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2 . CULPABILIDADE 2018 COMPLETA


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SANÇÕES PENAIS
Profª Ms. Simone Schroeder
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CULPABILIDADE E PENAS 
 A CULPABILIDADE É UTILIZADA EM VÁRIOS SENTIDOS:
* PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE 
* PRINCÍPIO DA NÃO CULPABILIDADE 
*CULPABILIDADE COMO CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL
*CULPABILIDADE COMO ELEMENTO ANALÍTICO DO CRIME 
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PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE 
_ O CONCEITO É EMPREGADO COMO RESPONSABILIDADE PESSOAL 
_ POSTULADO DE POLÍTICA CRIMINAL
_ IMPEDE A RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA
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PRINCÍPIO DA NÃO CULPABILIDADE 
* SINÔNIMO DE PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
_ PRINCÍPIO DE CARÁTER PROCESSUAL
_EXIGE O TRÂNSITO EM JULGADO
OBS: STF 
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CULPABILIDADE COMO CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL
_ CIRCUNSTÂNCIA A SER CONSIDERADA NA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
_O JUIZ OBSERVA O GRAU DE REPROVABILIDADE DA CONDUTA DO RÉU 
_ QUANTO MAIS EXIGÍVEL UM COMPORTAMENTO DIVERSO CONFORME O DIREITO, MAIS REPROVÁVEL SERÁ A INFRAÇÃO PENAL 
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O CRIME SOB O ASPECTO ANALÍTICO
_FATO TÍPICO
_ILÍCITO
_CULPÁVEL
* Além da tipicidade e ilicitude, a punibilidade de um comportamento reclama a comprovação de que no caso concreto, era perfeita e razoável e exigível do seu autor um comportamento diverso, isto é, conforme o direito. 
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A CULPABILIDADE 
JUÍZO DE REPROVAÇÃO SOBRE O AUTOR DE UM FATO TÍPICO E ILÍCITO, EM RAZÃO DE SER LHE POSSÍVEL E EXIGÍVEL, CONCRETA E RAZOAVELMENTE, UM COMPORTAMENTO DIVERSO - ISTO É, CONFORME O DIREITO.
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COMO JUÍZO NEGATIVO DE IMPUTAÇÃO SUBJETIVA SOBRE O AUTOR 
De um fato típico – ilícito, a culpabilidade pressupõe:
* imputabilidade
* conhecimento potencial da ilicitude do fato
*exigibilidade de um comportamento diverso
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A CULPABILIDADE: 
Não é um pensamento nem um simples aspecto interno da pessoa, mas um elemento do fato - isto é, uma condição sine qua non ,fundada, mais que em razões utilitárias e éticas, na estrutura lógica da proibição, que implica na possibilidade material da realização ou não realização da ação, imputáveis à ação de um sujeito.
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A CULPABILIDADE EXIGE:
_ A REALIZAÇÃO DE COMPORTAMENTOS MAIS OU MENOS INCÔMODOS / DIFICEIS
_ NÃO PODE EXIGIR COMPORTAMENTOS HEROICOS 
_ SÓ SE PODE FALAR EM CULPABILIDADE QUANDO FOR POSSÍVEL E EXIGÍVEL UM COMPORTAMENTO DIVERSO.
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Elementos da culpabilidade: Segundo Luigi Ferrajoli, a culpabilidade é condição sine qua non do fato, fundada mais em razões éticas ou utilitárias, na estrutura lógica da proibição o que implica a possibilidade material da realização ou não realização da ação, imputáveis à atuação de um sujeito. A culpabilidade pressupõe elementos, tais como: IMPUTABILIDADE – CONHECIMENTO DA ILICITUDE DO FATO – EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA 
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Todavia, o CP não define o que é imputabilidade, mas chega-se ao conceito por via negativa, isto é, o que é Inimputabilidade – ART. 26 – 27 E 28 DO CP.
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Há três sistemas que para determinar a imputabilidade:
1º - O sistema biológico - Segundo o critério biológico existe a inimputabilidade se ocorrer alguma patologia mental, de desenvolvimento mental deficiente e de transtornos mentais transitórios patológicos ou não. (Prova de fator biológico - FRANÇA). 
