM1. O IDDM2 corresponde à regiªo do gene da insulina no cromossomo 11, e pode estar relacionada com a transcriçªo do gene no timo durante seu desenvolvimento, importante para o estabelecimento da autotolerância. Dentre os fatores ambientais estudados, seguramente os vírus sªo os mais importantes, e podem levar ao DM por dois mecanismos infecçªo e destruiçªo direta das cØlulas b (Coksakie A), ou colaborando para desen- cadear ou exacerbar um processo crônico jÆ previamente iniciado (rubØo- la, CMV, Epstein-Barr). Alimentos possivelmente envolvidos na gŒnese do DM1 sªo leite de vaca, atravØs de mímica molecular da proteína bovina com proteínas da cØlula B, e nitrosaminas. Em ambos os casos, porØm, os estu- dos nªo sªo conclusivos e ainda nªo hÆ consenso na literatura da sua real importância no desenvolvimento do DM1. Os fatores ambientais interagem com a carga genØtica, fazendo com que haja o desencadeamento do processo auto-imune. É conhecido que hÆ infiltrado linfocitÆrio em pâncreas de pacientes que foram a óbito na pri- meira descompensaçªo, confirmando a existŒncia de alteraçıes na imuni- dade desde o início da doença. Atualmente jÆ estªo caracterizados alguns auto-antígenos contra os quais hÆ formaçªo de auto-anticorpos, sendo os mais importantes a insulina, a descarboxilase do Æcido glutâmico (GAD) e a tirosina fosfatase ICA512/IA-2. Na patogŒnese do DM1 estªo envolvidos os componentes humoral e celular da resposta imune. A caracterizaçªo de grupos funcionais das cØlulas T CD4+, cØlulas Th1 e Th2 permitiu uma melhor compreensªo do processo. A hi- pótese Ø que as cØlulas Th1 sªo ativadas pelo sistema HLA, produzindo interleucina-2 e interferon-gama, e inibindo a produçªo de cØlulas Th-2, Tabela 16.1 Classificaçªo Etiológica do Diabetes Mellitus 1. Diabetes Mellitus tipo 1 A. Imune mediado B. IdiopÆtico 2. Diabetes Mellitus tipo 2 3. Outros tipos específicos A. Defeitos genØticos da funçªo da cØlula beta: Mody, DNA mitocondrial B. Defeitos genØticos na açªo da insulina: resistŒncia insulínica, lipoatrófico C. Doença do pâncreas exócrino: pancreatite, traumas, neoplasias, outros D. Endocrinopatias: Cushing, hipertireoidismo, feocromocitomas, outros E. Induzido por drogas: glicocorticóides, diazóxido, beta adrenØrgicos, outros F. Infecçıes: RubØola congŒnita, citomegalovírus, outros G. Formas incomuns de diabetes imunomediadas: anticorpo anti-receptor de insulina, outros H. Síndromes genØticas associadas: Down, Klinefelter, Turner, outros 4. Diabetes Mellitus gestacional CAP˝TULO 16 123 reduzindo entªo interleucina 4 e 10. Haveria na seqüŒncia ativaçªo de macrófagos e cØlulas T citotóxicas que iniciam a destruiçªo das cØlulas b . A destruiçªo progressiva leva à diminuiçªo do nœmero de cØlulas produto- ras de insulina, e acredita-se que, quando atingem menos que 40% do to- tal, começa a ocorrer hiperglicemia, com sintomas clínicos. QUADRO CL˝NICO Os sintomas típicos do diabetes mellitus tipo 1 sªo poliœria, polidipsia, polifagia e perda de peso e decorrem secundariamente da hiperglicemia. Os níveis aumentados de glicose ultrapassam o seu transporte mÆximo a nível tubular, promovendo uma perda renal (glicosœria), que exerce efeito osmótico aumentando a perda hídrica. A poliœria instalada ativa mecanismos de com- pensaçªo, levando à polidipsia. Geralmente iniciam de forma abrupta, mas podem ocorrer insidiosamente. Se o quadro nªo for diagnosticado rapidamente pode evoluir atØ a