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1 Evolução dos cordados (Fonte: http://nossobioma.blogspot.com/search?q=CORDADOS&submit=Busca) 1. INTRODUÇÃO Na evolução dos deuterostômios, uma linhagem derivou para o grupo dos equinodermos e outra, para o grupo dos cordados. Os Cordados são animais triploblásticos, celomados, com sistema bilateral, segmentados e deuterostômios. As quatro características gerais que definem o filo são: Notocorda; Tubo nervoso dorsal; Fendas faríngeas;e Cauda pós anal muscular (Figura 1) [1]. A notocorda é uma estrutura que deriva do mesoderma do embrião e corresponde a um bastonete maciço e flexível. Essa estrutura se localiza entre o tubo digestivo e o tubo nervoso. Sua função é promover suporte para o esqueleto da maioria dos animais. Se compõe de um complexo de células preenchidas com um fluido e cobertas por um rígido tecido fibroso. O tubo nervoso dorsal oco se origina da invaginação do ectoderma do embrião, formando um tubo neural oco. Essa estrutura origina o sistema nervoso central: o cérebro e o cordão espinhal. As fendas faríngeas são formadas na região lateral da faringe durante o desenvolvimento do embrião, podendo persistir no adulto. Em alguns invertebrados, elas podem funcionar como alimentação por filtração. Em vertebrados aquáticos, as fendas e as estruturas que as suportam tornaram-se modificadas para as trocas gasosas (em vertebrados aquáticos), suporte para a mandíbula, estrutura para a audição, entre outras funções durante a evolução dos vertebrados. A cauda pós anal muscular se caracteriza por ser um prolongamento do corpo posterior ao ânus, que contém musculatura esquelética metamérica e contribui para locomoção 2 por ondulação lateral. Essa cauda possui elementos esqueléticos e músculos que provêem a força propulsora na maioria das espécies aquáticas [1]. Figura 1: características diagnósticas dos cordados (Fonte: http://nossobioma.blogspot.com/2010/05/cordados.html) 2. A ORIGEM DOS CHORDATA A origem dos cordados ainda é desconhecida. Os primeiros cordados identificáveis são espécimes semelhantes à peixes ou lanceolados do período Cambriano. Existem algumas hipóteses que explicam a origem desses animais: um animal semelhante a um verme que desenvolveu um corpo achatado e/ou nadadeiras para nadar; um filtrador tubular séssil que evoluiu em um animal de vida livre com nadadeiras; uma larva natante que manteve as nadadeiras no estágio adulto. A primeira classe identificada dos cordados foi reduzida a peixes-ou lancelet-como espécies do Cambriano. A rigidez da notocorda, em muitos cordados, provavelmente evoluiu para ajudar na eficiência da contração alternada de músculos para natação (em movimentos em forma de S). Em outras palavras, para curvar o corpo, o músculo precisa de uma estrutura rígida para segurá-lo e essa é a principal caracterísitica da notocorda em seu estágio inicial. A falta de uma parte rígida no corpo resultaria no encurtamento do animal no lugar de movimentos curvilíneos necessários para a natação [12]. 3. SUBFILOS 3.1. UROCHORDATA Os urocordados (gr. oura = cauda + chorda = cordão), também chamados de tunicados, são os cordados mais diferentes, pois os adultos apresentam poucas semelhanças com os restantes membros do filo. A designação ‘tunicados’ se refere ao fatos desses animais apresentarem uma túnica, por vezes espessa, quimicamente semelhante à celulose, a tunicina. São os cordados invertebrados com mais sucesso, conhecendo-se 2000 espécies, cerca de 100 bentônicas. Todos são marinhos, uns de vida livre e outros, após um curto período 3 larvar de vida levre, vivem fixos. Podem ser solitários, coloniais ou formar extensos grupos debaixo da mesma túnica. Variam desde formas microscópicas a outras com 30cm de diâmetro [1]. O subfilo se divide em três classes: Ascidiacea; Thaliacea; e Larvacea. 3.1.a. ASCIDIACEA As larvas das ascídias possuem todas as características de um cordado, ou seja, possuem notocorda, fendas faríngeas, tubo nervoso dorsal oco e cauda muscular pós anal (Figura 2). As fendas faríngeas são responsáveis pela troca gasosa e pela nutrição por filtração. As fendas branquiais estão conectadas com as fendas faríngeas. As últimas fendas branquiais dão origem à mandíbula. Possuem um sulco coberto por glândulas denominado endóstilo, que envia muco formando uma malha na qual o alimento fica aderido. O muco é esparramado na parede da faringe e desce a partir da parte superior. O muco vai se espalhando e descendo, até que os cílios o capture na parte interna da faringe. Os cílios continuam batendo até levar o alimento da faringe ao esôfago, depois ao estômago onde começa digestão, e o alimento vai para o intestino, que se abre próximo ao sifão atrial. Uma ascídia adulta possui o corpo globoso ou cilíndrico, fixo a um substrato pelo pedúnculo. Possuem duas aberturas, o sifão bucal ou inalante, e um sifão atrial ou exalante. Pelo sifão bucal entra água e alimento, e pelo sifão atrial saem as excretas. As ascídias não possuem sistema excretor. A epiderme é formada por uma camada de células monoestratificadas. O epitélio secreta a túnica ou manto que fica abaixo da epiderme e é composta por uma proteína, isômero da celulose, chamada de tunicina. Em algumas podem apresentar sais de cálcio, para que o corpo fique mais rígido. Figura 2: Características de uma ascídia adulta (Fonte: http://nossobioma.blogspot.com) O sistema circulatório é do tipo aberto. O sangue possui células especializadas que fabricam a túnica. O manto é composto de tecido conjuntivo [4]. As ascídias são urocordados hermafroditas que fazem fecundação externa e possuem fase larval. Os ductos genitais, que ficam perto do sifão atrial, carregam os 4 espermatozóides e os óvulos produzidos pelas gônadas para fora do corpo para que haja fecundação externa. O zigoto se transforma em uma larva livre natante, que tem uma cauda (parecido com um girino). A parte anterior da larva tem papilas adesivas que se fixam ao substrato. A larva também possui o cordão nervoso dorsal oco e a notocorda na cauda. A cauda é absorvida e o corpo sofre um movimento de rotação de aproximadamente 90°, do cordão nervoso só fica o gânglio nervoso e a notocorda é totalmente absorvida. As ascídias também podem se reproduzir assexuadamente, por brotamento. Através do processo de mitose, as células vão se diferenciando até a formação de um novo indivíduo, formando uma colônia de aspecto [4] (Figura 2.1 e 2.2). Figura 2.1: colônia de ascidia Figura 2.2: ascidia solitária (Fonte: http://www.maramar.ind.br/Wallpappers.aspx) As ascídias são ótimos filtradores podendo filtrar 200 litros de água em 24 horas. 3.1.b. THALIACEA A classe Thaliacea está representada por indivíduos livre natantes muito pequenos, medindo poucos milímetros. A túnica destes animais é transparente. Vivem em mares tropicais e subtropicais [5]. Existem 40 espécies em todo o mundo, sendo 27 encontradas no Brasil [31]. Normalmente ocorrem em grande quantidade representando grande importância na alimentação de invertebrados, como ctenóforos e medusas, e de muitos peixes e aves marinhas [31]. Essa classe é composta por três ordens: Diliolida; Salpida; e Pyrosomida. A ordem Doliolida possui representantes com um feixe muscular em forma de anel que circunda todo o corpo do indivíduo (Figura 3). A ordem Salpida possui indivíduos com feixes musculares incompletos. São filtradores, monóicos e seu ciclo de vida possui alternância de gerações, existindo umaforma sexuada produtora de gametas e uma assexuada, que forma os brotos. Podem viver solitários ou em colônias flutuantes, pois não ficam fixos a um substrato [5] (Figura 4). A ordem Pyrosomida (pyro = fogo) possui animais com bioluminescência (as bactérias associadas à colônia que produzem a luz). Possuem estatocisto [5] (Figura 5). 5 Figura 3: Gênero Doliolum (Fonte: http://www.infoescola.com/biologia/classe-thaliacea/) Figura 4: Gênero Salpa (Fonte: http://www.infoescola.com/biologia/classe-thaliacea/) Figura 5: Gênero Pyrosoma (Fonte: http://www.infoescola.com/biologia/classe-thaliacea/) 3.1.c. LARVACEA Os animais da classe Larvacea, como o próprio nome diz, apresentam o fenômeno da neotenia, onde os animais não atingem o formato adulto, tendo sempre a forma de larvas, mas ainda assim podem se reproduzir. O corpo possui musculatura, cordão nervoso dorsal oco, e a cauda possui notocorda. Possuem estatocistos, que são células relacionadas com o equilíbrio, pois são animais livre natantes. A epiderme secreta muco para o envoltório [6] (Figura 6). Há 70 espécies descritas e 25 ocorrem no litoral brasileiro [32]. O gênero Oikopleura (oiko= casa, pleura= membrana) possui indivíduos com membrana, na qual há um filtro. A cauda é responsável pelo movimento de água dentro do envoltório (Figura 6.1). São animais de vida curta, pois existindo o fluxo de água, o filtro entope e pára a circulação de água; e o indivíduo tem que abandonar a casa, e logo, secreta outra casa. A casa entope a cada 4 ou 5 horas. Reproduzem-se sexuadamente [6]. Figura 6: estruturas de uma exemplar da classe Larvacea (Fonte: http://www.palaeos.com/Vertebrates/Units/010Chordata/010.100.html) 6 Figura 6.1: Oikopleura dióica (Fonte: http://www.infoescola.com/biologia/classe-larvacea/) 3.2. CEPHALOCHORDATA: Figura 7: Anfioxo enterrado (Fonte: http://nossobioma.blogspot.com) Os