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UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – UNIPAC FACULDADE DE DIREITO CAROLINA DA SILVA MENDES GUARDA COMPARTILHADA O NOVO CENÁRIO SOCIAL APÓS A NOVA LEI (13.058/2014) BARBACENA 2015 CAROLINA DA SILVA MENDES GUARDA COMPARTILHADA O NOVO CENÁRIO SOCIAL APÓS A NOVA LEI (13.058/2014) Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito. Orientador (a): Maria Aline Araújo de Oliveira Geoffroy. BARBACENA 2015 CAROLINA DA SILVA MENDES GUARDA COMPARTILHADA: O novo cenário social após a nova lei (13.058/2014) Monografia apresentada à Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Aprovada em ___/___/___ BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Aline Araújo de Oliveira Geoffroy ____________________________________________________ Prof. Esp. Fernando Antônio Montalvão do Prado ____________________________________________________ Prof.ª Esp. Cristina Prezoti RESUMO No âmbito social e jurídico, a definição, o ponto de vista e a amplitude de família são os que mais se modificaram no decorrer dos tempos. A nova realidade familiar chama a atenção de todos e precisa-se que cada vez mais ela esteja em pauta. Objetiva-se neste trabalho salientar a importância da atual Lei da Guarda Compartilhada (Lei nº 13.058/2014) e como ela está sendo aplicada diante do novo cenário social brasileiro. Estudaram-se os principais aspectos relacionados à família, passando por seu conceito, contexto histórico, natureza jurídica e o ramo do Direito de Família. Em segundo plano abordou-se os principais tópicos do Poder Familiar, como Titularidade e as modalidades de suspensão, perda e extinção de tal poder. Posteriormente foram apresentadas e sintetizadas os tipos de Guarda presente em nosso ordenamento jurídico. Por fim, analisou-se a nova Lei da guarda compartilhada, suas vantagens e desvantagens. Assim, com o auxílio de pesquisas e doutrinas, pôde-se analisar o tema tão relevante para a sociedade que tanto se modificou em relação à formação da família. Palavras-Chave: Guarda Compartilhada. Direito de Família; Lei 13.058/2014. ABSTRACT Social and legal context, the setting, the view and the family of amplitude are the ones who have changed the course of time. The new family reality draws the attention of all and it is stated that more and more it is on the agenda. Objective of this study was to highlight the importance of the current Shared Guard Law (Law No. 13,058 / 2014) and how it is being applied before the new Brazilian social scene. We studied the main aspects related to the family, through its concept, historical, legal and branch of Family Law. In the background is approached the main topics of Family Power, as Ownership and suspension arrangements, loss and extinction of such power. Subsequently it was presented and summarized the types of this Guard in our legal system. Finally, we analyzed the new Law of shared custody, their advantages and disadvantages. So with the help of research and doctrines, it could examine the topic so relevant for society that so much has changed in relation to family formation. Keywords: Shared Guard. Family Law; Law 13,058 / 2014. Sumário INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 1 A família .................................................................................................... 10 1.1 Conceito ............................................................................................. 10 1.2 Contexto histórico .............................................................................. 10 1.3 Natureza Jurídica da Família ............................................................. 12 1.4 Direito de Família ............................................................................... 12 2 Poder Familiar ........................................................................................... 14 2.1 Aspectos históricos ............................................................................ 14 2.2 Titularidade ......................................................................................... 16 2.3 Suspensão, Perda e Extinção do Poder Familiar. ............................ 17 2.3.1 Suspensão ...................................................................................... 17 2.3.2 Perda ............................................................................................... 18 2.3.3 Extinção ........................................................................................... 20 3 Guarda dos Filhos..................................................................................... 22 3.1 Guarda Unilateral ............................................................................... 23 3.2 Guarda Alternada ............................................................................... 24 3.3 Guarda Nidal ...................................................................................... 25 3.4 Guarda atribuída a terceiros .............................................................. 25 4 Guarda Compartilhada ............................................................................. 27 4.1 Origem ................................................................................................ 27 4.2 Conceito ............................................................................................. 28 4.3 Objetivo .............................................................................................. 28 4.4 A nova Lei de Guarda Compartilhada ............................................... 29 4.4.1 Custódia Física Obrigatória ............................................................ 29 4.4.2 Guarda Compartilhada como regra? Possível aplicação sem consentimento entre os genitores?........................................................................ 31 4.4.3 Atribuições de cada um dos pais e a necessidade de um trabalho interdisciplinar ........................................................................................................ 32 4.4.4 Descumprimento de atribuições e suas as consequências ......... 33 4.4.5 Pagamento de pensão alimentícia na Guarda Compartilhada .... 34 4.4.6 Convivência equilibrada ................................................................. 36 CONCLUSÃO .................................................................................................. 