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VALIAÇÃO IMPLANTAÇÃO REFORMA UNIVERSITÁRIA UNIVERSIDADES FEDERAIS Patrocínio: Ministério da Educação e Cultura Departamento de Assuntos Universitários Planejamento e Execução Universidade Federal da Bahia Centro de Estudos Interdisciplinares Para o Setor Público—ISP Salvador — 1975 EQUIPE EXECUTORA UFBA/ISP COORDENADOR GERAL — Prof. Jorge Hage Sobrinho Adjunto do Reitor para Assuntos de Planejamento e Administração — UFBA. Coordenador Geral dos Programai COORDENADOR — Iracy Silva Picanço Especialista em Educação COORDENADOR ADJUNTO — Nadya Araújo Castro Socióloga — Vicente José de Almeida Frederico Técnico em Administração T É C N I C O S Ana Christina de Souza Caldeira — Bibliotecária Alba Regina Neves Ramos — Socióloga Ciomara Paim Couto — Socióloga Francisco Leonardo da Silva Lessa — Licenciado em História Lúcia Maria da Franca Rocha — Técnica em Educação Luiz Henrique Azevedo Dias — Técnico em Administração Márcia Abigail Earbosa Carneiro — Técnica em Educação COLABORADORES ESPECIAIS NOME ÓRGÃO DE ORIGEM Antonio Geraldo Amaral Rosa (Pe.) PUC-PE Arthur Marinho Medeiros UFRN Edson Machado de Souza CNRH-MINIPLAN Eugênio Wedelstaedt Gruman UFRS Luiz Duarte Vianna UFRS Márcio Quintão Moreno UFMG/COMCRETIDE Maurício Lanski MEC/DAU Nelson Figueiredo Ribeiro UFPA Newton Sucupira CFE Raimundo José Miranda Souza MEC/DAU Roberto Figueira Santos CFE Samuel Levy CNRH-MINIPLAN C O L A B O R A D O R E S NOME ÓRGÃO DE ORIGEM Alberto Pastore Filho UFBA Alcina Maria Geiger de Pinho UFBA-ISP Alexandre Leal Costa UFBA Álvaro Rubin de Pinho UFBA Ana Maria Fixina UFBA-ISP Anete Brito Leal Ivo UFBA Angela Maria Menezes Andrade UFBA Angela Maria Pinho de S. Braga UFBA-ISP Antonio Celso Spinola Costa UFBA Antonio Luiz Machado Neto UFBA Antonio Plinio de Moura UFBA Arnaldo Murilo Nogueira Leite UFBA Arthur Marinho Medeiros UFRN Ary Guimarães UFBA Carlos Antonio Chenaud UFBA Célia Maria Leal Braga UFBA Delmar Ewaldo Schneider UFBA Dielson Martins Lima UFBA Divaldo Marques UFBA Edilusa Bastos Oliveira UFBA Edmilson Barros Lima UFBA Edvaldo Machado Boaventura UFBA Eliana Tereza de Oliveira Marques UFBA. Elvia Mirian de A. Cavalcanti UFBA-ISP Emanuel de Souza Muniz UFBA-ISP Emerson Spinola M. Ferreira UFBA Enaldo Nunes Marques MEC/DAU Ernst Widmer UFBA Erundino Pousada Presa UFBA Etlenete Marilza Guimarães Góes du Val UFBA Fabiola de Aguiar Nunes UFBA Fernando Jorge Lessa Sarmento UFBA/ISP Flávio José de Souza UFBA Friedhilde Maria K.Monolescu UFBA George Barreto Oliveira UFBA Georgeocohama D. A. Archanjo SEC — Bahia Gustavo Medeiros Neto UFBA Hailton José de Brito UFBA Hélio Carneiro Moreira UFBA Hermes Teixeira Melo UFBA Hernâni Sávio Sobral UFBA Jader Wilton Brasil Soares UFBA Joaquim Batista Neves UFBA Jorge dos Santos Pereira UFBA Jorge Ferreira Santos Laborda UFBA-ISP José Carlos Dantas Meirelles UFBA-ISP José Guilherme da Mota UFBA José Joaquim Calmon de Passos UFBA Joselice Macedo de Barreiro UFBA José Osório Reis UFBA José Romélio Cordeiro e Aquino UFBA José Zeferino da Silva UFBA Lauro Ribas Zimmer MEC-COMCRETIDE Leonor Pereira Dantas UFBA-ISP Lolita Carneiro Campos Dantas UFBA Lúcia Rosa de Queiroz MEC-COMCRETIDE Luiz Augusto Fraga Navarro de Brito UFBA Luiz Carlos Bottas Dourado UFBA Luiz Felipe Serpa UFBA Manuel Veiga UFBA Marfisa Cysneiros de Barros SUDENE Margarida Maria Costa Batista UFBA Maria Angélica de Matos UFBA Maria David de A. Brandão UFBA Maria do Carmo de Lacerda UNB Maria Ivete Ribeiro Oliveira UFBA Maria José O. Gonçalves UFBA Maria Lúcia P. Federico UFBA-SP Maria Norma Farias Viana UFBA-ISP Maria Perpétua G. Castro SETRABES-BA Marieta Barbosa Pereira UFBA-ISP Marle Campos de Oliveira SETRABES-BA Marly Magalhães de Freitas UFBA Maruzia de Brito Jambeiro UFBA Mercedes Kruschewsky UFBA Osmar Gonçalves Sepúlveda UFBA Othon Jambeiro Barbosa UFBA Paulo Guedes UFBA Paulo Miranda UFBA Pedro A. Calmon de Bittencourt UFBA Rachel Maria Araújo Andrade UFBA Raymundo da Silva Vasconcellos UFBA Regina Glória N. Andrade UFBA Romélia Santos UFBA Sérgio Cavalcante Guerreiro UFBA Sérgio Hage Fialho UFBA Sid Marques Fonseca UFRN Silvio Santos Farias UFBA Sólon Santana Fontes UFBA Stela Maria Santos de Sena UFBA Terezinha Machado Aguiar UFBA-ISP Thereza Maria de Sá Carvalho UFBA Yêda de Andrade Ferreira UFBA Yêda Matos F. de Carvalho UFBA Zahidée Machado Neto UFBA Zilma Parente de Barros UFBA Zinaldo Figueroa de Sena UFBA AUXILIARES TÉCNICOS NOME ÓRGÃO DE ORIGEM Antónia Célia C. de Albuquerque UFBA-ISP Antonio Cézar Chastinet Duarte UFBA-ISP Antonio Luiz de Castro UFBA-ISP Antonio Maia Diamantino UFBA-ISP Cidália Maria Chastinet Duarte UFBA-ISP Eduardo Fausto Barreto UFBA Eduardo Luiz Tinoco Melo UFBA Emir Omar Santiago de Castro UFBA-ISP José Walter Barreto UFBA-ISP Luiz Cézar Alves Marfuz UFBA-ISP Maria Bernadete R. Gonçalves e Capinam UFBA-ISP Maria Farias Campos UFBA-ISP Maria das Graças F. de Oliveira UFBA-ISP Osvaldo Almeida Bonfim UFBA-ISP Osvaldo Sepúlveda UFBA-ISP Paulo Calmon da Silva UFBA-ISP Reinilson Teixeira de Souza UFBA-ISP Suzana Maria Soares Meirelles UFBA-ISP Zenilda Machado Neves UFBA-ISP EQUIPE DE APOIO ADMINISTRATIVO NOME ÓRGÃO DE ORIGEM Asclepíades Antonio Soledade UFBA-ISP Carlota Soares de Magalhães UFBA Célia Marly Campos de Souza UFBA Edgar Moreira Rosa Filho UFBA-TSP Edson Calmon da Silva UFBA-ISP Heloisa Menezes Silva UFBA Julieta Braga Icó da Silva UFBA-ISP Manoel Brito Lima UFBA-ISP Maria Lisia Santos UFBA Vítor Meirelles Neto UFBA-ISP Wilson Garrido Santos UFBA-ISP Zuzana Camardelli Seko UFBA A P R E S E N T A Ç Ã O Após o decurso de quase um quinquénio do início da implantação da Reforma Universitária, elegeu o Departamento de Assuntos Universitários do Ministério da Educação e Cultura o conjunto de Universidades Federais, para realizar uma pri- meira análise do processo de mudança do ensino superior, com o propósito de apreciar até que grau a instituição universitária assimilou os princípios diretores de sua nova concepção. Entregou o Departamento de Assuntos Uni- versitários essa tarefa à Universidade Federal da Bahia, através do seu Centro de Administração Pública (ISP), atualmente denominado Centro de Estudos Interdisciplinares para o Setor Público (ISP), mediante convênio firmado em 27.06.73, entre as duas partes. Os trabalhos, desenvolvidos entre julho de 1973 e fevereiro de 1974, visavam primordialmente à consecução de três objetivos: a) determinar o grau de implantação dos pressupostos básicos consignados na legislação da Reforma Universitária; b) evidenciar as principais dificuldades en- contradas para esta implantação; c) buscar a avaliação dos resultados alcan- çados nesse processo de transformação das Uni- versidades Brasileiras. A investigação não se deteve em nenhum objeto de análise particular, mas abraçou toda a gama de aspectos do comportamento das Univer- sidades Federais, tendo como uma preocupação maior dar uma visão panorâmica da realidade estudada. É natural que, a partir dessa perspectiva, de- limitasse sua atenção ao grau de institucionaliza- ção dos pressupostos básicos da Reforma traduzi- dos na nova ordem legal. Se isto se constituiu numa limitação, por deixar de por à prova a pró- pria validade desses pressupostos, em compensa- ção o enfoque eleito se mostrou fecundo ao por à mostra inumeráveis aspectos críticos pouco con- siderados e ao revelar grande número de proble- mas a merecerem maior estudo. Apesar da intenção da Reforma Universitária orientar-se no sentido de desenvolver o ensino, a pesquisa e a extensão, dentro de uma pautaequi- librada, a realidade, que a pesquisa fez emergir, é bem outra. O peso da tradição ou, porventura, outros fa- tores de resistência à mudança mostram como a extensão e a pesquisa guardam, entre as atividades da Universidade, uma inexpressiva posição relati- va qualquer que seja o indicador que se escolha para mensurar essa relação. O Departamento de Assuntos Universitários, ao divulgar na íntegra este relatório de pesquisa, pretende alcançar dois objetivos primordiais. Em primeiro lugar, oferecer às Universidades do País um conjunto de informações em que cada qual poderá encontrar fonte de inspiração para solucio- nar seus próprios problemas. Em segundo lugar, espera o D AU leve este documento os estudiosos e pesquisadores sociais interessados no problema universitário brasileiro a aprofundarem e exauri- rem os aspectos críticos porventura nele revelados. S U M A R I O G E R A L VOLUME 1 METODOLOGIA CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO ESTU- DADO 17 ASPECTOS METODOLÓGICOS DO DESENVOL- VIMENTO DO PROJETO 24 L — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO 1.1 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO ACADÊMICA 44 1.1.1 — Introdução 44 1.1.2 — A Implantação Legal da Reforma Universitária 51 1.1.3 — Os Modelos da Organização Estru- tural nas Universidades Federais .. 52 1.1.4 — As Coordenações Superiores 55 1.1.5 — As Coordenações Setoriais Adminis- trativas 98 1.1.6 — As Coordenações Setoriais Acadê- micas , 105 1.2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DEPARTA- MENTAL 124 1.2.1 — O Departamento e a Legislação Re- formadora '. 