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PRESCRIÇÃO FARMACÊUT ICA E PRÁTICA CLÍNICA AULA 1 Prof. a Fabrine Cecon 2 CONVERSA INICIAL Vídeo de apresentação do professor. A Resolução no 586, de 29 de agosto de 2013, regulamenta a prescrição farmacêutica e dá outras providências relacionadas ao exercício da profissão farmacêutica. Nesse sentido, o principal objetivo de seu estudo é compreender a importância do profissional farmacêutico na assistência à saúde dos pacientes. Nos últimos anos, a atuação e a importância do profissional farmacêutico vêm sendo incorporadas consideravelmente nas instituições de saúde, com o intuito de garantir a segurança e a qualidade no plano terapêutico medicamentoso dos pacientes, garantindo, assim, adesão ao tratamento, controle de uso de medicamentos e cuidado com a saúde humana. Com a implantação da atenção farmacêutica (ações voltadas ao acompanhamento, à promoção, à proteção e à saúde do paciente) em qualquer estabelecimento de saúde, o profissional farmacêutico passou a orientar o paciente sobre o uso dos medicamentos – dosagem, informações farmacocinéticas, farmacodinâmicas, reações adversas, efeitos colaterais entre outras vertentes de conhecimento e responsabilidade farmacêutica. Dessa forma, passou a interferir na sustentabilidade farmacoeconômica das instituições e, até mesmo, nos tratamentos dos pacientes. A profissão farmacêutica é muito antiga, e a procura pela orientação do farmacêutico era para atender à saúde pública. Esse profissional era visto como o responsável pela prescrição de medicamentos, pois era quem continha as técnicas de manipulação de ervas e drogas com a finalidade de cura. Assim, sempre foi visto como responsável pela arte de dispor de medicamentos, seja nas farmácias de manipulação, seja em grandes indústrias farmacêuticas. O conceito de multidisciplinaridade foi ganhando espaço, e o farmacêutico foi consolidando sua responsabilidade e conhecimento em complemento à definição e à validação da prescrição médica. Assim, a Resolução no586 de 29 de agosto de 2013 veio regulamentar a prescrição farmacêutica e prover outras providências. O embasamento dessa Resolução se respalda em várias outras resoluções e 3 portarias referentes ao Conselho Federal de Farmácia (CFF), ao Conselho Nacional de Saúde (CNS) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo a Resolução no 586, No mundo contemporâneo, os modelos de assistência à saúde passam por profundas e sensíveis transformações resultantes da demanda por serviços, da incorporação de tecnologias e dos desafios de sustentabilidade do seu financiamento. Esses fatores provocam mudanças na forma de produzir o cuidado à saúde das pessoas, a um tempo em que contribuem para a redefinição da divisão social do trabalho entre as profissões da saúde. Portanto, a indicação de medicamentos isentos de prescrição médica é mais uma atividade incluída na Atenção Farmacêutica, em que o farmacêutico pode orientar a todos os pacientes que buscam o uso de medicamentos como automedicação orientada. A fundamental importância do farmacêutico na área de prescrição reside na possibilidade de indicação, desde que seja realizada a sondagem do paciente, para, assim, interligar as informações de conhecimento epidemiológico das doenças e conhecimento dos produtos. Contudo, é de suma importância contextualizarmos e revermos a assistência farmacêutica, contemplando a atenção farmacêutica e a farmácia clínica de forma que estas fornecerão suporte ao prescritor e segurança na interpretação e na aplicação da prescrição médica. Vídeo 1 – Para assistir o vídeo clique aqui CONTEXTUALIZANDO É de suma importância compreender a trajetória do papel do farmacêutico, desde quando foi ganhando espaço na assistência à saúde global do paciente, sendo inserido nas equipes multidisciplinares até a consolidação de sua responsabilidade no cuidado e na promoção de uso seguro de medicamentos. O cuidado prestado pelo farmacêutico se materializa para o paciente e para a sociedade na prestação de serviços farmacêuticos. Os serviços, 4 como o acompanhamento farmacoterapêutico, a conciliação de medicamentos ou a revisão da farmacoterapia, entre outros, se caracterizam pela expertise desse profissional em identificar, prevenir e resolver problemas relacionados à farmacoterapia [...]