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Animais peçonhentos do Brasil

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Elisabeth Ferroni Schwartz
Laboratório de Toxinologia
Departamento de Ciências Fisiológicas
Instituto de Ciências Biológicas - UnB
ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASILANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL
Considerações iniciais
• Toxinologia � toxinas
• Veneno: combinado de toxinas
• Veneno x peçonha
Instituto Butantan - SP
Fundação Ezequiel Dias - MG
Instituto Vital Brazil - RJ
Centro de Produção e Pesquisa em Imunobiológicos - PR
Ministério da Saúde
Secretarias Estaduais de Saúde
Pontos estratégicos
Regionais de saúde
Secretarias Municipais de Saúde
ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS 
Brasil, 2001 a 2004Brasil, 2001 a 2004
Fonte:SINAN-Animais Peçonhentos (02/03/05)
Dados sujeitos a revisão
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2001 19442 17922 11175 437 3692 2666
2002 24975 21781 12894 275 4814 2535
2003 28130 24653 17477 323 6083 2314
2004 23137 23096 14437 364 6195 2176
Serpente Escorpião Aranha Lonomia Outros Ign/branco
Acidentes ofAcidentes ofíídicosdicos
Características dos gêneros de serpentes peçonhentas no Brasil
As serpentes do gênero Micrurus não apresentam fosseta loreal e 
possuem dentes inoculadores pouco desenvolvidos e fixos na 
região anterior da boca
Bothrops atrox
Bothrops erythromelas
Bothrops neuwiedi
Bothrops jararacussu
Bothrops alternatus
Bothrops moojeni
Bothrops jararaca
Acidente Botrópico
Acidente ofídico de maior importância epidemiológica no país �
cerca de 90% dos envenenamentos
Ações da peçonha
Proteolítica� Lesões locais, edema, bolhas e necrose �
patogênese complexa: proteases, hialuronidases e PLA2, 
liberação de mediadores da resposta inflamatória, ação das 
hemorraginas sobre o endotélio vascular e ação pró-coagulante.
Ação coagulante� Ativa fator X e protrombina e tem ação 
semelhante à trombina� incoagulabilidade sangüínea. 
Ação hemorrágica� Hemorraginas que provocam lesões na 
membrana basal dos capilares, associadas à plaquetopenia e 
alterações da coagulação.
Acidente Botrópico
Quadro clínico
Manifestações locais� dor e edema no local da picada, de 
intensidade variável e, em geral, de instalação precoce e caráter 
progressivo. Equimoses e sangramentos no ponto da picada são 
freqüentes. Infartamento ganglionar e bolhas podem aparecer na 
evolução, acompanhados ou não de necrose.
Manifestações sistêmicas� Além de sangramentos em 
ferimentos cutâneos pré-existentes, podem ser observadas 
hemorragias à distância como gengivorragias, epistaxes, 
hematêmese e s acidentes
Acidente Botrópico
Leve� dor e edema local pouco intenso ou ausente, 
manifestações hemorrágicas discretas ou ausentes, com ou sem 
alteração do Tempo de Coagulação. 
Moderado� dor e edema evidente ultrapassando a região da 
picada, acompanhados ou não de alterações hemorrágicas locais 
ou sistêmicas como gengivorragia, epistaxe e hermatúria.
Grave� edema local intenso e extenso, podendo atingir todo o 
membro picado, acompanhado de dor intensa e, eventualmente 
com presença de bolhas. O edema pode levar à isquemia local 
devido à compressão de vasos e nervos. Hipotensão arterial, 
choque, oligoanúria ou hemorragias intensas.
Acidente Botrópico
Complicações Locais
Síndrome Compartimental� isquemia de extremidades 
provocada pelo edema. Manifestações mais importantes: dor 
intensa, parestesia, queda na temperatura do segmento distal, 
cianose e déficit motor.
Abscesso� Ação “proteolítica” favorece o aparecimento de 
infecções locais. 
Necrose� é devida principalmente à ação “proteolítica” do 
veneno, associada à isquemia local decorrente de lesão vascular 
e de outros fatores como infecção, trombose arterial, síndrome de 
compartimento ou uso indevido de torniquetes. O risco é maior 
nas picadas em extremidades (dedos) podendo evoluir para 
gangrena
Acidente Botrópico
Complicações Sistêmicas
Choque� casos graves. Sua patogênese é multifatorial, 
podendo decorrer da liberação de substâncias vasoativas, do 
seqüestro de líquido na área do edema e de perdas por 
hemorragias.
Insuficiência Renal Aguda (IRA)� também de patogênese 
multifatorial, pode decorrer da ação direta da peçonha sobre os 
rins, isquemia renal secundária à deposição de microtrombos nos 
capilares, desidratação ou hipotensão arterial e choque.
Acidente Botrópico
Exames complementares
Tempo de Coagulação (TC)� fácil execução e importante na 
elucidação diagnóstica
Hemograma� leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda, 
hemossedimentação elevada nas primeiras horas do acidente e 
plaquetopenia de intensidade variável.
Exame sumário de urina� pode haver proteinúria, hemafúria e 
leucocitúria.
Outros exames laboratoriais� eletrólitos, uréia e creatinina, 
visando à detecção da insuficiência renal aguda.
Métodos de imunodiagnóstico� técnica de ELISA 
Acidente Botrópico
Tratamento
Específico� soro antibotrópico (SAB) i.v. Na falta deste, soro 
antibotrópico-crotálico (SABC) ou antibotrópicolaquética (SABL).
Geral� Manter elevado e estendido o segmento picado;
Analgésicos; Hidratação; Antibioticoterapia.
Tratamento das complicações locais� diagnóstico + de 
síndrome de compartimento: fasciotomia, debridamento de áreas 
necrosadas e drenagem de abscessos
Prognóstico� Geralmente é bom. A letalidade nos casos tratados 
é baixa (0,3%). Há possibilidade de ocorrer seqüelas locais 
anatômicas ou funcionais.
Classificação do Acidente Botrópico
Crotalus durissus
Acidente Crotálico
7,7% dos acidentes ofídicos no Brasil. 30% em algumas regiões. 
Maior coeficiente de letalidade devido à freqüência com que 
evolui para insuficiência renal aguda (IRA).
Ações da peçonha
Ação neurotóxica� Crotoxina, neurotoxina de ação pré-
sináptica que inibe a liberação de Ach: paralisias motoras.
Ação miotóxica� Lesões de fibras musculares esqueléticas 
(rabdomiólise) com liberação de enzimas e mioglobina para o 
soro e que são posteriormente excretadas pela urina.
Ação coagulante� Atividade do tipo trombina. Incoagulabilidade 
sangüínea. Geralmente não há redução do número de plaquetas. 
As manifestações hemorrágicas, quando presentes, são 
discretas.
Acidente Crotálico
Quadro clínico
Manifestações locais� Pouco importantes. Não há dor. Há
parestesia local ou regional, podendo ser acompanhada de 
edema discreto ou eritema no ponto da picada.
Manifestações sistêmicas
Gerais� mal-estar, prostração, sudorese, náusea, vômito, 
sonolência ou inquietação e secura da boca. 
Neurológicas� Ação neurotóxica da peçonha: fácies miastênica 
(fácies neurotóxica de Rosenfeld) evidenciadas por ptose 
palpebral uni ou bilateral, flacidez da musculatura da face, 
alteração do diâmetro pupilar, incapacidade de movimentação do 
globo ocular (oftalmoplegia), podendo existir dificuldade de 
acomodação (visão turva) e/ou visão dupla (diplopia). Pode 
ocorrer paralisia velopalatina, com dificuldade à deglutição, 
diminuição do reflexo do vômito, alterações do paladar e olfato.
