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VAGINISMO DEFINIÇÃO- F52.5 - 306.51 Vaginismo (segundo o DSM4) O vaginismo é uma disfunção sexual que pode causar dor na relação sexual. É um espasmo da musculatura do assoalho pélvico que circunda a vagina causando oclusão do intróito vaginal. A entrada do pênis é impossível ou dolorosa. Tem origem de fundo emocional e pode vir a causar baixa autoestima e até mesmo depressão. O VAGINISMO PODE SER SUBDIVIDIDO EM DOIS TIPOS: Vaginismo Orgânico: No que se refere às questões biológicas, o vaginismo pode ser ocasionado por anormalidades do hímen, anormalidades congênitas, atrofia vaginal, endometriose, infecções, lesões na vagina, tumores, doenças sexualmente transmissíveis e congestão pélvica. Vaginismo Psicogênico: Sugerem que fatores psicossocioculturais como religião, educação sexual castradora e punitiva, assim como vivências sexuais traumáticas, podem acarretar este transtorno. AS POSSÍVEIS CAUSAS Uma das razões para desenvolver o vaginismo, é ter medo e vergonha do ato sexual. AS CAUSAS PSICOLÓGICAS MAIS PROFUNDAS SÃO: situações traumáticas de abuso sexual ou estupro mensagens anti-sexuais durante a infância (como escutar dos pais que sexo é sujo) Culpas comportamento sedutor ou controlador por parte dos pais dificuldade em unir amor com sexo na mesma pessoa (esposa X prostituta) raivas entre o casal competição temida com o pai ou mãe, entre outros. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Espasmo involuntário, recorrente ou persistente da musculatura do terço inferior da vagina, que interfere no intercurso sexual. B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. C. A perturbação não é melhor explicada por outro transtorno do Eixo I (por ex., Transtorno de Somatização), nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral. Especificar tipo: Tipo Ao Longo da Vida Tipo Adquirido Especificar tipo: Tipo Generalizado Tipo Situacional Especificar: Devido a Fatores Psicológicos Devido a Fatores Combinados DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Os sintomas mais visíveis são dor, comportamento receoso e fuga do contato vaginal, além das contrações já mencionadas. Dessa forma a gente pode excluir diagnósticos de dispareunia e vestibulodinia. A dispareunia é a dor genital recorrente ou persistente associada ao intercurso sexual. As mulheres com vaginismo apresentam dispareunia, porém a dor apenas não caracteriza o vaginismo e sim a dispareunia. Já a vestibulodinia distingue-se, pois é a dor localizada na parte externa do órgão sexual feminino, a vulva. Como é possível observar, existem diversas disfunções sexuais relacionadas à dor, logo, o diagnóstico diferencial se faz importante para identificar qual é a disfunção sexual, para que seja possível traçar um tratamento adequado para cada mulher. TRATAMENTO Dentro da perspectiva da medicina, existem medicamentos que podem ser utilizados. Nos casos de vaginismo orgânico, a medicação tratará a causa da disfunção, seja ela uma infecção, endometriose, etc. Já os casos de vaginismo psicogênico, a medicação poderá auxiliar o tratamento caso haja alguma comorbidade, como por exemplo a depressão. TRATAMENTO A fisioterapia utiliza dilatadores como forma de dessensibilização, o trabalho é voltado para melhorar o controle e a qualidade da musculatura do assoalho pélvico. Além dos dilatadores, a fisioterapia também trabalha com técnicas de terapia manual, exercícios Kegel, modalidades de estimulação elétrica e termoterapia, além da técnica de bioretroalimentação. Ainda há a toxina botulínica (o famoso botox) que é injetada diretamente no músculo. TRATAMENTO Já a psicologia vem a contribuir através da psicoterapia, investigando a educação que a paciente recebeu durante a infância, crenças e posturas familiares acerca do sexo, experiências sexuais, história ginecológica e a compreensão de como a paciente lida com sua própria sexualidade. O tratamento de comorbidades como a depressão, que é comum nesses casos, também é relevante. O apoio psicológico tem sua importância mesmo quando o vaginismo tem origem