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Geologia para Engenharia Unidade 9 Elementos dos solos e utilização das rochas Rafael Sathler UNIDADE 9 - ELEMENTOS DOS SOLOS E UTILIZAÇÃO DAS ROCHAS 9.1 - Conceito de solo para o geólogo e para o engenheiro 9.2 - Tipos de Solo 9.3 - Propriedades gerais dos solos 9.4 - Classificação granulométrica dos solos 9.5 - Obtenção dos materiais industriais e de construção 9.6 - Rochas e solos mais comuns e sua aplicação 9.1 - Conceito de solo para o geólogo e para o engenheiro Conceito de solo na Engenharia Civil Material que não oferece resistência intransponível à escavação mecânica, podendo ser escavado através de pá, picareta, escavadeira, sem necessidade de explosivos, e que perde toda a resistência quando em contato prolongado com água (Vargas, 1977) Importância do solo no contexto da Engenharia • Solo = fundação ou escavação – Quase toda obra escavará ou se apoiará no solo – Fundações (tensões aplicadas) x Escavações (tensões aliviadas) Características dos solos Muitos materiais de construção (ex.: aço) são homogêneos, isotrópicos e com comportamento linear. Solos são heterogêneos e anisotrópicos: complexidade física, química, mineralógica. – Limitações dos modelos matemáticos e teorias – Importância do conhecimento da Mecânica dos Solos – Importância de campo e de laboratório para caracterização. Comportamento não linear: curva tensão vs. deformação não é uma reta Enfoque dos estudos sobre solos na Engenharia Para o Engenheiro: enfoque mecânico – Material composto de: • Partículas Sólidas • Líquidos (em geral água) • Ar Material heterogêneo e trifásico Propriedades dos solos de interesse aos Engenheiros Caracterização das partículas sólidas • areias e pedregulhos tendem a ser esferoidais, podendo ser angulosos ou arredondados. •grãos arenosos são mais permeáveis e se compactam mais facilmente (maior densidade); os angulares ficam mais imbricados, resultando em resistências maiores. •partículas finas (siltes e sobretudo argilas) são lamelares (placas) tem afinidade por água e plasticidade, fazem trocas iônicas. Comportamento Reológico (fluxo sob tensão) – Diferente dos sólidos rígidos deformáveis, varia conforme: • Diâmetro e tipo dos grãos (areias mais rúpteis menos dúcteis mais permeáveis, argila inverso) • Quantidade de líquidos • Quantidade de ar (alteram sucção e portanto coesão do material) Enfoque na Geologia Para o Geólogo, enfoque genético: produto do Intemperismo - Que não foi erodido • Solos Residuais – Que foi erodido, transportado e sedimentado • Solos Transportados GEOLOGIA DE ENGENHARIA: Material terroso resultante dos processos de intemperismo e transporte, escavável com lâmina 9.2 - Tipos de Solo 9.3 - Propriedades gerais dos solos 9.4 - Classificação granulométrica dos solos Classificação Geológica Interpretação da gênese do solo, baseada na análise tátil-visual, em campo (morfologia) e relações pedológicas ou estratigráficas. Solos in situ (residuais) Formados pelo intemperismo, permanecem no local de formação. Em climas tropicais úmidos ( + decomposição química), o manto de solo residual apresenta espessuras de dezenas de metros. Quando muito espessos, podem impossibilitar a fundação de grandes obras (ex., hidráulicas de concreto) sobre rocha, que estaria muito profunda, obrigando que se apoiem em solos residuais. PERFIL DE INTEMPERISMO Solos transportados Sofreram transporte do local onde se originaram até onde foram depositados, não tendo ainda se consolidado (materiais mais soltos) Podem ser excelentes fontes de materiais naturais de construção. Podem constituir