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Monografia - GUARDA COMPARTILHADA

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UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – UNIPAC 
FACULDADE DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAROLINA DA SILVA MENDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 GUARDA COMPARTILHADA 
O NOVO CENÁRIO SOCIAL APÓS A NOVA LEI (13.058/2014) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARBACENA 
2015 
 
 
CAROLINA DA SILVA MENDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 GUARDA COMPARTILHADA 
O NOVO CENÁRIO SOCIAL APÓS A NOVA LEI (13.058/2014) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Direito da Universidade Presidente 
Antônio Carlos – UNIPAC, como requisito 
parcial para obtenção do título de 
bacharel em Direito. 
 
Orientador (a): Maria Aline Araújo de 
Oliveira Geoffroy. 
 
 
 
 
 
 
BARBACENA 
2015 
 
 
CAROLINA DA SILVA MENDES 
 
 
GUARDA COMPARTILHADA: O novo cenário social após a nova lei 
(13.058/2014) 
 
Monografia apresentada à Universidade 
Presidente Antônio Carlos – UNIPAC, 
como requisito parcial para obtenção do 
título de Bacharel em Direito. 
 
 
Aprovada em ___/___/___ 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
____________________________________________________ 
 Prof.ª Dr.ª Maria Aline Araújo de Oliveira Geoffroy 
 
 ____________________________________________________ 
Prof. Esp. Fernando Antônio Montalvão do Prado 
 
 ____________________________________________________ 
 Prof.ª Esp. Cristina Prezoti 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
No âmbito social e jurídico, a definição, o ponto de vista e a amplitude de família são 
os que mais se modificaram no decorrer dos tempos. A nova realidade familiar 
chama a atenção de todos e precisa-se que cada vez mais ela esteja em pauta. 
Objetiva-se neste trabalho salientar a importância da atual Lei da Guarda 
Compartilhada (Lei nº 13.058/2014) e como ela está sendo aplicada diante do novo 
cenário social brasileiro. Estudaram-se os principais aspectos relacionados à família, 
passando por seu conceito, contexto histórico, natureza jurídica e o ramo do Direito 
de Família. Em segundo plano abordou-se os principais tópicos do Poder Familiar, 
como Titularidade e as modalidades de suspensão, perda e extinção de tal poder. 
Posteriormente foram apresentadas e sintetizadas os tipos de Guarda presente em 
nosso ordenamento jurídico. Por fim, analisou-se a nova Lei da guarda 
compartilhada, suas vantagens e desvantagens. Assim, com o auxílio de pesquisas 
e doutrinas, pôde-se analisar o tema tão relevante para a sociedade que tanto se 
modificou em relação à formação da família. 
 
Palavras-Chave: Guarda Compartilhada. Direito de Família; Lei 13.058/2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Social and legal context, the setting, the view and the family of amplitude are the 
ones who have changed the course of time. The new family reality draws the 
attention of all and it is stated that more and more it is on the agenda. Objective of 
this study was to highlight the importance of the current Shared Guard Law (Law No. 
13,058 / 2014) and how it is being applied before the new Brazilian social scene. We 
studied the main aspects related to the family, through its concept, historical, legal 
and branch of Family Law. In the background is approached the main topics of 
Family Power, as Ownership and suspension arrangements, loss and extinction of 
such power. Subsequently it was presented and summarized the types of this Guard 
in our legal system. Finally, we analyzed the new Law of shared custody, their 
advantages and disadvantages. So with the help of research and doctrines, it could 
examine the topic so relevant for society that so much has changed in relation to 
family formation. 
 
Keywords: Shared Guard. Family Law; Law 13,058 / 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 
1 A família .................................................................................................... 10 
1.1 Conceito ............................................................................................. 10 
1.2 Contexto histórico .............................................................................. 10 
1.3 Natureza Jurídica da Família ............................................................. 12 
1.4 Direito de Família ............................................................................... 12 
2 Poder Familiar ........................................................................................... 14 
2.1 Aspectos históricos ............................................................................ 14 
2.2 Titularidade ......................................................................................... 16 
2.3 Suspensão, Perda e Extinção do Poder Familiar. ............................ 17 
2.3.1 Suspensão ...................................................................................... 17 
2.3.2 Perda ............................................................................................... 18 
2.3.3 Extinção ........................................................................................... 20 
3 Guarda dos Filhos..................................................................................... 22 
3.1 Guarda Unilateral ............................................................................... 23 
3.2 Guarda Alternada ............................................................................... 24 
3.3 Guarda Nidal ...................................................................................... 25 
3.4 Guarda atribuída a terceiros .............................................................. 25 
4 Guarda Compartilhada ............................................................................. 27 
4.1 Origem ................................................................................................ 27 
4.2 Conceito ............................................................................................. 28 
4.3 Objetivo .............................................................................................. 28 
4.4 A nova Lei de Guarda Compartilhada ............................................... 29 
4.4.1 Custódia Física Obrigatória ............................................................ 29 
4.4.2 Guarda Compartilhada como regra? Possível aplicação sem 
consentimento entre os genitores?........................................................................ 31 
 
 
4.4.3 Atribuições de cada um dos pais e a necessidade de um trabalho 
interdisciplinar ........................................................................................................ 32 
4.4.4 Descumprimento de atribuições e suas as consequências ......... 33 
4.4.5 Pagamento de pensão alimentícia na Guarda Compartilhada .... 34 
4.4.6 Convivência equilibrada ................................................................. 36 
CONCLUSÃO .................................................................................................. 37 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 38 
 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A definição de família, por longos anos, manteve-se atrelada ao instituto do 
casamento e assim, exercida por pessoas que se vincularam com outras através do 
matrimônio ou união estável. Porém, atualmente essa definição, onde viviam em 
uma mesma casa: pai, mãe e filhos, sofreu grandemudança devido às influências 
do mundo social e de novas realidades. 
 Nas últimas décadas, Direito Civil e a sociedade brasileira, começaram a 
observar mais de perto a dissolução de casais e a consequência desse fato às 
crianças e adolescentes que conviviam conjuntamente em um mesmo lar. O fator 
preocupante é onde eles iriam viver, se os pais não vivem mais em comunhão. 
Este trabalho aborda assim, o instituto da guarda compartilhada e como o 
Direito Civil vem tratando este instituto. Suas principais modificações ao longo dos 
anos, até atualmente com as modificações da nova Lei da Guarda Compartilhada 
(13.058/2014). 
Trata-se de um tema relevante e que gera opiniões divergentes tanto no 
Direito Civil e Direito de Família, como na sociedade como um todo. 
Primeiramente será apresentado o contexto histórico de família; os novos 
fenômenos sociais: família moderna; natureza jurídica da Família; o Direito de 
Família no Brasil. 
A seguir apresentam-se aspectos históricos do Poder Familiar, sua natureza 
jurídica e titularidade. Bem como a sua extinção, perda e suspensão. 
Subsequentemente será feito o estudo dos principais tipos de guarda 
existentes, passando pela guarda unilateral, guarda alternada, guarda nidal e guarda 
atribuída a terceiros. 
Posteriormente será feito o estudo do instituto da Guarda Compartilhada; 
breve origem, conceito, objetivo. Por fim, esclarece quais as principais mudanças 
que ocorreram no cotidiano das famílias após a aprovação da nova Lei da Guarda 
Compartilhada. 
 
 
 
10 
 
1 A família 
 
 
1.1 Conceito 
 
Beviláqua nos ensina que 
 
Ao conceituar a ‘família’, destaca-se a diversificação. Em sentido genérico e 
biológico, considera-se família: o conjunto de pessoas que descendem de 
tronco ancestral comum. Ainda neste plano geral, acrescenta-se o cônjuge, 
aditam-se os filhos do cônjuge (enteados), os cônjuges dos filhos (genros e 
noras), os cônjuges dos irmãos e os irmãos do cônjuge (cunhados). 
(BEVILÁQUA, apud PEREIRA, 2011, p.25). 
 
Na afirmativa dada por Carlos Roberto Gonçalves: 
 
Latu Sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por 
vínculo de sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral 
comum, bem como as unidas pela afinidade e pela adoção. Compreende os 
cônjuges e companheiros, e os parentes e os afins. (GONÇALVES, 2014, 
p.15). 
 
 
1.2 Contexto histórico 
 
No âmbito social e jurídico, a definição, o ponto de vista e a amplitude de 
família são os que mais se modificaram no decorrer dos tempos. A sociedade, por 
longa data, buscou preferir o padrão “pais e filhos” por meio do matrimônio. Tal 
padrão retrata a tradição e devido a ela, quem não a seguisse não era benquisto 
coletivamente. 
 Nesse sentido, Caio Mário da Silva Pereira completa dizendo que 
 
Na verdade, em senso estrito, a família se restringe ao grupo formado pelos 
pais e filhos. Aí se exerce a autoridade paterna e materna, participação na 
criação e educação, orientação para a vida profissional, disciplina de 
espírito, aquisição dos bons ou maus hábitos influentes na projeção social 
do indivíduo. Aí se pratica e desenvolve em mais alto grau o princípio da 
solidariedade doméstica e cooperação recíproca. (PEREIRA, 2011, p.25). 
 
11 
 
Constatamos no direito romano, bem como no direito grego que mesmo 
existindo uma união natural entre os membros de uma mesma família, essa não era 
a vinculação principal. Encontra-se desta forma um importante princípio, chamado 
Princípio da Autoridade. Tal princípio fazia com que o poder estivesse concentrado 
na mão do pater. 
 
E ele era ao mesmo tempo chefe político, sacerdote e juiz. Comandava, 
oficiava o culto dos deuses domésticos (penates) e distribuía justiça. 
Exercia sobre os filhos direito de vida e de morte (ius vitae ac necis), podia 
impor-lhes pena corporal, vendê-los, tirar-lhes a vida. A mulher vivia in loco 
filiae, totalmente subordinada à autoridade marital (in manu mariti), nunca 
adquirindo autonomia, pois que passava da condição de filha à esposa, sem 
alteração na sua capacidade; não tinha direitos próprios, era atingida por 
capitis deminutio perpétua que se justificava propter sexus infirmitatem et 
ignorantiam rerum forensium. Podia ser repudiada por ato unilateral do 
marido. (PEREIRA, 2011, p. 31). 
 
Percebe-se assim que era exclusividade do pater adquirir bens, além de 
exercer total poder sobre o legado da família, sobre os filhos do casal, e mais ainda 
sobre a mulher. 
O formato familiar neste período sofria grande influência da religião e de 
seus antepassados, fazendo com que a figura de um sucessor do sexo masculino 
fosse crucial para a continuação do culto familiar, e este teria que ser concebido 
dentro do matrimônio. “O filho bastardo ou natural não poderia ser continuador da 
religião doméstica” (VENOSA, 2011, p.4). 
Além do poder patriarcal, na história da humanidade, encontramos também 
o poder matriarcal e a horda. No qual, o poder matriarcal era basicamente aquele 
em que a mulher assumia o papel de chefe da família. E a horda tinha como 
características não ter uma figura como chefe ou poder central, e vínculos 
promíscuos. 
Deveras afastado das antigas civilizações, como as gregas e romanas que 
não tinham o casamento como meramente afetivo, além de um conceito amplo e 
hierárquico, no presente momento observa-se a mudança para a quase 
exclusividade de pais e filhos, que vivem na mesma casa. 
Conhecemos assim a família moderna, como nos ensina Venosa: “a célula 
básica da família, formada por pais e filhos, não se alterou muito com a sociedade 
urbana. A família atual, contudo, difere das formas antigas no que concerne a suas 
finalidades, composição de pais e mães.” (VENOSA, 2011, p.5). 
12 
 
Neste novo fenômeno social, os pais realizam ao mesmo tempo o chamado 
poder familiar, portanto não há mais o poder vinculado nas mãos de uma só pessoa. 
E constata-se também que não necessariamente a família moderna tem como 
monopólio o casamento, ela existe independentemente deste vínculo. 
 
1.3 Natureza Jurídica da Família 
 
Em épocas passadas, preservava-se a concepção de que a família era 
considerada pessoa jurídica, porém essa afirmativa perde forças aos se observar 
que “falta evidentemente aptidão e capacidade para usufruir direitos e contrair 
obrigações” (VENOSA, 2011, p.8). 
Assim, nota-se que a família nunca é possuidora de direitos, quem os possui 
são os seus integrantes. 
A doutrina majoritária entende que a família é uma instituição. Venosa diz 
que “sob a perspectiva sociológica, família é uma instituição permanentemente 
integrada por pessoas cujos vínculos derivam da união de pessoas de sexos 
diversos.” (VENOSA, 2011, p.8). 
Destarte, como família é conhecidamente uma instituição, o Direito a 
considera e dá a ela regularidade. 
 
1.4 Direito de Família 
 
Família é o conjunto de pessoas com relação de parentesco que vivem 
juntas. Ou ainda, um conjunto de pessoas unidas por quaisquer laços de 
parentesco. 
A partir da definição acima apresentada, temos que o Direito de Família é 
um ramo do Direito Civil que disciplina e regulamenta além das relações obtidas pela 
concepção do casamento, também as relações entre pessoas unidas pela união 
estável ou pelo parentesco. 
Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves 
 
O direito de família é de todos os ramos do direito, o mais intimamente 
ligado à própria vida, uma vez que, de modo geral, as pessoas provêm de 
um organismo familiar e a ele conservam-se vinculadas durante a sua 
13 
 
existência, mesmo que venham a constituir nova família pelo casamento ou 
pela união estável. (GONÇALVES, 2014, p.15).De acordo com a sua função ou o seu intuito, ele atua nas relações pessoais 
(entre os casais; ou os filhos; ou ainda os parentes fora da linha reta), bem como 
nas relações patrimoniais que são geradas dentro da família. 
Em razão da preservação da célula que sustenta a família, o Estado 
intervém na sua estrutura e impõe deveres, muito mais do que direitos. Observa-se 
uma progressiva intervenção a este ramo, tendo em vista prover maior custódia e 
conceder melhores condições de vida às novas gerações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
2 Poder Familiar 
 
 
2.1 Aspectos históricos 
 
O instituto do poder familiar foi bastante alterado ao longo da história, uma 
vez que ele mantém-se atrelado à família e à sua estrutura. Em vista disso, muda-se 
a família, muda-se este instituto. 
Na sua evolução histórica, o poder familiar expõe-se no aspecto de 
submissão e subordinação dos filhos para com os pais. Constata-se dessa forma 
que o poder exercido pelos genitores era de hierarquia, e notório a presença de 
castigos. 
Bem distante do que o Direito Romano defendeu no que diz respeito à patria 
potestas pertencer somente ao patriarca, no século atual é salientado o poder 
familiar caber aos pais, em conjunto. 
Aqueles que ainda moravam no campo, defendiam irrefutavelmente a 
continuidade do poder patriarcal. Todavia com a migração para as grandes cidades, 
a industrialização, o novo posicionamento da mulher no mercado de trabalho, bem 
como o progresso da tecnologia, fez com que o poder nas mãos de apenas um dos 
pais fosse inapropriado. 
 
Foi-se o tempo dos equívocos de as relações familiares gravitarem 
exclusivamente na autoridade do pai, como se ele estivesse acima do bem 
e do mal apenas por sua função provedora, se perceber ter ele o dever de 
prover seus filhos muito mais de carinho do que de dinheiro, de bens e de 
vantagens patrimoniais. (MADALENO, apud ROSA 2013, p.14). 
 
O Código Civil (CC) de 2002, em seu art. 1.634, diz que: 
 
Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores: 
 
I – dirigir-lhes a criação e educação; 
II – tê-los em sua companhia e guarda; 
III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; 
IV – nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico; 
V – representa-los, até os dezesseis anos; 
VI – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; 
VII – exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de 
sua idade e condição. 
 
15 
 
E para equiparar completamente que as responsabilidades dos pais para 
com os filhos sejam igualitárias, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 
seu art. 21, sustenta que: 
 
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai 
e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a 
qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade 
judiciária competente para a solução da divergência. 
 
Não obstante, malgrado a grande evolução e transformação do poder 
familiar, este termo ainda encontra discussões por parte da doutrina, por considerar 
que ainda remete à ideia de poder físico, do mais forte sobressaindo sobre o mais 
fraco. 
 
Todavia, é melhor que a resistente expressão “pátria poder", mantida pelo 
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), somente derrogada 
com o novo Código Civil. Com a implosão, social e jurídica, da família 
patriarcal, cujos últimos estertores deram-se antes do advento da 
Constituição de 1988, não faz sentido que seja reconstruído o instituto 
apenas deslocando o poder do pai (pátrio) para o poder compartilhado dos 
pais (familiar), pois a mudança foi muito mais intensa, na medida em que o 
interesse dos pais está condicionado ao interesse do filho, ou melhor, no 
interesse de sua realização como pessoa em formação. (LÔBO, 2006).
1 
 
O Código Civil atual, contudo, modificou o termo “pátrio poder” usado pelo 
antigo Código de 1916, passando a usar em seus artigos 1.630 a 1.638 a expressão 
“poder familiar”. Diferentemente do que ocorreu com algumas legislações 
estrangeiras que atualmente designaram a expressão “autoridade parental”. 
 
O vocabulário autoridade é mais condizente com a concepção atual das 
relações parentais, por melhor traduzir a ideia de função, e ignorar a noção 
do poder. Já o termo parental traduz melhor a relação de parentesco por 
excelência presente na relação entre pais e filhos, de onde advém a 
legitimidade apta a embasar a autoridade. (TEIXEIRA, apud PEREIRA, 
2011, p.449). 
 
A discussão para encontrar a melhor terminologia é pertinente, porquanto 
denota a mudança causada no instituto. 
 
 
1 LÔBO, Paulo. Do poder familiar. Disponível em <http://jus.com.br/artigos/8371/do-poder-
familiar#ixzz3k2l5e4Nr>. Acessado em 27 agos. 2015. 
 
16 
 
2.2 Titularidade 
 
De acordo com o art. 226, §5º, da Constituição Federal (CF) de 1988: “os 
direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidas igualmente pelo 
homem e pela mulher”. 
Passa-se assim para as mãos de ambos os pais desempenhar o poder 
familiar. E o art. 1.631 do atual CC, evidencia tal fato: 
 
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar 
aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com 
exclusividade. 
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é 
assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. 
 
Há um enorme desacerto na redação do art. 1.631 do CC de 2002, ao 
afirmar que “durante o casamento e a união estável compete aos pais o poder 
familiar”, pois este independe da origem do nascimento do filho, que deve ser 
exercido a partir do reconhecimento deste. 
Nem mesmo com o divórcio ou dissolução da união estável, ou ainda com a 
guarda estando com terceiros, nenhum dos pais perde o poder familiar, visto que ele 
deriva da filiação e da paternidade. 
Importante ressaltar que devido às novas formas de família presente na 
sociedade e 
 
Ante o princípio da interpretação em conformidade com a Constituição, a 
norma deve ser entendida como abrangente de todas as entidades 
familiares, onde houver quem exerça o múnus, de fato ou de direito, na 
ausência de tutela regular, como se dá com irmão mais velho que sustenta 
os demais irmãos, na ausência de pais, ou de tios em relação a sobrinhos 
que com ele vivem. (LÔBO, 2006).
2
 
 
Quem for o responsável por assumir a autoridade parental, tem que estar 
ciente de que ela possui características importantes. Ela é: 
 
 Irrenunciável: por referir-se à um dever-função, aqueles que detenham o 
poder familiar, não podem dele se eximir. 
 
2 LÔBO, Paulo. Do poder familiar. Disponível em <http://jus.com.br/artigos/8371/do-poder-
familiar#ixzz3k2l5e4Nr>. Acessado em 27 agos. 2015. 
 
17 
 
 Imprescritível: mesmo os pais não exercendo o poder familiar, estes 
ainda não o perdem. 
 Inalienável e Indisponível: em hipótese nenhuma, os pais podem 
entregar o poder familiar a outra pessoa, a título oneroso e gratuito. 
 
 
2.3 Suspensão, Perda e Extinção do Poder Familiar. 
 
2.3.1 Suspensão 
 
Por se tratar de um múnus a ser executado prioritariamente em função do 
menor, o Estado intervém nessa relação quando o titular que exerce a função não 
estiver agindo corretamente. Fazendo com que haja uma privação definitiva ou 
temporária. 
O CC de 2002 trata a suspensão em seu artigo 1.637: 
 
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade,faltando aos 
deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, 
requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe 
pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até 
suspendendo o poder familiar, quando convenha. 
 
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao 
pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime 
cuja pena exceda a dois anos de prisão. 
 
Refere-se a uma medida menos gravosa do que a perda ou extinção do 
poder familiar, tanto é que suprimido a circunstância que levou à suspensão, pode 
ser recuperado o poder. 
O Estatuto da Criança e Adolescente esclarece em seu art. 23 que: 
 
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo 
suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. 
 
§ 1
o
 Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da 
medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, 
a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de 
auxílio. 
 
18 
 
O ECA é o responsável por regular o procedimento da suspensão do poder 
familiar e apresenta em seus artigos 24 e 155 a 163 como será feito. E ao final “a 
sentença que decretar a perda ou suspensão do poder familiar será averbada à 
margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente” (Art. 163, ECA). 
Importante ressaltar que mesmo com a suspensão decretada, os pais 
podem visitar os filhos e lhes prestar alimentos. 
 
Os pais podem tentar ações judiciais ou recursos para evitar a suspensão 
do poder familiar e/ou com isso assegurar a visitação, mas podem ser 
obrigados a prestar alimentos aos filhos, seja na tramitação do processo, 
seja no curso da suspensão. (FONSECA, apud ROSA, 2015, p.26). 
 
2.3.2 Perda 
 
É considerada a punição mais grave prescrita quanto ao poder familiar. O 
art. 1.638, CC, denota as causas de perda: 
 
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: 
 
I - castigar imoderadamente o filho; 
II - deixar o filho em abandono; 
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; 
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. 
 
No inciso I do art. acima citado, pode-se considerar que ‘castigar 
imoderadamente o filho’ é aquele que causa trauma, revolta ou desafeição e este a 
lei condena; castigo leve e coerente há uma tolerância por parte da Lei. Casos como 
os dos artigos 129 (Lesão Corporal) e 136 (Maus Tratos), ambos do Código Penal 
(CP). 
Em alguns casos relatados pela mídia (Caso Bernardo, Caso Isabela 
Nardoni), é notório que muitas vezes o castigo vai além do moderado, ocorrendo 
algo mais gravoso, como a morte. Por isso, em 26 de junho de 2014, foi promulgada 
a Lei n. 130.10 “Lei da Palmada” e depois chamada de “Lei Bernardo”, onde se 
incluía o art. 18-A no ECA, para 
 
Garantir o direito de que as crianças e adolescentes possam ser educadas 
e cuidadas ‘sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou 
degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer 
outro pretexto’. (ROSA, 2015, p. 27). 
 
19 
 
A norma acima não é aplicada exclusivamente aos pais, mas também aos 
responsáveis, aos agentes públicos ou qualquer outra pessoa que tenha sob seus 
cuidados uma criança ou adolescente. 
O art. 18-A, parágrafo único, ECA, trata castigo físico como: 
 
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e 
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, 
como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, 
pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos 
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer 
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. 
 
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: 
 
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso 
da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: 
a) sofrimento físico; ou 
b) lesão; 
 
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento 
em relação à criança ou ao adolescente que: 
 
a) humilhe; ou 
b) ameace gravemente; ou 
c) ridicularize. 
 
Quando o Conselho Tutelar averigua algum episódio dos acima citados, ele 
aplica providências legais, de acordo com a gravidade do fato: 
 
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os 
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer 
pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, 
educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou 
degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer 
outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às 
seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do 
caso: 
 
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; 
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; 
V - advertência. 
 
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo 
Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais. (ECA). 
 
O inciso II do art. 1.638, CC, ‘deixar o filho em abandono’ vem sendo listado 
como suscetível de responsabilidade civil dos pais. Todavia, o simples abandono por 
20 
 
parte dos pais não pode ser considerado meio de perda do poder familiar, pois seria 
como vitória para eles. 
Já para o inciso III, do art. 1.638, CC, ‘praticar atos contrários à moral e aos 
bons costumes’, Conrado Paulino da Rosa, esclarece que é “necessário que, no 
trâmite da ação de destruição do poder familiar, o titular do Juizado da Infância e da 
Juventude, em conjunto com a equipe interdisciplinar, possa verificar com cuidado 
tal previsão” (ROSA, p.28). 
A perda ou a suspensão não ocorre quando o detentor do poder familiar é 
considerado analfabeto ou ignorante. 
 
