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1 Olá, pessoal! Neste ponto, trago uma pequena noção sobre alguns conceitos importantes para um melhor entendimento de temas futuros, ok! 1.4.5. CONCEITOS IMPORTANTES 1. FATO GERADOR/ HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA Hipótese de Incidência é a situação abstrata, prescrita em lei, a qual, uma vez ocorrida em concreto (fato gerador) enseja o nascimento da obrigação tributária. A expressão “fato gerador”, principalmente em concursos públicos, pode ser entendida em dois planos: plano abstrato da norma prescrita do ato ou do fato e no plano da concretização daquele ato ou fato prescrito1. Podemos, ainda, conceituar o fato gerador como: “é aquele que reúne as condições necessárias e suficientes para determinar os efeitos que lhe são próprios (quer se trate de situação de fato, ou de situação jurídica), melhor dizendo, é aquele evento previsto na lei instituidora e que, uma vez ocorrido no mundo concreto, fenomênico, gera, em regra, para o sujeito passivo o dever de pagar o tributo devido. 2. CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS GERADORES (FATOS IMPONÍVEIS) Instantâneos: são aqueles que se completam numa só unidade de tempo, ou em curto intervalo de tempo (o fato imponível se constitui de um só fato). Ex.: ICMS – ISS. Complexo: é aquele cuja formação se completa durante determinado período de tempo. É o fato cuja realização não se dá em um só momento (ao contrário do instantâneo), mas, se prolonga durante determinado período. Ex.: IR. 1 Na expressão “fato gerador” a doutrina vinha se referindo a duas realidades distintas: a descrição legal e hipotética do fato (hipótese de incidência) que geraria a obrigação de pagar o tributo e a ocorrência concreta desse fato, do que evidentemente redundava confusão terminológica. “No direito positivo brasileiro, entre os doutrinadores, e na jurisprudência, vemos reiteradamente empregado fato gerador, quer para mencionar-se a previsão legal do fato, elaboração tipicamente abstrata, que se situa no âmbito das idéias, no altiplano das construções normativas gerais e abstratas; quer os fatos jurídicos, enquanto enunciados denotativos que ocupam a posição sintática de antecedente das normas individuais e concretas”. “... Geraldo Ataliba propôs a adoção de hipótese de incidência para denominar a descrição abstrata, contida na lei, e fato imponível para representar a ocorrência no mundo dos fenômenos físicos, que satisfaz os ante- supostos requeridos pela norma jurídica” (Paulo de Barros Carvalho, in ). 2 Continuados: são fatos que se repetem a determinados intervalos de tempo, ou em datas fixadas em lei (são impostos que se renovam a cada exercício. Ex.: IPTU, IPVA e ITR). 3. BASE DE CÁLCULO (BC) É a grandeza numérica, trazida pela lei, que serve para dimensionar o respectivo fato gerador (hipótese tributária), possibilitando a quantificação do dever tributário e a definição da espécie tributária. A BC é um estado ou modo de ser próprio da hipótese ou um atributo seu. Portanto, é ela que dá a exata dimensão da hipótese tributária, estabelecendo a correlação necessária entre o fato descrito na norma como pressuposto e a prestação tributária. Assim, a base de cálculo, juntamente com o fato gerador, são os elementos identificadores das espécies tributárias.Tanto assim é que, nos impostos, as bases de cálculos são grandezas que medem riquezas, ao passo que nas taxas, servem para medir o grau de atividade estatal que está sendo absorvido pelo sujeito passivo. 4. NOMEN IURIS E VINCULAÇÃO DOS TRIBUTOS (Art 4º do CTN) Consoante o Art.4º do CTN, para a correta identificação das espécies tributárias como impostos, taxas e contribuições de melhoria, é fundamental a análise do fato gerador, sendo irrelevante para qualificá-los o nome dado pelo legislador e o destino do produto de sua arrecadação. Portanto, o nome que o legislador ordinário der ao tributo é secundário, e não prejudicará a sua legalidade se, pelo fato gerador, ele se insere razoavelmente na competência da pessoa que decretou a novel espécie tributária com o nomen iuris impróprio. Observe que a destinação da receita será efetivamente, irrelevante, para distinção entre certas espécies (impostos, taxas e contribuição de melhoria), mas é importante no que tange à configuração das contribuições (Art. 149 da CF) e dos empréstimos compulsórios (Art.148 da CF), pois estes dois últimos são tributos finalisticamente afetados, haja vista, determinar a Constituição, ser requisito necessário à validade, a vinculação de suas receitas a certas despesas. 