127 1.2.2 — A Constituição dos Departamentos 126 1.2.3 — O Funcionamento da Estrutura De- partamental 133 1.2.4 — A Departamentalização Segundo as Áreas de Conhecimento 155 1.3 — ORGANIZAÇÃO PARA PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO GERAL 284 1.3.1 — Advertência Inicial 284 1.3.2 — Introdução 284 1.3.3 — Planejamento e Orçamento 285 1.3.4 — Computação 294 1.3.5 — Administração do Patrimônio 299 1.3.6 — Administração de Material 301 1.3.7 — Administração do Campus 304 1.3.8 — Administração de Pessoal 309 1.4 — ADMINISTRAÇÃO ACADÊMICA 318 1.4.1 — Órgãos Centrais de Administração Acadêmica 320 1.4.2 — Flexibilidade Curricular 321 1.4.3 — Creditação 322 1.4.4 — Matrícula por Disciplina 325 1.4.5 — Registros Escolares 328 1.4.6 — Avaliação do Rendimento Escolar .. 329 1.4.7 — Diplomação 330 1.4.8 — Orientação 330 1.4.9 — Trancamento 331 1.4.10 — Transferência 332 1.4.11 — Jubilamento 333 1.4.12 — Evasão 333 1.4.13 — Seleção 333 1.5 — SISTEMA DE BIBLIOTECA 334 1.5.1 — Introdução 334 1.5.2 — Estrutura e Organização 335 1.5.3 — Funcionamento do Sistema 340 2 — RECURSOS 2.1 — RECURSOS HUMANOS 350 2 .1 .1 — Considerações Gerais 350 2.1.2 — Capacidade Docente das Universi- dades 350 2 .1 .3 — Pessoal Técnico de Nível Superior .. 368 2.1.4 — Pessoal Técnico Administrativo . . . . 380 2.2 — RECURSOS FÍSICOS 385 2 .2 .1 — Considerações Gerais 385 2.2.2 — Situação Atual 386 2 .2 .3 — Perspectivas em Relação ao Espaço Físico 394 2.3 — RECURSOS RINANCEIROS 401 2 .3 .1 — Notas Preliminares 401 2.3.2 — Receita por Origem 402 2 .3 .3 — Mecanismos de Auto-Financiamento 409 2.3.4 — Destinação da Despesa 413 VOLUME 2 3 — FUNÇÕES 3.1 — ENSINO 422 3.1.1 — Ensino de Graduação 422 3.1.2 — Ensino de Pós-Graduação 405 3.1.3 — Outros Ensinos 482 3.2 — PESQUISA 494 3.2.1 — Dimensão das Atividades da Pesquisa 494 3.2.2 — Execução da Pesquisa e sua Integra- ção com o Ensino 498 3.2.3 — Ausência de Duplicação de Meios . . 507 3.2.4 — Conclusão 508 3.3 — EXTENSÃO 511 3.3.1 — A Organização das Atividades de Ex- tensão 511 3.3.2 — Atividades de Extensão 517 3.3.3 — Conclusões 520 4 — O ESTUDANTE E A REFORMA 4.1 — INTRODUÇÃO 524 4.2 — REPRESENTAÇÃO ESTUDANTIL 525 4.3 — MONITORIA 527 4.4 — ASSISTÊNCIA AO ESTUDANTE 528 4.5 — ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA REFORMA UNIVERSITÁRIA NA PERSPEC- TIVA ESTUDANTIL 532 5 — DIFICULDADES E FACILIDADES NA IMPLANTAÇÃO DA REFORMA 5.1 — DIFICULDADES E FACILIDADES EM "ES- TRUTURA E ORGANIZAÇÃO" 537 5.1 .1 — Estrutura e Organização Acadêmica 537 5.1.2 — Estrutura e Organização Adminis- trativa 539 5.1.3 — Estrutura e Organização Departa- mental 541 5.2 — DIFICULDADES E FACILIDADES EM "RE- CURSOS" 543 5 .2 .1 — Recursos Financeiros 543 5.2 .2 — Recursos Humanos 543 5 .2 .3 — Recursos Físicos 545 5.3 — DIFICULDADES E FACILIDADES EM "EN- SINO" 5 4 6 5.4 — DIFICULDADES E FACILIDADES EM "PÓS- GRADUAÇÃO", "PESQUISA" E "EXTENSÃO" 547 5.5 — ELEMENTOS PROPRIAMENTE PROCES- SUAIS 548 5.6 — CONCLUSÃO 550 6 — CONCLUSÕES 6.1 — UNIVERSALIDADE DE CAMPO 555 6.2 — ENSINO DE MASSA E ALTA CULTURA 557 6.3 — ADEQUAÇÃO DA UNIVERSIDADE' AO MEIO 562 6.4 — SISTEMA BÁSICO E SISTEMA PROFIS- SIONAL 564 6.5 — DEPARTAMENTALIZAÇÃO E INTERESCO- LARIDADE 570 6.6 — COORDENAÇÃO ACADÊMICA E FLEXIBI- LIDADE CURRICULAR 578 6.7 — COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA 581 ANEXO I —ESTRUTURA BÁSICA DAS UNIVERSIDA- DES FEDERAIS 587 ANEXO II —AMOSTRA DOS ÓRGÃOS DE UNIVERSO VARIÁVEL 728 ANEXO III —INSTRUMENTOS DE COLETA 874 METODOLOGIA CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO ESTUDADO CONSIDERAÇÕES INICIAIS A partir de 1966 o crescimento do ensino superior brasileiro equivale a um desafio: um desafio voluntário e talvez estimulado pela Reforma Universitária. Em 6 anos, a matrícula nos cursos de graduação no Brasil passou de 180.184 estudantes universitários para 667.701. Um crescimento, portanto, de 270% Em 1966, as Universidades e estabelecimentos isolados de en- sino superior ofertavam 1.304 cursos. Em 1972 este número é de 2.804, o que importa em aumento superior a 100%. G R Á F I C O 1 ENSINO SUPERIOR CRESCIMENTO DA MATRICULA EM GRADUAÇÃO SETOR PÚBLICO Levando-se em conta o desenvolvimento global da matrícula nas instituições oficiais (federais, estaduais e municipais) os nú- meros passam a ser mais expressivos: 99.024 matriculados em 1966 e 272.003 em 1972, destacando-se o crescimento na órbita municipal. O incremento no setor privado, porém, mostrou-se bem mais acelerado. Nos 6 anos considerados, o número de matrícula nesse setor cresceu em 344% . Estas totalizavam 89.110- alunos em 1966 e atingem 395.698 em 1972. A distribuição de matrículas nos dois gráficos anteriores as- sinala três formas distintas de comportamento: absorção relativa crescente de matrícula pelas instituições particulares, crescimen- to da participação estadual e municipal e, finalmente, um decrés- cimo relativo acentuado da capacidade de absorção das institui- ções federais. Considerando conjuntamente o setor público (instituições fe- derais, estaduais e municipais) e comparada sua oferta à do setor privado, dentro dos dois marcos escolhidos de tempo (1966 e 1972), o resultado apurado sublinhará a participação hegemónica das instituições particulares (de 45% para 59%) e o debilitamento progressivo da disponibilidade de matrículas nas instituições pú- blicas, a despeito do crescimento absoluto constante, no período, para as diversas dependências. Um fato é incontestável: o ensino superior brasileiro cresceu muito nos últimos anos. Mas, é preciso identificar os componen- tes e as características deste crescimento, como também cotejá-lo a outros índices que motivaram e orientaram a Reforma Uni- versitária . COMPONENTES DO CRESCIMENTO Como já foi dito, em 1966 eram oferecidos em todo o Brasil, 1.304 cursos, tendo este número mais que duplicado em 1972, to- 18 Dentro deste contexto, a participação das instituições fede- rais (1) que era, em 1966, bastante significativa com 73.037 alu- nos, isto é, 41% do total, passa, em 1972 para 169?091, ou seja, apenas 25% do total. Não obstante esse decréscimona partici- pação, o índice de crescimento alcançado atingiu a 231. G R Á F I C O 2 ENSINO SUPERIOR DISTRIBUIÇÃO DA MATRICULA EM GRADUAÇÃO SETOR PÚBLICO E PRIVADO F O N T E : M E C / S E E C O crescimento da oferta de cursos mostrou-se uma constante nas várias dependências. A maior acentuação, entretanto, teve lugar nos estabelecimentos estaduais e municipais (172%) segui- do do particular (107%), e do federal (100%). Esta oferta, entretanto, em relação às áreas de conhecimento sofre, também, apreciável modificação entre as diversas depen- dências administrativas. É nas Ciências Exatas e Tecnologia onde se observam as maiores transformações nesta composição, pois, enquanto em 1966 o poder público federal oferecia 65% dos cur- sos em funcionamento, em 1972 estes somam 38% do total, res- pondendo a iniciativa particular por 44% no ano citado, e ape- nas 23% em 1966. Observa-se que, na iniciativa federal, de 109 cursos em 1966 passou-se a 290 em 1972. A iniciativa particular, que respondia por 39 cursos nesta área, passa a 336 em 1972, o que equivale a um aumento de mais de 900%. (Vide Quadro 2). DEPENDÊNCIAS Federal Estadual e/ou Municipal Particular Total ABSOLUTO 464 205 635 1304 1966 % 35 16 49 100 1972 ABSOLUTO 927 559 1.318 2.804 % 33 20 47 100 talizando 2.804. O Quadro 1 destaca, segundo as várias depen- dências administrativas, a incidência deste fenômeno. QUADRO 1 ENSINO SUPERIOR DISTRIBUIÇÃO DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO POR DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA (21 QUADRO 2 ENSINO SUPERIOR NÚMERO DE CURSOS DE GRADUAÇÃO SEGUNDO AS ÁREAS DE CONHECIMENTO E DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA 1 ÁREAS DE CONHECIMENTO FEDE- RAL ESTA- DUAL 1966 MUNI- CIPAL ! NUMERO DE CURSOS PARTI- TOTAL FEDE- ESTA- CULAR RAL DUAL 1972 | MUNI- CIPAL PARTI- TOTAL CULAR A 8 S O L u T O % Ciências Exatas e Tecnologia Ciências Biolog. Prof. Saúde Ciências Agrárias Ciências Humanas Letras (*) Artes Outros T O T A L Ciências Exatas e Tecnologia Ciências Biolog. Prof. Saúde Ciências Agrárias Ciências Humanas Letras (*) Artes Outros T O T A L 109 82 20 218 — 35 - 464 65 46 61 26 47 — 36 17 42 9 91 — 6 - 165 10 24 27 11 8 — 13 3 — — 30 — 7 - 40 2 — — 3 10 — 3 39 54 4 512 — 26 — 635 23 30 12 60 35 — 48 168 178 33 851 - 74 _ 1.304 100 100 100 100 100 — 100 290 194 30 288 52 65 8 927 38 43 68 26 21 36 67 33 105 83 8 140 30 30 1 397 14 18 18 13 12 17 8 14 37 10 - 91 16 6 2 162 4 2 — 8 6 3 17 6 336 166 6 575 156 78 1 1.318 44 37 14 53 61 44 8 47 768 453 44 1.094 254 179 12 2.804 100 100 100 100 100 100 100 100 FONTE: MEC/SEEC (*) Em 1966 a área de Letras encontrava-se integrada às Ciências Humanas. (2) O total apresentado neste tópico não sofreu nenhum processo d* sistema- tização, razão porque se distancia em muito do número de cursos apresentado na Seção 3 deste trabalho 19 Observa-se que, em maior ou menor grau, iodas as dependên- cias diversificaram a sua oferta de cursos. Onde esta diversifica- ção já se verificava, ou seja, nas instituições federais, os impac- tos, ainda que existentes, atingiram-nas em menores proporções. No entanto duas constantes ressaltam-se neste processo: em primeiro lugar nas diversas dependências, em termos de compo- sição relativa, em cada uma delas, sob qualquer forma que esta diversificação tenha se operado, ela sempre se deu em prejuízo da oferta nas áreas das Ciências Humanas e das Letras. Este pre- juízo foi relativamente maior entre as instituições particulares, onde estas áreas, em conjunto, decresceram de 