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Iatrogenia em Idosos

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CONCEITOS 
Iatrogenia é todo prejuízo provocado a um paciente 
por omissão ou ação dos profissionais de saúde, mesmo 
que a intervenção tenha sido bem indicada e realizada 
adequadamente. 
eventos não intencionais que resultam em dano, 
complicações, incapacidade, aumento do tempo de 
internamento e morte, os quais resultam de cuidados e 
gerenciamento de saúde, e não da doença de base. 
(tratado de geriatria). 
passou a ser considerada uma das síndromes geriátricas 
sua definição difere de erro médico, que consiste no 
dano provocado ao paciente por ação ou inação do 
médico, no exercício da profissão, sem a intenção de 
cometê-lo. Há três possibilidades de causar o dano e 
suscitar o erro: 
■Negligência: não fazer o que deveria ser feito 
■Imprudência: fazer o que não deveria ser feito 
■Imperícia: fazer de forma inadequada o que deveria 
ser bem feito. 
Um erro médico sempre caracteriza iatrogenia, mas 
nem toda iatrogenia consiste em erro médico. 
por causa da natureza multidisciplinar do atendimento 
ao idoso, o conceito de iatrogenia também pode ser 
estendido a outros profissionais da área de saúde. Por 
exemplo, um paciente que está realizando fisioterapia 
e cai e fratura o braço ou outro que fez uma sondagem 
de alívio e desenvolve hematúria são casos de 
iatrogenias cometidas por profissionais da área de 
saúde que não são médicos. 
A iatrogenia de ação é aquela que ocorre pela ação 
do profissional, passando pelo diagnóstico e pela 
terapêutica, até a prevenção. Já a iatrogenia de 
omissão ocorre em decorrência da falta de ação do 
profissional, em qualquer fase do atendimento ao 
paciente, seja de diagnóstico, tratamento ou 
reabilitação. 
→As condições mais comumente associadas com a 
iatrogenia de ação ocorrem na relação médico-
paciente, nas reações adversas a drogas e nas 
complicações de procedimentos diagnósticos e 
terapêuticos. Quedas, distúrbios hidroeletrolíticos, 
infecções nosocomiais, úlceras por pressão e traumas 
são outros exemplos de condições iatrogênicas que 
podem ocorrer no paciente idoso 
EPIDEMIO 
→ O envelhecimento aumenta a prevalência de 
multimorbidade e, consequentemente, do aumento no 
 
 
 
consumo de fármacos. Torna-se lógica a expectativa de 
serem encontradas maiores reações adversas e/ou 
interações medicamentosas nessa faixa etária. 
→ A literatura mostra grande variação na incidência de 
iatrogenia (6 a 65%) na população de pacientes idosos 
hospitalizados; 
- Aqueles com 65 anos de idade ou mais apresentam 
risco duas vezes maior de sofrer iatrogenia durante a 
internação do que os pacientes entre 16 e 44 anos. 
-9 a 23% dos idosos internados que sofreram iatrogenia 
apresentaram comprometimento funcional importante, 
e 5 a 13% evoluíram para óbito durante a internação. 
→ 5 a 78% dos idosos estão sujeitos à polifarmácia, 13 a 
58%, a interações medicamentosas, e 2,9 a 38,5%, a 
prescrições médicas impróprias, o que resulta em custos 
de saúde maiores, morbidade, internações hospitalares 
e mortalidade. 
Em estudo epidemiológico com população idosa de 
São Paulo, constatou-se que a maioria (72%) usava 
algum medicamento de forma crônica, com média de 
dois fármacos/dia; 54% utilizavam algum medicamento 
cardiovascular; 21%, algum medicamento relacionado 
ao trato alimentar e ao metabolismo; e 18%, drogas 
para o sistema nervoso. A polimedicação foi observada 
em 32% desses idosos. 
FATORES DE RISCO 
■Idade= A população brasileira vem envelhecendo 
rapidamente. As estimativas para os próximos 20 anos 
indicam que a população idosa poderá exceder 30 
milhões de pessoas ao final desse período, chegando a 
representar qua-se 13% da população.1 Nessa faixa 
etária, há um aumento da incidência de doenças 
agudas e crônicas, com incremento do uso de 
medicamentos, consultas médicas mais frequentes, 
solicitação de mais exames complementares e maior 
número de realização de procedimentos e de 
internações hospitalares. Todos esses fatores aumentam 
o risco de iatrogenia. 
A população idosa tem maior risco de apresentar danos 
decorrentes de intervenções médicas do que a 
população mais jovem, por causa de fatores próprios 
do envelhecimento e também de fatores externos 
(relacionados ao cuidado). 
- Fatores de risco intrínsecos são aqueles relacionados a 
idade avançada, reserva cognitiva e funcional 
diminuída, múltiplas doenças e alterações decorrentes 
do envelhecimento associadas a absorção, 
distribuição, metabolismo, excreção e alteração na 
sensibilidade dos receptores aos medicamentos 
prescritos. 
Iatrogenia 
 Pacientes com baixa reserva cognitiva podem 
ter dificuldade de recordar novas instruções ou 
apresentar adesão inadequada por não terem 
entendido as instruções ou por não se lembrarem delas, 
o que facilita o risco de danos à saúde desses indivíduos. 
A baixa reserva funcional faz com que o paciente esteja 
mais vulnerável a agravos à sua saúde. Pacientes com 
limitação visual têm dificuldade para ler rótulos de 
medicamentos, podendo utilizá-los de forma errada; do 
mesmo modo, a limitação auditiva traz dificuldade na 
compreensão de instruções ou na comunicação com o 
profissional de saúde. 
■Número de comorbidades= A presença de múltiplas 
doenças faz com que o indivíduo muitas vezes esteja 
polimedicado, o que aumenta a possibilidade de 
interação entre as drogas. As interações doença-
fármaco também podem ocorrer, por exemplo, 
quando as drogas para pacientes com insuficiência 
cardíaca têm distribuição diminuída ou em pacientes 
desnutridos, nos quais há aumento da 
biodisponibilidade de drogas. 
 existência de vários profissionais de 
especialidades diferentes atuando no mesmo paciente 
ao mesmo tempo; 
■Complexidade das patologias= apresentação atípica 
de doenças que leva o profissional de saúde a 
subdiagnosticar condições potencialmente graves e a 
hospitalização. 
 
■Fragilidade 
■Polifarmácia= consiste no uso de 5 ou mais drogas ou 
no uso de duas ou mais drogas que não tenham 
utilidade clínica. 
 a polifarmácia aumenta a probabilidade de 
pacientes não aderirem ao regime medicamentoso. A 
não adesão aos medicamentos contribuiu com até 20% 
das RAMs em um cenário ambulatorial. Uma série de 
fatores pode contribuir para a não adesão ao 
tratamento→ Para um paciente hipotético com 
doença pulmonar obstrutiva crônica, diabetes tipo 2, 
osteoporose, hipertensão e osteoartrite, as diretrizes 
requerem 12 medicamentos com múltiplos regimes de 
dosagem diária. Além disso, a prescrição de um 
medicamento pode ser mais fácil do que intervenções 
que consomem mais tempo, como modificação do 
estilo de vida ou tratamentos não farmacológicos. No 
entanto, os pacientes podem ser menos propensos a 
aderir aos medicamentos quando o regime de 
tratamento cresce de forma cada vez mais complexa. 
 
