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CORONAVÍRUS CANINO

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ENTERITE VIRAL CANINA POR CORONAVÍRUS CANINO (CVC ou CCoV)
Introdução
O Coronavírus Canino (CVC), é um vírus cosmopolita e endêmico em populações caninas. Cães de todas as raças e idades, são susceptíveis, todavia, filhotes tem mais susceptibilidade à doença, apresentando sinais de maior gravidade. 
A despeito de seu caráter endêmico, a doença causada pelo coronavirus canino (CVC) não está totalmente esclarecida. Somente após o aparecimento da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em seres humanos causada por um coronavirus em 2002, isolado de um mamífero selvagem, foram desenvolvidos estudos mais amplos com coronavirus de várias espécies, buscando suas variantes circulantes, mas no Brasil, ainda há poucos estudos sobre a presença dos CVC e suas variabilidades. 
Enterites virais são responsáveis por altas taxas de morbidade e mortalidade na clínica de pequenos animais e, embora existam diversos agentes etiológicos descritos, o CVC e o parvovírus canino (CPV) ainda são os principais patógenos causadores de gastroenterite aguda em cães jovens.
2. Etiologia
Segundo Ettiger & Feldman (2004), o coronavírus canino é um vírus RNA envelopado, é membro da família Coronaviridae (CVC). Diversas cepas do CVC foram isoladas de surtos de doenças diarreica em cães. O CVC é razoavelmente resistente e consegue permanecer infeccioso por longos períodos durante os meses de inverno. 
Esse vírus pode ser inativado pela maioria dos detergentes e desinfetantes comerciais. 
É considerado o principal patógeno responsável pela gastroenterite viral aguda em cães filhotes, causando, em alguns casos, alta morbidade e mortalidade, sobretudo em função da capacidade de potencializar infecções por outros agentes. 
Esses vírus estão distribuídos mundialmente na população canina, sendo responsáveis por diversos surtos em muitos países, sobretudo onde ocorre grande concentração de animais, como abrigos e canis (PINTO, 2013).
3. Epidemiologia
Cães de todas as idades e raças são susceptíveis à infecção pelo coronavírus canino. No entanto os filhotes são mais sensíveis e frequentemente desenvolvem sinais clínicos de enterite, além de apresentarem índices maiores de mortalidade. 
A doença ocorre com maior frequência em canis, abrigos e locais onde há convívio entre os cães. O vírus é altamente contagioso e dissemina-se rapidamente na população canina (FLORES, 2012). 
Segundo Ettinger & Feldman (2004), a real importância do CVC como causa de enterite infecciosa em cães é desconhecida. As informações disponíveis sugerem que esse vírus está presente indefinidamente na população de cães e é uma causa infrequente de enterite infecciosa. 
Quando presente, o agente dissemina-se rapidamente entre os grupos de cães suscetíveis. Os filhotes neonatos são acometidos de forma mais grave do que os filhotes na idade de desmame e os cães adultos. 
A infecção conjunta com outros vírus (parvovírus, adenovírus ou vírus da cinomose), bactérias ou parasitas geralmente produzem uma forma mais severa e até mesmo fatal da doença. 
O estresse é outro fator que pode agravar as manifestações clínicas. Quando não ocorre agravamento dos sinais, a recuperação clínica acontece após uma semana de infecção (FLORES, 2012).
4. Forma de transmissão e via de infecção
A via de infecção é fecal-oral e a replicação começa nas vilosidades, assim que o vírus atinge o intestino delgado. Após dois dias da infecção, as partículas virais já são excretadas pelas fezes e os sinais clínicos iniciam entre 1 e 4 dias após a infecção (FLORES, 2012). 
A principal fonte do vírus são as fezes de cães infectados, além de fômites contaminados, contato direto com as fezes infectadas ou com outros cães e também pelo hábito da coprofagia.
O vírus pode ser excretado nas fezes por até 2 semanas após a infecção, porém alguns estudos demonstraram a ocorrência de eliminação por longos períodos (entre 37 e 180 dias). 
Cães assintomáticos também podem excretar o vírus nas fezes por períodos prolongados (FLORES, 2012). O CVC é eliminado nas fezes por duas semanas ou mais e a contaminação fecal do ambiente é a principal fonte de transmissão (ETTINGER & FELDMAN, 2004). 