representantes do subfilo Cephalochordata são invertebrados marinhos com aspecto semelhante a peixes. Esses animais retêm todas as características diagnósticas de um cordado ao longo da vida. O representante mais conhecido é o anfioxo (do grego amphi = ambos e oxy = pontiagudo), pois as duas extremidades do seu corpo são pontiagudas, não possuindo uma cabeça distinta. Vivem enterrados em posição diagonal no fundo do mar, nadam um pouco para se alimentar, mas voltam para se esconder (Figura 7). A extremidade anterior é chamada de rostro, onde há uma boca que possui cirros bucais. Como o corpo é transparente, é possível observar os feixes musculares em forma de V. Entre cada miômero (V) existe uma membrana de tecido conjuntivo, chamada de miossepto. Esses miômeros são responsáveis pelos movimentos de natação e escavação. São sustentados pela notocorda que serve de apoio para a musculatura (Figura 7.1). O anfioxo se locomove através de movimentos ondulatórios, onde os miômeros trabalham de forma antagônica (enquanto um lado contrai, o outro distende). O tubo digestório é completo, com boca e ânus. A boca é filtradora, circundada por cirros que impedem a entrada de partículas grandes, e as fendas branquiais são utilizadas na alimentação por filtração. Os cílios das barras branquiais promovem a movimentação da água com alimento sobre as fendas branquiais, auxiliados pelo órgão da roda (estrutura ciliada da cavidade oral, que possui cílios que movimentam a água até a faringe) e pelos cirros bucais. A água sai da faringe pelas fendas e cai no átrio, que tem um atrióporo por onde a água vai para o meio externo. 7 As trocas gasosas são realizadas na faringe e na pele através de difusão. O anfioxo ainda não apresenta um coração, porém apresenta vasos, e a contração destes vasos que promove a circulação. Não possui pigmentos respiratórios, sendo o sangue incolor. Os cefalocordados são dióicos, as gônadas (Figura 7.2) estão dispostas lateralmente no corpo do animal, não existindo canais condutores de gametas. Quando os gametas estão maduros, ocorre um rompimento na parede da gônada, então os gametas caem do átrio e são lançados para o exterior para que ocorra fecundação externa [7]. Figura 7.1: estruturas de um anfioxo (Fonte: http://www.infoescola.com/biologia/cefalocordados-cephalochordata/) . Figura 7.2: Gônodas de um anfioxo (Fonte: http://www.biologia.edu.ar/animales/cordados.htm) 8 3.3. VERTEBRATA Fig. 8: Filogenia dos vertebrados (Fonte: http://biologos.ning.com/group/zoologiadosvertebrados) Os vertebrados formam um grupo antigo, com uma história de cerca de 545 milhões de anos. Eles incluem alguns dos maiores e mais complexos organismos viventes. Mas representam parte do enorme grupo de animais, e para entender sua história e o desenvolvimento de suas estruturas, eles devem ser colocados no contexto filogenético (Figura 8) [33]. As espécies atuais de vertebrados podem ser encontradas em praticamente todas as partes da Terra, enquanto vertebrados de hoje extintos viveram em habitats que não mais existem. Todos os vertebrados têm características básicas em comum, as quais são produto de sua ancestralidade comum. Os comportamentos são tão diversos quanto suas formas [2]. Algumas características gerais compartilhadas pelos vertebrados são: endoesqueleto vivo que pode crescer; mecanicamente eficaz; o crânio e as vértebras protegem o sistema nervoso e a caixa torácica protege as vísceras (Figura 8.1). Além disso, o tegumento é constituído da epiderme, de origem ectodérmica, e da derme, de origem mesodérmica, podendo possuir glândulas, escamas, penas, unhas, cascos, etc. A epiderme é multiestratificada, isto é, composta de várias camadas de células, enquanto os demais animais apresentam sempre epiderme uniestratificada. A derme é típica dos vertebrados: um tecido rico em vasos sanguíneos e em estruturas sensoriais [2]. O sistema circulatório é constituído de um coração ventral, com 2 a 4 câmaras, e com glóbulos vermelhos (eritrócitos). Possuem sistema urinário e endócrino desenvolvidos. Os vertebrados podem ser subdivididos em dois subfilos quanto à ausência ou à presença de mandíbulas verdadeiras, Agnatha e Gnathostomata, respectivamente. 9 Figura 8.1: Diferentes tipos de esqueleto de vertebrados (Fonte: http://rfaplanet.blogspot.com/2010/04/os-criadores-do-blog-agradecem-ao.html) 3.3.a. AGNATHA (sem mandíbulas verdadeiras) Os agnatas (a = sem, gnatos = maxila) ou ciclóstomos (cyclus = circular, stoma = boca) atuais possuem caracteres primitivos que relembram a origem dos vertebrados: não têm mandíbula e nem apêndices pares envolvidos com a locomoção. Alguns, entretanto, não se assemelham a qualquer outro peixe, vivente ou fóssil, porque são especializados como ectoparasitas de outros vertebrados. As Feiticeiras, pertencentes à família Myxinidae (peixes-bruxa), parecem ser vertebrados genuinamente primitivos (Figura 9), ao passo que lampreias, pertencentes à família Petrimyzontidae são degeneradas em muitos aspectos (Figura 10). Lampréias e feiticeiras são animais de corpo alongado e cilíndrico, sem escamas, são mucosos, nadadeiras pares ausentes, órgãos olfativos pares presentes, mas com uma abertura mediana no focinho. A notocorda persiste ao longo da vida. Possuem coração com duas câmaras. Possuem somente uma gônada. Feiticeiras são marinhas e ocorrem em águas profundas, enquantoque as lampréias são formas migratórias que vivem nos oceanos e rios (espécies anádromas) [2]. Os ciclóstomos estão divididos em duas ordens: Petromyzoniformes e Myxiniformes. Figura 9: Feiticeira (Fonte: http://nossobioma.blogspot.com) 10 Figura 10: Lampréia (Ectoparasita) (Fonte: http://nossobioma.blogspot.com) - Petromyzoniformes Essa ordem está representada pelas lampréias, organismos que vivem próximos à costa e à pequenas profundidades (regiões costeiras temperadas) quando adultos. A maioria das lampréias são anádromas, isto é, a forma adulta migra da água do mar para a água doce na época da reprodução. Algumas espécies mais especializadas vivem apenas na água doce e seu estágio adulto é muito reduzido, restrito à época reprodutiva, durante a qual não se alimentam e também não migram. Têm uma única abertura nasal localizada na região dorsal anterior da cabeça, que se continua por um tubo de fundo cego cuja porção final está encostada no crânio próximo à glândula pituitária (órgão pineal). Os olhos são grandes e bem desenvolvidos da mesma maneira que o corpo pineal. As lampreias são dióicas, ou seja, apresentam sexos separados. Os gametas são liberados na água onde ocorre a fecundação (fecundação é externa). Dos ovos, que são depositados em estuários, surgem larvas denominadas amocetes [36]. O período larval leva de 3 a 7 anos e as lampréias adultas morrem após a desova. São parasitas de cetáceos e peixes. As lampreias se fixam com a boca circular (Figura 10.1) e perfuram o tegumento do hospedeiro com a língua cartilaginosa, se alimentando dos fluidos corpóreos desses animais. O tegumento possui grande quantidade de glândulas com pequenas formações de muco. A derme é formada por tecido colágeno. A maior parte da dieta de uma lampréia adulta consiste dos fluidos do corpo do hospedeiro. O trato digestivo é reduzido, o que é esperado para organismos que se alimentam de substâncias de fácil digestão, como o sangue e fluidos corpóreos [21]. Figura 10.1: boca de uma lampreia (Fonte: http://nossobioma.blogspot.com) 11 - Myxiniformes Essa ordem está representada pelos peixes-bruxa, organismos que vivem exclusivamente em ambientes marinhos. As feiticeiras vivem freqüentemente em ambientes profundos e quase nunca saem de lá. Algumas vivem em colônias e cada indivíduo vive enterrado em uma galeria no lodo cuja entrada tem a forma de um pequeno vulcão. O item alimentar mais comum desses animais são os poliquetas escavadores que vivem de modo semelhante às toupeiras, isto é, procuram seu alimento perfurando e rastejando embaixo do substrato. São atraídas por organismos moribundos, doentes ou mortos, principalmente peixes que as feiticeiras atacam, penetrando pelas fendas branquiais [2]. As feiticeiras têm o corpo alongado, sem escamas, de cor rosa a púrpura, com uma única abertura nasal, que se comunica com a faringe por meio de um duto nasofaríngeo. Os olhos são degenerados e estão recobertos pela pele. A boca é circundada por 6 tentáculos sustentados internamente por cartilagens, que os mantém eretos, movem-se em todas as direções quando a feiticeira está procurando alimento. O mecanismo de alimentação das feiticeiras é altamente eficiente onde as placas de dentículos queratinizados funcionam como uma pinça, que se abre e fecha alternadamente quando sai e entra da boca. Quando uma feiticeira vai se alimentar, por exemplo, de um peixe, elas fincam suas pinças bucais em irregularidades da superfície do corpo da vítima, como as brânquias e o ânus, onde podem abocanhar mais facilmente a carne. Uma vez fixa à presa, a feiticeira enrola-se sobre si mesma formando um nó, que se descola da cauda para a região anterior do corpo. Este nó fornece o ponto de apoio para que ela possa abocanhar e dilacerar a presa (Figura 9.1). As feiticeiras só se alimentam de peixes mortos ou doentes e, freqüentemente, comem primeiro os tecidos mais moles, localizados nas cavidades celomáticas do corpo [2]. As