Acidente Crotálico
Acidente grave em criança 
de seis anos, atendida três 
horas após a picada:
ptose palpebral bilateral 
(Foto: F. Bucaretchi).
Acidente Crotálico
Manifestações sistêmicas
Musculares� dor muscular 
generalizada (mialgias). Fibra
muscular esquelética lesada: 
liberação de mioglobina que é
excretada pela urina
(mioglobinúria), conferindo-lhe
uma cor avermelhada ou de 
tonalidade mais escura, até o 
marrom. A mioglobinúria constitui
a manifestação clínica mais
evidente da necrose da
musculatura esquelética
(rabdomiólise).
Coleta de urina seqüencial 
entre a admissão e 48 h após 
acidente: urina escura com 
mioglobinúriaAcidente Crotálico
Manifestações sistêmicas
Distúrbios da Coagulação� incoagulabilidade sangüínea ou 
aumento do Tempo de Coagulação, em 40% dos pacientes, 
observando-se raramente sangramentos restritos às gengivas 
(gengivorragia).
Manifestações clínicas pouco freqüentes
Insuficiência respiratória aguda, fasciculações e paralisia de 
grupos musculares têm sido relatadas. Tais fenômenos são 
interpretados como decorrentes da atividade neurotóxica e/ou da 
ação miotóxica do veneno.
Acidente Crotálico
Complicações
Locais� parestesias locais duradouras, reversíveis após algumas 
semanas.
Sistêmicas� insuficiência renal aguda, com necrose tubular 
geralmente de instalação nas primeiras 48 horas.
Exames complementares
Sangue� � creatinoquinase (CK), desidrogenase lática (LDH), 
aspartase-amino-transferase (AST), aspartase-alanino-transferase 
(ALT), aldolase, uréia, creatinina, ác úrico, fósforo, potássio e �
calcemia. Tempo de Coagulação >.
Leucocitose, com neutrofilia e desvio à esquerda.
Urina� sedimento urinário normal quando não há IRA e 
proteinúria discreta. Com IRA, hematúria. Presença de mioglobina. 
Acidente Crotálico
Tratamento
Específico� Soro anticrotálico, i.v. Pode ser utilizado soro 
antibotrópico-crotálico (SABC).
Geral� Hidratação adequada é fundamental na prevenção da 
IRA. A diurese osmótica pode ser induzida com manitol a 20%. 
Caso persista oligúria: uso de diuréticos de alça tipo furosemida. 
O pH urinário deve ser > de 6,5 (urina ácida potencia a 
precipitação intratubular de mioglobina), portanto, alcalinação da 
urina pela administração parenteral de bicarbonato de sódio.
Prognóstico
Bom nos acidentes leves e moderados e nos pacientes atendidos 
até 6 horas após a picada. Nos acidentes graves, depende da 
existência de IRA. A evolução do quadro depende de diálise 
eficiente, em tempo hábil.
Lachesis muta
Acidente Laquético
Informações disponíveis sobre acidentes são raras: distribuição 
geográfica. Os acidentes por Lachesis são raros, mesmo na região 
Amazônica.
Ações da peçonha
Ação proteolítica� Lesão tecidual (~ botrópico)
Ação coagulante� atividade tipo trombina
Ação hemorrágica� intensa atividade hemorrágica 
(hemorraginas)
Ação neurotóxica� É descrita uma ação do tipo estimulação 
vagal, porém ainda não caracterizada.
Acidente Laquético
Quadro clínico
Manifestações locais� ~ botrópico: dor e edema, que podem 
progredir para todo o membro. Podem surgir vesículas e bolhas 
de conteúdo seroso ou sero-hemorrágico logo após o acidente. 
Hemorragia local.
Manifestações sistêmicas� Hipotensão arterial, tonturas, 
escurecimento da visão, bradicardia, cólicas abdominais e 
diarréia (síndrome vagal).
Acidentes laquéticos são classificados como moderados e 
graves. Grande porte do animal e qtidade de peçonha injetada.
Complicações� ~ botrópico (síndrome compartimental, 
necrose, infecção secundária, abscesso, déficit funcional)
Acidente Laquético
Exames complementares� Tempo de Coagulação (TC), 
hemograma, dosagens de uréia, creatinina e eletrólitos. ELISA 
vem sendo utilizado em caráter experimental.
Diagnóstico diferencial� Acidentes botrópico x laquético: 
manifestações da “síndrome vagal”. Maioria dos acidentes 
referidos pelos pacientes como causados por Lachesis é do 
gênero botrópico (ELISA).
Tratamento
Tratamento específico� Soro antilaquético (SAL), ou 
antibotrópico-laquético (SABL), na ausência dos 2, soro 
antibotrópico (não neutraliza de maneira eficaz a ação 
coagulante do veneno laquético).
Tratamento geral� Mesmas medidas indicadas para o acidente 
botrópico.
Micrurus corallinus
Micrurus lemniscatus
Micrurus frontalis
Acidente Elapídico
0,4% dos acidentes por serpentes peçonhentas no Brasil. Pode 
evoluir para insuficiência respiratória aguda, causa de óbito neste 
tipo de envenenamento.
Ações da peçonha (neurotóxica)
NTX de ação pós-sináptica� presente em todas sps estudadas. 
Proteínas de baixo MW, rapidamente distribuídas para os tecidos: 
precocidade dos sintomas de envenenamento. As NTXs competem 
com Ach pelos receptores colinérgicos da junção neuromuscular, 
atuando de modo semelhante ao curare. Nos envenenamentos 
onde predomina essa ação (M. frontalis), o uso de substâncias 
anticolinesterásticas (edrofônio e neostigmina) pode prolongar a 
vida média do neurotransmissor (Ach), levando a uma rápida 
melhora da sintomatologia.
Acidente Elapídico
Ações da peçonha (neurotóxica)
NTX de ação pré-sináptica� Presentes em algumas corais (M. 
coralliunus) e também em alguns viperídeos, como a cascavel 
sulamericana. Atuam na junção neuromuscular, bloqueando a 
liberação de Ach pelos impulsos nervosos, impedindo a deflagração 
do potencial de ação. Esse mecanismo não é antagonizado pelas 
substâncias anticolinesterásicas.
Acidente Elapídico
Quadro clínico
Manifestações locais � Discreta dor local, parestesia 
Manifestações sistêmicas � Inicialmente, vômitos. 
Posteriormente, fraqueza muscular progressiva, ocorrendo 
ptose palpebral, oftalmoplegia e a presença de fácies miastênica 
ou “neurotóxica”. Dificuldade para manutenção da posição ereta, 
mialgia localizada ou generalizada e dificuldade para deglutir em 
virtude da paralisia do véu palatino. A paralisia flácida da 
musculatura respiratória compromete a ventilação, podendo 
haver evolução para insuficiência respiratória aguda e apnéia.
Acidente Elapídico
fácies miastênica
Acidente Elapídico
Exames complementares � Não há exames específicos para o 
diagnóstico.
Tratamento
Tratamento específico � Soro antielapídico (SAE), i.v. 
Todos os casos de acidente por coral com manifestações 
clínicas devem ser considerados como potencialmente 
graves.
Tratamento geral� Nos casos de insuficiência respiratória: 
ventilação artificial. Anticolinesterásicos (neostigmina) em 
acidentes por M. frontalis, M. lemniscatus).
