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Avanço na Erradicação da Poliomielite - Angola, Janeiro 1998-Junho de 2002 Desde que a Assembléia Mundial de Saúde em 1988 resolveu erradicar a poliomielite, o número estimado de casos de pólio selvagem tem declinado >99% (1). A Angola começou as atividades para erradicação da pólio em 1996. Embora as ações para erradicação tenham sido dificultadas pela guerra civil durante 27 anos, a incidência de casos de pólio e a circulação geográfica do poliovírus em Angola têm diminuído substancialmente (2). A cessação das hostilidades em 4 de abril de 2002 apresenta uma nova oportunidade para alcançar as populações que têm sido inacessíveis e sub vacinadas previamente. Este relatório sumariza o progresso feito durante o período de janeiro de 1998-junho 2002 e exalta os desafios que restam para a erradicação da pólio em Angola. Vacinação de Rotina Durante o período de 1990-2000, a cobertura nacional notificada de crianças de 0-11 meses com três doses de vacina oral de vírus vivo (VOP3) variou de 21% a 45%. O inquérito de Agrupamento de Indicador Múltiplo realizado pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola estimou a cobertura de VOP3 em 63% entre as crianças de 12-23 meses. Atividades de Imunização Suplementar Desde 1996, os Dias Nacionais de Imunizações* têm sido realizados em Angola visando aproximadamente quatro milhões de crianças <5 anos. Duas etapas anuais foram realizadas durante 1996-1998, e três etapas anuais têm sido realizadas desde 1999. Embora o acesso às crianças em áreas de conflito foi limitado devido à guerra, os relatórios do Ministério da Saúde de Angola (MoH) indicam que o acesso melhorou durante 1999-2001; o número de municípios não acessíveis durante todas as três etapas do DNI diminuiu de 51 (31%) de 164 em 1999 para 24 (15%) em 2000 e para 10 (6%) em 2001. A partir de junho de 2000, uma estratégia de vacinação casa-a-casa foi implementada para localizar e vacinar as crianças. Etapas extras de Dias Sub-Nacionais de Vacinação† (DNIs) foram * Campanhas nacionais de vacinação em massa durante um curto período (dias a semanas) nos quais 2 doses de VOP são administradas a todas as crianças (usualmente <5 anos), independente da história vicinal, com um intervalo de 4-6 semanas entre as doses. † Mesmo procedimento dos DNIs, porém em uma área menor. Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho E-mail: edson.moura@saude.gov.br Em: 30/08/2002 2 organizados em áreas de alto risco em 2001 e 2002. Os DSNIs em maio de 2002 visaram 40 municípios com uma estimativa de 2,6 milhões de crianças <5 anos. O número notificado de crianças vacinadas foi 3,1 milhões, que incluíram crianças residentes em 28 campos para pessoas desalojadas internamente (IDPs) e cinco áreas de alojamento para antigos combatentes e seus familiares. Vigilância da Paralisia Flácida Aguda A Angola estabeleceu a vigilância para a paralisia flácida aguda (PFA) em 1997. A qualidade da vigilância da PFA é avaliada por dois indicadores estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS): sensibilidade de notificação (alvo: taxa de PFA não pólio de >1 caso por 100.000 crianças <15 anos por ano) e conclusão da coleta de amostra (alvo: duas amostras adequadas de fezes amostras adequadas de fezes de >80% de todas as pessoas com PFA). A Angola alcançou uma taxa de PFA não pólio de 1,2 em 1999 (Tabela). Até 30 de junho de 2002, a taxa de PFA não pólio foi 3,4 com 17 de 18 províncias notificando casos de PFA. A proporção de pessoas com PFA das quais duas amostras adequadas de fezes foram coletadas foi 66% durante 2001 e 89% durante o período janeiro-junho de 2002. A taxa de isolamento de enterovírus não pólio (alvo: >10%), um marcador para o