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Presidente da República João Baptista de Oliveira Figueiredo Ministro da Educação e Cultura Rubem Carlos Ludwig Secretário-Geral Sérgio Mário Pasquali Secretária de Ensino de 19 e 29 Graus Zilma Gomes Parente de Barros MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA SECRETARIA DE ENSINO DE 1º E 2º GRAUS CRIANÇA PARA CRIANÇA 2ª Edição Brasília, 1981 PREFÁCIO O projeto internacional Criança para Criança tem por sede o Instituto da Uni- versidade de Londres. Devem-se ao professor David Morley da "Tropical Child Health Unit" do "Institute of Child Health" o início do projeto e algumas de suas primeiras idéias, embora muitas pessoas de todo o mundo tenham sido envolvidas em suas atividades, desde seu início, em 1977. No momento, o projeto possui um Comitê Internacional e mantém corres- pondência com pessoas de mais de cem países. Portanto, é impossível agradecer a todos que contribuíram nas atividades sugeridas neste livro, pois todas têm sido criadas e modificadas com base na expe- riência do pessoal de educação e saúde das áreas urbanas e rurais dos mais diferentes países. Entretanto, as pessoas abaixo relacionadas estiveram particularmente envolvi- das no preparo da forma definitiva do material deste livro: Sam Abrahm, Malásia; Gregory Akenzua, Nigéria; Sam Aleyideino, Nigéria; Jinapala Alies, Sri Lanka; Mabelle Arole, índia; Heribert; Aponso, Sri Lanka; Sam Tunde Bajah, Nigéria; Hassan Bella, Sudão; Nimrod Bwibo, Quênia; Sue,Chowdhury, Bangladesh;Zafrul- lah Chowdhury, Bangladesh; Naty Clavano, Filipinas; Augusto Schuster Cortes, Chile; Maria Rita Dantas, Brasil; Sue Durston, Inglaterra; Zef Ebrahim, Inglaterra; Paula Edwards, Inglaterra; Purin Espinosa, Filipinas; Marie-Therese Feuerstein, Inglaterra; Mary Johnston, Indonésia; Hermione Lovel, Inglaterra; Keith Lowe, Ja- maica; Sally McGregor, Jamaica; Patrícia Marin Spring, Chile; Homai Jal Moos, índia; Karen Olness, EUA; Gilane Osman, Egito; Nagraj Rao, índia; Aruna Roy, índia; Mike Savage, Quênia; Hafiz El Shazaly, Sudão; Aubrey Sheiham, Inglaterra; Alan Schrank, Inglaterra; Moelyono Trastotenoyo, Indonésia; David Werner, Mé- xico; Berveley Young, Indonésia. Informações sobre o projeto Criança para Criança, a nível internacional, de- vem ser endereçadas a: "CHILD to-Child Programe", "Institute of Child Health, 30 Guilford Street, LONDON, WC1N 1EH, ENGLAND". PRÓLOGO Recentemente tive o prazer de presidir uma reunião de um grupo intern; nal, cujas deliberações levaram ao desenvolvimento do programa Criança para Criança e à publicação deste livro. Criança para Criança é, de fato, parte integrante do Ano Internacional da Criança 1979, assim designado oficialmente pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Por coincidência, 1979 é o vigésimo aniversário da Declaração dos Direitos da Criança, e as Nações Unidas, nesta ocasião do Ano Internacional da Criança, reiteraram que o bem-estar da criança de hoje é dever de todos os povos em todos os lugares, e está intimamente ligado à paz e à prosperidade do mundo de amanhã. Tendo em vista o fato de que cerca de 350 milhões de crianças dos países em desenvolvimento ainda não dispõem de um mínimo de serviços essenciais nas áreas de saúde, nutrição e educação, a OMS acolhe e recomenda a iniciativa deste projeto a todos os interessados pelo bem-estar das crianças e jovens de todo o mundo. O que de melhor poderia ser feito do que ajudar as crianças a entender seus irmãos mais novos? Ensinando-os, hoje, a melhorar os padrões de saúde, a qualidade de vida das crianças menores, eles irão contribuir para um mundo melhor amanhã. Tenho certeza de que o projeto Criança para Criança, desde que totalmente implantado em nossas cidades do interior e nas mais distantes áreas rurais, poderá trazer uma mudança substancial na saúde e no desenvolvimento das crianças do mundo, não apenas neste ano de 1979, mas de forma permanente e progressiva. DOCTOR T. A. LAMBO DIRETOR GERAL ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. NOTA DOS TRADUTORES Ao aceitarmos o convite para traduzir c livro, percebemos desde o início ser uma oportunidade onde as experiências de diferentes profissionais ligados às áreas de Educação e Saúde e provenientes de diversas regiões do Brasil, pudessem ser troca- das num trabalho não só de tradução, mas sobretudo de adaptação para a nossa realidade. Foi um trabalho expontâneo do grupo, que se reunia nos finais de tarde, no Institute of Child Health da Universidade de Londres, e que propiciou uma progres- siva interação e coesão do grupo em torno das idéias centrais do livro. Dificuldades surgiram durante a tradução e adaptação. Procuramos discutir as idéias, levando em consideração as diferenças de nosso país e imaginando a utilização deste livro tanto nas cidades como nas áreas rurais. Este livro apresenta a idéia Criança para Criança, cuja finalidade é ensinar e in- centivar as crianças naquilo que diz respeito ao bem-estar e desenvolvimento de seus irmãos mais novos e de outras crianças da comunidade. É uma prática antiga as crianças mais velhas cuidarem das menores; isto mui- tas vezes constitui um dos tipos de exploração das crianças, principalmente das que vivem em situação não privilegiada. Esse livro considera esta situação e sugere ativi- dades concretas para que as crianças se organizem em suas comunidades, descubram suas necessidades, seus recursos e estabeleçam suas prioridades. Enfatiza também o uso de práticas caseiras úteis e não a simples aceitação de tudo que é moderno. O livro foi escrito tentando atingir tanto as crianças que vão à escola como as que não vão e é indicado para ser utilizado em Escolas, em Postos de Saúde, nas As- sociações de Bairro, em Clubes de Ciências, em Centros Religiosos e outros. Esperamos que esta adaptação sofra um processo contínuo e que cada um envolvido no programa Criança para Criança dê sua contribuição tanto em idéias como em ação. Confiamos que, se as idéias e as atividades sugeridas no livro atingirem todas as crianças através de um programa permanente e ajustado aos interesses e necessi- dades de cada comunidade, será um passo importante no processo de transformação social, pois o progresso de uma sociedade depende do empenho com o qual as novas gerações vão saber continuar o esforço daqueles que as precederam. Nossos agradecimentos À Profa. Maria Rita Coelho Dantas, membro do Comitê Internacional do Pro- grama Criança para Criança, por ter tido a idéia da tradução em grupo, por ter orga- nizado o encontro do grupo de tradução e adaptação com os Professores David Morley e Hugh Hawes, respectivamente do "Institute of Child Health" e "Institute of Education" da Universidade de Londres, e pelo seu empenho para que o livro fosse publicado pelo Ministério da Educação e Cultura, e distribuído gratuitamente. Ao pessoal do "Institute of Child Health" que nos permitiu reunir em suas instalações e nos facilitou o trabalho. 1. CRIANÇA PARA CRIANÇA PROFESSORES E DEFENSORES DA SAÚDE Nós conhecemos alguém que é professora e defensora da saúde. Ela cuida de 2 crianças: uma de 4 anos e outra de 2. Ela as protege dos perigos. Quando o menor chora, ela o carrega no colo. Ela protege o maior de acidentes. Ontem, quando a me- nininha chegou bem perto do fogão, ela a repreendeu. Hoje, ajudou-a a atravessar a rua e ensinou-a como prestar atenção aos carros. Quando estão doentes, ela cuida deles. Ela faz com que eles se sintam bem, traz alimentos para eles, os mantém limpos e espanta as moscas para longe deles. No mês passado, ela salvou a vida do menininho. Ele teve diarréia, ficou mui- to fraco e ela sentou-se ao seu lado e deu-lhe água durante o dia e a noite. O meni- ninho recuperou-se. Outro dia, ela viu que a menininha estava com muitas feridas no corpo e le- vou-a para o Posto de Saúdeonde foi tratada e sarou. Ela ajuda-os a crescer sadios. Quando o menininho tem fome, ela lhe dá co- mida, ela ensina a pequena como limpar os dentes. Ela brinca com os dois e ensina-lhes canções que fazem lembrar os bons há- bitos de saúde. Enquanto eles brincam, vão aprendendo a usar suas mãos e corpos, para descobrir coisas, pensar coisas e imaginar coisas. Essa professora faz brinquedos, inventa jogos e conta histórias para eles. Ela ensina as palavras e a maneira de juntá-las para fazer frases. Quem é esta professora que faz tanto e tão bem pelos seus alunos? É a irmã mais velha deles... e tem 11 anos. Nós sabemos que sempre existe um grupo de pessoas da Comunidade que conhece a cidade em que trabalha como a palma de sua mão, que é aceito por to- dos, que quer colaborar com a comunidade, e que é capaz de trabalhar bastante e sempre alegre. No mês passado o Pessoal da Saúde obteve a colaboração deles para coletar informações a respeito das crianças já vacinadas na cidade. Na próxima terça- feira alguns deles ajudarão a informar os moradores da cidade a data da próxima vacinação. Enquanto as mães estiverem com suas crianças menores no Posto de Saúde, eles poderiam ficar brincando com elas. Para o próximo mês eles estão planejando colaborar novamente com os pro- fessores no programa educativo para manter a cidade limpa. Estes Defensores da Saúde são os meninos e meninas da comunidade. Nós conhecemos um número de professores mais velhos — nós mesmos. Entre nós alguns são professores nas escolas, outros fazem parte do Pessoal da Saúde, líderes religiosos, outros são artesãos que podem transmitir o seu ofício, e também são pais. Porém, somos todos professores. Este livro é escrito para nós, embora ele seja sobre