cetoacidose diabØtica (CAD). O diagnóstico precoce, por- tanto, beneficia os pacientes por evitar evoluçªo para a cetoacidose, que apresenta elevada morbimortalidade, e por preservar uma maior produçªo de insulina, contribuindo para evitar as complicaçıes crônicas. Vale a pena chamar a atençªo do pediatra para situaçıes nas quais os sinais e sintomas podem nªo ser tªo evidentes e o diagnóstico Ø retardado, gerando graves problemas para os pacientes. RecØm-nascidos ou lactentes muitas vezes nªo se apresentam com história sugestiva devido ao uso de fraldas, que dificultam a observaçªo da poliœria. Podem chegar a quadros graves de desidrataçªo, evoluindo com choque hipovolŒmico se nªo forem tratados adequadamente. Portanto, um lactente desidratado, com diurese paradoxalmente abundante e clara, e que nªo apresente história de perda oral ou intestinal de líquidos deve ser investigado quanto à possibilidade de diabetes. Outro grupo de pacientes em que muitas vezes nªo hÆ história de poliœria e polidipsia Ø o de adolescentes. Nesta fase os pais jÆ nªo acompanham os hÆbitos dos filhos, e o paciente pode chegar com desidrataçªo avançada e nível de consciŒncia comprometido. Um adolescente nestas condiçıes pode ter o diagnóstico confundido com intoxicaçªo exógena, e a presença de poliœria e o hÆlito cetônico devem sugerir o diagnóstico de DM. DIAGNÓSTICO Pode-se dividir o diagnóstico em dois momentos diferentes, dependen- do da Øpoca em que Ø realizado. FASE PRÉ-CL˝NICA O conhecimento de que existe uma fase silenciosa antes dos sintomas deveu-se ao estudo prospectivo de irmªos de pacientes com DM1, atravØs da caracterizaçªo de marcadores genØticos, imunológicos e metabólicos. Os principais grupos de pacientes em risco de evoluir para DM1 sªo: a) parentes de primeiro grau de pacientes com DM1; b) crianças com hiperglice- mia e/ou glicosœria transitória; c) pacientes com poliendocrinopatias auto-imunes; e d) indivíduos com os marcadores imunológicos de DM1 presentes. O processo de destruiçªo das cØlulas b ocorre de forma lenta e durante um longo tempo nªo hÆ sintomatologia clínica. Os marcadores mais utili- zados, do ponto de vista clínico, sªo os anticorpos antiilhotas pancreÆticas 124 CAP˝TULO 16 (ICA), antitirosina-fosfatase (ICA512/IA2), auto-anticorpos antiinsulina (AAI), antidescarboxilase do Æcido glutâmico (anti-GAD). A presença de dois ou mais anticorpos aumenta o poder preditivo, quanto à evoluçªo para diabe- tes, em indivíduos de risco. Após a instalaçªo do processo auto-imune, começa a haverdestruiçªo das cØlulas b e progressiva diminuiçªo da secreçªo de insulina. Antes que os níveis glicŒmicos estejam consistentemente elevados, ocorre perda da Primeira Fase de Secreçªo Insulínica (PFSI). Esta alteraçªo pode ser detec- tada a partir do Teste RÆpido de Tolerância à Glicose Endovenosa (TRTGEV). Valores baixos de insulina sugerem maior risco de evoluçªo para DM1, prin- cipalmente se associados a outros marcadores. Em parentes de primeiro grau de pacientes diabØticos que apresentem positividade de ICA, a presença de auto-anticorpos antiinsulina associada a perda da PFSI confere um risco de 90% de evoluçªo para diabetes em trŒs anos. FASE CL˝NICA Na maioria dos casos de DM1 o diagnóstico serÆ feito após início dos sintomas e os exames laboratoriais sªo importantes para sua confirmaçªo. A presença dos sintomas clÆssicos (polidipsia, poliœria e perda de peso) associados à glicemia