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SÍNDROME COMPARTIMENTAL Objetivos: Urgência ortopédica (emergência) – Risco eminente de morte Diagnóstico Conduta inicial Introdução (Livro) Compartimentos anatômicos são espaços bem delimitados cujas paredes são formadas por ossos e estruturas osteofasciais, que são elementos relativamente inelásticos. A síndrome do compartimento ocorre quando há um aumento da pressão no espaço compartimental de modo a comprometer a perfusão tissular e colocar em risco a viabilidade das estruturas ali existentes (Músculos, tendões, vasos e nervos). Essa pressão pode ser aumentada por causas internas e externas. Internas: Edema, hemorragia. Externas: Enfaixamento, aparelho engessado, pressão sobre o membro. Há dois tipos principais de SC – aguda e crônica: Aguda: Desenvolve-se quando a pressão intracompartimental excede a pressão arterial capilar por um período prolongado. - Causas: Traumatismo, lesão arterial e compressão extrínseca (aparelho engessado, garrote, pressão postural sobre o membro) - Demanda tratamento de urgência Crônica: sintomas mais discretos e é desencadeada por atividades físicas, e eventualmente pode se transformar em um evento agudo. Conceito Aumento da pressão em um espaço fechado com o potencial de causar danos (compressão) às estruturas nele contidas (veia, pele, nervos, músculos), pois as fáscias são inelásticas e resistentes, causando a compressão das estruturas. Isquemia -> necrose -> rabdomiólise (que pode levar a uma IRA e causar arritmias – por conta do aumento de K no sangue) Após 4 horas pode ser irreversível e de 6-8 horas leva a óbito. Sinais clínicos Variam conforme a fase do processo compressivo e pode englobar queixas leves até situações dramáticas; Paciente consciente: O principal sintoma é a dor referida no local na compressão. É uma dor crescente, de caráter pulsátil, sem melhora com imobilização. Esta dor pode estar ausente quando há lesão de nervo associada ou quando o paciente faz uso de narcóticos, entorpecentes, analgésicos fortes ou sob anestesia. Palpação: Tensão no local comprometido, com a pele brilhante e quente, com aparência de celulite, e os casos tardios apresentam flictenas. Extremidades: Assume atitude antálgica, com flexão principalmente dos dedos, com dor intensa a menor tentativa de extendê-los. Podem estar mais quentes, com incapacidade de movê-las passivamente, com edema e alteração da coloração cutânea, que varia desde o escurecimento até palidez. Além disso podem apresentar paresia, parestesias difusas ou hipoestesias na área de algum nervo situado no local afetado. Pulso: Normal ou discretamente diminuído, o que não o torna um parâmetro confiável de avaliação. Inespecíficos (Professor) ILANA NOGUEIRA Edema Dor à palpação Dor ao estiramento passivo dos mm Alteração de sensibilidade Déficit de força 5 Ps: Pain (Dor) Paresthesia (Parestesia) Pallor (Palidez) Pulseless (pulso) Paralysis (Paralisia) - Os 5 P’s só aparecem quando as alterações são irreversíveis e as sequelas inevitáveis, não sendo utilizados para fazer o diagnóstico precoce. Diagnóstico: Deve-se suspeitar sempre que o paciente apresentar queixas no membro, principalmente se tiver sofrido trauma, imobilização ou cirurgia. Lembrar que a síndrome pode ocorrer na ausência de causa obvia. Principais diagnósticos diferenciais: Trombose venosa e afecções arteriais, semi-obstrutivas ou obstrutivas. O quadro completo de SC é constituído pelos seguintes elementos: Aumento do volume Dor significativa espontânea, com piora ao estiramento passivo da extremidade Parestesia Paresia Coloração escurecida da pele na região distal Em casos de crianças, perda de consciência e indivíduos sob anestesia, é útil a realização da medida da pressão intracompartimental, e nos casos de risco é recomendado o monitoramento profilático. A medida normal da pressão em repouso é de 0 a 8 mmHg e a dor e parestesia aparecem quando ela atinge 30 mmHg. O limiar para a realização da fasciotomia: > 40 mmHg. Entre 30 e 40 há uma suspeita alta. Tratamento Medidas iniciais: Observar paciente (hora em