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1 Higiene e Segurança do Trabalho Profª Renata dos Santos Fernandes Curso: Engenharia de Produção Modelo de Gestão de risco 2 Gestão de riscos: “implementação das estratégias de controle e prevenção, que são definidas a partir da avaliação da tecnologia de controle disponível, da análise de custos e dos benefícios, da aceitabilidade dos riscos e dos fatores sociais e políticos envolvidos”. Gerenciar riscos deve ser parte integrante da administração de qualquer empresa. Conhecer os riscos e saber quais são as conseqüências da não eliminação ou mitigação do mesmo, é prevenir futuros eventos que podem afetar toda a organização. Desta forma a ISO 31000 veio para auxiliar as empresas a tratarem de forma adequada essa questão tão importante no mundo dos negócios. ISO/IEC 31010:2009 (Gestão de riscos - Técnicas para o processo de avaliação de riscos) Contempla as seguintes ações: mudanças no processo de produção ou implementação de equipamentos de segurança; � formas e valores de compensações para vítimas e o meio ambiente afetado; � legislações e intervenções governamentais, etc. Risco - “a combinação da probabilidade e conseqüência da ocorrência de um evento perigoso e da severidade da lesão ou dano à saúde das pessoas causada por esse evento”. Perigo - “o potencial inerente para causar lesão ou dano à saúde das pessoas”. O PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS TEM COMO OBJETIVO PRESERVAR A VIDA E EVITAR DANOS FISICOS E PSIQUICOS AS PESSOAS, COMO TAMBEM A NECESSIDADE DE SE MANTER SOB CONTROLE TODOS OS AGENTES AMBIENTES, COM MONITORAMENTO PERIÓDICO, LEVANDO- SE EM CONSIDERAÇÃO A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS. EVITAR DANOS A PROPRIEDADE E A PARALIZAÇÃO DE PRODUÇÃO. 3 A inspeção no local de trabalho é um dos procedimentos importantes de antecipação de intempéries em relação à Segurança e Medicina do Trabalho, por isto é ideal que os profissionais adotem procedimentos de inspeção para que se eliminem riscos de baixo, médio e grande porte, oferecendo aos setores laborais qualidade e segurança aos colaboradores da empresa. Inspeção de Segurança – é a ação que permite detectar riscos de acidente possibilitando tomar medidas preventivas com o objetivo de eliminar, neutralizar ou controlar os riscos encontrados. TIPOS DE INSPEÇÃO: Geral: envolve todos os setores da empresa com problemas relativos à segurança. Parcial: quando é feita em alguns setores da empresa ou certos tipos de trabalho, equipamentos ou máquinas. De rotina: traduz-se pela preocupação constante de todos o trabalhadores, do pessoal de manutenção, dos membros da CIPA e dos setores de segurança. Periódica: são inspeções efetuadas em intervalos regulares programadas previamente e visam apontar riscos previstos como: desgastes, fadigas, esforço e exposição a certas agressividades do ambiente a que são submetidos máquinas, ferramentas, instalações, funcionários, etc. Eventual: é a inspeção realizada sem dia ou período estabelecido e com o envolvimento do pessoal técnico da área. Oficial: é a inspeção efetuada pelos órgãos governamentais do trabalho ou securitários. Para este caso, é muito importante que os serviços de segurança mantenham controle de todas as operações a fim de atender as condições da fiscalização. Especial: é a que requer conhecimentos e/ou aparelhos especializados. Inclui-se aqui a inspeção de caldeiras, elevadores, medição de nível de ruídos, de iluminação. 4 1. Estabelecer programa de avaliação de riscos no trabalho. 2. Estruturar a avaliação. Escolher a abordagem. 3. Reunir informação (ambiente, tarefas, população). 4. Identificar perigos. 5. Identificar quem está exposto a perigos. 6. Identificar padrões de exposição a riscos. 7. Avaliar riscos (probabilidade de danos, severidade dos danos). 8. Investigar opções para eliminar ou controlar riscos. 9. Estabelecer prioridades de ação e fixar medidas de controle. 10. Controlar a aplicação. 11. Registrar a avaliação. 12. Verificar a eficácia da medida. 13. Revisão. 