2º - O sistema psicológico – Reconhece a inimputabilidade pelo psiquismo do agente ao tempo da conduta. Figueiredo Dias - Catedrático de Coimbra refere que o “ elemento psicológico da imputabilidade é a incapacidade de avaliar ilicitude do fato ou se determinar de acordo com essa avaliação”. 
3º O sistema biopsicológico - Une o critério biológico e psicológico – por isso, denomina-se de sistema misto. Para ele, a inimputabilidade sempre que existir um fato biológico e, em decorrência do fato biológico, existir também um fator psicológico, traduzido na situação do agente não conseguir compreender o caráter ilícito do fato, ou determinar-se com esse entendimento. 
Jorge de, Figueiredo Dias. Liberdade. Culpa. Direito Penal., 3º ed. Coimbra: 1993.p.194. Brandão, Claudio. Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p.222. 
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Segundo a CF, o art. 228 estabelece: “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas de direito especial”. 
Outro caso de inimputabilidade está presente no art. 26 do CP, que trata da doença mental ou do desenvolvimento mental incompleto ou retardado. 
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Nessa norma, o Direito adotou o critério biopsicológico . É necessária a ação de um processo biológico que altere, de modo permanente ou transitório, as funções mentais, determinando a perda ou suspensão de capacidade normal da consciência e vontade. Há a ação de um processo biológico (que são estado anômalos de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado) que impossibilita a compreensão do caráter ilícito do fato ou da determinação conforme esse entendimento (elemento psicológico).
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Algumas perturbações do psiquismo distanciam o sujeito do seu comportamento, possibilitando a falta de entendimento do caráter antijurídico de se atuar ou a falta de autodeterminação. 
São exemplos desses estados:
 a esquizofrenia,
 a depressão bipolar e os distúrbios obsessivo-compulsivos. 
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Mas o CP trouxe a imputabilidade diminuída no art. 26 parágrafo único do CP.
São aqueles chamados de fronteiriços, ou seja, que estão numa linha limítrofe, ou seja, por força do fator biológico (perturbação de saúde mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado), têm uma capacidade reduzida de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se com esse entendimento. 
Cerezo Mir refere que essa redução de capacidade dos semimputáveis pode ser tanto oriunda de um fato natural, quando da ação de um medicamento. Os indivíduos fronteiriços são imputáveis, mas gozam de uma causa obrigatória de redução da pena, que varia de um a dois terços. 
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EMOÇÃO e a PAIXÃO - A emoção é um estado de explosão afetiva, que não pode ser desvinculada da ideia de sentimento. 
A PAIXÃO é o estado prolongado da emoção. A atividade criminosa pode estar ligada tanto à emoção quanto à paixão. 
Se alguém mata outrem sob o domínio de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima ( art. 121 parágrafo 1º do CP, terá uma profunda perturbação em virtude de afetividade. 
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Em virtude da emoção sofrida, o sujeito é capaz de culpabilidade? 
O art. 28 inc. I diz: Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção e a paixão. Assim, a culpabilidade subsiste. Mas podem servir como causa de diminuição de pena – art. 121 parágrafo 1º CP e art. 65 III, “c” do CP. 
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Embriaguez - A embriaguez é a intoxicação aguda e transitória provocada por álcool ou por outra substância de efeitos análogos.
O fundamento da punibilidade de uma ação cometida em estado de embriaguez é a teoria de actio libera in causa ( ação livre na causa). Foi criada pelos práticos italianos, e se referia a princípio, àqueles casos onde o agente se embriagava para cometer a ação delituosa, ou seja, a embriaguez preordenada.
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Com sabido, a regra é que a imputabilidade seja aferida no momento anterior ao estado de embriaguez. 
Segundo esta teoria, se o sujeito imputável decide se embriagar ou culposamente se embriaga, deverá responder pelos atos praticados em estado de ebriedade. O CP, no art. 28 inc. II adotou a teoria de actio libera in causa. ,ao dispor: “Não excluem a imputabilidade penal: II- a embriaguez , voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos”
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A embriaguez voluntária é aquela onde o agente, com vontade livre e consciente, embriaga-se; a culposa é aquela “ decorrente da imprudência ou negligência de beber exageradamente e de não conhecer os efeitos reais do para cometer um crime. Na nossa realidade psicológica, há um mecanismo chamado de Freios inibitórios. 