. O farmacêutico ainda compartilha com os demais profissionais da saúde outros serviços, como é o caso da educação em saúde e do rastreamento [...]. (CFF, 2014, p. 10) Diante disso, fica o questionamento a ser solucionado ao fim do módulo. Qual é a importância do conhecimento farmacêutico dentro do plano terapêutico do paciente, em que contempla a multidisciplinaridade? Vídeo 2 – para assistir o vídeo clique aqui TEMA 1 - BREVE HISTÓRICO Não podemos deixar de integrar, com o que foi sucintamente resumido até agora, o histórico da profissão farmacêutica. Antigamente, os farmacêuticos eram conhecidos como “boticas” coloniais, ou seja, pesquisavam, manipulavam e avaliavam novos produtos – a maioria de origem animal ou vegetal. Uma das suas principais funções era garantir que os medicamentos fossem puros, sem alterações e preparados de acordo com as técnicas adequadas à sua época. E, acima de tudo, eram responsáveis pelo aconselhamento sobre o uso correto dos medicamentos magistrais e pela indicação daquele de venda livre, ou seja, desde os primórdios da existência da profissão farmacêutica já se contava com a “prescrição” do farmacêutico. A origem de nossa profissão farmacêutica milenar data de 200 d.C. com Galeno, seguidor de Hipócrates o Pai da Medicina, que organizou o primeiro compêndio de técnicas de manipulação de ervas e drogas com a finalidade de curar as mais diversas doenças conhecidas na época. Desde então, o farmacêutico é o responsável pela arte de dispor de medicamentos, seja nas farmácias de manipulação (magistral ou homeopática), seja nas grandes indústrias de medicamentos (CRF-PA, 2014) A primeira escola de farmácia foi criada em 1832 na faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas até 1930 o diploma não era exigido para exercer a 5 profissão. Em 1931, foi elaborado o Decreto no 19.606, que regulamentava a profissão farmacêutica e estabelecia a exclusividade do exercício da Farmácia ao profissional devidamente diplomado ou de sociedades mercantis compostas de terceiros, desde que o farmacêutico detivesse no mínimo 30% do capital social (SANTOS, 1993). Segundo Santos (1993), a profissão de farmacêutico no Brasil sofreu transformações significativas devido às profundas modificações tecnológicas ocorridas no setor de medicamentos no século XX. Esse fato ocasionou um maior distanciamento desse profissional da sua área privativa, os medicamentos, além de transferir o profissional para outras áreas afins e acumulativas proporcionaram certas confusões entre atribuições do farmacêutico e o mercado de trabalho. Com o afastamento do profissional farmacêutico dos estabelecimentos comerciais, criou–se um espaço para que comerciantes leigos sem nenhum conhecimento técnico assumissem as responsabilidades voltadas ao farmacêutico, estimulando, assim, o consumo de medicamentos de forma não segura e racional, colocando em risco a saúde da população. Esse processo transformou as ações do farmacêutico somente com sentido transcendente às relações comerciais. Atualmente, a farmácia e o farmacêuticotornaram-se alvos de uma séria de discussões quando entram em cena aspectos relacionados à saúde da população. Estes aspectos estão relacionados à venda de medicamentos sem controle algum, medicamentos falsificados, preço abusivo de medicamentos essenciais, genéricos, livre concorrência no mercado de trabalho, propagandas que transformam o medicamento em mágica curadora para todas as doenças, sem alertar aos consumidores de possíveis efeitos indesejados, provocados por esses medicamentos, enfim, essas propagandas acabam por incentivar o consumo de medicamentos [...]. (SILVA, 2015, p. 9). Para Santos (1998), citado por Silva (2015), “a natureza da farmácia é ser um centro prestador do serviço público onde há, além da distribuição de medicamentos, também atenção à saúde da população”. 