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MÉDIA ANUAL DE ACIDENTES OFÍDICOSMÉDIA ANUAL DE ACIDENTES OFÍDICOS
por Unidade Federada, 2001 a 2004por Unidade Federada, 2001 a 2004
Fonte:SINAN-Animais Peçonhentos (02/03/05)
tipo de acidente n % n %
botrópico 59.619 73,1 65.697 68,7
crotálico 5.072 6,2 6.959 7,3
laquético 939 1,2 2.170 2,3
elapídico 281 0,3 486 0,5
não-peçonhento 2.361 2,9 2.160 2,3
ignorado 13.339 16,3 18.212 19,0
total 81.611 100,0 95.684 100,0
1990-3 2001-4
TIPO DE ACIDENTE TIPO DE ACIDENTE 
BRASIL BRASIL -- 19901990--3 e 20013 e 2001--4 4 
Fonte:SINAN-Animais Peçonhentos (02/03/05)
acidente óbito tota l le ta lidade óbito tota l le ta lidade
botrópic o 185 59.619 0,31 243 65.697 0,37
c rotálic o 95 5.072 1,87 70 6.959 1,01
laquétic o 9 939 0,96 22 2.170 1,01
elapídic o 1 281 0,36 1 486 0,21
não peç . 0 2.361 0,00 0 2.160 0,00
ign 69 13.339 0,52 75 18.212 0,41
Tota l 359 81.611 0,45 411 95.684 0,43
2001-41990-3
NÚMERO DE ÓBITOS E LETALIDADENÚMERO DE ÓBITOS E LETALIDADE
por tipo de acidente, 1990por tipo de acidente, 1990--3 e 20013 e 2001--4 4 
Fonte:SINAN-Animais Peçonhentos (02/03/05)
Escorpionismo
Importantes em virtude da grande freqüência e da potencial 
gravidade, principalmente em crianças picadas pelo Tityus 
serrulatus.
Epidemiologia
Cerca de 8.000 acidentes/ano
Minas Gerais e São Paulo responsáveis por 50% do total, com 
aumento significativo de casos na Bahia, Rio Grande do Norte, 
Alagoas e Ceará.
Importância médica: T. serrulatus, T. bahiensis e T. stigmurus.
Letalidade em 0,58%, principalmente por T. serrulatus, mais 
comumente em crianças menores de 14 anos.Escorpionismo
Escorpionismo
São carnívoros: insetos, como
grilos ou baratas. Hábitos
noturnos. 
Podem sobreviver vários meses
sem alimento e sem água, o 
que torna seu combate muito
difícil.
Tityus serrulatus
Serrilha dorsal nos dois 
últimos segmentos (daí o 
nome Tityus serrulatus) 
Mede de 6 cm a 7 cm. 
Distribuição geográfica: 
Bahia, Espírito Santo, 
Goiás, Minas Gerais, 
Paraná, Rio de Janeiro e 
São Paulo.
Tityus bahiensis
marrom-escuro, patas e 
pedipalpos com manchas
escuras.
Mede de 6 cm a 7 cm 
Distribuição geográfica: 
Goiás, São Paulo, Mato 
Grosso do Sul, Minas 
Gerais, Paraná, Rio Grande 
do Sul e Santa Catarina.
Tityus stigmurus
amarelo-escuro, triângulo 
negro no cefalotórax, uma 
faixa escura longitudinal 
mediana e manchas 
laterais escuras nos 
tergitos.
Mede de 6 cm a 7 cm 
Distribuição geográfica:
Nordeste do Brasil.
Tityus cambridgei
Tronco e pernas 
escuros, quase negros
Mede cerca de 8,5 cm
Distribuição 
geográfica: região 
Amazônica.
Tityus metuendus
Vermelho-escuro, quase negro 
com manchas confluentes 
alaranjadas; patas com 
manchas amareladas; cauda 
da mesma cor do tronco 
apresentando um 
espessamento dos últimos dois 
artículos.
Mede de 6 cm a 7 cm 
Distribuição geográfica: 
Amazonas, Acre e Pará.
Tityus fasciolatus
Listrado amarelo e preto.
Mede de 4 cm a 8,5 cm 
Distribuição geográfica: 
Goiás e DF.
Escorpionismo
Preocupante o aumento da dispersão do Tityus serrulatus. 
Reprodução por partenogênese.
No estado de Pernambuco (Recife), há relatos de óbitos 
provocados por T. stigmurus, espécie que também tem sido 
capturada em Alagoas. 
Ações da peçonha
Dor local e efeitos resultantes da ação em canais iônicos (Na+), 
levando à liberação de catecolaminas e acetilcolina. 
Manifestações sistêmicas são decorrentes dos efeitos simpáticos 
ou parassimpáticos.
Escorpionismo
Quadro clínico→ Dor local, parestesias. Nos acidentes 
moderados e graves, principalmente em crianças, após intervalo 
de minutos até poucas horas (duas, três horas), podem surgir 
manifestações sistêmicas:
Gerais → Hipo ou hipertermia e sudorese profusa.
Digestivas → Náuseas, vômitos, sialorréia, dor abdominal e 
diarréia.
Cardiovasculares → Arritmias cardíacas, hipertensão ou 
hipotensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva e choque.
Respiratórias → Taquipnéia, dispnéia e edema pulmonar agudo.
Neurológicas → agitação, sonolência, confusão mental, 
hipertonia e tremores.
Escorpionismo
Os acidentes podem ser classificados como:
Leves → apenas dor local e parestesias.
Moderados → dor intensa no local e manifestações sistêmicas: 
sudorese discreta, náuseas, vômitos ocasionais, taquicardia, 
taquipnéia e hipertensão leve.
Graves → sudorese profusa, vômitos incoercíveis, salivação 
excessiva, alternância de agitação com prostração, bradicardia, 
insuficiência cardíaca, edema pulmonar, choque, convulsões e 
coma.
Os óbitos estão relacionados a complicações como edema 
pulmonar agudo e choque.
Escorpionismo
Exames complementares
→→→→ECG pode mostrar as disfuncões cardíacas. 
→→→→Glicose, amilase elevados. Leucocitose com neutrofilia. 
Hipopotassemia e hiponatremia. 
→→→→ ELISA para detecção Tityus serrulatus
→→→→ Nos raros casos de pacientes com hemiplegia, a tomografia 
cerebral computadorizada pode mostrar alterações compatíveis 
com infarto cerebral.
Escorpionismo
Exames complementares
→→→→ Radiografia de tórax: 
aumento da área cardíaca e 
edema pulmonar agudo.
Escorpionismo
Tratamento
Sintomático →→→→ Consiste no alívio da dor
Específico →→→→ Consiste na administração i.v. de soro 
antiescorpiônico (SAEEs) ou antiaracnídico (SAAr) nos casos
moderados e graves. 
Manutenção das funções vitais → Controle da função cardíaca 
e uso de respiração artificial em casos de edema pulmonar 
agudo.
Araneísmo
3 gêneros de aranhas de 
importância médica: 
Phoneutria, Loxosceles e 
Latrodectus.
Animais carnívoros: 
insetos, como grilos e 
baratas. Muitas têm hábitos 
domiciliares e 
peridomiciliares. 
Araneísmo
Araneísmo
Epidemiologia
Incremento da notificação de casos no país, notadamente nos 
estados do Sul.
Coeficiente de incidência dos acidentes araneídicos situa-se em 
torno de 1,5 casos por 100.000 habitantes, com registro de 18 
óbitos no período de 1990-1993. A maioria das notificações 
provem das regiões Sul e Sudeste.
Phoneutria
Aranhas armadeiras
Medem de 3 a 4 cm de 
corpo e até 15 cm de 
envergadura de pernas.