características principais das feiticeiras são: não possuem mandíbula; possuem olho pineal vestigial; uma narina; aberturas branquiais; notocorda persistente; boca pequena com um grande dente epidérmico dorsal e fileiras de pequenos dentes; língua antero - ventral reversível mordedora; se alimentam de vermes, outros invertebrados e peixes mortos ou doentes; possuem vários pares de tentáculos moles anteriores ao redor da boca e abertura nasal (barbelas sensitivas). Além disso, possuem esqueleto cartilaginoso e não possuem escamas (pele lisa). Esses animais vivem em águas marinhas profundas, em ambientes hipóxios, e por isso apresentam corações ‘secundários’ (bulbos contráteis) que aumentam o fluxo de sangue no seu sistema circulatório de baixa pressão. Possuem também elevado número de bolsas faríngeas, 5 a 16, para auxiliar na respiração. Não toleram luz forte e salinidade baixa. Figura 9.1: Peixe-bruxa (Fonte: http://www.flogao.com.br/verafauna/129722889) 12 - GNATOSTOMATHA (com mandíbulas verdadeiras) Os chamados gnatostomados são os animais que apresentam maxilas ao redor da boca, movimentadas por músculos. Essa adaptação possibilitou aos organismos agarrarem firmemente os objetos. Posteriormente as maxilas foram revestidas por dentes e a mordedura tornou-se mais firme. Além disso, surgem variações nos tipos de dentição como os dentes com arestas largas e cortantes, que propiciam a diminuição do tamanho das partículas alimentícias, e dentes achatados, opostos aos primeiros, permitiram a trituração de alimentos duros. Portanto, o aparecimento da mandíbula possibilitou aos vertebrados explorar novos itens alimentares. As funções da mandíbula não se limitam, apenas, a capturar e morder a presa. Uma mandíbula móvel, capaz de prender, permite um novo comportamento - a manipulação de objetos - que integra muitos aspectos da biologia dos vertebrados. A mandíbula pode ser usada para cavar buracos; carregar pedrinhas ou vegetação, utilizadas na construção de ninhos; pode ainda ser usada para mordiscar o parceiro durante a corte; ou auxiliar no cuidado com a prole [2]. 3.3.b. Chondrichthyes O nome “Chondrichthyes” (chondros = cartilagem, ichthyos = peixe) refere-se ao esqueleto cartilaginoso desses peixes (Figura 11). Surgiram no Siluriano superior, mas os primeiros fósseis encontrados datam do Devoniano. Estes peixes são identificados por possuírem um esqueleto cartilaginoso, e as formas atuais são divididas em dois grupos: um no qual existe uma única abertura branquial, de cada lado da cabeça, e outro onde existem várias aberturas branquiais de cada lado da cabeça. O primeiro grupo é denominado Holocephali por causa da aparência íntegra (sem fendas) da cabeça, que é resultante de ter uma única abertura branquial. As quimeras estão fundamentadas nas suas formas bizarras: uma cauda longa, fina e flexível; corpo de peixe; olhos grandes; e placas dentígeras desenvolvidas fazem com que se pareça com a caricatura de um coelho. O segundo grupo é dos Elasmobranchii, que significa brânquias lamelares. Incluem os tubarões e as raias [2]. As principais mudanças em relação aos ciclóstomos são: a presença de escamas, dois pares de nadadeiras laterais, mandíbulas móveis articuladas com o crânio, dentes cobertos de esmalte na mandíbula e na maxila, 3 canais semicirculares em cada ouvido, órgãos e ductos reprodutores pares. 13 Figura 11: algumas características dos condrictes (Fonte: http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=1279)Os Chondrichthyes apresentam como características principais: pele rija, coberta por escamas placóides, exceto as quimeras; coração com duas câmaras; respiração por 5 a 7 pares de brânquias; temperatura do corpo variável; fecundação interna; olhos laterais; sem bexiga natatória; duas narinas; notocorda persistente; muitas vértebras, completas e separadas; cinturas peitoral e pélvica presentes; excreção por meio de rins mesonéfricos, o principal produto nitrogenado é a uréia; escamas placóides são “dentículos dermais” que dão um aspecto de lixa à pele dos tubarões; possuem válvula espiral para aumento da absorção intestinal; todo excesso de sal ingerido é eliminado pelas guelras ou brânquias nos peixes, já os tubarões e as raias, concentram o sal em grandes quantidades em seu sangue, combinado sob a forma de compostos orgânicos nitrogenados, estes compostos são basicamente a uréia, e o óxido trimetilamina (OTMA) [23]. Subclasses: Elasmobranchii: Os elasmobrânquios possuem uma boca protrusível que permite aos tubarões modernos uma abertura maior da boca apesar da presença de um focinho pontiagudo. A dentição é especializada, na qual os dentes da maxila superior são mais desenvolvidos que os da maxila inferior e são, freqüentemente, recurvados e serrilhados. A mobilidade do esqueleto craniano, conhecida como cinese craniana, permite o consumo de uma ampla variedade de itens alimentares. A despeito das grandes dimensões, todos os elasmobrânquios modernos tem características esqueléticas próprias. A notocorda contínua foi substituída por centros vertebrais cartilaginosos que se calcificam de diferentes modos. Entre os centros vertebrais permanecem restos esféricos de notocorda encaixados nas depressões formadas pelas concavidades das faces opostas de vértebras adjacentes, deste modo, o esqueleto axial é uma estrutura flexível lateralmente, porque os centros vertebrais rígidos podem girar sobre articulações esféricas formadas por cartilagens calcificadas e restos de notocorda [2]. 14 As escamas são do tipo placóide (Figura 11.1) que têm apenas uma cúspide e uma única polpa interna. O tamanho, forma e arranjo destas escamas reduzem a turbulência da água adjacente à parede do corpo e conseqüentemente há um aumento da eficiência natatória [2]. Figura 11.1: escamas placóides (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filo-cordata/filo-chordata-9.php) Dentre muitas características que diferenciam os Chondrichthyes dos outros gnastomados atuais, a ausência da bexiga natatória é uma delas. Os Elasmobranchii usam o fígado para contrabalancear o peso das escamas placóides, dentes e cartilagens calcificadas. Os tubarões controlam a flutuabilidade regulando o volume de óleo no interior do fígado por meio da produção e da reabsorção do mesmo. Além disso, a hidrodinâmica particular vinculada à oscilação lateral da nadadeira caudal heterocerca gera uma força de ascensão, assim como uma força propulsora para frente, o que também reduz o processo de descida na coluna d`água pelos tubarões, mantendo a profundidade desejada [2]. Embora não ocorra apenas nos elasmobrânquios, os sistemas sensoriais destes peixes são refinados e diversificados. Eles possuem os mecanorreceptores da linha lateral (Figura 11.2) que detectam a presença da presa. Esse sistema sensorial é composto por canais, poros e depressões superficiais conectados entre si e distribuídos pela cabeça e laterais do corpo, sensíveis às vibrações mecânicas transmitidas através da água. Além disso, possuem as Ampolas de Lorenzini (Figura 11.3) que são, basicamente, pequenos tubos preenchidos com muco em cuja base localizam-se as células sensoriais e neurônios aferentes, que são sensíveis à potenciais elétricos, portanto os elasmobrânquios podem detectar a presa por meio do fraco campo elétrico emitido por ela. A quimiorrecepção é outro importante sentido devido ao olfato acurado dos tubarões. Figura 11.2: linha lateral (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filo-cordata/filo-chordata-9.php) 15 Figura 11.3: Ampolas de Lorenzini (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filo-cordata/filo-chordata-9.php) E por último, a visão, que é um sentido importante para os comportamentos alimentares dos tubarões. Os mecanismos para a visão em baixas intensidades luminosas são especialmente desenvolvidos, muitos tubarões podem perceber freqüências de luz invisíveis ao olho humano. Esta sensibilidade é conseguida por causa da estrutura da retina, rica em bastonetes e células ricas em cristais de guanina localizadas entre a retina e a coróide. Estas células com guanina formam o chamado tapete lucidum, e estes cristais funcionam como espelhos microscópicos refletindo a luz de volta para a retina, aumentando assim a chance da luz sensibilizar os bastonetes [2]. Os elasmobrânquios não possuem opérculo protegendo as brânquias. Tem um par de orifícios, os espiráculos, por onde a água que passa pela boca e banha as brânquias, sai (a água sai também pelas fendas). Quando o animal se encontra em grandes profundidades, a água entra pelo espiráculo. Boa parte do sucesso da última geração de elasmobrânquios pode ser atribuída aos seus sofisticados mecanismos de reprodução. Todas as espécies modernas fazem fecundação interna. Possuem cláspers pélvicos (Figura 11.4) uma estrutura esquelética que amplia a eficiência da cópula. Durante a cópula, apenas um clásper é introduzido na cloaca da fêmea, num ângulo de 90° em relação ao eixo antero-posterior do corpo, e o esperma flui pela fenda dorsal do clásper que se limita dorsalmente à papila cloacal. O clásper flexionado é introduzido na cloaca da fêmea e permanece preso à ela por meio de barbas, ganchos e espinhos localizados na porção distal. Quando o clásper é introduzido firmemente no interior da cloaca da fêmea, o esperma é ejaculado para dentro do sulco do clásper. Simultaneamente, ocorre a contração do saco muscular subcutâneo localizado na face anterior da nadadeira pélvica. Este saco em sifão secreta um fluido lubrificante e está cheio de água do mar que é bombeada ativamente para dentro deste saco pelo movimento das nadadeiras pélvicas durante a cópula. O fluido seminal, proveniente do saco em sifão envolve o esperma, e sua função é facilitar a natação dos espermatozóides no interior dos dutos genitais femininos [2]. 