crianças e sua saúde, e sobre criança ajudando a si mesma e a seus irmãos menores. Ele nos leva a reconhecer aquilo que as crianças já fazem para ajudar os outros e a nós. Sugere os meios para apoiar as atividades das crianças, tornando-as mais proveitosas, mais fáceis e mais divertidas. AS NECESSIDADES As necessidades das crianças são muito grandes, principalmente em nossas áreas rurais mais pobres e em certas partes de nossas cidades em crescimento. Cada país tem seus próprios problemas, sendo que alguns deles são bastante conhecidos por todos nós, e comuns a todos os povos. Muitas crianças morrem por: Desnutrição Diarréia Tuberculose Sarampo e em acidentes Muitas crianças crescem fracas por causa de: Má alimentação Doenças freqüentes tais como diarréia, tuberculose, esquistossomose, verminose. Muitas crianças não têm oportunidade de desenvolver-se porque: Vivem em áreas superpovoadas com pouco espaço para brincar São deixadas sozinhas, não tendo oportunidade para conversar Não têm com que brincar. Embora seja muito difícil melhorar a saúde, quando as pessoas são pobres e doentes, há sempre algumas coisas que podem ser feitas, para melhorar rapidamente a saúde das crianças. Não custa nada: Usar melhor os alimentos que nós temos Combater os insetos nocivos Aprender a prevenir acidentes Aprender maneiras seguras para o tratamento de doenças sem usar remé- dios caros Aprender maneiras de orientar as crianças a ganharem mais experiência através de brincadeiras. É fácil falar de mudanças, difícil é colocá-las em prática. Para mudar hábitos de saúde, freqüentemente temos que mudar atitudes e modos de vida. Devemos também ter muito cuidado em não substituirmos velhas e boas prá- ticas, por modernas e ruins como, por exemplo, trocando o leite materno por ma- madeira, ou comprando remédios inúteis na farmácia, para substituir os chás casei- ros. NÓS PROFESSORES PODEMOS COLABORAR A nossa tarefa como professor é a de conhecer as necessidades e de aconse- lhar os hábitos e atitudes úteis que devem ser conservados: os inofensivos podem ser mantidos, e os perigosos devem lenta e cuidadosamente serem mudados. O conheci- mento de nossos médicos e o nosso bom senso nos orientarão no sentido de decidir quais as práticas mais proveitosas e quais as mais perigosas. AS CRIANÇAS PODEM AJUDAR Considerando que as crianças serão os pais de futuras gerações, o que ensinar- mos a elas é de vital importância, pois podem também participar na mudança de há- bitos de saúde de seus amigos e irmãos menores. Nas vilas e bairros, as crianças que vão à escola podem também ensinar às que não freqüentam a escola. Entretanto as crianças nunca deveriam ser colocadas em situações onde apareçam criticando ou contradizendo seus pais ou pessoas mais velhas. PORQUE ESTE LIVRO FOI ESCRITO Este livro foi escrito em Londres, mas as idéias nele contidas foram coletadas em várias partes do mundo. Foi escrito com a cooperação de um grupo de educadores e pessoal da saúde (o programa Criança para Criança), que acredita que o trabalho em conjunto pode e deve ser cultivado em todos os níveis, e que pensa que o desenvolvimento em nossas vilas e nas áreas mais pobres de nossas cidades dependem, também, deste tipo de cooperação. Devemos estar conscientes de que o desenvolvimento de uma nação depende da saúde de suas crianças que é responsabilidade de todos. Isso começa a partir do interesse e da ação a nível local (e não apenas com o fato de construir grandes esco- las secundárias e hospitais nas cidades). As Escolas e os Postos de Saúde, trabalhan- do em conjunto, fazem parte dos esforços da comunidade pela melhoria das condi- ções de educação e saúde. Todos nós participamos do desenvolvimento. O programa Criança para Criança começa suas atividades, quando as necessi- dades de saúde da comunidade, e a cooperação na solução de problemas a nível local começam a ser reconhecidas como máxima prioridade por organizações inter- nacionais como a UNESCO, UNICEF e a Organização Mundial da Saúde (OMS). ALGUMAS IDÉIAS PARA COMEÇARMOS A PENSAR O próximo capítulo discute meios de aprendizagem e ensino pelos quais nós, "professores adultos" podemos orientar os "professores mirins" a se ajudarem. Os capítulos seguintes apresentam algumas atividades tiradas do programa Criança para Criança. A maioria deles refere à maneira pela qual crianças mais velhas podem ajudar seus irmãos mais novos e alguns comentam a maneira pela qual grupos de crianças que vão e que não vão à escola podem ajudar uns aos outros. Naturalmente as necessidades e problemas serão diferentes em países ricos ou pobres, na cidade ou campo, com pessoas de diferentes costumes, religiões e ocupa- ções, o que se traduz em diferentes formas de educar as crianças. Este livro não pretende oferecer um conjunto de atividades aplicáveis à reali- dade de todos os países, e sim apresentar uma seleção que nos permita escolher as mais adequadas. Esperamos que os professores usem somente aquelas atividades adequadas às suas condições locais. As idéias que apresentamos são apenas o come- ço. O leitor poderá tomar as idéias aqui apresentadas como ponto de partida. Es- peramos que muitas destas idéias sejam sugeridas pelas próprias crianças. 2. ABORDAGENS PARA ENSINAR E APRENDER PROFESSORES E CRIANÇAS Nós todos somos professores! Nosso papel como professores "adultos" no programa Criança para Criança é orientar as crianças a ajudar a si próprias e às suas comunidades. Esse capítulo propõe maneiras de como isso pode ser feito e os meios pelos quais se pode encorajar e apoiar as crianças nas atividades que elas mesmas ajudaram a planejar e a executar. A partir do momento em que adultos e crianças, juntos, iniciarem uma ação para melhorar as práticas de saúde em suas áreas locais, eles reconhecerão que existe um número de etapas diferentes, as quais precisam ser seguidas para que seus pro- gramas sejam bem sucedidos. Essas incluem: — descobrir quais são asnecessidades, os problemas e as prioridades, quais são os conhecimentos com que se pode contar; — discutir maneiras diferentes de abordar os problemas, e de aproveitar os recursos existentes; — entender os sentimentos e crenças das pessoas, os seus problemas e pontos de vista; — criar atividades que visem melhorar a saúde, que possam ser facilmente en- tendidas e aceitas pela comunidade, podendo ser desenvolvidas na escola e fora dela; — aperfeiçoar os programas como resultado da experiência adquirida. DESCOBRINDO O sucesso de quase toda a atividade do livro Criança para Criança depende da- quilo que conhecemos de nossa localidade e de nossos problemas. Muitas das ativida- des descritas nesse livro são atividades de "descoberta". Tanto para nós como para as crianças, "descobrir" é importante, pois fornece os conhecimentos básicos de que precisamos sobre, por exemplo: os moradores da vizinhança, os recursos disponí- veis de atendimento de saúde e as crianças pequenas que vivem na comunidade. Também ajuda as crianças a investigar, encorajando-as a observar, registrar e tomar consciência do que se deve fazer e de como se deve fazer. Desse modo vão-se for- mando cidadãos ativos e úteis à comunidade. ORGANIZANDO UM LEVANTAMENTO "Descobrir" é uma atividade que exige preparação cuidadosa para que se obtenha bons resultados. Se, por exemplo, estivesse sendo organizado um levanta- mento de saúde numa comunidade rural, teríamos sempre que nos lembrar que é necessário: — planejar e visitar a localidade antes que as crianças iniciem o trabalho; — conversar com o povo da vila (pais e pessoas mais velhas) sobre o que as crianças estão fazendo e por quê; — preparar, anotar e discutir cuidadosamente a tarefa de cada criança ou gru- po de crianças; — decidir como as crianças devem anotar as informações coletadas e escolher um meio claro e fácil de registrá-las, para que elas próprias possam anali- sar os dados; — comentar sempre com as crianças, após cada levantamento realizado, o que elas descobriram, por que foi importante, e como poderia ser aperfeiçoado, se fosse feito outra vez. TROCANDO IDÉIAS Uma vez identificados os problemas existentes, há algumas decisões a serem tomadas: O que fazer? O que podemos assumir? Como outras pessoas podem participar? O que é mais difícil para nós? O que é mais importante? O que o povo vai aceitar e o que não vai aceitar? Quais as pessoas que mais nos ajudarão? DISCUTINDO EM GRUPO As decisões só podem ser tomadas depois que as idéias forem bem discutidas. As reuniões podem ser realizadas em sala de aula, em outras dependências da escola, em grupos de jovens, clubes, centros de saúde, centros religiosos e outros. As discussões em grupo com crianças podem ser melhor aproveitadas, se o te- ma geral a ser tratado for dividido em pequenos tópicos, facilmente compreensíveis e que permitam tomar as decisões sem maiores dificuldades. Se começarmos um assunto geral, por exemplo, "Por que acontecem tantos acidentes?", deve-se propor que as crianças discutam mais detalhadamente o se- guinte: Quais os acidentes que poderiam ocorrer em casa? Quais os acidentes que poderiam ocorrer no caminho da escola? Quais os acidentes que ocorrem geralmente com criancinhas, quando começam a engatinhar? O que poderíamos fazer para prevenir acidentes na escola? Todas essas discussões tomam tempo porque as crianças, como os adultos, devem falar e serem ouvidas. Mas isso não é perda de tempo pois, quando as crianças falam, elas participam dos problemas, e estes deixam de ser somente do profes- sor ou do líder do grupo. O problema é "nosso" e "nós" devemos encontrar a sua solução. ENTENDENDO