6 E assim se dá a importância da Atenção Farmacêutica, que está inserida na Assistência Farmacêutica, e é não menos importante que a Farmácia Clínica, outro braço complementar da assistência. Dessa forma, não podemos deixar de relembrar os conceitos básicos da assistência, os quais já foram mencionados anteriormente. Vídeo 3 – para assistir o vídeo clique aqui TEMA 2 - ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA A Resolução no 338, de 6 de maio de 2004, do Conselho Nacional de Saúde, esclarece que III - a Assistência Farmacêutica trata de um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população. Segundo Gomes e Reis (2001), citado por Ferreira (2011, p. 10), [...] a Assistência Farmacêutica está relacionada a todas as atividades ligadas a promoção do acesso da população aos medicamentos essenciais, os quais são produtos considerados básicos e indispensáveis ao atendimento da maioria dos problemas de saúde. Esses produtos devem estar continuamente disponíveis aos segmentos da sociedade que deles necessitem nas formas farmacêuticas apropriadas. A Organização Mundial da Saúde (2002) definiu como medicamento essencial aquele que satisfaz às necessidades prioritárias de saúde da população. A Assistência Farmacêutica trata de um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial, visando o acesso e seu uso racional [...]. 7 Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população [...]. Através da Assistência Farmacêutica, o farmacêutico passa a ser coresponsável pela qualidade de vida do paciente, pois como tem sua formação dirigida ao medicamento, torna-se o profissional capacitado em garantir a qualidade do mesmo e, consequentemente, de uma qualificada assistência farmacêutica por meio de orientação de uso adequado do medicamento. Essas considerações destacam a importância que o acesso aos medicamentos tem no sentido de garantir qualidade de vida à população no intuito da recuperação de sua saúde. A assistência farmacêutica no Brasil teve início em 1971 com a instituição da Central de Medicamentos (Ceme), a instituição tinha como missão o fornecimento de medicamentos à população sem condições econômicas para adquiri-los”. (CONASS, 2007, p.15) Os medicamentos são importantes no processo de atenção à saúde, podendo ser considerados como insumo principal ou até mesmo constituir um fator de risco quando utilizados de maneira inadequada. Por isso, é dever do Estado promover não só o acesso, mas, principalmente, o uso racional de medicamentos para toda a população. Em todos os níveis do processo de atenção à saúde, a assistência farmacêutica é parte indispensável, tanto em âmbito hospitalar quanto em outros serviços de saúde. As atividades do serviço de farmácia são essenciais para garantir a efetividade e a segurança no processo de utilização dos medicamentos, valorizando, assim, os resultados clínicos e econômicos. Vídeo 4 – Para assistir o vídeo clique aqui 8 TEMA 3 - ATENÇÃO FARMACÊUTICA A expressão “Atenção Farmacêutica” passou a ser utilizada no Brasil a partir de discussões lideradas, entre outros, pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde (MS). A Atenção Farmacêutica foi definida pela primeira vez por Hepler e Strand (1990) como a provisão responsável do tratamento farmacológico com o propósito de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes. Posteriormente, a OMS estendeu o benefício da Atenção Farmacêutica para toda a comunidade e ainda reconheceu o farmacêutico como um dispensador de atenção à saúde [...]. (CBAF, 2002, p. 13). Conforme exposto no Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica (2002, p. 16-17), a Atenção Farmacêutica É um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico como usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades biopsico-sociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde. Em sua obra, Silva (2015, p. 12 e 13) destaca que A Normativa Regente RDC 357/10 define a Atenção Farmacêutica como papel exclusivo do profissional farmacêutico, com formação acadêmica devido ao seu conhecimento no fármaco e toda abrangência social, biológica com ênfase clínica e patológica, consolidando a relação existente entre à prática e conhecimento teórico promovendo a saúde, segurança e bem-estar do paciente [...]