É relevantediferenciar-se a embriaguez voluntária da preordenada. A embriaguez é um dos meios de se reduzirem os freios inibitórios e se adquirir, via de consequência, maior disposição para praticar um ato criminoso. Por isso, no nosso ordenamento jurídico, a embriaguez constitui circunstância agravante de pena. ( art. 61, II, Ido CP). 
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Como a embriaguez é um processo, ela se divide em várias fases, tendo em conta a intensidade da ação do álcool ou substância de efeitos análogos, que são:
1º - fase de excitação ( a partir de 0,8 g por ml de sangue)
2º fase da depressão (cerca de 3,0 g por ml de sangue) 
3º fase comatosa ( cerca de 4 a 5 g por ml de sangue) 
Na segunda fase a embriaguez é completa, que é a da depressão. Se a embriaguez é considerada completa na segunda fase, que é a de força maior, a imputabilidade do agente deverá ser excluída
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É o que dispõe o art. 28, parágrafo 1º do CP. – art. 28 § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 As formas de embriaguez, quer por caso fortuito, quer por força maior, são doutrinariamente chamadas de formas acidentais de embriaguez. Elas não são juridicamente reprováveis, por isso, as consequências advindas delas também não poderão servir como fundamento de uma reprovação pessoal do agente
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A embriaguez por força maior é aquela onde o sujeito é incapaz de resistir a uma força externa. Segundo Bitencourt, “ele sabe o que está acontecendo, mas não consegue impedir. Há uma embriaguez por força maior , por exemplo, quando “a” amarra B e o força, a ingerir substância alcóolica, até chegar a um estado de ebriedade. 
Por caso fortuito – é a embriaguez onde o agente ignora a natureza tóxica da substância que ingeriu, ou não tem condições de prever que dita circunstância, na quantidade ingerida, ou nas circunstâncias em que o faz, poderá provocar a embriaguez. Para a embriaguez por caso fortuito e força maior excluírem a imputabilidade, deve ter como consequência a não compreensão do caráter ilícito do fato, ou a impossibilidade de o sujeito comportar-se consoante esse entendimento.
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b) Conhecimento da ilicitude do fato: É o requisito da culpabilidade e diz respeito a possibilidade de o agente ter noção da contrariedade do fato ao direito. O agente imputável de um fato típico (doloso ou culposo) e ilícito precisa, ao realizar este fato, ter conhecimento ou, pelo menos, poder ter o conhecimento que seu fato era contrário ao direito, para que possa ser responsabilizado criminalmente.	
A consciência potencial da ilicitude é elemento normativo da culpabilidade. A consciência potencial da ilicitude pode decorrer do "dever de informar-se", no que tange às atividades regulamentadas, onde um conjunto de normas jurídicas estabelecem as condições e regras para o exercício de certas atividades. 
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A causa excludente da potencial consciência da ilicitude é o erro de proibição previsto no art. 21 do CP.
É sabido que uma vez publicada a lei no Diário oficial, a lei se torna conhecida por todos, ou seja, presume-se , podendo acarretar a exclusão de culpabilidade.
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Há três situações que merecem ser observadas:
1ª O agente, apesar de ignorar a lei, conhecia a reprovabilidade da sua conduta. (não configura erro de proibição – mas pode acarretar a atenuante de pena) 
 Ex: João, apesar de ignorar que o desrespeito ao hino nacional é contravenção penal, passa a achincalhar a letra, sabendo que seu comportamento é reprovado socialmente. 
2º O agente, apesar de conhecer a lei, ignora a reprovabilidade da conduta: Configura erro de proibição. Se inevitável, exclui a culpabilidade; e se evitável, reduz a pena. 
Ex: João mesmo sabendo que homicídio é crime, acredita que o tipo não alcança a eutanásia.
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3º O agente ignora a lei e a ilicitude do fato: configura-se erro de proibição. 
Se inevitável, exclui a culpabilidade; se evitável, reduz a pena.
 Ex: João fabrica açúcar em casa, não imaginando que seu comportamento é reprovável, muito menos previsto como crime previsto no art. 1 do Decreto/lei- art. 16/66 
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 Há dois erros de proibição: 
Direito e indireto
No erro de proibição direto: O agente se equivoca quanto ao conteúdo de uma norma proibitiva, ou porque ignora a existência do tipo penal incriminador, ou porque não conhece completamente o conteúdo ou porque não entende o seu âmbito de incidência. 
