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Semântica e Estilística da Língua Portuguesa Semântica Léxico - Léxico: conjunto de palavras de uma determinada língua. - Palavra: - Significado. - Sentido. Significado - Algo constante que impede emprego arbitrário da palavra. - Algo convencional ou significativo adquirido pela experiência social. - Algo assegura a estabilidade sem deixar que a palavra se converta em caos de significados novos. - Fenômeno constante, fixo, que não permite um “caos” na língua. - É a noção da palavra. Sentido - No concreto da comunicação, o significado se particulariza, se enriquece, se completa... torna-se sentido. - Emprego de uma palavra em uma situação específica. - Em cada situação a palavra adquire significado específico. Verbete - Lexema: sorte. - Semema: 1. fardo, destino; 2. risco, acaso; 3. quinhão que tocou em partilha ou sorteio; 4. modo, maneira. - Exemplo (palavra “sorte”): “A sorte não dura muito tempo, / pois não depende de você. / A Boa Sorte é criada por você, / Por isso dura para sempre”. Alex R. Celma & Fernando T. Bes. Semas Sema / Lexema Poltrona Cadeira Sofá Para sentar-se + + + Com pés / elevado sobre o solo + + + Com encosto + + + Com braços + + + De material rústico - + - Para uma pessoa + + - Polissemia - Polissemia é da ordem do significado. - Uma mesma palavra admite vários significados. - Exemplo: vela (pode ser de barco, de carro, etc). Paranomásia - Consiste na aproximação dos significados pela semelhança dos significantes. - Pode ocorrer por engano do falando (Ex: retificar e ratificar) ou por recurso expressivo em textos poéticos (Ex: “A Rita levou meu sorriso / levou seu retrato, seu trapo, seu prato”, Chico Buarque). Hiperonímia x Hiponímia 1 - Hiperonímia: lexemas que englobam os significados de outros. Ex: flor, veículo. - Hiponímia: lexemas que particularizam o sentido. Ex: violeta, carro. Semântica Lexical - Estuda o significado das palavras de uma língua. - No campo lexical, as palavras definem-se umas em relação às outras e, nesse processo de estruturação do sistema lexical, elas estabelecem diversos tipos de relação, a saber: • A sinonímia. • A antonímia. • A hiperonímia. • A hiponímia. • A homonímia. • A paranomásia. • A polissemia. A Sinonímia - São sinônimos que podem um substituir o outro em determinado contexto. - Embora eles possam se substituir no mesmo contexto, não são sinônimos perfeitos porque as condições de uso serão determinadas pelo discurso. Semântica Formal - Princípio: é preciso conhecer as condições de verdade de uma sentença para sabermos o seu significado. - Signo linguístico: • Referência (aquilo do que se fala). Sentido (o modo de apresentação do objeto). - Significado de uma sentença: condições de verdade, circunstâncias em que a sentença pode ser considerada verdadeira ou falsa. Referência - Constitui o modo de se referir ao objeto a que se refere. - Possibilidades vão além do uso do léxico com contribuição das regras sintáticas. Exs: 1. João ama Maria → agente. 2. Maria ama João → paciente. - Maneiras de se referir a indivíduos no mundo. Ex: o Jogador de futebol: “Ronaldinho”, “o fenômeno”, “o gorducho”. ↓ o Formas definidas reconhecidas por nós devido às condições que as tornam verdadeiras. ↓ o A verdade não está relacionada ao que é inerente ao ser referido, mas à construção dela no contexto social em que o referido se encontra. - Referência: todas as expressões apontam para o mesmo indivíduo no mundo, ao jogador que se chama Ronaldo. - Sentido: cada uma das expressões tem um sentido diferente, pois elas nos informam que o indivíduo Ronaldo pode ser encontrado no mundo por caminhos diferentes. Acarretamento - No nível da palavra, quando temos a hiponímia e a hiperonímia, observamos que há o significado de uma palavra contido no significado de outra. - Pode-se, então, transferir essa noção para o nível da sentença para se chegar à noção de acarretamento. Ex: 1. João continua fumando. 2. João fuma desde adolescente. 2 - A informação no enunciado (2) está contida em (1). - (2) é hipônimo de (1) isto é, a afirmação em (1) acarreta a afirmação em (2). - Se estabelece exclusivamente entre referências. No caso acima o referente é João. - Uma sentença acarreta outra se a verdade da primeira garante a verdade da segunda ou a falsidade da segunda garante a falsidade da primeira. Pressuposição - Vai além do conteúdo informacional da sentença está relacionada às condições de uso determinados pelo discurso. - Uma informação é pressuposta quando ela se mantém mesmo que seja negada. Ex: o Luiz parou de fumar. Linguagem Figurada - Metáfora: deixa o locutor deduzir o que há de comum entre dois seres. o Ex: O homem era um touro. - Símile (ou comparação): a comparação é dita, mostra o que há de comum entre os dois seres. o Ex: O homem era forte como um touro. - Quatro elementos explícitos: 1. Comparado ou termo real (homem). 