16 Figura 11.4: Clásper (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filo-cordata/filo-chordata-9.php) As fêmeas têm estruturas especializadas na região anterior dos ovidutos, as glândulas nidimentais, responsáveis pela secreção da casca protéica, ao redor do ovo fecundado. Os elasmobrânquios ovíparos (ovum = ovo, pario = parto, nascimento) têm ovos muito grandes com várias aberturas na casca que possibilitam os diferentes tipos de trocas entre o embrião e o meio externo, a casca também apresenta várias projeções que serve para prender os ovos entre si e ao substrato (Figura 11.5). Atualmente, muitas espécies ovovivíparas (ovum = ovo, vivus = viver) retêm o jovem em desenvolvimento no interior dos ovidutos até serem capazes de terem uma vida independente. A redução na produção das secreções da casca, feitas pelas glândulas nidimentais, e um aumento significativo na vascularização dos ovidutos e sacos vitelínicos, são as diferenças mais notáveis entre as formas ovíparas e as ovovivíparas. Um passo natural a partir da condição ovípara é a viviparidade ou matrotrofia (matro – mãe, troph = alimentação) na qual o suprimento de alimento não se limita ao vitelo. A forma mais comum, e também a mais complexa, de viviparidadeapresentada pelos elasmobrânquios é a da formação de um saco vitelínico placentário, no qual cada embrião obtém seu alimento a partir da corrente sanguínea materna via saco vitelínico, que é muito irrigado [2]. 17 Figura 11.5: desenvolvimento de ovos de tubarão (Fonte: http://www.ibimm.org.br/page_43.html) As raias derivam de tubarões da última irradiação, adaptados ao ambiente bentônico. A locomoção nestes peixes, achatados dorsoventralmente, é feita por meio de ondulações das nadadeiras peitorais, alargadas e musculosas. As escamas placóides, tão características do tegumento dos tubarões, estão ausentes em amplas áreas do corpo e nadadeiras peitorais das raias. As raias são primariamente bentônicas alimentando-se de invertebrados (ocasionalmente podem capturar pequenos peixes), mas as raias de grande porte são pelágicas e da mesma maneira que grandes espécies de tubarões, como o tubarão-baleia, alimentam-se de plâncton. Os elasmobrânquios se subdividem em duas ordens: -ordem Squaliformes (Tubarões). Apresentam 5 a 7 pares de fendas branquiais abertas lateralmente para o exterior, com espiráculo. Nadam usando a cauda. -ordem Rajiformes (Raias). Apresentam 5 pares de fendas branquiais ventrais e 1 par de espiráculos. Holocephali: Os holocéfalos estão representados pelas quimeras (Figura 11.6), animais geralmente encontrados ao redor dos 80 metros de profundidade. São ovíparos, depositam os ovos em águas mais rasas, e destes ovos de 10 cm de comprimento e com casca nascem diminutas quimeras idênticas aos adultos. As quimeras alimentam-se de camarões, moluscos gastrópodes e ouriços do mar. Locomovem-se por meio das ondulações do corpo e da nadadeira caudal, afilada e longa, e pelos movimentos estabilizadores das nadadeiras peitorais amplas e móveis. Como mecanismo de defesa 18 algumas espécies possuem glândula de veneno associada ao espinho da nadadeira dorsal [2]. Figura 11.6: Quimera (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/condricties/condricties.php) -ordem Quimeriformes: possuem fendas branquiais cobertas por opérculo; sem cloaca e espiráculos. Primeira nadadeira dorsal com um espinho. Cauda delgada em forma de chicote. Adultos sem escamas. São ovíparos. A fecundação é interna, sempre depositando dois ovos, envoltos em cobertura coriácea. 3.3.c. Osteichthyes Setenta e três por cento da superfície da Terra está coberta por água. A maior parte desta água forma os grandes corpos d’água oceânicos, povoados pelos vertebrados, especialmente pelos peixes ósseos. A maioria dos vertebrados aquáticos realiza as trocas gasosas pelas brânquias, que são evaginações da superfície do corpo. As superfícies respiratórias das brânquias são projeções vascularizadas delicadas situadas lateralmente sobre os arcos branquiais. Os numerosos filamentos branquiais formam duas colunas que se estendem ao longo de cada arco branquial. As extremidades dos filamentos de arcos branquiais adjacentes se tocam, e, desta forma a água, logo que sai da cavidade oro-faríngea, entra em íntimo contato com as superfícies vascularizadas. A troca de gases ocorre nas numerosas projeções microscópicas denominadas lamelas secundárias[2]. As mais variadas formas de peixes podem ter também movimentos variados. Os movimentos ondulatórios dos peixes podem ser de três tipos: anguiliforme – típico de peixes alongados e flexíveis, capazes de curvar metade do corpo na forma de um semicírculo; caranguiforme – as ondulações estão limitadas, na sua maioria, à região caudal, e a curvatura do corpo é de amplitude menor que a do caso anterior; e ostraciforme – corpo inflexível, as ondulações só ocorrem na nadadeira caudal [2]. Os peixes ósseos, diferente dos cartilaginosos que produzem e reabsorvem óleo no fígado para o controle da flutuabilidade, possuem uma vesícula gasosa denominada bexiga natatória que exerce essa função. A bexiga natatória é extra-peritonial e localiza- se ventralmente à coluna vertebral. É uma vesícula repleta de ar originaria de uma evaginação dorsal do trato digestório embrionário (Figura 12). Nos peixes marinhos, as bexigas natatórias ocupam ao redor de 5 por cento do volume do corpo, e nos peixes de água doce cerca de 7 por cento – estas diferenças volumétricas são as necessárias para gerar a flutuabilidade neutra requerida em cada meio [2]. 19 Figura 12: Bexiga natatória em um peixe (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filo-cordata/filo-chordata-9.php) É necessário um mecanismo que mantenha o volume da bexiga natatória constante já que esta estrutura tem a função de flutuação e permite ao peixe movimentos verticais sem problemas. Estes movimentos verticais são possíveis porque, quando o peixe sobe na coluna d’água o ar dentro da bexiga vai sendo expelido e quando o peixe afunda o ar vai sendo colocado dentro da bexiga. Os teleósteos mais basais mantêm um duto que conecta o esôfago à bexiga natatória denominado duto-pneumático. Estes peixes são denominados fisóstomos (physa = vesícula, stomo = boca), podem abocanhar o ar atmosférico na superfície da água para encher a bexiga natatória e podem expulsá- lo, por meio de bolhas, quando estão subindo na coluna d’água. Nos teleósteos mais derivados, o duto pneumático está ausente, esta condição é denominada fisóclistos (clystere = fechado); o gás não pode ser eliminado pelo trato digestório como no caso dos fisóstomos. Muitos peixes de profundidades têm depósitos de óleo de baixa densidade dentro da bexiga natatória, ou têm bexiga natatória reduzida ou ausente e no seu lugar ricos depósitos de lipídios distribuídos pelo corpo. Os lipídios promovem flutuabilidade estática, da mesma maneira que os depósitos de óleo no fígado dos tubarões [2]. O sistema sensorial dos osteíctes é composto por mecanorreceptores que fornecem a orientação básica para o deslocamento – tato, som, pressão, e movimentos. Como todos os vertebrados, os peixes possuem um ouvido interno (órgão do labirinto), que inclui os canais semicirculares, que informam o animal sobre as mudanças na velocidade e direção dos movimentos. Em peixes e anfíbios totalmente aquáticos um grupo de células ciliadas associadas a células especiais de suporte forma os neuromastos, que estão dispersos sobre a superfície da cabeça e do corpo. Nos peixes mandibulados os neuromastos freqüentemente encontram-se no interior de vários canais superficiais localizados na cabeça e em um ou mais canais bilaterais e longitudinais ao tronco e cauda. Este sistema lateral único dos peixes e anfíbios, totalmente aquáticos, é denominado sistema de linha lateral. Os Osteichthyes se dividem em duas subclasses: os Sarcopterygii (sarcos = carnosa, pterygium = nadadeira) e os Actinopterygii (actinos = espinhos). Os Sarcopterygii foram divididos em dois grupos irmãos: os peixes pulmonados ou Dipnoi (di = dupla, pnoe = respiração), e os Crossopterygii (cross = franja, pterygium = nadadeira). Os Actinopterygii se dividem em subgrupos de acordo com o aumento no grau de ossificação do esqueleto, como por exemplo, Chondrostei, os “peixes ósseos cartilaginosos”, os quais deram origem a outra irradiação, à dos Holostei, os “peixes inteiramente ósseos”, que culminaram nos Teleostei “peixes ósseos terminais” [2]. 