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PODER JUDICIÁRIO 
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) 
Processo Orig.: 0002721-24.2014.4.01.3603 
Documento de 9 páginas assinado digitalmente. Pode ser consultado pelo código 11.850.383.0100.2-86, no endereço www.trf1.jus.br/autenticidade. 
Nº Lote: 2014083349 - 8_1 - AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) - TR190803 
RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE 
AGRAVANTE : INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS 
NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA 
PROCURADOR : ADRIANA MAIA VENTURINI 
AGRAVADO : MARCIO ARTHUR PAGLIARINI MEDEIROS 
ADVOGADO : JOYCE CARLA MARZOLA DE ANDRADE HEEMANN 
ADVOGADO : JIANCARLO LEOBET 
ADVOGADO : RUI HEEMANN JUNIOR 
ADVOGADO : ALCIR FERNANDO CESA 
ADVOGADO : GEIZYBEL ROBERTA DE SOUZA ROSA 
DECISÃO 
Cuida-se de agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo, 
interposto contra decisão proferida pelo juízo da 1ª Vara Federal da Subseção 
Judiciária de Sinop/MT, nos autos da ação ajuizada por MÁRCIO ARTHUR 
PAGLIARINI MEDEIROS contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em que se busca a concessão de 
provimento judicial, no sentido de que seja anulado o Termo de Embargo nº 
621735-C, lavrado contra a suplicante, em virtude de desmatamento de floresta 
nativa, sem a competente autorização do órgão ambiental competente. 
Na decisão impugnada, o juízo monocrático deferiu o pedido de 
antecipação da tutela postulada no feito de origem, sob o fundamento de que, a 
despeito da efetiva ocorrência do desmatamento noticiado nos autos, após a 
edição do novo Código Florestal, o órgão ambiental haveria de adotar, 
preferencialmente, as demais medidas compensatórias do dano ambiental, ali 
previstas, não se podendo admitir a imposição, de plano, do embargo às atividades 
do suplicante. 
Em suas razões recursais, sustenta a autarquia recorrente, em 
resumo, a legitimidade do auto de infração e do embargo em referência, 
destacando que, além de terem sido lavrados antes da edição do novo Código 
PODER JUDICIÁRIO fls.2/9
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) 
Processo Orig.: 0002721-24.2014.4.01.3603 
Documento de 9 páginas assinado digitalmente. Pode ser consultado pelo código 11.850.383.0100.2-86, no endereço www.trf1.jus.br/autenticidade. 
Nº Lote: 2014083349 - 8_1 - AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) - TR190803 
Florestal, a área, a que se reportam, não se trata de mera área de reserva legal, 
mas sim, de área de especial preservação, encravada na Floresta Amazônica, a 
autorizar a adoção das medidas adotadas, ante o flagrante desmatamento, sem a 
indispensável autorização do órgão ambiental. 
*** 
Não obstante os fundamentos em que se amparou a decisão 
agravada, vejo presentes, na espécie, os pressupostos do art. 558 do CPC, a 
autorizar a concessão da almejada antecipação da tutela recursal, por se afinar 
com a tutela cautelar constitucionalmente prevista no art. 225, § 1º, V e respectivo 
§ 3º, da Constituição Federal, na linha auto-aplicável de imposição ao poder 
público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, como bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, para as presentes e gerações futuras (CF, art. 225, caput), tudo 
em harmonia com o princípio da precaução. 
Há de ver-se, porém, que, em homenagem à tutela ambiental acima 
referida, ações agressoras do meio ambiente, como a noticiada nos autos de 
origem, devem ser rechaçadas e inibidas, com vistas na preservação ambiental, 
em referência. Na espécie dos autos, contudo, o desmatamento noticiado, que já 
se operou, e o conseqüente dano ambiental, que já se materializou, não afastam 
as medidas de cautelas necessárias, a fim de evitar-se o agravamento desse dano 
ambiental, sem descurar-se das medidas de total remoção do ilícito ambiental, na 
espécie, bem assim, da tutela de precaução, para inibir outras práticas agressoras 
do meio ambiente, naquela área afetada. 