14. Controlar o programa de avaliação de riscos. Programa de Avaliação e Controle de Riscos Processos básicos do Plano Gerenciamento/Gestão de Riscos: Identificação de Riscos - É o processo através do qual, contínua e sistematicamente, são identificadas situações de risco de acidentes que podem afetar a organização. Principais metodologias: • Checklists e Roteiros • Inspeção de Segurança • Investigação de Acidentes • Fluxogramas Processo de Avaliação de Riscos (PAR) - fornece a estrutura para identificar e analisar o risco para conhecimento das conseqüências e suas probabilidades, para uma tomada de decisão específica caso seja necessário. Controle de Danos - depende do constante monitoramento de indicadores de monitoramento. Constitui em um programa de prevenção de perdas, reduzindo tanto a freqüência como a severidade dos acidentes Todas estas medidas deverão ser seguidas de ações preventiva. 5 No princípio a atividade humana foi quase individual, destinada exclusivamente à continuação da própria vida e dos mais próximos, mas com a evolução dos contatos entre as pessoas, cresceu, igualmente, a supremacia de uns sobre outros, aparecendo relações como vassalagem, servidão e escravidão. História das relações de trabalho Até meados do século XX, as condições de trabalho nunca foram levadas em conta, sendo sim importante a produtividade, mesmo que tal implicasse riscos de doença ou mesmo à morte dos trabalhadores. Para tal contribuía dois fatores, uma mentalidade em que o valor da vida humana era pouco mais que desprezível e uma total ausência por parte dos Estados de leis que protegessem o trabalhador. Apenas a partir da década de 50 / 60, surgem as primeiras tentativas sérias de integrar os trabalhadores em atividades devidamente adequadas às suas capacidades. 6 A 1ª lei foi o Decreto legislativo nº 3724 de 15 de janeiro de 1919, que introduziu o conceito de risco profissional e determinou o pagamento de indenização ao segurado ou à família, proporcional a gravidade das seqüelas do acidente. O Decreto-Lei n.º 7.036, de 10 de novembro de 1944 manteve o sentido de risco profissional, mas foi ampliada pela teoria do risco da autoridade, isto é, pregava que a autoridade é fonte (ou causa) de responsabilidade pelos acidentes havidos. Em 14 de setembro de 1967, a Lei 5.316, determinou o seguro obrigatório como prerrogativa da previdência social. Adotou o conceito de acidente ocorrido no trajeto entre residência e o trabalho e vice-versa (risco social). A previdência social adotou programas de reabilitação profissional. Lei 6.367, de 19 de outubro de 1976, regulamentada pelo Decreto 79.037 de 24 de dezembro de 1976, ao lado dos acidentes de trabalho contemplava as chamadas doenças profissionais ou doença do trabalho. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE ACIDENTES DO TRABALHO Lei 8213, de 24 de julho de 1991, estabeleceu que a empresa é responsável pela adoção das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador. Assegurou a estabilidade no emprego do segurado que se incapacitarem para o trabalho por mais de 15 dias. Enfim, o parágrafo 10º do art. 201 da Constituição Federal, na redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 16 de dezembro de 1998, estabeleceu que a lei disciplinará: “a cobertura do acidente de trabalho, a ser entendida concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado”. 7 Art. 139 - Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou ainda, pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária. Na nossa legislação, acidente do trabalhoé definido pelo Decreto nº 611/92 de 21 de julho de 1992, que diz: Acidente - acontecimento imprevisto, casual ou não, que resulta em ferimento, dano, estrago, prejuízo, avaria, ruína etc. Acidentes podem ser previstos – e se previstos, podem ser evitados! Conceito de acidente do trabalho, numa visão prevencionista: “Acidente do trabalho é toda ocorrência não programada, não desejada, que interrompe o andamento normal do trabalho, podendo resultar em danos físicos e/ou funcionais, ou a morte do trabalhador e/ou danos materiais e econômicos a empresa e ao meio ambiente”. 