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LER DORT 28 FEV 2014 1 20140228082533

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O que fazer para não repetirmos as mesmas histórias ano a ano? 
 Muito já se estudou e se publicou sobre as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) 
ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). 
 Os estudos mais consistentes evidenciam o papel preponderante dos aspectos da 
organização do trabalho e dos métodos gerenciais na ocorrência e agravamento das 
LER/DORT, cuja violência é cada vez mais admitida como um recurso para aumentar o 
poder de dominação dos trabalhadores pelo medo da discriminação e da perda do 
emprego. 
Décadas depois de reconhecidas pelos Ministérios da Saúde e da Previdência 
Social, as LER/DORT continuam a figurar entre as doenças ocupacionais que mais geram 
incapacidade produtiva prolongada, sem que as situações laborais que contribuem 
decisivamente para a sua ocorrência e agravamento tenham sido objeto de quaisquer 
mudanças. 
As histórias se repetem. Trabalhadores impelidos pela exigência crescente de 
produtividade e metas inalcançáveis, desdobram-se além de seus limites físicos e 
psicológicos para manterem-se em seus empregos, abafando e ignorando os sinais de 
alerta de dores e outros sintomas, que vão se tornando cada vez mais intensos até 
interferirem não só em sua capacidade de trabalhar, como de manter as atividades da 
rotina familiar. 
Afastam-se do trabalho e enfrentam uma maratona de procedimentos 
previdenciários normativos e fragmentados, que na prática lhes impõem gradativamente a 
marginalização do mercado de trabalho formal. Acabam sendo diagnosticados 
tardiamente, pois além de sentirem medo de discriminação, enfrentam aparatos internos 
das empresas que os contêm com medicações e medidas paliativas. 
Além disso, encontram um sistema de saúde público ou privado despreparado para 
a abordagem da dor crônica; enfrentam tratamentos prolongados e penosos pouco 
eficazes e muitos obstáculos em ter reconhecimento formal da natureza ocupacional 
destas doenças, a despeito dos dispositivos legais. As dificuldades de acesso aos direitos 
previdenciários provocam mais sofrimento com a solidão e falta de amparo no retorno ao 
trabalho e com as humilhações impingidas por não mais conseguirem manter o 
desempenho exigido. 
Em meses ou anos tornam-se “trabalhadores com restrições”, levando ainda o 
rótulo de “pessoas suscetíveis” ou de “não conscientes de seus limites”, responsabilizadas 
pelo seu adoecimento, sem que se questione o trabalho adoecedor ou a inefetividade das 
instituições de Estado supostamente protetoras, o que se constitui manifestação de 
violência aos direitos fundamentais do trabalhador. Inúmeros são os desdobramentos 
negativos para a saúde e vida desses trabalhadores e suas famílias: sociais, econômicos, 
físicos e mentais, com destaque para as depressões. 
Neste ano teremos a 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da 
Trabalhadora, organizada pelo Conselho Nacional de Saúde, cujo documento referência é a 
Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Portaria MS 1.823/2012). 
Excelente oportunidade para se aprofundar o significado da atenção integral à saúde do 
trabalhador e a centralidade da vigilância à sua saúde. 
Num país que apregoa liderança no enfoque social de seu crescimento e 
desenvolvimento econômico, e que situa o acesso integral e universal à saúde, as ações 
para a prevenção de acidentes e adoecimentos no trabalho deveriam ser integradas às 
discussões das políticas econômicas e de emprego nos setores da indústria, comércio, 
serviços e agricultura. Clama-se para que a atenção à saúde dos trabalhadores brasileiros 
de fato se constitua no centro de políticas de proteção da vida humana, e que as ações de 
promoção e assistência à saúde sejam objeto de atenção política dentro e fora dos pontos 
de produção de bens e serviços. E que o desenvolvimento sustentável do Brasil contemple 
a garantia também da reabilitação e da reinserção ao trabalho daqueles que sofrem com 
limitações físicas e mentais. 
É inaceitável que medidas normativas isoladas continuem sendo tomadas pelas 
diferentes pastas governamentais em inúmeras comissões, que supostamente asseguram 
participação ampla e controle social. É necessário que haja uma avaliação integrada que 
defina as reais prioridades de ação pública. Sem mudanças efetivas nas condições e 
organização do trabalho, não teremos prevenção de acidentes, doenças, incapacidades e 
tampouco reabilitação. 