Há que se ressaltar, ainda, que a área descrita nos autos encontra-se 
situada nos limites da Amazônia Legal, patrimônio nacional, nos termos do art. 
225, § 4º, da Constituição Federal, inserida, assim, em área de especial proteção 
ambiental, competindo ao Poder Legislativo, dentro dos princípios constitucionais 
que regem o exercício do direito de propriedade, estabelecer normas, limitando ou 
proibindo o exercício de atividades que ameacem extinguir, em área legalmente 
PODER JUDICIÁRIO fls.3/9
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) 
Processo Orig.: 0002721-24.2014.4.01.3603 
Documento de 9 páginas assinado digitalmente. Pode ser consultado pelo código 11.850.383.0100.2-86, no endereço www.trf1.jus.br/autenticidade. 
Nº Lote: 2014083349 - 8_1 - AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) - TR190803 
protegida, as espécies raras da biota regional, sujeitando-se o infrator ao embargo 
das iniciativas irregulares, tais como a medida cautelar de apreensão do material e 
das máquinas usadas nessas atividades, com a obrigação de reposição e 
reconstituição, tanto quanto possível, da situação anterior e a imposição de multas 
(Lei nº 6.902/81, art. 9, d, e respectivo § 2º), sem prejuízo da apuração da 
responsabilidade criminal, eis que tal fato constitui, em tese, os ilícitos ambientais 
previstos nos arts. 48 e 50-A da Lei nº 9.605/98, que assim dispõe: 
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e 
demais formas de vegetação: 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, 
plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem 
autorização do órgão competente: 
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. 
Não cabe invocar-se, aqui, categorias jurídicas de direito privado, para 
impor a tutela egoística da propriedade privada, a descurar-se de sua determinante 
função social e da supremacia do interesse público, na espécie, em total agressão 
ao meio ambiente, que há de ser preservado, a qualquer custo, de forma 
ecologicamente equilibrada, para as presentes e futuras gerações, em dimensão 
difusa, na força determinante dos princípios da prevenção e da participação 
democrática (CF, art. 225, caput). 
Na ótica vigilante da Suprema Corte, “a incolumidade do meio 
ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar 
dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se 
tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional 
que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia 
a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e 
abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de 
meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral (...) O 
princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter 
eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos 
PODER JUDICIÁRIO fls.4/9
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) 
Processo Orig.: 0002721-24.2014.4.01.3603 
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Nº Lote: 2014083349 - 8_1 - AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) - TR190803 
internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtençãodo 
justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no 
entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre 
valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância 
não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos 
direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz 
bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em 
favor das presentes e futuras gerações” (ADI-MC nº 3540/DF – Rel. Min. Celso 
de Mello – DJU de 03/02/2006)”. 
Sobre o tema, trago à colação precedentes jurisprudenciais deste 
egrégio Tribunal, in verbis: 
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
AJUIZADA PELO IBAMA PARA IMPEDIR DESMATAMENTO OU 
QUALQUER ESPÉCIE DE EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE 
PECUÁRIA OU FLORESTAL SOBRE ÁREA DA AMAZÔNIA LEGAL. 
DESOCUPAÇÃO E RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA. 
AUTUAÇÃO POR INFRAÇÃO E IMPOSIÇÃO DE MULTA. 
INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO. EXTINÇÃO DO 
PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO SOB FUNDAMENTO 
DE FALTA DE INTERESSE DE AGIR DO IBAMA ENQUANTO NÃO 
ESGOTADA PELO ADMINISTRADO A VIA ADMINISTRATIVA. 