Não constroem teia
geométrica, caçam à
noite.
Phoneutria
Distribuição geográfica
P. fera e P. reidyi - região Amazônica;
P. nigriventer - Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, 
Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa 
Catarina;
P. keyserfingi - Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de 
Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina.
Foneutrismo
42,2% dos casos no Brasil, predominantemente no Sul e 
Sudeste. Raramente levam a um quadro grave. Acidentes 
ocorrem em áreas urbanas, no intra e peridomicílio. 
Ações da peçonha
Neurotóxica (PhTx2)� ativa canais de Na+, levando à
despolarização e liberação de neurotransmissores, Ach e 
catecolaminas. Peptídeos atuam na musc lisa vascular e na 
permeabilidade vascular, por ativação do sistema calicreína-
cininas e de NO. 
Quadro clínico
Predominam manifestações locais: dor imediata, edema, eritema, 
parestesia e sudorese no local da picada.
Acidente por Phoneutria sp: edema em indivíduo picado 
há 2 h
Foneutrismo
Os acidentes são classificados em:
Leves� 91% dos casos. Sintomatologia local. Taquicardia e 
agitação, secundárias à dor.
Moderados� 7,5% do total de acidentes. Manifestações locais 
e sistêmicas, como taquicardia, hipertensão arterial, sudorese 
discreta, agitação psicomotora, visão “turva” e vômitos 
ocasionais.
Graves� raros, 0,5% do total, restritos às crianças. Sudorese 
profusa, sialorréia, vômitos freqüentes, diarréia, priapismo, 
hipertonia muscular, hipotensão arterial, choque e edema 
pulmonar agudo.
Exames complementares
Acidentes graves (crianças)� leucocitose com neutrofilia, 
hiperglicemia, acidose metabólica e taquicardia sinusal.
Foneutrismo
Tratamento
Sintomático� Analgésico, imersão do local em água morna ou 
o uso de compressas quentes.
Específico� a soroterapia tem sido formalmente indicada 
nos casos com manifestações sistêmicas em crianças e em 
todos os acidentes graves. 
Prognóstico
Bom. Lactentes, pré-escolares e idosos devem sempre ser 
mantidos em observação pelo menos por seis horas. Os óbitos 
são muito raros, havendo relatos de 14 mortes na literatura 
nacional de 1926 a 1996.
Loxosceles
Aranhas-marrons
Teias irregulares
Podem ter 1 cm de corpo e 
até 3 cm de envergadura
de pernas.
Não são agressivas, 
picando quando são
comprimidas contra o 
corpo. 
Loxosceles
Distribuição geográfica
L. intermedia - predomina nos estados do sul do país;
L. laeta - ocorre em focos isolados em várias regiões do país, 
principalmente no estado de Santa Catarina;
L. gaucho - predomina no estado de São Paulo.
Loxoscelismo
Forma mais grave de araneísmo no Brasil.
A maioria dos acidentes no Sul, particularmente no Paraná e 
Santa Catarina. O acidente atinge mais comumente adultos, com 
discreto predomínio em mulheres, no intradomicílio. 
Ações da peçonha
Enzima esfingomielinase D� membrana das células, 
principalmente do endotélio vascular e hemácias. Cascatas do 
sist complemento, da coagulação e das plaquetas, 
desencadeando intenso processo inflamatório no local da picada, 
acompanhado de obstrução de pequenosvasos, edema, 
hemorragia e necrose focal. Hemólise intravascular nas formas 
mais graves de envenenamento.
Loxoscelismo
Quadro clínico
A picada quase sempre é imperceptível
Forma cutânea� 87-98% dos casos. Lenta e progressiva, 
caracterizada por dor, edema e eritema no local da picada, pouco
valorizados pelo paciente.
Os sintomas locais se acentuam nas primeiras 24-72 h após o 
acidente, podendo variar sua apresentação desde:
Lesão incaracterística� bolha de conteúdo seroso, edema, 
calor e rubor, com ou sem dor em queimação;
Lesão sugestiva� enduração, bolha, equimoses e dor em 
queimação;
Lesão característica� dor em queimação, lesões hemorrágicas 
focais, mescladas com áreas pálidas de isquemia (placa 
marmórea) e necrose. Geralmente o diagnóstico é feito nesta 
oportunidade.
Loxoscelismo
Paciente masculino, 25 anos, 
apresentando lesão com 5 dias 
de evolução, tratamento com 
corticóide, cura total
A lesão cutânea pode evoluir para necrose seca (escara), em 
cerca de 7-12 dias, que, ao se destacar em 3 a 4 semanas, 
deixa uma úlcera de difícil cicatrização.
Paciente feminino, 22 anos, 
apresentando lesão com 12 dias de 
evolução, tratada de forma incorreta, 
encaminhada para o desbridamento 
cirúrgico
Loxoscelismo
Forma cutâneo-visceral (hemolítica)
Além do comprometimento cutâneo, manifestações clínicas 
decorrentes de hemólise intravascular� anemia, icterícia e 
hemoglobinúria (primeiras 24 horas). Petéquias e equimoses, 
relacionadas à coagulação intravascular disseminada (1-13% dos 
casos, mais comum nos acidentes por L. laeta).
Casos graves� insuficiência renal aguda, de etiologia 
multifatorial (diminuição da perfusão renal, hemoglobinúria e 
CIVD), principal causa de óbito no loxoscelismo.
Loxoscelismo
Acidente loxoscélico pode ser classificado em:
Leve� lesão incaracterística sem alterações clínicas ou 
laboratoriais e com a identificação da aranha causadora do 
acidente. 
Moderado� lesão sugestiva ou característica, mesmo sem a 
identificação do agente causal, podendo ou não haver alterações 
sistêmicas do tipo rash cutâneo, cefaléia e mal-estar;
Grave� lesão característica e alterações clínico-laboratoriais de 
hemólise intravascular.
Loxoscelismo
Complicações
Locais� infecção secundária, perda tecidual, cicatrizes 
desfigurantes.
Sistêmicas� insuficiência renal aguda.
Exames complementares
Forma cutânea� hemograma com leucocitose e neutrofilia
Forma cutâneo-visceral� anemia aguda, plaquetopenia, 
reticulocitose, hiperbilirrubinemia indireta, � K+, creatinina e uréia 
e coagulograma alterado.
Tratamento
A indicação do antiveneno é controvertida na literatura. Eficácia 
da soroterapia é reduzida após 36 h do acidente. 
Loxoscelismo
Loxoscelismo
Tratamento� Corticoterapia e dapsone (modulador da resposta 
inflamatória), analgésicos, compressas frias, antisséptico local e 
limpeza periódica da ferida são fundamentais para que haja uma 
rápida cicatrização.
Antibiótico sistêmico, remoção da escara e tratamento cirúrgico 
na correção de cicatrizes.
Manifestações sistêmicas� transfusão de sangue ou 
concentrado de hemácias nos casos de anemia intensa e manejo 
da insuficiência renal aguda.
Prognóstico� Na maioria dos casos, bom.
Nos casos de ulceração cutânea, de difícil cicatrização: 
complicações no retorno do paciente às atividades rotineiras. A 
hemólise intravascular pode levar a quadros graves e neste 
grupo estão incluídos os raros óbitos.
Loxoscelismo
Latrodectus
Viúvas-negras
Teias irregulares.
Podem apresentar hábitos
domiciliares.
Fêmeas: 1cm (3cm de 
envergadura de pernas). 
Machos menores (3 mm)
Os acidentes ocorrem
normalmente quando são
comprimidas contra o corpo.