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 38 9 INTRODUÇÃO A definição de família, por longos anos, manteve-se atrelada ao instituto do casamento e assim, exercida por pessoas que se vincularam com outras através do matrimônio ou união estável. Porém, atualmente essa definição, onde viviam em uma mesma casa: pai, mãe e filhos, sofreu grandemudança devido às influências do mundo social e de novas realidades. Nas últimas décadas, Direito Civil e a sociedade brasileira, começaram a observar mais de perto a dissolução de casais e a consequência desse fato às crianças e adolescentes que conviviam conjuntamente em um mesmo lar. O fator preocupante é onde eles iriam viver, se os pais não vivem mais em comunhão. Este trabalho aborda assim, o instituto da guarda compartilhada e como o Direito Civil vem tratando este instituto. Suas principais modificações ao longo dos anos, até atualmente com as modificações da nova Lei da Guarda Compartilhada (13.058/2014). Trata-se de um tema relevante e que gera opiniões divergentes tanto no Direito Civil e Direito de Família, como na sociedade como um todo. Primeiramente será apresentado o contexto histórico de família; os novos fenômenos sociais: família moderna; natureza jurídica da Família; o Direito de Família no Brasil. A seguir apresentam-se aspectos históricos do Poder Familiar, sua natureza jurídica e titularidade. Bem como a sua extinção, perda e suspensão. Subsequentemente será feito o estudo dos principais tipos de guarda existentes, passando pela guarda unilateral, guarda alternada, guarda nidal e guarda atribuída a terceiros. Posteriormente será feito o estudo do instituto da Guarda Compartilhada; breve origem, conceito, objetivo. Por fim, esclarece quais as principais mudanças que ocorreram no cotidiano das famílias após a aprovação da nova Lei da Guarda Compartilhada. 10 1 A família 1.1 Conceito Beviláqua nos ensina que Ao conceituar a ‘família’, destaca-se a diversificação. Em sentido genérico e biológico, considera-se família: o conjunto de pessoas que descendem de tronco ancestral comum. Ainda neste plano geral, acrescenta-se o cônjuge, aditam-se os filhos do cônjuge (enteados), os cônjuges dos filhos (genros e noras), os cônjuges dos irmãos e os irmãos do cônjuge (cunhados). (BEVILÁQUA, apud PEREIRA, 2011, p.25). Na afirmativa dada por Carlos Roberto Gonçalves: Latu Sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade e pela adoção. Compreende os cônjuges e companheiros, e os parentes e os afins. (GONÇALVES, 2014, p.15). 1.2 Contexto histórico No âmbito social e jurídico, a definição, o ponto de vista e a amplitude de família são os que mais se modificaram no decorrer dos tempos. A sociedade, por longa data, buscou preferir o padrão “pais e filhos” por meio do matrimônio. Tal padrão retrata a tradição e devido a ela, quem não a seguisse não era benquisto coletivamente. Nesse sentido, Caio Mário da Silva Pereira completa dizendo que Na verdade, em senso estrito, a família se restringe ao grupo formado pelos pais e filhos. Aí se exerce a autoridade paterna e materna, participação na criação e educação, orientação para a vida profissional, disciplina de espírito, aquisição dos bons ou maus hábitos influentes na projeção social do indivíduo. Aí se pratica e desenvolve em mais alto grau o princípio da solidariedade doméstica e cooperação recíproca. (PEREIRA, 2011, p.25). 11 Constatamos no direito romano, bem como no direito grego que mesmo existindo uma união natural entre os membros de uma mesma família, essa não era a vinculação principal. Encontra-se desta forma um importante princípio, chamado Princípio da Autoridade. Tal princípio fazia com que o poder estivesse concentrado na mão do pater. E ele era ao mesmo tempo chefe político, sacerdote e juiz. Comandava, oficiava o culto dos deuses domésticos (penates) e distribuía justiça. Exercia sobre os filhos direito de vida e de morte (ius vitae ac necis), podia impor-lhes pena corporal, vendê-los, tirar-lhes a vida. A mulher vivia in loco filiae, totalmente subordinada à autoridade marital (in manu mariti), nunca adquirindo autonomia, pois que passava da condição de filha à esposa, sem alteração na sua capacidade; não tinha direitos próprios, era atingida por capitis deminutio perpétua que se justificava propter sexus infirmitatem et ignorantiam rerum forensium. Podia ser repudiada por ato unilateral do marido. (PEREIRA, 2011, p. 31). Percebe-se assim que era exclusividade do pater adquirir bens, além de exercer total poder sobre o legado da família, sobre os filhos do casal, e mais ainda sobre a mulher. O formato familiar neste período sofria grande influência da religião e de seus antepassados, fazendo com que a figura de um sucessor do sexo masculino fosse crucial para a continuação do culto familiar, e este teria que ser concebido dentro do matrimônio. “O filho bastardo ou natural não poderia ser continuador da religião doméstica” (VENOSA, 2011, p.4). Além do poder patriarcal, na história da humanidade, encontramos também o poder matriarcal e a horda. No qual, o poder matriarcal era basicamente aquele em que a mulher assumia o papel de chefe da família. E a horda tinha como características não ter uma figura como chefe ou poder central, e vínculos promíscuos. Deveras afastado das antigas civilizações, como as gregas e romanas que não tinham o casamento como meramente afetivo, além de um conceito amplo e hierárquico, no presente momento observa-se a mudança para a quase exclusividade de pais e filhos, que vivem na mesma casa. Conhecemos assim a família moderna, como nos ensina Venosa: “a célula básica da família, formada por pais e filhos, não se alterou muito com a sociedade urbana. A família atual, contudo, difere das formas antigas no que concerne a suas finalidades, composição de pais e mães.” (VENOSA, 2011, p.5). 12 Neste novo fenômeno social, os pais realizam ao mesmo tempo o chamado poder familiar, portanto não há mais o poder vinculado nas mãos de uma só pessoa. E constata-se também que não necessariamente a família moderna tem como monopólio o casamento, ela existe independentemente deste vínculo. 1.3 Natureza Jurídica da Família Em épocas passadas, preservava-se a concepção de que a família era considerada pessoa jurídica, porém essa afirmativa perde forças aos se observar que “falta evidentemente aptidão e capacidade para usufruir direitos e contrair obrigações” (VENOSA, 2011, p.8). Assim, nota-se que a família nunca é possuidora de direitos, quem os possui são os seus integrantes. A doutrina majoritária entende que a família é uma instituição. Venosa diz que “sob a perspectiva sociológica, família é uma instituição permanentemente integrada por pessoas cujos vínculos derivam da união de pessoas de sexos diversos.” (VENOSA, 2011, p.8). Destarte, como família é conhecidamente uma instituição, o Direito a considera e dá a ela regularidade. 1.4 Direito de Família Família é o conjunto de pessoas com relação de parentesco que vivem juntas. Ou ainda, um conjunto de pessoas unidas por quaisquer laços de parentesco. A partir da definição acima apresentada, temos que o Direito de Família é um ramo do Direito Civil que disciplina e regulamenta além das relações obtidas pela concepção do casamento, também as relações entre pessoas unidas pela união estável ou pelo parentesco. Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves O direito de família é de todos os ramos do direito, o mais intimamente ligado à própria vida, uma vez que, de modo geral, as pessoas provêm de um organismo familiar e a ele conservam-se vinculadas durante a sua 13 existência, mesmo que venham a constituir nova família pelo casamento ou pela união estável. (GONÇALVES, 2014, p.15).De acordo com a sua função ou o seu intuito, ele atua nas relações pessoais (entre os casais; ou os filhos; ou ainda os parentes fora da linha reta), bem como nas relações patrimoniais que são geradas dentro da família. Em razão da preservação da célula que sustenta a família, o Estado intervém na sua estrutura e impõe deveres, muito mais do que direitos. Observa-se uma progressiva intervenção a este ramo, tendo em vista prover maior custódia e conceder melhores condições de vida às novas gerações. 14 2 Poder Familiar 2.1 Aspectos históricos O instituto do poder familiar foi bastante alterado ao longo da história, uma vez que ele mantém-se atrelado à família e à sua estrutura. Em vista disso, muda-se a família, muda-se este instituto. Na sua evolução histórica, o poder familiar expõe-se no aspecto de submissão e subordinação dos filhos para com os pais. Constata-se dessa forma que o poder exercido pelos genitores era de hierarquia, e notório a presença de castigos. Bem distante do que o Direito Romano defendeu no que diz respeito à patria potestas pertencer somente ao patriarca, no século atual é salientado o poder familiar caber aos pais, em conjunto. Aqueles que ainda moravam no campo, defendiam irrefutavelmente a continuidade do poder patriarcal. Todavia com a migração para as grandes cidades, a industrialização, o novo posicionamento da mulher no mercado de trabalho, bem como o progresso da tecnologia, fez com que o poder nas mãos de apenas um dos pais fosse inapropriado. Foi-se o tempo dos equívocos de as relações familiares gravitarem exclusivamente na autoridade do pai, como se ele estivesse acima do bem e do mal apenas por sua função provedora, se perceber ter ele o dever de prover seus filhos muito mais de carinho do que de dinheiro, de bens e de vantagens patrimoniais. (MADALENO, apud ROSA 2013, p.14). O Código Civil (CC) de 2002, em seu art. 1.634, diz que: Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores: I – dirigir-lhes a criação e educação; II – tê-los em sua companhia e guarda; III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; IV – nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico; V – representa-los, até os dezesseis anos; VI – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; VII – exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. 15 E para equiparar completamente que as responsabilidades dos pais para com os filhos sejam igualitárias, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu art. 21, sustenta que: Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência. Não obstante, malgrado a grande evolução e transformação do poder familiar, este termo ainda encontra discussões por parte da doutrina, por considerar que ainda remete à ideia de poder físico, do mais forte sobressaindo sobre o mais fraco. Todavia, é melhor que a resistente expressão “pátria poder", mantida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), somente derrogada com o novo Código Civil. Com a implosão, social e jurídica, da família patriarcal, cujos últimos estertores deram-se antes do advento da Constituição de 1988, não faz sentido que seja reconstruído o instituto apenas deslocando o poder do pai (pátrio) para o poder compartilhado dos pais (familiar), pois a mudança foi muito mais intensa, na medida em que o interesse dos pais está condicionado ao interesse do filho, ou melhor, no interesse de sua realização como pessoa em formação. (LÔBO, 2006). 1 O Código Civil atual, contudo, modificou o termo “pátrio poder” usado pelo antigo Código de 1916, passando a usar em seus artigos 1.630 a 1.638 a expressão “poder familiar”. Diferentemente do que ocorreu com algumas legislações estrangeiras que atualmente designaram a expressão “autoridade parental”. O vocabulário autoridade é mais condizente com a concepção atual das relações parentais, por melhor traduzir a ideia de função, e ignorar a noção do poder. Já o termo parental traduz melhor a relação de parentesco por excelência presente na relação entre pais e filhos, de onde advém a legitimidade apta a embasar a autoridade. (TEIXEIRA, apud PEREIRA, 2011, p.449). A discussão para encontrar a melhor terminologia é pertinente, porquanto denota a mudança causada no instituto. 1 LÔBO, Paulo. Do poder familiar. Disponível em <http://jus.com.br/artigos/8371/do-poder- familiar#ixzz3k2l5e4Nr>. Acessado em 27 agos. 2015. 16 2.2 Titularidade De acordo com o art. 226, §5º, da Constituição Federal (CF) de 1988: “os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidas igualmente pelo homem e pela mulher”. Passa-se assim para as mãos de ambos os pais desempenhar o poder familiar. E o art. 1.631 do atual CC, evidencia tal fato: Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. Há um enorme desacerto na redação do art. 1.631 do CC de 2002, ao afirmar que “durante o casamento e a união estável compete aos pais o poder familiar”, pois este independe da origem do nascimento do filho, que deve ser exercido a partir do reconhecimento deste. Nem mesmo com o divórcio ou dissolução da união estável, ou ainda com a guarda estando com terceiros, nenhum dos pais perde o poder familiar, visto que ele deriva da filiação e da paternidade. Importante ressaltar que devido às novas formas de família presente na sociedade e Ante o princípio da interpretação em conformidade com a Constituição, a norma deve ser entendida como abrangente de todas as entidades familiares, onde houver quem exerça o múnus, de fato ou de direito, na ausência de tutela regular, como se dá com irmão mais velho que sustenta os demais irmãos, na ausência de pais, ou de tios em relação a sobrinhos que com ele vivem. (LÔBO, 2006). 2 Quem for o responsável por assumir a autoridade parental, tem que estar ciente de que ela possui características importantes. Ela é: Irrenunciável: por referir-se à um dever-função, aqueles que detenham o poder familiar, não podem dele se eximir. 2 LÔBO, Paulo. Do poder familiar. Disponível em <http://jus.com.br/artigos/8371/do-poder- familiar#ixzz3k2l5e4Nr>. Acessado em 27 agos. 2015. 17 Imprescritível: mesmo os pais não exercendo o poder familiar, estes ainda não o perdem. Inalienável e Indisponível: em hipótese nenhuma, os pais podem entregar o poder familiar a outra pessoa, a título oneroso e gratuito. 2.3 Suspensão, Perda e Extinção do Poder Familiar. 