REFORMA DE SENTENÇA. PRESENÇA DO INTERESSE DE AGIR 
EM JUÍZO DO ÓRGÃO AMBIENTAL PARA REPARAÇÃO CÍVEL DO 
DANO. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS A ORIGEM PARA REALIZAÇÃO 
DE PERÍCIA TÉCNICA REQUERIDA PELO RÉU APELADO E PARA 
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. PEDIDO DE CONCESSÃO DE LIMINAR 
FORMULADO PELO IBAMA EM SEDE DE APELAÇÃO FUMUS BONI 
IURIS E PERICULUM IN MORA. 1. O IBAMA ajuizou ação civil pública 
ambiental contra João Ismael Vincentini alegando que, no dia 27 de 
maio de 2007, agentes de fiscalização do IBAMA constataram a 
prática de ilícito ambiental pelo réu, consiste na destruição de 698,31 
hectares de floresta nativa da Amazônia Legal, sem autorização do 
órgão ambiental competente. 2. Lavrou-se em desfavor do réu auto de 
infração (nº 544734) multa simples e embargo de atividade na área 
destruída. O réu apresentou defesa no processo administrativo que foi 
rejeitada pela autoridade, o que levou o autuado a interpor recurso 
administrativo. 3. O juízo a quo julgou o IBAMA carecer de interesse 
processual para ajuizamento da ação civil pública de reparação de 
dano, considerando requisito para a demanda o esgotamento da via 
administrativa. 4. Existe interesse processual quando a parte tem 
PODER JUDICIÁRIO fls.5/9
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) 
Processo Orig.: 0002721-24.2014.4.01.3603 
Documento de 9 páginas assinado digitalmente. Pode ser consultado pelo código 11.850.383.0100.2-86, no endereço www.trf1.jus.br/autenticidade. 
Nº Lote: 2014083349 - 8_1 - AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) - TR190803 
necessidade de ir a juízo pedir a tutela pretendida. O ajuizamento da 
ação indenizatória contra o causador de dano ambiental que 
demonstra não querer cessar o dano ou repara-lo significa 
observância, por parte do IBAMA, do princípio da precaução. Em face 
do periculum in mora não é possível se aguardar anos do fim do 
processo administrativo para o ajuizamento da ação cível de 
reparação de dano ambiental. 5. Sentença reformada para determinar 
o retorno dos autos à origem para realização de prova pericial 
requerida pelo réu e para resolução do mérito. Apelação do IBAMA 
provida. 6. Pedido de liminar. A autarquia federal imputa ao réu o 
desmatamento ilícito de 698, 31 hectares de floresta nativa da 
Amazônia Legal (imagens de fls 172), fato não diretamente impugnado 
pelo réu, que alega que recebeu autorização de órgãos competentes 
para explorar mediante corte raso 763,9274 hectares. 7. O Estado do 
Mato Grosso está na denominada Amazônia Legal e o Município de 
Feliz Natal está dentro desse bioma. Os desmatamentos na Amazônia 
conduziram o Brasil do 16º lugar entre os países que mais emitem 
gases de efeito estufa para o 3º lugar de menor poluidor do planeta. É 
fato que 70% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil são 
produzidas pelo desmatamento e 80% das emissões está na 
Amazônia. 8. Estudos recentes revelam que o desaparecimento da 
Floresta Amazônica alteraria o regime de chuvas em várias regiões do 
globo, da Baía do Prata até o Oriente Médio, além da desertificação do 
Centro-Oeste brasileiro e semi-desertificação no Sudeste do país. A 
diminuição das chuvas teria efeito devastador na agricultura no Mato 
Grosso, Goiás e em São Paulo e em outras partes do mundo como sul 
dos Estados Unidos e México. 9. O Estado do Mato Grosso detém 
estatísticas com os maiores índices de desmatamento. Os alertas do 
sistema DETER indicam desmatamento por corte raro (67,5%) e por 
degradação florestal de alta intensidade. Desde novembro de 2007 a 
exploração predatória da Floresta Amazônica tem sido intensa no 
Estado de Mato Grosso e é neste contexto que deve ser examinado o 
pedido de liminar requerida pelo IBAMA em sede de apelação. 10. O 
desmate com corte raro de 698,3/ha de floresta nativa, na Amazônia 
Legal, com ou sem autorização do IBAMA altera adversamente as 
características do meio ambiente. A ocorrência de degradação da 
qualidade ambiental decorrente da atividade do réu afeta 
desfavoravelmente a biota, ex vi do art. 3º da Lei 6.938/1981. 11. No 
que tange ao periculum in mora, sabe-se que os danos ambientais têm 
efeito continuado e a demora da interrupção da atividade lesiva só 
agrava o dano ecológico e a possibilidade de retorno do status quo 
ante. 12. O desmatamento incontrolado para prática de pastagem e 
plantio de soja em área protegida e a necessidade de se manter o 
equilíbrio ecológico global, impõe a concessão da liminar requerida 
pelo IBAMA para ordenar: (a) que o réu se abstenha de promover o 
PODER JUDICIÁRIO fls.6/9
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) 
Processo Orig.: 0002721-24.2014.4.01.3603 
Documento de 9 páginas assinado digitalmente. Pode ser consultado pelo código 11.850.383.0100.2-86, no endereço www.trf1.jus.br/autenticidade. 