AS PESSOAS Saúde depende de cuidado. Quando entendemos o que as pessoas pensam e sentem, conseguimos participar melhor dos seus problemas. As crianças mais velhas muitas vezes já cuidam das mais novas. Existem muitas maneiras pelas quais os adul- tos podem orientá-las a desenvolver novos conhecimentos e atitudes mais positivas. REPRESENTANDO PAPÉIS Há vários meios de ensinar as crianças a entender os outros. Pode-se começar por uma simples "representação de papéis", pedindo às crianças que "façam o pa- pel" dos outros. Por exemplo: "Faz de conta que você é paralítico... como você se sentiria, se não pudesse jogar bola?" "Faz de conta que você é mãe... como você cuidaria de seu bebê, se ele estivesse com diarréia?". A partir dessas situações simples, as crianças podem imaginar outras mais complicadas, com várias crianças no grupo, assumindo papéis diferentes, como por exemplo: "Vamos conversar sobre o que nós podemos fazer para melhorar a saúde da comunidade. Você é o dono da venda — o que você pode fazer? Você é o prefei- to, ou a enfermeira, ou a avó, ou o Sr. Antônio, o dono da terra (ou outra pessoa qualquer da comunidade)". Uma vez que as crianças tenham assumido esses diferentes papéis, podemos, então, perguntar como elas podem participar e cooperar umas com as outras. DRAMATIZAÇÃO A representação de papéis leva à dramatização, e esta pode ser usada de diver- sas maneiras, desde a mímica simples até pequenas peças de teatro com os papéis es- critos pelas próprias crianças. A maioria das crianças, entretanto, prefere peças bem pequenas, onde a ação e o objetivo ficam bem claros, e elas podem usar suas pró- prias palavras, ao invés de decorar o texto. É bom lembrar algumas coisas simples sobre como orientar uma dramatiza- ção. Deve-se ter certeza de que todos estão vendo não só os atores, mas também tu- do o que está acontecendo em cena. A frente da classe não é um bom lugar, o ideal é um círculo com os atores no meio, e os que assistem ao redor. Os pequenos atores devem estar bem ensaiados e saber transmitir e enfatizar a mensagem e os sentimentos dos personagens da peça. As crianças devem usar mais expressões corporais do que simplesmente palavras. Não deixe que a cena se alongue ou se complique a ponto de a mensagem se perder. Procure arrumar alguns objetos e roupas apropriadas. Não precisa ser nada complicado: um velho avental branco e uma seringa vazia podem fazer uma criança se sentir um médico; um chapéu criará um dono de terra; um cacetete, um policial. As crianças adoram se fantasiar! Finalmente (o mais importante!): é preciso, após a encenação, ter certeza de que a mensagem correta foi transmitida. Trocar poucas e simples palavras com o grupo que assistiu nos ajudará a ter certeza de que todos entenderam. Se esse objeti- vo não estiver sempre presente, muitos irão para casa, lembrando que Pedro se ves- tiu de médico, mas esquecendo porque ele fez isto. APRENDENDO ATRAVÉS DE ATIVIDADES Muitas das atividades do livro Criança para Criança envolvem a aprendizagem de novos conhecimentos. Uma criança mais velha aprende o que se deve dar às crianças com diarréia e o que deve fazer, quando as crianças se queimam. Esse co- nhecimento é importante, mas incompleto, se não for acompanhado da prática. As atividades de saúde do programa Criança para Criança devem unir o apren- der com o fazer. A criança que aprende sobre acidentes deve ser treinada nos pri- meiros socorros. Quando a criança aprende a respeito de "mistura especial para beber", deve fazê-la e prová-la. No momento em que está aprendendo sobre nutrição, deve medir as outras crianças para ver se estão muito magras. A razão de falarmos em atividades no programa Criança para Criança é porque, em se tratando de saúde, atividade é o núcleo da aprendizagem e do hábito. APRENDENDO EM GRUPOS Em muitas atividades sugere-se que as crianças mais velhas ensinem grupos de menores. Para que estes grupos alcancem êxito, é preciso que tenham a sua própria organização. Existem diferentes atividades que os grupos podem fazer,como: — ouvir e ler estórias escritas por crianças mais velhas; — encenar peças e assistir a teatro de fantoches e marionetes (bonecos de pano, fantoche); — brincar com jogos feitos pelas crianças mais velhas; esses jogos podem ser já conhecidos, como o ludo, a serem adaptados às atividades de saúde; ou brincar de teatrinho e de cantar, cujos temas podem ser: "Mãozinhas lava- dinhas com água e sabão" ou "É assim que se escovam os dentes". — participar de competições em que os times podem, por exemplo: manter a sala de aula limpa, desenhar o melhor mapa de saúde, lembrar todos os primeiros socorros e outros. ORGANIZANDO OS GRUPOS Os grupos devem ser pequenos. Sugerimos grupos de 8 ou 10 crianças, no má- ximo. É sempre melhor que duas crianças, ao invés de uma, fiquem responsáveis pela organização. Todas as atividades devem ser bem preparadas e supervisionadas. PREPARANDO ATIVIDADES Os grupos Criança para Criança podem ser organizados na escola e fora dela, através de diferentes clubes e associações de bairros, de cidades pequenas, vilas, distritos e povoados. Nós, os professores adultos, precisamos estar conscientes de que devemos dis- por de tempo para a preparação de atividades. Normalmente, uma aparte da aula poderá ser utilizada. Imaginemos, por exemplo: — uma aula de Matemática para traçar, em um cartão, o "mapa de saúde" da área, onde podem ser percebidas e medidas as faixas de segurança das ruas e as distâncias entre o centro de saúde, a escola e a casa das crianças. — uma aula de Comunicação e Expressão para escrever estórias sobre bons e maus hábitos de saúde. — uma aula de Trabalhos Manuais em que as crianças façam brinquedos para as crianças mais novas. — uma aula de Ciências em que se ensine a medir as quantidades adequadas de sal e açúcar para preparar a "mistura especial para beber"; como fazer — uma horta para aprender a plantar, a acompanhar o crescimento de plantas nutritivas e utilizá-las na alimentação. ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES O acompanhamento das atividades é sempre importante. Os professores de- vem encorajar as crianças mais velhas a contar o que aconteceu com as suas ativida- des e como essas poderiam ser melhoradas. Quando os professores supervisionam as atividades, devem estar preparados para discutir com o grupo de crianças sobre o que observaram, enfatizando as coisas boas vistas por elas. É importante elogiar e encorajar as crianças. Devemos elogiar as crianças pelo seu esforço, mesmo quando os resultados das observações forem modesta, e enco- rajar as crianças mais velhas a elogiar as mais novas. APRENDENDO DENTRO E FORA DA ESCOLA Uma das lições mais importantes para todos nós, envolvidos no programa Criança para Criança, é a cooperação. Assim, a colaboração entre crianças e adultos pode contribuir para melhorar a saúde da comunidade. Particularmente, o nosso ob- jetivo é integrar as crianças que freqüentam a escola com as que não freqüentam. CRIANÇAS E ADULTOS As crianças e os adultos podem cooperar de duas maneiras: na escola e em projetos da comunidade. Quase sempre eles podem estar interligados. Supondo, por exemplo, a organização de um projeto nacional para melhorar a nutrição, os seguin- tes tipos de colaboração poderão surgir: — os objetivos e propósitos do projeto poderiam ser discutidos no Conselho de bairro (cidade pequena, distrito, povoado ou vila) e em Associações de Pais e Mestres. A participação das crianças seria discutida durante essas reuniões. — as crianças poderiam ajudar nas entrevistas, poderiam fazer "cartazes" e teatrinhos. a escola acompanharia essas atividades como parte de sua programação. — as crianças continuariam participando das atividades em suas casas ou nos clubes. _ posteriormente, no fim do ano, a avaliação das atividades seria proposta e discutida, da mesma maneira, com os pais e as crianças. Em uma região, por exemplo, onde se realiza a semana da vacinação, ou da desidratação, ou da nutrição, as mensagens podem ser divulgadas através do rádio, jornais, folhetos elaborados pelo pessoal da saúde, ao mesmo tempo em que esses assuntos devem ser discutidos nas escolas. A CRIANÇA QUE VAI À ESCOLA E AQUELA QUE NÃO VAI Muitas crianças que tomam conta dos irmãos menores não freqüentam escola. Muitas das atividades Criança para Criança são planejadas tanto para essas como para aquelas que vão à escola. Entretanto, para que as atividades sejam desenvolvidas, é necessário que os adultos e as crianças da escola colaborem com as outras. Poderemos, por exemplo, imaginar meios pelos quais as "crianças que cui- dam de outras" possam aprender a anotar o que elas fizerem, quando cuidam das crianças mais novas. Se refletirmos cuidadosamente sobre isso, poderemos também descobrir um meio fácil de ensinar às "crianças que cuidam de outras" a ler e a con- tar. Duas maneiras possíveis são: — Pode-se desenhar um relógio de saúde com números de 1 a 12. Um pontei ro é adaptado no centro do relógio. O espaço de 5 minutos entre cada nú mero pode representar uma tarefa importante de saúde, que a criança que não vai à escola faz todo dia. Depois que ela cumprir cada uma das tare fas, deve-se girar o ponteiro até o próximo número. As tarefas podem ser as seguintes: 1 — limpar a boca e os dentes da criança; 2 — enterrar as fezes ou jogar na privada e lavar as mãos; 3 — lavar o seu rosto; 4 — brincar com ela; 5 — alimentá-la. As crianças podem, ainda, registrar informações parecidas, colocando pauzi- nhos ou pedras em latas, ou saquinhos de pano pendurados na parede. Toda