. Linda Strand conceituou o termo atenção farmacêutica como inacabado passando a defender a seguinte definição de atenção farmacêutica: “prática na qual o profissional assume a responsabilidade pela definição das necessidades farmacoterapicas do paciente e ao compromisso de resolvê-las”. Enfatizando que atenção farmacêutica deve ser considerada uma prática que auxilia a população como as demais áreas de saúde. Na qual possui um processo de cuidado com paciente, uma filosofia e um sistema de manejo. Diferente do conceito de 1990 que 9 foca obter resultados. Mas para a autora os resultados não têm significado fora do contexto de uma prática assistencial [...]. A Atenção Farmacêutica tem a finalidade de reduzir os custos com assistência médica e garantir maior segurança aos usuários de medicamentos. A atenção farmacêutica vem sendo praticada em várias realidades – seja hospitalar, seja comercial– e implantada em diversos países. Essa prática tem demonstrado eficácia na redução de agravamentos de patologias crônicas e, consequentemente, de custos para o sistema de saúde. No Brasil, ainda existem fatores que dificultam a implantação da Atenção Farmacêutica, como a dificuldade de acesso aos medicamentos por parte dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), nas Unidades Básicas de Saúde onde não há farmacêutico nem documentação científica que possibilite demonstrar aos gestores dos sistemas público e privado que a implementação da Atenção Farmacêutica representa investimento, e não custo. Em contrapartida, há a necessidade de as instituições de ensino farmacêutico promoverem adaptações curriculares, a fim de garantir o conhecimento necessário para o desempenho da atividade de Atenção Farmacêutica. Pode-se definir a atenção farmacêutica como parte importante da profissão responsável pelo tratamento farmacológico, como o propósito de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. A Atenção Farmacêutica é uma área dentro da Assistência Farmacêutica que foca usa atividades no paciente. (FAUS et al., 1999). Vídeo 5 – Para assistir o vídeo clique aqui TEMA 4 - FARMÁCIA CLÍNICA A prática da Farmácia Clínica é recente, pois os farmacêuticos que atuavam na área assistencial e que deveriam aplicar todas as atividades da assistência farmacêutica começaram a converter-se em meros dispensadores de 10 medicamentos. Isso fez com que o profissional se ausentasse das equipes de saúde relacionadas ao paciente. Assim, na década de 1960, houve o nascimento de um movimento profissional questionador da formação e da responsabilidade do profissional farmacêutico, o qual buscava corrigir os problemas que estavam sendo detectados em virtude do afastamento do profissional farmacêutico. Líderes profissionais e educadores norte-americanos passaram a discutir o conceito de “orientação ao paciente”, o que ocasionou a criação da expressão “Farmácia Clínica”. A Farmácia Clínica foi compreendida como uma atividade que permitiria aos farmacêuticos retomar suas posições integradas às equipes de saúde, contribuindo para melhorar os cuidados com os pacientes. No Brasil, deu-se início à atividade de Farmácia Clínica na década de 80, em especial na área hospitalar, onde até hoje essa prática ainda apresenta força. Em virtude dessas questões, ainda se conceitua que a prática da farmácia clínica é pertinente à área hospitalar, erroneamente conceituada, pois a atividade clínica não pode ser questão de ambiente ou oportunidade e sem na questão de filosofia da profissão farmacêutica. O profissional voltado ao exercício da clínica age como clínico em qualquer ambiente em que necessite identificação, promoção e resolução de problemas de saúde. Enfim, a farmácia clínica tem como objetivos aprimorar e auxiliar o corpo clínico a ter habilidade e destreza na hora de decidir o melhor medicamento para o paciente. Ao médico, cabe a responsabilidade pelos resultados da farmacoterapia; ao farmacêutico, fornecer serviços de suporte adequados e conhecimentos