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RESUMO: Bruna Souza – 2010.2 - ∞ � Doença Trofoblástica Gestacional Obstetrícia – P2 A Doença Trofoblástica Gestacional engloba o grupo de lesões caracterizadas por proliferação anormal do trofoblasto, caracterizadas por alguns aspectos degenerativos. Este se apresenta através de três tipos celulares: - Citotrofoblasto – constituinte do vilo corial. As vilosidades primárias são constituídas pelo citotrofoblasto. - Sinciciotrofoblasto – constituinte do vilo corial. Realiza a invasão do endométrio, para a implantação do blastocisto. - Trofoblasto intermediário – de localização extravilositária. * Embriologicamente, as células da camada externa do blastocisto recebem o nome de trofoblasto, que se divide em citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto. ** O óvulo é fecundado pelo espermatozóide (formação do blastocisto), mas durante as divisões celulares ocorrem essas alterações. *** Em geral, a mulher já chega ao pré-natal com o Beta-HCG elevado, achando estar grávida. ( Simplificadamente, são tumores funcionantes produtores de HCG. ( Classificação – de acordo com formas benignas ou malignas: • Gestação molar (80% dos casos) – Mola Hidatiforme Parcial ou Mola Hidatiforme Completa. • Tumores trofoblásticos gestacionais (20% dos casos) – Mola Invasora; Coriocarcinoma; Tumor do sítio placentário. Na grande maioria dos casos, descobre-se ao redor da vigésima ou vigésima segunda semanas. EPIDEMIOLOGIA • Em média, a incidência na maior parte do mundo é de 1 para cada 10.000 gestações. • O risco aumenta com a idade materna avançada (acima de 35 anos de idade). • Paridade: não existe correlação. • Os únicos fatores de risco seguramente estabelecidos são a idade materna avançada e o diagnóstico de mola prévia (o aborto não molar não constitui fator de risco). • A má nutrição (baixo nível socioeconômico) também pode ter relação com a incidência. ( Mola Hidatiforme Parcial ou Incompleta: - Apresenta degeneração limitada da placenta, que exige vilosidades anormais, distendidas e hidrópicas. Possui partes normais e partes alteradas com triploidias e tetraploidias. - Cariótipo - triploide: 69, XXY (90% dos casos). Cerca de 10% apresenta cariótipo tetraplóide. - Múltiplas malformações congênitas, restrição do crescimento e fetos inviáveis, sendo incompatíveis com a continuação da gestação. - Na mola parcial, começa a ocorrer a invasão do endométrio e de estruturas próximas – a mulher sangra muito e não consegue manter a gravidez. ( Mola Hidatiforme Completa: - Apresenta pior prognóstico que a incompleta por ser mais indiferenciada. - As vilosidades coriônicas são difusamente hidrópicas (degeneração hidrópica) associadas a trofoblastos hiperplásicos com vários graus de atipias. - Há ainda edema de vilos e ausência de vasos nos vilos edemaciados. - Não há tecido embrionário (ausência de feto e âmnio). - Cariótipo: diploide – 46,XX (90% dos casos) ou 46,XY (10%). - Imagem ao USG – em “queijo-suiço”ou “flocos de neve”. QUADRO CLÍNICO: • Sangramento vaginal – intermitente (de spotting a graves hemorragias) com aumento do volume de forma gradual. É o sintoma mais frequente. • Anemia (ferropriva). • Aumento uterino excessivo – altura uterina maior que a esperada para a IG. * O útero, a partir da décima segunda semana, passa a ser abdominal, podendo ser palpado no exame físico. Se o útero for palpado antes disso indica que ou a mulher errou a DUM, ou se trata de mola hidatiforme, ou se trata de gestação múltipla. • Aumento ovariano – cistos ovarianos teca-luteínicos, geralmente bilaterais. Isso ocorre devido à hiperestimulação dos ovários pelo hCG. Não devem ser tratados, pois normalmente, regridem após resolução da doença. Podem sofrer torção ou ruptura, culminando com quadro de abdome agudo. • Pré-eclâmpsia – chamando-se maior atenção para quadros com menos de 24 semanas de gestação. Está mais associada às molas parciais, pois geralmente evoluem por mais tempo. • Hiperêmese gravídica – superestimulação do hCG (níveis elevados). • Dor abdominal – não é tão frequente. • Tireotoxicose – hipertireoidismo – ocorre também pelas altas concentrações de hCG que possui semelhança estrutural com o TSH. Ocorre em 10% dos casos. ( Sinal patognomônico – emissão de vesículas. Presença de restos molares (vesículas molares) nas roupas íntimas. DIAGNÓSTICO: a) Dosagem de beta-hCG – níveis superiores a 200.000 mUI/mL sugerem mola completa. * Em gestações normais, os níveis de beta-hCG