desempenho laboratorial e a integridade da rede de frio reversa para transporte de amostras, foi 14% em 2000 e 22% em 2002. Tabela. Número de casos notificados de paralisia flácida aguda (PFA), número de casos confirmados de pólio, e indicadores chaves de vigilância, por ano – Angola, 1998-2002* Ano Nº de casos de PFA Nº de casos confirmados de poliovírus (confirmados laboratorialmente) Casos compatíveis com pólio Taxa de PFA não pólio† % de pessoas com PFA com amostras adequadas de fezes§ 1998 16 7 ( 3) - 0,1 56% 1999 1.176 1.103 (53) - 1,2 7% 2000 213 115 (55) - 1,6 55% 2001 149 1 ( 1) 10 2,0 66% 2002 100 0 0 3,4 89% * até 30 de junho de 2002. † Número de pessoas com PFA por 100.000 habitantes <15 anos; taxa mínima esperada é um caso de PFA não pólio por 100.000 por ano. § Duas amostras de fezes coletadas em um intervalo de ≥24 horas dentro de 14 dias do início da paralisia e enviada propriamente ao laboratório. Em 2001, a Angola mudou de um sistema de classificação virológica para um sistema de classificação clínica de caso de PFA (ou seja, apenas os casos de PFA com isolados de poliovírus selvagem são classificados como pólio confirmado); os casos de PFA nos quais a pólio paralítica não podem ser descartados são classificados como compatíveis com pólio. Em 2001, um total de 10 casos de PFA de cinco províncias foi classificado como compatível com pólio. Até 30 de junho de 2002, nenhum caso de PFA tem sido classificado como compatível com pólio. Incidência de Pólio Durante o ano de 1999, um surto de pólio em Angola afetou 1.103 crianças, com 53 casos confirmados virologicamente e 113 óbitos notificados (3,4). O surto foi causado primariamente pelo poliovírus selvagem tipo 3 (P3), embora o poliovírus Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho E-mail: edson.moura@saude.gov.br Em: 30/08/2002 3 selvagem tipo 1 (P1) também tenha sido isolado. Em 2000, a Angola notificou 55 casos de pólio, incluindo 52 casos com isolamento de P1 e três casos com isolamento de P3. Em 2001, um caso de pólio com isolamento de P1 foi notificado por Angola (Figura). Figura. Distribuição de isolados de poliovírus selvagem e casos de paralisia flácida aguda (PFA) – Angola e Zâmbia Ocidental, 2001. * Dia Nacional de Imunização Durante o ano de 2000, um surto de pólio com uma taxa de mortalidade alta (56 casos, 17 óbitos) ocorreu nas Ilhas de Cabo Verde (5). A análise de seqüência genética mostrou que o P1 isolado foi importado da Angola. Durante dezembro de 2001-fevereiro de 2002, cinco casos de pólio com isolamento de P3 foram detectados entre os refugiados no ocidente de Zâmbia. A análise de seqüenciamento genético mostrou que esses isolados estavam relacionados com as cepas de poliovírus selvagem anteriormente isoladas em Angola e República Democrática do Congo (RPC) durante o ano de 2000. Relatado por: Ministério da Saúde de Angola, Escritório no País da Organização Mundial de Saúde, Luanda, Angola. Escritório Regional da Organização Mundial de Saúde para a África, Harare, Zimbabwe. Departamento de Vacinas e Biológicos, Organização Mundial de Saúde, Genebra, Suíça. Div de Doenças Virais e Rickettsiais, Centro Nacional para Doenças Infecciosas; Divisão de Imunização Global, Programa Nacional de Imunização, CDC. Nota Editorial: Embora o conflito armado em Angola apresentou muitos desafios para a vigilância e as atividades de vacinação, os dados durante o período de janeiro de 1999-junho de 2002 indicam avanço substancial na interrupção da transmissão do poliovírus selvagem. Após o surto de 1999, o MoH, a OMS, e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) têm aumentado o número de equipes trabalhando na erradicação da pólio. Como resultado, a percentagem de amostras adequadas de fezes