superior a 200mg/dL confirma o diagnóstico. Se for realizada glicemia de jejum, valores acima de 125mg/dL, em pelo menos duas determinaçıes, tambØm caracterizam o DM. Em atendimentos de emergŒncia existe a necessidade de resultados rÆ- pidos, e a realizaçªo de glicemia capilar, glicosœria e cetonœria pode levar ao diagnóstico sem perda de tempo, devendo ser utilizadas como triagem. A confirmaçªo laboratorial da glicemia nestes casos deve ser acompanha- da de uma gasometria arterial e mensuraçªo de eletrólitos sódio e po- tÆssio. Quando os sintomas típicos estiverem ausentes, ou se forem muito discretos, o diagnóstico fica dificultado e pode haver a necessidade de se realizar um teste de tolerância oral à glicose (TTGO). Os critØrios de inter- pretaçªo do TTGO sªo variÆveis. A Organizaçªo Mundial de Saœde (OMS) recomenda que seja feita uma dosagem basal e outra 120 minutos após ingestªo de glicose. Valores de glicemia acima de 200mg/dL aos 120 minu- tos confirmam o diagnóstico. Os critØrios da Associaçªo Americana de Diabetes estªo na Tabela 16.2. Tabela 16.2 Diagnóstico do Diabetes Melito e Intolerância à Glicose CritØrios da Academia Americana de Diabetes I. Diabetes Melito a) Sintomas típicos + Glicemia ao acaso ‡ 200mg/dL (11,1mmol/L) Sendo: Sintomas típicos perda de peso, poliœria, polidipsia Acaso qualquer horÆrio do dia, independente da œltima refeiçªo b) Glicemia de jejum ‡ 126mg/dl (7mmol/L) em duas ocasiıes Sendo: jejum definido por 8h sem ingestªo calórica c) Resposta ao teste de tolerância à glicose oral (TTGo) com glicemia ‡ 200mg/dL duas horas após a ingestªo de glicose (1,75g/kg ou 75g) II. Tolerância alterada à glicose a) Glicemia de 140 a 200mg/dL aos 120 minutos do TTGo III. Glicemia de jejum alterada a) Glicemia de jejum acima de 110mg/dL e abaixo de 126mg/dL CAP˝TULO 16 125 AFEC˙ÕES ASSOCIADAS O diabetes mellitus tipo 1 pode estar associado a outras manifestaçıes auto-imunes. A doença endócrina mais comumente associada ao DM1 Ø a tireoidite auto-imune. A prevalŒncia de auto-anticorpos contra tireoglobulina e tireoperoxidase chega a atØ 20% dos pacientes, porØm a afecçªo só evolui com alteraçªo de funçªo em aproximadamente 5%. Outras doenças auto-imunes que podem ser encontradas nos pacientes com DM1 e devem ser pesquisadas se houver suspeita clínica sªo: doença celíaca, anemia megaloblÆstica e miastenia grave. TRATAMENTO O tratamento ambulatorial do paciente com DM1 baseia-se em dieta, insulinoterapia e atividade física. Para que se consiga o melhor resultado possível, o paciente e sua família devem ser orientados quanto à impor- tância do tratamento em relaçªo às complicaçıes agudas (hipoglicemia, CAD) e crônicas (neuropatia, retinopatia, nefropatia). A chamada educaçªo em diabetes, promovida por mØdicos, enfermeiras, nutricionistas e psicólogas permite que isto seja feito de forma mais gradual e completa. DIETA A dieta de uma criança ou adolescente com DM1 deve sempre respeitar as necessidades calóricas e nutricionais de um organismo em crescimento e de- senvolvimento. O rigor encontrado em orientaçıes mais antigas hoje jÆ nªo se justifica, valorizando-se a individualizaçªo do esquema alimentar, ajustando-o aos hÆbitos e diferentes estilos de vida dos pacientes. Os objetivos da terapia nutricional sªo: manter a glicemia o mais próximo do normal atravØs do ba- lanço entre dieta, atividade física e insulinoterapia; conter calorias suficien- tes para manter