vez que a criança mais velha faz alguma coisa importante para a menor, ela põe uma pe- drinha na lata. Se a criança aprende a contar, ela fica sabendo que, por exemplo, a crianci- nha deve ser alimentada mais de uma vez por dia. No fim do dia, a lata para "comi- da da criança" terá mais de uma pedra. E a outra para "limpeza do rosto" terá o mesmo número de pedras, se a "criança que cuida de outra" se lembrou de limpar- lhe o rosto depois de cada refeição. A escola e os professores podem também participar, orientando os alunos a criar e fazer brinquedos, desenhos, livretos com figuras e jogos; ou a juntar mate- riais para as crianças que não vão à escola terem a oportunidade de brincar e apren- der a usá-los com as menores. A integração entre a escola e a comunidade é de vital importância para a saú- de e bem-estar das crianças; os professores não devem perder qualquer oportunidade de saber se o que as crianças discutem na escola corresponde ao que elas e os seus pais realmente fazem em casa. MELHORANDO PROGRAMAS Precisamos aprender a não ficar totalmente satisfeitos com o que fazemos. Em toda atividade Criança para Criança duas perguntas devem surgir: - Até que ponto o trabalho foi positivo? — Como ele pode ser melhorado? O JOGO DAS LATAS Cada uma das atividades descritas nos capítulos seguintes contém tais ques- tões, e elas precisam ser lembradas em tudo o que fizermos. Evidentemente que quanto mais perguntarmos, mais saberemos. Será bastante útil, se soubermos: Que conhecimentos ensinados foram lembrados e quem se lembrou me- lhor? Por exemplo, quantas crianças se lembraram dos sinais característicos de doenças? Que iniciativas foram tomadas como resultado das nossas atividades, que tipo e onde? Por exemplo, quantas crianças ou outras pessoas de família fizeram e tomaram a "mistura especial" para o tratamento de diarréia? Que atitude começaram a mudar na comunidade como resultado das atividades? Por exemplo, os pais, os professores e o pessoal da saúde se reúnem, mais freqüentemente, para discutir como as crianças poderiam participar? E é na escola, que esse objetivo poderá ser atingido, pois os alunos, orientados pelos professores,poderiam ter como tarefa de casa, o desenvolvimento das atividades em grupos organizados, que funcionariam aos sábados ou em outros dias correspondentes a feriados e férias escolares. As crianças que não freqüentam a escola teriam, então, oportunidade de ir à escola e levar seus irmãos mais novos para participar das atividades Criança para Criança. 3. NOSSA COMUNIDADE A IDÉIA A saúde da comunidade pode ser melhorada quando: As pessoas conhecem melhor os problemas da comunidade e as suas causas; As pessoas dialogam e discutem o que podem fazer para resolver os proble- mas; As pessoas atuam de modo a melhorar a saúde da comunidade. As crianças são membros importantes da comunidade e essa atividade foi pla- nejada para incentivar a sua participação na melhoria da vizinhança. Ela destina-se a: — Encorajar as crianças a descobrir os fatores que contribuem ou impedem que elas cresçam sadias. — Encorajar as crianças a pensar como a comunidade pode ajudá-las. — Orientar as crianças mais velhas a refletir sobre o que podem fazer para melhorar o meio em que vivem. — Orientar as crianças como encontrar meios de transmitir essas idéias às mais jovens. Quem poderia apresentar a atividade para as crianças? Os professores. Eles poderiam apresentá-las durante as aulas de Ciências e Pro- gramas de Saúde, ou de outras matérias correlatas; — eles também poderiam introduzi-la nos trabalhos extra-classe como, por exemplo, nos clubes de Ciências; — os líderes de associação de jovens, o pessoal de saúde e outras pessoas que trabalham com crianças; — os coordenadores de conselhos comunitários ou de associações de bairros poderiam introduzir esta atividade como parte de um programa de trabalho mais amplo na comunidade. Em cada caso, entretanto, é necessário que pais e outras pessoas saibam por- que as crianças estão participando e de que modo. A ATIVIDADE Todas as atividades do programa Criança para Criança devem começar com uma discussão feita pelas crianças até que elas compreendam o propósito de suas atividades. Antes de iniciar a atividade, as crianças precisam discutir: O que contribui para que nossa escola (nossa vila ou bairro) seja um lugar mais saudável? Como podemos conhecer a situação de saúde de nossa escola (nossa vila ou bairro)? O que pode ser feito para torná-la melhor? As crianças podem fazer um mapa de sua comunidade (povoado, distrito ou bairro). Elas podem usar mapas da área já existentes ou fazer os seus próprios. Primeiro, as crianças devem discutir o que o mapa deve conter. Isto as ajudará a decidir o que deve ser feito para tornar a comunidade um local melhor para se viver. As crianças podem descobrir e marcar, em seus mapas, áreas onde: Vivem animais e insetos que transmitem doenças (valas, esgotos, águas paradas, depósitos de lixo); Ocorrem freqüentes acidentes com crianças; Pessoas propagam doenças. Em algumas escolas e com crianças menores torna-se difícil fazer mapas da área. Neste caso elas podem fazer um desenho da escola, ou da casa, ou do cami- nho para a escola. As crianças podem verificar se as condições de casa, escola e redondeza são: Saudáveis, observando, por exemplo, a limpeza, existência de água, priva- da, moscas e mosquitos. Seguras, observando, por exemplo, as áreas onde podem ocorrer acidentes. DECIDINDO O QUE FAZER As crianças podem olhar seus mapas e comentar o que encontraram. Elas pre- cisam de tempo para discutir o que se pode fazer e qual a pessoa mais indicada para fazê-lo. Podem sugerir que ação deveria ser tomada por diferentes grupos da comu- nidade. Na escola, as crianças devem conversar com outras sobre este trabalho. Elas podem tornar a escola mais saudável, fazendo limpeza, eliminando os locais que fa- vorecem o aparecimento de moscas. Elas podem conversar e perguntar a seus pais e moradores mais velhos como os melhoramentos na comunidade eram feitos no pas- sado. Podem também conversar com professores sobre aquilo que cabe à escola fa- zer, se os professores e as crianças trabalharem juntos. A comunidade se beneficia na medida em que participa e age. As crianças po- dem descobrir quais os tipos de ações possíveis. A comunidade pode fazer reivindi- cações a órgãos do governo sobre suas necessidades. A representação e a dramati- zação podem ajudar as crianças a entender como os grupos da comunidade tomam decisões. Por exemplo, as crianças podem representar o papel de: prefeito, vereador, policial, líder religioso, auxiliar de saúde, agrônomo, fazendeiro, pessoa mais velha e professor. Elas podem promover uma reunião das autoridades para discutir os pro- blemas de saúde da comunidade (ou bairro). As crianças podem descobrir como obter ajuda dos órgãos da localidade; po- dem também discutir o que o governo planeja para a sua comunidade. AÇÃO CRIANÇA PARA CRIANÇA As crianças deverão discutir como transmitir suas idéias e como tornar mais fácil o entendimento e a participação das menores. Elas podem transmitir estas idéias para: amigos e familiares; grupos organizados tais como, associações de bairro, grupos de jovens, centros cívicos e outros; crianças mais novas na escola e em casa. Podem organizar grupos e jogos tais como: "Achar focos de mosquitos", "Ruas que têm mais lixo", "Classes mais limpas", 'T?nques com caramujos". AVALIANDO AS ATIVIDADES REALIZADAS As crianças podem comparar seus mapas com os mapas de saúde de anos ante- riores e perceber se houve alguma mudança. Os professores podem observar se houve um aproveitamento melhor nas aulas de Geografia, pelo fato de as crianças terem feito mapas, ou se, nas aulas de Ciên- cias, elas mostraram mais conhecimento sobre o ciclo de vida dos insetos, higiene, doenças transmitidas pela água. Os professores e alunos devem fazer uma avaliação geral no final do ano para verificar se houve alguma mudança em função destas atividades. OUTRAS ATIVIDADES Muitas atividades são possíveis através do incentivo. Assim, as crianças não só compreenderão melhor e ficarão mais conscientes, como também aprenderão a se comunicar melhor. Crianças mais velhas podem desenvolver algumas atividades com as mais novas, tais como: escrever e ler estorinhas; desenhar cartazes sobre saúde e segurança e orientar os mais novos a dis- cuti-los e compreendê-los; organizar jogos de saúde para os menores brincarem; fazer bonecos e teatrinho de marionetes; organizar competição de pequenos grupos sobre limpeza e outros. — Outras atividades para as crianças maiores: descobrir um determinado problema como, por exemplo, na esquistosso- mose, identificando os focos de caramujos e como eliminá-los; pesquisar um assunto como, por exemplo, o problema de água na vizinhança, descobrindo pontos de lançamento de detritos nos rios, usados para abastecê-la. 4. ESCOTEIROS DA SAÚDE A IDÉIA Uma comunidade saudável é forte e feliz quando o povo que participa dela: entende o que é necessário fazer para torná-la saudável; conhece quais os recursos disponíveis e como usá-los adequadamente; preocupa-se com a saúde integral da mesma. As crianças podem colaborar fazendo da sua comunidade um lugar melhor para se viver. Esta atividade mostra algumas maneiras pelas quais isto pode ser feito: descobrindo os recursos de atendimento e prevenção de doenças existentes em sua própria comunidade; ficando responsáveis em transmitir importantes informações de saúde para sua família e outras pessoas; interessando-se pela saúde dos outros, principalmente das