81% (em 1966) para 55% (em 1972). A segunda constante diz respeito ao incre- mento experimentado pelas Ciências Exatas e Tecnologia em to- dos os tipos de dependência administrativa. A área das Ciências Biológicas e Profissões de Saúde, ainda que tenha experimentado crescimento, apresenta proporções sen- sivelmente menos elevadas que as Ciências Exatas e Tecnologia. Em verdade, menos acentuado foi o crescimento dos cursos na Área das Ciências Agrárias, da ordem de 33 %, crescimento este concentrado nas instituições federais e particulares na ordem de 50%. O comportamento da matrícula oferece algumas indicações que o diferenciam do comportamento da oferta de cursos. A título exemplificativo, observa-se que, enquanto nas Ciências Exatas e Tecnologia, a participação relativa do poder federal se mantém coerente, seja em termos de cursos, seja de alunado, nas Ciências Agrárias se evidencia a queda da participação relativa das matrí- culas de 64% do total em 1966 para 61% em 1972, a despeito do aumento do número de cursos no mesmo período 61% para 68%. (Vide Quadro 3) . QUADRO 3 ENSINO SUPERIOR CURSOS DE GRADUAÇÃO - MATRÍCULA SEGUNDO AS ÁREAS DE CONHECIMENTO E DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA A análise da participação do Governo Federal, separadamen- te, nas 5 Regiões do país, permite observar-se (Vide Quadro 4) que enquanto nas Regiões Norte e Nordeste esta esfera de poder, já majoritária em 1966, revela ascensão em 1972, na Região Su- deste ocorre fenômeno inverso, quando a hegemonia da iniciativa particular, marcante em 1966, se afirma ainda mais em 1972. A Região Sul experimenta, por sua vez, uma transferência do pre- domínio federal para o particular. Na Centro-Oeste, contudo, em- bora ocorrendo um decréscimo da participação federal nas ma- triculas no período, esta continua, ainda, com a maior percen- tagem. Considerado isoladamente o Setor Privado diante do Setor Público como um todo, este ainda predomina em todas as Regiões com exceção ún ica da Região Sudeste. (Vide Quadro 4). QUADRO 4 ENSINO SUPERIOR DISTRIBUIÇÃO DA MATRÍCULA REGIONAL NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO SEGUNDO DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA (EM PERCENTUAIS) FEDERAL 81,3 64,3 29,6 47,1 60,6 40,5 | ESTADUAL 0.8 3.8 16,4 7,5 8,0 12,1 MUNICIPAL | _ 0,9 3.5 0.8 -2.4 PARTICULAR 17.9 31.0 50.5 44.6 31.4 45.0 TOTAI 100 100 100 100 100 100 FEDERAL 87.7 64.7 13,5 33.4 46.2 25,3 1972 ESTADUAL 7.6 5.8 12.1 10.6 9.5 10,9 MUNICIPAL _ 2.6 4,6 6.8 -4.5 | PARTICULAR TOTAL 4,7 100 26,9 100 69,8 100 49,2 100 44,3 100 59,3 100 REGIÕES | Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste T O T A L Por consequência, observa-se que, no período considerado, participação do Governo Federal evidencia um deslocamento rela- tivo de esforços das Regiões Sudeste/Sul em direção ao Norte e Nordeste e Centro-Oeste, justamente as áreas do território na- cional que podem se revelar menos atraentes à iniciativa priva- da . ( Vide Quadro 5). QUADRO S ENSINO SUPERIOR DISTRIBUIÇÃO DA MATRÍCULA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO, SEGUNDO AS DEPENDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E SUA DISTRIBUIÇÃO PELAS REGIÕES (EM PERCENTUAIS) REGIÕES Norte Nordeste Sudeste _ Centro Oas» T O T A L FEDERAL 3. ' 25.5 43.3 23.4 4.t 100.0 1966 ESTADUAL 0.1 5,0 80,5 12.6 1.8 100.0 MUNICIPAL _ 6,3 87.1 6,6 _ 100,0 PARTICULAR] 0,7 11.1 66.4 19,9 1.9 100,0 TOTAL 1.9 16,1 59,2 20,1 2.7 100,0 | FEDERAL 7.3 29.0 35.5 21,3 6.9 100.0 1972 ESTADUAL | MUNICIPAL 1.5 6.06.5 73,7 68,7 15.6 24.8 3.2 100.0 100,0 1 PARTICULAR 0.2 5.2 78.4 13,4 . 2.8 100.0 TOTAL 2,1 11.3 66,7 16,2 3.7 100.0 REGIÕES FEDERAIS PRIVADAS CRESCIMENTO GLOBAL DO ENSINO SUPERIOR Norte Centro-Oeste Nordeste Sul Sudeste BRASIL 351 289 163 111 89 131 8 618 127 228 476 387 317 409 161 198 317 270 Constata-se, assim, que o comportamento da matricula no en- sino superior acompanha, em grande margem, a aceleração de ordem geral no desenvolvimento do país. Registra-se neste parti- cular, um incremento progressivamente crescente das institui- ções federais e progressivamente decrescente do interesse da ini- ciativa particular em direção às regiões mais pobres. Ressalte-se, entretanto que, apesar dos esforços federais junto a essas regiões. somente o Estado de São Paulo absorve 41% de todo o ensino su- perior nacional e concentra 53% da iniciativa particular nesse nível de ensino. Aliás, excluído São Paulo, o crescimento das ins- tituições federais no país, de 1966 a 1972, guarda a mesma taxa de 131%, enquanto o das instituições particulares se reduz de 387% para 245%. QUADRO 6 ENSINO SUPERIOR CRESCIMENTO DE MATRICULA DE GRADUAÇÃO NO PERÍODO 1966/1972 (EM PERCENTUAIS) FONTE: MEC/SEEC CONCLUSÕES Entre 1966 e 1972, o crescimento do ensino superior brasilei- ro foi de 270 %. Neste período, enquanto o ensino superior pri- vado aumentou as suas matrículas em 3877c, as instituições fe- derais alcançaram apenas um índice de incremento da ordem de 131%. Considerando as 6 áreas distintas do conhecimento, observa- se um maior incremento de cursos em três delas: Ciências Exatas e Tecnologia, Ciências Biológicas e Profissões da Saúde e Artes. As duas primeiras áreas foram consideradas prioritárias pelo Plano Setorial de Educação e Cultura 1972/1974. Mas em termos absolutos, o conjunto das 2 áreas de Ciên- cias Humanas e Letras detém ainda a hegemonia do número de cursos e de matrículas. Entre 1966 e 1972 constata-se nas insti- tuições federais um maior índice de crescimento de matrículas e um maior incremento do número de cursos nestas áreas, em re- lação às particulares. Por outro lado, se a expansão global das instituições parti- culares é muito mais acelerada, a nível nacional, que o cresci- mento das instituições públicas e, especificamente, das federais, o exame detalhado deste fenômeno, nas diferentes regiões do país, oferece outros dados aclaratórios. De fato, nas regiões do Norte e Nordeste, compreendendo 12 Estados e um Território, o crescimento das instituições federais é muito superior ao das particulares. Este esboço de análise pretende apenas, a título de introdu- ção, localizar o universo objeto da pesquisa realizada para ava- liar a implantação da Reforma Universitária. Como se sabe, este universo se limita às Universidades Federais. O que elas representam no conjunto das instituições de en- sino superior brasileiro, entretanto, não deve, por óbvias razões, ser aquilatado apenas pelos números do seu alunado e dos seus cursos. Acima de tudo é de ter-se presente serem as instituições oficiais (e em particular as federais, exceção feita ao Estado de São Paulo) justamente as de maior porte, complexidade, represen- tatividade, penetração social, impacto e função social. ASPECTOS METODOLÓGICOS DO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO O convênio MEC/DAU-UFBA/ISP, celebrado em 27 de junho de 1973, para Avaliação da Implantação da Reforma Universitá- ria, visava ao atendimento de ires finalidades: a) determinar o grau de implantação dos pressupostos bá- sicos consignados na legislação da Reforma Universitária; b) evidenciar as principais dificuldades encontradas para esta implantação; c) buscar a avaliação preliminar dos resultados alcançados neste processo. Constituíram-se, destarte, essas finalidades no objeto de aná- lise deste trabalho, cujo universo de pesquisa foram as 29 (vinte e nove) Universidades Federais Brasileiras, além de 2 (duas) ins- tituições de dependência administrativa não-federal mas que con- tém, cada uma delas, uma Unidade Federal. Os trabalhos tiveram o seu início com o levantamento de in- formações preliminares sobre as Universidades em estudo. Estas informações foram de três espécies: a) dados estatísticos gerais, constantes das publicações do MEC/SEEC; b) normas gerais e documentos de identificação solicitados antecipadamente às Universidades pesquisadas; são eles: Estatu- tos das Universidades e das Fundações, Regimentos Gerais, Regi- mentos das Reitorias, Regimentos das Unidades e de órgãos Su- plementares, Catálogos e Guias de Matrícula, além de Relatórios de Atividades; c) levantamento da estrutura de cada uma dessas Universi- dades, mediante composição de seus organogramas. Concomitantemente, tinha início a etapa de preparação dos instrumentos de coleta. Esta fase pode ser considerada uma das que demandou os mais exaustivos e acurados estudos da Equipe-Base. Neste perío- do foi analisada, comentada e debatida toda a legislação emana- da do Governo Federal a partir do Decreto-lei n. 53, de 18.11.1966 e os demais diplomas legais normatizadores da Reforma Univer- sitária. Foram igualmente levantados e estudados outros documen- tos, pesquisas e artigos acerca da Reforma Universitária. Dentre estes, constituiu-se em documento básico para a pes- quisa o Relatório do Grupo de Trabalho de Reforma Universitá- ria instituido pelo Presidente Arthur da Costa e Silva, através do Decreto n. 62.937 de 02.07.1968. Para um desenvolvimento mais satisfatório desta fase foi ini- cialmente elaborado um roteiro do conteúdo a ser pesquisado e de- finido um esquema de reuniões, a diversos níveis, com o objetivo de estabelecer-se o modelo definitivo de realização da coleta e análise das informações. Dessas discussões resultou o que se denominou "Esquema Teórico do Trabalho", que pode ser visto adiante. Esse "Esquema" resultou do entendimento de que, no