 Para que essas mudanças ocorram é necessário e urgente que a democracia 
alcance o interior das empresas, garantindo aos trabalhadores o direito à organização nos 
locais de trabalho e o seu papel de protagonistas principais nas questões que dizem 
respeito ao seu trabalho, à sua saúde e à sua vida. 
É dentro dessa concepção que as LER/DORT podem ser enfrentadas de forma 
efetiva, revertendo o quadro atual de sofrimento e exclusão de milhares de homens e 
mulheres do mercado de trabalho em plena idade produtiva. 
Subscrevem: 
Agda Aparecida Delía - Socióloga, pesquisadora em Saúde do Trabalhador 
Adryanna Cardim de Almeida - Sanitarista - CESAT/Bahia 
Alexandre Jacobina - DIVAST/CESAT Salvador/ Bahia 
Ana Soraya Vilasboas Bomfim – Fundacentro/ Bahia 
Andréa Garboggini Melo Andrade – DIVAST/CESAT Bahia 
Claudia Rejane Lima – DIEESE/ São Paulo 
Cristiane Queiroz Barbeiro Lima – Fundacentro/ São Paulo 
Daniela Sanches Tavares – Fundacentro/ São Paulo 
Eclea Spiridião Bravo – CEREST/ Piracicaba 
Edith Seligmann-Silva – Faculdade de Medicina/ USP 
Eduardo Fernandes Santana - Faculdade Maurício de Nassau / Faculdade de Tecnologias e 
Ciências – Salvador/Bahia 
Eliana Pintor – CEREST/ São Bernardo do Campo 
Francesca de Brito Magalhães - DIVAST/CESAT e CEREST Salvador/Bahia 
Ildeberto Muniz de Almeida - Faculdade de Medicina/ UNESP 
Jamir J. Sardá Jr. - Psicólogo do espaço da ATM e Baia Sul centro da Dor. Curso de Psicologia da 
Universidade do Vale do Itajaí - SC 
Janete Silva- CEREST/ Santo André 
Jorge Henrique Saldanha - Universidade Federal da Bahia 
José Carlos do Carmo – SRTE/SP e CEREST Estadual de SP 
José Marçal Jackson Filho – Fundacentro/ Rio de Janeiro 
Juliana Andrade Oliveira – Fundacentro/ São Paulo 
Kátia M. Costa-Black - Universidade de Pretória/ África do Sul 
Laura Soares Martins Nogueira – Fundacentro/ Pará 
Mara Alice Batista Conti Takahashi – Socióloga do CEREST/Piracicaba 
Marcia Hespanhol Bernardo – Pontifícia Universidade Católica/ Campinas 
Marcos de Oliveira Sabino – CEREST/ Campinas 
Margarida Maria Silveira Barreto - Núcleo de Estudos Psicossociais da Dialética 
Exclusão/Inclusão Social - NEXIN-PUC/SP 
Maria Cláudia Gatto Cardia - Universidade Federal da Paraíba 
Maria Cristina Gonzaga – Fundacentro/ São Paulo 
Maria Dionísia do Amaral Dias - Faculdade de Medicina / UNESP 
Maria Maeno – Fundacentro/ São Paulo 
Mirian Pedrollo Silvestre – CEREST/ Campinas 
Monica Angelim Gomes de Lima – Universidade Federal da Bahia 
Renata Paparelli – Pontifícia Universidade Católica/ SP 
Rita de Cássia Peralta Carvalho – DIVAST/CESAT Bahia 
Roberto Carlos Ruiz – Médico consultor em Saúde do Trabalhador 
Robson da Fonseca Neves – Departamento de Fisioterapia - UFPB 
Simone Alves dos Santos – CEREST Estadual, DVST e Coordenação Estadual da Saúde do 
Trabalhador da SES/SP 
Tereza Luiza Ferreira dos Santos – Fundacentro/ São Paulo 
Thais Helena de Carvalho Barreira – Fundacentro/ São Paulo 
Vera Lúcia Salerno – Departamento de Saúde Coletiva FCM Unicamp

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