crianças que vi- vem por perto, ajudando os seus familiares a usar melhor os serviços de saúde existentes. QUEM APRESENTARIA ESTA ATIVIDADE? Os professores das classes mais adiantadas das escolas de lº grau. Os líderes,particularmente os de associações de jovens, que têm uma organi- zação, como por exemplo, Associações de amigos do bairro, Escoteiros, Bandeiran- tes, Clube de Ciências, grupos de defensores do Meio-Ambiente, o pessoal de Saúde e outros membros da comunidade que trabalham em programas de saúde. Quando os alunos estiverem envolvidos neste tipo de atividade, é um bom mo- tivo para professores e pessoal da saúde trabalharem juntos. Os pais também precisam saber quais as razões da participação das crianças neste programa. A ATIVIDADE Descobrindo as necessidades de saúde da comunidade. Os levantamentos ou "atividades de descoberta" darão às crianças a prática na coleta e na boa utilização das informações de saúde. Assim, elas podem descobrir quais são as condições de saúde dos recém-nas- cidos e crianças pequenas na sua comunidade. Podem-se evitar doenças graves e morte por Tuberculose, Difteria, Coquelu- che, Tétano, Poliomielite e Sarampo, vacinando a tempo os recém-nascidos e as crianças menores. Um levantamento importante que pode ser feito pelas crianças é descobrir na comunidade quais as que já foram vacinadas contra estas doenças. Antes de fazer o levantamento, deve-se procurar discutir com as crianças: As razões para a imunização. Quais as vacinas necessárias para a área? Quem promoverá a vacinação? Quem deverá ser vacinado? Talvez um membro da equipe de saúde possa ser convidado para discutir o assunto com as crianças. Para realizar o levantamento, elas poderão fazer uma ficha onde serão anota- dos os nomes das crianças de sua vizinhança e as vacinas que já receberam, usando símbolos para cada tipo. As mais comumente empregadas são: BCG protege contra tuberculose; Tríplice protege contra difteria, conqueluche e tétano; Pólio protege contra poliomielite; Sarampo protege contra sarampo; Varíola protege contra varíola. (Obs.: cartão de vacina ilustração anexa). As crianças podem descobrir nas suas próprias famílias quais os irmãos e vizi- nhos que ainda não foram vacinados. Poderiam ser formadas duplas de crianças, fi- cando cada uma responsável por um determinado número de residências para fazer o levantamento. As perguntas serão dirigidas aos pais ou, em algumas áreas poder-se- á usar, como ponto de referência a marca deixada por uma determinada vacina, co- mo por exemplo, varíola no braço esquerdo e BCG intradérmico no braço direito. Geralmente a DTP é dada ao mesmo tempo que a BCG, mas não deixa marca. Não basta somente colher a informação, é preciso transmiti-la para aqueles que podem melhor utilizá-la. Com este levantamento as crianças encontrarão os re- cém-nascidos e as crianças menores que precisam ser vacinadas. As crianças maiores podem avisar às mães quais são os dias da vacinação e também comunicarem ao pes- soal da saúde os recém-nascidos que precisam ser vacinados. Descobrindo os serviços de saúde disponíveis na comunidade. Geralmente existem muitas pessoas numa comunidade com diferentes conhe- cimentos de saúde: — pessoal da Saúde treinado para diferentes atividades; — pessoas que sabem como preparar chás caseiros; — pessoas que sabem como aplicar injeções; — parteiras (curiosas) que são chamadas para ajudar no parto; — pessoas que sabem aplicar os primeiros socorros e como tratar doenças sim- ples e pequenos acidentes. Nós precisamos saber onde obter socorro rapidamente e qual é a melhor pes- soa para nos socorrer. Essa informação é útil para a nossa comunidade, porém, fre- qüentemente, não a temos. As crianças podem fazer um levantamento ("atividade de descoberta") de to- das as pessoas da comunidade com algum conhecimento especial de saúde: — onde elas podem ser encontradas; — quais são os seus tipos de conhecimentos; — e quem é a melhor pessoa para ir ajudar num caso particular de doença. Discuta estas coisas com as crianças e deixe que elas façam uma lista de todas as pessoas na sua comunidade que têm algum conhecimento específico sobre atendi- mento de saúde, e a maneira pela qual essas pessoas poderiam ser melhor envolvidas e aproveitadas nos serviços de saúde da comunidade. Elas podem discutir suas listas e decidir quais as pessoas que podem ajudar num determinado tipo de doença, por exemplo: "A quem sua família iria recorrer num caso de desidratação?" (quadro de saúde vide ilustração anexa) Terminado o levantamento, as crianças podem desenhar mapas dos serviços de saúde de sua comunidade, e marcar neles onde obter socorro, bem como as distân- cias e tempos aproximados para chegar em cada lugar de atendimento. Podem também localizar onde existem, além dos Postos de Saúde, outros ti- pos de serviços especializados e quais os dias e a hora em que funcionam. QUEM TEM ALGUM CONHECIMENTO ESPECIAL EM SAÚDE NA NOSSA COMUNIDADE? — Curandeiros — Erbalistas — Parteiras ou curiosas - Ortopedistas ou práticos em ortopedia — Líderes Religiosos, Missionários — Professores (Primeiros Socorros) — Médicos — Enfermeiros — Agentes de Saúde As crianças poderiam imaginar jogos usando seus mapas, como por exemplo: Se seu irmão se queimar no fogão, o que você faria para ajudá-lo e quanto tempo levaria para encontrar socorro? Se sua tia estivesse grávida e precisasse de ajuda, quanto tempo levaria para você buscar a parteira? Para transmitir estas informações de como encontrar ajuda das diferentes pes- soas, as crianças poderiam montar e apresentar um teatrinho, em reuniões da comu- nidade ou nos dias de atendimento no Posto de Saúde. Cada círculo representa o tempo gasto (em horas) para se deslocar de um local para outro. MAPA DE SAÚDE DA NOSSA COMUNIDADE DIVULGANDO OUTROS SERVIÇOS DE SAÚDE As crianças podem aprender como transmitir informações de saúde para os pais, pessoal de saúde e outros. Por exemplo, uma criança pode escolher um recém- nascido na sua família ou na vizinhança e fazer um cartão de vacina para lembrar às mães, quando o recém-nascido será vacinado contra os diferentes tipos de doenças. CARTÃO DE BOAS VINDAS COM LEMBRETES PARA IMUNIZAÇÃO O pessoal de saúde deve avisar na escola, quando será feita a vacinação no Pos- to de Saúde, e as crianças da escola poderão ir de casa em casa com antecedência, avisando o dia, o local e a hora certa da vacinação. Talvez o local possa ser dividido em áreas, de maneira que cada grupo de criança fique responsável por um determi- nado número de famílias. Cada área estabelecida deve ter uma criança representante que levará as infor- mações sobre as necessidades dos moradores para o pessoal da saúde e desses para as famílias. COLABORANDO COM O PESSOAL DA SAÚDE Existem várias maneiras pelas quais as crianças podem cooperar para a manu- tenção da saúde das crianças da comunidade. Uma dessas maneiras é envolvê-las como auxiliar no Posto de Saúde. Os professores e pessoal da saúde deverão planejar isto juntos, e alguns exem- plos de como as crianças podem ajudar no Posto de Saúde são: — pesando as crianças e preenchendo os cartões de atendimento; — brincando com as crianças menores, enquanto elas esperam com as mães. (para distrair as crianças podem ser feitos brinquedos e jogos;) — servindo de mensageiro entre as mães e o pessoal da saúde para transmitir informações sobre os programas de alimentação ou certos tipos simples de tratamento; — ajudando nas demonstrações do preparo de alimento. Crianças mais velhas podem colaborar em casa e na escola, por exemplo: — organizando na escola uma caixa para tratamento de primeiros socorros; — fazendo brinquedos e jogos para as crianças que cuidam de outras menores; — ajudando a preparar a merenda da escola; — levar os menores para o Posto de Saúde, quando os pais não puderemir. AVALIANDO A ATIVIDADE Faça uma competição: Onde está a pessoa mais próxima para prestar ajuda, se...? Um grupo pode imaginar situações como estas que exigem socorro. E o outro grupo imagina as soluções. No final do ano procure saber se aumentou o número de vacinação no Posto de Saúde em decorrência da participação das crianças. Peça as crianças que elas falem ou escrevam sobre sua participação nas ativida- des em casa, na escola e no Posto de Saúde. OUTRAS ATIVIDADES PARA CRIANÇAS Outros levantamentos que as crianças podem desenvolver são: — descobrir as doenças mais comuns na área e comunicar ao pessoal da saúde; — quem ficou doente ou foi acidentado no mês passado? — quem foi ao posto de saúde? Fazer um levantamento sobre os remédios caseiros disponíveis: — quais são os tipos de plantas mais usadas? — quem sabe como prepará-las? — quando são usadas? Outras maneiras como as crianças podem participar auxiliando o pessoal da saúde são: — uma criança mais velha pode escolher uma menor e informar se esta ficou doente ou precisa de tratamento para a diarréia; — fazendo cartazes com motivos de saúde para a escola, Posto de Saúde e vizinhança. 