pon- to de partida de qualquer tentativa de avaliação da implantação da Reforma Universitária, encontra-se a identificação dos prin- cípios que a orientam. Da legislação transformadora das Universidades brasileiras e dos documentos provenientes dos seus autores intelectuais, de- preendem-se dois grandes princípios: o da não duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes e o da integração entre as funções de ensino, pesquisa e extensão. Trata-se do que aqui se consideram princípios "críticos", "des- trutivos" ou "negativos" da situação vigente até então nas insti- tuições brasileiras de ensino superior. Tais princípios não cogitam diretamente dos objetivos últi- mos da instituição "Universidade", na medida em que a Reforma pretendeu muito claramente atuar ao nível dos meios para a con- secução desses objetivos Agindo então, como elemento capaz de remover óbices, de tal sorte que, por uma utilização mais racional dos seus recursos, a Universidade pudesse cumprir os seus obje- tivos estendendo, porém, o seu atendimento a setores mais amplos da comunidade. Na origem de todas as mudanças estariam, assim, dois prin- cípios que poderiam ser qualificados de axiomáticos: um deles re- lativo ao âmbito administrativo — não duplicação de meios — e o outro ao âmbito acadêmico — integração do ensino, pesquisa e extensão. Vale ressaltar a estreita relação que mantêm entre st no sentido de que a integração ensino, pesquisa e extensão pode ser vista como propiciando, entre outros, instrumentos para a não duplicação de meios. Contudo o princípio da integração apre- senta um modus operandi que lhe é próprio e que, não estando contido na questão da não duplicação, lhe assegura a individua- lidade . Questionamentos poderiam ser interpostos à validadede con- siderar-se um princípio do estilo "não duplicação de meios"; isto porque tal ênfase poderia ser considerada absolutamente inadequa- da na medida em que toda e qualquer organização deveria, elemen- tarmente, estruturar-se com observância desse requisito mínimo de administração de recursos. Contudo, a prática da Universidade Brasileira em sua perspectiva histórica parece explicar e justificar cabalmente essa ênfase da Legislação Reformadora. Este esquema de abordagem do problema baseou-se no modo de caracterizar a Reforma sugerida pelo próprio "Grupo de Tra- balho" constituído para tal fim. Como princípios da mudança foram identificados, assim, elementos negadores da situação an- terior, destrutivos daquilo que se considerava como os dois maio- res óbices à realização dos objetivos da instituição: a duplicação de meios e a desvinculação entre o ensino, a pesquisa e a exten- são. Todavia, segundo seus pensadores, a Reforma propôs-se ain- da a proporcionar meios para quê a instituição universitária bra- sileira, removidos os óbices existentes, pudesse realizar plenamen- te os fins a que se propõe ou se deveria propor uma tal instituição. Estes meios, fornecidos a cada uma das Universidades pela legis- lação, consubstanciam o que se denominou de "conteúdo" da Reforma. Os elementos de conteúdo, conforme identificados no esque- ma adotado abrangiam dois subconjuntos diversos. Os três pri- meiros definiam a dimensão sócio-cultural deste conteúdo, en- quanto que os demais conformavam a dimensão organizacional da Reforma. Teriam, todos eles, caráter de elementos normati- vos que, incidindo em certas áreas da instituição, possibilitariam que a mesma atingisse os seus fins de uma forma mais racional. Daí porque toda a estratégia de levantamento e análise das in- formações esteve sempre baseada na busca dos elementos resul- tantes da atuação do "conteúdo" da Reforma em "áreas de inci- dência" determinadas. As informações resultantes, relativas a cada uma das Uni- versidades, deveriam, assim, ser processadas com vistas a verifi- car como estas diferentes realidades puseram em execução os ele- mentos de conteúdo da Reforma de modo a propiciar o cumpri- mento dos dois princípios básicos iniciais. Vê-se, assim, que estes princípios estiveram presentes tanto no início quanto na conclu- são deste trabalho, funcionando os elementos do conteúdo deles decorrentes como os verdadeiros e últimos critérios de avaliação da implantação da Reforma Universitária. Teve-se em mente, ainda, durante todo o trabalho, que uma avaliação de "resultados" da implantação deveria ser vista com bastante cuidado. Isto porque, para tratar com exatidão esta questão, dever-se-iam centrar as atenções nos produtos dá insti- tuição universitária, avaliando-se, removidos os óbices e propicia- dos os meios para melhor execução dos seus fins, a Universidade Brasileira estava verdadeiramente cumprindo de forma quantita- tiva e qualitativamente superior ao período antecedente à Refor- ma, os objetivos a que se propõe. A precariedade de uma tal avaliação parecia, desde logo, evi- dente por duas razões fundamentais. Primeiramente, sendo por demais reduzido o prazo decorrido a partir da implantação dos primeiros dispositivos legais, seria prematuro concluir acerca de uma discussão que só recentemente tem sido colocada. Por outro lado, a complexidade de uma tal avaliação sobrepassaria em muito, o tempo disponível para a rea- lização da pesquisa. Por estas razões foi afastada das cogitações qualquer tentativa de avaliar a "produtividade" da Universidade Brasileira nas novas circunstâncias impostas pela Reforma. Li- mitou-se o trabalho, assim, à verificação de como estavam sendo implantados os elementos de conteúdo característicos da Legisla- ção Reformadora e que impactos, decorrentes desta implantação, eram gerados sobre as Universidades em sua estrutura e dinâmica de funcionamento, de modo que, lançando mão da maior racio- nalidade na utilização dos recursos disponíveis, exercessem de for- ma integrada as suas funções de ensino, pesquisa e extensão. Des- ta forma poder-se-ia considerar, como um elemento adicional, que a fiel observância daqueles princípios, dado o seu próprio conteúdo, constituir-se-ia em indício forte de perseguição mais acentuada dos verdadeiros fins da instituição. AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA REFORMA UNIVERSITÁRIA ESQUEMA TEÓRICO Dimensão Sócio-Cultural 3.1 - Estrutura e Organização 2.1 - Universalidade de campo de 3.1.1 - Acadêmica 1.1 — NÃO-duplicacâb de conhecimento 3.1.2 - Administrativa meios 3.1.3 - Departamental 2.2 — Ensino de massa e alta cultura 3.2 — Recursos 2.3 — Adequação de Universidades 3.2.1 — Financeiros ao meio 3.2.2 - Humanos 3.2.3 - Físicos Dimensão Organizacional 1.2 — Integração Ensino-Pesqui- 2.4 — Departamentalização sa-Extensão 2.5 — Sistema básico comum . 3.3 — Ensino 2.6 — Sistema profissional 3.3.1 — Graduação 2.7 — Flexibilidade curricular 3.3.2 — Pós-Graduação 3.3.3 - Outros 2.8 — Interescolaridade 2.9 — Coordenação didática e administrativa 3.4 — Pesquisa 3.5 — Extensão 1. PRINCÍPIOS 2. CONTEÚDO 3. CAMPOS DE INCIDÊNCIA Com base, no esquema aqui exposto, descrito e fundamen- tado, chegou-se, finalmente, e só então, a listagem dos elementos a serem pesquisados, segundo as diversas unidades de informa- ção, ponto a partir do qual pode-se definir adequadamente o con- teúdo dos instrumentos de coleta. Estes, por sua vez, assumiram três formas: 1. Modelos de "Informações Gerais e Estatísticas": conjun- to de 13 (treze) formulários encaminhado às Universidades atra- vés dos entrevistadores, para seu preenchimento pelos setores res- ponsáveis na instituição e posteriormente devolvidos ao Centro de Administração Pública (ISP), em Salvador, exceção feita às Uni- versidades do pré-teste; 2. Questionário para coleta direta: este conjunto de 13 (treze) questionários foi aplicado aos responsáveis pelas unidades de informação identificadas para cada Universidade. Destes, 9 (nove) são ditos "de universo fixo", diferentemente daqueles que, pelo grande número de informantes possíveis, tiveram que ser aplicados a unidades de informação amostradas, daí sua denomi- nação "de universo variável"; são eles, os questionários aplicados aos Centros, às Faculdades e/ou Escolas e/ou Institutos, aos De- partamentos e aos Colegiados de Curso. 3. Ternários de reuniões amostradas, selecionados, aleato- riamente, pelo entrevistador em campo, conforme instruções re- cebidas quando do treinamento em Salvador. Foram os mesmos aplicados aos órgãos colegiados, sejam superiores, sejam setoriais. A relação final dos instrumentos dos tipos 2 e 3 ficou defi- nida pelo conjunto aplicado nas seguintes unidades de infor- mação: 01 — Reitor 02 — Conselho de Ensino e Pesquisa 03 — Conselho Universitário 04 — Conselho de Curadores 05 — Conselho Diretor 06 — Representação Estudantil 07 — Administração Acadêmica 08 — Administração Geral 09 — Planejamento 10 — Espaço Físico 11 — Assistência ao Estudante 12 — Biblioteca 13 — Centro 14 — Unidade de Ensino 15 — Colegiado de Curso 16 — Departamento Dentre estes questionários, como já se disse, 3 (três) não fo- ram preenchidos mediante entrevistas com os responsáveis pelos órgãos em questão. Trata-se daqueles relativos aos Conselhos Universitário, Diretor e de Curadores (03, 04 e 05) onde se levan- taram apenas ternários de algumas reuniões amostradas. Para o Conselho de Ensino e Pesquisa (02) processou-se o levantamen- to de informações provenientes tanto das entrevistas com os diri- gentes de suas Câmaras, quanto dos ternários, selecionados alea- toriamente . Elaborados, em forma preliminar, os instrumentos de coleta, e definidos os mecanismos de obtenção das informações, o grupo executordecidiu pela realização do pré-teste destes instrumentos selecionando as Universidades a serem visitadas segundo os se- guintes critérios: a) distribuição espacial no território brasileiro; b) Universidades criadas antes e após a legislação da Re- forma Universitária; c) Universidades consideradas especializadas antes da Re- forma Universitária; d) Matrícula e número de cursos segundo os grupamentos de tamanhos de Universidades definidas pela equipe. Assim, foram selecionadas as seguintes Universidades Fede- rais: Pará, Sergipe, Fluminense e Pelotas. Estas Universidades foram objeto de levantamento, durante o período de 24 a 28 de setembro de 1973, por quatro equipes de 2 técnicos cada uma. Visou o pré-teste determinar a operacionalidade de conteúdo e forma dos instrumentos elaborados, em situações reais. Realizado o pré-teste, foi possível à equipe identificar os re- quisitos fundamentais para a coleta de informações na totali- dade do universo a ser pesquisado: as 27 Universidades, até en- tão, não visitadas. Estes aspectos foram: 1.