atingem seu pico por volta da décima semana, alcançando ao máximo, 100.000 mUI/mL, sendo que na DTG, esses níveis podem alcançar até 400.000 mUI/mL. b) USG – observação dos cistos teca-luteínicos (aspecto de queijo-suíço ou cachos de uva). Surgem na mola parcial ou na completa. c) RNM – muito boa para a visualização da placenta, principalmente útil em casos de placenta prévia e invasão do trofoblasto atípica. *** O que mata não é o DPP, mas sim a PP total. d) Diagnóstico histológico e/ou citogenético – o segundo não é tão possível de ser realizado no SUS. TRATAMENTO: interrupção da gestação molar. - Evacuação por sucção – a curetagem poderia lesionar/perfurar o útero, uma vez que, ele se encontra bastante amolecido. - Reservar sangue e estabelecer acesso venoso. - Dilatação cervical quando cérvice fechada. - Após a retirada, administrar ocitocina. - Após a contração, realizar a curetagem de restos molares que por ventura ainda estejam presentes. - Se a mulher apresentar mais de 40 anos de idade, pode-se considerar a histerectomia, pelo risco considerável de coriocarcinoma. PROGNÓSTICO: - 80% dos casos de mola hidatiforme apresentam evolução benigna. - 20% dos casos sofrem malignização (importância do seguimento pós diagnóstico e tratamento). 2% coriocarcinomas, 18% mola invasora e tumor de sítio placentário. ( Princípios de seguimento pós Mola Hidatiforme: Prevenir gestação durante o período de seguimento (mínimo 1 ano). Medida dos níveis séricos de hCG semanalmente (por 3 semanas), depois quinzenalmente (por 3 vezes), e depois, mensalmente (por 3 meses); e depois aos 6 meses, se permanecer negativo a paciente poderá engravidar (recebe alta). Não utilizar quimioterapia enquanto os níveis séricos de hCG forem decrescentes. RX ou TC de tórax mensalmente – os pulmões são geralmente o primeiro foco de metástase. ( Mola Invasora: - É a DTG que invade a parede uterina (alcançando o miométrio) e produz metástases em órgãos distantes, mantendo histologicamente a sua estrutura vilositária. - A incidência é de 1:12.500. - O quadro clínico é de metrorragias (intensas), subinvolução uterina (útero fica muito duro) e infecções. - O USG sugere diagnóstico. - Com cerca de 15 semanas de gestação o útero já alcança a cicatriz umbilical. - O melhor método de tratamento é a vácuo aspiração, pois o volume é muito grande e há muito sangramento. ( O hCG permanecerá elevado após a evacuação. ( Coriocarcinoma: - É a forma maligna de DTG que pode surgir após gravidez molar, gravidez ectópica ou gravidez normal. - A sua incidência é de 1:40.000 em todas as gestações e de 1:40 em gestações molares. - Apresenta população dimórfica, com células do sincício e do citotrofoblasto, e extensas áreas de necrose e hemorragia. - Metastiza através do sangue para pulmões, vagina, cérebro e fígado. - O útero permanece aumentado e com sangramento persistente. - Na maioria das vezes, o tumor preenche a cavidade uterina, invadindo útero e vasos, provocando hemorragia e necrose, sendo geralmente vermelho-escuro ou roxo, e bastante friável, podendo ou não atingir o peritôneo. ( O hCG permanece elevado. - Os sinais de metástase geralmente são a hemoptise e as lesões pulmonares ao RX. - A mulher, geralmente, morre por hemorragias e metástases. - Durante o acompanhamento é obrigatório se fazer um RX de tórax de 2 em 2 meses, pelo menos, e USG comDoppler ou RM. - Tratamento: é bastante sensível à QT. O esquema quimioterápico a ser utilizado é o mesmo da mola invasora, e da mesma forma é baseado no estadiamento e score de risco (ver tabelas abaixo). ( Monoquimioterapia para baixo risco: - Metotrexato (associado ao ácido folínico) ou Actinomicina D. ( Poliquimioterapia para alto risco: - doença há mais de 4 meses. - metástases hepáticas ou no SNC. - falha após quimioterapia inicial. - após gestação a termo. ( Tumor de sítio placentário: - É tumor raro que compromete o útero, endométrio e miométrio, composto basicamente de trofoblasto intermediário. Dessa forma, não produz níveis elevados de beta-hCG como nos dois anteriores. - Desenvolve-se no local de implantação placentária meses ou anos após um abortamento, gestação a termo ou gestação molar. - Normalmente o diagnostico é tardio após a gestação anterior. Os níveis de hCG costumam ser baixos, uma vez que não há proliferação de sinciciotrofoblasto. - É o de melhor prognóstico à histerectomia, os anteriores metastizam com maior freqüência. - � PAGE �1� -
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