5. ACIDENTES NA INFÂNCIA A IDÉIA Em alguns lugares várias crianças que freqüentam a escola morrem devido a acidentes, e outras sofrem ferimentos graves. Muitos desses acidentes poderiam ser evitados. Esta atividade é para orientar a criança, tanto quanto possível, a prevenir acidentes. Diferentes tipos de acidentes acontecem com as crianças que vivem em diferentes lugares tanto nas cidades, quanto nas zonas rurais. Esta atividade diz respeito somente aos acidentes mais comuns. Com a finalidade de ajudar a prevenir acidentes as crianças precisam saber: — quais são os perigos mais comuns; — como estes perigos podem ser evitados; — o que fazer se um acidente acontece. Quem poderá apresentar a atividade para as crianças? — os professores, durante os horários escolares ou fora deles; — o pessoal da saúde, a Associação dos Amigos de Bairro, agente da Cruz — Vermelha, agentes sanitários e outras associações de jovens. A atividade poderá ser apresentada também, para as crianças através de jor- nais, estórias em quadrinhos e revistas. Muitas vezes ensina-se as crianças a cuidar de ferimentos de maneira bem dife- rente dos métodos tradicionais. É necessário explicar cuidadosamente que, embora alguns tratamentos tradicionais possam ser úteis, outros são prejudiciais, por exem- plo: cobrir um ferimento com estrume de gado é perigoso e não deveria ser prati- cado. A ATIVIDADE Que acidentes acontecem com crianças? As crianças podem conversar entre si a respeito dos acidentes mais comuns. Elas devem perguntar porque os acidentes aconteceram, e tentar descobrir o porquê, pois assim serão mais capazes de preveni-los. As crianças podem anotar os acidentes que já aconteceram em suas próprias famílias. PREVENINDO ACIDENTES As crianças, em grupos, podem decidir o que deve ser feito para prevenir acidentes. Classe: 3ª série - Registro de acidentes graves ocorridos em nossa família durante um detenninado pe- ríodo (por exemplo - mês, bimestre, semestre, ...) - Elas podem orientar seus irmãos menores a tomar cuidado com o fogo. Quando as crianças mais velhas estiverem fazendo comida para a família, elas devem manter seus irmãos menores distantes do fogão. 0 fogão deve estar sempre em posição mais elevada, evitando-se o fogo direto no chão. As crianças devem veri- ficar se os cabos das panelas estão longe do alcance das menores, de modo a evitar que estas virem as panelas sobre si. As crianças, em grupos, poderiam fazer um levantamento dos locais onde é possível ocorrer acidentes. E, a seguir, começarem um programa de trabalho para contar às outras crianças os perigos destes lugares. Podem escrever cartas para os jor- nais e para as autoridades competentes a respeito dos piores locais de acidentes. As crianças podem também alertar as outras sobre os lugares onde normal- mente vivem cobras, aranhas, escorpiões e abelhas. Elas poderiam roçar e limpar os caminhos e áreas mais comumente usados. As crianças podem organizar um programa para mostrar a outras como brin- car com mais segurança. Elas podem ser alertadas a respeito dos perigos de subir em árvores secas, de nadar em rios com correnteza, de brincar de jogar pedras, de brin- car próximo de poços não protegidos, de correr com pedaço de pau na boca, e outros. As menores devem ser avisadas dos perigos de colocar bolinhas de gude ou pe- dras na boca. Caroços de frutas muitas vezes causam sufocação nas crianças. Tam- bém é comum elas introduzirem pequenos objetos e sementes no nariz e ouvidos. As garrafas e vasilhas com produtos perigosos devem ser guardados longe do alcance das crianças. As crianças devem ser orientadas a não comerem frutas ou plantas que não conheçam. As crianças podem identificar lugares que são perigosos devido à presença de máquinas, animais, vidros quebrados, pregos ou arames enferrujados. Muitos acidentes não aconteceriam, se existissem lugares seguros para as crianças brincarem. As crianças maiores podem fazer brinquedos, e tornar os locais mais seguros para seus irmãos menores brincarem em casa. SE ACONTECER UM ACIDENTE Existem muitos tratamentos simples que as crianças podem aprender e aqui serão apresentados somente alguns dos mais comuns. Entretanto, deveríamos sempre discutir com os outros sobre os acidentes mais comuns na sua localidade. Lembre-se: espera-se que nenhuma criança use estas medidas simples nos aci- dentados, a não ser que tenha praticado anteriormente. QUEDAS E ACIDENTES DE TRÂNSITO Se uma pessoa caiu de uma árvore ou sofreu um acidente de carro e se machu- cou gravemente, não se deve movê-la. O acidentado deve ser protegido e mantido aquecido com uma coberta. Conseguir ajuda o mais rápido possível. ACIDENTES POR ANIMAIS VENENOSOS Se uma pessoa sofreu um acidente provocado por qualquer animal venenoso, é necessário conseguir ajuda o mais rápido possível. CORTES E FERIMENTOS A primeira medida a ser tomada é lavar bem os ferimentos e os cortes. Sempre que possível limpá-los com sabão e água fervida. Água morna com sal também pode ser usada. Deixar os ferimentos sujos pode causar complicações. É melhor não usar curativos, a não ser que eles estejam muito limpos. QUEIMADURAS Coloque a parte queimada imediatamente em água fria. Se for necessário, coloque o corpo todo. Se a queimadura for muito séria, esquente um pouco de vaselina, e ponha em um pano limpo e, sem pressionar, coloque-o sobre a queimadura. Nunca usar gordu- ra, manteiga ou pasta de dente. As queimaduras devem ser mantidas limpas e é me- lhor deixá-las descobertas. DIVULGANDO A IDÉIA As crianças não devem tentar fazer essas coisas todas de uma vez. Durante duas semanas, elas podem ter um programa de como prevenir queimaduras e, algum tempo depois, iniciar outro programa sobre acidentes nas ruas e estradas, assim por diante. JOGOS DE SEGURANÇA NAS RUAS E ESTRADAS 1. CONTANDO As crianças contam os diferentes veículos e com que freqüência eles passaram. 2. PLANEJANDO As crianças maiores fazem seu próprio código de Segurança na Escola para proteger as menores. 3. PRATICANDO As crianças maiores ensinam as menores a obedecerem ao código. As crianças podem fazer cartazes chamando atenção contra os acidentes e folhetos sobre os primeiros socorros para as outras lerem. As crianças maiores podem escrever estórias a respeito de acidentes e ilustrá- las para as crianças menores. Podem fazer teatrinho para mostrar às menores porque os acidentes acontecem e o que podeser feito para evitá-los. Podem também fazer seus próprios testes sobre os primeiros socorros e segu- rança nas estradas, e dar um certificado àquelas que passarem no teste. Para as crianças menores pode ser elaborados testes mais simples e, para as maiores, os mais complexos. AVALIANDO A ATIVIDADE DESENVOLVIDA As crianças devem comparar os acidentes registrados depois da atividade com os registrados anteriormente. Assim podem comentar quais os acidentes que elas acham que foram preve- nidos como resultado do programa No final do ano pode ser feita uma prova para avaliar se aprenderam o que foi ensinado, durante o ano, sobre a segurança nas ruas e estradas. OUTRAS ATIVIDADES PARA AS CRIANÇAS As crianças, na escola, podem organizar sua própria caixa de primeiros socor- ros para o tratamento de ferimentos e cortes simples. As crianças mais velhas podem escolher uma criança mais nova, para observar se usa as medidas de segurança nas ruas e estradas, quando ela vai da casa para a escola e vice-versa. Em casa ou na escola, as crianças podem organizar lugares segu- ros para as crianças menores brincarem, e observar se elas aprenderam a brincar com segurança. As crianças podem criar brincadeiras e teatrinhos de fantoches e marionetes, para ensinar a respeito de prevenção de acidentes. Podem aprensentá-los a outras crianças na escola, na sala de espera do Posto de Saúde, e nas reuniões da vila. 6. CUIDANDO DE CRIANÇAS COM DIARRÉIA Diarréia significa, freqüentemente, fezes ralas. Em geral, as crianças com diar- réia também têm vômitos, barriga inchada e dores de barriga. As fezes ficam com mau cheiro. Em muitas áreas a diarréia é a causa mais comum da morte de crianças peque- nas, principalmente entre 6 meses e 2 anos. As diarréias são mais perigosas em crianças desnutridas, e são seis vezes mais freqüentes em nenês que tomam mama- deira do que nos que são amamentados. Algumas crianças que morrem de diarréia, morrem por falta de alimento sufi- ciente. Entretanto, a parte mais importante do tratamento da diarréia é a reposição da água que foi perdida através das fezes e vômitos. Se uma mistura apropriada para beber for dada a uma criança, desde o início da doença, ela tem menos chance de desidratar e morrer. As crianças poderão facilmente aprender a fazer essa mistura com água, açú- car e sal, para usar em casos de diarréia. Elas podem ajudar a tratar seus irmãos menores, dando-lhes quantidades sufi- cientes da mistura especial, evitando assim que eles se desidratem. QUEM APRESENTARA A ATIVIDADE PARA AS CRIANÇAS? Os professores, o pessoal da saúde e os líderes jovens podem ensinar esse tratamento às crianças. Mas — uma advertência! Toda pessoa que levar a idéia para as crianças precisa- rá ter cuidado, porque esse tratamento pode ser diferente dos tradicionais. Os pais e as outras pessoas precisam saber o quê e porquê as crianças estão aprendendo. Existe, em todo o mundo, uma crença que quem tem diarréia não pode nem comer, nem beber. Isso é um grande engano. Mesmo aqueles que estão com diarréia mais séria podem absorver alimentos e bebidas. As vezes os remédios não são muito eficientes, porém qualquer coisa que re- põe a água perdida, como por exemplo os chás caseiros, ajuda a evitar a desidrata- ção. É preciso dar alimento às crianças com diarréia, para que seus organismos rea- jam à doença, nunca se esquecendo de dar líquido à vontade. A ATIVIDADE AJUDANDO AS CRIANÇAS A ENTENDER A DESITRATAÇÃO Há muitas maneiras das crianças entenderem que os seres vivos precisam de água e quais são os perigos que a perda de água pode causar. Como, por exemplo: As crianças podem trazer dois galhos de qualquer planta para a escola, co- locando um galho num copo com água e outro galho num copo sem água. Elas verão que um ficará murcho e