■Tempo de internação 
■Gravidade da doença no momento da internação e 
funcionalidade 
■Maior frequência de procedimentos diagnósticos e 
métodos terapêuticos mais agressivos e sofisticados 
■Uso de medicamentos inadequados 
■Alterações na farmacocinética e na farmacodinâmica 
das medicações. 
→ A absorção de medicamentos em idosos 
parece estar pouco afetada, apesar de haver 
diminuição da superfície absortiva, aumento do pH gás-
trico, diminuição da motilidade gastrointestinal e 
redução do fluxo sanguíneo esplâncnico. 
→ O metabolismo hepático está alterado no idoso 
por diminuição da massa hepática e do fluxo sanguíneo 
hepático, bem como pelo declínio no metabolismo de 
primeira passagem, de modo que ocorre a catalização 
por enzimas do citocromo P450. 
***Metabolismo de primeira passagem: quando um 
medicamento é ingerido e absorvido, ele passa pelo 
fígado, pela veia porta e pelas veias hepáticas antes de 
entrar na circulação sistêmica propriamente. A 
biotransformação na mucosa do trato gastrintestinal e 
no fígado, na primeira passagem, chama-se extração 
pré-sistêmica.Algumas drogas são de alta extração e 
apresentam maior biodisponibilidade após a primeira 
passagem, como neurolépticos, ISRS, buspirona e 
benzodiazepínicos (triazolam e midazolam). Com a 
idade, há redução na capacidade oxidante 
microssomal hepática, prejudicando essa primeira 
extração dessas drogas em comparação ao que 
acontece com o paciente jovem. No caso do 
midazolam e do triazolam, que têm meia-vida curta, o 
resultado clínico pode ser um efeito maior de sedação 
induzido pela droga. O clearance hepático de drogas 
de baixa extração, como a maioria dos 
benzodiazepínicos, depende das enzimas hepáticas, 
cuja atividade controla uma série de transformações 
que terminam por inativar a droga e prepará-la para a 
eliminação. 
→ A distribuição das drogas é afetada por vários 
fatores relacionados com o envelhecimento. Há 
diminuição da água corporal total, com subsequente 
redução do volume de distribuição de drogas 
hidrofílicas; ocorre diminuição da massa magra, com 
queda da albumina, em muitos casos acarretando 
alteração na fração de droga livre no plasma e 
aumento do risco de intoxicação; e observa-se também 
aumento da gordura corporal, levando ao aumento do 
volume de distribuição de drogas lipossolúveis. 
→ A excreção renal é a principal forma de 
eliminação das drogas e está diminuída 
consideravelmente no idoso, sendo que a análise do 
clearance de creatinina é a maneira mais adequada 
de se avaliar a função renal do idoso e fazer ajuste de 
drogas diminuindo seu potencial tóxico. 
→ Além de alterações na farmacocinética, também 
ocorrem alterações farmacodinâmicas, como 
alterações na sensibilidade e afinidade dos receptores, 
além de alterações nos mecanismos de homeostase, 
como aumento da sensibilidade das drogas no sistema 
nervoso central e diminuição dos mecanismos 
termorregulatórios. 
 
CASCATA IATROGÊNICA 
O aparecimento de novos sinais e sintomas no paciente 
idoso deve sempre ser considerado consequência da 
terapêutica habitual, e não uma nova doença. 
Medicar de forma sintomática pode levar a um 
fenômeno designado “cascata iatrogênica”, com 
potenciais efeitos deletérios para o doente. 
Todo sinal ou sintoma de instalação subsequente ao 
início de novo medicamento ou ao aumento de dose 
deve levantar a suspeita de ser de causa 
farmacológica. Anti-hipertensivos, diuréticos e 
hipnóticos podem, por exemplo, provocar hipotensão 
ortostática e/ou quedas e induzir à progressiva 
imobilidade. Outras circunstâncias, como o consumo 
excessivo ou a retirada abrupta de fármacos, 
contribuem constantemente para o desenvolvimento 
de estados confusionais agudos, como no caso dos 
benzodiazepínicos. 
Deve-se pensar em efeito adverso de medicamentos 
quando o paciente idoso apresentar, de forma aguda 
ou subaguda, declínio funcional, confusão mental, 
déficit cognitivo, distúrbios comportamentais, sintomas 
depressivos, queixas de tonturas, alterações da marcha 
e do equilíbrio, quedas repetidas, incontinência urinária 
e/ou fecal. As síndromes extrapiramidais também estão 
relacionadas com o uso de medicamentos e a sua 
ocorrência é mais comum em idosos. 
No Brasil, o processo conhecido como cascata 
iatrogênica é utilizado para descrever a situação em 
que o efeito adverso de um fármaco é interpretado 
incorretamente como nova condição médica que 
exige nova prescrição, sendo o paciente exposto ao 
risco de desenvolver efeitos prejudiciais adicionais 
relacionados ao tratamento potencialmente 
desnecessário. 
 
TIPOS DE IATROGENIA 
➔ Diagnóstica: 
-Resultante de procedimentos: 
Demora na realização de exames diagnósticos, 
com internação prolongada; 
Insuficiência renal aguda por uso de contraste 
iodado 
Desidratação durante preparo para 
colonoscopia 
•Resultante de erro diagnóstico: 
Demora em identificar um estado de delirium 
Colonoscopia desnecessária 
aspiração de conteúdo gástrico na indução 
anestésica 
 infecção na ferida operatória ou no local de 
punção terapêutica 
 aparecimento de quadro de delirium, 
hipotensão arterial e/ou tontura na tentativa de realizar 
fisioterapia em paciente acamado há muitos dias 
 arritmias induzidas por procedimentos invasivos 
ou fármacos 
➔ Terapêutica: 
•Resultante de procedimentos: 
Flebite em acesso venoso periférico 
Atraso para realizar cirurgia, com internação 
prolongada 
Complicações decorrentes do uso de sonda 
nasogástrica (aspiração de alimentos, sonda colocada 
no trato respiratório, sinusite) 
Complicações relacionadas com acesso 
venoso central (infecção, acidente relacionado à 
punção, pneumotórax) 
Infecção urinária por uso de sonda vesical de 
demora 
Complicações cirúrgicas (hemorragia, 
deiscência anastomótica, hematoma na ferida 
cirúrgica) 
•Resultante de reações adversas a fármacos: 
Insuficiência renal aguda causada por 
inibidores da enzima conversora de angiotensina 
Hipoglicemia por posologia inadequada de 
insulina ou por hipoglicemiantes orais 
Hipotensão por fármacos anti-hipertensivos 
Insuficiência renal aguda por diuréticos 
➔ Por ocorrência: 
•Lesão por pressão 
•Quedas: 
Sem repercussão; Com fratura; Com 
lacerações ou equimoses 
•Infecção hospitalar não relacionada a procedimento 
diagnóstico ou terapêutico. 
REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS 
A reação medicamentosa é a principal causa de 
iatrogenia em todas as faixas etárias. Em pacientes 
hospitalizados, sua frequência é 3 a 7 vezes maior em 
idosos. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define “reação 
adversa a medicamento” (RAM) como “qualquer efeito 
prejudicial ou indesejado que se manifeste após a 
administração do medicamento, em doses 
normalmente utilizadas no homem para profilaxia, 
diagnóstico ou tratamento de uma enfermidade”. 
Em função disso, há uma preocupação na literatura em 
relação a medicamentos considerados inadequados 
para os idosos, eventos adversos, polifarmácia, 
redundância terapêutica e potenciais interações 
medicamentosas. Esses fatores, quando combinados 
com a automedicação e prescrição inadequada, 
contribuem para o fracasso terapêutico e geram custos 
desnecessários 
em 2011, a American Geriatrics Society (AGS) criou os 
critérios Beers (AGS Beers Criteria®) para medicamentos 
potencialmente inadequados (PIM) e atualiza-os, 
periodicamente, a cada 3 anos. O AGS Beers Criteria® 
consiste em uma lista explícita de PIM, que devem ser 
normalmente evitados, na maioria das circunstâncias 
ou em situações específicas (certas doenças ou 
condições), por adultos mais velhos. 
A intenção é melhorar a seleção de medicamentos, 
educar médicos e pacientes, reduzir eventos adversos a 
medicamentos e servir como ferramenta para avaliar a 
qualidade do atendimento, do custo e dos padrões de 
uso dos fármacos em idosos. 
→ CRITÉRIOS: 
■Medicamentos potencialmente inapropriados para a 
maioria dos adultos mais velhos 
■Medicamentos que devem normalmente ser evitados 
em idosos com certas condições 
■Medicamentos para serem usadas com cautela 
■Fármacos e interações 
■Ajuste da dose de medicamentos com base na 
função renal. 
 