20 Figura 12.1: anatomia externa de um peixe (Fonte: http://grupodoscordados-c.blogspot.com/2010_06_01_archive.html) Figura 12.2: anatomia interna de um peixe (Fonte: http://grupodoscordados-c.blogspot.com/2010_06_01_archive.html) A pele desses peixes cobre todo o corpo e contém inúmeras glândulas mucosas, cujasecreção facilita o deslizar através da água e protege contra infecções, e cobre o tronco até cauda. As escamas podem ser de várias formas, mas são sempre de origem dérmica. Algumas espécies não apresentem escamas ou estas podem estar revestidas de esmalte (Figuras 12.3; 12.4; 12.5; 12.6). Cada escama está fixa numa bolsa dérmica e cresce durante a vida do animal, o que geralmente origina anéis de crescimento (maiores no verão e muito pequenos no inverno). Estes anéis são mais notórios em peixes de regiões temperadas. Devido ao padrão de distribuição, forma, estrutura e número das escamas ser quase constante em cada espécie, esta é uma importante característica sistemática desta classe [9]. As escamas dos peixes ósseos podem ser de três tipos: Ctenóides, ganóides e ciclóides. As escamas ctenóides são típicas dos peixes ósseos, são finas e crescem por toda vida, possuem pequenas projeções formando uma coroa de minúsculos espinhos, que conferem aos peixes uma aparência áspera. As escamas ciclóides são típicas de peixes ósseos, crescem por toda vida do peixe, são lisas e não possuem projeções. As escamas ganóides não ocorrem em peixes brasileiros, são rômbicas, esmaltadas e brilhantes. As escamas placóides são típicas de tubarões e raias, possuem pequenos dentículos dérmicos voltados para trás, o que deixa sua pele áspera, com aparência de uma lixa. 21 Figura 12.3: escamas ctenóides (Fonte: http://www.ciclideosonline.com/artigos/anatomia.htm) Figura 12.4: escamas ciclóides (Fonte: http://www.ciclideosonline.com/artigos/anatomia.htm) Figura 12.5: escamas ganóides (Fonte: http://www.ciclideosonline.com/artigos/anatomia.htm) Figura 12.6: escamas placóides (Fonte: http://www.ciclideosonline.com/artigos/anatomia.htm) As nadadeiras, em geral, possuem a função de impulsionar o peixe e manter a estabilidade do mesmo, quando em movimento ou repouso (Figura 12.7). Alguns peixes desenvolveram outras funções, tais como utilizá-las durante a reprodução para "abanar" os ovos ou seduzir as fêmeas, outros sofreram uma adaptação mais profunda e utilizam suas nadadeiras para a cópula (poecilídeos) [9]. A nadadeira caudal transmite a força que impulsiona o peixe através da água. Peixes de ambientes lóticos possuem esta nadadeira com uma bifurcação bastante pronunciada. Peixes que habitam ambientes lênticos possuem nadadeiras truncadas, sem bifurcação ou pouco pronunciadas, sendo que muitas espécies possuem projeções (véu, lira). A nadadeira dorsal possui principalmente função de estabilidade, funcionando como a vela do barco e é constituída normalmente por raios duros e moles (Figura 12.7 a 12.9). Algumas espécies podem apresentar duas nadadeiras dorsais (percas), podem ser pouco visíveis ou ausentes (gimnotídeos). A nadadeira anal é a nadadeira encontrada entre o poro urogenital dos peixes e a caudal. Geralmente utilizada como estabilizador, nos machos dos poecilídeos desenvolveu-se como órgão copulador, alguns ciclídeos possuem pequenos ocelos que estão ligados ao comportamento reprodutivo. As nadadeiras pélvicas encontram-se na região ventral à frente da nadadeira retal. Possuem função estabilizadora e orientadora dos movimentos, e em algumas espécies também são utilizadas na reprodução (coridoras). As nadadeiras peitorais estão posicionadas lateralmente abaixo dos opérculos. São utilizadas principalmente para orientação dos movimentos. Possuem outras funções e adaptações para diversos fins, entre eles "andar" na terra (Calictídeos), aeração dos ovos (ciclídeos). A nadadeira adiposa se localiza dorsalmente e próxima ao pedúnculo caudal, é encontrada nos Caracídeos. 22 Figura 12.7: nadadeiras Figura 12.8: Esquema dos tipos de nadadeiras (Fonte: http://www.ciclideosonline.com/artigos/anatomia.htm) Figura 12.9: Exemplo de peixes com nadadeira dorsal dupla (Fonte: http://grupodoscordados-c.blogspot.com/2010_06_01_archive.html) Quanto ao hábitat em que vivem, os peixes podem ser classificados em pelágicos, demersais e abissais. Os peixes pelágicos de pequenas dimensões como as sardinhas são geralmente planctonófagos, ou seja, alimentam-se quase que ativamente do plâncton disperso na água, que filtram à medida que "respiram", com a ajuda de branquispinhas, que são excrescências ósseas dos arcos branquiais (a estrutura que segura as brânquias ou guelras). A maioria dos grandes peixes pelágicos são predadores ativos, ou seja, procuram e capturam as suas presas, que são também organismos pelágicos, não só peixes, mas também cefalópodes (principalmente lulas), crustáceos ou outros. Os peixes demersais podem ser predadores, mas também podem ser herbívoros, que se alimentam de plantas aquáticas, detritívoros, ou seja, que se alimentam dos restos de animais e plantas que se encontram no substrato, ou serem comensais de outros organismos, como a rémora que se fixa a um atum ou tubarão através de um disco adesivo no topo da cabeça e se alimenta dos restos de comida que caem da boca do seu hospedeiro (normalmente um grande predador), ou mesmo parasitas de outros organismos. 23 Alguns peixes abissais e também alguns neríticos, como os diabos (família Lophiidae) apresentam excrescências, geralmente na cabeça, que servem para atrair as suas presas; essas espécies costumam ter uma boca de grandes dimensões, que lhes permitem comer animais maiores que eles próprios. Numa destas espécies, o macho é parasita da fêmea, fixando-se pela boca a um "tentáculo" da sua cabeça. A maioria dos peixes é dióica, ovípara, fertiliza os óvulos externamente e não desenvolve cuidados parentais. Nas espécies que vivem em cardumes, as fêmeas desovam na coluna d`água onde os cardumes vivem e, ao mesmo tempo, os machos liberam o esperma, promovendo a fertilização. Em alguns peixes pelágicos, os ovos flutuam livremente na água (desova pelágica) e podem ser comidos por outros organismos, quer planctónicos, quer nectónicos; por essa razão, nessas espécies é normal cada fêmea liberar um enorme número de óvulos. Noutras espécies, os ovos afundam ou se aderem ao substrato (desova demersal) e o seu desenvolvimento realiza- se junto ao fundo – nestes casos, os óvulos podem não ser tão numerosos, havendo na maioria das vezes um cuidado parental pelos machos. Em termos de separação dos sexos, existem também casos de hermafroditismo e casos de mudança de sexo (hermafroditismo sequencial) - peixes que são fêmeas durante as primeiras fases de maturação sexual e depois se transformam em machos, protoginia (ex: garoupas e badejos), e o inverso, protandria (ex: pargos). Os cuidados parentais, quando existem, apresentam casos curiosos. Nos cavalos- marinhos (género Hyppocampus), por exemplo, o macho recolhe os ovos fecundados e incuba-os numa bolsa marsupial. Muitos ciclídeos (ex: tilápia) e algumas famosas espécies endêmicas do Lago Niassa (também conhecido por Lago Malawi, na fronteira entre Moçambique e o Malawi) guardam os filhotes na boca, quer do macho, quer da fêmea, ou alternadamente, para os protegerem dos predadores[13]. Figura 12.10 : os diferentes tipos de nadadeiras caudal (Fonte: http://www.infoescola.com/peixes/nadadeiras/) A transição evolutiva da água para o meio terrestre é complexa porque a água e o ar apresentam as seguintes características diferenciadas: animais aquáticos são sustentados pela água, animais terrestres necessitam de esqueleto e patas; animais aquáticos extraem oxigênio de um fluxo unidirecional de água que atravessa as brânquias, animais terrestres respiram o ar que devem bombear para dentro e para fora de pulmõesem forma de saco; animais aquáticos enfrentam problemas de balanço hídrico e iônico como resultado do fluxo osmótico, animais terrestres perdem água por 24 evaporação. Mesmo os sistemas sensoriais, como olhos e ouvidos, funcionam diferentemente na água e no ar. A transição de hábitos aquáticos para habitats terrestres deve ter sido facilitada por características de peixes que eram funcionais tanto na água como no ar, embora as funções possam não ter sido exatamente as mesmas nos dois fluidos [2]. 3.3.d. Amphibia A classe Amphibia se subdivide em três ordens: Anura; Caudata; e Gymnophiona [33]. Todos os anfíbios atuais adultos são carnívoros e, dentro de cada ordem, relativamente poucas especializações morfológicas estão associadas a hábitos alimentares diferentes. Os anfíbios se alimentam de quase tudo que são capazes de capturar, matar e deglutir. Nas formas aquáticas, a língua é larga, achatada e relativamente imóvel, mas alguns anfíbios terrestres podem protraí-la a partir da boca para capturar a presa [2]. Os anfíbios, em geral, possuem uma pele permeável, desprovida de escamass externas, e com glândulas distribuídas por toda a superfície do corpo. Essas glândulas mucosas secretam compostos mucopolissacarídicos com função primária de manter a pele úmida e permeável. Um anfíbio com a pele seca reduz a permeabilidade à água e aos gases, reduzindo, por sua vez, a entrada de oxigênio e a habilidade do animal em utilizar o resfriamento por evaporação para manter sua temperatura corporal dentro de limites estáveis. Os anfíbios dependem da respiração cutânea, que representa uma parcela variável, mas significativa, das suas trocas gasosas [33]. Além das glândulas mucosas, os anfíbios possuem glândulas de veneno que estão concentradas sobre a superfície dorsal do animal e, tanto nos anuros como nos caudatas, as posturas de defesa envolvem a apresentação das áreas glandulares aos predadores potenciais. Uma grande variedade de compostos irritantes e, em alguns casos, excessivamente tóxicos, é prduzida pelos anfíbios. Muitos anfíbios advertem sobre suas propriedades desagradáveis por meio de cores e comportamentos aposemáticos, ou de perigo, conspícuos (Figura 13). A forma do corpo dos anuros evoluiu provavelmente a partir de um tipo inicial mais semelhante ao das salamandras. Sugeriu-se que tanto o salto como a natação representam o modo de locomoção que tornou vantajosa essa mudança. As salamandras e as cecílias nadam como os peixes, produzindo uma onda senoidal no corpo, que se desloca posteriormente [2]. Os anuros possuem corpos rígidos, curtos e largos, com membros posteriores longos utilizados para pular [33]. - Ordem Urodela/Caudata Essa ordem é representada pelas salamandras. São animais alongados, e quase todas as espécies são completamente aquáticas apresentando quatro patas funcionais. 