° — Determinação da necessidade de permanência, em cada Universidade, por 5 (cinco) dias úteis, para realização das entre- vistas diretas; 2.° — Necessidade de, no mínimo, 2 (dois) entrevistadores em cada Universidade, variando para maior número segundo a complexidade da Instituição; 3.° — Montagem de equipes por Universidade composta, pre- ferencialmente, de professores e técnicos, com experiências diver- sificadas e intercomplementares. Assim, foram recrutadas 56 (cinquenta e seis) pessoas, além da equipe-base e realizado treinamento intensivo nos dias 10, 11 e 12 do mês de outubro de 1973. Pretendeu esse treinamento: a) transmitir informações sobre a pesquisa e as etapas já desenvolvidas; b) fornecer orientação sobre a fase de coleta a desenvol- ver-se; c) propiciar o conhecimento e a análise dos formulários a serem levados a campo; d) aprimorar o domínio da técnica de entrevista; e) divulgar as experiências observadas nas 4 (quatro) uni- versidades objeto do pré-teste; f) oferecer orientação para identificação dos órgãos a se- rem entrevistados, em função da Universidade a ser visitada. Com base nas informações preliminares obtidas e devida- mente atualizadas, foi possível à equipe-base da pesquisa defi- nir as amostras para a aplicação dos questionários de universo variável. No volume de "Anexos" encontram-se todas as amos- tras, tal como definidas em escritório pela equipe executora. As Universidades sobre as quais não se obteve nenhuma informação para cálculo das amostras, anteriormente à ida a campo foram: Fundação Universidade do Amazonas, Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Federal de Ouro Preto, Fundação Universidade de Uberlândia « Universidade Federal de Mato Grosso. A falta parcial de infor- mações verificou-se para as Universidades Federais do Piauí, Bra- sília e Rio de Janeiro. Os Quadros de n°s. 7 a 10, permitem visualizar a fração do universo que foi pesquisada nos quatro órgãos de universo va riável. QUADRO- UNIVERSIDADES FEDERAIS DEPARTAMENTO: QUADRO DE APLICAÇÃO UNIVERSIDADE PREVISTOS E APLICADOS NAO PREVISTOS E APLICADOS PREVISTOS NÃO APLICADOS TOTAL EXISTENTE X ATINGIDO TOTAL APLICADO NO UNIVERSO FUAM UFPA FUMA UFPI UFCE UFRN UFPB UFPE UFRPE UFAL UFSE UFBA UFES UFMG UFJF UFV UFOP FUBER UNB UFGO UFMT UFRJ UFRRJ UFF UFSCAR UFPR UFSC UFRS UFSM FURG UFPEL T O T A L 9 8 6 4 5 5 8 10 5 8 4 9 7 9 7 5 5 8 9 7 5 15 4 7 3 9 5 10 6 4 5 211 1 2 5 3 2 1 2 1 4 21 1 1 1 1 1 2 2 1 10 49 41 36 12 41 51 74 73 18 19 34 107 28 85 56 19 13 46 35 76 12 167 30 51 7 55 32 81 41 25 50 1 464 9 8 6 5 7 10 8 10 5 8 4 12 7 9 7 5 5 8 9 9 5 15 5 7 3 9 5 10 8 5 9 232 18 19 17 42 17 20 11 14 28 42 12 11 25 11 12 26 38 17 26 12 42 9 17 14 43 16 16 12 19 20 18 16 Q UA DR O 8 U N IV E R SI D A D E S F E D E R A IS U N ID A D ES D E E N SI N O : QU AD RO D E A PL IC A ÇÃ O QU AD RO ? U N IV ER SI D A D ES FE D E R A IS C EN TR O S: QU AD RO D E A PL IC AÇ ÃO QU AD RO 10 U N IV ER SI DA DE S FE D ER A IS CO LE G IA DO S D E CU RS O S - QU AD RO D E AP LI CA ÇÃ O Vale ressaltar que a seleção das amostras destes quatro ór- gãos — Departamento, Unidade de Ensino, Centro, Colegiado de Curso — teve algumas características diferenciais. Assim, orientou-se por, sempre que possível, pesquisar o universo dos Centros; sendo estes muito numerosos, empreendia-se, então, a amostragem, procurando assegurar a representatividade de todas as áreas de conhecimento em que atuasse a Universidade em questão. A amostra das Faculdades e/ou Escolas e/ou Institutos, aqui referidos pelo nome tradicional de "Unidades de Ensino", carac- terizou-se por ser estratificada segundo dois critérios: o tipo de órgão existente (se Faculdade, Escola ou Instituto) e a área de conhecimento que se expressava, através deste elemento estrutu- ral. Garantida a representatividade destes dois elementos, a amostra era então determinada aleatoriamente dentro de cada extrato. A seleção dos departamentos também se caracterizou por ser feita através de amostras estratificadas e aleatórias dentre de cada extrato. Estes levavam em conta a representatividade de todas as áreas de conhecimento em que a Universidade tivesse atuação. Este mesmo comportamento orientou a seleção dos cursos cujos órgãos de coordenação didática seriam pesquisados. Agre- gou-se apenas um elemento neste caso: para aquelas Universi- dades que Forneceram também a listagem dos seus cursos de pós- graduação e que previam estatutariamente a existência de coor- denação didática para os mesmos, foi também determinada uma amostra, segundo idênticos critérios. Um problema adicional teve lugar neste caso, haja visto quão problemático se mostrou o acesso a listagens dos cursos ofertados, seja qual fosse a sua modalidade. A determinação final do número de órgãos a serem pesqui- sados em cada caso variou, ainda, segundo o porte da Universi- dade e o número de entrevistadores deslocados para a mesma de sorte que nenhuma instituição, computados todos os órgãos a serem levantados, podia apresentar menos que duas ou mais que cinco entrevistas, por turno, (isto porque o número de en- trevistadores por instituição variou entre dois e cinco). O panorama geral dos órgãos pesquisados pode ser visuali- zado no quadro que se segue. 34 QUA DRO I I U N IV ER SI DA DE S FE D E R A IS O R G A O S D E U N IV ER SO FI X O A TI N G ID O S PE L A PE SQ UI SA D IR ET A UNIVERSIDADES NÚMERO DE UNIVERSI- DADE NUMERO DE EN- TREVISTADORES PORUNIVERSI- TOTAL PRÉ. TESTE UFPA. UFSE, UFF. UFPEL COLETA GERAL FUAM. FUMA, UFPI. UFRN. UFPB, UFRPE. UFAL, UFES. UFJF, UFV. UFOP. UFGO. UFMT. UFSC. UFRRJ, UFSCAR. FURG UFCE. UFPE, UFBA. UFMG, FUBER. UNB. UFPR, UFSM, UFRS UFRJ T O T A L 4 17 9 1 31 2 2 3 5 8 34 27 5 74' ' ORGAO DE ORIGEM PROFESSOR ATIV IDADE TÉCNICO OU ASSESSOR TOTAL UFBA Outras Universidades Federais DAU/MEC Outras Instituições T O T A L 20 5 25 28 5 2 35 48 5 5 2 60 Na fase do pré-teste as equipes haviam sido uniformemen- te organizadas com dois técnicos, sendo a equipe mínima exe- cutora, responsável maior pela sua aplicação. Na segunda fase, para aplicação nas demais Universidades, definiu-se como padrão mínimo o grupo composto por um docente e um técnico, sendo este mínimo acrescido de acordo com a complexidade ou dimen- são de cada Universidade. A composição das equipes foi feita de acordo com o Quadro 12. QUADRO 12 NUMERO DE ENTREVISTADORES POR UNIVERSIDADES Da fase de coleta, excluindo o pré-teste, participaram 60 (ses- senta) pessoas, tendo a seguinte distribuição por atividade e ór- gão de origem: QUADRO 13 ENTREVISTADORES POR AT IV IDADE E ÓRGÃOS DE ORIGEM *10 (dez) dos entrevistadores visitaram 2 (duas) universidades em diferentes semanas e 3 (três) visitaram 3 universidades cada um. Des- I ta forma este total representa o número de viagens realizadas pelos entrevistadores. Coletadas as informações, teve lugar o exaustivo trabalho de processamento dos questionários com 'vistas à confecção dos vá- rios quadros propiciadores da análise. Conforme o tipo de ques- tionário, definiu-se a espécie de processamento a ser encaminha- da. De tal sorte que as unidades de informação de universo fixo sofreram processamento manual, haja visto o seu reduzido nú- mero. As unidades de universo variável deveriam, todas elas, so- frer processamento por computador; contudo, excluiram-se deste conjunto os questionários aplicados aos centros e aos órgãos da coordenação didática (aqui nomeados genericamente como "cole- giados de curso") vez que, a aplicação dos mesmos mostrou inú- meros problemas que, como se viu em seguida, eram reflexo da própria problematicidade de implantação dos órgãos em apreço; esta peculiaridade fez com que estes questionários fossem pro- cessados manualmente, ao contrário dos de "departamento" e "unidade de ensino" que foram objeto de processamento ele- trônico. Os modelos de "Informações Gerais e Estatísticas" apresen- taram um problema adicional que dificultou tanto o seu proces- samento quanto a sua utilização. As Universidades, não estando administrativamente aptas a responder uma enquete da profundi- dade destes modelos, registraram-se algumas dificuldades. Ape- nas uma reduzidíssima minoria pôde enviá-los preenchidos satis- fatoriamente no prazo previsto. Algumas atrasaram de tal modo a entrega que observou-se a chegada de formulários até o momen- to, inclusive, em que já estavam prontos os relatórios parciais dos campos de incidência. Isto implicou no abandono destas infor- mações. Outras (UFSCAR, UFPEL, UFJF) nunca chegaram a re- metê-los. Mesmo entre aquelas que o fizeram em tempo hábil, no- ta-se uma extrema inconsistência interna, de tal sorte que os vá- rios modelos componentes do formulário dificilmente deixam de apresentar contradições. Por outro lado o preenchimento com- pleto do mesmo não foi a regra; muitas Universidades deixaram de enviar respostas a vários dos modelos, ressaltando-se, em espe- cial, o caso das pesquisas em andamento. O processo de análise dos instrumentos de coleta baseou-se em duas características primordiais. Inicialmente não se devia tratar de um estudo exaustivo de questionários, mas sim uma aná- lise da situação dos elementos de conteúdo da Reforma nos vá- rios campos de incidência, tal como definidos no "Esquema Teó- rico", de sorte que os questionários tornavam-se meros insumos. Para tanto, operou-se inicialmente a alocaçáo de todas as per- guntas no "Esquema Teórico", percorrendo o caminho inverso ao da elaboração dos instrumentos da coleta, como base para a di- visão dos vários "campos de incidência" entre diferentes técnicos e professores, que se responsabilizariam, assim, pelos relatórios parciais. 