5. Patogenia
Após a ingestão do vírus o mesmo atinge o intestino delgado dos animais, replicando-se nas vilosidades do epitélio intestinal, provocando um início súbito de diarreia, entre um e quatro dias após a infecção, sendo algumas vezes precedida por vômitos. 
As fezes são de coloração alaranjada e odor desagradável e raramente apresentam sangue. A doença é grave e pode ter curso fatal para os filhotes (PRATELLI et al.,1999).
O vírus passa pelo estômago, pois resiste ao pH ácido, chega ao duodeno, onde se replica na camada epitelial e dissemina-se na superfície intestinal até o íleo. Não foi demonstrada a replicação do vírus no colón. 
O vírus pode, ainda, se disseminar pelos linfonodos mesentéricos e ocasionalmente, alcançar o baço e o fígado.
Pinto. L.D apud Nelson e Couto (2006) e Morais e Costa (2012) afirmam que algumas raças como Dobermann, Labrador, Pastor Alemão, Pit Bull e Rottwailler seriam mais susceptíveis ao desenvolvimento de forma mais agravada da doença.
6. Sinais clínicos
Ettinger & Feldman (2004), afirmam ser difícil diferenciar o CVC de outras causas de enterites infecciosas. 
Os cães infectados, geralmente, apresentam uma súbita diarreia, às vezes precedida por vômitos. Essas fezes têm coloração alaranjada, sendo de odor desagradável e, dificilmente, apresentam-se sanguinolentas.
A febre surge ocasionalmente, mas a anorexia, apatia e sinais letárgicos são comuns. Nos casos mais graves, a diarreia torna-se aquosa provocando desidratação e desequilíbrio eletrolítico. 
No aspecto macroscópico, o intestino delgado apresenta-se dilatado, com a mucosa hiperemiada podendo, eventualmente, exibir sinais hemorrágicos. Seu conteúdo é liquido, de coloração amarelada, com linfonodos mesentéricos edemaciados.
A recuperação ocorre, naturalmente, entre uma a duas semanas na maioria dos cães acometidos. Porém, na presença de doenças secundárias ou co-infecções virais como o parvovirus, bacterianas ou parasitárias, o curso clínico do CVC será agravado e prolongado. 
7. Diagnóstico
O diagnóstico definitivo da doença é de difícil conclusão, segundo Ettinger & Feldman (2004).
A detecção do vírus nas fezes ou intestino é a forma mais utilizada para o diagnóstico, diferenciando-a de outros agentes causadores de enterite (CPV, CAV, rotavirus e o vírus da cinomose canina). Outros métodos diagnósticos como a técnica de RT-PCR realizada diretamente das fezes, têm sido utilizados, principalmente em pesquisas, pois são capazes de detectar menores quantidades de vírus excretados nas fezes, por maiores períodos de tempo (PRATELLI et al., 2006).
Entre as técnicas sorológicas temos a soroneutralização (SN), imunoperoxidase (IPX) e o ELISA. Porém a sorologia tem pouca utilidade diagnóstica, já que a detecção de anticorpos no soro não indica necessariamente exposição recente ao agente e também pelo coronavírus estar francamente disseminado na população canina, sendo infecção, muitas vezes, subclínica.
 Há um kit de ELISA que detecta IgM, disponível comercialmente para uso em clínicas e consultórios. Alguns estudos com inoculações experimentais demonstraram a presença de IgM no plasma 3 dias após a inoculação, assim, pode-se inferir que a presença de tal imuglobulina no soro indica infecção recente pelo CVC (BRANDÃO, LOVATO e SLHESSARENKO, 2012).
O isolamento do vírus pode ser realizado em células primárias de rim e membrana sinovial canina (FLORES, 2012).
8. Tratamento
Para Flores (2012) tratamento básico é de suporte para manter o equilíbrio hidroeletrolítico. Antibióticos de amplo espectro podem ser necessários para tratar infecções bacterianas secundárias (ETTINGER & FELDMAN, 2004). Além disso, o controle de infecções parasitárias deve ser realizado. 
As condições de estresse ocasionadas por superpopulação, desmame precoce etc., as quais podem imunossuprimir o animal, favorecendo o desenvolvimentoda enterite nos susceptíveis infectados, também devem ser observadas.