 
→ Os critérios Screening tool of older people’s 
potentially inappropriate prescriptions (STOPP), 
desenvolvidos através do método de Delphi (Gallagher 
e O’Mahony, 2008), correspondem a 65 itens, 
subdivididos em cinco sistemas fisiológicos, com o 
objetivo de simplificar o processo de revisão da 
medicação do doente. Na identificação dos critérios 
consideraram-se interações farmacológicas, 
contraindicações, precauções e duplicações 
terapêuticas. Os critérios STOPP e START, contrariamente 
aos critérios de Beers, identificam os MPI a partir do 
grupo farmacológico, o que torna o processo de análise 
mais rápido e eficiente. 
PREVENÇÃO 
Mais da metade dos eventos iatrogênicos em idosos 
hospitalizados podem ser prevenidos. 
- As reações iatrogênicas aos medicamentos podem ser 
evitadas ou reduzidas em intensidadequando levadas 
em consideração algumas normas fundamentais da 
terapêutica geriátrica, como: diagnóstico correto das 
afecções; avaliação do estado nutricional e das 
funções hepática e renal; emprego da menor dosagem 
necessária do medicamento; utilização do menor 
número possível de fármacos. 
- O delirium costuma ser mais frequente no pós-
operatório de idosos portadores de afecções 
neurológicas, como demência, doença de Parkinson e 
infarto cerebral. O estresse fisiológico da cirurgia 
aumenta a suscetibilidade do sistema nervoso central a 
diversos fármacos, como os hipnóticos e os 
hipnoanalgésicos, que, anteriormente, eram 
bem tolerados por idosos. Por esse motivo, 
medicamentos não essenciais e que podem 
determinar, potencialmente, efeitos colaterais 
neuropsíquicos, como anticolinérgicos, anti-
histamínicos, antiparkinsonianos e antidepressivos 
tricíclicos, devem ser suspensos algum tempo antes da 
cirurgia, de modo a permitir sua completa eliminação. 
PRINCÍPIOS DE PRESCRIÇÃO NO IDOSO 
1. Medidas básicas no tratamento: 
• tenha certeza de que o sintoma novo que requer 
tratamento não se deve a efeito colateral de outro 
medicamento; 
• iniciar o tratamento com doses baixas, aumento lento 
e gradativo, considerando a farmacocinética do idoso. 
Considerar a variabilidade individual, pois alguns idosos 
necessitam da dose total do medicamento; 
• evitar iniciar duas drogas ao mesmo tempo. 
2. Antes de prescrever: 
 • determinar se a nova terapêutica terá mais benefícios 
do que riscos; • verificar se há medidas não 
farmacológicas para tratar a condição; • determinar 
quais são as metas terapêuticas, quando e como serão 
reavaliadas; • racionalizar a prescrição ao máximo de 
forma a facilitar as tomadas, com menor número de 
medicamentos possível. 
3. Controle dos medicamentos crônicos: 
• solicitar ao cuidador ou ao paciente que traga 
sempre todos os medicamentos em uso, outras 
prescrições de outros médicos ou conhecidos, inclusive 
medicamentos alternativos e, principalmente, 
medicamentos manipulados; 
• atentar e perguntar sobre efeitos colaterais 
principalmente no início ou mudança de dose; 
• dosagem sérica do medicamento é muito útil na 
monitoração de drogas mais tóxicas com janela 
terapêutica estreita como fenitoína, teofilina, quinidina, 
aminoglicosídios, lítio e alguns medicamentos de efeito 
central como a nortriptilina. Porém, não se deve 
esquecer que a toxicidade pode ocorrer mesmo com 
níveis terapêuticos normais. 
• eliminar duplicações de medicamentos, contatando 
inclusive outros profissionais que prescreveram ao idoso, 
se necessário; 
• revisão de toda a prescrição periodicamente (a cada 
6 meses, se mais de 4 medicamentos regulares), 
esclarecendo sempre o paciente e/ou o cuidador. 
 
CONCEITOS 
FARMACOLÓGICOS 
O estudo da farmacologia é dividido em duas grandes 
áreas: farmacocinética e farmacodinâmica. Enquanto 
a farmacodinâmica estuda os efeitos do fármaco sobre 
o organismo, a farmacocinética avalia “o que o 
organismo faz com o fármaco”. 
FARMACOCINÉTICA 
A farmacocinética descreve os processos de 
administração, absorção, biotransformação e de 
eliminação das substâncias pelo organismo. O 
conhecimento e a aplicação desses conceitos 
possibilitam a escolha da dose, da posologia e da via 
de administração a ser utilizada para determinado 
fármaco, propiciando o seu uso seguro e racional. 
Os processos de absorção, distribuição, 
biotransformação e eliminação dependem da 
passagem do fármaco pelas membranas celulares→ 
pelos mecanismos de difusão passiva, por transporte 
mediado por carreadores ou por endocitose. 
 -difusão passiva: fármacos lipossolúveis 
atravessam as membranas lipídicas por meio de 
difusão, sendo o gradiente de concentração, sua força 
motora. O fármaco se movimenta de regiões de alta 
concentração para regiões de baixa concentração até 
que o equilíbrio seja atingido. 
 -transporte mediado: difusão facilitada e o 
transporte ativo são mediados por carreadores 
proteicos. Na difusão facilitada, os fármacos 
atravessam a membrana celular através de proteínas 
transportadoras transmembrana especializadas, sem o 
gasto de energia. O gradiente de concentração 
também é a força-motriz; possibilita o transporte de 
moléculas grandes ou hidrossolúveis, que não 
conseguem passar passivamente pela membrana. 
Enquanto isso, o transporte ativo envolve proteínas 
transportadoras dependentes de energia. Pela quebra 
da molécula de adenosina trifosfato (ATP), essas 
proteínas estruturais da membrana são capazes de 
transportar moléculas de fármacos contra seu 
gradiente de concentração. 
 -Endocitose: permite o transporte de moléculas 
do meio extra para o intracelular, através da 
invaginação da membrana plasmática e formação de 
vesículas endocíticas (alto peso molecular). 
Equação de Henderso-Hasselbalch 
Muitos dos fármacos utilizados são ácidos ou bases 
fracos e estão presentes nas formas ionizada e não 
ionizada. A forma não ionizada é a mais lipossolúvel e 
que se difunde mais facilmente pela membrana celular. 
A proporção entre as formas ionizada e não ionizada de 
uma substância é definida pela equaça ̃o de 
Henderson-Hasselbalch: 
 