2.3.1 Suspensão Por se tratar de um múnus a ser executado prioritariamente em função do menor, o Estado intervém nessa relação quando o titular que exerce a função não estiver agindo corretamente. Fazendo com que haja uma privação definitiva ou temporária. O CC de 2002 trata a suspensão em seu artigo 1.637: Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade,faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha. Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. Refere-se a uma medida menos gravosa do que a perda ou extinção do poder familiar, tanto é que suprimido a circunstância que levou à suspensão, pode ser recuperado o poder. O Estatuto da Criança e Adolescente esclarece em seu art. 23 que: Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. § 1 o Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio. 18 O ECA é o responsável por regular o procedimento da suspensão do poder familiar e apresenta em seus artigos 24 e 155 a 163 como será feito. E ao final “a sentença que decretar a perda ou suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente” (Art. 163, ECA). Importante ressaltar que mesmo com a suspensão decretada, os pais podem visitar os filhos e lhes prestar alimentos. Os pais podem tentar ações judiciais ou recursos para evitar a suspensão do poder familiar e/ou com isso assegurar a visitação, mas podem ser obrigados a prestar alimentos aos filhos, seja na tramitação do processo, seja no curso da suspensão. (FONSECA, apud ROSA, 2015, p.26). 2.3.2 Perda É considerada a punição mais grave prescrita quanto ao poder familiar. O art. 1.638, CC, denota as causas de perda: Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I - castigar imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. No inciso I do art. acima citado, pode-se considerar que ‘castigar imoderadamente o filho’ é aquele que causa trauma, revolta ou desafeição e este a lei condena; castigo leve e coerente há uma tolerância por parte da Lei. Casos como os dos artigos 129 (Lesão Corporal) e 136 (Maus Tratos), ambos do Código Penal (CP). Em alguns casos relatados pela mídia (Caso Bernardo, Caso Isabela Nardoni), é notório que muitas vezes o castigo vai além do moderado, ocorrendo algo mais gravoso, como a morte. Por isso, em 26 de junho de 2014, foi promulgada a Lei n. 130.10 “Lei da Palmada” e depois chamada de “Lei Bernardo”, onde se incluía o art. 18-A no ECA, para Garantir o direito de que as crianças e adolescentes possam ser educadas e cuidadas ‘sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto’. (ROSA, 2015, p. 27). 19 A norma acima não é aplicada exclusivamente aos pais, mas também aos responsáveis, aos agentes públicos ou qualquer outra pessoa que tenha sob seus cuidados uma criança ou adolescente. O art. 18-A, parágrafo único, ECA, trata castigo físico como: Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: a) sofrimento físico; ou b) lesão; II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou c) ridicularize. Quando o Conselho Tutelar averigua algum episódio dos acima citados, ele aplica providências legais, de acordo com a gravidade do fato: Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; V - advertência. Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais. (ECA). O inciso II do art. 1.638, CC, ‘deixar o filho em abandono’ vem sendo listado como suscetível de responsabilidade civil dos pais. Todavia, o simples abandono por 20 parte dos pais não pode ser considerado meio de perda do poder familiar, pois seria como vitória para eles. Já para o inciso III, do art. 1.638, CC, ‘praticar atos contrários à moral e aos bons costumes’, Conrado Paulino da Rosa, esclarece que é “necessário que, no trâmite da ação de destruição do poder familiar, o titular do Juizado da Infância e da Juventude, em conjunto com a equipe interdisciplinar, possa verificar com cuidado tal previsão” (ROSA, p.28). A perda ou a suspensão não ocorre quando o detentor do poder familiar é considerado analfabeto ou ignorante. Às vezes, a ignorância dos pais, o meio social em que vivem, a falta de instrução ou de entendimento estão relacionados aos problemas que atingem crianças e adolescentes, e isso precisa ser detectado, seja pelo Conselho Tutelar, pelo magistrado, pelo agente ministerial ou pelo serviço social/psicológico com atuação na Comarca. (ROSA, 2015, p.29). Para a perda ou suspensão é necessário o devido processo legal e este se realiza por processo jurisdicional contencioso. Há a presença do contraditório e ampla defesa, além de perícias e estudos sociais, como figura nos artigos 155 a 163 do ECA e no Código de Processo Civil (CPC). Por sua gravidade, a perda do poder familiar somente deve ser decidida quando o fato que a ensejar for de tal magnitude que ponha em perigo permanente a segurança e a dignidade do filho. A suspensão do poder familiar deve ser preferida à perda quando houver possibilidade de recomposição ulterior dos laços de afetividade. (LÔBO, apud ROSA, 2015, p.30). 2.3.3 Extinção A extinção ocorre quando: Art. 1.635, CC Extingue-se o poder familiar: I - pela morte dos pais ou do filho; II - pela emancipação, nos termos do art. 5 o , parágrafo único; III - pela maioridade; IV - pela adoção; V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. Com a morte de um dos pais, há a centralização do poder familiar nas mãos do que sobreviveu. 21 Já a emancipação, é de acordo com o art. 5º, parágrafo único, inciso I, CC: Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoitoanos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; Quanto à maioridade civil, esta se dá quando o filho atinge os 18 anos completos. A adoção faz com que não mais exista poder familiar da família biológica, passando para a família adotante. E tal transferência é irrevogável e definitiva. 22 3 Guarda dos Filhos A expressão ‘guarda’ “deriva do alemão ‘wargem’, do inglês warden e do francês garde” (BELLO, 2015) 3 e remete à ideia de proteção, segurança. Nas relações familiares, trata-se de: Um direito-dever natural e originário dos pais, que consiste na convivência com seus filhos, e é o pressuposto que possibilita o exercício de todas as funções parentais, elencadas nos dispositivos do Código Civil que versam sobre o poder familiar. (GRISARD FILHO apud ROSA, 2015, p.48). Nas palavras de Mario Romera: a guarda é atributo do poder familiar, mas não se exaure nele nem com ele se confunde. Daí se conclui que a guarda pode existir sem o poder familiar, assim como esse poder pode ser exercido sem aguarda. (ROMERA, 2015). 