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Afetividade Adriano C. T. Rodrigues • Dimensão do psiquismo que lhe confere cor, calor e brilho. • Tipificação das vivências afetivas: a) afeto: vivência afetiva que acompanha situações, idéias ou representações específicas. b) humor: tonalidade afetiva de fundo. Composição de todos os afetos, emoções, sentimentos e paixões. Mais longitudinal. c) emoção: vivência afetiva aguda e intensa, induzida por estímulos significativos. Tem expressivos componentes mentais e somáticos. d) paixão: vivência afetiva relativamente intensa e duradoura, caracterizada pela dominação da vida psíquica do indivíduo pela relação com determinado objeto. e) sentimento: vivência afetiva mais tênue e, comumente, mais estável que as emoções e paixões. Dá o tom da relação duradora de um indivíduo com um objeto. Mais marcadamente mental que corporal. Alterações patológicas da afetividade 1. Alterações do humor: 1.1. Alterações amplas do humor (entre pólos): distimias - distimia hipotímica (hipotimia) – humor deprimido. Tristeza patológica. - distimia hipertímica (hipertimia) – humor patologicamente desviado para o polo maníaco. Obs: Para alguns poucos autores, os termos hipotimia e hipertimia não denotariam polarização do humor, mas a intensidade com que os afetos são vividos. Para estes, indivíduos deprimidos não seriam hipotímicos, mas hipertímicos. 1.2. Alterações do humor de maior especificidade: • Euforia – vivência afetiva caracterizada pela alegria intensa e injustificada (alegria patológica). O paciente se mostra exultante. Faz parte do quadro de hipertimia. • Elação – quadro afiliado à euforia, no qual se pode reconhecer uma experiência de expansão do eu. A sensação subjetiva de maior vivacidade psíquica e de maior apreensão e intimidade com o mundo circunstante pode, eventualmente, se associar a uma experiência de grandiosidade. É própria da hipertimia. • Êxtase – quadro em que a vivência de expansão do eu se associa a tamanha intimidade com o mundo circunstante, a ponto de se experimentar uma dissolução do eu. Ocorre na hipertimia, em intoxicações e, ocasionalmente, em contextos místico- religiosos. • Disforia – vivência afetiva desagradável, caracterizada por marcante insatisfação, desconforto subjetivo e inquietação interna. Tipicamente, o quadro se traduz exteriormente em irritabilidade. Ocorre em quadros depressivos, maníacos e transtornos ansiosos (típico de TDP). • Irritabilidade patológica – intolerância aos estímulos ordinariamente aceitáveis, freqüentemente resultando em respostas explosivas. • Ansiedade - antecipação apreensiva de um perigo ou infortúnio, acompanhada por uma sensação de disforia ou sintomas somáticos de tesão. Patológica quando inapropriadamente intensa ou persistente. • Angústia – vivência psíquica de tensão semelhante à ansiedade, mas mais corporificada e não expectante. Patológica quando inapropriadamente intensa ou persistente. • Medo – vivência afetiva semelhante à ansiedade, embora tipicamente mais intensa, na qual o elemento nocivo é tomado como muito mais próximo (espacial ou probabilisticamente). Patológico quando tem intensidade desproporcional à magnitude ou à probabilidade do dano temido (fobia). 2. Alterações dos afetos, emoções e sentimentos • Apatia – vivência subjetiva de reduzida responsividade afetiva. O paciente não consegue experimentar alegria, tristeza, raiva, nem qualquer outra emoção ou flutuação dos afetos. O paciente parece distante. Mais comuns em quadros depressivos. • Anedonia – incapacidade de sentir prazer. Típico de depressões. • Embotamento afetivo – similar à apatia, mas mais profundo, traduzido inclusive numa mímica e gestual emocionalmente esvaziados. O paciente parece vazio e ‘maquinal’. Característico de transtornos da linhagem esquizofrênica. Obs: Alguns poucos autores referem-se ao embotamento afetivo pelo termo ‘atimia’. • Distanciamento ou empobrecimento afetivo – antes do completo embotamento afetivo, o paciente apresenta uma dificuldade progressiva de responder afetivamente. Esta se inicia pelo acometimento da capacidade de experimentar afetos e emoções mais sutis, assim como de viver as micro-flutuações afetivas. • Hipomodulação afetiva – limitada capacidade de exibir as micro-flutuações afetivas normais, implicando num humor rígido (seja de que tipo for). • Labilidade afetiva: Afetos instáveis, rápida e facilmente flutuantes (espontaneamente ou face a estímulos mínimos). Ocorre em quadros depressivos, ansiosos, maníacos e em certos tipos de personalidade. • Incontinência afetiva: Incapacidade de controlar a expressão das emoções, implicando em atuações intempestivas e/ou dramáticas. Em quadros depressivos, ansiosos, maníacos e neurológicos. • Ambivalência afetiva – vivência simultânea de afetos, emoções ou sentimentos contraditórios. Pode ocorrer em pessoas normais, mas são chamativos na esquizofrenia. Também chamada de ‘ambitimia’. • Neotimia / humor delirante / esquizoforia – vivências afetivas completamente novas e diferentes das emoções e afetos normais (previamente conhecidos), emergentes em quadros psicóticos que estão se instalando. • Paratimia – descompasso entre os afetos experimentados e as idéias ou situações vividas. Típica da esquizofrenia ou patologias do lobo frontal.
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