podemos confirmar que haverá mais ácido fraco na 
forma lipossolúvel (não ionizada) no meio ácido e mais 
fármaco básico na forma lipossolúvel em pH alcalino. 
ADMINISTRAÇÃO 
A via de administração compreende a maneira pela 
qual o fármaco entra em contato com o organismo 
humano. A sua escolha é determinada por diferentes 
fatores, como as características físico-químicas da 
molécula do fármaco, a forma farmacêutica em que 
ele se apresenta, efeito local ou sistêmico, assim como 
pelas características do paciente, quadro clínico, 
tempo necessário para o início do efeito e duração do 
tratamento. 
podem ter ação local ou ação sistêmica quando 
chegam à corrente circulatória. Além disso, elas podem 
ser classificadas em enterais e parenterais. As vias 
enterais são aquelas em que o medicamento é 
administrado por algum órgão que compõe o TGI. vias 
parenterais são aquelas que não entram em contato 
com os órgãos do TGI. 
→Enterais: VO, é a forma mais utilizada para 
administração de medicamentos. Entre suas vantagens 
se destacam o baixo custo e a facilidade na 
administração, o que favorece a autoadministração. É 
a mais segura, pois toxicidade e doses exacerbadas de 
medicamentos podem ser neutralizadas ou revertidas 
por lavagem gástrica, carvão ativado ou outros 
antídotos que previnam a absorção do fármaco. 
Contudo, apresenta algumas desvantagens, como a 
baixa biodisponibilidade devido a absorção limitada de 
alguns fármacos, metabolismo de primeira passagem e 
inativação de alguns fármacos por enzimas ou pH 
gástrico. + não pode ser utilizada em pacientes que 
apresentam quadro de náuseas, vômitos ou que se 
encontram desacordados. 
 Via sublingual: consiste na administração do 
medicamento sob a língua e sua difusão para a rede de 
capilares presentes no local. Essa via apresenta 
vantagens, como a rápida absorção, ausência do 
metabolismo de primeira passagem e ausência do 
contato com demais órgãos do TGI. a drenagem 
venosa da boca dirige-se diretamente para a veia cava 
superior. 
 Retal: via alternativa para administração em 
crianças ou pacientes com quadros de vômito ou 
rebaixamento do nível de consciência. As drogas são 
administradas na forma de supositórios (sólidos) ou 
enemas, preparações líquidas comumente usadas para 
estimular evacuações ou infusão de contraste 
radiológico. Cerca de metade do fármaco absorvido é 
metabolizada pelo fígado, sofrendo efeito de primeira 
passagem menor que na ingestão oral. No entanto, a 
absorção é irregular ou incompleta e a mucosa retal é 
facilmente irritável. 
→Parenterais: IV, administração do fármaco 
diretamente na circulação sistêmica. Essavia apresenta 
biodisponibilidade total e é bastante utilizada em 
situações de emergência. A velocidade da injeção 
deve ser controlada de acordo com o fármaco a ser 
administrado. Hemólise ou precipitação do fármaco no 
sangue pode ocorrer em função da sua chegada 
rápida no sangue. Assim, o paciente deve ser 
monitorado durante e após a administração de 
fármacos pela via IV. 
 IM: para efeito rápido e prolongado. Fármacos 
em soluções aquosas são rapidamente absorvidos e 
apresentam início de ação rápido. Enquanto isso, 
preparações oleosas ou suspensões do fármaco em 
outros veículos proporcionam sua difusão lenta para 
fora do tecido muscular, favorecendo sua liberação 
sustentada durante um maior período de tempo. não 
deve ser empregada para fármacos que causem 
danos teciduais, que possam causar irritação ou 
necrose, por exemplo. 
 SC: apresentar uma absorção rápida ou 
prolongada, de acordo com as características físico-
químicas da formulação farmacêutica. Essa via é 
utilizada para administração de algumas vacinas e de 
alguns hormônios (anticoncepcionais, insulina). A via 
subcutânea apresenta menor risco de hemólise ou 
distúrbios sanguíneos, como a trombose, do que a via 
intravenosa. Contudo, assim como a via IM, a via SC não 
deve ser utilizada para fármacos que apresentem risco 
de danos teciduais. 
 INALATÓRIA: utilizada para efeito local ou 
sistêmico. Essa via é bastante vantajosa para 
administração de fármacos utilizados para problemas 
respiratórios. Para fármacos com efeito sistêmico, ele é 
absorvido pela mucosa do trato respiratório e epitélio 
pulmonar. Em função da grande área superficial 
pulmonar, a absorção dessa via é bastante rápida. 
 TÓPICA: são aplicados diretamente na pele ou 
mucosas, como nasofaringe, conjuntiva, vagina, colo, 
uretra, a fim de provocar efeitos locais. 
 INTRAÓSSEA: utilizada, sobretudo em crianças, 
quando o acesso venoso está dificultado e em 
situações de emergência, para infusão de drogas, 
volume e hemoderivados. É uma importante via de 
acesso em situações de choque e parada 
cardiorrespiratória. 
 PERIDURAL: É caracterizada pela infusão de 
drogas entre a dura-máter (anteriormente) e as paredes 
ligamentosas e ósseas do canal espinhal. Esse espaço 
virtual é preenchido por tecidos adiposo e conjuntivo 
frouxo, apresentando um plexo venoso importante, 
formado pelas veias vertebrais internas, que drena o 
sangue das meninges e dos corpos vertebrais para as 
veias segmentares. Esta via pode ser utilizada para 
analgesia. 
 ÓTICA, OFTÁLMICA, INTRAUTERINA, PENIANA, 
URETERAL. 
ABSORÇÃO 
consiste na passagem do fármaco de seu local de 
administração para a corrente sanguínea. É 
influenciado pelas propriedades físico-quimicas do 
fármaco e pelas características da membrana 
 
