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farmacologia Interações medicamentosas

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Interações medicamentosas
 
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Maria Clara Tabosa – Odontologia UPE
Maria Clara Tabosa – Odontologia UPE
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INTRODUÇÃO
 Apesar de a terapêutica medicamentosa atual incluir muitos fármacos que isoladamente são eficazes em muitas doenças, ainda é muito comum a prescrição de dois ou mais fármacos, simultânea ou sequencialmente administrados.
 Interações podem ocorrer também entre fármacos e outras substâncias químicas presentes no ambiente e, até mesmo, entre medicamentos e alimentos. Outro aspecto a considerar são as interações com plantas medicinais usadas como fitoterápicos.
 Como decorrência das interações medicamentosas, duas alternativas podem ocorrer:
1.Indiferentismo farmacológico: quando cada um dos fármacos associados age independentemente. Pode ser de interesse verificar que um produto não interfere com outro, quando em uso concomitante.
2.Interação farmacológica: em razão da administração concomitante de dois fármacos ou mais, produz aumento ou redução de efeitos de ao menos um deles (interação quantitativa). Isso pode resultar em efeitos terapêuticos aumentados ou efeitos adversos tóxicos, de um lado, ou em perda da sua eficácia. Se a alteração for qualitativa, a resposta farmacológica é completamente diversa. O efeito próprio do fármaco pode aumentar (sinergia), diminuir (antagonismo parcial) ou cessar (antagonismo total e antidotismo).
 Tanto antagonismos como sinergias põem ser benéficos ou absurdos, inúteis e prejudiciais, constituindo-se em frequente causa de aumento de riscos para o paciente.
 Interações benéficas justificam a utilização de associações medicamentosas para aumentar a eficácia (sinergia) ou corrigir algum efeito indesejável (antagonismos – efeito corretivo e antidotismo).
 Interações nocivas produzem efeitos adversos (sinergias ou antagonismos) ou diminuem a eficácia de um ou ambos os agentes envolvidos (antagonismo).
 A incidência geral de interações indesejadas é relativamente pequena quando se considera a alta prevalência da polifarmácia. Ela aumenta proporcionalmente o número de fármacos prescritos, sobretudo em associações de doses fixas entre fármacos com potencial de risco maior. Outras interações determinam perda de eficácia em um dos agentes associados.
 A maior propensão para interações adversas evidencia-se em idosos, insuficientes renais, hepáticos, cardíacos, pacientes com hipotireoidismo, epilepsia grave, asma aguda e diabetes descompensado. 
 Para evitar interações indesejáveis em idosos, melhor não prescrevê-las, a menos que o benefício clínico demonstrado suplante o risco.
 Há interações que são negadas pelo paciente, na medida em que omitem os fármacos associados, como contraceptivos orais, medicamentos para disfunção erétil e álcool, além de chás de plantas medicinais, que muitas vezes não são considerados como medicamento pelos pacientes.
 Adams avaliou o emprego simultâneo de medicamentos e álcool em idosos, mostrando que há potenciais interações nocivas, mesmo com doses moderadas de bebidas.
 Um cuidado importante é a utilização da denominação genética de fármacos, o que facilita a identificação de interações medicamentosas previamente ocorridas.
 As consequências clínicas de uma interação farmacológica são variáveis de um indivíduo para outro. Assim, a monitorização de potenciais interações constitui uma das formas de controle dos riscos potenciais.
CLASSIFICAÇÃO
 Interações farmacêuticas, também chamadas de incompatibilidade medicamentosa, ocorrem in vitro, antes da administração no organismo, quando se misturam dois ou mais deles. Devem-se as reações físico-químicas que resultam em diminuição de atividade ou inativação de um ou mais fármacos associados, formação de um novo composto ou aumento da toxicidade de um ou mais fármacos em mistura.
 Essas reações podem exteriorizar-se por precipitação, turvação, floculação, formação de cristais, opalescência, mudança na consistência e alteração da cor na mistura. A ausência dessas alterações não garante a inexistência de interação.
 As interações farmacêuticas podem ser mediadas ou retardadas. Há fatores que afetam a compatibilidade entre substâncias, tais como estrutura espacial da molécula, sistema de veiculação, natureza de soluto, solvente e continente, pH do meio, constante de dissociação do fármaco, solubilidade, concentração, temperatura, luminosidade, existência de veículos, excipientes, tampões, estabilidade dos demais solutos e tempo de contato entre compostos.
 Vale salientar que dois fármacos podem ser incompatíveis in vitro e sinérgicos dentro do organismo, desde que tenham sido administrados separadamente.
