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Alienação Parental: Consequências e Intervenções

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UNIVERSIDADE PAULISTA
ALAIZ FLORES LOPES DE AZEVEDO, ELIANE FERREIRA SILVA
ALIENAÇÃO PARENTAL
PORTO VELHO-RO
2018
ALAIZ FLORES LOPES DE AZEVEDO, ELIANE FERREIRA SILVA
ALIENAÇÃO PARENTAL
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em Serviço Social apresentado á Universidade Paulista – UNIP.
ORIENTADOR: 
PORTO VELHO- RO
2018
Sumário
1.	INTRODUÇÃO	8
2.	FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA	10
2.1	Família	10
2.2	Os tipos de famílias no Brasil	11
3.	LEI 8.069/90 (ECA)	13
3.1	Considerações gerais sobre família, casamento, divórcio.	14
3.2	Evolução Histórica da Família	15
3.3	Situações de Conflitos em Família: Separação, Divórcio, Dissolução da Família	16
3.4	Efeito da separação	18
4.	ALIENAÇÃO PARENTAL	20
4.1	Definição	20
4.2	Critérios de identificação	23
4.3	Sequelas deixada pela Alienação Parental	23
5.	PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL	24
5.1 A guarda dos filhos	25
5.2 A Lei da Alienação Parental (Lei 12.318/10)	27
6.	OBJETIVOS	28
6.1	Objetivo geral	28
6.2	Objetivo específico	28
7.	JUSTIFICATIVA	28
8.	METODOLOGIA	29
9.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	29
10.	REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS	30
ALAIZ FLORES LOPES DE AZEVEDO, ELIANE FERREIRA SILVA
ALIENAÇÃO PARENTAL
Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Graduação em Serviço Social apresentado à Universidade Paulista – UNIP.
APROVADO EM:
BANCA EXAMINADORA
______________________________/____/_____ PROFª UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
______________________________/____/_____ PROFª UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
______________________________/____/_____ PROFª UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
“Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer”
(Santo Agostinho)
RESUMO
O tema abordado foi selecionado devido a atualidade do assunto alienação parental subsidiada pela criação da Lei 12318 2010. Nessa matéria é descrita e analisada a relação pais/filhos afetados pela Alienação Parental, citando a conduta de ambos e principalmente as consequências que traz para todos os envolvidos. Foram utilizadas decisões judiciais como exemplos dos conteúdos levantados na pesquisa. O objetivo geral deste trabalho é discutir os desdobramentos da Alienação Parental. Para tanto, realizou-se uma pesquisa sobre o tema em livros que tratam sobre o direito de família e em leis especiais que amparam o direito da família e do menor. Como resultado, constatou-se a importância do acompanhamento familiar por especialista da área da psicologia e/ou assistência social. A principal contribuição para a área de direto alcançada foi a comprovação de que o amparo feito pelo judiciário é fundamental para a solução da síndrome de alienação parental.
 Palavras - chave: Direito de Família. Alienação Parental (AP). Constituição da República Federativa - ECA. Guarda
ABSTRACT
 The theme was chosen for study because of the timeliness issue subsidized parental alienation by the creation of the Law 12 318 2010. The study is described and analyzed the relationship between parents and children affected by Parental Alienation, citing both the conduct and the consequences that this particular syndrome brings to all involved. Judgments were used as examples of content raised in the survey. The aim of this paper is to discuss the ramifications of Parental Alienation. Therefore, we carried out a research on the topic in books that deal with family law and special laws that protect the rights of the family and the child. As a result, it was confirmed the importance of family monitoring by specialist area of psychology and / or social assistance. The main contribution to the area was achieved direct proof that the support made by the judiciary is fundamental to the solution of parental alienation. 
Key Word: Family Law. Parental Alienation (AP). Constitution of the Federal Republic - ACE. Guard.	
INTRODUÇÃO
A família vem se transformando ao longo do tempo, e cada vez cresce mais o número de divórcios e pais solteiros atualmente. Com estas novas formas de família, novos conflitos vem se apresentando e o judiciário vem trabalhando a fim de se adaptar a essa nova realidade. Entre os principais conflitos pode-se citar a Alienação Parental, tema deste estudo. A Alienação Parental vem se tornando um assunto recorrente no meio e estudos a respeito desta chegaram recentemente no Brasil, através da Lei 12.318/10, casos mais frequentes da Alienação Parental estão associados a situações onde o fim da vida conjugal gera em um dos genitores uma intenção vingativa muito grande, quando este não consegue elaborar adequadamente o fim da separação, desencadeando um processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge.
Neste processo vingativo, o filho é aproveitado como ferramenta da agressividade direcionada ao parceiro. Não cabe ao Estado, regular relações de pessoas por uma questão de liberdade, mas é cabível, obrigatoriamente, terem conhecimento de como lidamos com nossos filhos, e agora, mais delicadamente, pois a alienação parental trata-se de violência contra a criança, na qual pode gerar consequências. Por fim este trabalho tem como objetivo esclarecer sobre a alienação parental, características e condutas do alienador, os tipos de guarda, qual a visão de família pelo direito positivo e legislação especial (ECA, Lei de alienação parental). 
A alienação parental tem sido objeto de ações para reivindicar os direitos do genitor alienado, o qual está perdendo ou já perdeu, o contato com os filhos, bem como têm sido matéria de defesa nos casos de acusação de abuso sexual. Portanto, identificar e conhecer os atos de alienação parental é extremamente importante para que não se cometam equívocos, transformando agressores em vítimas ou mães preocupadas e denunciadoras como praticantes de alienação parental. Não obstante, serão abordados os principais movimentos que combatem os atos de alienação parental. Estes atos são difíceis de serem comprovados, uma vez que não deixam marcas físicas, apenas psicológicas em todos os membros da unidade familiar. Por isso, far-se-á uma abordagem sobre os aspectos processuais e a dificuldade de produzir provas, bem como uma leitura mais atenta de todos os dispositivos tratados nesta lei. A perícia multidisciplinar tem sido uma grande aliada do Poder Judiciário, tanto na averiguação dos atos de alienação parental como no tratamento de crianças e adolescentes prejudicadas por estes atos.