25 Figura 13: Salamandra; coloração aposemática (Fonte: http://www.infoescola.com/biologia/classe-amphibia-anfibios/) O modo de caminhar é provavelmente similar àquele empregado pelos primeiros tetrápodes, que apresentavam a oscilação lateral característica da locomoção dos peixes, em conjunto com os movimentos das patas. As salamandras (aproximadamente 350 espécies) são quase totalmente limitadas ao Hemisfério Norte; o limite meridional de sua distribuição atinge o norte da América do Sul. Várias linhagens evolutivas de salamandras adquiriram o troglobitismo, que são adaptações para a existência dentro de cavernas. Algumas dessas adaptações são: coloração clara, perda da visão, patas extremamente longas e focinho achatado, utilizado para explorar debaixo de pedras [34]. A temperatura e a umidade constantes tornaram as cavernas hábitats adequados às salamandras, e seu alimento consiste em invertebrados cavernícolas. Desenvolveram especializações do aparelho branquial que permitem a protração da língua a distâncias consideráveis da boca, para a captura de presas. As larvas aquáticas de salamandras alimentam-se por sucção, abrindo a boca e expandindo a garganta para criar uma corrente de água que carrega os ítens alimentares. A maioria apresenta fecundação interna, porém duas famílias primitivas, Hynobiidae e Cryptobranchidae, conservam a fecundação externa. Não possuem órgão copulador e a fecundação interna, em salamandras, é realizada pela tranferência de um pacote de esperma (o espermatóforo) do macho para a fêmea. Ocorre o precesso de corte, onde há liberação de ferormônio (substâncias químicas usadas na comunicação) [2]. As salamandras possuem pedomorfose amplamente distribuído, principalmente nas troglóbitas. Esse processo é a retenção de características larvais pelo adulto. Ou seja, algumas salamandras adultas ainda apresentam caracteres larvais, como um sistema de linha lateral funcional e brânquias externas. Aparece também como uma variante na história de vida de espécies de salamandras que usualmente sofrem metamorfose, e podem apresentar uma resposta facultativa às condições de hábitats aquáticos ou terrestres [34]. - Ordem Anura Os anuros (an = sem, uro = cauda) incluem cerca de 3500 espécies e ocorrem em todos os continentes, exceto na Antártida. As especializações do corpo para salto é a característica morfológica mais conspícua do anuros. As patas posteriores são alongadas e a tíbia e a fíbula estão fundidas. As patas posteriores e os músculos formam um sistema de alavanca capaz de arremessar o animal no ar (Figura 14). Várias 26 modificações morfológicas estão associadas a esse tipo de locomoção: uma pélvis poderosa, fortemente ligada à coluna vertebral, é claramente necessária, assim como um enrijecimento da coluna vertebral. O íleo é alongado e se estende bastante para frente, e as vértebras posteriores estão fundidas em um bastão sólido, o uróstilo [2] Figura 14: Esqueleto de uma rã (Fonte: http://www.infovisual.info/02/028_es.html) Os anuros arborícolas usualmente possuem cabeça e olhos grandes e, frequentemente, cintura delgada e patas longas. Muitas famílias desses anuros caminham e escalam de forma quadrúpede, além de saltarem. As pererecas possuem discos digitais aumentados. A superfície das almofadas digitais consiste em uma camada epidérmica com projeções cilíndricas separadas por espaços ou canais. As glândulas mucosas distribuídas sobre os discos, secretam uma soluçaõ viscosa de polímeros em meio aquoso, e o excesso de fluido é drenado através dos canais. As espécies de anuros aquáticos se alimentam por sucção para engolir o alimento na água, porém a maioria das espécies semi-aquáticas e terrestres possuem línguas pegajosas altamente especializadas, que podem ser protraídas para capturar a presa e transportá-la até a boca (Figura 14.1). 27 Figura 14.1: captura de um inseto (Fonte: http://bruxinhaalegre.blogspot.com/2010/08/sapos-ras-e-pererecas.html) Os anuros possuem vocalizações associadas ao processo reprodutivo. O canto é diversificado, varia com a espécie e a maioria das espécies possui dois ou três tipos diferentes de canto, utilizados em diferentes situações. Na maioria dos anuros a fecundação é externa na qual o macho utiliza suas patas anteriores para agarrar a fêmea na região escapular (amplexo axilar) ou na região pélvica (amplexo inguinal) (Figura 14.2 e 14.3). O amplexo pode ser mantido por várias horas, ou mesmo, durante vários dias, antes que a fêmea deposite os ovos. Durante esse período, o macho e a fêmea permanecem em íntimo contato. Nesse estágio, parece provável que estímulos táteis e químicos desempenham algum papel na identificação da espécie.Figura 14.2: Amplexo Figura 14.3: sequência de comportamento de “golpear com a cabeça” durante o amplexo (Fonte: http://www.ra-bugio.org.br/anfibios_sobre_03.php) 28 Figura 14.4: ciclo de vida de anuro Figura 14.5: Metamorfose em anuros (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/anfibios/classe-anfibia-4.php) Os anuros, em geral possuem um girino aquático ou estágio larvar que sofre metamorfose para atingir a forma adulta (radicalmente diferente), mas diferentes estratégias reprodutivas estão envolvidas [33]. A metamorfose nos anuros é geralmente dividida em três períodos (Figura 14.4): (1) durante a pré-metamorfose, os girinos aumentam de tamanho, com pouca mudança de forma; (2) na pró-metamorfose, aparecem as patas posteriores, e o crescimento do corpo prossegue a uma taxa mais baixa; e (3) durante o clímax metamórfico, as patas anteriores emergem e a cauda regride (Figura 14.5). Essas mudanças são estimuladas pela ação da tiroxina, e a produção e a liberação desse hormônio são controladas por um produto da glândula hipófise, o hormônio estimulador da tireóide (TSH) [2]. As diferentes estratégias reprodutivas em anfíbios anuros se originam de uma combinação de características morfológicas, fisiológicas e comportamentais ligadas às condições ambientais. A chuva é o fator extrínseco primário no controle dos padrões reprodutivos de algumas espécies de anuros, apesar de muitas poderem se reproduzir durante todo o ano [35]. - Ordem Apoda/Gyminophiona O terceiro grupo de anfíbios viventes é o menos conhecido. São as cecílias (também conhecidas como cobras-cegas ou cobras-de-duas-cabeças), animais escavadores ou aquáticos, ápodes, que ocorrem em hábitats tropicais do mundo todo (Figura 15). Por possuírem hábito de vida escavador, os olhos das cecílias são recobertos por pele ou mesmo por osso, mas a retina de muitas espécies possui a organização estratificada típica dos vertebrados e parece ser funcional como fotorreceptor. Dobras dérmicas conspícuas (annuli) circundam o corpo das cecílias. Muitas espécies possuem escamas dérmicas em bolsas nos annuli (não são conhecidas escamas nos outros grupos de anfíbios atuais). Uma segunda característica exclusiva das cecílias consiste em um par de tentáculos protráteis, localizado entre o olho e a narina. O tentáculo pode ser um órgão sensorial permitindo que as substâncias químicas sejam transportadas do meio ambiente até o órgão de Jacobson, localizado no teto da boca. As cecílias alimentam-se de presas pequenas ou alongadas – cupins, minhocas e larvas e 29 adultos de insetos – e o tentáculo pode permitir a detecção da presença da presa quando estão sob o solo. Figura 15: Cecília. Pele é fonte inicial de alimento dos filhotes (Fonte: http://www.labjor.unicamp.br/midiaciencia/article.php3?id_article=221) Algumas espécies de cecílias podem ser ovíparas, nesse caso havendo cuidado parental, enquanto outras podem ser vivíparas. Os embriões de espécies terrestres possuem brânquias longas e filamentosas, e os embriões de espécies aquáticas possuem brânquias saculiformes. A fecundação interna é realizada por um órgão copulador do macho, o falodeu, protraído a partir da cloaca. Algumas espécies de cecílias depositam ovos, e a fêmea pode enrolar-se ao redor destes, permanecendo com eles até a eclosão. Contudo, a viviparidade é amplamente distribuída na ordem, e três das cinco famílias incluem espécies nas quais os ovos são retidos nos ovidutos e os filhotes nascem formados [2]. 