4 Percebe-se assim que mesmo com o fim do casamento ou da união estável, não se extingue o poder familiar, como vimos no capítulo anterior. Pois fato é que, não existe ex-filho. Tradicionalmente, a guarda era dada a um dos genitores e ao outro era cedido o direito à visitação. O art. 226, §5º da CF de 1988, diz que “os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. Verifica-se neste artigo, a presença do Princípio da Igualdade Jurídica dos Cônjuges e Companheiros, onde a principal característica deste é afastar de vez o poder patriarcal ou marital, passando assim, a guarda dos filhos serem comum a ambos os genitores. Porém, cada caso deve ser analisado individualmente para que se possa aplicar o melhor tipo de guarda aos filhos. De acordo com o Princípio do Melhor Interesse da Criança, busca-se o melhor equilíbrio psicológico e físico da criança ou adolescente. 3 BELLO, Roberta Alves. Guarda alternada versus guarda compartilhada: vantagens e desvantagens nos processos judicializados de continuidade dos laços familiares. Disponível em <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11387> acessado em 26 set. 2015. 4 ROMERA, Mario. O instituto da guarda no Estatuto da Criança e Adolescente. Disponível em <https://www.mprs.mp.br/infancia/doutrina/id130.htm>. Acessado em 01 set. 2015. 23 Dentre os tipos de guarda observados em nossa sociedade, temos: guarda unilateral, guarda alternada, guarda nidal, guarda atribuída a terceiros. E o principal objeto de estudo, a guarda compartilhada, será analisada em capítulo próprio. 3.1 Guarda Unilateral De acordo com o art. 1.583, §1º do CC: Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada §1 o : Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. O art. 1.583, §2º, CC, em sua antiga redação trazia que a guarda unilateral deveria ser concedida àquele genitor que tivesse melhores condições para desempenhá-la, e apresentava o seguinte rol: (I) afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar; (II), saúde e segurança; (III) educação. Conforme Douglas Phillips Freitas, o rol era qualitativo, sendo o primeiro inciso o de maior prestígio. Porém, os incisos são interdependentes, uma vez que, mesmo tendo o afeto destaque nas relações familiares, não há como negar que a guarda deva ser concedida àquele que propicie também melhores condições de saúde, educação e segurança ao filho. (FREITAS apud ROSA, 2015, p.56). Sob a ótica da capacidade econômica, o dispositivo nunca poderia ser aplicado, pois fato é que não se pode dar prioridade àquele genitor que tenha um poder aquisitivo melhor do que o outro. O melhor a ser feito, é a análise do caso concreto, onde promotor e juiz devem observar o porquê do pai ou mãe ter manifestado esse desejo de guarda unilateral, afim de que se evite um quadro de alienação parental. A guarda unilateral passou a ser restrita, visto que existe o risco de gerar um conflito maior entre os pais e gerando consequências no convívio com os filhos. 24 Não é nada infrequente os juízes se depararem com disputas judiciais, cujos pais vindicam a primazia da condição de guardador, muitas vezes motivados por seus egoísticos interesses pessoais, em que visam a causar danos psíquicos ao ex-cônjuge do que o verdadeiro bem-estar do filho, mera peça deste jogo de poder, vítima da ascendência e irreversível prepotência daqueles incapazes de criar e preservar vínculos simples de amor. (MADALENO apud ROSA, 2015, p.57). Após a pós-ruptura, aquele que detenha a guarda, assume unipessoalmente as responsabilidades, os direitos e deveres, sem prejudicar o outro genitor. De acordo com o art. 1.583, §5º, do CC: Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada: § 5º: A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos. Destarte, embora o detentor da guarda tenha a capacidade de tomar decisões na vida do filho, como escolher a escola e médicos, o outro genitor deve ser comunicado no tocante da vida dos filhos. 3.2 Guarda Alternada A guarda alternada ocorre quando os filhos ficam sob a guarda material de um dos pais por períodos alternados. (GRISARD FILHO, apud ROSA, 2015, p. 58). Neste modelo, a guarda fica atribuída a um ou outro genitor, ocorrendo à alternância do tempo que o filho fica com cada um. O tempo que durar a guarda, o pai ou a mãe tem total exclusividade nos direitos e deveres do filho. A guarda alternada acaba se tornando certo egoísmo por parte de um dos pais, que trata o filho como mero objeto de posse, ou o mito do filho “mochilinha” e defronta assim o Princípio do Melhor Interesse da criança. Tanto que no Brasil, ela não tem respaldo jurídico de aplicação. 25 3.3 Guarda Nidal De acordo com as palavras de Rodrigo da Cunha Pereira: A expressão “nidal” vem do latim nidus, que significa ninho. Traz consigo o sentido de que os filhos permaneceram no “ninho”, e os pais é quem se revezarão, isto é, a cada período, um doa genitores ficará com os filhos na residência original do casal. (PEREIRA, apud ROSA, 2015, p. 60). Neste tipo de guarda, não existe proibição alguma, mas em relação à praticidade, ela é pouco usada em nosso ordenamento jurídico. Das vantagens existentes neste tipo de guarda, a de que o filho terá um só lugar para ficar e desse modo não muda guarda-roupa, lugar de lazer e estudo é uma delas. Ele também não terá que revezarentre a residência do pai e da mãe. Existindo pais dispostos a exercer a guarda nidal e situação econômica favorável para tal, o juiz analisará o caso e poderá homologar este tipo de guarda. 3.4 Guarda atribuída a terceiros A guarda, via de regra, é o atributo do poder familiar e consiste no direito/dever dos pais de terem os filhos em sua companhia e sob sua custódia material, cultural e patrimonial. (GIORGIS, apud ROSA, 2015, p. 61). Não obstante, o art. 1.584, §5º, CC, apresenta que Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: §5º Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade. De acordo com o art. 33 do ECA “a guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.” Refere-se ao fato de outra pessoa guardar a vida daquele que por algum motivo não teve as necessidades supridas por quem o gerou. Para a definição de 26 quem irá exercer este papel, será de acordo com o caso concreto. Podendo ser conferida até mesmo a algum irmão mais velho. O guardião assume deveres e direitos, com objetivo de proteger e guarnecer as necessidades da criança. Ele terá o dever de dar assistência ampla e irrestrita em relação a cuidados com a saúde, moral, diversão e educação da criança. Importante ressaltar que a guarda atribuída a terceiros, se difere da tutela, pois naquela não se afasta o poder familiar, gera somente uma transferência a terceiros que terão obrigação provisória de cuidar da integridade psíquica e física da criança e do adolescente. Em último caso, o Estatuto da Criança e do Adolescente ainda tem a previsão da chamada “guarda institucional”. Nesta, insere-se “a criança ou o adolescente que está em situação de risco, em programas de acolhimento familiar ou institucional, de caráter provisório e excepcional” (CARVALHO, apud ROSA, 2015, p. 62). A finalidade é reintegrar o menor na família, ou em caso de insucesso com este, uni-lo em uma família substituta. A respeito da guarda compartilhada, o capítulo seguinte apresenta-a de uma maneira mais detalhada. 