Visto isto, espera-se contribuir para melhor esclarecimento desse assunto, não só para quem passa, mas também para aqueles que já passaram, e, para os leigos terem conhecimento de tal assunto, uma vez que desconhecem a existência do mesmo no seu habitual.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Família
Ao ganhar a dádiva da vida, o ser humano passa a pertencer a um lar, a uma família, seja ela biológica ou afetiva. O Código Civil Brasileiro não define o que é família, entretanto, é perceptível que sua conceituação difere-se conforme o ramo do direito em que é abordada. Conforme Gonçalves (2011, p. 17) “o direito de família é, de todos os ramos do direito, o mais intimamente ligado à própria vida, uma vez que, de modo geral, as pessoas decorrem um organismo familiar e a ele conservam-se vinculadas durante a sua existência”.
Os seres humanos sempreviveram em aglomeração, haja vista sua necessidade de estar em comunidade, e de necessitar psicológica, social e economicamente um do outro, não sendo possível viver isoladamente. Nesse contexto, surgem as famílias, muito antes do direito, dos códigos e da religião, elas alternam-se a conforme o tempo, a cultura e a consolidação de cada geração.
O modelo básico da família, formada por pais e filhos, não se alterou significativamente com a migração destes do meio rural para centros urbanos. Contudo, as famílias têm apresentação distinta das antigas, especialmente no que concerne às suas finalidades, composição e papéis dos sujeitos que a compõem (VENOSA, 2012), desafiando os juristas e a legislação a amparar suas mais variadas formatações, tendo em vista sua função estrutural para a sociedade contemporânea.
Outras instituições atualmente (como a escola) designam atividades que originalmente eram dos pais. Os ofícios já não são mais transmitidos de pais para filhos, a educação cabe ao Estado, além da religião não ocupar espaço tão importante, como antigamente, nos lares, a mudança de economia agrária para industrial fez com que homens e mulheres disputassem o mercado de trabalho, alterando drasticamente a composição familiar original (VENOSA, 2012).
Por fim, nas palavras de Osório (1996, p. 14): 
“Família não é um conceito unívoco. Pode-se até afirmar, radicalizando, que a família não é uma expressão passível de conceituação, mas tão somente de descrições; ou seja, é possível descrever as varias estruturas ou modalidades assumidas pela família através dos tempos, mas não como defini-la ou encontrar algum elemento a todas as formas com que se apresenta este agrupamento humano.”
Os tipos de famílias no Brasil
Até a promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988 a composição de família era taxativa, haja vista que somente os laços formados pelo casamento obtinham tal status. Ademais, a Lei de Divórcio atribuía à parte culpada pela separação uma série de sanções, o qual acabava fazendo com que os cônjuges mantivessem o casamento a qualquer custo.
A família contemporânea perdeu sua função puramente econômica, de unidade produtiva e seguro contra a velhice, em que era necessário um grande número de integrantes, principalmente filhos, sob o comando de um chefe – o patriarca. Perdeu também seu costume eminentemente pro racional, deveras influenciado pela Igreja, para adquirir o contorno da solidariedade, da cooperação e da comunhão de interesses de vida (MADALENO e MADALENO, 2013, p. 18).
O princípio da dignidade da pessoa humana, constante no artigo 1°, III, da CF/1988, é entendido como cláusula pétrea, e, deste modo, além do matrimônio passou-se a considerar outras formas no que diz respeito à entidade familiar, sendo o ser humano o principal objeto, de proteção do Estado. Logo, pode-se compreender que toda forma de constituição de família é protegida pela Carta Magna, ainda que não tratada expressamente. Foram previstas na Constituição as famílias formadas pelo casamento, união estável ou as monoparentais, fulcro ao artigo 226. Além das modalidades elencadas na Carta Magna, atualmente ocorreu um alargamento no conceito de família. Com a evolução social, o afeto passou a ocupar o lugar que outrora o patrimônio ou a procriação ocuparam: o centro da família, um dos principais fatores na formação do caráter de qualquer pessoa. O princípio da dignidade da pessoa humana, amparado pelos demais princípios que protegem a vida em sociedade, proíbe distinções entre as mais variadas formas de família. 
O artigo 226 da CF/1988 não apresenta um rol taxativo; deste modo são possíveis (e estão presentes na sociedade brasileira) outras formas de família. Assim, na atualidade, não há modelo a ser seguido; cabe ao direito proteger e positivar os tipos que ainda não foram tratados em legislação.
O código de 1916 trazia o “pátrio poder”, ou seja, o marido era o chefe da relação, a mulher só ocuparia este lugar em sua falta ou impedimento. E, por exemplo, caso fosse a mulher viúva e viesse se casar novamente perdia o pátrio poder, só o recuperando tornando-se viúva mais uma vez. A Lei 4.121/62 alterou o Código Civil e assegurou esse poder a ambos os pais, no entanto, ele era exercido pelo pai com colaboração da mãe, e se tivesse divergência, a opinião do pai prevaleceria. 