37 GRUPOS DE UNIVERSIDADES UNIVERSIDADES NÚMERO Especial 1º Grupo 2º Grupo 3º Grupo 4° Grupo 5º Grupo 6º Grupo TOTAL FURG, FUBER UFPI.UFSE, UFMT UFRPE, UFRRJ, UFOP, UFV, UFSCAR, UFPEL FUAM, FUMA, UFRN, UFJF, UFAL, UFES UFPA, UFCE, UFPR, UNB, UFGO, UFSC, UFSM, UFPR UFPE, UFBA, UFF, UFMG, UFRS UFRJ 2 3 6 6 8 5 1 31 Estes, por sua vez, deveriam perder a conotação de relatos acerca de cada uma das Universidades, haja visto que o convênio não objetivava numa avaliação de Universidades mas da proble- mática da implantação da Reforma Universitária Brasileira. Com isto resolveu-se agrupar as instituições pesquisadas em dois con- juntos: o primeiro, que, por meio de critérios combinados, definia o porte da instituição e o segundo que agrupava os vários tipos de organização estrutural. O primeiro tipo de grupamento pode ser visualizado no qua- dro a seguir, tendo sido constituído pela combinação de caracte- rísticas tais como: matrícula, cursos ofertados, ano de fundação e regime jurídico. QUADRO 14 UNIVERSIDADES FEDERAIS GRUPAMENTO DE CRITÉRIOS COMBINADOS Dois grupos merecem ser justificados: o Especial e o 6o. Este é formado unicamente pela UFRJ, vez que a mesma se mostrou grandemente distanciada de todas as Universidades do 5o Grupo, em todos os indicadores quantitativos utilizados. Já o "Especial" recebeu este nome por conter aquelas duas instituições que se des- tacam das demais por não serem propriamente Universidades Fe- derais, tendo sido incluídas no estudo por conterem, cada uma de- las, uma Unidade de dependência federal. Inicialmente tentou-se inserir nesta classificação o critério estrutural. Todavia observou-se que a opção por um tipo de es- trutura nem sempre se dá com base em características relativas ao porte das Universidades. Assim, o resultado que se obteve foi que. em cada um dos Grupos, mesclavam-se os vários tipos estrutu- rais, fato que acarretava uma relativa heterogeneidade interna em cada Grupo, o que, no caso, seria altamente indesejável. Assim, optou-se por montar uma outra classificação, com base no tipo de organização estrutural. Esta, pode ser visualizada no Quadro 15. GRUPOS ESTRUTURAIS Centros/Departa- mentos (C/D) Unidades/Depar- tamento (U/D) Centros/Unida- des/Departamen- tos (C'U) TOTAL UNIVERSIDADES UFPA. UFPI. UFCE, UFAL, UFES, UFMT, UFPR, UFSC, UFSM, FURG FUAM. UFRN, UFPB, UFPE, UFRPE, UFBA, UFMG, UFV, UFOP, FUBER, UNB, UFGO, UFRRJ. UFSCAR, UFRS, UFPEL FUMA, UFSE, UFJF, UFRJ, UFF TOTAL 10 16 5 31 QUADRO 15 UNIVERSIDADES FEDERAIS GRUPAMENTO SEGUNDO A ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL Um último ponto a ser destacado é a questão da classifica- ção utilizada para áreas de conhecimento. Neste trabalho Foram adotadas duas delas, conforme o objetivo a ser alcançado. Sempre que se visava a um tratamento analítico acerca da estrutura departamental das instituições, usou-se uma classifi- cação mais detalhada que poderia ser eventualmente reunida em duas dimensões: a das áreas básicas e a das áreas profissio- nais. As áreas de conhecimento ficaram assim definidas: Conhecimentos fundamentais ou básicos a) Ciências Matemáticas, Físicas e Químicas b) Ciências Biológicas c) Geociências d) Ciências Humanas e Filosofia e) Letras f) Artes Conhecimentos profissionais ou aplicados a) Saúde b) Tecnologia c) Educação d) Ciências Sociais Aplicadas e) Ciências Agrárias No entanto quando se visava à análise da situação das ati- vidades universitárias, e em especial ao tratamento dos cursos, adotou-se outra classificação onde, por razões óbvias, ter-se-ía que reunir os ramos básicos e profissionais de cada uma das áreas. A resultante foi: a) Ciências Exatas e Tecnologia b)Ciências Biológicas e Profissões da Saúde c) Ciências Agrárias d) Ciências Humanas e) Letras f) Artes Finalmente, deve-se destacar ainda que uma parte signifi- cativa deste trabalho utilizou como fonte outro tipo de documen- tação, que não aquela coletada na pesquisa direta em campo, por meio dos questionários aplicados. Trata-se do estudo das normas provenientes dos diplomas das Universidades pesquisadas, cons- tante elemento de recurso em todo este trabalho e fonte precípua do estudo dos Conselhos Superiores. Como se verá adiante, o es- tudo dos mesmos processou-se mediante uma análise de conteúdo dos documentos normativos das instituições pesquisadas, com vis- tas a detectar o tratamento ali contido acerca das variáveis "com- posição" e "atribuição". Esta análise de conteúdo do plano formal substituiu o tra- tamento dos ternários que, se bem que se reconheça ser clara- mente preferencial, pecou, na coleta, pela excessiva diversidade e heterogeneidade, de modo que, sendo o tempo disponível do projeto/convênio por demais exíguo, optou-se por substituir o material a ser analisado como alternativa preferencial ao enorme trabalho de compatibilizar as atas e ternários coletados. Note-se que toda a documentação complementar, fornecida pelas Universidades (tais como plantas, normas, ternários, atas, relatórios, etc.) foi organizada, por meio de uma publicação au- xiliar, num sistema de anexos catalogado por instituição reme- tente. A quantidade dos mesmos pode ser vista no Quadro que os discrimina por Universidade. Evidenciar as dificuldades na implantação da Reforma, foi explicitamente, um dos três objetivos do Convênio. Isso se fez, in- diretamente, por contínuas sondagens em todo o universo sob aná- lise : não se escolheram tempo e, lugar dos obstáculos. Diretamen- te, porém recorreu-se a instrumento de captação que foi uma questão aberta, alcançando 12 dos 16 questionários individualiza- dos por unidade de informação. Essa questão foi posta nos se- guintes termos: "Como o entrevistado visualiza, a"partir de sua vivência nesta Universidade, o processo de implantação da legislação da Refor- ma? (Esclarecer os elementos que facilitam e dificultam esta im- plantação, sua receptividade na comunidade universitária, etc.)." O tratamento desta questão revestiu-se de caracteres espe- ciais, desenvolvendo-se o seu relatório segundo os vários campos de incidência nos quais foram alocadas as respostas obtidas. A vis- ta destas, fez-se necessário operar certas alterações nesses cam- pos, vez que os campos de Pesquisa e Extensão e o sub-campo En- sino de Pós-Graduação revelaram-se não-diretamente signifi- cantes. Estabeleceram-se, por outro lado, para esta parte da análise, três noções adicionais, quais sejam: a) ocorrência: como sendo a quantidade de declarações de dificuldades ou facilidades; b) frequência: a quantidade de declarações do elemento; c) universalidade: a distribuição da frequência do elemen- to nas 12 unidades de informação. Os resultados dessa análise foram consubstanciados em seção própria sob o título de "Dificuldades e Facilidades na Implan- tação". Estes foram, assim, em relativa minúcia, os procedimentos observados pela equipe responsável, na execução do presente pro- jeto. QUADRO 16 UNIVERSIDADES FEDERAIS NÚMERO DE DOCUMENTOS FORNECIDOS PELAS UNIVERSIDADES AOS ENTREVISTADORES SIGLA DA UNIVERSIDADE FUAM UFPA FUMA FUFPI UFCE UFRN UFPB UFPE UFRPE UFAL UFSE UFBA UFES UFMG UFJF UFV FUFOP FUBER UNB UFGO UFMT UFRJ UFRRJ UFF UFSCAR UFPR UFSC UFRS UFSM FURG UFPEL TOTAL NÚMERO DE DOCUMENTOS 43 103 26 53 78 74 83 54 116 66 56 140 25 101 46 99 23 55 75 , 6 8 35 90 28 68 39 70 112 38 66 30 47 2.057 1 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO 1.1. — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO ACADÊMICA 1.1.1. — INTRODUÇÃO A análise da estrutura e organização acadêmica das Univer- sidades Federais Brasileiras deve levar em consideração, nos ter- mos do esquema adotado por este trabalho, o fato de ser este o "campo de incidência", por assim dizer, típico da Legislação Re- formadora. Isto porque as transformações experimentadas pelas Universidades Brasileiras, em decorrência da implantação dessa legislação, dizem respeito primordialmente a seus aspectos es- truturais . Os chamados "princípios" da Reforma não cogitam direta- mente de qualquer dos objetivos últimos da instituição