especializados sobre a utilização dos medicamentos (HOLLAND et al., 1999). A prática da Farmácia Clínica está voltada ao cuidado de pacientes, dando prioridade ao uso racional e a segurança dos medicamentos, tem o intuito de minimizar os efeitos colaterais da terapêutica medicamentosa dos custos do tratamento para os pacientes. O farmacêutico é peça-chave na prevenção, na detecção e na avaliação dos riscos/benefícios durante o uso de medicamentos, 11 promovendo, assim, a prevenção de reações adversas e garantindo o uso racional dos medicamentos. Vídeo 6 – Para assistir o vídeo clique aqui TEMA 5 - PRESCRIÇÃO MÉDICA De acordo com a Lei Nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973, que dispõe acerca do controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, destaca-se que Art. 35 - Somente será aviada a receita: a) que estiver escrita a tinta, em vernáculo, por extenso e de modo legível, observados a nomenclatura e o sistema de pesos e medidas oficiais; b) que contiver o nome e o endereço residencial do paciente e, expressamente, o modo de usar a medicação; c) que contiver a data e a assinatura do profissional, endereço do consultório ou da residência, e o número de inscrição no respectivo Conselho profissional. [...] Art. 40 - A receita em código, para aviamento na farmácia privativa da instituição, somente poderá ser prescrita por profissional vinculado à unidade hospitalar. Art. 41 - Quando a dosagem do medicamento prescrito ultrapassar os limites farmacológicos ou a prescrição apresentar incompatibilidades, o responsável técnico pelo estabelecimento solicitará confirmação expressa ao profissional que a prescreveu. Art. 42 - Na ausência do responsável técnico pela farmácia ou de seu substituto, será vedado o aviamento de fórmula que dependa de manipulação na qual figure substância sob regime de controle sanitário especial. Art. 43 - O registro do receituário e dos medicamentos sob regime de controle sanitário especial não poderá conter rasuras, emendas ou irregularidades que possam prejudicar a verificação da sua autenticidade. 12 Conforme exposto, toda a prescrição medicamentosa deve ser feita exclusivamente por profissionais habilitados e conter como o fármaco deve ser utilizado pelo paciente. Para Luiza (2004), em situações de internamento ou quando o paciente estiver hospitalizado, a enfermagem será responsável pela administração do medicamento. Observa-se, portanto, que este é um procedimento multiprofissional, o qual está sujeito à legislação de controle e vigilância sanitária. Em artigo intitulado Prescrição médica: um foco nos erros de prescrição, de Valadão et al, 2009, destaca-se que O prescritor tem a responsabilidade de elaborar uma prescrição de medicamentos que transmita de forma completa as informações para todos os profissionais que utilizam esse documento (CASSIANI et al., 2003) [...]. Segundo o Instituto Americano de Medicina (KOHN et al., 2003), cerca de 44.000 a 98.000 pacientes morrem a cada ano por lesão iatrogênica, sendo o erro na prescrição a causa principal ou que contribui para tal evento. Esse número aumenta à medida que profissionais responsáveis pela dispensação não conseguem ler a letra dos médicos ou pela falta de informações básicas necessárias para uma correta dispensação do medicamento (CASSIANI et al., 2003) [...] De acordo com a Resolução nº 357/2001 [...], o farmacêutico é responsável pela avaliação farmacêutica do receituário e somente será aviada/dispensada a receita que apresentar as informações exigidas na resolução tais como: nome e endereço residencial do paciente, forma farmacêutica, posologia, apresentação, método de administração e duração do tratamento, data, assinatura e carimbo do profissional, endereço do consultório e o número de inscrição no respectivo Conselho Profissional, ausência de rasuras e emendas, prescrição a tinta em português, em letra de forma, clara e legível ou impressão por computador, dentre outras (BRASIL, 2001). Assim sendo, deve-se observar o receituário específico e a notificação de receita para a dispensação de medicamentos sujeitos a controle