 Interações farmacocinéticas podem ocorrer durante os processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção. A absorção oral pode ser aumentada ou diminuída, acelerada ou retardada, dependendo de fatores relativos a fármaco e sistemas de veiculação, ou relacionados ao organismo. Também pode haver formação de complexos insolúveis e não-absorvíveis e competição pelos mecanismos de transporte intestinal. Provavelmente, a interação que mais retarda a absorção de alguns fármacos é provocada pelo efeito inespecífico de algum alimento no estômago. No entanto, a presença de alimentos pode ser benéfica, como minorando a irritação digestiva induzida pelo fármaco.
 O uso concomitante de antibióticos de amplo espectro e contraceptivos orais pode interferir na absorção destes, por alteração da flora bacteriana intestinal, resultando em gestações indesejadas.
 A distribuição de um fármaco pode ser afetada por outro que altere o fluxo sanguíneo ou a capacidade de ligação a proteínas plasmáticas e teciduais. Se dois fármacos competem pelos mesmos sítios de ligação nas proteínas, o de menor afinidade é deslocado, aumentando sua fração livre no plasma. Como esta é a que se difunde ao sítio-alvo e demais tecidos, as consequências clínicas podem ser: aumento da intensidade do efeito esperado (toxicidade) e menor duração do efeito pela rápida chegada aos tecidos ativos e emunctórios.
 No que se refere à biotransformação, um fármaco pode induzir ou inibir enzimas hepáticas metabolizadoras de outro, acarretando modificações na quantidade disponível da forma ativa. A indução enzimática ativa o metabolismo, diminuindo a eficácia do fármaco afetado. Os efeitos de tal interação podem aparecer semanas após, tempo requerido para que a indução se desenvolva plenamente. Já a inibição do metabolismo induz a permanência do fármaco em forma ativa no organismo, podendo ocorrer acúmulo de toxicidade.
 Em situações de polifarmácia, a imbricação dos mecanismos de indução/inibição dos múltiplos fármacos envolvidos pode agudizar a doença.
 Interações podem acelerar ou retardar a excreção, mediante alterações de pH urinário, fluxo plasmático renal e capacidade funcional do rim. É comum a competição entre fármacos pelos mecanismos de transporte tubular renal.
 Interações farmacodinâmicas ocorrem nos sítios de ação dos fármacos, envolvendo os mecanismos pelos quais os efeitos desejados se processam. O efeito resulta da ação dos fármacos envolvidos no mesmo receptor ou enzima. Um fármaco pode aumentar o efeito do agonista por estimular a reatividade de seu receptor celular ou inibir enzimas que o inativam no local de ação. Outra forma de sinergia consiste na atuação em diferentes pontos de uma mesma rota metabólica. A diminuição de efeito pode dever-se a competição dos fármacos no mesmo receptor celular (antagonismo competitivo) ou modificação conformacional do receptor que não reconhece mais o agonista (antagonismo não competitivo).
 Interações de efeito ocorrem quando os fármacos associados exercem efeitos similares ou opostos sobre mesma função do organismo, sem interagir diretamente um sobre o outro.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSASConstituem vantagens das sinergias: aumento da eficácia terapêutica; redução de efeitos tóxicos, mediante uso de menores doses de fármacos associados; obtenção de maior duração de efeito pelo impedimento da excreção do fármaco; combinação de latência curta com duração prolongada; impedimento ou retardo de surgimento de resistência bacteriana; impedimento ou retardo de emergência de células malignas; aumento de adesão a tratamento por facilitação do esquema e inibição da multiplicação viral
 Antagonismos também são úteis quando se deseja anular o efeito indesejável de certo fármaco (efeito corretivo) ou inativar composto causador de intoxicação (antidotismo químico).
 As desvantagens consistem na somação de efeitos indesejáveis quando os fármacos associados têm o mesmo perfil toxicológico. 
 Associações de doses fixas apresentam desvantagens como dificuldades de ajustes de dose e detecção do agente responsável por eventual reação adversa. Além disso, têm o maior custo. Sua única justificativa seria a de facilitar a adesão do tratamento. É importante salientar que as associações fixas devem conter fármacos com farmacocinéticas compatíveis.
 A associação de fármacos não deve ser usada para encobrir ou contrabalancear a falta de diagnóstico acurado.
MANEJO DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
 A suspeita de ocorrência de interação medicamentosa não-intencional e potencialmente danosa deve ensejar a suspensão dos fármacos envolvidos. Para evitar a ocorrência de tal problema, um conjunto de ações podem ser tomadas pelo prescritor: 
 Realizar cuidadosa anamnese do paciente, incluindo medicamentos em uso, os recentes suspensos, os produtos fitoterápicos e os complementos alimentares, bem como fatores de risco
 Evitar regimes terapêuticos complexos
 Determinar a probabilidade de ocorrência de interações importantes 
 Sugerir caminho terapêutico alternativo quando há possibilidade de interação importante 
 Instruir o paciente quanto aos intervalos corretor entre administrações dos medicamentos, devendo o intervalo ser o maior possível 
 Efetuar o seguimento do paciente, de forma a evitar, mitigar ou contornar os efeitos indesejáveis da interação medicamentosa

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