27 4 Guarda Compartilhada 4.1 Origem No início do século XIX, o poder de guarda dos filhos era único e exclusivo concentrado nas mãos do pai, uma vez que a mãe era considerada inapta a praticar atos da vida civil, além disso, a mãe submetia-se totalmente às vontades do patriarca e era privada de realizar os deveres relacionados à vida matrimonial do casal. Já no século XX, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, surgem diversas modificações nas famílias, fazendo com que até mesmo o homem começasse a participar mais ativamente da educação e criação de seus filhos. Diferente da atual formação familiar, naquele século era notório a presença de muitos herdeiros em uma mesma casa. Destarte, a mulher, estando mais apta a cuidar de toda a prole, passa a ficar mais em casa. E o pai, assume toda a responsabilidade material, saindo para trabalhar. Todavia, tal modelo não ficou presente por muito tempo, já que a mulher começa a trabalhar e se iguala ao marido quanto às tarefas da casa. Com todas essas mudanças no núcleo familiar e na guarda dos filhos, foi preciso implantar um novo instituto para cuidar do assunto. Eclodindo assim, a guarda compartilhada. Surgida em meados da década de 60 na Inglaterra, a guarda compartilhada ganhou forças também em outros países como França, Estados Unidos e Brasil. “Na França, esta modalidade de guarda foi assimilada a partir de 1976, com o intuito de diminuir as injustiças causadas pela guarda isolada, consolidando desde então, a importância dos genitores no exercício comum da chamada autoridade parental”. (BRESSAN, 2015).5 No Brasil, foi introduzido no ordenamento jurídico com a Lei nº 11.698/2008, modificando os art. 1.583 e 1.584 do CC. Posteriormente nasce a Lei 13.058/2014 que alterou além dos arts. 1.583 e 1.584, também os 1.585 e 1.634 da Lei 5 BRESSAN, Vinícius Costa. A guarda compartilhada e sua aplicação no ordenamento jurídico brasileiro. Disponível em <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6819>. Acessado em 01 out. 2015. 28 no 10.406/2002 (Código Civil), estabelecendo o significado da expressão “guarda compartilhada” e dispondo sobre sua aplicação. 4.2 Conceito “Compartilhar”, remete à ideia de partilhar e no caso da guarda compartilhada, seria ‘partilhar com o outro’. Prevista na legislação brasileira, desde 2008, a guarda compartilhada surge da necessidade de igualizar os direitos e obrigações dos pais para com os filhos, independentemente de quem seja o guardião. Fazendo com que a guarda unilateral dada exclusivamente às mães, tornasse ultrapassada. 4.3 Objetivo Seu objetivo principal é o de conservar os laços afetivos existentes, diminuindo os efeitos que o fim da relação matrimonial acarretou aos filhos, além de ser de extrema importância para a formação psicológica da criança, conviver em harmonia e cotidianamente com ambos os pais. “A guarda compartilhada traz uma nova concepção para a vida dos filhos de pais separados: a separação é da família conjugal e não da família parental, ou seja, os filhos não precisam se separar dos pais quando o casal se separa, o que significa que ambos os pais continuarão participando da rotina e do cotidiano deles.” (PEREIRA, apud ROSA, 2015, p. 64). Conforme o jurista mineiro Dimas Messias de Carvalho, o estabelecimento da guarda compartilhada, em resumo: a) Mantém e estreita os vínculos com ambos os pais; b) Estreita a síndrome da alienação parental; c) Auxilia na criação e educação dos filhos; d) Mantém os vínculos com a família; e) Mantém as referências paterna e materna. (DE CARVALHO, apud ROSA, 2015, p. 67). Destarte, o objetivo da guarda compartilhada vai além da simples responsabilidade dos genitores por seus filhos; ela tem um significado importante 29 que é o de conduzir a criação e educação do menor. Traz excelentes benefícios aos filhos, como: segurança, proteção e principalmente, a certeza de que o amor dos pais por eles não cessou. 4.4 A nova Lei de Guarda Compartilhada Com a necessidade de uma legislação que regulasse a aplicação da guarda compartilhada, é aprovada a Lei n. 11.698/2008, que modificou dois importantes artigos do CC (arts. 1.583 e 1.584). Porém apesar de este modelo de guarda ser aplicado há tantos anos, ainda é passível de dúvidas por grande parte dos pais divorciados ou separados sobre como tudo funciona. Por isso, mesmo com a aprovação da Lei, ainda percebe-se a presença da guarda unilateral na sociedade. Em consequência, surge à nova Lei da Guarda Compartilhada, n. 13.058/2014. O que realmente se espera das diversas salas de audiência de conciliação é que seja aplicado o melhor tipo de guarda existente em nosso ordenamento jurídico em prol do menor, e não mais dê lugar a litígios mal resolvidos por indiferenças pertencentes aos pais. Neste sentido faz-se necessário analisar os tópicos principais que vieram com a atual Lei da Guarda Compartilhada e a possibilidade de sua utilidade nos processos de guarda, e no próprio núcleo familiar.4.4.1 Custódia Física Obrigatória Quando a nova Lei surgiu trazendo mudanças no instituto da guarda compartilhada, diversas dúvidas apareceram de como seria aplicado em cada caso concreto. Em relação à custódia física principalmente. Não há que se falar em quanto tempo cada pai poderá ficar com o filho, pois falar em custódia física é tão somente dizer com quem o filho irá morar, se com o pai ou com a mãe. Se falarmos de tempo, seria remeter-se à guarda alternada, o que nem existe em nosso ordenamento jurídico. O art. 1.583, §3º, CC, trata em sua nova redação da “base de moradia”, onde: 30 Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada §3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos. Nesta nova redação, o artigo fala de forma expressa que mesmo os pais não residindo na mesma cidade, ainda assim poderá ser aplicada a guarda compartilhada. Como o legislador chamou a atenção, a definição de onde será a moradia do filho, vai ser de acordo com aquela que “melhor atender aos interesses dos filhos”. Porém se ausente à concordância entre os genitores, “caberá ao juiz e ao promotor a utilização da perícia social e psicológica para que, de forma efetiva, esse critério seja atendido.” (ROSA, 2015, p. 77). A perícia será realizada por perito nomeado pelo juiz, e de acordo com o art. 421, CPC: Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 1 o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito: I - indicar o assistente técnico; II - apresentar quesitos. Peritos e assistentes técnicos têm a seu favor, para se chegar a uma resposta mais eficiente e correta, alguns meios como testemunhas, fotografias e desenhos, nestes dois últimos independentemente da idade do filho. Na redação dada pelo art. 436, CPC, temos que “o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos”, pertencendo a ele decidir qual residência será a “base de moradia” para os filhos. Após a determinação da residência do filho, em consequência se determinará como será a convivência com o outro genitor. Importante salientar que é de extrema importância que cada genitor tenha aposentos em suas casas para que seus filhos possam usufruir e sentir-se em casa, ou seja, terem “um canto pra chamar de seu”. Aposentos estes que deverão ser de acordo com a condição financeira de cada um. 31 Conrado Paulino da Rosa, nos chama a atenção de que a “atribuição da custódia física a um dos pais irá, também, resultar na responsabilidade do outro progenitor no pagamento da pensão alimentícia.” (ROSA, p. 79). Portanto, mesmo os pais usufruindo da guarda compartilhada, não exonera o genitor não guardião de pagar alimentos aos filhos. 4.4.2 Guarda Compartilhada como regra? Possível aplicação sem consentimento entre os genitores? A fim de acabarem com a ideia cujos filhos são troféus de uma disputa judicial selada por seus genitores, a guarda compartilhada surge para favorecer o lado da criança ou adolescente, para assim conviver com ambos os pais. A redação do art. 1.584, §2º, do Código Civil, traz uma importante ideia sobre a guarda compartilhada: ela como regra, pois: Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: § 2 o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor A expressão “sempre que possível”, foi a que teve interpretação equivocada. Sabe-se que os pais que convivem bem entre si e com seus filhos, não necessitam da imposição de uma regra como a guarda compartilhada, ela serve para aqueles que não entram em acordo quanto à guarda dos filhos. Outra importante ideia trazida pelo art. 1.584, §2º, do Código Civil é a de que Além de o compartilhamento passar a ser regra em nosso ordenamento jurídico, de forma expressa, o magistrado, de acordo com a nova redação do art. 1.584, §2º, do Código Civil, deverá aplicar a guarda compartilhada mesmo sem consenso, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, “salvo se um dos genitores declarar ao juiz que não deseja a guarda do filho”. (ROSA, 2015, p. 84). Uma considerável observação é a de que a regra da guarda compartilhada pode ser usada também nos casos onde só há só o pai ou só a mãe, fazendo com que exista a possibilidade da guarda ser entre avó paterna e a mãe. 32 A Guarda Compartilhada como regra, faz com que a guarda unilateral seja aplicada como exceção, visto que ela tem gerado conflitos entre os pais e desconforto para os filhos. Ao final de cada processo de guarda, deve ser analisado qual a melhor se aplica ao caso concreto. 4.4.3 Atribuições de cada um dos pais e a necessidade de um trabalho interdisciplinar De acordo com a nova redação do art. 1.584, §3º, de nossa codificação civil, a respeito das atribuições: Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: § 3 o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe. Quanto às outras atribuições, como por exemplo, quem leva o filho à escola ou se paga algum outro tipo de transporte, isso será acordado entre os pais e com a situação financeira de cada um. O importante é que cheguem a comum acordo, para o melhor benefício do filho. Uma nova inovação que veio com a Lei n. 13.058/2014 é a que se refere ao exercício do dever de vigilância dos genitores. Apesar de os pais terem o dever de contribuir para a criação e educação dos filhos, algumas instituições de ensino delimitavam o acesso à informação daquele que não fosse o guardião legal da criança ou adolescente. Isso mudou, após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/96), em seu art. 12, VII, apresenta a seguinte mudança, em 2009: Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola. 33 Para reforçar tal mudança, a Lei 13.058/2014, trouxe consigo uma nova redação ao art. 1.584, §6º, CC: Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: § 6 o Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia pelo não atendimento da solicitação. Tudo isso, em prol da igualdade entre genitores, e que estes estejam mais próximo possíveis de seus filhos. 4.4.4 Descumprimento de atribuições e suas as consequências Conrado Paulino da Rosa nos ensina que “a sistemática de responsabilidades e dinâmicas será, de preferência, fixada em sentença de forma detalhada para que, em havendo descumprimento, alguma atitude possa ser realizada” (ROSA, p.90). Destarte, existindo descumprimento de algumaatribuição ao que incumbia a um dos genitores, é passível que exista uma punição. Tal possibilidade existe desde a Lei n. 11.698/2008, no art. 1.584, §4º, CC, ao que diz que o “descumprimento imotivado da cláusula de guarda, unilateral ou compartilhada, poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência com o filho”. A parte final deste artigo, porém, foi alvo de críticas por alguns doutrinadores, como Ana Carolina Brochado Teixeira, “no sentido de que se trata de um raciocínio que visa punir o genitor sem cogitar se esta é a medida que melhor condiz com os interesses da criança e do adolescente”. (TEIXEIRA apud ROSA, 2015, p. 90). A lei manteve a possibilidade de redução de prerrogativas, porém não as estipulou, mas não é possível que aquele genitor que descumpriu duas funções passe ileso a alguma punição. Com fundamento no art. 461, §4º, do CPC, aquele que for o detentor da guarda e da custódia física, que não cumprir o de deixar o filho ver o outro genitor poderá sofrer punição como multa. 34 Esta deve existir para que inexista ou se encerre o descumprimento de função, portanto “diz-se que não tem ela finalidade sancionatória ou reparatória, mas age como instrumento de coerção indireta, tendente a dar efetividade ao mandamento judicial” (MIGUEL FILHO, apud ROSA, 2015, p. 92). Ademais, existem outras punições se houver violação ou abuso no exercício da autoridade parental. Como os elencados nos artigos 98, II e 100, do ECA. Também há punições aos pais ou responsáveis, que variam de advertências à suspensão ou perda do poder familiar (arts. 22, 24 e 129, ECA). 4.4.5 Pagamento de pensão alimentícia na Guarda Compartilhada Após a definição da “base de moradia”, em que um dos genitores exercerá a custódia física, será necessário determinar a fixação do valor da prestação de alimentos. Tal fixação encontra respaldo jurídico nos artigos 1.566, IV e 1.568, ambos do CC, no que diz: Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: IV - sustento, guarda e educação dos filhos; Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial. E também nos art. 1.701, CC, “a pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor.” Além do art. 1.703, CC: “Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos”. Portanto, diferente do que algumas pessoas acreditavam após a nova Lei de Guarda Compartilhada, não há de se falar em eximir o genitor não guardião da prestação de alimentos aos filhos. Haverá a presença do binômio necessidade-possibilidade para o genitor que for arcar com os alimentos (art. 1.694, §1º, CC), “assim, a verba alimentar deve ter 35 como parâmetro as necessidades de quem postula o auxilio, denominado alimentado, e, por outro lado, as possibilidades de quem é o responsável pelo sustento, chamado de alimentante”. (ROSA, 2015, p. 104). Além deste binômio, deverá ser respeitada também a razoabilidade, cabendo ao juiz averiguar se há um equilíbrio do valor acordado entre os pais. 4.4.5.1 Prestação de contas “Todo aquele que, de qualquer modo, administra bens ou interesses alheios, por força de relação jurídica legal ou contratual, tem a obrigação de prestar contas, quando solicitado, ou fornecê-las, voluntariamente, se necessário” (DONIZETTI, apud ROSA, 2015, p.110). No caso da prestação de contas dos alimentos destinados ao filho, existiam dúvidas se o não guardião poderia mesmo pedir tal procedimento. Para resolver a temática, o art. 1.583, §5º, CC, traz em sua nova redação, Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. § 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos. Portanto, a partir deste novo artigo é possível ao genitor ou qualquer outra pessoa (irmão mais velho, avós, tios) que tenha interesse e seja legitimado para tal, solicitar prestação de contas. Pode o filho, também exigir a prestação de contas, se ocorrerem colisão entre os interesses do filho e seus pais, e tal situação encontra respaldo no art. 1.692, CC, “sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com o do filho, a requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial”. 36 4.4.6 Convivência equilibrada A Lei n. 13.058/2014 trouxe em seu art. 1.583, § 3º, CC, uma pequena mudança em seu texto. Substituiu a palavra “custódia física” por “convívio”. O que antes era “na guarda compartilhada, o tempo de custódia física dos filhos (...)”, passou a ser “na guarda compartilhada, o tempo de convívio dos filhos (...)”. Porém em ambas as redações o que causa confusão é a expressão “convivência equilibrada”, vez que não se pode considerar equilibrada quando o não guardião passa apenas quatro dias com o filho (que seriam os finais de semana alternados). “Na fixação do regime de convivência deve ser buscada, em um ambiente ideal, uma construção conjunta dos dias, horários e locais de retirada, sempre pensando no melhor interesse da prole. Os horários devem atender ao conforto dos filhos e não dos genitores”. (ROSA, 2015, p. 125). 37 CONCLUSÃO No âmbito social e jurídico, a definição, o ponto de vista e a amplitude de família são os que mais se modificaram no decorrer dos tempos. A sociedade, por longa data, buscou preferir o padrão “pais e filhos” por meio do matrimônio. Tal padrão retrata a tradição e devido a ela, quem não a seguisse não era benquisto coletivamente, hoje tal padrão encontra-se quase escasso. Além da família, o instituto do poder familiar também sofreu consideráveis mudanças ao longo da história, vez que ele mantém-se atrelado à família e à sua estrutura. Em vista disso, muda-se a família, muda-se este instituto. Na sua evolução histórica, o poder familiar expõe-se no aspecto de submissão e subordinação dos filhos para com os pais. Constata-se dessa forma que o poder exercido pelos genitores era de hierarquia, e notório a presença de castigos. Bem distante do que o Direito Romano defendeu no que diz respeito à patria potestas pertencer somente ao patriarca, no século atual é salientado o poder familiar caber aos pais, em conjunto. Mesmo esse “conjunto” não mais existindo, não se extingue o poder familiar, visto que não existe a figura do ex-filho. Foi necessário então, após a dissolução matrimonial, manter os pais na vida dos filhos, surgindo então as variáveis formas de guarda. Ao analisar cada caso individualmente, juízes e promotores chagariam a uma melhor forma de guarda seria aplicada. Dentre um dos modelos de guarda, está a compartilhada. A pesquisa realizada trouxe seus principais pontos, e analisou as mudanças que ocorreu após a publicação da nova Lei da Guarda Compartilhada (Lei n. 13.058/2014). O que se percebe com as novas redações dos artigos é cada vez mais demonstrar que o objetivo da guarda compartilhada vaialém da simples responsabilidade dos genitores por seus filhos; ela tem um significado importante que é o de conduzir a criação e educação do menor. Traz excelentes benefícios aos filhos, como: segurança, proteção e principalmente, a certeza de que o amor dos pais por eles não cessou. Portanto, a guarda compartilhada aplicada como regra, vem para conservar os laços afetivos existentes, diminuindo os efeitos que o fim da relação matrimonial acarretou aos filhos, além de ser de extrema importância para a formação psicológica da criança, conviver em harmonia e cotidianamente com ambos os pais. 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELLO, Roberta Alves. Guarda alternada versus guarda compartilhada: vantagens e desvantagens nos processos judicializados de continuidade dos laços familiares. Disponível em <http://www.ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11387> acessado em 26 set. 2015. BRASIL, Código Civil. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acessado em 30 set. 2015. _______. Código de Processo Civil. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm>. Acessado em 20 set. 2015. _______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acessado em 24 set. 2015. _______. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm> Acessado em 19 set. 2015. _______. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acessado em 26 set. 2015. BRESSAN, Vinícius Costa. A guarda compartilhada e sua aplicação no ordenamento jurídico brasileiro. Disponível em <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6819>. Acessado em 01 out. 2015. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 11ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. 742 p. v. 6. LÔBO, Paulo. Do poder familiar. Disponível em <http://jus.com.br/artigos/8371/do- poder-familiar#ixzz3k2l5e4Nr>. Acessado em 27 agos. 2015. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direito de família. 19 . ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. 621 p. v. 5. ROMERA, Mario. O instituto da guarda no Estatuto da Criança e Adolescente. Disponível em <https://www.mprs.mp.br/infancia/doutrina/id130.htm>. Acessado em 01 set. 2015. ROSA, Conrado Paulino da. Nova Lei da Guarda Compartilhada. 1ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2015. 150 p. 39 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 501 p. v. 6.
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