A Constituição Federal modificou na Lei 4.121/62, apenas a parte que fala sobre à divergência entre os cônjuges, não dando mais preferência a vontade do pai, devendo o que estava inconformado recorrer a justiça. Isso ocasionou em uma grande mudança no Código Civil, para que ficasse de acordo com a Constituição. A adoção do termo “poder familiar” para atender à igualdade entre homem e mulher, não agradou, pois, apenas foi modificada a nomenclatura, continuando a ideia do século passado. O poder familiar será exercido igualmente pelo pai e pela mãe, e isso continuara mesmo ocorrendo a ruptura do casamento, tal fato é resguardado pelo Código Civil, art. 1632. Fora o que diz o artigo, também devemos levar em conta que a presença de ambos é muito importante para a vida e formação dos filhos, mas o que vemos, infelizmente é que o cônjuge que fica com a guarda, quase sempre exerce sozinho o poder familiar. O genitor que recebe a guarda da criança, não é mais importante que o outro, essa escolha acontece apenas por uma questão de necessidade, afinal, não tem como dividir a criança em duas, para que ambos possam ficar com ela, apesar dela viver com apenas um, a responsabilidade sobre ela, ainda é dever de ambos.
A Constituição Federal de 1988 traz isso para nós no art. 227:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito a vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
LEI 8.069/90 (ECA)
O ECA foi instituído pela Lei 8.069 no dia 13 de julho de 1990, que defende em seu art. 1º a proteção integral à criança e ao adolescente. A proteção dos direitos fundamentais a pessoa em desenvolvimento, na primeira parte desta Lei, já a segunda parte, trata dos órgãos e procedimentos protetivos. Apesar do ECA, ser um conjunto de regras que estabelecem os direitos dos menores à vida, saúde, convivência familiar, educação e também seus deveres dentro da sociedade, ainda falta muito a ser feito para que o ECA seja, de fato, uma ferramenta de amparo infantojuvenil. Para uma decisão mais justa para o menor infrator, os ministros interpretam o ECA, colocando assim as medidas socioeducativas que tiram os jovens de situações de risco e promovem sua reintegração social, em prática. O ECA traz como um dos seus objetivos principais, a educação, ou seja, aponta que é melhor reeducar que punir criminalmente um jovem que age de desacordo com a Lei. No STJ, os assuntos sobre a vida infanto-juvenil chegam na forma de recursos a respeito de adoções, guarda, pagamento de pensão, investigação de paternidade, entre outros, em todos esses casos o bem – estar dos jovens envolvidos, é sempre o ponto primordial, por isso, é usado o ECA como referência para ajudar a solucionar essas questões. O Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 5° enfatiza que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da Lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Considerações gerais sobre família, casamento, divórcio.
É de importância para a compreensão deste estudo a abordagem do conceito de entidade familiar. Conceituar família é uma tarefa árdua e complexa, uma vez que este instituto tem importância e significado social diferentes para vários povos, sendo cabível destacar ainda que os parâmetros sociais sofrem alterações conforme o momentohistórico vivenciado. Analisando a origem da família, constata que nos primórdios da civilização romana e grega a família era uma instituição que tinha base política e, principalmente, religiosa. De acordo Minuchi, a família é:
Uma unidade social que enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento. Estas diferem junto com parâmetros de diferenças culturais, mas possuem raízes universais. [...] A família como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo a nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais.
No entendimento de Dias, a família é um agrupamento informal, de formação espontânea no meio social, cuja estruturação se dá através do direito. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, em seu art. XVI, preconizou: “A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado”. Com o passar dos tempos esta sociedade familiar sentiu necessidade de criar leis para se organizar e com isso surgiu o Direito de Família, regulando as relações familiares e tentando solucionar os conflitos oriundos dela. Através dos tempos, o Direito vem regulando e legislando sempre com intuito de ajudar a manter a família para que o indivíduo possa, inclusive, existir como cidadão (sem esta estruturação familiar, onde há um lugar definido para cada membro) e trabalhar na constituição de si mesmo (estruturação do sujeito) e das relações interpessoais e sociais. 
 
Evolução Histórica da Família 
Ao se estudar a história da humanidade, percebe-se que a entidade familiar é a primeira expressão humana no que se refere à organização social, pois, desde o surgimento do homem, a família existe, ainda que de forma involuntária e natural, tendo como funções básicas a reprodução e a defesa de seus integrantes. A família já existia muito antes da existência do Estado. Diversas mudanças ocorreram com o modelo de família tradicional no Brasil, sobretudo a partir da década de 1980. O código Civil anterior, que datava de 1916, regulava a família do início do século passado, constituída unicamente pelo matrimônio.
 Com o passar dos tempos esta sociedade familiar sentiu necessidade de criar leis para se organizar e com isso surgiu o Direito de Família, regulando as relações familiares e tentando solucionar os conflitos oriundos dela. Para Azambuja, “A família de hoje, pode-se afirmar, não apresenta a mesma configuração da família de séculos anteriores”. A mudança de cultura, de hábitos e as exigências da vida contemporânea provocaram alterações, não só no dia-a-dia das famílias, como também na sua própria concepção legal, enfatiza Corrêa. Hoje em dia não se pode mais falar da família brasileira de um modo geral, pois existem várias tipos de formação familiar coexistindo em nossa sociedade, tendo cada uma delas suas características e não mais seguindo padrões antigos. 
Existem famílias de pais separados, chefiadas por mulheres, chefiadas por homens sem a companheira, a extensa, a homossexual, e ainda a nuclear que seria a formação familiar do início dos tempos formada de pai, mãe e filhos, mas não seguindo os padrões antiquados de antigamente. Pode-se afirmar afinal que, apesar de todas as mudanças que aconteceram ao longo de todos esses anos na instituição família, o fato de ela não se basear mais no casamento típico e religioso é a mais marcante de todas, pois hoje em dia até o Código Civil já fez mudanças em relação a união dos casais. Para compreendermos a família brasileira atual, sua estruturação e suas características, teremos de iniciar refletindo sobre qual modelo de análise é apropriado para essa compreensão. O modelo da família atual encontra sua origem na família romana que, por sua vez, se estruturou e sofreu influência do modelo grego, bem como também é o resultado da adaptação da família portuguesa ao ambiente colonial do Brasil. Sendo assim, isto gerou um modelo com características nitidamente patriarcais e tendências conservadoras, o que não se pode generalizar como único modelo de família, afirma Lessa.
 Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, surge um novo marco no direito de família no Brasil, o qual foi consolidado nos conteúdos dos seus artigos 226 a 230, seus princípios decorrentes e na legislação complementar infraconstitucional, bem como em inúmeros artigos na lei 10406/2002 do Código Civil Brasileiro. As transformações ainda estão se processando, não sendo possível precisar todas as suas consequências nem prever quais serão os desdobramentos futuros.
O âmbito familiar é o primeiro ambiente socializador de todo indivíduo. É nele que o indivíduo passa a exercer papel fundamental no decorrer de sua trajetória, é no contexto familiar que experiências vivenciadas quando criança contribuem diretamente para a sua formação enquanto adulto.
Situações de Conflitos em Família: Separação, Divórcio, Dissolução da Família 
 
Embora bastante frequente em nossa jurisprudência, a questão de separação judicial e divórcio ainda gera muitas dúvidas, uma vez que são duas coisas distintas. Lessa pontua: 
Quando pensamos em situações de conflito na família, logo nos vem na mente discussões e brigas entre casais, que inevitavelmente acontecem e que dependendo da natureza dos motivos e uma série de outras razões, esses desentendimentos podem conduzir o casal ao caminho da separação e posteriormente, do divórcio.
Silva chama à atenção que os profissionais que operam com o Direito de Família veem se muitas vezes diante de situações difíceis e complexas, referentes a situações que envolvem aspectos psicoemocionais em âmbito familiar. Uma delas é a separação conjugal. As pesquisam demonstram um crescimento de casais que se separam. Em 2007, informa o IBGE, para cada quatro casamentos foi registrada uma separação. O art. 1.571 do Código Civil contempla a separação judicial como causa de dissolução da sociedade conjugal. Das considerações previstas no Código Civil, desprende-se que a separação judicial consiste na dissolução da sociedade conjugal em vida dos cônjuges, decretada e homologada pelo juiz, sem extinção do vínculo matrimonial. No que tange ao conceito de separação o IBGE contempla: É a dissolução legal da sociedade conjugal, ou seja, a separação legal do marido e da mulher, desobrigando as partes de certos compromissos, como o dever de vida em comum ou coabitação, mas não permitindo direito de novo casamento civil, religioso e/ou outras cláusulas de acordo com a legislação de cada país. 
Esta definição é válida tanto para as separações judiciais como para aquelas ocorridas nos tabelionatos. Em se tratando de divórcio, quando este ocorre, ou quando sua possibilidade se torna real na vida dos casados, é uma das mais importantes crises da vida do adulto. Dentre os fatores que têm contribuído para a transformação da família destaca-se o divórcio originando a denominada família monoparental. Para Lessa, o divórcio é um recurso social que põe fim a casamentos que não deram certo, é um ponto crítico para homens e mulheres e, muitas vezes, é a última esperança dos cônjuges para acabar com conflitos entre os dois e dentro da família. 
O divórcio é a dissolução do casamento, ou seja, a separação do marido e da mulher conferindo às partes o direito de novo casamento civil, religioso e/ou outras cláusulas de acordo com a legislação de cada país. A emenda Constitucional número 9, de 28 de junho de 1977, permitiu a instauração do divórcio no Brasil e a lei nº 6.515/77 o regulamentou. Portanto, no Brasil, a Constituição Brasileira45 garante o casamento ao mesmo tempo que garante os direitos para sua dissolução. O divórcio só acontece quando houve o casamento de fato, ou seja, no civil. É a forma legal de anular o casamento, segundo Art. 226 da CF. No Brasil ocorre tanto a separação como o divórcio. A separação não acontece legalmente, e sim quando as pessoas deixam de se relacionar maritalmente. A separação não precisa ser feita de acordo com as leis. Basta que o casal não compartilhe o mesmo lar e exista aseparação de corpos. 
 
Efeito da separação
Deve-se considerar que o bem-estar dos filhos depende do bem-estar dos pais e que a participação destes no desenvolvimento emocional daqueles é inevitável. Circunstâncias levianas decorrentes da ruptura conjugal que deflagram prejuízos emocionais aos filhos devem ser consideradas sob o ponto de vista jurídico e psicológico, bem como a presença do Estado. 
Nesse contexto, Winnicott demonstra a relevância que o convívio familiar possui sob o prisma psicológico de cada indivíduo, em especial para seu desenvolvimento emocional, com a seguinte percepção: 
A família é algo que pede por um estudo mais detalhado. Como psicanalista, estudando detalhadamente o desenvolvimento emocional, aprendi que cabe ao indivíduo empreender a longa jornada que leva do estado de indistinção com a mãe ao estado de ser um indivíduo separado, relacionado à mãe, e ao pai e à mãe enquanto conjunto. Daí o caminho segue pelo território conhecido como família, que tem no pai e na mãe suas principais características estruturais. A família tem seu próprio crescimento, e a pequena criança experimenta mudanças que advêm da gradual expansão e das tribulações familiares.