8 A lesão causada por um acidente do trabalho pode provocar a morte, perda ou redução da capacidade para o trabalho. A lesão pode ser caracterizada apenas pela redução da função de determinado órgão ou segmento do organismo, como os membros. Considera-se como acidente de trabalho: • Acidente que ocorre durante o trajeto entre a residência do trabalhador e o local de trabalho; • Doença profissional que é produzida ou desencadeada pelo exercício de determinado trabalho; • Doença do trabalho, a qual é adquirida ou desencadeada pelas condições em que a função é exercida. um trabalhador perder a audição por ficar longo tempo sem proteção auditiva adequada, submetido ao excesso de ruído, gerado pelo trabalho executado junto a uma grande prensa. trabalhador adquire tenossinovite (inflamação de tendões e articulações) por exercer atividades repetitivas, que solicitam sempre o mesmo grupo de músculos. Os acidentes de trabalho são caracterizados em dois tipos: • Acidente Típico: é aquele decorrente da característica da atividade profissional que o indivíduo exerce. • Acidente de Trajeto: aquele que ocorre no trajeto entre a residência do trabalhador e o local de trabalho, e vice-versa. • Doença Profissional ou do Trabalho: doença que é produzida ou desencadeada pelo exercício de determinada função, característica de um emprego específico. 9 Conceitos importantes: · Segurados especiais são trabalhadores rurais, isto é, que prestam serviços em âmbito rural, individualmente ou em regime de economia familiar, mas não têm vínculo de emprego. · Lesão corporal é qualquer dano produzido no corpo humano, seja ele leve, como, por exemplo, um corte no dedo, ou grave, como a perda de um membro. · Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de qualquer órgão ou sentido. Por exemplo, a perda da visão, provocada por uma pancada na cabeça, caracteriza uma perturbação funcional. Todo acidente do trabalho, por mais leve que seja, deve ser comunicado à empresa, que deverá providenciar a CAT, no prazo máximo de 24 horas. Caso contrário, o trabalhador perderá seus direitos e a empresa deverá pagar multa. Caso a empresa não notifique a Previdência Social sobre o acidente do trabalho, o próprio acidentado, seus dependentes, o médico ou a autoridade que lhe prestou assistência ou o sindicato da sua categoria podem encaminhar essa comunicação. CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho) Deve se referir às seguintes ocorrências: - CAT inicial: acidente do trabalho típico, trajeto, doença profissional, do trabalho ou óbito imediato; - CAT de reabertura: afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou de doença profissional ou do trabalho; ou - CAT de comunicação de óbito: falecimento do empregado decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho, após o registro da CAT inicial. 10 http://api.dataprev.gov.br/doc/dadosDisp.htm A CAT deverá ser preenchida com todos os dados informados nos seus respectivos campos, em quatro vias, com a seguinte destinação: 1ª via: ao Instituto Nacional de Seguro Social - INSS; 2ª via: ao emitente 3ª via: ao segurado ou dependente; 4ª via: ao sindicato de classe do trabalhador; 5ª via: ao Sistema Unico de Saúde - SUS, e 6ª via: à Delegacia Regional do Trabalho - DRT. 11 Acidente sem afastamento – acidente do trabalho que pode levar o trabalhador a se ausentar da empresa apenas por algumas horas. acidente que resulta num pequeno corte no dedo, e o trabalhador retorna ao trabalho em seguida. Acidente com afastamento - acidente que pode deixar o trabalhador impedido de realizar suas atividades por vários dias, meses, ou de forma definitiva. Pode resultar em: - incapacidade temporária, que é a perda da capacidade para o trabalho por um período limitado de tempo, após o qual o trabalhador retorna às suas atividades normais. - incapacidade parcial e permanente, que é a diminuição, por toda vida, da capacidade física total para o trabalho. Ex.: quando ocorre a perda de um dedo ou de uma vista. - incapacidade total e permanente, que é a invalidez incurável para o trabalho. Nesse caso, o trabalhador não tem mais condições para trabalhar. Ex.: quando um trabalhador perde as duas vistas em um acidente do trabalho. Um indivíduo é lesionado ou lesiona outro durante a execução de uma tarefa com certo material em determinado ambiente (meio). O conjunto, composto dos quatro elementos: indivíduo-tarefa-material-meio, define uma unidade de análise denominada atividade. A atividade corresponde à parte do trabalho desenvolvida por um indivíduo no sistema de produção