biodisponibilidade 
representa a fração de fármaco que chega à corrente 
circulatória na sua forma inalterada, após sua 
administração. Na via intravenosa, o fármaco é 
administrado diretamente na circulação sistêmica. 
Desse modo, apresenta biodisponibilidade total (1 ou 
100%). Com exceção da via IV, as demais vias de 
administração sempre apresentam perdas do fármaco 
até a sua chegada ao sangue, e sua biodisponibilidade 
é inferior a 1 (ou 100%). 
DISTRIBUIÇÃO 
Após a absorção ou administração do fármaco pela via 
IV, ele passa da corrente circulatória para o líquido 
intersticial e, então, para as células dos tecidos. A 
distribuição do fármaco é afetada por fatores 
fisiológicos, como débito cardíaco, fluxo sanguíneo 
regional, permeabilidade capilar e volume do tecido, 
como também pelas características físico-químicas do 
fármaco, como lipossolubilidade e afinidade por 
proteínas plasmáticas e teciduais. 
Inicialmente, os fármacos se distribuem para órgãos 
com maior irrigação sanguínea, por exemplo, rins, 
fígado e pulmões. A chegada e interação do fármaco 
com tecidos menos irrigados, como músculo 
esquelético, pele, tecido adiposo é mais lenta. 
O principal fator determinante da passagem do 
fármaco do sangue para os tecidos é a ligação às 
proteínas plasmáticas. O sequestro iônico é pequeno, 
visto que a diferença de pH é baixa 
Alguns fármacos circulam no sangue ligados a 
proteínas plasmáticas, tais como a albumina (CARREGA 
FÁRMACO ÁCIDO), glicoproteína ácida α-1 (FÁRMACO 
BÁSICO) e globulinas. Essas proteínas atuam como 
reservatórios e podem retardar a distribuição do 
fármaco. Somente a fração livre do fármaco está em 
equilíbrio entre os líquidos extra e intracelular. Portanto, 
à medida que a concentração de fármaco livre reduz, 
em função da sua liberação nos diferentes tecidos e 
eliminação, o fármaco ligado se solta da proteína. Essa 
propriedade também pode limitar a biotransformação 
e a filtração do fármaco. 
A ligação das drogas às proteínas plasmáticas não é 
seletiva e possui grande capacidade de ligação, assim 
fármacos com características físico-químicas 
semelhantes podem competir entre si. Para a maioria 
dos agentes terapêuticos, os efeitos tóxicos causados 
por esse fator não são relevantes. Essa ligação às 
proteínas é importante, pois limita a concentração da 
droga no seu local de ação, bem como limita a taxa de 
filtração glomerular do fármaco. 
Algumas drogas podem se ligar a compostos celulares, 
como proteínas e fosfolípides, e se acumular em tecidos 
específicos, em uma concentração maior que a 
encontrada no espaço extracelular; em geral, essa 
ligação é reversível. O acúmulo do farmaco nos tecidos 
pode ser um fator para prolongar a ação local ou o 
efeito sistêmico depois da distribuição sanguínea. 
Também pode haver efeitos tóxicos locais, como a 
ação da gentamicina nos rins. O tecido adiposo é um 
importante reservatório para drogas lipossolúveis, e 
como apresenta irrigação escassa, a liberação é lenta 
e estável. Por exemplo, depois de três horas da 
administração de tiopental (barbitúrico), 70% da droga 
pode estar depositada na gordura. Metais pesados 
podem se acumular nos ossos e destruir a medula 
óssea, reduzindo o fluxo sanguíneo e aumentando o 
efeito reservatório. 
BIOTRANSFORMAÇÃO 
A biotransformação consiste no metabolismo do 
fármaco. Esse processo ocorre para tornar moléculas 
lipofílicas em mais hidrofílicas. Os fármacos com maior 
lifofilicidade apresentam maior dificuldade em serem 
eliminados do organismo. As reações de 
biotransformação são classificadas em dois grupos: 
reações de fase I e reações de fase II. 
As reações de biotransformação ocorrem 
principalmente no fígado. Com menor frequência, essas 
reações também podem ocorrer no trato gastrintestinal 
(TGI), nos pulmões, na pele, nos rins e no cérebro. 
Fase 1 
As reações de fase I, também chamadas de reações 
não sintéticas ou catabólicas, se constituem por 
oxidação, redução, hidrólise, ciclização ou 
desciclização. Nessas reações, grupos hidrofílicos (-OH, 
-NH2, -SH), são introduzidos ou liberados na molécula do 
fármaco, tornando-o mais polar. Grande parte das 
reações de fase I são catalisadas pelas enzimas da 
família citocromo P450 (CYP). Quando os produtos das 
reações de Fase I são polares o suficiente, eles podem 
ser excretados facilmente. Contudo, muitos metabólitos 
de Fase I passam por uma reação subsequente. 
Esse tipo de reação também pode ocorrer na 
transformação de um pró-fármaco administrado para a 
forma ativa, dentro do organismo. 
Ocorrem no reticulo endoplasmático liso 
Fase 2 
As reações de fase II são também chamadas de 
sintéticas, anabólicas ou de conjugação e são 
constituídas por acetilação, metilação e conjugações. 
Nessas reações, os produtos de fase I são conjugados a 
moléculas endógenas, altamente hidrofílicas→ ácido 
glicurônico, ácido sulfúrico, ácido acético ou a um 
aminoácido, por exemplo, a glicina. Essas reações 
resultam em moléculas altamente polares,normalmente inativas, e que são facilmente eliminadas. 
Ocorrem no citosol 
CYP 
O sistema P450 é importante para a biotransformação 
de vários compostos endógenos (como esteroides, 
lipídeos) e para a biotransformação de substâncias 
exógenas (xenobióticos). O citocromo P450, designado 
como CYP, é uma superfamília de isoenzimas contendo 
o grupamento heme, presentes na maioria das células, 
mas principalmente no fígado e no TGI. 
O nome da família é indicado pelo algarismo arábico 
que segue a sigla CYP, e a letra maiúscula designa a 
subfamília; Um segundo algarismo indica a isoenzima 
específica, como em CYP3A4. Como há vários genes 
diferentes que codificam múltiplas enzimas, há várias 
isoformas P450 diferentes. Quatro isoenzimas estão 
associadas à maioria das reações catalisadas pelo 
P450: CYP3A4/5, CYP2D6, CYP2C8/9 e CYP1A2. 
As enzimas dependentes de CYP450 são um alvo 
importante de interações farmacocinéticas de 
fármacos→indução de isoenzimas CYP-específicas. Por 
outro lado, a inibição da atividade das isoenzimas CYP 
(levando a efeitos adversos graves). A forma mais 
comum de inibição é pela competição pela mesma 
isoenzima. Alguns fármacos, contudo, são capazes de 
inibir reações das quais nem são substratos 
(cetoconazol), provocando interações. Numerosos 
fármacos são capazes de inibir uma ou mais vias de 
biotransformação CYP--dependente da varfarina. Por 
exemplo, o omeprazol é um inibidor importante de 
isoenzimas CYP responsáveis pela biotransformação da 
varfarina. Nesse contexto, se os dois fármacos são 
tomados juntos, a concentração plasmática de 
varfarina aumenta, levando ao aumento do efeito 
anticoagulante e do risco de sangramentos. Os 
inibidores CYP mais importantes são eritromicina, 
cetoconazol e ritonavir, pois inibem várias isoenzimas 
CYP. 
Metabolismo de primeira passagem 
Fármacos absorvidos em órgãos do TGI, como 
estômago e intestino, entram na circulação portal antes 
de alcançar a circulação sistêmica. Tais fármacos estão 
sujeitos à biotransformação por enzimas 
metabolizadoras localizadas na parede intestinal e no 
fígado. Esse processo faz com que a biodisponibilidade 
oral seja reduzida, já que a quantidade de fármaco 
inalterado que de fato chega à circulação sistêmica é 
reduzida. 
 
 
➔ Os inibidores não competitivos incluem fármacos como 
o cetoconazol, que forma um firme complexo com a 
forma Fe 3+ do ferro hêmico do CYP3A4, causando 
inibição não competitiva reversível. Os denominados 
inibidores com base no mecanismo requerem 
oxidação por uma enzima P450. Exemplos incluem o 
contraceptivo oral gestodeno (CYP3A4) 
EXCREÇÃO 
A excreção consiste na saída do fármaco do 
organismo. Ela pode ocorrer por diferentes vias, sendo a 
urinária a principal e envolve os processos de filtração 
glomerular, secreção tubular e reabsorção. Os 
fármacos hidrofílicos são facilmente eliminados por essa 
via. Eles são filtrados pelo glomérulo e permanecem no 
túbulo renal, pois não têm afinidade pelas membranas 
celulares. Alterações da função renal afetam o 
processo de excreção do fármaco. A insuficiência 
renal, por exemplo, pode limitar a excreção de 
fármacos e de outras substâncias exógenas, 
ocasionando seu acúmulo no organismo. Além da 
excreção renal, a excreção biliar e pulmonar são 
importantes modalidades de saída do fármaco do 
organismo. Suor, leite materno, lágrimas, fezes e saliva 
também representam algumas vias de excreção. 
 Como o leite é mais ácido que o plasma da 
mãe, há maior concentração de fármacos básicos no 
líquido, causando exposição ao lactente 
A quantidade de fármaco no líquido tubular é 
aumentada pela presença de carreadores no túbulo 
proximal, que realizam transporte ativo, sendo 
importante destacar a glicoproteína-P e a proteína 2 de 
multirresistência aos fármacos (MRP2). No túbulo distal, 
ocorre reabsorc ̧ão ativa por transportadores de 
membrana. Por todo o túbulo, as formas não ionizadas 
das drogas são reabsorvidas passivamente, através do 
gradiente gerado pela reabsorção de Na+ e outros 
eletrólitos. Com a acidificação da urina no túbulo 
proximal, os ácidos fracos predominam na forma não 
ionizada e são reabsorvidos em maior quantidade. Com 
a alcalinização do meio, há mais excreção de ácidos 
fracos; o mesmo raciocínio é válido para as bases 
fracas. A alcalinização ou a acidificação da urina 
podem ser úteis em casos de intoxicação, como é o 
caso dos salicilatos, um ácido forte que tem sua 
excreção aumentada com a alcalinização da urina. 
DEPURAÇÃO 
A depurac ̧ão de uma droga equivale à taxa com que 
o fármaco é eliminado por todas as vias, em relação à 
concentração no líquido biológico mensurado, por 
exemplo, o plasma. 
 
em caso de hepatopatia, existem alterações da 
depuração intrínseca relevantes para os fármacos com 
baixa depuração, por conta das alterações 
patológicas dos hepatócitos. 
 