hora); elevação do membro*; crioterapia (vasoconstrição) – na fase aguda, deve ser o mais precoce possível. *No livro essa elevação não é indicada pois pode piorar o processo de isquemia, o membro deve ser mantido na altura do coração. Princípios: Liberação ampla de todos os compartimentos Desbridamento tecido necrótico Estabilização óssea (casos de fratura) Técnica: Liberar todos os compartimentos Uma incisão (na lateral -> extensa); Duas incisões (lateral e medial): mais eficiente para liberar todos os compartimentos e menor chance de complicação intra-operatória. Via medial: libera os compartimentos – anterior e lateral Via lateral: libera os compartimentos – posterior profundo e superficial. Tem baixa taxa de infecção (com curativos, lavagens com SF e ATB). Quando não consegue fechar, faz enxertia de pele O que mais importa é preservar a função do membro: 1ª SALVAR VIDA 2ª SALVAR MEMBRO 3ª SALVAR FUNÇÃO 4 ª ESTÉTICA Com 48-72h (lava, tira a necrose), já pode começar a aproximar, após 24-48h novamente => é progressivo. Depois disso, o curativo é feito de 7 a 15 dias. Tratamento hasta retrógrada (de baixo para cima) Evoluir com flictema, necrose => desarticulação a nível de joelho + coto => fechamento do coto Caso 1: Paciente, 24 anos, acidente moto x carro, queixa principal: dor em membro inferior direito, consciente, orientado, estável. Exame clínico: O que chama atenção? - Deformidade - Múltiplas equimoses - Aumento de volume -> edema - Sem fratura exposta Exame radiográfico: Mostra o parâmetro da fratura para que se pense na HD. Caso 2: Sem diagnóstico Paciente, 38 anos, acidente de bicicleta, 1º atendimento outro serviço encaminhado para tratamento definitivo. Na radiografia: AP e perfil de joelho D, com presença de 2 parafusos, fratura em região proximal da tíbia (platô tibial) e subluxação, os dois últimos fatores elevam a chance de SC, principalmente o primeiro. Desbridamento Anastomose de artéria poplítea Presença de necrose, inclusive óssea Evoluiu com amputação Caso 3: Paciente, 59 anos, picada de cobra há 1 dia, encaminhado à emergência, dor lancinante em MID. Insuficiência vascular (aumento do vol da coxa) pelo veneno => necrose do músculo Amputação supra-patelar óbito com 48 horas. Caso 4: (Membro superior) Trauma por esmagamento em membro superior esquerdo. RX. oblíquo e perfil mão E com edema de partes moles e fratura. RX. Cotovelo AP e perfil (meio oblíquo) com luxação e edema de partes moles. Move luxação do rádio entre ulna, laceração m. pronador, quadrado, tendão roto. Caso 5: Paciente, 34 anos, homem, colisão auto x moto, carregador do ceasa RX. Com joelho flutuante (fratura da diáfise do fêmur e da diáfise da tíbia) trauma de alta energia / joelho solto. Luxação de joelho e fratura de tornozelo D Lesão da a. poplítea => aumento de volume / lesão ligamentar Revascularização e controle do dano ortopédico Caso dos alunos Paciente, 21 anos, acidente moto x carro, consciente, orientado, estável, queixa única (o que chama atenção?): membro inferior (dor no joelho). Exame clínico: equimose, escoriação, aumento de volume: 30 min após. Exame radiográfico: Rx sem alteração alteração articular ou óssea, aumento da densidade de partes moles. Tratamento: Paciente com laceração muscular após fasciotomia. Fechamento: com 7-8 dias após evolução favorável. -> SD compartimental com ausência de alteração óssea. Pontos importantes sobre Síndrome Compartimental: Trauma de aumento de energia Mesmo com fraturas expostas Acidentes ofídicos Queimadas Politrauma (principalmente os pacientes inconscientes!) -> Examinar, avaliação clínica (EF) -> diagnosticar! OBSERVAÇÕES: M. anteriores: Flexão dorsal M. posteriores: Flexão plantar M. laterais: Eversão - Pé: 9 compartimentos 2 centrais 1 superficial1 profundo 4 interósseo 1 adutor do hálux - Coxa: 3 compartimentos - Retropé: 3 compartimentos – via medial - Braço: 2 compartimentos - Antebraco: 2 compartimentos - Mãos: 10 compartimentos 1 tenar 1 hipotenar 1 adutor do polegar 4 interósseos dorsais 3 interósseos palmares
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