universi- tária, mas sua exata compreensão vai revelá-los como elementos capazes de remover óbices, propiciando meios para que a Univer- sidade cumpra os seus objetivos últimos, utilizando de modo mais racional os seus recursos. Neste sentido fizeram-se necessárias transformações no âmbito organizacional de modo que o desem- penho de suas funções se verificasse mediante um padrão ele- mentar de racionalidade administrativa — a não duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes. O alcance dessas transformações estruturais foi de uma or- dem tal que implicou no próprio questionamento do que se com- preendia até então como "Universidade", ou seja, a junção de um número mínimo de Faculdades e/ou Escolas sob uma admi- nistração comum e sob a égide normativa de um Estatuto único. Afora isso, subsistia a completa autonomia didático-científica das unidades associadas de modo que cada uma delas exauria, autar- quicamente, o exercício das suas funções de administrar e minis- trar os cursos dos quais detinha a propriedade, no sentido exato do termo. Numa organização universitária de tal modo fragmen- tária, a duplicação dos meios mostrava-se como um óbice de vulto para a utilização racional dos recursos com vistas ao cumprimen- to das funções que caracterizavam essas instituições. Na tentativa de identificar uma característica básica da Le- gislação Reformadora acerca dessa situação, pode-se admitir, em tese, como válida a afirmação de um dos seus pensadores segundo o qual "o departamento é o único órgão de existência real na Uni- versidade, operando ao mesmo tempo nos planos estrutural e f un- 44 cional; tudo o mais são coordenações ou serviços criados em últi- ma análise para assegurar maior organicidade e eficiência ao seu trabalho".. . (1) Contudo, este não foi sempre o tratamento dado aos depar- tamentos ao longo dos próprios elementos legislativos que definem o corpo disciplinador denominado Reforma Universitária. Se se adota a periodização de Newton Sucupira (2), o depar- tamento tem status deferenciados não só entre os períodos de "Re- estruturação" e de "Reforma", como dentro do próprio período inicial por ele denominado de reestruturação. Assim, o Decreto- lei n° 53, de 18.11.66 sequer impõe a sua existência enquanto as- pecto característico da nova forma de organização das Universi- dades Brasileiras. Com o Decreto-lei n° 252, de 28.02.67, surge a referência ini- cial ao departamento, aí tratado como sub-unidade, "menor fra- ção da estrutura universitária para todos os efeitos de organiza- ção administrativa e didático-científica e de distribuição de pes- soal" (art. 2o § 1o). Permanecia entretanto patente a ambiguidade gerada pelo ato de que até então não houvera sido formalmente abolida a cátedra, cuja existência fora unicamente omitida do corpo da Constituição de 1967, em seu. dispositivo específico; esta privava ainda os antigos catedráticos, do privilégio da vitaliciedade. Toda- via, a existência simultânea de ambos os elementos era um obs- táculo à implantação do mais novo deles — o departamento — elo próprio alcance dos privilégios de que eram dotados os então catedráticos, em que pese a transferência, pelo Decreto-lei 252, de certas atribuições dos mesmos aos departamentos (programação, 'distribuição e coordenação dasatividades docentes). Com a Lei 5.540, de 28.11.1968, além de ficar abolida a ins- tituição da cátedra, é tornada facultativa a existência de níveis estruturais interpostos entre o Departamento e a Administração Superior, tais como, Faculdades, Escolas, Institutos e Centros. Com isto, o Departamento torna-se a verdadeira e, como tal indi- visível, unidade universitária (incorretamente denominada ainda de "menor fração" estrutural, conforme emenda aprovada no Le- gislativo Federal). (1) Chagas Valnir, O Departamento na Organização Universitária, Universida- de de Brasília, s/data, p. 6 — grifos nossos. (2) Sucupira. Newton, A condição atual da Universidade e o Reforma Univer- sitária Brasileira — Ministério da Educação e Cultura, 1? Encontro de Rei- tores das Universidades Públicas, Brasília, 1972, pp. 41.2 e 47. 45 Afora os Departamentos, "tudo o mais são coordenações". Na esfera da "administração de cursos", a Faculdade porventura exis- tente, como o Instituto ou a Escola, será uma coordenação de de- partamentos; o órgão setorial, se criado, será uma coordenação de faculdades; e a Administração Superior, será uma coordenação de órgãos setoriais, ou de faculdades, ou diretamente de departa- mentos, conforme o plano adotado. Na esfera didático-científica a coordenação se fará por meio de colegiados próprios constituí- dos de representantes das "unidades", compreendendo-se como tais as faculdades ou os próprios departamentos". (3) Dentre as coordenações referidas algumas têm que necessa- riamente existir, enquanto que outras são facultativas. São exi- gências indeclináveis'. a) a existência de órgão colegiado ao qual esteja afeta a administração superior da Universidade, composto medi- ante a participação de representantes originárins de ati- vidades, categorias ou órgãos distintos, de modo a que não subsista, necessariamente, a preponderância de pro- fessores classificados em determinado nível, bem como pela presença de representantes da comunidade, incluin- do as classes produtoras (Lei 5.540, art. 14 e parágra- fo único); b) a existência, nas Universidades organizadas sob a forma de autarquias, de um Conselho de Curadores, responsá- vel pela fiscalização econômico-financeira da entidade, composto, no seu terço por membros representativos da comunidade e do Ministério da Educação (Lei 5.540, ar- tigo 15 e Decreto-lei 464, art. 15); c) a existência de órgãos centrais de supervisão das ativi- dades de ensino e pesquisa, situados na Administração Superior da Universidade (Decreto-lei 53, artigo 2o, V e parágrafo único) com observância do princípio de uni- dade das funções de ensino e pesquisa (Decreto-lei 252, artigo 7o) e constituídos mediante a participação de do- centes dos vários setores básicos e de formação profissio- nal (Lei 5.540, artigo 13); d) a coordenação didática de cada curso a cargo de um co- legiado constituído de representantes das unidades (Lei n° 5.540, artigo 13, § 2o) que participem do respectivo ensino. Nota-se assim que se trata de coordenações funcionais de di- ferentes tipos. Nos casos a e b, a referência do legislador nos pa- rece claramente dirigida aos Conselhos Superiores de cunho niti- damente administrativo — Conselho Universitário e Conselho de Curadores. Nos itens c e d está presente a problemática da coor- denação didática que apenas se bipolariza em vista cio seu trata- mento em dois níveis: o de coordenação didática de um curso (ope- (3) Chagas, Valnir, op. cit., pp. 1-16. Grifos nosso*. 46 SUPERIORES I SETORIAIS ADMINIS ADMINISTRATIVAS ACADÊMICAS TRATIVAS ACADÊMICAS Õ '• B Conselho Conselho de Colegiados F Universitário Ensino e de Curso I G (CONSU) Pesquisa A Conselho de (CEP) T O Curadores R (CO: autarquias I A S F A Faculdades C U Escolas L Institutos T A Centros T I V A s A relevância dos níveis setoriais facultativos advém de que eram eles, na conjuntura que antecede à implantação da Refor- ma, os órgãos de maior proeminência no seio da estrutura uni- versitária . Mesmo com os Decretos 53/66 e 252/67, as tradicionais Faculdades e Escolas permanecem sendo consideradas como as verdadeiras unidades universitárias, apesar de prevista a existên- cia dos Departamentos. Com isto foram associados de tal forma à noção de "Unidades de Ensino", que delas se tornaram sinóni- mos. Tratados durante a fase dita de "Reestruturação" como ele- mentos estruturais necessários, foi-lhes adscrita a função de "ad- ministração dos cursos" (artigo 8o, § 1o, Decreto-lei 252/67). Todavia, com a Lei 5.540 (artigo 11, c e artigo 13, § 1o), a coordenação das unidades passa a ser apenas facultativa. Nestes termos, as antigas unidades deixam de ter um tratamento siste- mático na nova Legislação, ao tempo em que a sua função precí- pua não é sequer referida pela 5.540. Assim, embora não contra- dite o Decreto-Lei 252/67, que deferia às Faculdades a "adminis- tração dos cursos", a legislação do período propriamente de Re- forma (Lei 5.540/68 e Decreto-Lei 464/69) não reafirma esta função. Ainda que se possa aceitar que juridicamente este elemento continue tendo validade, é difícil imaginar como as unidades (já aqui entendidas como sendo os Departamentos) possam ser os responsáveis pela administração de cursos; se nenhuma Faculda- de, Escola ou Instituto podia exaurir todo um curso, em termos de disciplinas fornecidas, sem ferir o princípio de cooperação in- terescolar, menos ainda um departamento poderá fazê-lo, por maior que seja o campo de conhecimento abrangido. Cremos que a atuação administrativa do departamento pode ser mais corre- tamente compreendida no sentido da ministraçao de meios para a execução do ensino das disciplinas sob sua responsabilidade; nunca de cursos: neste último caso estariam em questão os prin- cípios da cooperação interescolar e da não-duplicação de meios. Cremos ainda que uma tal dissociação entre as funções de administração e de coordenação didática de um mesmo curso pode acarretar problemas para a execução de uma ou outra função pelos órgãos responsáveis; talvez isto possa explicar as dificulda- des de implantação dos Colegiados de Curso, vez que, onde sub- sistem, as antigas Unidades reúnem uma grande dose de poder, na medida em que se responsabilizam pela "administração de cur- sos", o que tende a reeditar, como vimos, antiga propriedade do curso por uma unidade de ensino. Nestes termos, dificilmente poderia ser exitosa a coordenação didática deste mesmo curso, se deferida a um órgão (o Colegiado de Curso) completamente des- conectado, em termos estruturais, do órgão "administrador do cur- so" (a Faculdade, Escola ou Instituto). Esta ambiguidade pode, ao nosso ver, explicar por que, em inúmeros casos, são os colegiados das Faculdades, Escolas ou Ins- titutos (Congregações, Conselhos Departamentais e Similares) que operam a coordenação didática dos cursos (e não os Colegia- dos de Curso). Antecipando um pouco os resultados, pode-se re- velar que em 26% das Universidades pesquisadas encontrou-se um ou mais colegiados deste tipo respondendo, na prática, pela coor- denação didática de cursos. Isto, ao nosso ver, reafirma a relação de "propriedade do curso" pela Unidade (Faculdade, Escola ou Instituto) dominante em termos de oferta de disciplinas. Esta re- lação, por sua vez, pode ter suas origens ou seu suporte no disposi- tivo que deferiu às antigas "unidades" a função de "administra- ção dos cursos". 