Tanto no âmbito clínico quanto no forense, estudos demonstram que os conflitos vividos pelos pais antes e durante o processo de separação causam problemas de ajustamento nos filhos, sendo que o relacionamento dos pais no período pós-divórcio constitui o fator mais crítico no funcionamento da família. A separação de um casal constitui um momento de crise importante na vida da pessoa, tornado-se muito difícil e doloroso até mesmo para a própria pessoa que toma a decisão. Em geral, ocorre uma reação de luto pelo fim da união, por pior que esta estivesse antes da separação. Mas pode tornar-se pior para aqueles que têm filhos. Embora a separação seja um processo de relação a dois, é bem certo que, numa grande maioria de casos, a decisão pertença apenas a um. Granato e Lessa chamam a atenção para o fato que a separação de um casal, quando mal-conduzida, pode acarretar para a vida da criança vária mudanças significativas que, com certeza, exigem tempo para a criança se adaptar e aprender a conviver com as novas situações em sua vida, bem como pode desagregar toda a família e extinguir relacionamentos futuros. A maioria das pessoas relata sentimentos de depressão e angústia intensa, relacionada a dúvidas e mudanças constantes no humor na época da separação (às vezes alegre, eufórico, às vezes triste, outras irritado). O enfoque dado pelos terapeutas que atendiam casais em processo de separação era o de levar em conta a problemática dos cônjuges em questão. Mas atualmente muitos estudos e pesquisas têm tido a preocupação de demonstrar os efeitos da separação desses casais nos filhos. É de conhecimento que quando os pais se separam a criança ou adolescente enfrenta o medo e as consequências negativas de um lar desfeito. Percebe-se que esses efeitos são prejudiciais e duradouros em ambos. Podem ser expressos através da mudança de comportamento que vai desde o isolamento ou choro, aparentemente sem motivo, até a rebeldia e agressividade. Há crianças que podem ainda não demonstrar seus sentimentos levando os pais a crer que estão bem, subestimando a situação. As pessoas podem atribuir incontestáveis razões objetivas e práticas para a separação. Mas seja ela qual for, a criança tem total direito de estar ciente do que está acontecendo na relação de seus pais, uma vez que elas fazem parte deste contexto e serão diretamente atingidas com qualquer decisão que venha a ser tomada, afirma Facchetti. A família experimentou mudanças significativas, envolvendo as formas de constituição, dissolução e reconstituição. Bronfenbrenner comenta que quando os pais se divorciam pode haver prejuízo na relação entre pais e filhos inibindo a capacidade dos mesmos para desempenhar com competência suas funções de cuidado. O autor sugere que o divórcio provoca um aumento da intensidade dos sentimentos negativos afetando a relação afetiva. Também comenta que a reciprocidade da relação diminui e o equilíbrio de poder torna-se difícil porque os filhos não obedecem aos pais. Kaslow aponta esses acontecimentos como um fenômeno social dramático que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Schabbel, ressalta que a vulnerabilidade psicológica de crianças e adolescentes, ao conviver com o processo de separação conjugal, foi muito pesquisada em 1978 por Bloom et al, em 1991 por Wallerstein, em 1993, por Gilligan, e por Emery em 1994.
ALIENAÇÃO PARENTAL
 Alienação parental está se tornando tão frequente devido ao número de divórcios que tem ocorrido. Podemos dizer, portanto, que atualmente uma em cada quatro crianças sofre com a separação dos pais. Filhos de pais divorciados já sofrem bastante com a situação apenas do divórcio, e quando o mesmo é feito de uma forma mal orientada, gerando um clima de desconfiança, de ódio, mágoa, isso acaba transparecendo para a criança, aumentando ainda mais seu sofrimento. Nos Estados Unidos em 1987, a síndrome de alienação parental foi definida pela primeira vez. Em 2001, com a contribuição de F. Podevyn, este tema foi difundido na Europa, despertando muito interesse nas áreas psicológicas no âmbito do direito, ou seja, a Psicologia Jurídica, apontando que tal questão necessita da união de ambas disciplinas, para que consigam compreender e a melhorar esse situação para as partes envolvidas, principalmente para as crianças.
Definição
Alienação parental é um processo no qual um dos genitores programa a criança para que tenha raiva do outro genitor, sem justificativa, decorrendo dai que a própria criança contribui na trajetória de campanha de desmoralização desse genitor. A mulher era considerada mais apta do que o homem para se ocupar dos filhos. Com o decorrer dos tempos, atribuiu-se ao homem a tarefa de subsistência econômica e à mulher a missão de criar e cuidar dos filhos. Porém, isso ocorria em tempos passados, Atualmente houve uma radical transformação desses papeis. As mulheres passaram a se empenhar mais em ter uma profissão e se sentiram mais livres após a chegada do divórcio e do método contraceptivo. 
Esses aspectos potencializaram uma quantidade antes não vista de dissolução de casamentos, por divórcios e separação, o que, consequentemente, acabou aumentando as disputadas judiciais pela guarda dos filhos. Sendo assim, muitos pesquisadores e doutrinadores entendem que tal síndrome ocorre principalmente no ambiente da mãe. A alienação era desconhecida por muitos, porém se torna cada vez mais presente, e necessita ser tecnicamente identificada por todos os personagens envolvidos no processo de discussão de guarda de filhos, aos quais cabe a tarefa de minimizar as consequências decorrentes desse fenômeno. Não tendo um tratamento adequado, a síndrome pode trazer sequelas capazes de perdurar pela vida adulta. Após a separação dos pais, quando o nível de conflito está intenso, é comum o surgimento de problemas com as visitas ao outro genitor, por ainda existir no genitor alienador muita angústia, mágoa, fantasia e outros sentimentos ainda não superados. Não estando os genitores psicologicamente equilibrados, os aspectos de natureza persecutória, de conteúdos predominantemente paranoide, ligados a ataque e defesa, podem instaurar uma crise. 
A partir dessa crise, começa o que chamamos da síndrome de alienação parental, gerada pela imaturidade e instabilidade do genitor alienador, que usa o filho do casal, como um instrumento de agressividade para com o outro genitor. O genitor alienador, conta por vezes com a ajuda (consciente ou inconsciente) de outros familiares, o que aumenta seu ódio, e o encoraja de vingança, até de fatos que não estão ligados á separação. Podevyn (2001, p.127) ressalta que:
Nessas situações em que a criança é levada a odiar e a rejeitar um genitor que a ama, a contradição de sentimentos produz uma destruição dos vínculos que, se perdurar por longo tempo, instaurará um processode cronificação que não mais permitirá a restauração de qualquer vinculo, fazendo, da morte simbólica da separação, uma morte real do individuo.
Podemos então concluir que uma intervenção precoce é fundamental, pois mediação poderá evitar os desgastes de um processo judicial, o que por consequência, acaba deteriorando mais ainda a relação entre os genitores, gerando mais traumas aos filhos. Lowenstein observa que os genitores devem ser avaliados separadamente. Só após ter sido constatado que nenhum dos genitores apresenta perigo para os filhos, que se dá ao início da mediação, para que seja evitada a alienação. Sendo esta falha, inicia-se o sistema judicial. As instituições apresentam outro papel importante, elas podem proporcionar as crianças (vítimas da síndrome) um motivo real para visitar ou conviver com o genitor alienado, sem medo, e sem culpa de estar magoando o outro genitor.
Identificar o genitor alienador é o mais importante, tem como um objetivo de vida o controle total dos filhos, e a tentativa de destruir a relação deles com o outro genitor, pois para ele, o outro genitor é um intruso, um invasor que deve, a qualquer preço, ser afastado, o que leva a exclusão e destruição do outro.
O genitor alienado pode ser identificado como uma pessoa sem consciência moral, incapaz de se colocar no lugar do outro, sem empatia com os filhos, e principalmente, sem condições de distinguir o que é verdade ou mentira, querendo e tentando fazer que a sua verdade, seja a verdade de todos, inclusive a dos filhos, o que faz com que eles virem personagens de uma falsa existência.
Por várias razões, principalmente a dos estágios de enfermidade (leve, médio e grave), que estabelecer um diagnóstico correto antes de escolher o tratamento a ser seguido, é importante, pois, uma intervenção inadequada, neste momento tão difícil, em vez de ajudar, pode acabar aumentando ainda mais as dificuldades psicológicas, principalmente aos filhos. O que mais importa é o grau de êxito que a conduta do alienador atinge ao filho. É importante também, saber diferenciar quando está acontecendo a síndrome de alienação parental e quando é realmente uma situação de abuso ou de descuido, pois um dos fatores comum, é o genitor alienador acusar o outro de abuso físico, sexual ou psicológico. Tal diagnóstico da alienação só prevalecerá se forem afastadas as hipóteses de qualquer descuido ou até mesmo abuso, por parte do alienado, se houver algum abuso real, afasta-se a idéia de alienação parental.
Constatando a síndrome no inicio e tendo um adequado encaminhamento psicojuridico, no momento da decisão sobre a guarda, é suficiente para fazer cessar a campanha de descrédito do genitor alienador. Quando já está no estágio médio, requer medidas mais incisivas de reestruturação familiar, sem a alteração de guarda. No caso dessas primeiras tentativas falharem, e consequentemente a doença evoluir para uma etapa mais pesada, onde ocorre a intensificação dos sintomas, será necessária a mudança da guarda, de que deverá ser acompanhada de um tratamento psicológico adequado.
Critérios de identificação 
Pode citar quatro critérios para que seja identificada quando esta ocorrendo o processo de alienação: 
Obstrução a todo contato: o genitor alienador busca a dificultar o contato do filho com o outro genitor, sob o pretexto de que os filhos não se sentem bem quando voltam da visita, ou que eles sofrem algum tipo de abuso sexual, físico ou emocional. 
Falsas denuncias de abuso físico, emocional ou sexual: o mais amplamente atribuído ao outro genitor é o emocional, por ser mais difícil de ser avaliado, não passando, muitas vezes, de meras diferenças de juízo moral e de opinião entre os genitores. 
Deterioração da relação após a separação: um dos critérios decisivos para se identificar a síndrome é a avaliação da relação dos filhos com o outro genitor, antes da separação e pode compará-la com a posterior.
Reação de medo da parte dos filhos: os filhos apresentam uma reação de medo junto ao outro genitor.
Sequelas deixada pela Alienação Parental
Traumatiza a criança na época em que acontece, e deixa sequelas, que podem segui-la durante toda a vida, e atrapalhar em seu desenvolvimento. Entre vários outras sequelas, pode-se destacar algumas que acontece com mais frequência e são mais graves, como por exemplo, a depressão crônica, incapacidade de adaptação em ambiente psicossocial normal, transtornos de identidade e de imagem, desespero, sentimento incontrolável de culpa, sentimento de isolamento, comportamento hostil, falta de organização, dupla ou múltipla personalidade, e em casos extremos, pode levar até ao suicídio. Alguns estudos revelam, que a pessoa que sofre da síndrome quando criança, na fase adulta tende a ser vitima do álcool e das drogas, e continuam apresentando momentos de mal estar e desajustamento.
 PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL
	A figura do assistente social, que se torna uma ferramenta específica dos fatos narrados no processo judicial pelas partes, levando importantes informações da realidade apresentada, aos magistrados e aos demais operadores do direito. Dias (2010, p.12), afirma que a criança nem sempre discerne entre a realidade dos fatos e a manipulação que lhe é feita insistentemente, e diz ainda:
Trata-se de verdadeira campanha para desmoralizar o genitor. O filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. A mãe monitora o tempo do filho com o outro genitor e também os seus sentimentos para com ele.
Tal figura é recente, não havendo portanto uma política pública nacional contra essa agressão psicoemocional que afeta a maioria das famílias do Brasil. O serviço social é carente de recursos e incentivos para a capacidade de suficientemente intervir nessa problemática social e familiar, e desenvolver um trabalho cuidadoso, colocando as crianças, filhos de pais divorciados, como pessoas em desenvolvimento que necessitam também da proteção do Estado. 
Segundo a assistente social Valente (2008, p.83): 
As famílias que litigam na justiça buscam soluções para questões relacionadas à criação dos filhos, após processo de separação ou ruptura. Assim sendo, recorrem ao Estado para obterem a solução jurídica relativas ao seu modo de organização e enfrentamento de situações de crise.
Conforme relata a Constituição Federal em seu art. 227:
É Dever da família, da sociedade e do estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, á cultura, à dignidade, ao respeito, á liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Uma vez que com está deterioração da família, a criança está em meio a um conflito parental, cabe ao assistente social (Lei n° 8.662/93), intervir em tais casos, orientando a sociedade no intuito de minimizar os danos decorrentes a alienação parental.
5.1 A guarda dos filhos
	Uma preocupação frequente após a separação é como ficam as crianças?. O que se presencia nas varas da Família são os casos que envolvem separação com disputa de guarda de filhos. Este assunto é seguramente um dos aspectos mais importantes em relação aos efeitos da separação litigiosa. Considerando que uma separação conjugal não é, para muitos, apenas um fato simples de ser solucionado pelo judiciário, há de se fomentar que uma família, nessa situação, necessite de todo auxílio possível do Estado, quais sejam no aspecto social e psicológico, além do jurídico. 
Vemos que a Justiça tem tratado a questão dos filhos na separação de casais baseando-se, em geral, em preconceitos e teorias ultrapassadas de uma psicologia antiga, não levando em conta as novas descobertas das ciências e não considerando a evolução da mulher e do homem nos últimos anos. Do ponto de vista da criança, é preciso levar em conta que a separação é um projeto dos pais. Muitas crianças conseguem ser razoavelmentefelizes e sentirem-se bem cuidadas em famílias em que um ou ambos os cônjuges sentem-se infelizes. Poucas crianças demonstram sentirem-se aliviadas com a decisão do divórcio. 
Processos de divórcio, nos casos em que há menores envolvidos, podem levar a questões que vão além de separação como: modificação da guarda de menores, regulamentação de visitas, busca e apreensão cautelar, casos de tutela, e guarda de avós. Nas questões para se definir qual dos ex-cônjuges deterá a guarda dos filhos pode se ter, em casos mais graves, disputas judiciais pela guarda em que aquele genitor que não detém a guarda pode requerê-la para si denegrindo a imagem do outro. Muitas vezes, a separação traz obstáculos à constituição da criança que passa a existir como um objeto de disputa dos pais.
A criança na maioria das situações se encontra dividida sem saber de que lado fica, e esta quase nunca é ouvida pelos interessados na guarda. Alguns psicanalistas entendem que o interesse maior da criança envolvida no processo de separação dos pais é que a mesma se torne sujeito “desejante”, deixando de assumir o desejo do outro para assumir o seu próprio desejo. Numa separação traumática, onde os pais usam as crianças um contra o outro, pode haver distúrbios emocionais que influenciarão no desenvolvimento da mesma. O primeiro sintoma de que ela não está bem emocionalmente se percebe na escola, algumas crianças choram, outras se tornam mais agressivas e brigam com os outros coleguinhas. 
Verifica-se que poucos casais conseguem lidar com a separação de forma saudável e, quando isso não acontece, os filhos se tornam as principais vítimas da falta de maturidade dos pais. Wagner enfatiza que ”quando os pais são capazes de preservar a relação com seus filhos, mesmo depois da separação, a família tem grandes chances de reorganizar-se de forma mais exitosa”. Ao longo das décadas, tanto a sociedade como os institutos da guarda vêm passando por inúmeras modificações. A matéria que trata da guarda e proteção à pessoa dos filhos era regulada pela Lei do Divórcio, deixando-o de ser pelo código Civil de 1916. A Lei do Divórcio (Lei nº 6.515/77) revogou aqueles artigos do Código Civil e editou regras sobre a proteção à pessoa dos filhos (arts. 9º e 10). A lei cuida da guarda dos filhos em oportunidades distintas. Quando do reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento (CC 1.611 e 1.612), não dá a mínima atenção para a doutrina da proteção integral consagrada pela Constituição, nem para tudo que o ECA dita a respeito da tutela do melhor interesse de criança e adolescente.
Por certo, a separação dissolve a sociedade conjugal, porém não a parental entre pais e filhos, cujos laços de afeto, direitos e deveres recíprocos subsistem, apenas modificados quando necessário para atender-se à separação dos cônjuges.68 Guimarães e Guimarães69 tratam da guarda dizendo que “ao decidir questões de guarda, faz-se necessário reconhecer essas novas configurações vinculares, porém sem perder de vista uma questão ética que se impõe sempre: privilegiar o maior interesse da criança. Vale ressaltar que, mesmo que a definição da guarda e da visitação esteja a cargo dos pais, o que for acordado depende da chancela judicial, o que só ocorre após ouvida do Ministério Público. Gomes pontua que aquele dos genitores a quem é atribuído a guarda, tem-na não apenas a material, mas também a jurídica. A primeira consiste em ter o filho em companhia, vivendo com ele sob o mesmo teto, em exercício de posse e vigilância. A segunda implica o direito de reger a pessoa dos filhos, dirigindo-lhe a educação e decidindo todas as questões do interesse superior dele, cabendo ao outro o direito de fiscalizar as deliberações tomadas pelo genitor a quem a guarda foi atribuída. Assim, a guarda jurídica é exercida à distância pelo genitor não-guardião. A guarda material, ou física, prevista no artigo 33-1º do Estatuto da Criança e do Adolescente realiza-se pela proximidade diária do genitor que conviva com o filho, monoparentalmente encerrando a idéia de posse ou cargo, em verdade, o que obtenha a guarda material exercerá o poder familiar em toda a sua extensão.
5.2 A Lei da Alienação Parental (Lei 12.318/10) 
 
	A lei 12.318/10119, promulgada em 26 de agosto de 2010, dispõe sobre a alienação parental, fenômeno que hodiernamente tem interferido sobremaneira nas relações de filiação. É caracterizada como “interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou o adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou para que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”. Ela vem para, assim como a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código Civil, proteger a criança e seus Direitos fundamentais, preservando dentre vários direitos o seu convívio com a família, e a preservação moral desta criança diante de um fato que por si só os atinge, a separação. A referida lei fortaleceu o direito fundamental à convivência familiar, regulamentado no Capítulo III do Estatuto da Criança e do Adolescente e que diz respeito ao direito da criança ou adolescente ao convívio com ambos os pais. Lépore e Rossato chamam a atenção de que a lei teve a cautela de não restringir a autoria apenas aos genitores, mas a qualquer pessoa que tenha a criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância. 
A Lei 12.318 veio para reafirmar o princípio da proteção integral à criança, ela estabelece mecanismos para punir quem dificulta o acesso físico ou emocional ao filho prevendo sanções que vão desde a advertência até a revisão da guarda.
OBJETIVOS
Objetivo geral
Analisar as possibilidades de aplicação da Lei Alienação Parental (Lei 12.318/2010) nos casos em que é identificado a ocorrência.
Objetivo específico
Apresentar diversas formas de Alienação Parental.
Analisar as consequências dessa incessante alienação.
Demostrar a importância do vinculo familiar
Caracterizar o genitor alienante.
JUSTIFICATIVA
O presente tema é de grande relevância, pois seu estudo aborda a alienação parental, que, apesar de existente há muitas décadas, foi positivado somente em 2010, através da Lei nº 12.318, que, importante se faz referir, apresentou em seu texto, veto presidencial nos artigos 9º e 10º, no tocante à possibilidade de aplicação da mediação familiar para a resolução e/ou amenização dos conflitos advindos do ato de alienação parental.
METODOLOGIA
Quanto ao modo de abordagem da pesquisa será qualitativa, segundo Mezzaroba e Monteiro (2009), pois o que se procura atingir é a identificação da natureza e do alcance do tema a ser investigado, utilizando-se, para isso, exame pelo qual se buscarão as interpretações possíveis para o fenômeno jurídico em análise, que no caso abordará a possibilidade de aplicação do instituto da mediação familiar nos casos advindos da prática do ato de alienação parental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste trabalho foi possível perceber que o tema abordado não é fenômeno social raro, convém também para compreender a teoria de Gardner que, no contexto nacional, estará servindo como modelo para a identificação, classificação e tratamento da problemática que envolve toda a família, muitos dos casais que tiveram filhos durante o relacionamento e se separam estão propensos a sofrer esse tipo de problema, o qual deve ser identificado o quanto antes, para haver a possibilidade de reverter a situação. Inclusive, o abuso emocional pode ser considerado o mais destrutivo dos abusos sofrido por crianças e o mais difícil de diagnosticar e prevenir. Suas cicatrizes não são físicas, mas invisíveis, com profundas consequências e de longo alcance. Para que a criança seja uma boa mãe/pai de família é necessário que ela tenha tido uma boa estrutura familiar.
 A Alienação Parental carece de uma definição única, pois sua existência, etiologia e características, em particular tem sidoobjeto de debate ainda não encerrado. Entende-se que as intervenções que deveriam ser feitas teriam caráter de resolução da problemática fundamentada nas ações dos profissionais envolvidos nas disputas de guarda, tais como advogados, juízes e profissionais da saúde mental. 
Além disso, mostra-se imperioso criar serviços e políticas públicas voltadas para famílias que vivenciam o divórcio, visando à proteção de um bem maior: a dignidade e proteção do menor.
	Para tanto foi abordado o amparo que a família recebe pelo Código Civil e Constituição Federal, e também das Leis específicas que cuidam do interesse do menor (ECA) e que trata exclusivamente da alienação parental (Lei 12.318/10), que é o foco deste trabalho. Foi abordado também um dos princípios mais importantes, o principio da dignidade humana, dele emergem todos os outros, e tal principio cuida para que o ser humano seja tratado e respeitado tão só por ser tal. Tal princípio protege os direitos fundamentais do ser humano, como por exemplo: educação, saúde, moradia, entre outros. No decorrer da pesquisa deparou-se com limitações bibliográficas pois não há na literatura grande quantidade de obras especializadas no tema estudado. Isto se deve principalmente a recente importância do tema para o judiciário. 
É importante ressaltar a figura do assistente social, que se mostra um instrumento fundamental nessa situação, ele tende a minimizar os danos decorrentes da síndrome de alienação parental, acompanhando todos os envolvidos de perto. Como solução, podemos citar a aplicação da guarda compartilhada, pois nela a criança passará dias com um genitor e dias com outro, e não apenas finais de semana, fazendo com que ambos estejam igualmente presentes na vida dos filhos. Vale ressaltar que neste tipo de guarda as principais decisões sobre a vida do menor cabem sempre aos dois genitores em conjunto, não importando com quem ele esteja no momento. 
Portanto, é importante verificar se no caso concreto é aconselhável que seja aplicada esse tipo de guarda. Seja qual for a solução encontrada pelo judiciário, deve-se ter um acompanhamento psicológico para que a situação não venha a se agravar. Destaca-se, ainda, que a principal parte afetada é a criança, merecendo assim o maior cuidado possível.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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