fundações problemáticas para muitas obras de engenharia, causar problemas de estabilidade de taludes de corte e encostas naturais. Aluviões Erodidos e transportados pelos cursos d’água, e depositados nos seus leitos e margens. Variações na capacidade de transporte dos cursos d’água refletem- se na formação de camadas distintas. Cada camada representa uma fase de deposição, tendo espessura, continuidade lateral, mineralogia e granulometria particulares. Coluviões Depósitos de materiais inconsolidados, encontrados recobrindo encostas íngremes, formados pela ação da água e da gravidade. Recobrem encostas de serras e divisores d’água de áreas planas. Depósitos de várias espessuras, predomina matriz (finos), podendo ter blocos de rocha pequenos. ►baixa resistência ao cisalhamento ►movimentos lentos a rápidos Tálus Formados pela ação da água e principalmente pela gravidade. Blocos de rocha de varios tamanhos, envolvidos ou não por matriz. Ocupam a base de maciços rochosos em relevo íngreme. Sedimentos Marinhos Encontrados em praias e mangues. Nas praias corresponde a areia limpa, quartzosa. Nos manguezais são sedimentos finos com muita matéria orgânica. Sedimentos eólicos Transportados e depositados pela ação do vento. Areia fina, quartzosa, bem arredondada. Bulbo de tensão em solos marinhos Prédios de Santos Buscam associar as propriedades físicas ao comportamento dos solos em diversas solicitações. Consideradas convencionais as que se baseiam nos ensaios de granulometria e limites de consistência (Atterberg). Mais utilizadas: • Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS). • Highway Research Board (HRB-AASHTO, atualmente TRB). Classificações Geotécnicas Granulometria: Peneiramento e sedimentação Peneiramento e sedimentação: NBR 7181 Coeficiente de Uniformidade Cu = D60 D10 Coeficiente de Curvatura Cc = D30 x 2 D10 x D60 Estabilidade de solos conforme a granulometria „Os solos argilo-arenosos podem ser utilizadas com certa propriedade em aterros, já que combinando o atrito das areias com a coesão das argilas dão, como produto final, um material com boa resistência e de relativamente fácil trabalhabilidade. Os problemas surgem quando solos são predominantemente: ► arenosos, vulneráveis à erosão pela água das chuvas e ventos ► argilosos 2:1, altamente deformáveis e pouco permeáveis Limites de consistência A fração fina, particularmente a argila, impõe características muito importantes ao comportamento geotécnico dos solos. Índices indiretos obtidos por ensaios simples que buscam caracterizar o comportamento da fração fina na presença de água (Limites de Atterberg, padronizados por ensaios de Casagrande). ESTADO LÍQUIDO ESTADO PLÁSTICO ESTADO QUEBRADIÇOTE OR DE UM IDA DE (h) LIMITE DE LIQUIDEZ (LL)LIMITE DE LIQUIDEZ (LL) LIMITE DE PLASTICIDADE (LP)LIMITE DE PLASTICIDADE (LP) ÍNDICE DE PLASTICIDADE (IP)ÍNDICE DE PLASTICIDADE (IP) Determinado em um gráfico onde o eixo das abscissas (escala aritmética) representa porcentagens de umidade e o eixo das ordenadas (escala logarítmica) representa números de golpes. O ponto 25 golpes determina o LL do solo ensaiado. Aparelho de Casagrande Limite de Liquidez - LL Índice de Plasticidade IP = LL-LP - rolinhos de 3mm x 10mm A média do teor de umidade das amostras = LP Limite de Plasticidade - LP Carta de Plasticidade Ver em que campo cai o ponto e analisar os critérios da tabela de classificação: Solos divididos em 14 grupos, representados por duas letras: Solos Grossos: GW, GP, GM, GC, SW, SP, SM, SC Solos Finos: CL, ML, OL, CH, MH, OH, PT Sistema Unificado de Classificação de Solos