coletadas aumentou durante o últimotrimestre de 2001 para >80%, e a Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho E-mail: edson.moura@saude.gov.br Em: 30/08/2002 4 Angola tem atendido os padrões recomendados pela OMS da qualidade de vigilância durante o mês de junho de 2002. A cessação das hostilidades em Angola tem melhorado o acesso a áreas nunca antes cobertas pelas atividades suplementares de vacinação ou vigilância da PFA. A assistência emergencial é necessária para aproximadamente 800.000 pessoas residentes em áreas que se tornaram acessíveis recentemente e para aproximadamente 1,9 milhões de pessoas em áreas que estavam acessíveis anteriormente. Uma estimativa de 250.000 membros familiares têm sido resgatados em torno de 37 áreas de alojamento para antigos combatentes, e 200.000 IDPs estão vivendo temporariamente em centros de trânsito. Aproximadamente 80.000 de uma estimativa de 470.000 refugiados angolanos atualmente residentes em países vizinhos são esperados para retornarem para Angola (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Ações Comunitárias [OCHA], dados não publicados, 2002). O recente isolamento de poliovírus selvagem de cinco crianças não vacinadas de refugiados angolanos na Zâmbia ocidental exalta o potencial para circulação do poliovírus selvagem em áreas onde as crianças de refugiados e grupos IDP podem se reunir. As crianças sub-imunizadas em grupos móveis de alto risco devem ser visadas para a vacinação. Angola implementou etapas de DNI em junho, julho e agosto de 2002, sincronizou com etapas realizadas na RDC, República do Congo, Gabão, Zâmbia, Namíbia e São Tomé e Príncipe. Uma revisão da vigilância da PFA está agendada para outubro de 2002, seguida pelo primeiro encontro de um grupo consultivo técnico internacional para erradicação da pólio em Angola. Os planos futuros incluem expansão da vigilância da PFA e atividades de vacinação para incluir áreas e populações recentemente acessíveis. A interrupção da transmissão do poliovírus selvagem em Angola exigirá que a situação de segurança geral permaneça estável, a existência complemento de recursos financeiros e humanos sejam atendidas, a qualidade da vigilância seja melhorada, e os grupos de crianças de alto risco sejam vacinadas com êxito. A colaboração íntima entre o governo local e seus parceiros globais§ tem sido crítica na manutenção das atividades de erradicação em Angola e continuará a ser essencial. Referências 1. CDC. Progress toward global eradication of poliomyelitis, 2001. MMWR 2002;51:253-6. 2. CDC. Progress toward poliomyelitis eradication-Angola, Democratic Republic of Congo, Ethiopia, and Nigeria, January 2000-July 2001. MMWR 2001;50:826- 9. § As ações de erradicação da pólio em Angola são apoiadas pelo governo de Angola, reino Unido e Países Baixos; Fundação Bill e Melinda Gates, Fundação das Nações Unidas; Aventis Pasteur, DeBeers; Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); Rotary Internacional; a Agência Americana para Desenvolvimento Internacional, Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional; OMS; e CDC. Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho E-mail: edson.moura@saude.gov.br Em: 30/08/2002 5 3. Valente F, Otten M, Balbina F, et al. Massive outbreak of poliomyelitis caused by type-3 wild poliovirus in Angola in 1999. Bull World Health Organ 2000;78:339-46. 4. CDC. Outbreak of poliomyelitis-Angola, 1999. MMWR 1999; 48:327-9. 5. CDC. Outbreak of poliomyelitis-Cape Verde 2000. MMWR 2000;49:1070. Este documento traduzido trata-se de uma contribuição da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações – CGPNI/CENEPI/FUNASA/MS, a todos que se dedicam às ações de imunizações.
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