A doenc ̧a renal pode alterar os processos de filtração 
glomerular, de secreção nos túbulos e de reabsorção 
tubular. As alterações nas nefropatias vão variar de 
acordo com o volume de líquido filtrado pelo glomérulo, 
a atividade dos transportadores que fazem secreção 
ativa nos túbulos, o processo de reabsorção, as 
alterações nas ligações proteicas das drogas, o fluxo 
sanguíneo renal e o número de néfrons funcionantes. 
 
FARMACODINÂMICA 
é o campo da farmacologia que estuda a ação dos 
fármacos sobre o organismo, isto é, os efeitos das 
medicações e o mecanismo de como essas substâncias 
atuam. Os efeitos de um fármaco resultam de sua 
interação com as moléculas do corpo; a alteração das 
atividades bioquímicas ou biofísicas dessas moléculas 
gera os seus efeitos. 
→receptor: é um componente orga ̂nico que interage 
com uma droga e inicia uma série de eventos e reações 
que desencadeiam os seus efeitos. Na verdade, os 
fármacos não produzem propriamente os efeitos, eles 
modificam funções intrínsecas da fisiologia do 
organismo. em geral, são proteínas. No entanto, outras 
substâncias, como os ácidos nucleicos, podem atuar 
como receptores, a exemplo da atuação de alguns 
quimioterápicos. 
 A maior parte dos receptores são proteínas 
transdutoras de sinais, as quais são representadas por 
canais iônicos sensíveis a ligantes; receptores acoplados 
à proteína G; receptores ligados a enzimas e os 
receptores intracelulares. 
Podemos classificar os fármacos de acordo com as 
consequências de sua ligação com um receptor: 
• Agonista: liga-se ao receptor ativando uma 
resposta biológica. Isto é, simula um sinalizador 
endógeno do receptor, gerando o mesmo efeito. 
• Antagonista: liga-se ao receptor e não produz 
efeito direto, impedindo a ligação do estimulador 
endógeno. 
 • Agonista parcial: liga-se ao receptor 
produzindo uma resposta menor do que a produzida 
por um agonista “completo”. 
→Agonistas inversos: alguns receptores fisiológicos 
apresentam uma atividade constitutiva, isto é, 
apresentam atividade mesmo na ausência de um 
ligante. Os fármacos agonistas inversos, ao se ligarem a 
esse tipo de receptor, o estabilizam em uma 
conformação inativa. Portanto, fármacos agonistas 
inversos têm ação oposta à dos fármacos agonistas, 
apresentando eficácia negativa. 
→A interac ̧ão entre a droga e o receptor pode ocorrer 
por meio de qualquer ligação química conhecida e, na 
maioria dos casos, envolve diferentes tipos de ligação. 
As ligações covalentes quase sempre prolongam a 
interação entre o fármaco e seu receptor. Os 
receptores apresentam seletividade de ligação, isto é, 
só interagem com ligação específica. 
 A interação do fármaco+ receptor leva à formação dos 
chamados complexos fármaco-receptor→ ocasionam 
mudanças bioquímicas e/ou fisiológicas nas células e 
tecidos que causam a modulação dos sistemas e, por 
fim, culminamcom os efeitos observados do fármaco. 
Os fármacos que atuam sobre receptores específicos 
são caracterizados como fármacos com ação 
específica. Por outro lado, os fármacos que exercem 
seus efeitos sem interagirem com receptores específicos 
são chamados de fármacos com ação inespecífica. A 
ação desses fármacos resulta de suas propriedades 
físico-químicas e ocorre em função do seu acúmulo em 
locais vitais das células. São exemplos de fármacos com 
ação inespecífica: os antissépticos, alguns antifúngicos 
tópicos e alguns inseticidas. 
 