No erro de proibição indireto: O agente sabe que a conduta é típica, mas supõe presente uma norma permissiva, ora supondo existir uma causa excludente da ilicitude, ora supondo estar agindo dentro dos limites da discriminante.
Ex: A traído pela mulher, acredita estar autorizado a matá-la para a defesa de sua honra. 
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c) Exigibilidade de comportamento diverso: 
Noção: para a reprovação da conduta, não basta que o agente seja imputável e tenha cometido o fato com a consciência da ilicitude. É necessário que o agente, nas circunstâncias do fato, pudesse e devesse agir de modo diferente, em conformidade ao direito.	A exigibilidade refere-se ao agente concreto, quanto a um fato concreto, em circunstâncias concretas.	Intensidade da culpabilidade: a maior ou menor exigibilidade se presta à graduação da culpabilidade. Não se pode censurar da mesma forma que pratica um furto para pagar débitos e o que o faz para se entregar a orgias. É maior a exigibilidade de não se praticar um crime doloso do que um culposo (a própria lei procura intimidar mais com a pena do crime doloso do que com a do culposo). 	
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No art. 22 do CP – “ Se o fato é cometido por coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor de coação ou da ordem - QUEM AGIU SEM LIBERDADE NÃO PODE SER CASTIGADO.
A coação irresistível está prevista no art. 22, 1º parte do CP. Os requisitos são: a) Coação moral – ameaça de um mal - vis compulsiva) e não à coação física (vis absoluta). 
A coação física, o coator coordena os movimentos do coagido e, quando irresistível, representa a hipótese de excludente da conduta, elemento do fato típico.
 b) Não pode subtrair-se, mas apenas sucumbir ante a violência moral. DA COAÇÃO - Aquela do oprimido, do coato, daquele que tem medo.
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* Se a coação for irresistível 
Coator: Responde, como autor pelo crime praticado pelo coagido+ crime de tortura.
Coagido: Isento de pena por inexigibilidade de conduta diversa.
 
* Se a coação for resistível
 Coator: Responde, também, pelo crime praticado pelo coagido + agravante do art. 61 inc. II do CP
Coagido: Responde pelo crime praticado + atenuante do art. 65 inc. III, “c” do CP
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Obediência Hierárquica
 A segunda causa excludente da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa é a OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA .
A ORDEM ILEGAL , POR SUA VEZ NÃO DEVE SER EXECUTADA. No entanto há a ordem ilegal, mas com aparência de legalidade. O inferior hierárquico. Ao executá-la, equivoca-se diante das aparências. 
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REQUISITOS DA OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA:
ORDEM DE SUPERIOR HIERÁRQUICO – detentor de função pública dirigida a um agente público inferior. ( ação ou abstenção)
ORDEM NÃO SEJA MANIFESTAMENTE ILEGAL - A ordem deve ter aparência de legalidade, induzindo o subordinado ao erro, que acaba por executá-la.
ESTRITA OBSERVÂNCIA DA ORDEM -O subordinado não pode se exceder na ordem recebida, sob pena de responder pelo excesso. 
 
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Seguindo o magistério de Welzel, uma vez configuradas a imputabilidade e a possibilidade de conhecimento do injusto, fica caracterizada materialmente a culpabilidade, o que não quer dizer, no entanto, que o ordenamento jurídico-penal tenha de fazer a reprovação de culpabilidade.Em determinada circunstância, poderá renunciar a dita reprovação e, por consequência, exculpar e absolver o agente. Efetivamente, o conhecimento do injusto, por si só, não é fundamento suficiente para a reprovar a resolução de vontade. Isto somente poderá ocorrer quando o autor, numa situação concreta, poderia adotar sua decisão de acordo com este entendimento. Ou seja, da possibilidade concreta do autor, capaz de culpabilidade, de poder adotar a sua decisão de acordo com o conhecimento do injusto. 
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Inexigibilidade de conduta diversa como dirimente
	Natureza jurídica: dirimente (ou causa de exclusão da culpabilidade).
	Causa legal de inexigibilidade de conduta diversa: coação moral irresistível (art.22, 1ª figura, CP). Há vários autores que incluem a obediência hierárquica (art.22, 2ª figura, CP) como hipótese de inexigibilidade de conduta diversa.