especial (BRASIL, 1998). O farmacêutico tem papel principal diante das prescrições médicas. Ele integra a distribuição dos medicamentos e as orientações de uso, sendo, portanto, peça-chave na garantia da qualidade do cuidado médico. É o profissional que13 identifica, corrige e reduz possíveis erros associados à prescrição. Suas responsabilidades no momento da dispensação são múltiplas, envolvendo questões de cunho legal, técnico e clínico. Vídeo 7 – Para assistir o vídeo clique aqui FINALIZANDO A Assistência Farmacêutica engloba todas as atividades inerentes à profissão farmacêutica. Assim, a prescrição do farmacêutico é mais uma atividade inerente à função desse profissional dentro da assistência à saúde, sendo o beneficiário o paciente, pois este tem garantido um plano terapêutico eficaz e seguro. Conforme contextualizado, todas as funções do profissional farmacêutico têm como principal fonte o conhecimento acerca dos medicamentos. Portanto, voltando ao questionamento inicial desta aula (Qual é a importância do conhecimento farmacêutico dentro do plano terapêutico do paciente, onde contempla a multidisciplinaridade?), podemos dizer que o farmacêutico é o profissional que mais detém as informações sobre os medicamentos, já que estuda e se dedica às informações referentes aos medicamentos, contemplando o estudo farmacocinético, farmacodinâmico das drogas, sua composição, possíveis reações adversas, efeitos colaterais e interações entre componentes. A equipe de saúde é composta de vários profissionais – o médico, que atende aos conhecimentos de semiologia e conduta de tratamento aos sinais e sintomas encontrados; o farmacêutico, que é o profissional que mais entende dos medicamentos destinados ao tratamento dos pacientes; o enfermeiro, que cuida do paciente e o atende dentro das orientações médicas (neste caso, quando o paciente estiver internado); e outros profissionais contribuem para a potencialização dos cuidados ao paciente, como nutricionistas, fisioterapeutas entre outros. 14 Vídeo 8 – Para assistir o vídeo clique aqui REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Assistência farmacêutica. Brasília, 2000. CRF – PA. Área de atuação. Disponível em: <http://www.crfpa.org.br/sitesed/crfpa/?tipo=diversos&tipo_conteudo=canal_cient ifico&id=2112239569331709>. Acesso em: 14 abr. 2017. DUPIM, J. A. A. Assistência farmacêutica: um modelo de organização. Belo Horizonte: SEGRAC, 1999. NEGRI, B. Política Federal de Assistência Farmacêutica: 1990 a 2002. Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 2002. (Série B. Textos Básicos de Saúde) PEREIRA, L.R.L.; FREITAS, O. A evolução da atenção farmacêutica e a perspectiva para o Brasil. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516933220080004000 06 >. Acesso em: 15 abr. 2017. Ferreira, M. J. Q. Assistência Farmacêutica Pública: uma revisão de literatura. Disponível em: <http://www.cpqam.fiocruz.br/bibpdf/2011ferreira-mjq.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2017. AGUIAR, G., JUNIOR, L. A. S., FERREIRA, M. A. M. Ilegibilidade e ausência de informação nas prescrições médicas: fatores de risco relacionados a erros de medicação. RBPS, v. 19, n. 2, p: 84-91, 2006. Disponível em: <http://www.saudedireta.com.br/docsupload/133987067040819205.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2017. FREITAS, O. et al. O farmacêutico e a farmácia. Uma retrospectiva e prospectiva. 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Disponível em: <http://rbfarma.org.br/files/pag_340a343_prescricao_medica_261_90-4.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2017. LEITURA OBRIGATÓRIA DA DISCIPLINA • CASTRO, C. G. S. O. Assistência Farmacêutica: gestão e prática para profissionais da saúde. Rio de Janeiro: FioCruz, 2014. Leitura do capítulo “Assistência Farmacêutica no Brasil”. 16 • PEREIRA, L. R. L.; FREITAS, Osvaldo de. A evolução da Atenção Farmacêutica e a perspectiva para o Brasil. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v44n4/v44n4a06.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2017.
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