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Texto 5 CEOS tem reinado cada vez curtos

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1 
CEOs têm um reinado cada vez mais curto 
 
A tolerância dos acionistas com CEOs que não apresentam resultados no curto 
prazo está cada vez menor. Pesquisa da Booz Allen Hamilton, realizada com 2,5 mil 
empresas globais, mostrou que as demissões de presidentes relacionadas a mau 
desempenho aumentaram 44% no ano passado, representando 31,4% de todos os 
desligamentos ocorridos no período. 
 
Na Europa, o cerco aos administradores ruins está se fechando ainda mais rápido. 
Lá, o tempo médio de permanência dos CEOs foi de 2,5 anos, enquanto a média na 
América do Norte, Japão e demais regiões da Ásia/Pacífico foi de 4,5 anos. No 
geral, os que perderam o emprego por má atuação fizeram suas empresas ter um 
retorno 7,7 pontos percentuais inferior ao dos concorrentes. 
 
A taxa de 14% do total de CEOs afastados em 2004, segundo a pesquisa, é pouco 
superior ao turnover americano, que foi de 12%. "Eles estão sendo tratados como 
qualquer funcionário", diz Ivan de Souza, sócio da consultoria no Brasil. 
 
Outra constatação é que os CEOs têm sua melhor performance nos primeiros anos 
da gestão. Para assegurar uma renovação mais rápida de seus comandantes, 
algumas companhias estão induzindo líderes na faixa dos 50 anos a se 
aposentarem. 
 
Vida curta para CEOs que não trazem resultados 
 
Mais ativos, acionistas de todo o mundo fecham o cerco contra as más 
performances 
 
Esta já está sendo chamada a era dos CEOs efêmeros. Nunca as companhias foram 
tão intolerantes com performances ruins. Pesquisa realizada pela consultoria Booz 
Allen Hamilton com 2,5 mil empresas globais, no ano passado, mostrou que as 
demissões de comandantes relacionadas ao mau desempenho subiram 44% em 
relação a 2003, representando 31,4% de todos os afastamentos de CEOs 
registrados no período. 
 
Um terço dos 354 líderes que deixaram o cargo nessas empresas em 2004 foram 
obrigados a sair por não terem sido bons administradores ou terem se 
desentendido com o "board". Este foi o maior índice de sucessão "forçada" já 
registrado em sete anos de pesquisa. 
 
Agindo de forma pouco ética ou abusando do poder, os CEOs demitidos fizeram 
com que suas empresas tivessem um retorno 7.7 pontos percentuais menor que a 
concorrência. O levantamento mostra que os afastamentos por mau desempenho 
ou em razão fusões e aquisições subiram 300% desde 1995. "Podemos dizer que o 
CEO hoje corre três vezes mais risco de perder o emprego do que naquela época", 
diz Ivan de Souza, sócio da Booz Allen Hamilton no Brasil. A taxa de 14% do total 
de CEOs que deixaram os seus postos em 2004 nas empresas pesquisadas, ficou 
pouco acima do turnover dos EUA no período, que foi de 12%. "O profissional hoje 
não tem mais proteção por ter se tornado CEO, portanto, corre o mesmo risco dos 
outros empregados", diz o consultor. 
 
Desde o início de 2004, ocorreram inúmeros casos de sucessão "forçada" com 
bastante visibilidade pelo mundo. Disney, Hewlett Packard, Boeing e AIG são 
exemplos. Acionistas insatisfeitos também apressaram a aposentadoria de Douglas 
Daft, da Coca-Cola e Thomas Holtrop da T-Online, apenas para citar alguns. "O 
ativismo dos acionistas está cada vez mais forte", diz Souza. 
 