→A relação entre a dose administrada de um fármaco 
e a resposta clínica observada é bastante complexa e 
depende de uma série de fatores. A dose administrada 
e as características farmacocinéticas do fármaco 
influenciam diretamente em sua resposta. Além disso, a 
resposta fisiológica proveniente da interação de um 
fármaco com o seu receptor depende de alguns 
parâmetros farmacodinâmicos, como eficácia, 
afinidade e potência 
 Eficácia= capacidade de um fármaco se ligar 
ao receptor e ocasionar sua ativação. Ela depende da 
atividade intrínseca do fármaco e também do número 
de receptores ativados. 
 Afinidade= capacidade de um fármaco se ligar 
ao receptor. Fármacos com alta afinidade conseguem 
se ligar a um grande número de receptores, mesmo 
estando em baixa concentração no local de ação. 
 Potência= refere-se à quantidade de 
moléculas necessárias para que um efeito em 
intensidade determinada seja produzido. Quanto 
menor a quantidade de moléculas necessárias do 
fármaco para que um efeito seja produzido, maior sua 
potência. 
INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA 
É cada vez maior o número de indivíduos que fazem uso 
simultâneo de inúmeros medicamentos, prescritos e não 
prescritos, além do uso de fitoterápicos, plantas 
medicinais, nutrientes e suplementos alimentares, 
configurando assim uma associação medicamentosa 
que pode resultar em indiferentismo farmacológico, em 
que cada substância associada age 
independentemente das demais, sem alteração de 
ação ou efeito, ou em interação farmacológica 
Interação medicamentosa consiste na ação de uma 
droga que pode modificar de forma mensurável a 
atividade, o metabolismo ou a toxicidade de outra 
droga usada concomitantemente (incluindo drogas 
não prescritas, como álcool e alimentos). Ela pode ser 
de dois tipos: 
• quando droga A + droga B causam um efeito diferente 
(maior ou menor); 
• quando a droga A altera a concentração da droga B 
por indução ou inibição da enzima responsável pela 
biotransformação da droga B. 
As interações entre medicamentos são decorrentes de 
mecanismos farmacocinéticos ou farmacodinâmicos 
ou interações farmacêuticas (físico-químicas). 
Interações farmacocinéticas 
Surgem quando um fármaco modifica a absorção, a 
distribuição, o metabolismo ou a excreção de outro 
fármaco, alterando, assim, a concentração desse 
fármaco ativo no organismo. 
→Absorção: a absorção gastrintestinal de fármacos 
pode ser afetada pelo uso concomitante de outros 
fármacos, seja em razão da quelação das moléculas ou 
da alteração do pH gástrico ou alteração da 
motilidade intestinal, em que a absorção pode ser 
aumentada ou diminuída, acelerada ou retardada. No 
caso de uma absorção diminuída ou retardada, o 
resultado é que o fármaco pode não atingir os níveis 
eficazes na corrente sanguínea; no caso de uma 
absorção aumentada, esses níveis podem ser mais 
elevados do que o desejável, potencializando os efeitos 
colaterais. 
 as interações fármaco-nutrientes também são 
muito comuns→a composição da dieta e o tipo de 
alimentação podem alterar a absorção dos 
medicamentos. Dependendo do tipo de alimento 
ingerido, a velocidade de esvaziamento gástrico pode 
variar, afetando a absorção de um fármaco. Outras 
vezes, os nutrientes podem formar complexos com o 
fármaco, impedindo sua absorção. Cálcio, magnésio, 
ferro e zinco, por exemplo, formam complexos com a 
tetraciclina e interferem na absorção e, 
consequentemente, no efeito farmacológico. 
→Distribuição: devido à competição por ligação às 
proteínas plasmáticas, resultando em deslocamento do 
fármaco da ligação às proteínas e, consequentemente, 
aumento da fração livre do fármaco no plasma e 
aumento do efeito farmacológico, dessa forma 
podendo causar efeitos adversos. Por exemplo, o 
deslocamento da varfarina dos sítios de ligação às 
proteínas plasmáticas, causado pela interação com o 
ácido acetilsalicílico, pode induzir ao aumento do efeito 
anticoagulante da varfarina com risco de causar 
sangramentos e/ou hemorragias no paciente. Esse 
efeito pode ser intensificado em uma situação na qual 
os níveis circulantes de albumina estão baixos, como em 
insuficiência hepática, desnutrição, ou síndrome 
nefrótica. 
→Metabolização: As enzimas do citocromo CYP450 
podem sofrer indução ou inibição, ou seja, um fármaco 
pode induzir ou inibir enzimas metabolizadoras do outro 
fármaco e, ainda, competir pelos mesmos sítios de 
metabolização, alterando a quantidade disponível da 
forma ativa. Interações que levam à indução 
enzimática geralmente resultam em aumentodo 
metabolismo do fármaco, o que, por consequência, 
pode resultar em falha na terapia. 
 Exemplos clássicos de indutores enzimáticos 
são fenobarbital, fenitoína, carbamazepina e 
rifampicina. 
a indução enzimática pelo antibiótico 
rifampicina faz com que a contracepção hormonal à 
base de estrógeno seja ineficaz em doses 
convencionais, visto que a rifampicina induz a P450 3A4, 
que é a principal enzima envolvida no metabolismo do 
componente estrogênico comum, o 17α-etinilestradiol 
interações envolvendo a inibição enzimática resultam 
em diminuição do metabolismo e aumento da 
possibilidade de efeitos tóxicos. Quando dois fármacos 
são metabolizados pela mesma enzima P450, a inibição 
competitiva ou irreversível dessa enzima pode provocar 
aumento na concentração plasmática do segundo 
fármaco. 
 Exemplos de inibidores enzimáticos incluem a 
cimetidina e o antifúngico cetoconazol, um potente 
inibidor da enzima 3A4 do citocromo P450. É digno de 
nota que a CYP3A4 sozinha é responsável pelo 
metabolismo de mais de 50% dos fármacos de 
prescrição metabolizados pelo fígado. 
 