Latrodectus
Distribuição geográfica
L. curacaviensis - Ceará, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, 
Rio Grande do Norte e São Paulo;
L. geometricus - encontrada praticamente em todo o país.
Latrodectismo
Nordeste (Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe), 
principalmente por L. curacaviensis.
Ações da peçonha
Alpha-latrotoxina� atua sobre terminações nervosas sensitivas 
provocando quadro doloroso no local da picada. Ação no SNA�
liberação neurotransmissores adrenérgicos e colinérgicos. Na 
junção neuromuscular pré-sináptica, altera a permeabilidade aos 
íons sódio e potássio.
Quadro clínico
Manifestações locais� dor local (60% dos casos) e sensação 
de queimadura 15-60min após a picada. Pápula eritematosa e 
sudorese localizada (20% dos casos). Lesões puntiformes, 
distando de 1 mm a 2 mm entre si. Na área da picada há
referência de hiperestesia e pode ser observada a presença de 
placa urticariforme acompanhada de infartamento ganglionar 
regional.
Latrodectismo
Manifestações sistêmicas
Gerais� tremores (26%), ansiedade (12%), excitabilidade 
(11%), insônia, cefaléia, prurido, eritema de face e pescoço. 
Distúrbios de comportamento e choque nos casos graves.
Motoras� dor irradiada para os membros inferiores (32%), 
contraturas musculares periódicas (26%), movimentação 
incessante, atitude de flexão no leito; hiperreflexia ósteo-
músculo-tendinosa constante. Dor abdominal intensa (18%), 
acompanhada de rigidez e desaparecimento do reflexo cutâneo-
abdominal.
Contratura facial, trismo dos masseteres caracteriza o fácies 
latrodectísmica observado em 5% dos casos.
Latrodectismo
Cardiovasculares� opressão precordial, com sensação de 
morte iminente, taquicardia inicial e hipertensão seguidas de 
bradicardia.
Exames complementares� Leucocitose, linfopenia, 
eosinopenia. Hiperglicemia, hiperfosfatemia. Albuminúria, 
hematúria, leucocitúria e cilindrúria. Arritmias cardíacas. Essas 
alterações podem persistir até por dez dias.
Latrodectismo
Tratamento
Específico� soro antilatrodectus (SALatr) é indicado nos casos 
graves, i.m. A melhora do paciente ocorre de 30 min a 3 h após 
soroterapia. Soro antilatrodectus atualmente disponível no Brasil 
é importado.
Sintomático� Analgésicos e:
Suporte cardiorespiratório e hospitalização por, no mínimo, 24 
horas.
Prognóstico� Não há registro de óbitos.
Latrodectismo
Lycosidae
Aranha-de-grama ou aranha-de-
jardim. 
Acidentes são freqüentes, mas não
constituem problema de saúde
pública. 
Não constroem teia
As maiores atingem 3cm de corpo e 
5 cm de envergadura de pernas. 
Há um grande número de espécies
descritas para todo o Brasil.
Aranhas caranguejeiras
Aranhas caranguejeiras
Grande variedade de cores e 
tamanhos (mm a até 20 cm de 
envergadura de pernas). 
Algumas são muito pilosas. 
Não são de importância
médica, exceto pela irritação
ocasionada na pele e mucosas
por causa dos pêlos urticantes.
Himenópteros
Únicos insetos com ferrões verdadeiros. Três famílias de 
importância médica: Apidae (abelhas e mamangavas), Vespidae
(vespa amarela, vespão e marimbondo ou caba) e Formicidae
(formigas).
Epidemiologia
Incidência de acidentes desconhecida. A hipersensibilidade 
provocada por picada de insetos tem sido estimada em 0,4-10%. 
As reações alérgicas tendem a ocorrer em adultos e nos 
indivíduos profissionalmente expostos. Os relatos de acidentes 
graves e de mortes pela picada de abelhas africanizadas são 
conseqüência da maior agressividade dessa espécie (ataques 
maciços) e não das diferenças de composição da sua peçonha.
Abelhas
Ferrão dividido em uma 
estrutura muscular e quitinosa, 
responsável pela introdução do 
ferrão e da peçonha e outra 
glandular, que secreta e 
armazena a peçonha.
Padrão de utilização do ferrão: 
com autotomia e sem 
autotomia.
Com autotomia� injetam mais 
peçonha e morrem.
Sem autotomia� o ferrão pode 
ser utilizado várias vezes.
Abelhas
Distribuiçãogeográfica
As abelhas de origem alemã (Apis mellifera mellifera) foram 
introduzidas no Brasil em 1839.
Em 1870, foram trazidas as abelhas italianas (Apis mellifera 
ligustica), principalmente ao sul do Brasil.
Em 1956, foram introduzidas as abelhas africanas (Apis mellifera 
scutellata).
As abelhas africanas e seus híbridos com as abelhas européias 
são responsáveis pela formação das chamadas abelhas 
africanizadas que, hoje, dominam toda a América do Sul, a 
América Central e parte da América do Norte.
O deslocamento destas abelhas foi mais rápido no Nordeste do 
Brasil, onde o clima é tropical seco.
Abelhas
Ações da peçonha
Hialuronidases e PLAs, peptídeos ativos como melitina e a 
apamina, aminas como histamina e serotonina entre outras. PLA2
e melitina (75% peçonha)� Bloqueio neuromuscular, paralisia 
respiratória, lisam membranas. Apamina (2%)� neurotoxina de 
ação motora. Cardiopeptídeo� propriedades antiarrítmicas. 
Peptídeo MCD (fator degranulador de mastócitos)� liberação de 
histamina e 5HT.
Quadro clínico
Manifestações clínicas: alérgicas (mesmo com uma só picada) e 
tóxicas (múltiplas picadas).
Abelhas
Manifestações
Locais� dor aguda local, que tende a desaparecer 
espontaneamente em poucos minutos, deixando vermelhidão, 
prurido e edema por várias horas ou dias. A intensidade desta 
reação inicial causada por uma ou múltiplas picadas deve alertar 
para um possível estado de sensibilidade e exacerbação de 
resposta às picadas subseqüentes.
Abelhas
Regionais� Eritema, prurido e 
edema, este pode ser tão 
exuberante a ponto de limitar a 
mobilidade do membro. 
Abelhas
Sistêmicas� Anafilaxia, cefaléia, vertigens e calafrios, agitação 
psicomotora, sensação de opressão torácica, prurido 
generalizado, eritema, urticária e angioedema. Rinite, edema de 
laringe e pulmonar. Náuseas, cólicas abdominais ou pélvicas, 
vômitos e diarréia. Hipotensão. Palpitações e arritmias cardíacas 
e, quando há lesões preexistentes (arteriosclerose), infartos 
isquêmicos no coração ou cérebro.
Reações alérgicas tardias� ocorrem vários dias após a(s) 
picada(s).
Abelhas
Manifestações tóxicas
Ataque múltiplo de abelhas (+ 500 
picadas) desenvolve-se um quadro 
tóxico generalizado: síndrome de 
envenenamento. Hemólise 
intravascular e rabdomiólise. 
Alterações neurológicas como 
torpor e coma, hipotensão arterial, 
oligúria/anúria e insuficiência renal 
aguda podem ocorrer.
Abelhas
Complicações� As reações de hipersensibilidade podem ser 
desencadeadas por uma única picada e levar o acidentado à
morte, em virtude de edema de glote ou choque anafilático.
Síndrome de envenenamento� distúrbios graves 
hidroeletrolíticos e do equilíbrio ácido-básico, anemia aguda pela 
hemólise, depressão respiratória e insuficiência renal aguda são 
as complicações mais freqüentemente relatadas.
