Buscar

Hantavirose

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

A Hantavirose no Brasil
Introdução
	As hantaviroses são Zoonoses (doenças infecciosas de animais capazes de ser naturalmente transmitida para o ser humano) e que geram doenças humanas graves como, por exemplo, a síndrome cardiopulmonar por hantavírus (SCPH) registrada no continente americano. No Brasil a SCPH é doença de notificação obrigatória aos serviços de saúde por apresentar elevada mortalidade e inicio conhecimento da sua epidemiologia. O presente estudo descreve o perfil epidemiológico da SCPH no Brasil para o período de 2007 a 2012. Foi realizado um estudo descritivo dos registros do Sistema Nacional de Agravos de Notificação, foram analisadas as fichas de notificação e investigação e os dados foram avaliados quanto a completitude da informação, oportunidade e perfil dos casos registrados. Os primeiros casos de hantaviroses foram relatados no Brasil em 1993, no estado de São Paulo. Desde esse momento, foram confirmados casos em quase todos os estados brasileiros, com superioridade nas regiões Sul (a partir de 1998), Sudeste e Centro-Oeste. Trata-se de uma patologia com elevada taxa de mortalidade (~50%), porém muito pouca conhecida por parte da população e dos profissionais da saúde, na fase inicial apresenta sintomas muito pouco característicos, o que gera grandes dificuldades no diagnóstico e possível desvalorização do número de casos. No Brasil, a hantavirose é uma doença de notificação compulsória (doença que a lei exije que sejam comunicadas as autoridades de saúde pública) e de investigação obrigatória. Para a notificação dos casos suspeitos, utiliza-se a ficha de investigação para hantavirose – SINAN for Windows. São anexadas nessa fixa, cópias do laudo da radiografia do tórax e do hemograma, devendo a ficha ser enviada para a Supervisão de Controle de Zoonoses / DVE, após a investigação prévia do caso. Também é aconselhada a busca ativa de familiares ou outras pessoas que tiveram contato com o paciente e realizaram atividades consideradas de risco, a fim de identificar novos casos. As pessoas que apresentarem sintomas deverão ser encaminhadas para o serviço de saúde, sendo necessária a comunicação da suspeita de hantavirose ao profissional médico
Aspectos fisiopatológicos
	A SCPH manifestasse no hospedeiro predisposto, ou seja, no homem, como uma doença febril aguda, uma das características mais grave é o comprometimento cardiovascular e respiratório. Devido os sintomas na fase inicial serem muito comuns e poucos específicos como febre, dor de cabeça e dor abdominal, acabam dificultando o diagnostico da hantavirose, e levar um comprometimento maior do paciente . O doente pode ainda apresentar horripilação, diarreia e mal estar. Com o passar dos dias, surgem dificuldades respiratórias. Ao exame físico, o paciente pode apresentar aceleração do ritmo respiratório, palpitações e dores nas costas; na ausculta torácica, pode apresentar estertores. O período de incubação é de aproximadamente 33 dias para está síndrome, com média de aproximadamente 15 dias. O início da doença mostrasse repentino e revela-se com febre elevada, tremor, enxaqueca com acometimento ocular, aversão a luz devido a dor que ela produz em casos de afecções oculares (fotofobia), dores musculares (mialgia), dor abdominal, náuseas e vômitos. Hiperemia cutânea difusa acometendo a face, o pescoço e a parte superior do tórax, petéquias no palato mole e nas axilas são achados físicos comuns (pontos vermelhos no corpo). O fígado pode ser palpado em significativo número de casos. As maiorias dos pacientes se recuperam dessa fase lentamente, porém muitos casos evoluem com hipotensão e choque, que costuma ocorrer antes do 5° ou 6° dia.
	Os hantavírus se replicam e disseminam nos pulmões pelas vias sanguíneas (hematogênicas). Ocorre uma resposta imune celular mediada por linfócitos T (CD4 e CD8), com produção de interleucinas e fator de necrose tumoral, que aumentam a permeabilidade capilar pulmonar, com extravasamento de líquidos para os alvéolos e interstício, causando edema pulmonar e choque hipovolêmico. Essa resposta imune exacerbada é a principal responsável pela gravidade da doença. Nos rins, as lesões ocorre em decorrência de agressão viral direta e por diminuição do fluxo plasmático.