48 Ao lado disto podemos salientar, ainda com repercussão so- bre a estrutura e organização das Universidades no que tange às coordenações setoriais, as exigências de que: a) cada unidade seja, simultaneamente, um órgão de en- sino e pesquisa em seu campo de estudo (Decreto-lei 53, artigo 2.°, I e Lei 5.540, artigo 11, c); b) as Faculdadesde Filosofia, Ciências e Letras deverão so- frer a transformação necessária de modo a assegurar o princípio pelo qual "as unidades existentes ou parte delas que atuem em um mesmo campo de estudo formarão uma única unidade" (De- creto-lei 53, artigo 4.°, parágrafo único); c) que se proceda à criação de uma unidade própria para a formação pedagógica de especialistas em educação (Decreto- lei 252, artigo 4.°, § 2.°) ou à institucionalização do curso respec- tivo, ministrado mediante a cooperação de várias unidades (Lei 5.540, artigo 30, § 2.°); d) "os atuais institutos especializados, que figuram nos Estatutos em vigor como unidades universitárias, e que hajam atingido alto grau de desenvolvimento, poderão manter tal con- dição "desde que não ponham em risco os princípios da não du- plicação de meios e da unidade das funções de ensino e pesquisa" (Decreto-lei n.° 53/66, artigo 11). O tratamento da problemática dos níveis setoriais adminis- trativos facultativos não estaria completo, entretanto, se fosse omitida a questão dos Centros. Visualizando-se a realidade das Universidades pesquisadas, verifica-se que 48% das mesmas pos- suem Centros como um nível estrutural; das 15 instituições nes- tas condições, 10 dispõem de Centros que coordenam Departa- mentos, enquanto que nos demais casos a coordenação se efetua sobre "unidades mais amplas". Depreende-se da legislação que, no primeiro caso (estrutu- ras do tipo Centro/Departamento), aplicar-se-íam aos Centros as normas que se destinam às chamadas "unidades mais am- plas-' (conforme Lei 5.540, artigo 11, b ) . A correção deste racio- cínio fica confirmada pelo Parecer n.° 1485/73 da Câmara de En- sino Superior do CFE assinado, entre outros, pelos Conselheiros Newton Sucupira e Valnir Chagas. Nele afirma-se que a estru- tura proposta pela Universidade Federal da Paraíba (C/D) "as- senta-se plenamente em departamentos, reunidos em unidades mais amplas, cuja denominação foi unificada pelo nome de "cen- tro' . Reduzidas a cinco e definidas como 'coordenações -de de- partamentos afins', as novas unidades são as seguintes, 'resul- tantes da transformação ou fusão dos institutos, escolas e facul- dades' preexistentes". (4) (4) Valnir chagas (Relator), Parecer n. 1485/73 (Câmara de Ensino Supe- rior — CFE), 14.09.73, mimeo., p. 1). 49 Vê-se, assim, que neste plano puramente formal os Centros têm o mesmo status de "unidades mais amplas" conferido às Faculdades, Escolas e Institutos, aplicando-se àqueles as parcas determinações existentes com relação a estas. Contudo, quanto às estruturas mais complexas, dotadas de Centros coordenadores de Faculdades, Escolas ou Institutos, ve- rifica-se a quase completa omissão do corpo legislativo; esta omis- são explica-se, vez que se trata de situações em que coexistem dois níveis setoriais facultativos. A Legislação Reformadora sim- plesmente admite a sua existência, com funções deliberativas e executivas (Decreto-lei 252/67, artigo 7.°, parágrafo único e Lei 5.540, artigo 13, § 1°) . Uma referência ainda deve ser feita às coordenações seto- riais facultativas, de tipo acadêmico: os Conselhos Departamen- tais e Congregações de Unidade. Sua origem advém do artigo 78 da Lei de Diretrizes e Bases e desde então a sua condição de exis- tência é questionada, podendo-se tomar como marcos para esta discussão os Pareceres 30/63, de 07.02.63 e 411/70, de l.°.06.70, ambos relativos aos Conselhos Departamentais. Neste último fica definitivamente esclarecido o seu caráter facultativo, em termos jurídicos, apesar de acentuada a sua relevância para a vida aca- dêmica. Já se teve oportunidade de salientar o papel desses ór- gãos na coordenação didática de cursos, o qual, embora distor- sivo, é de grande relevância no cumprimento desta função pelas Universidades pesquisadas. Retomar-se-á a questão no corpo da análise. Um último elemento de repercussão estrutural inegável é a proposição de existência dos sistemas básico comum e profissio- nal. Sua trajetória. ao longo da Legislação Reformadora, é bas- tante curiosa. Referidos nos decretos iniciais (Decreto-lei 53/66, artigo 2.°, II e III e Decreto-lei 252/67, artigos 3.° e 4.°), desa- parecem dos elementos legislativos competentes do período con- siderado da Reforma propriamente dita, quais sejam, a Lei n.° 5.540 e o Decreto-lei 464/69. Note-se porém que todas as noções associadas aos conceitos de sistemas básico comum e profissional são reafirmados seja por um, seja por outro instrumento legislativo. Em seu artigo 11, a Lei 5.540 refere-se, inclusive, à necessidade do "cultivo das áreas fundamentais dos conhecimentos humanos, estudados em si mes- mos ou em razão de ulteriores aplicações e de uma ou mais áreas técnico-profissionais". Contudo, em nenhum momento faz a pro- jeção desta imposição para o campo estrutural, tal como surge nos decretos iniciais, deixando de reafirmar as noções dos siste- mas que conformam estas áreas no plano da estrutura universi- tária. Não tendo sido revogados os dispositivos precedentes, volta-se aqui à circunstância, anteriormente referida, de permanência em vigor daquela norma. Contudo esta omissão, se associada à rea- 50 firmação de outros princípios estruturais, revela uma mudança no modo de encarar os sistemas básico comum e profissional. Tal alteração transparece, uma vez mais, quando se analisam documentos normativos recentemente aprovados pelo Conselho Federal de Educação; podem-sé citar pelo menos quatro Univer- sidades (UFPI, UFMT, UFOP e FURG) em cujos Estatutos, de recente aprovação pelo CFE, não há sequer uma referência aos sistemas básico comum e profissional. Assim sendo, a sua exis- tência parece ter sido tornada facultativa. Como observação final, caberia salientar que foi mantido o tratamento dado no "Esquema Teórico" para o tópico "Estru- tura e Organização Departamental", situando-o de forma autó- noma. Evidentemente o nível departamental não se dissocia da "estrutura acadêmica" e a prova disso é que no tratamento desta são feitas constantes referências àquele. No entanto, esta sepa- ração é de grande valia em termos operacionais, e na medida em que confere ao departamento o papel que lhe compete, enquanto "único órgão de existência real", qual seja, o de elemento sinte- tizador dos planos acadêmico e administrativo. 1.1.2 — IMPLANTAÇÃO LEGAL DA REFORMA UNIVERSITÁRIA A implantação legal da Reforma Universitária no que con- cerne aos diplomas de cunho geral — Estatutos, Regimentos Ge- rais e de Reitoria — encontra-se francamente em processo, nas instituições pesquisadas. Para alguns destes documentos legais a situação é de maior avanço que para outros. Tal é o caso dos Estatutos; apenas duas Universidades declararam, através de seus Reitores, não os terem revistos em decorrência da Reforma: UFPE e UFRJ. Já no que concerne aos Regimentos Gerais a situação não se mostra tão favorável; ainda assim, 51% das Universidades pesquisadas os têm já em acordo com a nova legislação federal. No que tange aos Regimentos de Reitoria, 29% das insti- tuições entrevistadas sequer os possuem, e, dos que os possuem, apenas 32% dispõem deste documento legal em acordo com os requisites da Legislação Reformadora. Alguma!» Universidades estão ainda encaminhando esta im- plantação pela elaboração de planos de reestruturação. São elas: FUMA, UFPE, UFES e UFPB. Nota-se que segundas reestruturações estão sendo encami- nhadas com bastante frequência e têm tendido a operar-se com vistas à transformação da estrutura acadêmica em vigor para o modelo C/D. Tal é o caso da UFSE,'UFPB, FUMA, FUBER e UFRN, sendo que a primeira delas ainda está processando inter- namente, os encaminhamentos necessários para tal. Já a UFAL reorganiza-se atualmente empreendendo remanejamento no mo- delo que adotava (C/D). 51
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