	Noção: a inexigibilidade supõe a ocorrência de algo que exceda a natural capacidade humana de resistência à pressão dos fatos.
	Causa supralegal de inexigibilidade de conduta diversa: a doutrina se divide na aceitação da inexigibilidade de conduta diversa como causa genérica de exclusão da culpabilidade. Muitos admitem apenas as causas legais (a coação moral irresistível e a obediência hierárquica). Nessa linha de raciocínio, poderíamos ter como causas supralegais de exculpação: a) estado de necessidade exculpante; b) excesso de legítima defesa exculpante. O Superior Tribunal de Justiça tem admitido a tese das causas supralegais de exclusão da culpabilidade.
 
	
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C) Coação moral irresistível
	Definição de coação: emprego de força física ou de grave ameaça para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa.
	Espécies de coação:
	a) coação física (vis compulsiva): emprego de força física;
	b) coação moral (vis relativa): emprego de grave ameaça.
	Espécies de coação moral:
	a) irresistível: o coato não tem condições de resistir;
	b) resistível: o coato tem condições de resistir.
	Conseqüências da coação:
	a) coação física: exclui a conduta e, conseqüentemente, o fato não é típico;
	b) coação moral irresistível: exclui a culpabilidade;
	c) coação moral resistível: o agente é culpável, há crime, mas o agente pode ser beneficiado com atenuante genérica (art.65, III, c, 1ª parte, CP).
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CULPABILIDADE E EVOLUÇÃO: 
CULPABILIDADE E A TEORIA CAUSALISTA DA AÇÃO:
A CULPABILIDADE CONSISTIA NA RELAÇÃO PSICOLÓGICA ENTRE A CONDUTA E O SEU AGENTE, OU PARA EXPRESSÁ-LA COM PALAVRAS DE Von Liszt.
 A CULPABILIDADE SERIA A LIGAÇÃO SUBJETIVA ENTRE ATO E AUTOR. 
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NO CAUSALISMO: 
A CONDUTA SE DIVIDIA EM DUAS PARTES:
 UMA EXTERNA – ANTIJURIDICIDADE – DE CARÁTER OBJETIVO
OUTRA INTERNA – A CULPABILIDADE, DE NATUREZA SUBJETIVA ( dolo e culpa ou seja, todo o subjetivismo)
A culpabilidade na teoria causalista era formada pela : a)imputabilidade e 
b)dolo e culpa em sentido estrito. 
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Concepção normativa da culpabilidade:
Para ser culpável não basta como assinala Assis Toledo, que o fato seja doloso ou culposo; é preciso que; além disso, seja censurável o autor. 
 O dolo e a culpa deixam de ser espécies de culpabilidade e passam a ser elementos dela. 
A culpabilidade enriquece com novos elementos - o juízo de censura que se faz ao autor do fato e, como pressuposto deste, a exigibilidade de conduta conforme a norma.
Segundo a concepção normativa, a culpabilidade constitui-se dos seguintes elementos: a) imputabilidade – b)dolo e culpa – c) exigibilidade de conduta diversa; isto é, conforme o direito.
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Culpabilidade segundo a doutrina finalista: concepção normativa pura -
Com o advento do finalismo, o dolo e a culpa se deslocariam para a tipicidade. A culpabilidade, conforme a percepção finalista, significa assim, a possibilidade de o agente atuar, concretamente segundo o direito. E tal possibilidade deixaria de existir sempre que o autor fosse inimputável, desconhecesse o caráter antijurídico do fato ou sofresse coação moral irresistível. Assim, a concepção normativa pura pressupõe: a) imputabilidade, b) a potencial consciência da ilicitude; c) a possibilidade e exigibilidade de conduta diversa. Assim, o dolo e a culpa passam a integrar a tipicidade. Segundo Welzel, criador da doutrina finalista, pressupõe que a culpabilidade , segundo o finalismo, pemite dizer que o autor atua, concretamente, segundo o direito. E tal possibilidade, deixara de existir sempre que o autor fosse inimputável, desconhecesse o caráter antijurídico do fato ou sofresse coação moral irresistível. Assim, o dolo e a culpa passam para a tipicidade. 
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