 
→2C19: substratos: Diazepam, S-mefenitoína, 
naproxeno, nirvanol, omeprazol, propranolol. 
 Indutores: Barbitúricos, rifampicina 
 Inibidores: N3-benzilnirvanol, N3-
benzilfenobarbital, fluconazol, nootcatona, ticlopidina. 
→3A4: Substratos: Paracetamol, alfentanila, 
amiodarona, aprepitanto, astemizol, buspirona, 
cisaprida, cocaína, conivaptana, cortisol, ciclosporina, 
dapsona, darunavir, desatinibe, diazepam, di-
hidroergotamina, di-hidropiridinas, diltiazem, 
eritromicina, etinilestradiol, everolimo, felodipino, 
fluticasona, gestodeno, indinavir, lidocaína, lopinavir, 
lovastatina, macrolídeos, maraviroque, metadona, 
miconazol, midazolam, mifepristona, nifedipino, 
nisoldipino, paclitaxel, progesterona, quetiapina, 
quinidina, rapamicina, ritonavir, saquinavir, sildenafila, 
sinvastatina, sirolimo, espironolactona, sulfametoxazol, 
sufentanila, tacrolimo, tamoxifeno, terfenadina, 
testosterona, tetra-hidrocanabinol, tolvaptana, 
tipranavir, triazolam, troleandomicina, vardenafila, 
verapamil. 
Indutores: Avasimibe, barbitúricos, 
carbamazepina, glicocorticoides, pioglitazona, 
fenitoína, rifampicina, erva-de-são-joão 
Inibidores: Amprenavir, azamulina, boceprevir, 
claritromicina, conivaptana, diltiazem, eritromicina, 
fluconazol, suco de pomelo (furanocumarinas), 
indinavir, itraconazol, cetoconazol, lopinavir, mibefradil, 
nefazodona, nelfinavir, posaconazol, ritonavir, 
saquinavir, telaprevir, telitromicina, troleandomicina, 
verapamil, voriconazol. 
➔ Excreção: 
 Interações que afetam a excreção podem ocorrer 
quando há a administração simultânea de fármacos 
ácidos fracos ou bases fracas e outros fármacos que 
afetem o pH urinário. Porém,interações em nível de 
excreção podem também se manifestar por meio da 
competição entre fármacos, em especial pela 
glicoproteína P e por transportadores de íons orgânicos. 
 Penicilina/probenecida: A penicilina é 
eliminada por secreção tubular nos rins e o seu tempo 
de ação pode ser aumentado se for administrado de 
modo concomitante com probenecida (um inibidor do 
transporte tubular renal). 
Interações farmacodinâmicas 
As interações farmacodinâmicas surgem quando um 
fármaco modifica a resposta dos tecidos-alvo ou não 
alvo do outro fármaco. Quando são administrados 
simultaneamente medicamentos com efeitos 
farmacológicos semelhantes, pode ocorrer resposta 
farmacológica aditiva, sinérgica ou antagônica. 
→ Aditiva: fármacos que atuam no mesmo receptor ou 
no mesmo processo fisiológico, quando administrados 
concomitantemente, podem apresentar efeito aditivo, 
como benzodiazepínicos e barbitúricos, ambos 
depressores do sistema nervoso central (SNC). 
→ Sinérgica: os fármacos que atuam em receptores ou 
processos sequenciais diferentes podem atuar 
sinergicamente, como a associação de sulfonamida + 
trimetoprima. Também pode-se citar a interação de 
álcool com depressores do SNC: o álcool deprime o SNC 
e, se ingerido de forma moderada em pacientes que 
fazem uso de doses terapêuticas de medicamentos 
como benzodiazepínicos, pode ter aumento da 
depressão do SNC; outro exemplo refere-se à ingestão 
de álcool e fitoterápicos (como valeriana), em que 
pode ocorrer aumento da sonolência. Porém, em 
algumas situações clínicas, podem ocorrer interações 
farmacodinâmicas tóxicas quando dois fármacos 
ativam vias fisiológicas complementares, resultando em 
aumento do efeito farmacológico. Por exemplo, esse 
tipo de interação é observado com a coadministração 
de sildenafila (para disfunção erétil) e nitroglicerina 
(para angina de peito), aumentando o risco de 
hipotensão grave. 
 eventos hemorrágicos envolvendo o uso de 
fármacos anticoagulantes e fitoterápicos com efeito 
anticoagulante em potencial, a saber: alfafa, angélica, 
semente de anis, arnica, aipo, boldo, camomila, 
castanha-da-Índia, dente-de-leão, gengibre, gingko 
biloba, salsa, tamarindo, salgueiro, rábano, urtiga, 
álamo e sálvia. 
→ Antagônicas: quando dois fármacos, ou fármaco e 
nutriente, apresentam atividades contrárias um do 
outro, pode ocorrer anulação ou diminuição dos efeitos 
resultantes esperados para cada um individualmente. 
Por exemplo, a vitamina K (que tem efeito na 
coagulação sanguínea), proveniente de alimentos 
e/ou dieta enteral, pode interferir no efeito 
anticoagulantes das cumarinas, como a varfarina. 
A diminuição de efeito farmacológico pode ocorrer em 
razão da competição no mesmo receptor celular 
(antagonismo farmacodinâmico). Também pode haver 
antagonismo farmacocinético: um exemplo é o uso de 
rifampicina com anticoncepcionais orais (etinilestradiol 
e no-retindrona). Por outro lado, em algumas situações, 
as interações antagônicas podem ser usadas para a 
obtenção de efeitos antagônicos terapêuticos, como a 
administração da N-acetilcisteína para o tratamento 
dos efeitos tóxicos causados por uma dose excessiva de 
paracetamol. 
Interações físico-quimicas 
ocorrem durante o preparo do medicamento antes da 
administração ao paciente. 
Pode ocorrer em formas farmacêuticas líquidas 
(solução ou suspensão) ou sólidas (comprimido ou 
cápsulas); entre os princípios ativos e excipientes da 
formulação; entre os fármacos e diluentes ou 
reconstituintes; e entre eles e equipamentos de 
administração (como equipos plásticos, seringas e 
agulhas). Dependendo das condições do meio ou de 
fatores ambientais, as reações podem ser imediatas ou 
retardadas. 
-Fatores predisponentes: a estrutura molecular pode 
oferecer grupamentos químicos reativos e sensíveis, seja 
na estrutura espacial da molécula ou no sistema de 
veiculação, cuja função é tanto proteger a integridade 
do fármaco até que che-gue ao sítio de absorção 
como torná-lo mais rápido e completamente absorvido; 
natureza do soluto ou do solvente; natureza do 
continente (como vidro, polietileno, PVC [cloreto de 
polivinila]), pH do meio, solubilidade, concentração, 
temperatura; luminosidade, existência de veículos, 
excipientes, tampões, estabilidade dos demais solutos e 
tempo de contato entre os compostos. 
GRUPOS DE RISCO 
pacientes idosos, os pacientes em polifarmácia e os 
pacientes portadores de patologias crônicas (como 
epilepsia, diabetes e hipertensão, insuficiência renal e 
hepática, doenças cardíacas, problemas respiratórios 
(como asma), epilépticos). 
Também é importante o cuidado em pacientes 
imunossuprimidos, com AIDS e transplantados. As 
crianças também constituem grupo de risco em razão 
da falta de maturidade de algumas vias metabólicas. 
Interações medicamentosas também têm sido 
associadas a variáveis como sexo, idade, peso, etnia, 
etilismo e tabagismo. 
INTERAÇÃO FITOTERÁPICOS 
a incidência de interações entre fitoterápicos e 
nutrientes, com medicamentos convencionais, ainda 
não é completamente conhecida. Em geral, os 
mecanismos de interações envolvendo fitoterápicos e 
nutrientes incluem os mecanismos de interação em nível 
farmacocinético. 
→ interação entre Hypericum (hipérico, erva-de-São-
João) e ciclosporina (imunossupressor), em que o 
hipérico causa redução dos níveis plasmáticos de 
ciclosporina, em alguns casos resultando na rejeição de 
transplantes. o hipérico interfere nas enzimas hepáticas 
citocromo P450 e, como consequência, os níveis 
sanguíneos dos fármacos metabolizados pelo sistema 
microssomal hepático poderão ser aumentados em 
pequeno espaço de tempo, causando aumento dos 
efeitos ou potencializando reações adversas sérias 
→ alho (Allium sativum L.), há recomendação de não 
usar em casos de hemorragia e tratamento com 
anticoagulantes e anti-hipertensivos. Pacientes que 
utilizam anticoagulantes orais como a varfarina 
poderão apresentar aumento do tempo de 
sangramento quando forem administrados 
medicamentos contendo alho; efeito semelhante será 
observado no uso dos antiplaquetários, heparina, 
agentes trombolíticos, e anti-inflamatórios não 
esteroidais. ter cuidado com o uso do alho em 
pacientes diabéticos, pois o alho poderá intensificar o 
efeito de fármacos hipoglicemiantes (insulina e 
glipizida), causando uma hipoglicemia grave. 
→ O ginseng (Panax ginseng C. A. Meyer) pode reduzir 
a ação anticoagulante da varfarina e aumentar o risco 
de sangramentos quando utilizado com ácido 
acetilsalicílico, heparina, clopidogrel, além de anti-
inflamatórios não esteroidais (AINEs). Também é 
relatado que o uso de ginseng com antidepressivos 
IMAO pode desencadear tremores, cefaleias e insônia. 
Ginseng pode interferir no metabolismo de 
fármacos metabolizados pelo sistema 
enzimático hepático P450 e a consequência 
é o aumento da concentração de tais fármacos na 
corrente sanguínea, 
NUTRIENTES/MEDICAMENTOS 
Medicamentos podem alterar as concentrações 
fisiológicas dos minerais em razão de diminuição da 
absorção, aumento da excreção ou alteração do 
metabolismo de tais micronutrientes. Os resultados de 
tais interações podem ser clinicamente insignificantes 
ou graves. 
→O tratamento prolongado com diuréticos tiazídicos e 
diuréticos de alça pode levar a deficiências totais de 
potássio e magnésio, que não são detectáveis 
utilizando os métodos padrão de análise sérica e 
podem ocorrer apesar dos suplementos de potássio. 
Para esses indivíduos, alimentos ricos em potássio são 
boas opções à dieta, bem como suplementos de 
cloreto de potássio, se prescritos por um médico. Por 
outro lado, o aumento dos níveis séricos de potássio 
(hipercalemia) tem sido relatado com o uso de 
fármacos betabloqueadores em associação com 
diuréticos poupadores de potássio. 
→A deficiência de vitamina D e, por conseguinte, a 
diminuição da absorçãode cálcio podem também 
ocorrer com medicamentos que prejudicam a 
absorção de gordura, tais como medicamentos 
antiobesidade (orlistat) e agentes hiperlipidêmicos 
(colestiramina). A gentamicina tem sido associada à 
hipocalcemia (baixos níveis de cálcio) em humanos. No 
entanto, o excesso de suplementação oral de cálcio 
pode reduzir o dano renal induzido por gentamicina. A 
prednisona e outros glicocorticoides causam má 
absorção de cálcio e aumento da excreção renal, que 
pode levar à perda óssea e ao hiperparatireoidismo 
secundário. 
 
INTERAÇÃO/IATROGENIA ENTRE AS 
MEDICAÇÕES DO PROBLEMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
→CLOPIDOGREL: Existe um 
potencial para interação com 
outros fármacos, como o 
omeprazol , que é metabolizado 
pelo CYP2C19, e, por esse motivo, 
a bula atual não recomenda a 
utilização do clopidogrel 
juntamente com inibidores da 
bomba de prótons. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERENCIAS 
Manual de Geriatria da Amerepam, 2019 
Tratado de geriatria 
Guia de Geriatria e Gerontologia. Editora Manole, 
2011 
(2015). CURRENT: Geriatria. 
Iglesias, BD (2018). Farmacologia Aplicada . 
BERTRAM, K.; SUSAN, M.; ANTHONY, T. Farmacologia 
Básica e Clínica

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