Nº Lote: 2014083349 - 8_1 - AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) - TR190803 
desmatamento ou qualquer outra espécie de exploração ou atividade 
agropecuária ou florestal sobre a área desmatada, sob pena de multa 
diária de R$ 100,00 (cem reais) por hectare; (b) desocupação imediata 
pelo réu e seus prepostos da área degradada, sob pena de multa 
diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais); (c) suspensão do réu da 
participação em linha de financiamento oficiais de crédito, até 
julgamento final da ação; (d) suspensão a incentivos e benefícios 
fiscais. 13. Oficiar ao Banco Central, a Receita Federal do Brasil, à 
Secretaria do Estado de Mato Grosso e Secretaria da Fazenda do 
Município de Feliz Natal. 
(AC 0002835-36.2009.4.01.3603 / MT, Rel. DESEMBARGADORA 
FEDERAL SELENE MARIA DE ALMEIDA, QUINTA TURMA, e-DJF1 
p.570 de 07/12/2012) 
Registre-se, por oportuno, que, não obstante as razões lançadas pelo 
douto juízo monocrático, no sentido de adequar-se a atuação do órgão ambiental 
às novas diretrizes estabelecidas no novo Código Florestal, no caso concreto, os 
autos de infração e embargo foram lavrados muito antes da sua edição, não se 
podendo admitir a imposição da sua observância, na hipótese em comento. 
Nessa linha de entendimento, confiram-se, dentre outros, os seguintes 
julgados: 
ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ÁREA DE 
PRESERVAÇÃO PERMANENTE. FORMAÇÃO DA ÁREA DE 
RESERVA LEGAL. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. SÚMULA 83/STJ. 
PREJUDICADA A ANÁLISE DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. 
SUPERVENIÊNCIA DA LEI 12.651/12. IMPOSSIBILIDADE DE 
APLICAÇÃO IMEDIATA. IRRETROATIVIDADE. PROTEÇÃO AOS 
ECOSSISTEMAS FRÁGEIS. INCUMBÊNCIA DO ESTADO. 
INDEFERIMENTO. 
1. A jurisprudência desta Corte está firmada no sentidode que os 
deveres associados às APPs e à Reserva Legal têm natureza de 
obrigação propter rem, isto é, aderem ao título de domínio ou posse, 
independente do fato de ter sido ou não o proprietário o autor da 
degradação ambiental. Casos em que não há falar em culpa ou nexo 
causal como determinantes do dever de recuperar a área de 
preservação permanente. 
2. Prejudicada a análise da divergência jurisprudencial apresentada, 
porquanto a negatória de seguimento do recurso pela alínea "a" do 
permissivo constitucional baseou-se em jurisprudência recente e 
consolidada desta Corte, aplicável ao caso dos autos. 