Existem propriedades esperadas para cada grupo de solos do SUCS Exemplo 1: Areia bem graduada Exemplo 2: Argila muito plástica Solos reunidos em grupos e subgrupos, em função de suagranulometria, limites de consistência e do Índice de Grupo (IG): IG = (F-35) [0,2+0,005 (LL-40)] + 0,01 (F-15) (IP-10) Sendo F = % de solo que passa na peneira 0,074: ou seja, siltes e argilas, inadequados como subleitos (em países temperados) Classificação da Highway Research Board (HRB) O primeiro grupo a partir da esquerda, com o qual os valores do solo ensaiado coincidir, será a classificação correta. C la ss if ic aç ão d a H R B Desenvolvidas em países de clima temperado. Não adequadas aos solos tropicais (comportamento geotécnico distinto). Ex.: Argila Porosa Vermelha, Av. Paulista – SUCS: MH (silte de alta plasticidade): não corresponde. • Solos Residuais Lateríticos - Evolução em climas quentes e úmidos - Alto índice de vazios (baixa capacidade de suporte) - Minerais cauliníticos, óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio - Contrai se remover água, mas não expande quando reumedecido. Não interpretar índices como em solos transportados temperados • Necessidade de Classificações NÃO CONVENCIONAIS. Limitações das classificações comuns Não utilizam a granulometria e limites de consistência como índices classificatórios. Existem várias. A de maior aceitação no Brasil: MCT (Miniatura, Compactada, Tropical): propriedades mecânicas e hidráulicas de solos tropicais compactados para obras viárias. Metodologia envolve dois ensaios: - Compactação Mini-MCV - Perda de massa por imersão Classificações Geotécnicas não-convencionais •Ensaio de compactação Mini-MCV Aparelho Mini-MCV Corpos de prova compactados com diferentes teores de umidade e com energia de compactação variável. Obtém-se dois gráficos, a partir dos quais são obtidos: • Coeficiente de deformabilidade ( c’ ) • Coeficiente de compactação, referente à energia de 12 golpes ( d’ ) Ensaios da classificação MCT •Ensaio de perda de massa por imersão Obtém-se o Índice de perda de massa por imersão (Pi): Pi = ms x100 mo ms = massa de solo seco desprendida do corpo de prova após imersão (g) mo = massa de solo seco correspondente a 1cm de corpo de prova deslocado do cilindro de compactação (g) LG’: argilas lateríticas e argilas lateríticas arenosas; LA’: areias argilosas lateríticas; LA: areia com pouca argila laterítica; NG’: argilas, argilas siltosas e argilas arenosas não lateríticas; NS’: siltes caolínicos e micáceos, siltes arenosos e siltes argilosos não lateríticos; NA’: areias siltosas e areias argilosas não lateríticas; NA: areias siltosas com siltes quartzosos e siltes argilosos não lateríticos. Á b aco d e C lassificação M C T Propriedades esperadas dos grupos de solos segundo a Classificação MCT • Aplicável a solos que passam na peneira 2,00mm • Grupos segundo propriedades para obras viárias, ex. capacidade de suporte; não estima geotecnia para outras obras de terra • Ensaio trabalhoso, muito tempo para execução e cálculo das curvas de compactação, exceto equipamento automatizado com aquisição eletrônica de dados. Limitações da classificação MCT 9.5 - Obtenção dos materiais industriais e de construção 9.6 - Rochas e solos mais comuns e sua aplicação Aplicação prática de rochas em edificações Mesmo as sedimentares, bem cimentadas, podem ser bom material para blocos de fundação e alvenaria, calçadas, meios fios, etc. Ex: arenito de Botucatu. Rochas intemperizadas e sedimentares pouco cimentadas, e especialmente os solos, podem dar origem a depósitos de pedregulhos, areias ou lamitos, muito