crescimento e desenvolvimento normais; atingir perfil lipídico adequado; prevenir complicaçıes agudas; evitar complicaçıes crônicas. Genericamente, podemos dizer que se deve evitar a ingestªo de açœca- res de absorçªo rÆpida, estimular o uso de fibras e adequar o tipo e a quan- tidade de lipídeos às necessidades. O total de calorias deve ser dividido em seis refeiçıes ao dia, evitando-se intervalos muito longos que possam levar a hipoglicemias, e ao mesmo tempo fazendo com que as grandes re- feiçıes nªo induzam a hiperglicemias pós-prandiais. Os alimentos dietØticos sªo permitidos, porØm nªo devem ser utiliza- dos indiscriminadamente. ATIVIDADE F˝SICA O exercício leva à diminuiçªo da gliconeogŒnese, aumento da utiliza- çªo muscular de glicose, reduçªo da produçªo de corpos cetônicos e da resistŒncia insulínica, e à melhora da glicemia. AlØm disto, Ø importante na integraçªo social do paciente, evita aumento de peso e serve como estí- mulo psicológico. A atividade física ideal Ø aeróbica, com duraçªo de 40 a 60 minutos, no mínimo duas vezes por semana e com intensidade moderada, evitando-se ultrapassar 70% da taxa cardíaca mÆxima. Como os exercícios tendem a reduzir a glicemia, o cuidado maior estÆ relacionado aos episódios de hipoglicemia que podem ocorrer durante sua 126 CAP˝TULO 16 prÆtica. A atividade física tambØm deve ser evitada quando o paciente es- tiver com glicemia elevada (acima de 300mg%) pois pode levar à piora metabólica e à cetogŒnese. A orientaçªo aos pacientes inclui a realizaçªo de exercícios apenas quando o controle glicŒmico estiver adequado. INSULINOTERAPIA A insulina deve ser iniciada assim que for feito o diagnóstico. Se o paciente estiver em quadro de descompensaçªo importante, com hiperglicemia, acidose e cetose, estÆ indicada a internaçªo e o tratamento Ø específico para a Cetoacidose DiabØtica ver capítulo de CAD. A dose inicial de insulina para seguimento ambulatorial geralmente Ø de 0,3 a 0,5U /quilo de peso/dia, sendo mais baixa em lactentes e mais elevada em adolescentes. O ajuste Ø feito com base nos controles de glicemia capi- lar, geralmente modificando-se a dose em 10% a 20% do total a cada dia. Atualmente dispomos de vÆrios tipos de insulina, considerando-se o seu tempo de açªo e sua origem. As insulinas de origens bovina e suína (mista) e suína estªo sendo substituídas pelas insulinas humanas e seus anÆlogos. A insulina humana do tipo NPH tem açªo chamada de intermediÆria, em mØdia iniciando sua açªo em 2 a 3 horas e com pico entre 6 e 12 horas, nœmeros bastante variÆveis dependendo de cada paciente. A insulina humana de açªo rÆpida insulina regular tem início de açªo em 30 minutos, pico em 2 a 4 horas e duraçªo de 6 a 8 horas. Estes dois tipos de insulina ainda sªo os mais utilizados na prÆtica diÆria. Os anÆlogos de insulina sªo desenvolvidos atravØs de modificaçıes na molØcula de insulina, aumentando ou diminuin- do seu tempo de açªo. Os anÆlogos de açªo rÆpida lispro e aspart po- dem ser utilizados para evitar a hiperglicemia pós-prandial, jÆ que apresen- ta início de açªo em 15 minutos e pico de açªo em 1 hora. A insulina glargina Ø um anÆlogo com a característica de nªo apresentar picos, podendo durar atØ 24 horas, mantendo um nível basal de insulina. O esquema de tratamento convencional baseia-se no uso de uma a trŒs aplicaçıes ao dia com doses fixas, mantendo-se alimentaçªo e atividade física constantes para que nªo haja grandes flutuaçıes