3.3.e. Reptilia A Era Mesozóica, também chamada Idade dos Répteis, estendeu-se por cerca de 180 milhões de anos, desde o final do Paleozóico, 245 milhões de anos atrás, até o início do Cenozóico, há apenas 66 milhões de anos. Os répteis constituem uma classe de animais vertebrados tetrápodes e ectotérmicos, ou seja, não possuem temperatura corporal constante. São todos amniotas (animais cujos embriões são rodeados por uma membrana amniótica), sendo esta característica fundamental para que os répteis ficassem independentes da água para reprodução (Figura 16). Os amniotas são definidos por terem um desenvolvimento embrionário que inclui a formação de várias membranas: o âmnion, o córion e a alantóide [2]. Figura 16: Esquema de um ovo amniótico de réptil, mostrando o embrião e os anexos embrionários que o rodeia. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A9pteis) 30 São divididos, quanto ao número das aberturas temporais, em duas subclasses Anapsida, quando o animal não possui aberturas temporais, e Diapsida, quando o crânio apresenta duas aberturas temporais. Esses tipos de crânio podem ser observados nas figuras 16.1 e 16.2. Essa classe também se divide em quatro ordens: Squamata (cobras e lagartos); Testudines (tartarugas, cágados e jabutis); Rhynchocephalia (Tuatara); e Crocodilia (Gaviais, crocodilos e jacarés). Figura 16.1: Crânio anápsido - sem aberturas temporais; tipo mais primitivo; exemplo: Testudines. Figura 16.2: Crânio diápsido - duas aberturas temporais, uma superior entre o pariental, esquamosal e pós-orbital, e uma inferior entre o pós-orbital, jugal, quadrado-jugal e esquamosal; exemplo Aves e Dinossauros. (Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Skull_diapsida_1.png) Os répteis têm o corpo recoberto por uma pele seca e praticamente impermeável. As células mais superficiais da epiderme são ricas em queratina, o que protege o animal contra a desidratação e representa uma adaptação à vida em ambientes terrestres. A pele pode apresentar escamas (cobras), placas (jacarés, crocodilos) ou carapaças (tartarugas, jabutis). As características gerais dos répteis são: corpo recoberto por pele seca e cornificada, com poucas glândulas superficiais; esqueleto totalmente ossificado; com quatro membros (= tetrápodes), embora em alguns lagartos sejam mal desenvolvidos e estejam ausentes na grande maioria dos ofídios (= cobras); coração com quatro câmaras, duas aurículas e dois ventrículos, apenas nos crocodilianos (ordem Crocodilia), havendo apenas três câmaras nos demais grupos e certo grau de mistura entre o sangue arterial e o venoso; respiração pulmonar; presença de doze pares de nervos cranianos; excreção dos resíduos nitrogenados nas formas terrestres principalmente na forma de ácido úrico; reprodução com fecundação interna, sendo predominantemente ovíparos; ovos providos de membranas embrionárias (âmnion, córion e alantóide), com muito vitelo e casca resistente; desenvolvimento direto, sem metamorfose; ectotérmicos [14]. - Anapsida A linhagem das tartarugas provavelmente originou-se entre os amniotas primitivos do Carbonífero superior. Da mesma forma que aqueles animais, as tartarugas possuem um crânio anápsido (“sem um arco”), mas o casco e o esqueleto pós-craniano são únicos. 31 As tartarugas atuais se dividem em duas sub-ordens: os Cryptodira e os Pleurodira(Figura 17). Os Cryptodira (crypto = escondido, dire = pescoço) retraem a cabeça para dentro do casco, curvando o pescoço na forma de um S vertical. Os Pleurodira (pleuro = lado) retraem a cabeça curvando o pescoço horizontalmente [2]. Figura 17: à esq. Cryptodira; à dir. Pleurodira (Fonte: http://www.palaeos.com/Vertebrates/Units/Unit200/200.400.html) O casco é a característica mais distintiva de uma tartaruga. A carapaça é composta porossos dérmicos que crescem a partir de 59 centros de ossificação distintos. Os ossos da carapaça são recobertos por escudos córneos de origem epidérmica que não coincidem, em número e posição, com ossos subjacentes. A carapaça possui uma fileira de cinco escudos centrais, margeada de cada lado por quatro escudos laterais. Onze escudos marginais de cada lado curvam-se sobre a borda da carapaça. O plastrão é recoberto por uma série de seis escudos pareados [2]. Nas tartarugas, a fusão das costelas com o casco rígido torna impossível a respiração com movimentos da caixa torácica para aspirar ar para dentro dos pulmões e para forçá-lo para fora. Apenas as aberturas das extremidades anterior e posterior do casco contêm tecidos flexíveis. Os pulmões, que são grandes, estão ligados à carapaça dorsal e lateralmente. Ventralmente, os pulmões estão ligados a uma lâmina de tecido conjuntivo não-muscular que, por sua vez, prende-se às vísceras. O peso das vísceras mantém essa lâmina diafragmática estirada para baixo. As tartarugas produzem mudanças na pressão pulmonar pela contração de músculos que forçam as vísceras para cima, comprimindo os pulmões e expelindo o ar, seguida pela contração de outros músculos que aumentam o volume da cavidade visceral, permitindo que as vísceras acomodem-se para baixo [2]. As tartarugas são ectotérmicas e podem atingir um grau considerável de estabilidade da temperatura corpórea por meio da regulação da troca de energia térmica com o meio ambiente. As tartarugas são ovíparas (Figura 17.1). As fêmeas utilizam as patas posteriores para cavar um ninho na areia ou no solo, onde depositam uma postura que varia de 4 ou 5 ovos, nas espécies pequenas, até mais de 100 ovos, nas maiores tartarugas marinhas. Foram registrados períodos de desenvolvimento embrionário que variam de 28 dias, para uma espécie asiática de casco mole, até 420 dias, para o jabuti-leopardo africano; para muitas espécies, o período típico é de 40 a 60 dias. A temperatura, a umidade e as concentrações de oxigênio e dióxido de carbono podem exercer efeitos profundos sobre o desenvolvimento em brionário das tartarugas. A temperatura do ninho afeta a taxa de desenvolvimento embrionário, e temperaturas excessivamente altas ou baixas podem ser letais. A determinação do sexo de algumas tartarugas, lagartos e Crocodilia é afetado pela temperatura a que os animais ficam expostos durante o desenvolvimento 32 embrionário. Nas tartarugas, baixas temperaturas durante a incubação normalmente produzem machos e temperaturas mais altas produzem fêmeas; a mudança de um sexo para o outro ocorre dentro de um intervalo de 3 ou 4 °C. Nos Crocodilia e nos lagartos ocorre o contrário. Nas tartarugas, o segundo terço do desenvolvimento embrionário consiste no período crítico da determinação do sexo. Quando os ovos são expostos a um ciclo diário de temperatura, o ponto mais alto do ciclo é mais crítico na determinação do sexo [2]. Figura 17.1: ninho de tartaruga (Fonte: http://www.palaeos.com/Vertebrates/Units/Unit200/200.400.html) - Diapsida Os Diapsida, grupo de animais que possuem duas aberturas temporais no crânio, são representados pelos Crocodilia, pelas aves, pelos Rhynchocephalia e pelos Squamata atuais (lagartos e serpentes). O nome Diapsida significa “dois arcos” e refere- se à presença de duas aberturas, uma superior e outra inferior, na região temporal do crânio. Os lagartos e as serpentes, durante a alimentação, demonstram claramente a importância dessas modificações do crânio em permitir uma flexão craniana aumentada (cinetismo), e o mesmo significado pode ser atribuído à perda dor arcos em algumas formas extintas. Além disso, os Diapsida desenvolvem, durante o desenvolvimento embrionário, um órgão de Jacobson que aparece como uma evaginação ventro-mediana da cavidade nasal (Figura 18). Os Squamata e o tuatara, quando adultos, conservam um órgão de Jacobson funcional que faz parte do sistema quimiossensorial e pode estar particularmente envolvido com as interações sociais e com o acasalamento [2]. Squamata: incluem as serpentes, os lagartos e as cobras-de-duas-cabeças Figura 18: Órgão de Jacobson e seu funcionamento: a língua bífida da cobra recolhe partículas químicas do meio e coloca-as no ducto que abre no palato, de modo a serem reconhecidas pelo órgão de Jacobson. A informação é depois passada ao cérebro 33 (Fonte: http://www.ecocampus.com.br/texto13.html) Uma fêmea receptiva de serpente ou lagarto muitas vezes levanta a cauda e a inclina para o lado, sinalizando sua disposição para se acasalar. O macho responde pressionando sua região cloacal contra a região cloacal da fêmea. Os machos de Squamata apresentam órgãos copuladores pareados denominados hemipênis (Figura 18.1). Apenas o hemipênis do lado que está mais próximo da fêmea é utilizado. Cada hemipênis consiste em uma estrutura ôca, com a extremidade fechada, como um dedo de luva. O hemipênis emerge da margem posterior da cloaca do macho e é inserido na claca da fêmea. Quando a cópula termina, o hemipênis relaxa-se e um músculo retrator puxa-o para trás, até sua posição de repouso [2]. Figura 18.1: Hemipênis de uma Píton da Birmânia (Fonte: http://www.ecocampus.com.br/texto13.html) Os Squamata são ovíparos (os ovos são depositados em um ninho e o desenvolvimento é sustentado interiramente pelo vitelo) ou vivíparos (os ovos são retidos nos ovidutos e o desenvolvimento é sustentado pela transferência de nutrientes da mãe para os fetos). Entre os Squamata, uma espécie de serpente e espécies de seis famílias de lagartos foram identificadas como partenogenéticas (espécies nas quais todos os indivíduos são fêmeas). O cuidado parental foi identificado em mais de 100 espécies de Squamata. Essas espécies permanecem com os ovos ou no local do ninho. Existe um registro não confirmado de filhotes de pítons retornando à noite para suas cascas de ovos vazias, onde a mãe enrolou-se em torno deles, mantendo-os aquecidos [2]. Os lagartos são animais facilmente adaptáveis que ocupam hábitats que variam de pântanos a desertos, e até mesmo acima da faixa de floresta, em algumas montanhas. Muitas espécies são arborícolas, e as mais especializadas destas frequentemente são achatadas lateralmente e, muitas vezes, possuem projeções peculiares do crânio e do dorso, que ajudam a obscurecer seu contorno. Possuem pés zigodáctilos (zygos = unido; dactylos = dígito) para se agarrarem firmemente aos galhos, e a cauda preênsil proporciona uma segurança adicional. Possuem uma língua que pode ser projetada para a frente, a uma distância superior a do comprimento do corpo, para capturar insetos que aderem à sua extremidade pegajosa. Esse mecanismo de alimentação requer boa visão, especialmente a capacidade de estimar distâncias com uma presisão que garanta a trajetória correta. Os olhos do camaleão estão elevados em pequenos cones e são movidos de forma independente (Figura 18.2). Quando o animal acha-se em repouso, os olhos giram para trás e para frente, permitindo uma visão de sua vizinhança. Quando um inseto é localizado, ambos os olhos fixam-se neste, e uma aproximação cautelosa leva o lagarto para uma posição de captura [2]. 