	São vírus portadores de envelope e contém no seu interior um RNA, contém um RNA de fita única. Š O ácido nucleico (RNA) contém 3 segmentos: – S (small): codifica a proteína do núcleo capsídeo – M (medium):codifica a poli proteína do envelope (G1 e G2)– L (large): codifica a proteína L → transcriptase/ replicase, replicação exclusiva no citoplasma da célula hospedeira.
DIAGNÓSTICO
	Existem dois tipos de doenças distintas causadas por hantavírus5: a febre hemorrágica com síndrome renal(FHSR) e a Síndrome pulmonar por hantavírus (SPH).
	O diagnóstico da infecção por hantavírus é baseado fundamentalmente na realização de testes sorológicos. O teste sorológico mais utilizado é a imunoenzimática (ELISA), que separa anticorpos das classes IgM e IgG; o ELISA – IgM é apresentado no formato de captura para evitar reações cruzadas. Existem outros testes sorológicos utilizados como a imunofluorescência indireta, neutralização, hemaglutinação passiva e western-blot. A presença dos anticorpos IgM, que surgem precocemente, já no início dos sintomas, ou a quadruplicação dos títulos de IgG em amostras de soro pareadas confirmam a suspeita clínica. Esse método diagnóstico é utilizado em ambas as formas da doença (FHSR ou SCPH). Os anticorpos da classe IgG persistem por toda a vida do indivíduo e podem ser utilizados em investigações sorológicas, visando a diagnosticar infecções passadas sintomáticas ou assintomáticas. Um ensaio western-blot, usando antígenos recombinantes e conjugados isotípicos específicos para diferenciar anticorpos IgM e IgG, foi desenvolvido recentemente para diagnóstico da SCPH, e os resultados obtidos com esse novo teste concordam com os testes imunoenzimáticos. A imuno-histoquímica, aplicada aos tecidos com a finalidade de identificar antígenos virais, é outra forma de confirmação diagnóstica, sendo fundamentalmente utilizada em casos fatais, nos quais não se tenha podido obter amostras de soro durante o período da doença. O RT-PCR (reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa) pode ser utilizado para identificar o RNA viral em amostras de sangue ou tecidos provenientes de casos suspeitos. Esse teste usualmente identifica o RNA viral nos primeiros sete a dez dias da doença. Embora iniciadores (primes) sensíveis à detecção do genoma viral tenham sido utilizados com sucesso, eventualmente existem diferenças significativas entre as linhagens do vírus isoladas de cada região ou país, reduzindo a sensibilidade da técnica e complicando sua utilização rotineira no diagnóstico das hantaviroses.
TRANSMISSÃO
	A principal forma de transmissão do vírus da hantavirose é por meio da inalação de aerossóis (urina, fezes e saliva) de roedores infectados, e também através de mordidas e arranhaduras desses roedores. Existem outras formas menos comuns de transmissão do vírus, como a ingestão de alimentos contaminados com urina ou fezes desses roedores e, em casos mais raros, através de mãos contaminadas levadas à boca. A transmissão pode ocorrer em qualquer lugar infestado pelo vírus, e principalmente em locais mais favoráveis ao aparecimento e multiplicação desses roedores como paióis de fazenda, galpões para armazenamento de grãos, porões ou sótãos de casas velhas ou abandonadas e habitações humanas em geral, construídas ao lado de ambientes silvestres. A forma de se adquirir a infecção costuma ocorrer durante procedimentos que favorecem a aerossolização de partículas virais que estão presentes no ambiente, como por exemplo limpeza de pisos infectado com excretas de roedores, demolições de construções rurais com alto índice de infestação por esses mamíferos ou também durante a limpeza de silos e paióis. As hantaviroses têm sido consideradas doença profissional, devido acometer certa classe de determinados trabalhadores, os
grupos que têm maior probabilidade de ser acometidos por essas enfermidades, são: fazendeiros, engenheiros agrônomos, veterinários, geólogos, trabalhadores da construção civil e biólogos. Esses trabalhadores se expõem mais a esse tipo de vírus, devido sua profissão ser em locais na maioria das vezes infectados por roedores e muitas têm anticorpos circulantes, porém nunca tiveram sinais da doença. Os casos registrados no Brasil, cerca de mais de 50%, são casos ligados a trabalhadores da agropecuária. Outros fatores que contribuem para o aumento dos roedores e proliferação do vírus, são grandes problemas sanitários, como lixo lançado no meio ambiente, moradias com falta de instalações sanitárias, falta de água encanada ou com qualidade comprometida, além de falhas nos sistemas de esgoto, aumentam a probabilidade de transmissão de doenças zoonóticas como a hantavirose. Uma observação importante que deve ser ressaltada é que nenhum animal doméstico é portador do hantavírus e, portanto, não oferece riscos ao homem, inclusive hamsters, camundongos ou pequenos ratos brancos, utilizados como animais de estimação, que podem ser manuseados com segurança, porém, cumpre lembrar que, muitas vezes, cães e gatos podem transportar roedores contaminados para o interior das casas, depois de capturá-los no peridomicílio.