utilizados na construção civil, os primeiros no concreto e os últimos, em tijolos e cerâmicas. Portanto, sempre úteis à Engenharia Civil. Cimento Portland Grande inovação à época pela moldabilidade, hidraulicidade (endurece tanto no ar como na água), elevada resistência aos esforços, e por ser obtido com matérias-primas relativamente abundantes e disponíveis na natureza: ►Minério de ferro ►Calcário ►Argila ►Gesso CALCÁRIOS Constituídos basicamente de carbonato de cálcio (CaCO3), podem conter várias impurezas, como magnésio, silício, alumínio ou ferro. É uma rocha sedimentar, sendo a terceira mais abundante na crosta terrestre, após o xisto e o arenito. O elemento cálcio abrange 40% de todo o calcário. ARGILA Silicatos complexos contendo alumínio e ferro como cátions principais e potássio, magnésio, sódio, cálcio, titânio entre outros. A escolha da argila envolve disponibilidade, distância, relação sílica/ alumínio/ferro (2:1, 1:1, óxidos e hidróxidos) e elementos menores como álcalis. Fornece os componentes Al2O3, Fe2O3 e SiO2. GESSO Adição final no processo de fabricação do cimento, com o fim de regular o tempo de pega por ocasião das reações de hidratação. Encontrado nas formas de: sulfato de cálcio di-hidratado - gipsita (CaSO4. 2H2O) hemidratado - bassanita (CaSO4.0,5H2O) e não hidratado - anidrita (CaSO4). Utiliza-se também o da indústria de ácido fosfórico: fosfato de cálcio (apatita) ácido sulfúrico água ácido fosfórico sulfato de cálcio ►Ca3(PO4)2 + 3H2SO4 + 6H2O → 2H3PO4 + 3(CaSO4.2H2O) Agregados Em forma de grãos, geralmente inertes, sem tamanho e forma definidos, que têm por objetivo compor argamassas e concretos. ►Funções: reduzir o custo reduzir as variações volumétricas Aumentar a resistência ao desgaste imposto por esforços ► mecânicos ► intempéricos Agregados Graúdos - NBR 7211 Pedregulho ou brita, ou mistura de ambas, de rochas estáveis, cujos grãos passam pela peneira 152 mm e são retidos na 4,8 mm (fração pedregulho). Rochas utilizadas: ► Granito ► Basalto ► Gnaisse ► Diorito ►Gabro ►Diabásio ►Calcário ►Quartzito ►Arenito Pedras naturais para construção civil Todas as classes de rochas podem apresentar propriedades adequadas ao emprego na construção civil. ► Classificação geológica: Ígneas Sedimentares Metamórficas ► Classificação tecnológica: Silicosas Calcárias Argilosas Aplicação na construção civil ► Silicosas Ígneas Granito Basalto Diorito ► Silicosas sedimentares Arenito ► Silicosas metamórficas Gnaisse Micaxisto Quartzito Talcoxisto • Calcárias sedimentares – Calcário – Dolomita – Travertino • Calcárias metamórficas – Mármore • Argilosas sedimentares – Margas • Argilosas metamórficas – Filitos – Ardósia Propriedades da rocha ► Resistência à compressão ► Massa unitária (densidade com vazios) ► Massa específica (densidade sem vazios) ► Dilatação térmica ► Higroscopicidade ► Absorção ► Porosidade ► Fratura ► Trabalhabilidade ► Homogeneidade ► Durabilidade Resistência do agregado Agregado Resistência (Mpa) Granito (ígnea intrusiva) 184,4 Micaxisto (metamófica quartzo-micácea médio grau) 85,2 Calcário (sedimentar) 188,7 Granulito (metamófica cálcio-alcalina de alto grau) 190,4 Caracterização tecnológica de rochas ornamentais Rochas ornamentais ou de revestimento, quando em uso, são submetidas a muitas solicitações, tais como atrito (desgaste), impacto, ações do clima, ataque por produtos de limpeza, etc. A caracterização tecnológica dos materiais (mineralógica, física, química e mecânica) é fundamental para a sua utilização correta, segura e econômica.
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