9. Prevenção e controle
Existem vacinas com vírus inativados para controle da doença, mas sua eficácia é controversa. As vacinas com vírus atenuados foram testadas com bons resultados, pois cães vacinados por via oral, apresentam títulos mais altos de IgA do que cães vacinados pela via intramuscular (PINTO, 2013). 
Existem vacinas multivalentes com antígenos do coronavírus inativados, mas sua eficácia também é questionável, pois vacinas inativadas não induzem a produção de IgA local. 
Quanto ao controle, Flores (2012), cita que no meio ambiente, o vírus é facilmente inativado pelo calor e por solventes lipídicos, mas em temperaturas baixas pode se manter infeccioso por longos períodos. Lembrando que o CVC é estável sobre pH ácido, sobrevivendo até ao pH 3. 
10. Diagnóstico diferencial
Devido ao quadro clínico de gastroenterite, é de suma importância o diagnóstico diferencial entre a enterite causada pelo parvovírus canino (CPV) e o CVC, haja vista a similaridade observada muitas vezes na manifestação clínica de ambas as doenças. 
O agente causal da gastroenterite hemorrágica (CPV), acomete, geralmente, animais jovens e sem vacinação adequada. A via de contaminação também é fecal-oral, mas o período de incubação de 3 – 14 dias e do coronavírus vai de 1 a 3 dias. Portanto, é importante conhecer o histórico do animal, o ambiente, o status vacinal etc. 
Os sintomas são semelhantes e como, eventualmente, pode ocorrer diarreia sanguinolenta em ambas viroses, os exames laboratoriais podem definir o diagnóstico correto.
11. Conclusão
O CVC tem extrema importância por ser uma doença endêmica e cosmopolita, acometendo cães de qualquer idade, raça etc. Seus sintomas típicos podem ser confundidos com inúmeras outras doenças, daí a importância do diagnóstico diferencial para implementar o correto tratamento.
Além disso, apesar de causar alta morbidade e baixa letalidade, o óbito pode ocorrer sob determinadas circunstâncias, as quais não são incomuns, como superpopulações, condições inadequadas de higiene, falta de vacinação, etc., aumentando a disseminação do vírus.
Ademais, como já dito no início, a doença causada pelo coronavírus canino (CVC) não está totalmente esclarecida, seus mecanismos ainda não são totalmente esclarecidos e sua variabilidade também não é de todo conhecida, pois passou a ser melhor estudado, apenas quando um dos sorotipos foi descoberto em 2003, em humanos, causando uma síndrome respiratória grave denominada SARS - Síndrome Respiratória Aguda Grave e em seguida uma outra síndrome, ainda mais grave, a MERS - Síndrome Respiratória do Oriente Médio (do inglês, Middle East Respiratory Syndrome), com índice de 27% de letalidade; ambas causadas por sorotipos do coronavírus.
REFERENCIAS
BEER J. Doenças Infecciosas Em Animais Domésticos. Editora Roca, 1ª edição. São Paulo. 1999. P. 229-231.
BRANDÃO, P.E.; LOVATO, L.T.; SLHESSARENKO, R.D. Coronaviridae. In: FLORES, E.F. Virologia Veterinária, Santa Maria, 2.ed da UFSM, 2012.
ETTINGER. S. J; FELDMAN. E. C. Tratamento de medicina interna
veterinária. Editora Guanabara, volume 1, 5º edição. Rio de Janeiro 2004.
P. 444 e 445.
FLORES. E. F. Virologia veterinária. Editora Ufsm, 2º edição. Santa Maria
2012. P. 726, 727 e 728.
KOGIKA. M. M, PEREIRA. D.A. et al 2003 Determinação sérica de
hepatoglobina, ceruloplasmina e glicoproteina ácida em cães com
gastrenterite hemorrágica. Santa Maria, 2003. Disponível em
:<http://www.scielo.br/pdf/cr/v33n3/a19v33n3.pdf >.
PINTO. D. L. Detecção e caracterização de parvovírus canino e
coronavírus canino. Porto Alegre, 2013. Disponível
em<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/71325/000879668.pdf?se
quence=1> 
PRATELLI, A.; TEMPESTA, M.; GRECO, G.; MARTELLA, V.; BUONAVOGLIA,
C. Development of nested PCR assay for the detection of canine
coronavirus.journal of virological methods, 1999. Disponível em
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/71325/000879668.pdf?sequ
ence=1>.

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