Exames complementares
Não há exames específicos para o diagnóstico. Exame de urina e 
hemograma completo. 
Abelhas
Tratamento
Remoção dos ferrões� raspagem com lâmina e não pelo 
pinçamento de cada um deles, pois a compressão poderá
espremer a glândula ligada ao ferrão e inocular no paciente a 
peçonha ainda existente.
Analgésicos e tratamento para reações alérgicas.
Abelhas
Complicações
Não há antiveneno de abelha.
Choque anafilático, insuficiência respiratória e insuficiência renal 
aguda devem ser tratados de maneira rápida e vigorosa. 
Pacientes vítimas de enxames devem ser mantidos em Unidades 
de Terapia Intensiva, em razão da alta mortalidade observada.
Vespa
Synoeca cyanea (marimbondo-tatu) e Pepsis fabricius 
(marimbondo-cavalo) em todo o território nacional.
Peçonha pouco conhecida. Produzem hipersensibilidade. Não 
deixam o ferrão no local da picada.
Efeitos locais e sistêmicos semelhantes aos das abelhas, porém 
menos intensos.
Formigas
Hymenoptera, Formicoidea. Algumas sp são portadoras de um 
aguilhão abdominal ligado a glândulas de peçonha. A picada 
pode ser muito dolorosa e pode provocar anafilaxia, necrose e 
infecção secundária.
Formiga tocandira, cabo-verde vinte-e-quatrohoras (3 cm), 
negra, Norte e Centro-Oeste. Picada muito dolorosa e pode 
provocar edema e eritema local, e ocasionalmente fenômenos 
sistêmicos (calafrios, sudorese, taquicardia). 
Formigas de correição, ocorrem na selva amazônica. Picada é
pouco dolorosa.
De interesse médico� formigas-de-fogo ou lava-pés (gênero 
Solenopsis) e as formigas saúvas (gênero Atta).
Formiga lava-pés
Peçonha produzida em uma 
glândula conectada ao ferrão e 
cerca de 90% constituída de 
alcalóides oleosos, onde a 
fração mais importante é a 
Solenopsin A, de efeito 
citotóxico. 
A morte celular provocada pela 
peçonha promove diapedese 
de neutrófilos no ponto de 
ferroada.
Formiga lava-pés
Eritema, vesículas e pústulas 
em paciente picado por formiga 
Solenopsis (lava-pés)
(Foto: Acervo HVB/IB)
Formiga lava-pés
Complicações � Processos alérgicos podem ocorrer, sendo 
inclusive causa de óbito. 
Diagnóstico� O diagnóstico é basicamente clínico.
Tratamento� Uso imediato de compressas frias locais, seguido 
da aplicação de corticóides tópicos. Analgesia e uso de anti-
histamínicos por via oral.
Anafilaxia ou reações respiratórias do tipo asmático são 
emergências que devem ser tratadas prontamente.
Lepidópteros
Forma larvária e adulta:
Dermatite urticante
a) contato com lagartas urticantes de vários gêneros;
b) contato com cerdas da mariposa Hylesia sp.
Periartrite falangeana por pararama
Síndrome hemorrágica por Lonomia sp
Epidemiologia
Os acidentes por lepidópteros têm sido, de modo geral, 
subnotificados.
Lepidópteros
Formas larvárias
Quase 100% acidentes: contato com lagartas, recebendo esse
tipo de acidente a denominação de erucismo (erucae = larva), 
onde a lagarta é também conhecida por taturana ou tatarana, 
denominação tupi que significa semelhante a fogo (tata = fogo, 
rana = semelhante).
As principais famílias de lepidópteros causadoras de erucismo 
são Megalopygidae, Saturniidae e Arctiidae.
Megalopygidae
Sauí, lagarta-de-fogo, 
chapéu-armado, 
taturanagatinho, 
taturana-de-flanela.
Cerdas verdadeiras, 
pontiagudas contendo as 
glândulas basais de 
peçonha.
Cerdas mais longas, 
coloridas e inofensivas.Megalopygidae - Podalia sp (Foto: R. Moraes).
Saturniidae
“Espinhos” ramificados e 
pontiagudos de aspecto 
arbóreo, com glândulas de 
peçonha nos ápices. 
Apresentam tonalidades 
esverdeadas, exibindo no dorso 
e laterais, manchas e listras, 
características de gêneros e 
espécies. Muitas vezes 
mimetizam as plantas que 
habitam.
Saturnídeo - Automeris sp. 
(Foto: R. Moraes)
Saturnídeo - Lonomia
Orugas ou rugas (Sul do Brasil), beijus-de-tapuru-de-
seringueira (norte do Brasil). 
Causadoras de síndrome hemorrágica. 
Colônia de Lonomia sp 
(Foto: V. Haddad Jr.)Lonomia obliqua. (R. Moraes)
Arctiidae
Lagartas Premolis semirufa, causadoras da pararamose.
Premolis semirufa. (R. Moraes)
Formas adultas (mariposas-da-coceira)
Somente fêmeas adultas do 
gênero Hylesia sp
(Saturniidae) apresentam
cerdas no abdome que, em 
contato com a pele, causam 
dermatite 
papulopruriginosa.
Hylesia paulex. (Foto: R. Moraes)
Dermatite urticante
Lagartas de vários gêneros
Acidente muito comum em todo o Brasil, em geral, de curso
agudo e evolução benigna. Fazem exceção os acidentes com 
Lonomia sp.
Ações da peçonha
Não se conhece exatamente como agem as peçonhas das
lagartas. Atribui-se ação aos líquidos da hemolinfa e da secreção
das espículas, tendo a histamina o principal componente
estudado até o momento.
Dermatite urticante
Quadro clínico
Manifestações do tipo dermatológico,dependendo da intensidade e extensão 
do contato.
Dor local intensa, edema, eritema e, 
eventualmente, prurido local. Existe
infartamento ganglionar regional 
característico e doloroso. Nas primeiras 
24 h, a lesão pode evoluir com 
vesiculação e, mais raramente, com 
formação de bolhas e necrose na área 
do contato.
Acidente com lagarta na mão 
e tronco: edema, eritema nas 
áreas
de contato. (Acervo HVB/IB)
Dermatite urticante
Complicações
O quadro local de boa evolução, regredindo no máximo em 2-3 
dias sem maiores complicações ou seqüelas.
Tratamento→→→→ compressas frias; anestésico local; elevação do 
membro acometido; corticosteróides tópicos; anti-histamínico 
oral.
Por causa da possibilidade de se tratar de acidente hemorrágico 
por Lonomia sp, todo o paciente que não trouxer a lagarta para 
identificação deve ser orientado para retorno, no caso de 
apresentar sangramentos até 48 h após o contato.
Dermatite urticante - mariposa Hylesia sp
Fêmeas de mariposas de Hylesia sp têm causado surtos de 
dermatite papulopruriginosa. As mariposas, atraídas pela luz, 
invadem os domicílios e, ao se debaterem, liberam no ambiente 
as espículas que, atingindo a superfície cutânea, podem causar 
quadros de dermatite aguda.
Ações da peçonha
Além do trauma mecânico provocado pela introdução das
espículas, postula-se a presença de fatores tóxicos que, até
agora, praticamente não foram estudados.
Mariposa Hylesia sp
Quadro clínico
Lesões papulopruriginosas logo 
após contato com as cerdas. 
Intenso prurido e cura após 7-14.
Tratamento
Anti-histamínicos, via oral, 
compressas frias, banhos de amido
e, eventualmente, cremes à base de 
corticosteróides.