 
 
2 
Na Europa, a intolerância dos acionistas ficou mais evidente, segundo a pesquisa. 
Lá, 42% das saídas de CEOs em 2004 foram relacionadas à performance. Nos 
Estados Unidos, esse percentual foi de 31%. O tempo médio de permanência no 
cargo também encurtou em solo europeu, ficando em 2,5 anos. Enquanto, no geral, 
em 2004, a média foi de 4,5 anos. "Não dá para dissociar os eventos econômicos 
da performance das empresas européias. A Alemanha, por exemplo, vive um baixo 
crescimento dos mercados e isso afeta as companhias e o desempenho dos CEOs", 
diz o consultor. 
 
Na região da Ásia e Pacífico, 17,5% das companhias trocaram de CEO, o que 
significou um aumento de 230% sobre 2003. "O motivo maior foram as fusões e 
aquisições", explica Souza. O mercado asiático é muito dinâmico, o que faz com 
que a cobrança por resultados seja maior do que em outras regiões. "Existe uma 
forte presença de empresas de alta tecnologia, que envolvem processos de 
inovação e implicam num risco maior para o desempenho dos CEOs", diz o 
consultor. 
 
Uma outra constatação da pesquisa é que os CEOs contratados no mercado herdam 
companhias em pior estado. Um ano antes de assumirem o posto, suas empresas 
apresentavam um retorno para o acionista 5.2 pontos percentuais abaixo da 
concorrência. "Quem tenta consertar uma empresa corre mais risco de não acertar 
porque levará um tempo até que possa conhecer bem os desafios do negócio", diz 
Souza. 
 
Uma surpresa do levantamento, segundo o consultor, é que um terço das empresas 
que foram mais bem sucedidas nos últimos dois anos estavam mais dispostas a 
forçar um novo CEO a sair do cargo. "É muito difícil seguir o sucesso com mais 
sucesso. A chance do sucessor fazer isso é sempre menor. É mais fácil uma gestão 
bem sucedida aparecer se a anterior for ruim", diz o consultor. As companhias que 
lutaram mais antes do novo líder chegar ao posto tendem a deixa-lo mais tempo no 
cargo. 
 
O levantamento mostrou também que a performance do líder muda durante o 
tempo que ele permanece no comando. Segundo a pesquisa, tanto os que vieram 
de fora quanto os que cresceram na própria empresa apresentam um desempenho 
melhor na primeira metade de sua gestão. Para forçar a renovação no comando 
antes que este declínio aconteça, muitas companhias, em especial, as norte-
americanas estão incentivando os CEOs a se aposentarem mais jovens, na faixa 
dos 55 anos de idade. Nos Estados Unidos, 17,5% dos que deixaram o posto em 
2004, tinham 50 anos ou menos. Esse percentual representou um aumento de 61% 
em relação ao ano anterior. 
 
Muitos dos afastados precocemente vão seguir carreira em outras empresas ou 
tornam-se conselheiros, segundo Souza. A questão é que 46% das companhias 
onde o CEO aposentado permaneceu como "chairman" tiveram um desempenho 
pior que a concorrência. "Quando ele fica na companhia ele tem uma ligação maior 
com o que foi feito anteriormente, por isso será menos crítico, terá dificuldade em 
promover ajustes", diz Souza. 
 
A média anual de retorno ao acionista dos líderes, que nos últimos sete anos, 
exerceram a função de "chairman" sem ter sido CEO anteriormente, foi superior à 
daqueles que exerceram a função de CEO e chairman combinadas, ou daqueles que 
respondiam pelo cargo de CEO antes de se tornarem "chairman". 
 
O setor de Tecnologia da Informação foi o que mais forçou a saída dos CEOs em 
2004, sendo responsável por 44,8% de todas as saídas registradas na indústria, 
seguido do setor de telecomunicações com 42,9%. "Este é um dos mercados mais 
 
 
3 
dinâmicos do mundo, onde sempre ocorrem grandes mudanças tecnológicas e que 
no momento está passando por desregulamentações que representa um grande 
desafio para os CEOs", diz Souza. 
 
Fonte 
CAMPOS, Stela. CEOs têm um reinado cada vez mais curto. Valor Econômico, São 
Paulo, 18 maio 2005.

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