glicŒmicas. Utilizam-se doses de NPHcedo e à noite, associadas ou nªo à insulina regular ou aos anÆlo- gos de açªo rÆpida. Este Ø um esquema mais fÆcil de ser seguido pelo pa- ciente, porØm geralmente mantØm níveis glicŒmicos elevados e estÆ asso- ciado a maior índice de complicaçıes crônicas. O esquema intensivo de tratamento baseia-se em dieta e atividade físi- ca mais livres, adaptando-se a necessidade de insulina diÆria atravØs de monitorizaçıes glicŒmicas freqüentes. Tenta-se reproduzir o que o pâncreas fisiologicamente produz de insulina. Utilizam-se geralmente insulinas de açªo rÆpida (regular, lispro ou aspart) antes de cada grande refeiçªo, e in- sulina intermediÆria (NPH ou lenta) ou ultralenta (ultralenta ou glargina) uma a quatro vezes ao dia para manter os períodos entre as refeiçıes. A opçªo terapŒutica para manter o esquema intensivo Ø o uso da bomba de infusªo de insulina, que permite a injeçªo subcutânea de insulina, dividi- da em basal, durante as 24 horas, e bolos, antes das refeiçıes. A utilizaçªo do esquema intensivo Ø limitada pela necessidade de mœltiplos controles e injeçıes, pela dificuldade de interpretaçªo e correçªo dos resultados e pelo próprio custo envolvido no tratamento. Geralmente hÆ mais episódios de hipoglicemias, exceto com o uso da bomba. Com este esquema Ø possível objetivar glicemias próximas ao normal, quase normalizaçªo da hemoglo- bina glicada e prevençªo ou retardamento das complicaçıes crônicas. CAP˝TULO 16 127 Para melhor aceitaçªo dos novos esquemas terapŒuticos, pode-se utili- zar as canetas para aplicaçªo, em lugar das seringas, que sªo geralmente preferidas pelos pacientes e familiares. As insulinas tambØm podem ser adquiridas em frascos jÆ prØ-misturados (NPH + Regular; NPL + lispro; Aspart/Prot. + Aspart), facilitando a preparaçªo. MONITORIZA˙ˆO O equilíbrio entre dieta, atividade física e insulina pode ser avaliado atravØs da monitorizaçªo domiciliar da glicemia. AtravØs de punçªo da ponta do dedo e da mensuraçªo da glicemia capilar por tiras lidas em aparelhos, Ø possível avaliar os resultados do tratamento, corrigindo hiperglicemias, identificando hipoglicemias assintomÆticas e permitindo ajuste de doses de insulina e de tipo e quantidade de alimentos. Deve ser fortemente estimu- lada pois dÆ condiçıes à família e aos profissionais envolvidos de se co- nhecer as variaçıes glicŒmicas que ocorrem durante o dia, levando a deci- sıes terapŒuticas mais acertadas. Os conhecimentos a respeito da etiopatogenia do DM1 aumentaram muito nos œltimos anos, permitindo que possamos imaginar um futuro promissor em relaçªo à tªo buscada cura do diabetes. Enquanto isto nªo ocorre, novos tipos de insulina e de materiais envolvidos na monitori- zaçªo e na aplicaçªo (lancetas, agulhas, canetas) vŒm sendo desenvolvi- dos ajudando os pacientes a terem um melhor controle glicŒmico, com menos sofrimento. BIBLIOGRAFIA 1. American Diabetes Association. Nutrition recomendations and principles for people with diabetes mellitus (position statement). Diabetes Care, 19 (suppl 1): 516-519, 1996. 2. American Diabetes Association. Self monitoring of blood control (position statement) Diabetes Care, 19 (suppl. 1):562-566, 1996. 3. Dib AS, De SÆ JR, Calliari LEP, AguadØ LCM, Russo AR, Chacra AR. Aspectos da fase nªo-insulinodependente do diabetes mellitus do tipo I. Rev Ass Med Bras, 39(1):48-52, 1993. 4. 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