orgânica, já que a disfunção traz problemas conjugais e também afeta a autoestima da mulher. PSICOTERAPIA A psicoterapia é fundamental no tratamento de qualquer disfunção sexual, porque mesmo que esta tenha uma origem orgânica, acarretará questões relevantes na vida psíquica da mulher. O vaginismo impacta principalmente a vida conjugal da paciente, isso pode levar a questões acerca da autoestima, esquemas de inadequação e até mesmo a uma pressão social por sentir-se incapaz de ter filhos. Compreender então a forma como essa mulher exerce a sua sexualidade, quais as suas crenças sobre o assunto, os possíveis traumas, tudo isso irá contribuir para o enfrentamento e a superação da disfunção. PREVALÊNCIA Acredita-se que cerca de 2 mulheres em 1000 têm vaginismo. No entanto, este número pode ser mais alto. A obtenção de dados estatísticos de confiança sobre o vaginismo é difícil devido a muitos fatores como: Vergonha Diagnóstico incorreto Falta de dados estatísticos das mulheres que especificamente procuram ajuda devido a problemas de penetração vaginal DADOS Em 2007 foi realizada uma pesquisa no Brasil com 1219 mulheres e foi constatado que 49% delas tinham pelo menos uma disfunção sexual. Dentre elas, 26,7% apresentaram disfunção do desejo, 23% dispareunia, 21% disfunção do orgasmo e 10 a 15% relataram algum tipo de dor na relação sexual, sugerindo o vaginismo. Ainda é difícil identificar um dado estatístico mais exato, já que muitas mulheres tendem a não procurar ajuda por sentirem-se envergonhadas pela exposição. CASO CLÍNICO Chamo-me Sofia e tenho 30 anos. Sou casada e vivo em Portugal. E, em 2011, consegui ultrapassar o meu vaginismo. Fiz com a ajuda de fisioterapia e de psicoterapia. E com a minha própria ajuda, não convém esquecer. E estou muito feliz por isso. Nunca contei a ninguém que tinha vaginismo. Nunca contei a nenhuma amiga ou a ninguém próximo. Por vergonha. Viver com vaginismo este tempo todo, e ainda por cima estando casada, foi difícil e teve momentos muito maus e bastante sofridos. Cheguei a acreditar que nunca iria me curar. Ter um marido fabuloso ajuda muito. Acreditar que o sexo é muito mais do que penetração ajuda mais. Quando concluí que não conseguia ter penetração vaginal 'naturalmente', fui consultar uma ginecologista. Infelizmente (e como acontece em muitos dos casos de mulheres com vaginismo) a médica desvalorizou e, dado que estava tudo bem comigo em relação ao exame ginecológico e porque era 'só' medo, apenas tinha que relaxar. E assim eu tentei fazer. E foi terrível. Eu relaxava e não conseguia. Relaxava e não consegui. Que raio se passaria comigo?? Foi apenas quatro anos depois que, ao desabafar com uma médica, ela me indicou uma psicóloga que, por sua vez, me indicou uma fisioterapeuta. E três meses e meio depois estava a ter a minha primeira relação sexual com penetração. Inacreditável, não é? Este blog representa todas as conversas que não posso ter com ninguém. E as conversas que eu gostaria que alguém tivesse tido comigo quando sofria sozinha com o vaginismo. Espero, também, que possa ajudar outras mulheres com situações semelhantes. O bom, e o trágico, do vaginismo é que é mesmo possível de ultrapassar. vaginismos.blogspot.com.b PREVENÇÃO O "órgão" sexual mais importante é o cérebro. O do desenvolvimento da sexualidade e como ela é digerida e absorvida é diferente para cada pessoa. O ideal seria que a pessoa se conhecesse melhor tanto do ponto de vista psicológico, como do anatômico e do fisiológico. É importante avaliar a necessidade de alguma intervenção no desenvolvimento das atitudes negativas em relação a sexualidade. O indivíduo tem necessidades diferentes nas fases da sexualidade desde que é feto até a morte e isso deve ser feito de maneira mais natural e saudável possível. LINKS http://moverpsicologia.com.br/e-por-falar-em-vaginismo/ http://vaginismos.blogspot.com.br/REFERENCIAS Fabio Laginha, ginecologista e mastologista, coordenador da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho e especialista Minha Vida (CRM 42141-SP)
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