Acidente por Hylesia sp: lesões 
pápulo-pruriginosas extensas por
contato há sete dias. (Foto: Acervo 
HVB/IB)
Periartrite falangeana - pararama
Pararamose ou reumatismo dos seringueiros →larva da
mariposa Premolis semirufa, “pararama”.
Restritos à Amazônia (seringais)
> 90% acidentes comprometem as mãos, originando lesões
crônicas que comprometem as articulações falangeanas, levando 
a deformidades com incapacidade funcional.
Ações da peçonha
A reação granulomatosa e fibrose do tecido cartilaginoso e 
bainhas do periósteo → ação mecânica das cerdas e/ou à
existência de secreções protéicas no interior dessas cerdas.
Periartrite falangeana - pararama
Tratamento
Não há conduta terapêutica
específica.
Tratamento imediato, ~ ao
descrito para dermatite por
contato. 
Formas crônicas, com 
artropatia, deverão ter
acompanhamento
especializado.Quadro crônico de pararamose: 
tumefação de articulação
interfalangeana distal do dedo 
médio. (Foto: R. M. Costa)
Síndrome hemorrágica - Lonomia
Principalmente na região Sul, atingindo principalmente
trabalhadores rurais. Há registros em SP e GO. 
Ações da peçonha
Mecanismo síndrome hemorrágica não está esclarecido.
PLA2, substância caseinolítica e ativadora de complemento. Ação
pró-coagulante moderada. Diminuição dos níveis de fator XIII, 
responsável pela estabilização da fibrina e controle da fibrinólise.
Não se observa alteração nas plaquetas.
Síndrome hemorrágica - Lonomia
Quadro clínico
Constitui a forma mais grave do erucismo.
Local→ Dermatite urticante
Gerais → cefaléia holocraniana, mal-estar geral, náuseas e 
vômitos, ansiedade, mialgias, dores abdominais, hipotermia, 
hipotensão.
Equimoses, hematomas espontâneos ou provocados por trauma 
ou em lesões cicatrizadas, hemorragias de mucosas, hematúria
macroscópica, sangramentos em feridas recentes, hemorragias 
intra-articulares, abdominais, pulmonares, glandulares (tireóide, 
glândulas salivares) e hemorragia intraparenquimatosa cerebral.
Síndrome hemorrágica - Lonomia
Equimoses espontâneas à distância 
pós contato com Lonomia sp. (Foto: 
A. Duarte)
Hematúria macroscópica
(Foto: A. Duarte)
Síndrome hemorrágica - Lonomia
Síndrome hemorrágica - Lonomia
Complicações→→→→ insuficiência renal aguda (5% dos casos). 
Exames complementares →→→→ coagulograma, diminuição
acentuada do fibrinogênio plasmático, elevação de produtos de 
degradação do fibrinogênio e fibrina, no. plaquetas normal.
Diagnóstico
Não existem métodos diagnósticos específicos. O diagnóstico 
diferencial com as dermatites urticantes provocadas por outros 
lepidópteros deve ser feito pela história clínica, identificação do 
agente e presença de distúrbios hemostáticos.
Síndrome hemorrágica - Lonomia
Tratamento
Local→ ~ a dermatite urticante 
Manifestações hemorrágicas → repouso, evitando-se traumas 
mecânicos. Agentes antifibrinolíticos. Correção da anemia por
meio da administração de concentrado de hemácias. Sangue
total ou plasma fresco são contra-indicados pois podem
acentuar o quadro de coagulação intravascular.
Soro antilonômico (SALon) começa a ser produzido em pequena
escala, estando em fase de ensaios clínicos, de utilização 
restrita.
Coleópteros
Coleópteros de importância médica
No Brasil, acidentes por besouros do gênero Paederus
(Coleoptera, Staphylinidae) nas regiões Norte, Nordeste e 
Centro-Oeste e pelo gênero Epicauta (Coleoptera, Meloidae) no 
estado de São Paulo.
O gênero Paederus (potó, trepa-moleque, péla-égua, fogo-
selvagem) compõe-se de pequenos besouros de corpo
alongado, medindo de 7-13 mm; possuem élitros curtos, que
deixam descoberta mais da metade do abdome. Vivem em 
lugares úmidos, arrozais, culturas de milho e algodão.
Coleópteros
Paederus amazonicus, P. 
brasiliensis, P. columbinus, 
P. fuscipes e P. goeldi.
Predam outros insetos, 
nematódeos e girinos. 
Defendem-se com as 
mandíbulas, ao mesmo
tempo em que encurvam o 
abdome, provavelmente 
também para acionar a 
secreção das glândulas 
pigidiais.
Paederus sp (Potó). (R. Moraes)
Coleópteros
Potó-grande, potó-pimenta, 
papa-pimenta, caga-fogo e 
caga-pimenta correspondem
ao gênero Epicauta, as 
cantáridas do Novo Mundo, 
também dotadas de 
propriedades vesicantes
(atribuídas à cantaridina) sendo
causadoras de lesões menos
evidentes, que regridem em 
cerca de 3 dias.
Epicauta sp.
Coleópteros
Ações do veneno
Hemolinfa e secreção glandular do potó→ potente toxina de 
contato, pederina, de ação cáustica e vesicante. Trata-se de uma 
amida cristalina, de ação inibidora do DNA, bloqueando a mitose. 
Adultos, ovos e larvas contêm a toxina.
Quadro clínico
Sensação de ardor contínuo
Os dedos que friccionaram o inseto podem levar a toxina a outras
áreas, inclusive à mucosa conjuntival, provocando dano ocular 
(conjuntivite, blefarite, ceratite esfoliativa, irite).
ColeópterosLeve→ discreto eritema.
Moderado → marcado eritema, 
ardor e prurido, vesículas que
se alargam gradualmente (48h). 
Estádio escamoso, vesículas
secam (8 dias), deixando
manchas pigmentadas (1 mês
ou +).
Grave → contato com vários
espécimes. Febre, dor local, 
artralgia e vômitos. O eritema
pode persistir por meses.
Infecção secundária
Acidente por Epicauta sp. 
(Foto: N. Dillon)
Coleópteros
Tratamento
Lavar imediatamente as áreas atingidas, com abundante água
corrente e sabão. Nas lesões instaladas, utilizar banhos anti-
sépticos com permanganato e antimicrobianos tópicos. A tintura
de iodo destrói a pederina, mas deve ser empregada
precocemente.
Em caso de contato com os olhos, deve-se lavar o local com 
água limpa e abundante.
Ictismo
Peixes marinhos ou fluviais.
Acidentes acantotóxicos (arraias, p.e.)→ caráter necrosante e a 
dor é o sintoma proeminente.
Peçonha das arraias: 5-HT e peptídeos de alta MW, como
fosfodiesterase e 5-nucleotidase. Termolábil. 
Acidentes sarcotóxicos → ingestão de peixes e frutos do mar. 
Os baiacus possuem TTX, podendo provocar paralisia
conscientee óbito por falência respiratória. Peixes que se 
alimentam do dinoflagelado Gambierdiscus toxicus podem ter 
acúmulo progressivo de ciguatoxina nos tecidos, provocando o 
quadro denominado ciguatera.
Ictismo
Acidentes escombróticos → acontecem quando bactérias
provocam descarboxilação da histidina na carne de peixes
malconservados, produzindo a toxina saurina, capaz de liberar
histamina em seres humanos.
Acúmulo de metil-mercúrio em peixes pescados em águas
contaminadas podem produzir quadros neurológicos em 
humanos, quando houver ingestão crônica. Doença de 
Minamata. 