considerado, e a cada indivíduo corresponde uma atividade. Então, para que ocorra um acidente, quatro coisas são necessárias: a) o indivíduo; b) a tarefa (atitudes do indivíduo); c) o material (equipamentos, matéria-prima, peças, produtos, máquinas, ferramentas ou outro objeto; d) o meio (meio ambiente de trabalho). CAUSAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO 12 O acidente sempre ocorre como resultado da soma de Atos Inseguros e Condições Inseguras que são oriundos de aspectos psicossociais denominados Fatores Pessoais de Insegurança. Ato Inseguro - é um termo técnico utilizado em prevenção de acidentes. É a maneira como as pessoas se expõem, consciente ou inconscientemente, a riscos de acidentes. Ex.: não obedecer a sinais ou instruções de segurança entre outros. Condição Insegura - tem como definição as circunstâncias externas de que dependem as pessoas para realizar seu trabalho que sejam incompatíveis ou contrárias com as normas de segurança e prevenção de acidentes. Essas condições estão presentes nos locais de trabalho. Fator Pessoal de Insegurança - é o nome dado às falhas humanas decorrentes, na maior parte das vezes, de problemas de ordem psicológica (depressão, tensão, excitação,etc), social (educação, dependências químicas, etc), congênitos ou de formação cultural que alteram o comportamento do trabalhador permitindo que cometa Atos Inseguros. Ex.: o indivíduo que é distraído terá atitudes, predominantemente, desatentas. A falta de atenção é um Ato Inseguro. Administrativamente, o posto de benefícios da Previdência Social é que será o órgão encarregado da constatação do nexo entre o trabalho realizado e o acidente sofrido. Tecnicamente, caberá ao médico perito do INSS estabelecer o nexo causal e o efeito entre: a) acidente e a lesão; b) doença e o trabalho; c) causa mortis e o acidente. CARACTERIZAÇÃO DO ACIDENTE 13 a) ao segurado: • auxílio-doença – recebido do INSS pelo segurado após o 16º dia de afastamento do trabalho até o seu retorno ao trabalho. • auxílio-acidente – recebido do INSS pelo segurado quando após a consolidação das lesões decorrentes do acidente do trabalho, apresente seqüela laborativa que exija maior esforço ou necessidade de adaptação para exercer nova atividade. • aposentadoria por invalidez. b) ao dependente: pensão por morte. c) ao segurado e ao dependente: pecúlio (Revogado – Lei 9032/95); serviço social e reabilitação profissional. Benefícios ao acidentado e seus dependentes: Estabilidade acidentária: o segurado que sofreu acidente do trabalho tem, garantida, pelo prazo mínimo de 12 meses, amanutenção do seu contrato de trabalho na empresa após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção do auxílio-acidente. Conseqüências dos acidentes � a vítima, que fica incapacitada de forma total ou parcial, temporária ou permanente para o trabalho; � a família, que tem seu padrão de vida afetado pela falta dos ganhos normais, correndo o risco de cair na marginalidade; � as empresas, com a perda de mão-de-obra, de material, de equipamentos, tempo etc., e, conseqüentemente, elevação dos custos operacionais; � a sociedade, com o número crescente de inválidos e dependentes da Previdência Social. 14 IMPORTÂNCIA E VANTAGENS DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES A redução dos acidentes do trabalho traz, entre outros, os seguintes benefícios às empresas: • redução dos prejuízos financeiros decorrentes dos desperdícios de material; • melhoria no moral do trabalhador com implicações positivas na produtividade; • redução no preço final do produto; • redução das taxas de seguro contra acidentes do trabalho. Alguns fatores que demonstram a reduzida eficácia do Segurança e Saúde do Trabalho (SST) existente: a) trabalhadores informal, setor público, domésticos, entre outros, não tem proteção; b) esforços preventivos e resultados reais na redução de acidentes das empresas não são levados em consideração; c) serviços médicos não são remunerados pelo seguro acidentário; d) discriminação entre empresas com alto e baixo risco é diminuta; e) a presença não coordenada entre organizações nas áreas federal, estadual e municipal é favorecida pela ausência de comando consolidado.
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