3 5. FUNÇÃO DOS TRIBUTOS Os signos fiscalidade, extrafiscalidade e parafiscalidade são termos usualmente empregados no discurso da ciência do Direito, para representar valores finalísticos que o legislador imprime na lei tributária. Então, podemos dizer que um tributo é: 9 Fiscal: quando seu principal objetivo, finalidade, é a arrecadação de recursos financeiros para o Estado; 9 Extrafiscal: quando seu objetivo principal é a interferência do domínio econômico, buscando um efeito diverso da simples arrecadação de recursos financeiros, como a de incentivar ou desestimular determinadas atividades, onerando ou desonerando a importação de determinados bens, por exemplo, ou tributando de forma mais gravosa produtos nocivos à saúde, como os cigarros; 9 Parafiscal: quando seu objetivo é a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não integram funções próprias do Estado, mas este as desenvolve através de entidades específicas, como as que cuidam da previdência social (INSS) e da fiscalização de profissões regulamentadas (CREA, OAB, etc.). 4 6. TRIBUTO VINCULADO X NÃO-VINCULADO Esta classificação, adotada por Geraldo Ataliba, tem como fonte inspiradora a circunstância de existir ou não, na hipótese normativa, um vínculo entre o fato descrito e uma atuação do Poder Público. Assim, tributo vinculado é aquele cujo fato gerador está vinculado, relacionado, a alguma atividade estatal em prol do contribuinte (temos as taxas e as contribuições de melhoria), ao passo que tributo não-vinculado é aquele cujo fato gerador em nada se relaciona com alguma atividade estatal em prol do contribuinte (são os impostos). Destaca-se, pois, que a análise de suas bases de cálculo deverá exibir (vinculado) ou não (não- vinculado), forçosamente, a medida da intensidade da participação do Estado. 7. CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS Os impostos podem ser classificados como: 9 Impostos reais: são “aqueles cujo aspecto material da hipótese de incidência limita-se a descrever um fato, ou estado de fato, independentemente do aspecto pessoal, ou seja, indiferente ao eventual sujeito passivo e suas qualidades. A hipótese de incidência é um fato objetivamente considerado, com abstração feita das condições jurídicas do eventual sujeito passivo; estas condições são desprezadas, não são consideradas na descrição do aspecto material da hipótese de incidência” 2. 9 Impostos pessoais: são “aqueles cujo aspecto material da hipótese de incidência leva em consideração certas qualidades, juridicamente qualificadas, dos possíveis sujeitos passivos. Em outras palavras: estas qualidades jurídicas influem, para estabelecer diferenciações de tratamento legislativo, inclusive do aspecto material da hipótese de incidência. Vale dizer: o legislador, ao descrever a hipótese de incidência, faz refletirem-se decisivamente, no trato do aspecto material, certas qualidades jurídicas do sujeito passivo. A lei, nestes casos, associa tão 2 Geraldo Ataliba, in Hipótese de incidência tributária,5ª Edição, Malheiros, São Paulo, 1.997, página 125. 5 intimamente os aspectos pessoal e material da hipótese de incidência, que não se pode conhecer este sem considerar aquele” 3. 9 Impostos diretos: são assim considerados aqueles em que o contribuinte de direito (aquele que tem a obrigação legal de recolher o tributo aos cofres públicos) é idêntico ao contribuinte de fato (aquele que efetivamente desembolsa). Ex: IPTU, ITR, IPVA. Neste caso não há transferência de ônus financeiro a terceiros. Dá-se o fenômeno de percussão. A exação fiscal é suportada estritamente pelo sujeito passivo, sem possibilidade de transferência do ônus econômico a outrem. 9 Impostos indiretos: nestes, admite-se a existência de duas figuras de contribuinte, o direito e o de fato. Assim, a lei determina que o contribuinte de direito pague o imposto, mas este poderá repassar o encargo para o contribuinte de fato. Neste diapasão a lei desconhece a figura do contribuinte de fato, na medida em que o atribui o encargo tributário sempre à pessoa que pratica o fato gerador. É o caso do ICMS e do IPI, por exemplo, em que o contribuinte ”de fato”, ou seja, quem suporta o encargo financeiro é o consumidor, enquanto o contribuinte “de direito” é o comerciante ou o industrial (a rigor, não existe a figura do contribuinte “de fato”, já que todo contribuinte é “de direito”, pela própria natureza legal do tributo). Tem-se aqui o fenômeno da “repercussão tributária ou translação”. 9 Impostos fixos: são aqueles em que o quantum é estabelecido em valores fixos e determinados. Em outras palavras, consiste numa cota determinada estabelecida em lei e que, portanto, não são sujeitos à aplicação de alíquotas, o seja, o “quantum” é previamente estabelecido pela autoridade tributária. 9 Impostos progressivos: a alíquota cresce à medida que aumenta a respectiva base de cálculo. Sobre bases de cálculos menores incidem alíquotas menores. 9 Impostos regressivos: a alíquota diminui à medida que aumentasse a base de cálculo. 3 Geraldo Ataliba, in Hipótese de incidência tributária, 5ª Edição, Malheiros, São Paulo, 1.997, página 125. 6 Alberto Alves www.editoraferreira.com.br
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