morrerá em seguida. Pergunte as crianças por que isso acontece e veja se elas podem associar esta idéia ao caso de uma criança com diarréia. Pergunte-lhes ainda o que a criança precisa para não desidratar. ENSINANDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE DAR ÁGUA E ALIMENTO A CRIANÇA COM DIARRÉIA. É preciso que as crianças entendam que é importante dar a uma pessoa com diarréia, tanta água quanto ela perdeu através de vômitos e das fezes. Use uma cabaça, lata ou pote com uma abertura em cima e um furo na parte de baixo. Mostre que o nível da água contida na vasilha não descerá, se for colocada, pe- la abertura de cima, a mesma quantidade de água que sai pelo orifício inferior. Deixe que as crianças observem o que acontece, quando a água que sai não é reposta na abertura de cima. Veja se elas conseguem relacionar esse fato com o de uma criança que perde líquido, através de diarréia e vômitos. Explique que uma criança com diarréia precisa beber um copo da mistura es- pecial, cada vez que ela evacua. EVITANDO DESIDRATAÇÃO COM UMA BEBIDA SIMPLES E ESPECIAL. Fazendo o "remédio". Muitos dos chás caseiros e sopas que as mães fazem e dão para as crianças com diarréia são muito bons, porque repõem a água que a criança perdeu. A amamenta- ção no peito não deve ser interrompida, porque ao mesmo tempo que fornece água, fornece também o alimento à criança. Uma mistura especial pode ser feita a partir de sal, açúcar e água (fervida ou tratada), que é apropriada para crianças (e adultos) com diarréia. Ela pode ser feita de uma maneira simples como esta: MISTURE: AÇÚCAR + SAL + ÁGUA Mostre às crianças o tamanho da colher e do copo que devem ser usados. Faça e experimente a mistura do copo. Os alunos devem preparar um copo cheio e, logo em seguida, experimentar a mistura. O "remédio" (mistura especial) só funcionará, se as quantidades usadas forem corretas. Experimente sempre a mistura antes de usá-la. Ela não deve ser mais salga- da do que as lágrimas; se for. jogue-a fora e faça de novo. QUANDO USAR O "REMÉDIO". Explicar para as crianças mais velhas que é para dar um copo cheio desta mis- tura cada vez que a criança obrar mole. Começar a dar a-mistura assim que a crian- ça tiver as primeiras fezes líquidas. Deve-se dar mais líquido à criança, se ela tiver se- de e aceitar. Dar mais líquido é melhor do que dar menos. Continue dando a mistu- ra especial, após cada evacuação líquida até a diarréia parar. Não tem importância se, na primeira vez, a criança vomitar; dê, apenas, menos quantidade e mais devagar. Criança: um copo por cada dejeção Adulto: dois copos por cada dejeção RECONHECENDO OS SINAIS DE DESIDRATAÇÃO É importante reconhecer quando uma criança está seriamente desidratada. Isso porque essa doença é grave e precisa, muitas vezes, de cuidados especiais e de tratamento nos centros ou postos de saúde. As crianças devem aprender a reconhecer os sinais de perigo. Se elas percebe- rem algum desses sinais, devem avisar uma pessoa mais velha, de maneira que a criança doente seja levada imediatamente para o posto de saúde. Os sinais são: — a criança está com diarréia e não aceita líquido; — ela vomita tanto que não consegue beber; — ela está sem urinar há mais de 6 horas (por exemplo, desde o amanhecer até ao meio-dia, ou de meio-dia até o anoitecer); — ela tem tanta diarréia que não consegue beber um copo de mistura especial após cada evacuação, ou apresenta os sinais de desidratação; — ela está com sangue nas fezes; — está com diarréia há mais de 2 dias. AVALIANDO A ATIVIDADE Um balanço pode ser feito a cada mês (ou seis meses, ou um ano) seguindo, por exemplo, essas perguntas: — quantas crianças (ou suas mães) fizeram a bebida especial para aquelas que tiveram diarréia? — quantos foram os casos de diarréia? — quantas crianças morreram com diarréia? Peça para uma das crianças contarpara os seus colegas de classe como ela (ou sua mãe) fez e usou a mistura especial, quando um de seus irmãos teve diarréia. Ela pode também explicar como a bebida foi feita, como foi usada, e se deu bons resul- tados. OUTRAS ATIVIDADES PARA AS CRIANÇAS As crianças podem mostrar aos pais, às crianças e a outras pessoas como a be- bida especial é feita. Elas podem descobrir quantas vezes seus irmãos mais novos tiveram diarréia no mês passado. Contando quantas .vezes seus irmãos de idades diferentes tiveram diarréia no mês passado, elas podem descobrir qual a idade em que a diarréia é mais comum. Usando os recursos locais, as crianças podem fazer uma colher para medir o sal e o açúcar da mistura especial. Aqui está uma sugestão: FABRICANDO UMA COLHER PARA MEDIR O SAL E O AÇÚCAR. A colher para medir quantidades corretas de sal e açúcar pode ser feita de muitas maneiras. Certifique-se de que as colheres tenham o tamanho correto. Para fazer a bebida especial para uma criança desidratada: 7.CUIDANDO DE CRIANÇAS QUE ESTÃO DOENTES A IDÉIA Comumente, em muitas famílias, as crianças mais velhas cuidam das menores, principalmente quando as mães saem ou vão trabalhar. Elas podem aprender a pres- tar os cuidados simples às outras crianças, quando estas estão doentes, evitando so- frimento e algumas vezes salvando a vida de seus irmãos. As crianças mais velhas podem aprender o que fazer para as que estão doentes se sentirem melhor, ajudando na sua recuperação. Elas podem também aprender a reconhecer alguns sinais de gravidade da doença e saber procurar socorro, dizendo à mãe ou conseguindo ajuda do pessoal da Saúde. QUEM IRÁ PROPOR ESTA ATIVIDADE? —Professores de classes mais adiantadas. —Pessoal da Saúde e líderes da comunidade. —Líderes de grupos de jovens em Programa de Saúde e de primeiros socorros. As pessoas que apresentam as atividades para as crianças devem conhecer bem quais são os Postos de Saúde que funcionam e os programas de saúde existentes. Elas devem ter cuidado de ensinar às crianças somente coisas realmente aceitas pelo pessoal da Saúde. A ATIVIDADE Descobrindo crianças sadias e doentes. Primeiro é importante saber o que é uma criança sadia. Incentivar as crianças a observar as menores para identificar e discutir o que é ser sadio. Ela é alegre? Seu crescimento é normal? Ela é ativa? Elas podem falar sobre diferentes partes do corpo — braços, pernas, olhos, orelhas, nariz e também sobre o umbigo em crianças recém-nascidas Como as crianças menores usam estas partes do corpo? As crianças podem aprender a contar estórias a respeito dos irmãos que fica- ram doentes. Para isso pode-se fazer perguntas a cada uma delas. O que você obser- vou, quando eles estavam doentes? Como eles se sentiram, quando você tocou ne- les? Eles tinham algum mau cheiro? Do mesmo modo elas podem falar sobre suas próprias doenças. Você já adoe- ceu alguma vez? Como você se sentiu quando estava doente (fraco, febril)? Tem al- guém doente em sua família? O que é que ele tem e como ele sente? Deixe as crianças lembrarem as doenças ocorridas em casa nos últimos meses. Quem adoeceu? Que idade tinha? Quem cuidou deles quando estavam doentes (avós, pais, vizinhos, tios, crianças mais velhas)? Como era a doença? Como foi curada? As crianças podem programar uma reunião, convidando uma pessoa do Posto de Saúde, onde darão informações do que descobriram sobre as crianças doentes, e quais as pessoas da comunidade que prestam os cuidados primários de saúde. DESCOBRINDO A ESTÓRIA DA DOENÇA As crianças podem descobrir na comunidade, através das mães, quais as doen- ças mais comuns e perigosas na infância. Pode ser feita uma relação que mostre as doenças mais comuns, como diarréia, pneumonia, tuberculose, coqueluche, saram- po, verminose, problemas de pele e malária. Através das mães e outros adultos, elas podem descobrir como as doenças gra- ves começaram e se desenvolve. Como a doença começou? Que aconteceu depois dos primeiros dias? Como a doença foi tratada? A criança ficou curada? POR EXEMPLO: A Estória da tosse convulsa (Coqueluche) As crianças podem fazer uma série de contos e desenhos destas informações obtidas, como por exemplo: "A estória da pneumonia", "A estória da diarréia". Es- tes contos e gravuras podem ser lidos e mostrados para outras crianças na escola, em casa ou nos Postos de Saúde. O QUE AS CRIANÇAS PODEM FAZER EM CASA QUANDO OUTRA ESTÁ DOENTE Quando uma criança está doente, a família fica preocupada, os pais podem passar a noite em claro, ficando cansados durante o dia. Discutir com as crianças estes problemas que são comuns em casa. Os irmãos mais velhos podem ajudar seus pais a cuidar da criança doente. Deixe que as crianças pensem nas maneiras de ajudar seus pais, quando existe uma criança doente em casa, como por exemplo: trazendo água, preparando comi- da, cuidando dos irmãos menores, dando recados, etc. A criança doente precisa ter sempre alguém ao seu lado. Deixe que elas pen- sem o que fazer, para dar mais conforto à criança doente: - se a criança doente tem uma pequena dor, umedeça um pano limpo em água quente, esprema em seguida, coloque no local dolorido, pressionando um pouco para aliviar a dor; - assista a criança doente, contando estórias e cantando para ela; - deixe a criança doente deitada em lugar limpo, silencioso e arejado. Não dei- xe migalhas ou pequenos pedaços de comida na cama; - para crianças que estão muito doentes e não se movimentam na cama, é pre ciso mudá-las de posição regularmente, fazendo fricção ou massagens nos cotovelos, calcanhares e nádegas, evitando assim que se formem feridas nestas áreas. Deixe que elas contem e mostrem como ajudaram seus pais a cuidar de seu irmão doente em casa. As crianças mais velhas