PODER JUDICIÁRIO fls.7/9
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) 
Processo Orig.: 0002721-24.2014.4.01.3603 
Documento de 9 páginas assinado digitalmente. Pode ser consultado pelo código 11.850.383.0100.2-86, no endereço www.trf1.jus.br/autenticidade. 
Nº Lote: 2014083349 - 8_1 - AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) - TR190803 
3. Indefiro o pedido de aplicação imediata da Lei 12.651/12, 
notadamente o disposto no art. 15 do citado regramento. 
Recentemente, esta Turma, por relatoria do Ministro Herman 
Benjamin, firmou o entendimento de que "o novo Código Florestal 
não pode retroagir para atingir o ato jurídico perfeito, direitos 
ambientais adquiridos e a coisa julgada, tampouco para reduzir 
de tal modo e sem as necessárias compensações ambientais o 
patamar de proteção de ecossistemas frágeis ou espécies 
ameaçadas de extinção, a ponto de transgredir o limite 
constitucional intocável e intransponível da 'incumbência' do 
Estado de garantir a preservação e restauração dos processos 
ecológicos essenciais (art. 225, § 1º, I)." 
Agravo regimental improvido. 
(AgRg no AREsp 327.687/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2013, DJe 26/08/2013) 
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. NOVO CÓDIGO 
FLORESTAL (LEI 12.651/2012). REQUERIMENTO. PEDIDO DE 
RECONSIDERAÇÃO CONTRA ACÓRDÃO. INVIABILIDADE. 
PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. RECEBIMENTO COMO 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC 
NÃO APONTADA. AUTO DE INFRAÇÃO. IRRETROATIVIDADE DA 
LEI NOVA. ATO JURÍDICO PERFEITO. DIREITO ADQUIRIDO. ART. 
6º, CAPUT, DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO 
BRASILEIRO. 
1. Trata-se de requerimento apresentado pelo recorrente, proprietário 
rural, no bojo de "ação de anulação de ato c/c indenizatória", com 
intuito de ver reconhecida a falta de interesse de agir superveniente do 
Ibama, em razão da entrada em vigor da Lei 12.651/2012 (novo 
Código Florestal), que revogou o Código Florestal de 1965 (Lei 4.771) 
e a Lei 7.754/1989. Argumenta que a nova legislação "o isentou da 
punição que o afligia", e que "seu ato não representa mais ilícito 
algum", estando, pois, "livre das punições impostas". Numa palavra, 
afirma que a Lei 12.651/2012 procedera à anistia dos infratores do 
Código Florestal de 1965, daí sem valor o auto de infração ambiental 
lavrado contra si e a imposição de multa de R$ 1.500, por ocupação e 
exploração irregulares, anteriores a julho de 2008, de Área de 
Preservação Permanente nas margens do rio Santo Antônio. 
2. O requerimento caracteriza, em verdade, pleito de reconsideração 
da decisão colegiada proferida pela Segunda Turma, o que não é 
admitido pelo STJ. Nesse sentido: RCDESP no AgRg no Ag 
1.285.896/MS, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, Segunda Turma, DJe 
29.11.2010; AgRg nos EREsp 1.068.838/PR, Rel. Ministra Nancy 
Andrighi, Corte Especial, DJe 11.11.2010; PET nos EDcl no AgRg no 
Ag 658.661/MG, Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior, Quarta Turma, 
PODER JUDICIÁRIO fls.8/9
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) 
Processo Orig.: 0002721-24.2014.4.01.3603 
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Nº Lote: 2014083349 - 8_1 - AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) - TR190803 
DJe 17.3.2011; RCDESP no CC 107.155/MT, Rel. Ministro Aldir 
Passarinho Junior, Segunda Seção, DJe 17.9.2010; RCDESP no Ag 
1.242.195/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 
3.9.2010. Por outro lado, impossível receber pedido de reconsideração 
como Embargos de Declaração, sob o manto do princípio da 
fungibilidade recursal, pois não se levanta nenhuma das hipóteses do 
art. 535 do CPC. 
