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CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS Discente: Katherine Lopes Disciplina: Pensamento Social Brasileiro Professor: Luís Cláudio R. H. de Moura Turma: 6º Semestre Data: 18/04/2018 Fichamento de Texto Referência: CARVALHO, José Murilo, Marcha Acelerada (1930-1964), In. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013, pp. 85-110. No segundo capitulo intitulado “Marcha Acelerada (1930 – 1964), José Murilo de Carvalho descreve os rumos trilhados pela cidadania desde 1930 com o Presidente Getúlio Vargas à 1964 com o Golpe Militar, ressalta a aceleração sucedida nas transformações sociais e políticas, e consequentemente, nos direitos civis. Os primeiros avanços nas legislações sociais se deram, sobretudo com a criação do ministério do trabalho, indústria e comércio, a partir dessas criações e, com a consolidação das leis do trabalho, instituiu-se uma legislação trabalhista e previdenciária. No campo dos direitos políticos, tiveram um cenário mais complexo, os governos alternavam-se, através de alguns golpes, entre ditaduras e regimes democráticos. Já, no que se refere a direitos civis, esse desenvolvimento se deu de forma mais lenta, mantendo-se precários na vida da maioria dos cidadãos e ainda cotando com períodos, de ditaduras, em que os direitos como liberdade de expressão e de organização, foram totalmente suspensos. O nacionalismo, um movimento de participação popular, que contava com o incentivo do Estado Novo, segundo o autor, “foi o principal instrumento de promoção de uma solidariedade nacional, acima das lealdades estaduais. A esquerda salientou-se na defesa das teses nacionalistas.” (Pág. 88). O autor apresenta 1930, como um marco histórico, devido ao episódio que ficou conhecido como a Revolução de 30, que culminou no fim da primeira república, e afirma “foi sem dúvida o acontecimento mais marcante da história política do Brasil desde a independência.” (Pág. 89). Com base nessa afirmação, Carvalho, disserta sobre as causas e o significado deste marco histórico, afirma que “A partir da segunda década do século, fatos externos e internos começaram a abalar o acordo oligárquico.” (Pág. 89). No tange os fatos internos, “a fermentação oposicionista começou a ganhar força na década de 20. Depois dos operários, foram os militares que começaram a agitar-se.” (Pág. 90). O autor, lembra que a crescente oposicionista, manifestou-se no campo cultural, no campo da educação e no campo da saúde. Sobre o campo cultural o autor relembra que “No ano de 1922, foi organizada em São Paulo a Semana de Arte Moderna. Um grupo de escritores, artistas plásticos e músicos de grande talento, patrocinados por ricas mecenas da elite paulista, escandalizaram a bem-comportada sociedade local com espetáculos e exibições de arte inspirados no modernismo e no futurismo europeus. O movimento aprofundou suas ideias e pesquisas e colocou em questão a natureza da sociedade brasileira, suas raízes e sua relação com o mundo europeu. Na década seguinte, muitos modernistas envolveram-se na política, a esquerda e a direita.” (Pág. 92). No que tange a educação, o autor trás: “Na área da educação também houve tentativas de reforma. A influência maior veio dos Estados Unidos, sobretudo do filósofo John Dewey. As propostas dos defensores da Escola Nova, entre os quais se salientavam Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo e Lourenço Filho, tinham um lado de pura adaptação do ensino ao mundo industrial, que se tornava cada vez mais dominador. O ensino devia ser mais técnico e menos acadêmico.” (Pág. 92). O autor explica que o reformismo também tratou da área da saúde, ou da fata dela, afirma que “os sanitaristas descobriram um Brasil de miséria e doença pedir a atenção do governo. Tornou-se famosa a frase de Miguel Couto de que o Brasil era um vasto hospital. Os médicos envolveram-se, então, em campanha nacional a favor do saneamento do país como condição indispensável para construir uma nação viável.” (Pág. 93). Os movimentos reformistas, de acordo com Carvalho, possuíam um ponto em comum, a aversão à oligarquia e ao federalismo, “Federalismo e oligarquia eram por eles considerados irmãos gêmeos, pois era o federalismo que alimentava as oligarquias, que lhes abria amplo campo de ação e lhes fornecia os instrumentos de poder. Desenvolveu-se nos círculos reformistas a convicção de que era necessário fortalecer novamente o poder central como condição para implantar as mudanças que se faziam necessárias.” (Pág. 93). O autor apresenta que, da aliança formada pela dissidência oligárquica e a dissidência militar, nasceu a revolta civil-militar de 1930, “Uma junta formada por dois generais e um almirante decidiu depor o presidente da República e passar o governo ao chefe do movimento revoltoso, o candidato derrotado da Aliança Liberal. Sem grandes batalhas, caiu a Primeira República, aos 41 anos de vida.” (pág. 95). Para o autor, a Revolução Constitucionalista, comandada pelos paulistas descontentes como governo ditatorial, teve como principal reivindicação a convocação de eleições para escolher uma assembleia constituinte. Ao fim da revolta, apesar da derrota dos paulistas, o país ganhou grandes avanços nos direitos políticos pois o governo federal concordou em convocar eleições para a assembleia constituinte que deveria eleger também o presidente da República, introduziu o voto secreto e criou uma justiça eleitoral. “Houve também avanços na cidadania política. Pela primeira vez as mulheres ganharam o direito ao voto” (pág. 101). Em 1934 a Assembleia Constituinte confirmou Getúlio Vargas como presidente e elaborou uma nova constituição. Após muitas disputas travadas entre os dois movimentos políticos criados com o início da constitucionalização, a Aliança Nacional Libertadora (ANL, liderada por Luís Carlos Prestes, de orientação comunista) e a Ação Integralista Brasileira (AIB, dirigida por Plínio Salgado, de orientação fascista), e considerando o cenário mundial com a difusão do comunismo, “a ANL foi fechada e seus seguidores foram perseguidor.” (Pág. 104) O golpe de 1937, que instaurou o Estado Novo, não contou com graves revoltas. Carvalho cita algumas razões que proporcionou a passividade geral: “Uma delas tinha a ver com o apoio dos integralistas ao golpe. (...) Outra razão era a bandeira da luta contra o comunismo. (...)Um terceiro motivo relaciona-se com a postura nacionalista e industrializante do governo.” (Pág. 106-107). Durante o Estado Novo (1937 até 1945), o Brasil viveu sob um regime autoritário, mas não totalitário. Getúlio fechou o congresso, repreendeu os inimigos do regime, censurou e controlou a imprensa, ao mesmo tempo que pregou o desenvolvimento econômico e industrial. Carvalho compara a situação dos direitos políticos e sociais entre os anos de 1930 a 1945. Enquanto os primeiros foram altamente prejudicados pela instabilidade do poder, os outros sobressaíram. No entanto o autor assinala que embora eles tenham se sobressaído, foram implantados num momento de pouca ou nenhuma participação política e em que os direitos civis eram limitados. Este pecado de origem e a maneira como foram distribuídos os benefícios sociais tornaram duvidosa sua definição como conquista democrática e comprometeram em parte sua contribuição para o desenvolvimento de uma cidadania ativa, “Tudo se passava dentro de uma visão que rejeitava o conflito social e insistia na cooperação entre trabalhadores e patrões, supervisionada pelo Estado. Complementando este arranjo, o governo criou órgãos técnicos para substituir o Congresso. Desses órgãos participavam representantes dos empresários e especialistas do próprio governo. A política era eliminada,tudo se discutia como se se tratasse de assunto puramente técnico, a ser decidido por especialistas.” (Pág.110).
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