podem aprender a fazer coisas simples como estas: - dar líquidos - a criança doente precisa de bastante líquido para beber. Te nha certeza que ela bebe o suficiente. Prepare a mistura especial, usando uma medi da (tampa de garrafa) de açúcar e uma pitada de sal, para um copo de água fervida (a instrução para fazer esta mistura está no capítulo 6 "Como cuidar de crianças com diarréia"). - alimentar a criança doente que com freqüência não quer comer. Ela não sente fome, por causa da doença ou porque está muito fraca. A criança doente precisa se alimentar mais vezes em pequenas quantidades do que menos vezes em grandes quantidades. Dê a ela pouca comida, porém com freqüência. Prepare alimentos pas- tosos, sopas ou sucos, os quais sejam ricos em proteína e calorias, por exemplo feijão machucado (amassado), com ovos e pouco óleo e alguma coisa doce para comer. — cuidar da higiene do corpo e aliviar a febre — é importante dar banho na criança doente com água limpa, mesmo quando ela tem febre. Isto ajuda a baixar a temperatura, além de manter a higiene do corpo. Todas as roupas devem ser lavadas, evitando assim mais doenças. - limpar os olhos e a boca — em algumas doenças as crianças ficam com os olhos irritados. Algumas vezes, a falta de limpeza e pus acumulado causam danos para os olhos. A limpeza deve ser feita com água fervida a qual é esfriada, acrescen tando uma pitada de sal. Com freqüência a boca da criança fica ressecada e suja de vômito. Lavar a boca da criança com água limpa (e se a criança é pequena fazer a limpeza com um pano úmido). Se os lábios estão ressecados ou rachados, podem ser umedecidos com água, óleo ou manteiga de cacau. As crianças precisarão praticar estas atividades com a professora. Isto pode ser feito através de brincadeiras e jogos na escola - algumas crianças podem fazer de conta que estão doentes na cama, outras podem ajudar a cuidardelas. O pessoal da Saúde poderia permitir que as crianças mais velhas colaborassem no Posto, ou nas visitas domiciliares. APRENDENDO A RECONHECER OS SINAIS DE PERIGO DE UMA DOENÇA É importante que as crianças que cuidam de outras saibam quando a doença é grave, sendo capazes de reconhecer os sinais de perigo. Se estes sinais forem observa- dos, elas devem recorrer rapidamente a um adulto ou levar a criança doente ao Posto de Saúde. PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS Dificuldades respiratórias são freqüentes em doenças como bronquite, pneu- monia, etc. Elas podem ser graves em crianças pequenas e, se não forem tratadas imediatamente, podem levar à morte. Deixe as crianças observarem a diferença entre a respiração de uma criança que correu e outra que ficou parada. A criança que correu apresentará: — respiração rápida; — movimentação das asas do nariz; - movimentação da parte mais baixa do tórax; - pulsação mais rápida. Se estes mesmos sinais forem observados em outras menores que não corre- ram, procurar socorro o mais breve e rápido possível. FEBRE ALTA A febre alta pode causar danos para o cérebro. Este problema pode ocorrer em doenças tipo sarampo, pneumonia e outras. As crianças mais velhas podem aprender a reconhecer os sinais de febre alta. Elas podem ser treinadas para avaliarem sua própria temperatura e a de seus amigos, usando as costas das mãos para sentir a temperatura da testa. Elas podem discutir como a pele fica, quando alguém tem febre e comparar com a sua: — a pele fica muito quente ao tato; — o corpo pode apresentar movimentos musculares irregulares (espasmos); — a pessoa doente pode gemer e não saber o que está falando (delírio). Se as crianças observarem estes sinais em pessoa doente, devem comunicar a um adulto imediatamente. DESIDRATAÇÃO (PERDA D'ÁGUA) Se uma criança doente perde muita água de seu corpo, ela poderá morrer. Isto é comum em doenças como a diarréia. Se as crianças identificarem estes sinais de desidratação em menores, elas de- vem comunicar imediatamente a um adulto ou ao Posto de Saúde: Escassez ou ausência de urina Boca seca Olhos fundos, sem lágrimas Moleira funda ---------- FERIMENTOS INFECTADOS Perda da elasticidade da pele Se uma criança tiver um ferimento com mau cheiro ou bolhas, leve-a o mais cedo possível para o Posto de Saúde. Para que as crianças memorizem os sinais de advertência de uma doença grave, pode ser feito uma espécie de quebra-cabeça com cartas. Para isto é só juntar as car- tas e escrever o nome da doença em um lado e no outro o sinal que a identifica. AVALIANDO A ATIVlDADE Uma criança que cuidou do irmão doente pode contar sobre a doença e o que ela fez para ajudá-lo. Para avaliar o que as crianças aprenderam pode-se fazer uma competição. O que você faria se seu irmão tivesse: - febre; - diarréia; - desidratação; - ferimento infectado. As crianças podem realizar um levantamento simples, nas suas próprias famí- lias para verificar: Quem cuidou da criança, quando ela estava doente? As crianças poderiam ter um caderno de anotações para, no fim do ano, saber: Quem cuidou de criança doente? E de que modo elas colaboraram com o doente e com seus pais. OUTRAS ATIVIDADES As crianças podem aprender a preparar a mistura especial (vide capítulo 6). As crianças podem descobrir, através das pessoas mais velhas, os hábitos e cos- tumes relacionados com cuidados de saúde e transmitirem estas informações ao pes- soal da Saúde. Elas poderiam imaginar um jogo sobre os cuidados com uma criança doente e apresentar às outras crianças, às mães e a outras pessoas nos Postos de Saúde e lo- cais de reuniões. 8. BRINCANDO COM AS CRIANÇAS MENORES 8. BRINCANDO COM AS CRIANÇAS MENORES A IDÉIA Em qualquer lugar existem crianças que passam parte de seu tempo cuidando de seus irmãos menores. Esta atividade é tão importante quanto aquela que seus pais estariam desempenhando. Geralmente se diz para as crianças que cuidam das menores o que não deve ser feito — "Não deixe que ela chegue perto do fogo. Não deixe que ela se machuque". Mas raramente se diz o que se deve fazer. Uma criança que cresceu sem brincar, pode ser que não tenha condições de aprender corretamente o que lhe é ensinado. Esta atividade é para orientar as crianças maiores como brincar com as meno- res, de modo que elas cresçam inteligentes e ativas. QUEM INTRODUZ A ATIVIDADE? Esta atividade pode ser introduzida para as crianças mais velhas através de professores, pessoal da Saúde, líderes jovens, bem como pela imprensa e pelo rádio. Aqueles que introduzirem estas idéias para as crianças mais velhas deverão explicar para seus pais porque elas precisam brincar. Também é preciso conseguir apoio da comunidade para as crianças mais velhas que querem colaborar com os grupos de crianças-que-cuidam-de-outras. A ATIVIDADE A brincadeira e as crianças menores. Peça para as crianças observarem as menores em suas famílias. Discuta com elas como as menores brincam. O que elas fazem nas diferentes idades? O que faz com que elas movimentem suas mãos, suas cabeças e suas pernas? Como podemos proporcionar meios para que elas aprendam a fazer mais coi- sas? Aqui estão algumas maneiras. Deixe que as crianças dêem outras sugestões e que tentem entre si. OS NENÊS Eles precisam ser solicitados tanto quanto possível. É através do contato que eles aprendem. Os nenês gostam de olhar as coisas; por exemplo, a mão que se move vagarosamente na sua frente ou um objeto móvel pendurado acima de sua cama. Gostam que as pessoas brinquem com eles de esconde-esconde. Os nenês gostam de escutar. Eles gostam de ouvir o som produzido pelo cho- calho. Eles podem brincar com vagens secas que não se abrem com facilidade. Bater palmas fará com que eles se virem para descobrir de onde vem o som. Mas, o mais importante, é falar ou cantar para eles. Deveríamos sempre conversar com o nenê, estimulando-o a responder. Sua linguagem são os próprios sons que ele produz. A linguagem é talvez a coisa mais importante para um nenê aprender. AS CRIANÇAS APRENDENDO A ENGATINHAR Assim como nas outras atividades, a criança menor gosta de aprender a conhe- cer e brincar com as partes de seu corpo. Coloque-a de bruços para que possa se vi- rar. Ajude a criança a sentar. Coloque os objetos fora de seu alcance, para que ela tenha que engatinhar para pegá-los. Dê a ela colheres ou pedaços de madeira para bater em panelas ou latas, além de outras coisas para pegar e brincar. Sempre converse com ela, estimulando-a a imitar as palavras. AS CRIANÇAS APRENDENDO A ANDAR Ajude a criança a ficar em pé. Enquanto ela tenta andar, tome cuidado para que não caia. A criança gosta de ser balançada cuidadosamente. Passeie com ela, mostrando e falando a respeito das coisas que estão sendo vistas. Dê coisas para ela puxar e em- purrar. Enquanto a criança está sendo vestida, ensine-a para que comece a aprender a fazer isto sozinha. Assim ela vai aprendendo a falar o nome de suas roupas e o que está fazendo. Dê caixas de fósforos e latas com sementes e pedras para que elas brinquem. Assim as crianças poderão aprender a separar e contar. Elas gostam de brincar com caixas de papelão e de se esconder embaixo das cadeiras. AS CRIANÇAS EM IDADE PRÉ-ESCOLAR Nesta idade as crianças são muito ativas e aprendem com facilidade e por isto precisam ter oportunidade de participar de diferentes tipos de brincadeiras. As crianças mais velhas podem fazer isto,quando brincam com as menores. Deixe que as crianças mais velhas falem sobre as outras menores que conhe- cem, ou de quando elas eram pequenas. O que as crianças menores podem fazer em diferentes idades? O que elas gostam
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