3. Precedente do STJ que faz valer, no campo ambiental-
urbanístico, a norma mais rigorosa vigente à época dos fatos, e 
não a contemporânea ao julgamento da causa, menos protetora 
da Natureza: O "direito material aplicável à espécie é o então 
vigente à época dos fatos. In casu, Lei n. 6.766/79, art. 4º, III, que 
determinava, em sua redação original, a 'faixa non aedificandi de 15 
(quinze) metros de cada lado' do arroio" (REsp 980.709/RS, Rel. 
Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 2.12.2008). 
4. Ademais, como deixa claro o novo Código Florestal (art. 59), o 
legislador não anistiou geral e irrestritamente as infrações ou extinguiu 
a ilicitude de condutas anteriores a 22 de julho de 2008, de modo a 
implicar perda superveniente de interesse de agir. Ao contrário, a 
recuperação do meio ambiente degradado nas chamadas áreas rurais 
consolidadas continua de rigor, agora por meio de procedimento 
administrativo, no âmbito de Programa de Regularização Ambiental - 
PRA, após a inscrição do imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR 
(§ 2°) e a assinatura de Termo de Compromisso (TC), val endo este 
como título extrajudicial (§ 3°). Apenas a partir daí "serão suspensas" 
as sanções aplicadas ou aplicáveis (§ 5°, grifo acrescentado ). Com o 
cumprimento das obrigações previstas no PRA ou no TC, "as multas" 
(e só elas) "serão consideradas convertidas em serviços de 
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente". 
5. Ora, se os autos de infração e multas lavrados tivessem sido 
invalidados pelo novo Código ou houvesse sido decretada anistia geral 
e irrestrita das violações que lhe deram origem, configuraria patente 
contradição e ofensa à lógica jurídica a mesma lei referir-se a 
"suspensão" e "conversão" daquilo que não mais existiria: o legislador 
não suspende, nem converte o nada jurídico. 
Vale dizer, os autos de infração já constituídos permanecem 
válidos e blindados como atos jurídicos perfeitos que são - 
apenas a sua exigibilidade monetária fica suspensa na esfera 
administrativa, no aguardo do cumprimento integral das 
obrigações estabelecidas no PRA ou no TC. Tal basta para bem 
demonstrar que se mantém incólume o interesse de agir nas 
demandas judiciais em curso, não ocorrendo perda de objeto e 
extinção do processo sem resolução de mérito (CPC, art. 267, VI). 
6. Pedido de reconsideração não conhecido. 
PODER JUDICIÁRIO fls.9/9
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) 
Processo Orig.: 0002721-24.2014.4.01.3603 
Documento de 9 páginas assinado digitalmente. Pode ser consultado pelo código 11.850.383.0100.2-86, no endereço www.trf1.jus.br/autenticidade. 
Nº Lote: 2014083349 - 8_1 - AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0053864-94.2014.4.01.0000/MT (d) - TR190803 
(PET no REsp 1240122/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 02/10/2012, DJe 19/12/2012) 
*** 
Com estas considerações, defiro o pedido de antecipação da tutela 
recursal, formulado na inicial, para sobrestar a eficácia da decisão agravada, até o 
pronunciamento definitivo da Turma julgadora. 
Comunique-se, com urgência, via FAX, ao juízo monocrático, para fins 
de ciência. 
Intime-se o agravado, nos termos e para as finalidades do art. 527, V, 
do CPC, abrindo-se vistas, após, à douta Procuradoria Regional da República, na 
forma regimental.Publique-se. 
Brasília, 23 de setembro de 2014. 
Desembargador Federal SOUZA PRUDENTE 
Relator 
Documento contendo 9 páginas assinado digitalmente pelo(a) DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE, 
conforme MP nº 2.200-2, de 24/08/2001, que instituiu a infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileiras - ICP-Brasil e Res. nº 
397, de 18/10/2004, do Conselho da Justiça Federal. A autenticidade do documento pode ser verificada no site 
www.trf1.jus.br/autenticidade, informando o código verificador 11.850.383.0100.2-86.

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