PREVENÇÃO E CONTROLE
	Uma das formas de prevenção das hantaviroses está envolvido na implementação de medidas que impeçam o contato do homem com os roedores e suas excretas. No entanto, o controle ambiental desses reservatórios naturais do vírus não é prático e pode levar ao desequilíbrio ecológico. Entretanto, a eliminação dos animais no peridomicílio e domicílio deve ser realizada de forma estratégica e contínua, para que possam impedir o aumento no número de casos. As construções rurais para habitação humana e para deposição de grãos e rações não devem conter locais que permitam a entrada de roedores e, adicionalmente, devem ser distribuídos venenos capazes de eliminar os roedores nesses locais. Sempre que houver necessidade de entrar em contato com locais suspeitos que estejam infectados por roedores é de extrema importância o uso de equipamentos de proteção individual (máscaras com filtro N95, óculos, botas e vestimenta que cubra principalmente os membros inferiores). Outras medidas devem ser adotadas, como manter os locais ventilando durante pelo menos 30 minutos antes da entrada em locais fechados e evitar realizar atividades que possam gerar aerossóis, mesmo em ambientes bem ventilados, também é importante. A captura de roedores no Brasil, sem a presença e orientação de profissionais habilitados pelos serviços de referência da Secretaria de Vigilância em Saúde/MS e sem o uso de equipamentos de proteção adequados não deve ser praticada. A eliminação de reservatórios naturais do vírus de é impraticável; em nenhuma hipótese deverá ser utilizado venenos (raticidas) em áreas silvestres. A captação de roedores silvestres para pesquisa requer autorização prévia do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Redução de fontes de abrigo e de alimentação de roedores- reduzir ao máximo todos os resíduos que possam servir de proteção e abrigo para os roedores no peridomicílio; eliminar todas as fontes de alimentação internas e externas às habitações; impedir o acesso dos roedores às casas e aos locais de armazenamentos de grãos. Realizar desratização, quando necessária, somente no intra e peridomicílio. Evitar montar barracas ou dormir em áreas com presença de fezes ou com covas ou tocas; não tocar em roedores vivos ou mortos; não usar cabanas ou abrigos que tenham estado fechado por algum tempo, sem prévia ventilação e, quando necessário, descontaminação; impedir o acesso dos roedores aos alimentos; dar destino adequados aos resíduos sólidos; e manter o plantio distante 30 m das residências. Para descontaminação de ambientes potencialmente contaminados, ventilar o ambiente por, no mínimo 30 minutos, abrindo todas as portas e janelas; umedecer pisos e paredes com solução de água sanitária a 10% ou solução de água com detergente ou, ainda, solução de fenol a 10%; aguardar 30 minutos antes de proceder à limpeza; limpar móveis e utensílios com pano umedecido em detergente ou por outro produto recomendado, para evitar a formação de aerossóis.
MAPA MENTAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A hantavirose é uma doença relativamente nova e pouco estudada, além de ser desconhecida de grande parte da população. Isso faz com que atraia a atenção do poder público e da população científica, principalmente pelo fato de se tratar de um problema de saúde pública. A síndrome provocada pelo hantavírus é muito perigosa, podendo gerar grande número de óbitos, por ser uma doença que tem alto número de letalidade, em pouco tempo. O controle do número de casos de hantavirose é possível, no entanto, exige grande envolvimento e comprometimento por parte das entidades municipais e estaduais de saúde e educação, organizando eventos como mutirões, palestras informativas e entrega de material educativo, de modo a conscientizar e educar as populações urbana e rural em relação à necessidade de manutenção das condições de higiene em propriedades rurais e domicílios.
REFERÊNCIAS
ARTIGO DE REVISTA

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando