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PRESIDENTE DA REPÚBLICA João Figueiredo MINISTRO DA EDUCAÇÃO E CULTURA Eduardo Portella SECRETÁRIA DA SECRETARIA DE ENSINO DE 1º E 2º GRAUS Zilmo Gomes Parente de Sarros PRESIDENTE DO CONSELHO TÉCNICO ADMINISTRATIVO Evaldil Carlos Brunharo DIRETOR EXECUTIVO Pedro Caram Zuquim CENTRO NACIONAL DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL - CENAFOR - 1 9 7 9 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA CENTRO NACIONAL DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL - CENAFOR «PRÊMIO CENAFOR 1979» A qualificação profissional: um estudo de competência CORA BASTOS DE FREITAS RACHID Monografia vencedora 1º Concurso Nacional de Monografia sobre Formação Profissional. São Paulo 1979 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA RACHID, Cora Bastos de Freitas. A qualificação profissional: um estudo de competência. Sao Paulo, CENAFOR, 1979.112 p. (Prêmio CENAFOR, 1) "Prêmio CENAFOR 1979" Monografia ven cedora do 1º Concurso Nacional de Monografia sobre Formação Profissional promovido pelo CENAFOR. - CATALOGAÇÃO NA FONTE: DPD/SIEFOR - RACHID, Cora Bastos de Freitas A qualificação profissional: um estudo de competência. Sao Paulo, CENAFOR, 1979. 112 p. (Prêmio CENAFOR, 1) "Prêmio CENAFOR 1979". Monografia vencedora do 19 Concurso Nacional de Monografias sobre Formação Profissional promovi do pelo CENAFOR. 1. Formação profissional. I. Titulo. CDU 377 As opiniões contidas '•na presente monografia são as da autora, nao refletindo, necessariamente,a política oficial do CENAFOR. \ Centro Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal para a Formação Profissional - CENAFOR - 1979 A criação do CENAFOR através do Decreto Lei 616 de 09 de junho de 1969 reflete de maneira especial a antevisão dos seus idealizadores quanto ã importância do papel da Formação Profissional no Brasil. 0 SENAI, o SENAC, o antigo Departamento de Ensino Industrial do MEC, a colaboração do PNUD, ao proporem a criação do CENAFOR, talvez mais que para atender a necessidades específicas da época, já dimensionavam o significado crescente que teria a Formação Profissional para o Brasil e a necessidade de se poder contar com um órgão de apoio especificamente destinado à Capacitação de Recursos Humanos necessários. Pode-se dizer que o surgimento da Lei 5692/71 propondo o ensino profissionalizante para todo o sistema de ensino de 2º grau, bem como a Lei 629 7/75 e a criação em 1976 do Conselho Federal de Mão de Obra, consubstanciaram passos novos na definição do papel e da urgência atribuídos à Formação Profissional do País. Esses passos novos, no entanto, já encontraram o CENAFOR procurando junto ao SENAI, junto ao SENAC,ao PIPMO, as Escolas Técnicas Federais, e mais tarde ao ensino profissionalizante de 2º grau e o SENAR, caminhos e alternativas para o também crescente desenvolvimento da Formação Profissional na década de 70. Ao longo dos dez anos,desde sua criação, o CENAFOR se propôs junto aos diversos órgãos e instituições APRESENTAÇÃO de Formação Profissional, quer aqueles mais ligados ao Ministério da Educação e Cultura quer aqueles mais ligados ao Ministério do Trabalho, desempenhar, entre outras funções, a de órgão também canalizador e estimulador de estudos e reflexões sobre a Formação Profissional. Ao se instituir em 1978 o Prêmio CENAFOR de Monografia sobre Formação Profissional, entendeu o CENAFOR que a discussão, a reflexão e a pesquisa no campo da Formação Profissional haviam chegado a um ponto de amadurecimento no Brasil que poderia se fazer refletir no engajamento de crescente número de estudiosos na produção e divulgação do tema da Formação Profissional. Quando do lançamento do Concurso, em junho de 19 78, o CENAFOR justificava tal medida dizendo que ele se destinava a todos aqueles que atuam na área da Formação Profissional no País, bem como "abria as portas para a divulgação de experiências e reflexões de pessoas que trabalham na área" visando "favorecer a circulação de idéias e de experiências, na medida em que colocará à disposição de técnicos e organizações voltadas para a Capacitação de Recursos Humanos, trabalhos inéditos sobre o assunto". Assim, o estímulo ã produção de trabalhos técnico- científicos na área seria uma saudável maneira de se contribuir reflexivamente em benefício da própria Formação Profissional no Brasil. Lançado o 19 Concurso Nacional de Monografias sobre Formação Profissional, o CENAFOR teve a satisfação de constatar que respondia com sua iniciativa a necessidades verdadeiramente importantes, dada a repercussão do mesmo, sendo procurado por inúmeros interessados professores, alunos, especialistas e profissionais - que se propunham inscrever trabalhos em que pudessem divulgar suas experiências e dar vazão a suas preocupações relativas ao tema. 0 número significativo de monografias inscritas pode ser visto como uma validação de um dos objetivos declarados da própria instituição, embasado em seus Estatutos: "organizar e divulgar documentação técnica e pedagógica relacionada com a Formação Profissional". A Comissão Julgadora designada pelo Senhor Ministro da Educação e Cultura, por outro lado, representou mais um aspecto positivo para a nova experiência do CENAFOR, pois reuniu pessoas que não só por si mas por representantes das instituições a que pertencem configuram as bases sobre as quais repousam o pensamento e a ação de Formação Profissional no País, isto é, o SENAI, na pessoa do seu Diretor Geral, Saulo Diniz Swerts, o SENAC na pessoa do seu Diretor Geral, Maurício de Magalhães Carvalho e o Conselheiro do Conselho Federal de Educação, Paulo Nathanael Pereira de Souza, profundamente identificado com as questões da profissionalização. A monografia vencedora do 19 Concurso Nacional de Monografias sobre a Formação Profissional, que o CENAFOR tem a satisfação de publicar, é de autoria de Cora Bastos de Freitas Rachid, Mestra em Educação e atual assessora de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro. 0 titulo do trabalho premiado: "A Qualificação Profissional - um estudo de competência" reflete a vivência e as experiências da autora e demonstra que o CENAFOR estava atento ao estado das preocupações dos que se dedicam ã Formação Profissional e ã necessidade destes de terem um estímulo a sua produção e um canal para sua divulgação. Cumprimentamos a autora pelo êxito obtido no Concurso, sobretudo pela atualidade e relevância do tema a que se propôs abordar, tema este diretamente vinculado ao estágio atual do desenvolvimento das ações sobre Formação Profissional. O CENAFOR se desincumbe, por outro lado, com satisfação, da publicação da Monografia, conforme o Regulamento do referido Concurso. Pedro Caram Zuquim Diretor Executivo A educação nunca deixou de ser a via e o caminho da marcha e crescimento da espécie humana. Afinal, a evolução do homem, se em parte foi biológica, somente se efetivou com o imenso esforço histórico-social que o trouxe até as alturas do presente desenvolvimento cientifico e cultural. E todo aquele processo histórico pode, em ligou,ser considerado resultado do intercurso entre a condição humana e a educação. Mas uma coisa e tal processo espontâneo e mais ou menos inconsciente do desenvolvimento do homem, e outra o projeto consciente de conquista do saber e de sua aplicação á vista. Este projeto nunca foi geral nem abrangeu toda a especie Subordinado a estrutura hierárquica da sociedade foi, desde seu início na remota antiguidade, projeto especial para a educação de poucos privilegiados, que realmente dominavam a espécie e detinham o poder. Daí a relação, inerente e intrínseca, entre educaçãoe política (1). SUMÁRIO PAGINA RELAÇÃO DE QUADROS 09 Capítulo 1. O PROBLEMA 15 1.1 Justificativa 17 1. 2 Formulação do Problema 20 1.3 Objetivos 21 1.4 Premissas 21 1. 5 Delimitação do Estudo 22 1.6 Metodologia 23 1.7 Organização do Estudo 23 2 . REVISÃO DA LITERATURA 27 2.1 A qualificação para o trabalho na Lei nº 5692/71 27 2.2 A formação profissional no Ministério do Trabalho 66 2.3 O Sistema de Educação , 78 3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 89 3.1 Conclusões 91 3.2 Recomendações 94 4. Bibliografia citada 99 5. Bibliografia consultada 105 RELAÇÃO DE QUADROS Quadro Página 1 Níveis de Qualificação para o tra- balho 39 2 Sistema Nacional de Ensino Suple- tivo 83 3 A Qualificação para o trabalho no Sistema de Educação 87 Este estudo tem como objetivos (a) analisar os objetivos da Lei nº? 5692/71, nos aspectos identificados com a preparação para o trabalho; (b) identificar as atuais atribuições do Ministério do Trabalho na área de formação profissional e (c) reconhecer as áreas de atuação dos Sistemas de Ensino e Ministério do Trabalho, no que se refere à qualificação para o trabalho. O estudo, de natureza teórica, não comportou pesquisa de campo. Resultou de análise e interpretação de textos legais e literatura especializada, com utilização da técnica de análise de sistema. 0 trabalho permitiu constatar-se que: 1. 0 processo de qualificação para o trabalho compreende quatro etapas distintas, atribuídas, conforme o nível de educação geral requerido e a faixa etária da clientela aos diversos subsistemas; 2. Posteriormente ã vigência da Lei nº 5692/71 ficou instituído na esfera do Ministério do Trabalho o Sistema Nacional de Formação de Mão-de-Obra, constituído pelo conjunto de órgãos do setor público e privado destinados ã proporcionar oportunidades de formação, qualificação, aperfeiçoamento, especialização e treinamento profissionais, cabendo ao Conselho Federal de Mão- de-Obra a função normativa e ã Secretaria de Mão-de- RESUMO O b j e t i v o s metodologia Conclusão e recomendações Obra a função de administrar o sistema; 3. A vinculação do Sistema Nacional de Formação de Mão-de-Obra ao Ministério do Trabalho colocou a qualificação profissional num parassistema, desvinculada do Ministério da Educação e dos Sistemas de Ensino; 4. O decreto nº 75081/74 ao vincular o PIPMO ao Ministério do Trabalho, manteve a competência do Departamento de Ensino Supletivo do MEC no que diz respeito ã qualificação e habilitação profissionais, deixando margem a que tanto os sistemas de ensino quanto o sistema de formação de mão-de-obra promovam a qualificação profissional, coexistindo esferas de ação distintas e diversidade de orientação, o que ocasiona a duplicidade de meios para fins idênticos; 5. A coordenação, a supervisão e o controle das atividades que visam ã preparação da mão-de-obra são imprescindíveis e devem constituir não só um conjunto de ações integradas a objetivos e planos mais amplos, como também meio de racionalização do trabalho, com vistas á sua maior produtividade. 1. As autoridades responsáveis pelo ensino devem promover as medidas que se fizerem necessárias para uma definição precisa das competências do Departamento de Ensino Supletivo do MEC e dos Sistemas de Ensino para a promoção da Sao feitas alguma* recomendações qualificação profissional, evitando a duplicação de esforços para fins idênticos e a multiplicidade de coordenação; 2. Devem ser adotadas medidas que possibilitem a inclusão, nos planos elaborados pelas empresas para fins de incentivos fiscais, de projetos que visem a complementação da formação dos egressos do ensino de 2º grau, o que viria atender dispositivo do art. 69 da Lei 5692/71, de cooperação da empresa para a realização da habilitação profissional; 3. Devem ser promovidos entendimentos que visem ao maior entrosamento entre os sistemas de ensino e de formação profissional, e, uma vez reconhecida a conveniência de não duplicação de meios para fins idênticos, a incomplementariedade, pelo encaminhamento dos egressos do sistema de ensino para o sistema de formação profissional; 4. O Ministério da Educação deve assumir a supervisão de todas as ações no campo da educação e da formação profissional, colocando sob sua esfera de competência as decisões maiores relativas a formação profissional, embora seja da competência do Ministério do Trabalho a parte ocupacional, como ocorre em muitos países. CAPITULO I O Problema O PROBLEMA A estratégia adotada na Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, de estabelecer um ensino de 1º e 2º graus que valorize o trabalho, num momento em que a evolução constante da tecnologia e o aperfeiçoamento contínuo das técnicas de produção elevaram do plano da rotina e do rudimentarismo os conhecimentos necessários ã exploração e utilização da realidade material, resultou numa reformulação total da escola, dos currículos, enfim, da organização do ensino. Mudança de tais dimensões, ê claro, só poderia ocorrer com dificuldades, perplexidades, precariedades e distorções de toda ordem que, em última análise, resultarão em experiências capazes de indicar alternativas para mais eficaz ação futura. Uma reforma não se faz com a imposição de normas e a elaboração de planos, é, sobretudo, trabalho que exige conscientização, mudança de atitudes, aceitação da nova realidade e esforço conjugado dos vários grupos envolvidos, com vistas ã realização das tarefas que abriga. Dessa forma, a reforma em marcha que acontece no pais está a exigir de quantos nela estão empenhados, na fase de implantação em que se encontra, a busca dos caminhos que a levarão ao êxito. A tradição do sistema de ensino no que tange ã formação profissional ao nivel do ensino de 1º e 2º graus ê limitada a experiência vivenciada nos tradicionais cursos industriais, comerciais e J u s t i f i c a t i v a agrícolas - que serviram de orientação para a organização do atual ensino de 2º grau - e â ação paralela do SENAI e SENAC, nos casos em que, em função de normas legais, estavam sob a jurisdição do Ministério da Educação e Cultura. Também ao trabalho realizado pelo Programa Intensivo de Preparação de Mão-de-Obra - PIPMO, cuja ação iniciada na área secundária, posteriormente expandiu-se para preparar mão-de-obra para os setores primário e terciário. A experiência com iniciativas similares ou de outros países poderá ser de grande valor, quando utilizada com o fim de orientar determinado curso de ações, as quais, evidentemante, estão sujeitas a uma série de variações, no tempo e no espaço. Antevendo dificuldades de ordem técnica e operacional, o legislador previu, e até recomendou, a implantação progressiva da nova organização, com a que, sem a menor duvida, poderão ser identificadas falhas, realizadas correções e estabelecidos procedimentos compatíveis com os objetivos a que se propõe, numa linha correta de ação. O planejamento da educação e da formação profissional, para atingir seus objetivos a longo prazo, deve apoiar-se numa estratégia precisa, que oriente o curso das ações e o adapte ãs condições particulares, com o objetivo de aumentar a eficiência e a produtividade do sistema de ensino. Uma e outra estreitamente relacionadas. Assim, periodicamente devem ser revistos os meios, considerando-se as variáveis intervenientes, tais como demanda social, pressão econômica (em razão dos escassos recursos disponíveis e do aumento dos custos) e outras, porque, segundo a UNESCO (2) aproveitando todas as ocasioes de aumentar. a eficiencia e a produtividade, da educação, pode-se fazer , desta, nãoapenas um bom investimento (no conjunto), mas um investimento progressividade melhor (2). A Lei 5.692/71, ao frizar os objetivos do ensino de 19 e 2º graus, inclui uma dimensão nova, ao mesmo tempo individual e social - a qualificação para o trabalho. Foram estabelecidos diferentes níveis de preparação para o trabalho ao longo do progresso de escolarização e definidas as funções básicas do ensino supletivo, entre as quais insere-se a qualificação profissional. Posteriormente, o Decreto nº 75.081, de 12 de dezembro de 1974, vincula o PIPMO ao Ministério do Trabalho, determinando, todavia, que continuariam a ser exercidas pelo Ministério da Educação e Cultura, através do Departamento de Ensino Supletivo, as atividades pertinentes à qualificação e habilitação profissionais a que se refere a Lei 5.692/71. Outras iniciativas na área da formação profissional surgem na órbita do Ministério do Trabalho, culminando com a criação do Sistema Nacional de Formação de Mão-de-Obra. É incontestável a competência dos Ministérios do Trabalho no que se refere à política de emprego e formação profissional, áreas estreitamente relacionadas. Recentemente (1974) , foi debatida a matéria em Seminário realizado em San José da Costa Rica, pelo Centro Interamericano de Pesquisa e Documentação sobre Formação Profissional - CINTERFOR - órgão regional da OIT. Importa, todavia, fiquem claramente definidas as áreas de competência, conforme prevê a Recomendação 117 da OIT, sobre formação profissional (1962) : "dever-se-ia definir com clareza as respectivas competências das autoridades públicas em matéria de formação", problemática analisada com lucidez por Walsh (3): Formulação do problema A Lei 5.692/71, ao fixar as diretrizes e bases para o ensino de 19 e 2º graus, estabelece como um dos seus pressupostos básicos de organização a plena utilização dos recursos materiais e humanos, sem duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes, bem como a entrosagem e a intercomplementariedade dos estabelecimentos entre si ou com outras instituições sociais. Este estudo pretende identificar a pertinência das ações dos Sistemas de Ensino na implementação de programas de qualificação profissional ao nível do ensino de 19 e 2º graus. Os principais objetivos do presente estudo foram: (a) analisar os objetivos da Lei 5.692/71, nos aspectos identificados com a preparação para o trabalho; (b) identificar as atuais atribuições do Ministério do Trabalho na área da formação profissional e (c) reconhecer as áreas de atuação dos Sistemas de Ensino e Ministério do Trabalho, no que se refere ã qualificação para o trabalho. Partiu-se da premissa de que as atividades de supervisão, coordenação e controle das ações relacionadas com a função supletiva qualificação profissional estão afetas ao Ministério do Trabalho. Para o estabelecimento da premissa foram consideradas as iniciativas que situaram na órbita do Ministério do Trabalho os seguintes órgãos: (1) Programa Intensivo de Preparação de Mão-de-Obra - PIPMO, mecanismo criado no Ministério da Educação e Cultura com o fim de promover formação intensiva da mão-de-obra; (2) 0 SENAI e o SENAC, órgãos patronais, mantidos respectivamente pela Confederação Nacional da Indústria e Confederação Nacional do Comércio, com atuação Objetivos Premissa específica no campo da formação profissional; (3) a criação do Serviço Nacional de Formação Rural - SENAR, autarquia com a finalidade de organizar e administrar, em todo o território nacional, programas e atividades de formação profissional rural. Foram também consideradas as competências atribuídas a esse Ministério pela Lei 6.297, de 15 de dezembro de 1975, de aprovar os projetos de formação profissional realizados por pessoas jurídicas com o fim de dedução do lucro tributável, e a instituição do Sistema Nacional de Formação de Mão-de-Obra. O presente estudo, com a finalidade específica de definir áreas de atuação dos Sistemas de Ensino e Ministério do Trabalho no campo da qualificação profissional, analisou apenas: (1) a qualificação para o trabalho como dimensão do objetivo geral da Lei 5.692/71 e os Pareceres Normativos do Conselho Federal de Educação nos aspectos relacionados a matéria; (2) a legislação posterior a essa Lei que, a partir da criação da Secretaria de Mão-de-Obra, atribuiu ao Ministério do Trabalho uma série de competências em relação ã formação profissional. O trabalho orientou-se particularmente para as atribuições relativas à função qualificação profissional, ao nível do ensino de 19 e 2º graus. Outras fontes de referência, textos de leis literatura especializada, foram incluídos no estudo quando julgados procedentes. Delimitação do estudo O estudo, de natureza teórica, nao comportou pesquisa de campo. Resultou da análise de interpretação de textos legais e literatura especializada, com utilização da técnica da análise de sistema. O presente trabalho desenvolveu, em cada um dos seus capítulos subseqüentes, um estudo orientado pelos objetivos e premissa levantada, com o fim de responder à indagação relativa ã pertinência das ações dos Sistemas de Ensino, no processo de qualificação profissional ao nivel do ensino de 19 e 2º graus. O segundo capitulo apresenta a revisão da literatura, compreendendo: (a) a análise de dispositivos da Lei nº 5.692/71 julgados procedentes para o estudo, com o título de "A qualificação para o trabalho", incluindo os objetivos do ensino, o ensino de 1º grau, o ensino de 2º grau e o ensino supletivo; (b) "A formação Profissional no Ministério do Trabalho", compreendendo um estudo dos antecedentes históricos e as atribuições atuais; (c) 0 Sistema de Educação. O terceiro capítulo apresenta as conclusões a que se chegou e as recomendações consideradas pertinentes. Organização do estudo Metodologia CAPÍTULO II Revisão da Literatura As relações de causa e efeito entre desenvolvimento econômico e educação têm sido objetivo de freqüentes discussões que, se não levaram a um consenso ou mão esgotaram o assunto, estabeleceram determinados parâmetros orientadores para Nações que procuram definir seu nível de aspiração através de comparações com o padrão de vida dominante nos países desenvolvidos. Dentre esses, ressaltam a necessidade de planejamento educacional capaz de atender a complexidade do mundo do trabalho da era tecnológica e a questão fundamental de que o desenvolvimento condiciona as possibilidades e necessidades de educação de um povo. A estratégia do estabelecimento de objetivos bem definidos para os planos de educação, com a atenção voltada para os problemas de custo, oportunidade, viabilidade e pertinência, torna-se o meio capaz de racionalizar ações, a diretriz capaz de conduzir ao êxito as metas então estabelecidas. Algumas conclusões relativas a compreensão do valor econômico da educação tornaram-se claras: (1) só recentemente se tem pensado na educação planejada como meio eficaz de influir na produtividade do indivíduo e, em conseqüência, na produtividade de um país; (2) não é qualquer tipo de educação que tem valor econômico, mas determinado tipo para certo número de pessoas que compõem a força de A qualificação para o trabalho na Lei. 5692/11 OS objetivos da educação A REVISÃO DA LITERATURA trabalho,nos diferentes níveis educacional e profissional; (3) o aproveitamento da capacidade humana é um processo que se deve iniciar nos primeiros anos de vida; a perda temporária dessa capacidade é irrecuperável e pouco se tem feito para seu melhor aproveitamento; (4) a educação social e econômica e, como tal, só encontrará formulação adequada se seus planejadores se condicionarem a umafilosofia de educação que torne explícita a sua finalidade, pois o processo educativo exige que lhe seja previamente fixada uma direção, para que se torne eficaz. Mas nem sempre educadores, administradores e economistas estão de acordo em relação aos fins da educação, o que vem constituir obstáculo ao mais fácil equacionamento do problema. Talvez em princípio não haja o antagonismo que parece existir, embora algumas objeções de cunho ideológico por vezes sejam enfatizadas nas decisões, tanto em relação ao tipo quanto à quantidade de educação. Os educadores pensam na educação como meio de realização do homem e sua promoção na sociedade. Ainda que essas sejam razões primeiras, tanto uma quanto a outra são contingentes a questões de ordem econômica. O conceito de educação implica em alcançar determinados objetivos vinculados a certa forma de vida, num contexto social. Dentre os objetivos que o homem se propõe a alcançar inclui-se a preparação para a vida de trabalho, para um emprego dentre os que possam existir no mercado de trabalho. Assim, embora a economia não seja a única função da educação, não pode estar dissociada do processo educativo. A educação é instrumento que permite ao homem realizar-se. Para que desempenhe seu papel na sociedade e realize suas aspirações no plano material, dependerá, certamente, das oportunidades que lhe forem oferecidas, tanto quanto de suas aptidões e do uso que fizer de suas capacidades. Tornou-se o meio pelo qual o homem atinge a dimensão que o distingue, no seu grupo, como elemento cooperativo, integrador, participante e útil, desde que planejada com a intenção de atender a esses requisitos. Os fins da educação, expressos na Constituição e traduzidos na lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 4.024/61, representam as aspirações de um projeto social que consubstancia os ideais de formação e uma concepção de homem no contexto social brasileiro, fornecendo critérios para que os membros da sociedade saibam quais ideais devem ser perseguidos no processo escolar. Assinala Nagle, os fins (4) São meta ideais que funcionam de um ponto de vista normativa amplo e cuja realização , muitas vezes parcial , somente pode ser verificada a longo prazo . Os fins fornecem critérios que descrevem como um participante de conceber o que está intencionalmente fazendo, de forma bastante ampla, mas numa estrutura coerente e globalizante que vai encontrar sentido mais específico nos objetivos, porque A Lei 5.692/71 ê uma concepção racional dos fins da educação, expressos na Lei 4.024, a partir de uma revisão compreesiva dos meios, com o propósito de ajustá-los a um momento que estava a exigir do sistema educacional ações mais concretas no plano geral de formação da criança, do adolescenta e do adulto. Foi-lhe acrescentada uma dimensão ao mesmo tempo individual e social - a qualificação para o trabalho. anos, motivadas em s í n t e s e , pe la i n d u s t r i a l i z a ç ã o , crescimento demográfico, crescimento das populações urbanas , progresso nos meios de comunicação e pressão c re scen te para maior p a r t i c i p a ç ã o s o c i a l e econômica ( tan to para a simples obtenção de um emprego como para acesso aos processos s o c i a i s de tomada de d e c i s ã o ) , são , evidentemente, os motivos que determinaram a ope rac iona l i zação dos f ins da educação em ob je t ivo g e r a l que i n c l u i a dimensão nova, e s p e c í f i c a , da preparação para o t r a b a l h o . Ao d i s s e r t a r sobre a s i tuação a t u a l e p e r s p e c t i v a s da educação t ecno lóg i ca , a OEA des taca o esforço dos pa í ses da América Lat ina para r e s g a t a r o va lo r do t r a b a l h o : E n t r e las variadas manifestaciones a través de l a s cuales discurre este processo innovador se destaca el esfuerzo que se realiza, praticamente en todos los paises, por rescatar el valor del trabajo, el reconocimiento de la importancia de la tecnologia y el estimulo a su desarollo y al de l a s actividades técnicas en genera l manuales y no manuales. ESTES es um tópico significativamente presente en todos los planos de d e s a r r o l l o de los paises de la Region, que en los últimos ãnos se la visto fortalecido con la incorporscion en dichos planos de politicas especificas destinadas a intensificar el empleo de Ia fuerza de trabajo de la población, junto con su desarrollo y ferfeccionamiento ( 6 ) . Uma análise dos objetivos gerais do ensino de 19 e 2º graus, bem como de outras proposições inovadoras, como organização, seqüência, currículos, sentido de terminalidade, demonstram o propósito do legislador na escolha de meios racionais para atendimento aos fins, e sobretudo favorecer a preparação para uma atividade produtiva, ao longo do processo de escolarização. Dentre as proposições inovadoras relacionadas com o objetivo da qualificação para o trabalho, identifica-se o desejo de relacionamento entre o nivel profissional e o educacional, pelo estabelecimento de uma hierarquia entre os vários estágios da formação: (a) iniciação para o trabalho; tb) aprendizagem, para alunos de 14 a 18 anos; (c) qualificação profissional e (d) habilitação profissional. A formulação de um objetivo geral que inclua a qualificação para o trabalho reveste duplo propósito: propiciar a auto-realização, por oferecer oportunidade de integração do jovem na comunidade como elemento produtivo, e oferecer "uma terminalidade geral coincidente com as faixas etárias de surgimento e cultivo das aptidões especificas, porque só então existem condições de treinamento para o trabalho (7). A terminalidade geral tem finalidade bem definida, de oferecer oportunidade de trabalho aos que interrompem a vida escolar, sem descuidar do sentido de continuidade, com vista a níveis de estudo mais altos. Proponho solução para a articulação de escola média com a superior a indicação nº 48 do CFE já analisa a questão: A terminalidade e, portanto, inversamente. proporcionai ã continuidade quanto menos provável seja esta, tanto mais intenso há de ser o teor de terminalidade que se deve imprimir ao ensino, e vice-versa. Num sistema ideal em que todos obtivessem diplomai de cursos superiores, só estes em rigor seriam terminais; mas onde apenas se alcançasse o primeiro grau de escolarização, o ensino primário já teria de ser plenamente terminal. Acontece, todavia, que, justamente com a macroterminalidade de cada sistema, coexlite uma micro terminalidade referida as diferenças individuais dos alunos. Assim, abstraindo os casos extremos, só verificáveis em teoria, toda Educação deve revestir ao mesmo tempo ambas as características (I) O oferecimento de uma formação terminal, que habilite para a vida de trabalho deve ser planejada e realizada em consonância com as exigências da sociedade e as necessidades do mercado de trabalho. Se ã proporção que aumenta o domínio do homem sobre o ambiente, novas formas de viver e de conviver se caracterizam, enquanto se diversificam, se ampliam e se especializam os campos de trabalho, justifica-se a maior preocupação com uma educação apropriada à nova ordem social, e definida pela necessidade de atendimento aos interesses do aluno e aos da sociedade. De um lado, há as variadas capacidades, os mais diversificados talentos, cada um com seu papel na vida comunitária e, de outro, os problemas do "viver em sociedade" e as exigências dessa sociedade - incluída a necessidade de preparação para o desempenho dos mais variados postos de trabalho, o que torna possivel o atendimento a todos, numa tentativa de preservação das preferências e aptidões especificas. Ao objetivo de qualificar para o trabalho podeainda ser conferida dimensão mais ampla, quando se revela a intenção de atender ao principio de democratização do ensino, pelo oferecimento de oportunidades diferenciadas á população. Cada grupo de atividade requer inclinações especificas, mas não se pode dizer que uns sejam mais importantes que outros - eles se intercomplementam, cada um tendo seu valor próprio, nem inferior, nem superior aos demais. Importa, sobretudo, que o homem se sinta feliz e realizado, que cedo descubra suas inclinações e potencialidades para facilmente identificar os caminhos que lhe serão mais favoráveis e os escolha livremente. As "oportunidades iguais para todos" que se preconiza como ideal democrático da educação, referem-se ã possibilidade de que todos tenham, igualmente, oportunidade de conhecer suas potencialidades e inclinações, para desenvolvê-las. Ê certo que isso ocorrerá apenas dentro de certos limites de igualdade, porque seria utópico supor que realmente todos pudessem aproveitar em grau de igualdade as oportunidades que a vida lhes oferece ou os recursos de que podem dispor. A igualdade de oportunidade em sentido restrito estaria vinculada a questões como herança biológica e cultural e poder aquisitivo da família. Mas a democratização das oportunidades de acesso têm beneficiado grande contingente que não podendo "comprar" educação estaria marginalizado no processo educacional. Dessa forma, a qualificação para o trabalho inclui-se num plano de promoção social de maiores dimensões e deve ser tida como mecanismo capaz de promover mudanças na estrutura social, pelas oportunidades de acesso imediato ã atividade profissional. Para atender a essa nova dimensão inserida no objetivo geral, a comunidade do processo educativo está preservada nos dispositivos da Lei 5.692/71 sobre a organização curricular, que se processa a partir de duas grandes linhas: a educação geral e a formação especial. Uma de cunho essencialmente generalista, com objetivo universal e função de transmitir uma base comum de conhecimentos indispensáveis ao homem na sociedade, contribuindo para ampliar sua visão do mundo e das coisas, torná-lo um membro mais participante e oferecer-lhe lastro que o capacita a empreender seu próprio projeto de vida. Afirma Chagas. Ao relatar o parecer que tomou o nº 853, o Cons. Walnir Chagas afirma A outra ê instrumental, visa a aplicação e a utilização do conhecimento às atividades produtivas, o conhecimento do mundo do trabalho, dos processos de trabalho, de um modo geral ou de um trabalho específico, com objetivo de sondagem de aptidões e iniciação profissional no 1º grau e de habilitação profissional no 2º grau. Por sua destinação, caracteriza a terminalidade. Diz Nagle: A primeira vista parece haver flagrante contradição entre desenvolver aptidões e preparar para atender a exigências do mercado de trabalho, como se a estratégia fosse moldar pessoas para um contexto profissional já definido, onde essas pessoas se ajustariam sob medida. Não é isso que se tem em mira. No mundo moderno as formas de trabalho se modificam, se transformam, com rapidez espantosa, exigindo trabalhadores versáteis e flexíveis. Um profissional com sólida formação geral e técnica, que tenha aprendido a aprender e desenvolvido sua criatividade, jamais será uma peça moldada e encaixada numa engrenagem; ao contrário será um elemento reformulador, criador, inovador, capaz de conviver harmoniosamente com a era tecnológica. Assegurado o ensino de 1º grau a toda a população na faixa dos 7 aos 14 anos (art. 20 de Lei 5.692/71), pode-se antever uma expansão considerável do ensino de 2º grau, por uma série de razões: (1) a universalização do ensino de 1º grau levará a escola a locais que até então dela se encontravam privados; (2) a flexibilidade que caracteriza o ensino permitirá maiores possibilidades de ingresso e permanência no sistema; (3) a responsabilidade das empresas no que se refere ã educação dos seus empregados e dos filhos destes, entre os 7 e os 14 anos e a obrigatoriedade de ministrarem a aprendizagem e de promoverem o preparo de seu pessoal qualificado, de conformidade com o art. 178, da Constituição, e seu parágrafo único, permitirão a muitos elevar seu grau de escolarização; (4) a possibilidade de ingresso do menor na força de trabalho (Constituição, art. 165 - item X) a despeito dos inconvenientes que ora não cabe analisar, trará a grande massa da população jovem uma visão imediatista do mundo, motivadora de interesses e aspirações; (5) parte desse novo contingente escolarizado encontrará motivação para permanecer no sistema, ao tomar consciência da sua potencialidade (força para crescer); (6) a administração dos sistemas será levada a promover sua expansão, por interesses sociais ou próprios ou por pressão da respectiva comunidade, insatisfeita com suas limitadas oportunidades. A demanda pela escola de 2º grau e, paralelamente, a contenção da expansão do ensino superior, propiciarão a tão desejada melhor distribuição dos alunos no sistema, do primeiro ao terceiro grau, e o conseqüente encaminhamento dos egressos para atividades profissionais de nível médio. Resta a promoção das profissões desse nível, pela concessão de maiores incentivos, uma vez que até então são os atrativos oferecidos, o que concorre de maneira preponderante para que numeroso grupo sem aptidões específicas para estudos de nível superior aspire a Universidade. O quadro nº1 apresenta um diagrama do ensino na Lei nº5692/71, onde estão indicados os diferentes níveis de qualificação para o trabalho. O objetivo geral do ensino de 1º e 2º graus, conforme o artigo 1º da Lei 5.692/71 é Proporcionar ao educando a formação necessário ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto -realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania. O ensino de 1º grau Aprofeitamento pela Universidade de Estudos específicos afins aos cursos de 2º Grau. Estágio em Empresas (sem vínculo empregatício Encontra-se em fase de estudos e/ou experiências no sistema atual de ensino Sondagem de aptidões iniciação para o trabalho Aprendizagem e qualificação profissional Formação especial diversificada seguido a demanda do mercado de trabalho, interesse e aptidões dos alunos Educação geral comum a todos os cursos expressos na forma de núcleo comum de matérias Q U A D R O N º 1 FONTE: CENAFOR O ob j e t i vo e spec i f i co do ens ino de 1º grau é a formação da c r i ança e do p r ê - ado l e scen t e . A c o n s t i t u i ç ã o d i spõe sobre a o b r i g a t o r i e d a d e do ensino na fa ixa e n t r e 7 e 14 anos de idade . Fica imp l í c i t o nessa determinação que o ensino de 1º grau completo, min is t rado em o i t o anos , é o b r i g a t ó r i o para todos . Relacionando a fa ixa da ob r iga to r i edade com a duração do 1º grau e ana l i sando e s t a t í s t i c a s e sco l a r e s sobre ma t r i cu la , por idade e s é r i e , v e r i f i c a - s e grande a t r a s o e s c o l a r , motivado pelo ingresso re ta rdado da c r i ança na escola e pela r epe t ênc i a , o que to rna o p r e c e i t o apenas teor icamente ex tens ivo ao un ive r so da população e s c o l a r i z á v e l . Ao a t i n g i r os qua torze anos, ou s e j a , ao f i n a l do período da e sco l a r i zação o b r i g a t ó r i a , grande con t ingen te da população e sco l a r de sv incu la - se do sis tema por d i f e r e n t e s r a z o e s : (1) cessam os e f e i t o s da ob r iga to r i edade ; (2) muitos s is temas e s t adua i s mostram-se incapazes para r e t e r o a luno ; (3) inúmeras f amí l i a s não têm recu r sos paraa manutenção do jovem na escola e (4) incapacidade, doenças, f a l t a de mot ivação. Os alunos que ingressam na l a . s é r i e aos s e t e anos e duran te os anos subseqüentes vencem normalmente as e t apas sucess ivas , ao f i n a l dos o i t o anos concluem o 1º grau, mas esse grupo não é o mais r e p r e s e n t a t i v o , em termos de e s t a t í s t i c a . Como não poderia de ixa r de ocor re r , não há in tenção de p r o f i s s i o n a l i z a r o p r é - a d o l e s c e n t e . Por motivos de ordem econômica é permit ido o t r a b a l h o a menores, a p a r t i r dos doze anos, mas sabe-se que as formas de t r a b a l h o compatíveis com a natureza do p ré -ado le scen te são aquelas cujo conteúdo p r o f i s s i o n a l é muito l i m i t a d o , não depedendo de processo r egu la r de formação. Com o u t r a s pa lavras é o que d i z o Cons. Paulo Nathanael , ao r e l a t a r o Parecer do CFE que tomou o nº 339: Tanto quanto se possa estar de acordo com as verdadeiras invenções da Lei nº 5.692/7 1, deve-se considerar que, dada a vocação generalista do ensino de 1º grau, em nenhum momento a qualificação para o trabalho significará um esforço de qualificação profissional do educando, Agnelo Corrêa Vianna, com a autoridade que ninguém lhe contesta, afirma que a formação profissional cuida de integrar na força de trabalho, na razão direta das demandas manifastadas pelas atividades econômicas o pessoal qualificado nas diversas categorias profissionais. Essa formação, que e mais ligada aos conceitos de aprendizagem e de habilitação, e que deve ter como pressuposto uma aptidão revelada pelo aluno, não condiz com o tipo de educando acolhido pelo ensino de 1º grau. Como muito apropriadamente assinalou sobre o tema o Grupo de Trabalho encarregado dos primeiros estudos do anteprojeto da reforma do ensino: "seria prematuro cogitar de especialização profissional onde, em rigor, ainda não existem aptidões plenamente caracterizadas a cultivar [11). Ê propósito, nos países mais desenvolvidos, retardar o ingresso do jovem no mundo do trabalho, retendo-o na escola para que desenvolva ao máximo suas potencialidades, o que lhe propiciará melhores condições para adaptar-se ao meio, modificá-lo, atuar sobre ele, viver e conviver. A intenção do legislador brasileiro de conciliar o cumprimento da obrigatoriedade escolar no 1º grau com a necessidade que tem grande número de jovens de manter a sua própria subsistência, levou-o a conferir ao empregador a responsabilidade de facilitar as condições para que o jovem trabalhdor complete sua educação de 1º grau (art. 47). Nao está próximo o momento em que a maioria dos sistemas estaduais de ensino terão condições de oferecer ensino de 1º grau a toda a população escolarizável, razão pela qual, ao lado da sondagem de aptidões, obrigatória (§ 2º letra a do art. 5º), a iniciação para o trabalho e a habilitação profissional poderão ocorrer ao nível da série alcançada pela gratuidade escolar, quando inferior à oitava, ou para adequação às condições individuais, inclinação e idade dos alunos (art. 76). O parecer 871, do CFE, ao analisar as matérias da parte diversificada do currículo do 1º e 2º graus, para o sistema federal, enfatiza: Embola esteja claro na Lei nº 5. 692 que a profissionalização só deverá ocorrer a nivel do Está , p o r t a n t o , c laramente de f in ida a a t r i b u i ç ã o da escola de 1º grau , que tendo o ob je t ivo de sondar a p t i d õ e s , poderá, premida pe las c i r c u n s t â n c i a s , oferecer opor tunidade de i n i c i a ç ã o ao t r a b a l h o , c o n s t i t u i n d o - s e e s t a , de tomada de conhecimento de p r á t i c a s e s p e c í f i c a s de determinada á rea de t r aba lho , o que não c a r a c t e r i z a qua l i f i c ação para um o f i c i o ou ocupação, mas o desenvolvimento de a t i t u d e s a ap t idões que poderão pe rmi t i r f á c i l complementação dos conhecimentos necessá r ios ao melhor desempenho, a t r a v é s de t reinamento em serviço ou em i n s t i t u i ç õ e s e s p e c í f i c a s . Comenta Rachid: Mas, considerando-se as evidentes limitações do sistema de ensino, a terminalidade real ocorrerá por vários anos ainda, para grande número de jovens, no momento em que se desvincularem do sistema, sem que lhe seja possível ser oferecido algum conhecimento do mundo do trabalho. Ao longo do processo de escolarização, no ensino de 1º grau, a preparação específica para o trabalho é objetivo mediato. A parte de formação especial do currículo será meio para que o aluno conheça as oportunidades do mundo do trabalho e como esse se organiza e se desenvolve, adquira hábitos de ordem, juízo, raciocínio, convivência e, ao mesmo tempo, conheça-se, para saber quais serão as formas de trabalho compatíveis com suas aptidões e preferências. Ao deixar o sistema regular de ensino, para ingressar no sistema de produção ou de prestação de serviços, os conhecimentos então adquiridos deverão nortear o seu encaminhamento a cursos de qualificação profissional oferecidos pelo Sistema de Formação Profissional (via supletiva), ou diretamente ao trabalho. A reformulação do ensino de 2º grau há anos vem sendo descuidada como necessidade dos sistemas de ensino, tendo apresentado tendências comuns em diferentes países. Como o início do processo de transição em cada contexto teve seu momento próprio, levaram alguns anos para que se chegasse a um consenso em relação aos objetivos desse nível O ensino de 2 grau do ensino. Houve divergência de opiniões e pouca clareza na formulação dos objetivos apenas na fase de amadurecimento das idéias, que depois ficaram bem definidas. Parkyn distingue três grandes setores dentro dos quais a evolução se acentuou em ritmo acelerado nos últimos trinta ou quarenta anos. Refere-se aos elementos diversos, dos quais cada um apresenta tendência característica, ainda que interligados: A tendência mais evidente para o observador é a vasta extensão adquirida pelo ensino médio no mundo inteiro, em parta devida ao crescimento demográfico, mas em parte causada pelo desenvolvimento do próprio ensino (...). A primeira linha de força ê, pois, em nossa época, a extensão e a ampliação de segundo grau . A segunda tendência decorre da primeira; trata-se da procuara dos meios de ligar organicamente, o ensino médio ao ensino primário (...). Enfim, a terceira linha de força se refere à elaboração e a aplicação do curriculo. Os processos cientificos e técnicos modernos e a evolução social complexa que se produziu recentemente conduziam necessariamente a modificação dos curriculos; mas uma transformação não menos notável resulta da extenção do ensino médio a crianças as quais não se Dirigia originalmente, em particular aquelas pertencentes as camadas sócio-econômicas inferiores da sociedade e aquelas de menor aptidão para os estudos. Esta evolução do curriculo foi orientada, em geral, para a integração do elementos culturais e técnicos, por multo tempo mantidos separados ou mesmo ensinados em escolas do tipos diferentes {14). A Lei 5.692/71, interpretando as tendências que então já se encontravam bem delineadas para o ensino de 2º grau, sobretudo a mencionada terceira linha de força, concebeu uma integração dos elementos culturais e técnicos de tal forma que o processo escolar resultasse sempre em qualificação para o trabalho, traduzida em habilitação profissional. Assim, a educação ministrada no 2º grau é técnica, o que não significa terem sido substituidos pelas escolas técnicas de concepção da Lei 4.024 as escolas secundárias então existentes, embora inegavelmente, aquelas tenham sido o modelo. Uma política de valorizaçãodos recursos humanos resultou na consepçao do ensino com o sentido bem definido de qualificar para o trabalho. Interpretando essa concepção, uma das primeiras iniciativas do Conselho Federal de Educação, em relação ã normalização da Lei, resultou no Parecer 4 5/72, que além, de fixar os mínimos a serem exigidos em cada habilitação profissional ou conjunto de habilitações afins, ofereceu um catálogo de habilitações - Anexo C - onde estão fixadas as matérias específicas constituintes de diferentes conjuntos de habilitações. Referido Parecer relacionou em segundo grupo de habilitações (parciais) com menor carga horária de conteúdo profissionalizante, objetivando qualificar para ocupações definidas no mercado de trabalho. Evidentemente, esses cursos não conferem o diploma de técnico, como os primeiros, mas certificados de auxiliar técnico. Uma terminologia para designar níveis de preparação pode ser controvertível, porque nem sempre é adequada para casos específicos. Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas, no Centro de Estudos de Treinamento em Recursos Humanos, em decorrência de convênio com o CENAFOR, ao analisar as ocupações da área de Petróleo e Petroquímica, dá ciência da inadequação da terminologia então adotada: Tanto na lndústria do petróleo quanto na da Petroquímica, as ocupações que. demandam conhecimentos técnicos de nivel médio vêm sendo desempenhadas por técnicos diplomados, ou por pessoas que apenas possuem curso secundário completo. Raramente exerce o técnico diplomado funções que exijam aplicação de todos os conhecimentos adquiridos no curso. Os novos métodos de produção ocasionam, em geral, a subdivisão e, consequentemente, a simplificação das tarefas a cargo de cada um, dal a facilidade com que pessoas sem formação técnica básica podem incumbir-se de tarefas de natureza técnica, mediante simples treinamento. Ainda que a titulação adotada dê margem a diferentes interpretações sobre o trabalho a ser exercido pelo Auxiliar Técnico, é certo que os conteúdos do curso e o nível em que este foi planejado darão uma indicação da natureza do trabalho que pode executar. Constatadas dificuldades operacionais e técnicas para perfeita execução dos preceitos do Parecer 45 e considerando a conveniência do oferecimento de alternativas de opção, são questionados alguns dos seus aspectos, cujas respostas podem nortear os resposáveis pela implantação da profissionalização a nível de 2º grau. A Cons. Therezinha Saraiva, no estudo que resultou no Parecer 76 do CFE, levanta as questões: Todos os alunos devem ser , conduzidos a uma especialização para exercerem determinada ocupação ou seria mais viável e correto a habilitação profissional pana uma preparação por áreas de atividade a sen completada com o treinamento profissional, tão logo o jovem encontrasse uma ocupação? Deverão os concluintes do 2o grau apresentar condições de adaptação não apenas em uma ocupação, mas em uma area ou conjunto de ocupações? Deverá ser o ensino formal o único responsável pelo desenvolvimento dos recursos, humanos? (76) Um sistema que tem a responsabilidade do preparo de mais de dois milhões de estudantes no 2º grau (número que tende a crescer, como já comentado), deveria limitar-se a proporcionar aos alunos os conhecimentos básicos de um grupo de ocupações, deixando a formação profissional se completar no emprego ou numa instituição especializada. Aliviaria a sobrecarga do sistema, propiciaria condições de melhor atendimento aos interesses da clientela e deixaria aos alunos maiores aberturas para ingresso no trabalho. 0 parecer 76/75 do CFE, adotando essa linha de pensamento, tornou viável a habilitação básica, entendida como a formação profissional básica ou seja, o conjunto de habilidades e conhecimentos indispensáveis a grupos de ocupações afins, "para iniciação a uma área específica de atividade em ocupação que, em alguns casos, só se definirá após o emprego" (p.499). Fica evidente que os objetivos do ensino de 2º grau, no que tange à qualificação para o trabalho estão operacionalizados de três formas diferentes, que constituem três meios racionalmente escolhidos por hipótese como capazes de assegurar os fins planejados e os fins expressivos: (1) formação de técnicos; (2) habilitações parciais que podem ser definidas como qualificação profissional realizada no sistema regular (formação de auxiliares-técnicos) e (3) habilitação por áreas (básica). Uma política ambiciosa levaria a um planejamento curricular diversificado, que ensejasse tantas modalidades de habilitação quantas fossem necessárias ao mercado de trabalho- O planejamento dessas habilitações no sistema regular (500-1.000?) só poderia ocorrer a longo prazo, paralelamente ao planejamento da ampliação do numero de salas especiais, equipamento, formação de professores e demais requisitos essenciais ao bom funcionamento de uma escola profissional; quando o sistema apresentasse condições de atendimento, muitas modificações ter-se-iam processado no mercado de trabalho. Por outro lado, o oferecimento regular e continuado das mesmas habilitações, para aproveitamento da capacidade instalada, levaria ã inflação de profissionais no mercado. A permanente atualização do sistema formal de ensino, para que acompanhe as tendências do mundo do trabalho, extremamente dinâmico, não é tarefa viável, razão pela qual seria perspectiva fora da realidade. A opção assumida no Parecer 76/75 - oferecimento de habilitações básicas - que entende a formação profissional como processo iniciado com a educação formal e completado com o treinamento, traz a grande vantagem de diminuir consideravelmente o número de habilitações previsto para o ensino formal. A clientela do ensino de 2º grau não tem interesses ainda claramente definidos, pois desconhecendo suas reais aptidões e preferências, freqüentemente reformula seu projeto de vida, o que torna mais vantajoso o retardamento da definição do campo específico de atividade. 0 mundo moderno está criando um contexto social e econômico extremamente em relação ao conhecimento, que é criado, transformado e utilizado continuamente. Para acompanhar essa nova tendência torna-se objetivo específico do sistema regular oferecer sólida base de formação geral e técnica que permita continuidade nos estudos e melhor desempenho no trabalho. A preocupação com a sólida base de formação geral e técnica conduz os administradores do ensino a relegar para segundo plano a preparação específica para um posto de trabalho. Justifica-se a perspectiva, pela compreensão de que a primeira finalidade do sistema, a de promover a formação integral, não pode ser delegada, mas a outra, com vantagem, pode ser confiada a instituições especializadas e ã empresa. Assim a função principal do ensino formal é oferecer condições para que o aluno "aprenda a aprender"; a medida de sua produtividade será dada pela sua maior capacidade para desenvolver as potencialidades do jovem, permitindo-lhe crescimento contínuo e capacitando a iniciar, aceitar e ajustar de forma construtiva as mudanças. A importância da ação das tradicionais escolas técnicas no contexto da educação e da formação profissional deve ser ressaltada, pois seu papel sempre esteve bem definido. Cabe ao poder público estimular suas ações, orientando para que ministrem educação técnica do mais alto nível, sobretudo depois da Lei 5.692/71, que mais ressaltou sua importância e a efetividade de seu trabalho, agora também funcionando sob o regime da intercomplementariedade. O quarto estágio da qualificação para o trabalho, a habilitação profissional - é função específica da escola de 2° grau. Após o término do2° grau o aluno poderá dirigir-se diretamente para o trabalho, completar sua qualificação no sistema de formação profissional (caso das habilitações básicas, por exemplo) ou dirigir-se ã Universidade. A educação de adultos, como preocupação do poder público, tem sua história a partir do momento em que ficou constatada a incapacidade do sistema escolar para atender ao adulto marginalizado do processo da educação, mas com direito a ela. A partir de então, diferentes mecanismos foram acionados com o objetivo de promoção social de jovens e adultos que não se beneficiaram do ensino regular na idade devida. Daí o caráter corretivo e supletivo que sempre lhe foi atribuído. Hoje as perspectivas em relação à educação de adultos já não são limitadas a esse enfoque. A civilização moderna sente a necessidade de novas formas de educação que ajudem os homens, ao longo de sua existência, a enfrentar os desafios da evolução econômica e técnica, a unificar os diversos campos do seu saber e atividade, a compreender e julgar o meio em que vive, a sentir-se realizado por operar por si mesmo, enfim, a ascender ao exercício da liberdade e da responsabilidade. Assim apareceu um conceito novo: a educação permanente, que, por sua recência, está ainda em período de investigação e pode ser conceituada como: Educación del hombre en todas las dimenciones y durante toda su Existencia personal y social, la educación permanente abarca todos los centros e intenes a cuyo alrededor se ordena dicha existencia y exige una transformación profunda de O ensino supletivo los medios escolares y extraescolares formales e informales encam inada a ayudar al hombre a dominar la vida que hay en si mismo y a su alrededor. [17). Os l i m i t e s da educação permanente nao e s t ão r igorosamente d e f i n i d o s , mas e s t ão assen tadas as l i n h a s que a n o r t e a r ã o : (1) a educação não pode l i m i t a r - s e ao período da e x i s t ê n c i a que precede à en t rada na vida a t i v a ou a d u l t a . Deve p ro longar - se duran te a vida e qualquer pessoa deve poder empreender sua educação quando o d e s e j e . I s so implica não só con t inu idade e n t r e a educação dos jovens e dos adu l tos como uma grande f l e x i b i l i d a d e nas e s t r u t u r a s e programas, em e s t r e i t a r e l ação uns com os ou t ro s ; (2) deve f i c a r assegurada a coerência e n t r e os d ive r sos campos da educação, uma vez que se t r a t a t a n t o da aqu i s ição de conhecimentos para empregá-los na p r á t i c a de um o f i c i o , quanto da compreensão c r i t i c a da c u l t u r a e da vida s o c i a l . Sempre respe i tando a d ive r s i dade de t i p o s de formação, a educação deve l evar a que cada pessoa possa coordenar e n t r e si as d i f e r e n t e s e s f e r a s do saber e da a t i v i d a d e ; (3) para que os d o i s p r e c e i t o s a n t e r i o r e s fiquem assegurados , é necessár io que os t i p o s de formação sejam suf ic ien temente a b e r t o s e que se e s t a b e l e ç a uma e s t r e i t a colaboração e n t r e as d i v e r s a s i n s t â n c i a s educa t ivas . Os p r i n c í p i o s que norteiam o que concei tua como educação permanente e s t ão i m p l í c i t o s no Capí tulo IV da Lei nº 5 .692/71 , que t r a t a especi f icamente do ensino supletivo. Suas finalidades estão definidas no art. 24: a) suprir a escolarização regular para os adolescetes e adulta que não tenham seguido ou concluído na Idade própria b) proporcionar, mediante repetida volta ã escola, estudos de aperfeiçoamento ou atualização para os que. tenham seguido o ensino regular no todo ou em parte.. Paragrafo único. 0 ensino supletivo abrangera cursos e exames a serem organizados nos vários sistemas de, acordo com as normas baixadas pelos respectivos Conselhos de. Educação. A clientela do ensino supletivo ê, pois, constituida por todos os indivíduos produtivos, aos quais pretende oferecer, a cada um conforme seus interesses, oportunidade de formação, atualização e especialização. Os objetivos que o ensino supletivo persegue não se distanciam daqueles que o ensino regular tem para si. 0 que distingue um do outro é a clientela, são os métodos e a organização. Da analise das funções de cada um - supletivo e regular - verifica-se que são partes em interação, o que poderia deixar de ocorrer, como subsistemas que sao. Dessa forma, o subsistema supletivo vem ao encontro de numerosos problemas e os soluciona, como afirma Furter, citado por Santiago, quando: Ora, se um completa, prolonga e substitui o outro, em outras palavras, se os estudos realizados num contexto são completados com estudos realizados no outro contexto, o aproveitamento dos estudos e a interdependência entre eles ê a regra e um dos princípios básicos que devem reger a circulação entre os dois subsistemas. 0 parecer 699 do Conselho Federal de Educação (1972), ao interpretar o Capitulo da Lei 5.692 que trata da matéria, estabeleceu princípios doutinários, constituindo-se documento básico essencial, ficando as normas específicas, por delegação contida no próprio texto legal, na alçada dos sistemas de ensino. Suas quatro funções englobam cursos e exames, numa abrangência de diferentes níveis e graus, métodos e técnicas de ensino, regimes e 57 currículos, numa visão nova de escola para todos: mais e menos dotados, mais e menos preparados, jovens e velhos: a Suplência, o suprimento, a qualificação e a aprendizagem. A função da Suplência é "suprir a escolarização regular, para os adultos que não a tenham seguido ou concluído na idade própria", proporcionando oportunidade de conclusão do 19 e do 2º graus àqueles que não tiveram os benefícios da escola na época devida; em outras palavras, procura oferecer os meios para que o adulto vença o atraso escolar. É função do suprimento " proporcionar, mediante repetidas voltas à escola, estudos de aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham seguido o ensino regular no todo ou em parte". Sua função é, pois, manter as pessoas atualizadas ao longo da vida, quer se trate de cultura geral, aperfeiçoamento, especialização ou atualização profissional. É, sobretudo, educação extra-escolar. Para o suprimento não há limitação de nível, âmbito, grau ou estrutura. Inclui o universo do conhecimento, sem discriminação. É a escola para todos, a escola aberta, a escola sem fronteiras. A qualificação tem função específica de preparar para o desempenho de uma ocupação ou ofício. Enquadra-se no que se denomina formação profissional, em uma de suas modalidades. Sendo a resultante de um processo de preparação para o trabalho, discrimina, seleciona. Depende de habilidades e de aptidões específicas, uma vez que os sistemas de produção e de prestação de serviços visam obter a maior produtividade do fator trabalho, o que recomenda o estabelecimento de critérios visando a alcançar esse objetivo. A aprendizagem é o processo de qualificação de menores da faixa etária entre os 14 e os 18 anos, em determinadas circunstâncias. Na realidade, é uma modalidade da qualificação. Da mesma forma que a aprendizagem é modalidade de qualificação, esta é modalidade de Suplência; assim, a rigor, são duas funções do ensino supletivo, claramente definidas no artigo 24 da Lei 5.692/71: Suplência e suprimento. As iniciativas que visam a suprir a escolaridade regular, obviamente são realizadas pela rede de escolas públicas e privadas de ensino supletivo em cada sistema, regendo-se por normas do respectivo Conselho de Educação: (a) cursos supletivos de 19 e de 2º graus; (b) exames abrangendo o núcleo comum do ensino de 1º e de 2º grau, com a finalidade de continuidade deestudos; (c) exames para exclusivo efeito de exercício profissional, que incluam apenas o mínimo estabelecido para cada habilitação profissional. O Glossário que acompanhou o Documento elaborado pela UTRAMIG por solicitação do Departamento de Ensino Médio e que integra o Parecer 45 do CFE, conceitua a qualificação profissional: Condição resultante da aprendizagem ou de cursos adequados a formação profissional de adultos, caracterizada pela comprovação efetiva de que o trabalhador está realmente capacitado para o exercício completo de uma ocupação bem definida na força de trabalho. Desta forma, a aprendizagem e os cursos de formação profissional de adultos constituem o processo e o método; a qualificação e resultante (p. 150) . (19). O relator do citado Parecer 4 5, referindo-se ã qualificação, diz: Á qualificação profissional em cursos Intensivos que, por seus métodos, deve ser aplicada a pessoas com Idade acima dos 7 5 anos e que se encaminhem a emprego certo, terá naturalmente o seu modelo no Programa intensivo de Preparação de mão-de-obra (p. 739) (79). Ao transferir o PIPMO para o Ministério do Trabalho, o legislador pretendeu deixar explícito que as atividades relativas ã qualificação e habilitação profissionais previstas na Lei 5.69 2, da área do ensino supletivo, permaneceriam na esfera do Ministério da Educação e Cultura. O PIPMO não tem rede de escolas, mas com mais de dez anos de experiência e recursos próprios, através de convênios com instituições de formação profissional, estendeu sua ação a todo o território nacional. Sem ele o Departamento de Ensino Supletivo do MEC ficou apenas com funções de cooperação, informação e assistência técnica aos sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal; deixou de ser executor de projetos, como ocorria quando dispunha do Programa. 0 Programa Intensivo de Preparação de Mão-de-Obra, considerado o modelo dos cursos de qualificação profissional, embora com as mesmas finalidades, encontra-se vinculado a outro órgão, do qual recebe orientação, integrando um conjunto com funções definidas na preparação de mão-de-obra. A qualificação profissional é realizada por grande número de instituições: SENAI, SENAC, SENAR, PIPMO, LBA, Secretarias de Agricultura e Trabalho, instituições de caráter religioso, comunitário ou assistencial. As duas primeiras instituições, com longa experiência e excelentes serviços prestados ao sistema empresarial, orientam suas ações para a demenda, uma vez que são órgãos patronais, constituindo sistemas com ação em todo o país. 0 SENAR, recentemente criado, não tem a experiência do SENAI e SENAC, mas espera-se que siga orientação semelhante; 0 PIPMO, como órgão da Secretaria de Mão-de-Obra, orienta-se segundo suas normas. As demais instituições orientam-se por normas próprias quando ministram cursos de sua iniciativa ou pelas normas do PIPMO, quando executoras dos seus programas. De qualquer forma, são por ele influenciadas. Um curso profissional deve ter seu currículo organizado para atender às necessidades do trabalho. Nesse caso, a programação deveria ser elaborada a partir de estudo do trabalho. Mirengoff manifesta seu ponto de vista em relação às atividades de formação profissional ã época confiadas ao PIPMO e ao DNMO: A questão central em relação ao conteúdo do programa e. saber se incorporam- se ou não elementos básicos da ocupação da forma como ela é praticada no "mundo do trabalho". É ele relevante ou obsoleto? A duração do treinamento e desnecessáriamente longa ou muito curta? A uniformização do treinamento deve ser revista. Isto não significa que o conteúdo do treinamento deve ser idêntico. Entretanto, seria desejável estabelecer padrões de treinamento para que se possa definir o nivel de treinamento {20). A princípio o PIPMO não estabeleceu pré-requisitos para ingresso, duração, conteúdos programáticos, forma de seleção e de avaliação, ficando essas questões definidas, em cada caso, no projeto submetido pela entidade executora do Programa, para aprovação. Muitas dessas questões estão merecendo alguma atenção da Secretaria de Mão-de-obra, embora sejam limitadas as ações concretas visando a elevação do nível dos cursos, cuja eficácia pode ser comprovada pela avaliação do desempenho dos egressos nos postos de trabalho. Há um setor da Secretaria encarregado da avaliação, que certamente desenvolverá projetos com finalidade bem definida. Mas à medida que se ampliarem as normas em relação aos cursos de qualificação, haverá tendência maior a sistematização e uniformidade de procedimentos, indiscutivelmente necessárias, desde que as medidas não se tornem rígidas ao ponto de lhes tirar a flexibilidade característica do ensino supletivo. Se o sistema regular caracteriza-se pela Escola-Instituição, a que recebe e retém os que podem ingressar e permanecer no sistema, e o sistema supletivo caracteriza-se pela Escola-Função, a que recebe aqueles que não podem adaptar-se a rigidez do primeiro, pode-se entender que as disfunções de um devem ser corrigidas no outro, razão pela qual não podem estruturar-se de forma semelhante. Anteriormente ã Lei 5.692/71 competia ao SENAI ministrar a aprendizagem, definida no Decreto nº 31.54 6, de 6 de outubro de 19 52 como o contrato Individual da trabalho realizado entre um empnegador a um trabalhador maior de 14 a menor da 18 anos, pelo qual, alem das caracteristicas mencionadas no antigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho, aquele se obriga a submeter o empregado a formação profissional metódica do oficio ou ocupação pana cujo exercício foi admitido a o menor assume o compromisso da seguir o respectivo regime da aprandizagem (27). A nova Lei do ensino manteve a mesma faixa de idade para os cursos de aprendizagem, mas não os manteve privativamente na área das instituições de formação profissional acima mencionadas; também não se referiu ao papel das empresas no processo. O Relatório do GT instituído pelo Decreto nº 66.600, de 20 de maio de 1970 explica as razões: ao omitir as empresas nesta parte mais pedagógica, Deixamos o campo aberto a que entidades não classificadas como tais Ingressem nos campos da aprendizagem e da qualificação. Referindo-se a sua obrigatoriedade aos setores "comerciais e Industriais , a Constituição não impediu que outras também se desenvolvessem; mas tendeu a fixar um modelo que as novas condições de trabalho e da produção já não consagram (22). O Decreto nº 31.546 atribui competência ao SENAI e SENAC, respectivamente, para estabelecer os ofícios e ocupações objeto de aprendizagem metódica nos seus cursos, bem como as condições de funcionamento e duração, submetendo posteriormente o elenco ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Levada a aprendizagem para outras escolas, questiona-se a linha de procedimento a ser adotada relativamente aos ofícios e ocupações que demandam aprendizagem metódica, quem selecionará as ocupações objeto de aprendizagem, determinará a duração dos cursos, o nível e outros pontos obscuros na lei. Ainda, relativamente à aprendizagem referido Decreto estabeleceu, em seu artigo 69: É licito ao menor submetido à aprendizagem metódica no próprio emprego, nos termos do § 1º do artigo 2º, requeren, em qualquer tempo, ao Ministerio do Trabalho, Industria e Comercio por si ou seus responsáveis, exame de habilitação para o respectivo oficio ou ocupação. A Lei 5.692/71 não prevê exames de qualificação. Parece que no caso especial da aprendizagem metódica realizada no emprego, constituir-se-á exceção, uma vez que não há dispositivo revogar a matéria. Concluindo, ficou definido que: (1) qualquer instituição pode ministrar cursosdefinidos como de suprimento, sem pré-requisito algum e interferência direta dos sistemas; (2) a Suplência é realizada no sistema de ensino supletivo: em cursos ministrados diretamente na rede pública e escolas particulares integradas ao sistema, ou em exames realizados pelos sistemas estaduais; (3) a aprendisagem antes realizada pelo SENAI e SENAC, diretamente ou na empresa, com a orientação desses órgãos, é ministrada por essas instituições ou outras, de acordo com normas estabelecidas em cada sistema e (4) a qualificação, em princípio realizada por qualquer instituição, tem seu modelo nos cursos realizados pelo PIPMO. FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO MINISTÉRIO DO TRABALHO A constituição de 10 de novembro de 1937, no seu artigo 129, dá especial relevo ao ensino pré-vocacional e profissional, considerando dever do Estado mantê-lo diretamente ou subsidiá-lo. Reconhece, também, ser dever das industrias e sindicatos econômicos criar, na esfera de sua especialidade, escolas de aprendizes destinadas aos filhos de operários ou de seus associados, o que já evidenciava uma conscientização em relação à necessidade de preparação profissional como meio de promoção social e de atender às necessidade emergentes de pessoal qualificado para o trabalho. Posteriormente, na XXV Conferência Internacional do trabalho realizada em Genebra foi discutida a questão do ensino técnico e profissional e da aprendizagem, cujas conclusões iriam influir de maneiro decisiva na organização do Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários - SENAI, criado pelo Decreto-Lei nº 4.048, de 22 de janeiro de 1942 O Decreto-lei citado estabeleceu, no artigo 3º, que o novo órgão seria organizado e dirigido pela Confederação Nacional da Indústria. Determinava, porém, no artigo 8º, que a organização do SENAI constaria do seu regimento, a ser apresentado pela Confederação ao Ministro da Educação, para aprovação por decreto do Presidente da República. No regimento ficou estipulado que o SENAI seria Antecedentes históricos vinculado ao Ministério da Educação, embora dirigido pela Confederação Nacional da Indústria; ao Ministério competia a ação normativa e ã Confederação a parte executiva. 0 comércio também já se ressentia de falta de pessoal qualificado e, por Decreto nº 8.621, de 10 de janeiro de 1946, passou a dispor de uma instituição especifica para formação de sua mão-de-obra, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, organizado com estrutura semelhante à adotada para o setor industrial. As duas instituições cresceram, acompanhando o desenvolvimento do país, expandindo sua atuação em âmbito geográfico (de inicio tinham ação restrita às capitais) e em âmbito ocupacional (o elenco de ocupações objeto de formação cresceu para atender às necessidades do sistema empresarial). 0 grande surto de desenvolvimento verificado na década de 60 acarretou uma diversificação considerável de atividades e grande modificação na estrutura ocupacional, em função da introdução de novas tecnologias e expansão de diferentes setores. Constatada a carência de pessoal qualificado em diferentes áreas, foi criado no Ministério da Educação e Cultura um mecanismo com a finalidades de, a curto prazo, parecer, aperfeiçoar e especializar mão-de-obra para o setor industrial, o Programa Intensivo de Preparação de Mão-de-Obra - PIPMO, aprovado pelo Decreto nº 53.324, de 18 de dezembro de 1963, vinculado ã Diretoria do Ensino Industrial. Em 23 de dezembro de 1965 a Lei nº 4.923 cria no Ministério do Trabalho e Previdência Social, o Departamento Nacional de Mão-de-Obra - DNMO, entre outras, com a função de estudar os problemas de colocação e da formação profissional. Da estrutura do DNMO, aprovada pelo Decreto nº 58.550, de 30 de maio de 1966, consta a Divisão de Colocação e Formação Profissional com uma série de atribuições em relação à assistência ao desempregado e à formação profissional, entre as quais ressaltar: I - Estudar , pesquisar r fixar os critérios da qualificação, organizando o cadastro das profissôes ; II- Estudar as bases de formulação da política governamental de formação profissional, tendo em vista as perspectivas do desenvolvimento econômico, o, em cooperacão com o Ministério da Educação, estender as bases do ensino profissional, estabelecendo os curriculos , os cursos os programas exames de comprovação para o exercicio da especializacão (...) (23). Verifica-se que, então, as funções atribuídas ao Ministério do Trabalho em relação ã formação profissional, como definir currículos, programas, cursos e exames e elaboração de normas para exames de capacitação, deveriam ser exercidas em cooperação com o Ministério da Educação e Cultura. Fica claro, entretando, que a competência para a fixação de critérios para a qualificação profissional foi delegada ao Ministério do Trabalho. (Ainda não foi baixado ato extinguindo o DNMO, mas suas atribuições relativas à formação profissional passaram ã Secretaria de Mão-de-Obra desde sua organização). Junto ao DNMO, presidido pelo seu diretor-geral, funcionava o Conselho Consultivo de Mão-de-Obra. Após o desmembramento do Ministério do Trabalho e Previdência Social em dois Ministérios - o do Trabalho e o da Previdência Social - o Decreto nº 74.296, de 16 de julho de 1974 dispôs sobre a nova estrutura do Ministério do Trabalho, criando a Secretaria de Mão-de-obra, com a finalidade de promover atividades relacionadas com a preparação de mão-de-obra para o mercado de trabalho. As entidades de formação profissional SENAI e SENAC passaram a vincular-se ao Ministério do Trabalho. À Secretaria de Mão-de-Obra foi dada a seguinte estrutura: 1. Subsecretária de Formação Profissional, compreendendo Coordenadoria de Qualificação Profissional, Coordenadoria de Projetos Específicos, Coordenadoria de Treinamento Operacional e Coordenadoria de Aprendizagem. 2. Subsecretária de estudos, Análises e Metodologia, compreendendo Coordenadoria de Estudos, Pesquisas As atuais atribuições e Análises Profissionais, Coordenadoria de Informação e Orientação Profissional, Coordenadoria de Recursos Instrucionais e Coordenadoria de Acompanhamento e Avaliação. Verifica-se que a Secretaria de Mão-de-Obra esta dividida em dois setores distintos; um operacional, que executa as atividades e um de estudos, no qual são definidas as linhas metodológicas, realizadas pesquisas, definidos os recursos instrucionais a serem utilizados, avaliados os métodos, os recursos, o processo de formação e sua eficácia. Por Decreto nº 75.081, de 12 de dezembro de 1974, o PIPMO passou a vincular-se ao Ministério do Trabalho, "com a finalidade de promover o treinamento de trabalhadores para os diversos setores econômicos". Todavia, ficou explícito no parágrafo único do art. 1º: As atividades pertinentes a qualificação e habilitação profissionais a que se refere a Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, continuarão a ser exercidas pelo Ministério da Educação e Cultura, através do Departamento de Ensino Supletivo. Outro dispositivo legal .- a Lei 6.297, de 15 de dezembro de 1975, que dispôs sobre a dedução do lucro tributável para fins de imposto de renda das pessoas jurídicas, atribui ao Ministério do Trabalho competência para aprovar os projetos de formação profissional elaboradas pelas pessoas jurídicas beneficiárias. Referida Lei caracteriza, no art. 2º, o que é entendido, então, como formação profissional: Considera-se formação profissional para os efeitos desta lei, as atividades realizadas, em territorios nacional, pelas pessoas jurídicas beneficiárias da dedução estabelecida no art. 1o, que objetivam a preeparação imediata pana o trabalho de
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