34 Figura 18.2: olho de lagarto (Fonte: http://br.olhares.com/olho_de_lagarto_foto2763853.html) As cobras-de-duas-cabeças incluem aproximadamente 135 espécies de Squamata extremamente fossóreos (fossor = escavador). A maioria é ápode. O crânio é utilizado na contrução de túneis e apresenta uma constituição bastante rígida (Figura 18.3). A estruturadentária também é característica: as cobras-de-duas-cabeças possuem um único dente mediano na maxila superior que se ajusta no espaço entre dois dentes da maxila inferior, formando um conjunto de pinças capaz de cortar um pedaço de tecido de uma superfície plana grande demais para ser engolfada como um todo pela boca. O nome “Amphisbaenia” deriva-se das raízes gregas amphi (duplo) e baen (caminhar), referindo-se à capacidade desses animais em movimentarem-se para frente e para trás com a mesma facilidade [2]. . Figura 18.3: Amphisbaenia (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A9pteis) As serpentes variam em tamanho, desde as espécies escavadoras diminutas, que se alimentam de cupins e crescem somente até 10 centímetros, até as grandes constritoras, com quase 10 metros de comprimento. Funcionalmente, e talvez filogeneticamente, as serpentes são lagartos ápodes extremamente especializados. Nos lagartos, os olhos são focalizados pela distorção das lentes, modificando, assim, seu raio de curvatura; nas serpentes, os objetos são colocados em foco por meio da movimentação das lentes em relação à retina. O crânio de uma serpente é muito mais flexível que o de um lagarto (Figura 18.4). O crânio das serpentes contém oito ligações, com articulações entre estas que permitem a rotação. Esse número de ligações proporciona um grau surpreendente de complexidade de movimentos ao crânio das serpentes e, para tornar as coisas mais complexas, a ligação é pareada; cada lado da cabeça atua independentemente [2]. 35 Figura 18.4: maxilar de uma serpente (Fonte: http://ciencia.hsw.uol.com.br/cobras4.htm) As serpentes engolem geralmente a cabeça da presa em primeiro lugar, talvez porque, dessa forma, as patas da presa sejam pressionadas contra o corpo, facilitando a deglutição. As presas pequenas podem ser deglutidas de lado ou pela cauda. A constrição e a peçonha são especializações para a predação que permitem que uma serpente manipule presas grandes, com pouco risco de injúria. A constrição é característica de jibóias e pítons, além de diversas serpentes da família Colubridae. Dentes aumentados (dentes inoculadores) sobre as maxilas evoluíram em uma variedade de serpentes. São reconhecidas três categorias de serpentes peçonhetas (Figura 18.5; 18.6; 18.7). As serpentes opistóglifas (ophistho = atrás; glyph = sulcado) da família Colubridae apresentam um ou mais dentes aumentados próximo à porção posterior da maxila, com dentes menores na porção anterior. As serpentes proteróglifas (proto = primeiro) incluem as najas, mambas, corais e serpentes marinhas das famílias Elapidae, Laticaudidae e Hydrophiidae. Os dentes inoculadores sulcados das serpentes proteróglifas estão localizados na porção anterior do maxilar e, muitas vezes, existem vários dentes pequenos e maciços atrás dos inoculadores. Os dentes inoculadores são permanentemente eretos e relativamente curtos. As serpentes solenóglifas (solen = tubo) incluem as víboras com vosseta loreal do Novo mundo (Crotalinae) e as víboras verdadeiras do Velho Mundo (Viperinae). Nessas serpentes o dente inoculador sulcado é o único dente do maxilar, que gira de modo a dobrar-se contra o teto da boca quando as maxilas são fechadas. Esse mecanismo de dobramento permite que as serpentes solenóglifas possuam dentes inoculadores longos, que injetam peçonha profundamente nos tecidos da presa [2]. 36 Figura 18.5: dente opistóglifo Figura 18.6: dente proteróglifo Figura 18.7: dente solenóglifo (Fonte: http://ciencia.hsw.uol.com.br/cobras4.htm) A peçonha, uma mistura complexa de enzimas e outras substâncias, primeiramente mata a presa e , após esta ter sido deglutida, acelera sua digestão. Peçonha é diferente de veneno. Veneno é todo tipo de substância tóxica que causa prejuízo vital em determinado ser. Venenos são de origem animal, vegetal ou mineiral e quando de origem animal são produto final do metabolismo, causando mal por ingestão ou simples contato. Peçonha é todo tipo de substância tóxica animal produzida por uma glândula especializada (ou seja, o animal possui uma estrutura específica para produzir a substância). Geralmente quando ingeridas são inativadas pelas enzimas digestivas. A glândula de peçonha pode ou não estar aliada a uma estrutura de inoculação: sapos possuem uma peçonha de defesa (quando uma serpente vai mordê-lo, ao presionar as glândulas em seu dorso, há a liberação da peçonha que vai causar irritação na mucosa do agressor). Já animais predadores geralmente possuem a glândula de peçonha aliada a uma estrutura de inoculação, como as Crotalidae, serpentes que possuem um par de presas anteriores com um canal central por onde circula a peçonha [25]. A peçonha citotóxica afeta células e tecidos: ocorre destruição de células e tecidos, seguida de necrose da região afetada. A peçonha hemotóxica afeta as células sanguíneas: os vasos sanguíneos perdem sua capacidade de reter o sangue, a capacidade de coagulação e o sistema imunológico são anulados, ocorrem hemorragias internas e outros sintomas. A peçonha miotóxica afeta os músculos: produz lesões de fibras esqueléticas com liberação de enzimas e mioglobina para o soro e são posteriormente excretadas pela urina. O fato que mais se observa nesta ação, são as dores musculares que permanecem durante um longo período. O tratamento fundamental consiste na aplicação precoce de soro antiofídico por via endovenosa. A peçonha neurotóxica afeta o sistema nervoso: ocorre devido a fração crotoxina, uma neurotoxina de ação pré- sináptica que atua nas terminações nervosas inibindo a ação da acetilcolina, sendo o principal fator responsável pelo bloqueio neuromuscular, o que vai ocasionar as paralisias motoras [2]. Os crocodilianos (do latim científico Crocodylia) constituem uma ordem de répteis que inclui os crocodilos, jacarés, aligatores e o gavial. O grupo diversificou-se dos restantes répteis há cerca de 220 milhões de anos, no Triássico. Os membros desta ordem distinguem-se dos outros répteis pelo sistema circulatório. Os crocodilianos têm um coração com quatro câmaras, mas ao contrário dos mamíferos o sangue oxigenado mistura-se com o sangue desoxigenado através de uma comunicação entre a artéria aorta e artéria pulmonar. Dentro do grupo, as famílias distinguem-se entre si pela morfologia da cabeça e características da dentição [2] (Figura 18.8). 37 Figura 18.8: anatomia de um crocodilo (Fonte: http://ceticismo.net/2010/01/21/jacares-respiram-como-as-aves-dizem-cientistas/) -A tuatara (Sphenodon spp.) é o único representante de répteis da ordem Sphenodontia (ou Rhynchocephalia) e família Sphenodontidae. É um réptil endêmico da Nova Zelândia que vive apenas em algumas ilhas ao largo deste país, estando extinto nas duas ilhas principais. É considerado uma espécie ameaçada desde 1895. O nome tuatara é uma palavra Maori que significa dorso espinhoso (Figura 18.9). O tuatara é considerado um fóssil vivo, já que pouco se modificou desde o Mesozóico, o tempo dos dinossauros. As tuataras têm características mistas entre lagartos, tartarugas e aves. Os dentes estão fundidos aos maxilares e não têm órgãos de copulação nem auditivos externos. São animais de clima frio, que não suportam temperaturas acima dos 27°C. Os adultos medem cerca de 60cm de comprimento, pesam entre 0,5 e 1kg e são terrestres e principalmente noturnos. Os juvenis adaptaram-se a um modo de vida oposto, arbóreo e diurno, principalmente por serem uma das presas favoritas das tuataras adultas [17]. Figura 18.9: tuatara (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tuatara)
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