2. Comparante ou termo irreal, imaginário, metafórico (touro). 3. Análogo, que explica o ponto comum entre os dois termos (forte). 4. E o nexo gramatical “como”. - Metonímia: substantivo que designa uma realidade. A é substituída por outra palavra que designa uma realidade B, em virtude de uma relação de vizinhança. • Ex 1: “ter um teto para morar”, “o pão nosso de cada dia”. • Ex 2: “Na verdade a mão escrava / Passava a vida limpando / O que o banco sujava, ê”, Chico & Gil. - Sinédoque: é a troca de palavras com significado de diferente extensão, havendo entre elas uma relação de inclusão. - Estilística da frase: • Objeto: combinação das regras estabelecidas pela norma gramatical e desvios expressivos na ordem da sintaxe. • Frases: exprimem um estado, um sentido e são classificadas em: 1. Declarativos: expressão de um fato – uso do ponto final. 2. Exclamativos: expressão de sentimentos variados – ponto de exclamação. 3. Imperativos: expressão de um fato desejável ou ordem. 4. Interrogativos: expressão de um fato emotivo ou apelativo. Figuras - Anacoluto: ruptura da ordem “lógica” da frase. Um recurso utilizado nos diálogos que procuram reproduzir na escrita a língua falada. • Ex: “Deixe me ver... É necessário começar por... Não, não, o melhor é tentar novamente o que foi feito ontem”. - Anáfora: repetição sistemática de termos ou de estruturas sintáticas no princípio de diferentes frases ou de membros da mesma frase. É um recurso de ênfase e coesão. • Ex: “Vi uma estrela tão alta Vi uma estrela tão fria Vi uma estrela luzindo Na minha vida vazia” (Manuel Bandeira). 3 - Assíndeto: é a coordenação de termos ou ações sem utilização de conectivo. Esse recurso costuma imprimir lentidão ao ritmo narrativo. • Ex: Ela caiu, machucou-se. - Polissíndeto: é o uso repetido da conjunção (do conectivo) entre elementos coordenados. Recurso que acelera o ritmo da narrativa. • Ex 1: “O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora” (Machado de Assis). • Ex 2: “Do Claustro, na paciência e no sossego Trabalhe, e teima, e lima, e sofre, e sua” (Olavo Bilac). - Catacrese: palavra que perdeu o sentido original. • Ex: Salário (= pagamento que era feito com sal). - Eufemismo: locução ou acepção mais agradável, o que se lança mão para suavizar ou minimizar outra palavra. • Ex: Partiu dessa para melhor. - Hipérbole: exagero, ou seja, aumentamos, enfatizamos e exageramos um termo. • Ex: Ele já disse um milhão de vezes. - Gradação: encadeia palavras cujos significados têm efeitos cumulativos. • Ex: Os grandes projetos de colonização resultaram em pilhas de papéis velhos (crescente), restos de obras inacabadas, hectares de floresta devastada (decrescente) milhares defamílias abandonadas à própria sorte. - Hipérbato: inversão da ordem natural das palavras. • Ex: De tudo, ao meu amor serei atento. (Serei atento ao meu amor antes de tudo). - Perífrase: o uso de um dos atributos ao ser que serve para indicá-lo. • Ex: Na floresta todo mundo sabe quem é o rei da floresta. - Silepse: figura pela qual a concordância das palavras se faz de acordo com o sentido, e não segundo as regras gramaticais. Pode ser de pessoa, número ou gênero. • Ex: A gente somos felizes. - Sinestesia: a aproximação de sensações diferentes. • Ex: Naquele momento, senti um cheiro vermelho de ódio. - Ironia: utilização de palavras que devem ser compreendidas no sentido oposto do que aparentam transmitir. • Ex: Nossa que lindo! Parece um filhote de hipopótamo! - Pleonasmo: repetição, no falar ou no escrever, de ideias ou palavras que tenham o mesmo sentido. • Ex: A mim só me restou a esperança de dias melhores. Estilística da Enunciação - Referência extralinguística: pronome recuperado fora do texto. Ex: Eu gosto de ler. - Referência linguística: pronome recuperado dentro do texto. Ex: João tem uma carteira. Ela é de couro. - Elementos que são recuperados fora do texto: • Eu • Tu / Você • Aqui (Momento / • Agora lugar de produção). - Pronomes endofóricos: dentro do texto. - Pronomes exofóricos: fora do texto. - Pronomes que causam ambiguidade: • Ele / Ela • Seu / Sua • Dele / Dela 4 - Os pronomes que causam ambiguidade podem ser linguísticos ou extralinguísticos. Ex: Jorge achou o cargo ideal para ele. (É para ele, Jorge, ou para outra pessoa que está fora do texto?). - Enunciado: texto pronto. - A partir do enunciado é possível encontrar elementos de enunciação e recuperá-las. - Nem todo enunciado apresenta enunciação. - Relação dêitica: fora do texto. - Relação anafórica: dentro do texto. 5
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