Ictismo
Ictismo - peixes acantotóxicos
Os peixes acantotóxicos possuem espinhos ou ferrões
pontiagudos e retrosserrilhados, envolvidos por bainha de 
tegumento sob a qual estão as glândulas de peçonha existentes
nas nadadeiras dorsais, peitorais ou na cauda, com exceção do 
niquim, cujas glândulas estão na base dos ferrões. 
Bagres (Bagre bagre, B. marinus, etc), mandi (Genidens
genidens, Pimelodella brasiliensis), peixe escorpião, beatinha
ou mangangá (Scorpaena brasiliensis, S. plumeri), niquim ou 
peixe sapo (Thalassophryne natterreri, T. amazonica) e arraias.
Ictismo - peixes acantotóxicos
Arraias marinhas (Dasyatis guttatus, D. americana, Gymnura
micrura, etc) e fluviais (Potamotrygon hystrix, P. motoro)
Potamotrygon sp: arraia fluvial. (Foto: 
P. Pardal)
Duplo ferrão de arraia. 
(Foto: P. Pardal)
Ictismo- peixes sarcotóxicos
Contém toxinas termoestáveis na pele, músculos, vísceras e 
gônadas.
Acidente tetrodontóxico→→→→ baiacus (Tetraodontidae): 
Colomesus psittacus, Lagocephalus laevigatus, Diodon hystrix, 
etc.). 
Acidentes ciguatóxicos →→→→ ciguatera, principalmente no 
Oceano Pacífico e são causados por peixes comestíveis como: 
garoupa (Cephalopholis argus), barracuda (Sphyraena 
barracuda), bicuda (Sphyraena picudilla), etc., contaminados pela 
ciguatoxina.
Ictismo - acidentes traumáticos
Acidentes traumáticos→→→→ causados por dentes, rostros e 
acúleos sem ligação com glândulas de peçonha. Exemplos: 
espadarte (Xiphias gladius), piranhas (fam. Serrasalmidae) e 
tubarões. 
Os candirus (Vandellia cirrhosa) são peixes pequenos e que
podem penetrar em qualquer orifício natural de banhistas nos rios 
da Amazônia.
Acidentes por descarga elétrica são provocados por contato 
com peixes que possuem órgãos capazes de produzir
eletricidade. Exemplos: poraquê (Electrophorus electricus) e 
arraia treme-treme (Narcine brasiliensis).
Colomesus psitacus
Cephalopholis argus
Xiphias gladius
Electrophorus 
electricus
Ictismo - Acantotóxico
Quadro clínico
Ferimento, dor imediata e intensa. 
Eritema e edema regionais. Casos
graves: linfangite, reação 
ganglionar, abscedação e necrose
tecidual no local.
Lesões não tratadas: infeção
bacteriana.
Manifestações gerais: fraqueza, 
sudorese, náuseas, vômitos, 
vertigens, hipotensão, choque e 
até óbito.
Acidente por arraia fluvial com 
cinco dias de evolução. (Foto: P. 
Pardal)
Ictismo - Sarcotóxico
Manifestações→→→→ neurológicas e gastrintestinais. 
Neurológicas: Sensação de formigamento da face, lábios, dedos
das mãos e pés, fraqueza muscular, mialgias, vertigens, insônia, 
dificuldade de marcha e distúrbios visuais. Agravamento: 
convulsões, dispnéia, parada respiratória e morte, que pode 
ocorrer nas primeiras 24 horas.
Gastrintestinal:náuseas, vômitos, dores abdominais e diarréia.
A recuperação clínica do envenenamento por peixes pode se 
estender de semanas a meses.
Ictismo
Escombróticos→→→→ Sintomatologia semelhante à intoxicação
causada pela histamina: cefaléia, náuseas, vômitos, urticária, 
rubor facial, prurido e edema de lábios.
Intoxicação mercurial →→→→ Doença de Minamata, de alterações
principalmente neurotóxicas, com distúrbios sensoriais das
extremidades e periorais, incoordenação motora, disartrias, 
tremores, diminuição do campo visual e auditivo, salivação, etc.
Ictismo
Tratamento
Acidente traumatogênico ou acantotóxico: objetiva o alívio da
dor, o combate dos efeitos da peçonha e a prevenção de 
infecção secundária.
Acidente por ingestão de peixes tóxicos: Tratamento de 
suporte. Lavagem gástrica e laxante. Insuficiência respiratória e o 
choque devem ser tratados com medidas convencionais. Nos
acidentes escombróticos está indicado o uso de anti-histamínico.
Ictismo
Prognóstico
Acidentes acantotóxicos e traumatogênicos→ favorável, 
mesmo nos casos com demora da cicatrização, com exceção dos 
acidentes provocados por arraias e peixes escorpião, cujo
prognóstico pode ser desfavorável. 
Acidentes tetrodontóxico e ciguatóxico → prognóstico é
reservado e a taxa de letalidade pode ultrapassar 50% e 12%, 
respectivamente. 
Acidentes escombróticos→ bom.
Celenterados
Tentáculos com nematocistos→ injeta peçonha
Anthozoa: anêmonas e corais. Acidentes pouco freqüentes e de 
pouca gravidade
Acidentes mais importantes:
Hydrozoa: são as hidras (pólipos fixos) e colônias de pólipos de 
diferenciação maior (caravelas ou Physalias).
Scyphozoa: medusas ou águas-vivas.
Celenterados
Chiropsalmus 
quadrumanus Physalia physalis
A caravela (Physalia) é sem dúvida a responsável pelo
maior número e pela maior gravidade dos acidentes
desse gênero no Brasil
Celenterados
• Nematocisto
Celenterados
Ações da peçonha
Ações enzimáticas, neurotóxicas (arritmias sérias, altera o tônus
vascular e pode levar à insuficiência respiratória por congestão 
pulmonar) e hemolítica (Physalia).
Quadro clínico
Manifestações locais→→→→ ardência e dor intensa no local. 
Manifestações sistêmicas→→→→ casos mais graves: cefaléia, mal-
estar, náuseas, vômitos, espasmos musculares, febre, arritmias
cardíacas.
Celenterados
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico. 
Padrão linear edematoso é
muito sugestivo, se 
acompanhado de dor 
aguda e intensa.
Lesões eritematosas lineares 
dois dias após contato com 
“água-viva”.
(Foto: Acervo HVB/IB)
Celenterados
Tratamento
Fase 1→→→→ repouso do segmento afetado.
Fase 2 →→→→ retirada de tentáculos aderidos: a descarga de 
nematocistos é contínua e a manipulação errônea aumenta o 
grau de envenenamento. Não usar água doce para lavar o local 
(descarrega nematocistos por osmose) ou esfregar panos secos 
(rompe os nematocistos). Os tentáculos devem ser retirados 
suavemente levantando-os com a mão enluvada, pinça ou bordo 
de faca. O local deve ser lavado com água do mar.
Celenterados
Tratamento
Fase 3 →→→→- inativação da peçonha: ácido acético a 5% (vinagre
comum), aplicado no local, por no mínimo 30 min.
Fase 4 →→→→ retirada de nematocistos remanescentes: deve-se 
aplicar uma pasta de bicarbonato de sódio, talco e água do mar 
no local, esperar secar e retirar com o bordo de uma faca.
Fase 5 →→→→ bolsa de gelo ou compressas de água do mar fria por 5 
a 10 minutos e corticóides tópicos duas vezes ao dia aliviam os 
sintomas locais. A dor deve ser tratada com analgésicos.

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