Às vezes, a ignorância dos pais, o meio social em que vivem, a falta de 
instrução ou de entendimento estão relacionados aos problemas que 
atingem crianças e adolescentes, e isso precisa ser detectado, seja pelo 
Conselho Tutelar, pelo magistrado, pelo agente ministerial ou pelo serviço 
social/psicológico com atuação na Comarca. (ROSA, 2015, p.29). 
 
Para a perda ou suspensão é necessário o devido processo legal e este se 
realiza por processo jurisdicional contencioso. Há a presença do contraditório e 
ampla defesa, além de perícias e estudos sociais, como figura nos artigos 155 a 163 
do ECA e no Código de Processo Civil (CPC). 
 
Por sua gravidade, a perda do poder familiar somente deve ser decidida 
quando o fato que a ensejar for de tal magnitude que ponha em perigo 
permanente a segurança e a dignidade do filho. A suspensão do poder 
familiar deve ser preferida à perda quando houver possibilidade de 
recomposição ulterior dos laços de afetividade. (LÔBO, apud ROSA, 2015, 
p.30). 
 
2.3.3 Extinção 
 
A extinção ocorre quando: 
 
Art. 1.635, CC Extingue-se o poder familiar: 
 
I - pela morte dos pais ou do filho; 
II - pela emancipação, nos termos do art. 5
o
, parágrafo único; 
III - pela maioridade; 
IV - pela adoção; 
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. 
 
Com a morte de um dos pais, há a centralização do poder familiar nas mãos 
do que sobreviveu. 
21 
 
Já a emancipação, é de acordo com o art. 5º, parágrafo único, inciso I, CC: 
 
Art. 5
o
 A menoridade cessa aos dezoitoanos completos, quando a pessoa 
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por 
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
 
Quanto à maioridade civil, esta se dá quando o filho atinge os 18 anos 
completos. 
A adoção faz com que não mais exista poder familiar da família biológica, 
passando para a família adotante. E tal transferência é irrevogável e definitiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
3 Guarda dos Filhos 
 
A expressão ‘guarda’ “deriva do alemão ‘wargem’, do inglês warden e do 
francês garde” (BELLO, 2015) 3 e remete à ideia de proteção, segurança. Nas 
relações familiares, trata-se de: 
 
Um direito-dever natural e originário dos pais, que consiste na convivência 
com seus filhos, e é o pressuposto que possibilita o exercício de todas as 
funções parentais, elencadas nos dispositivos do Código Civil que versam 
sobre o poder familiar. (GRISARD FILHO apud ROSA, 2015, p.48). 
 
Nas palavras de Mario Romera: 
 
a guarda é atributo do poder familiar, mas não se exaure nele nem com ele 
se confunde. Daí se conclui que a guarda pode existir sem o poder familiar, 
assim como esse poder pode ser exercido sem aguarda. (ROMERA, 2015).
4
 
 
Percebe-se assim que mesmo com o fim do casamento ou da união estável, 
não se extingue o poder familiar, como vimos no capítulo anterior. Pois fato é que, 
não existe ex-filho. 
Tradicionalmente, a guarda era dada a um dos genitores e ao outro era 
cedido o direito à visitação. O art. 226, §5º da CF de 1988, diz que “os direitos e 
deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e 
pela mulher”. Verifica-se neste artigo, a presença do Princípio da Igualdade Jurídica 
dos Cônjuges e Companheiros, onde a principal característica deste é afastar de vez 
o poder patriarcal ou marital, passando assim, a guarda dos filhos serem comum a 
ambos os genitores. 
Porém, cada caso deve ser analisado individualmente para que se possa 
aplicar o melhor tipo de guarda aos filhos. De acordo com o Princípio do Melhor 
Interesse da Criança, busca-se o melhor equilíbrio psicológico e físico da criança ou 
adolescente. 
 
3
 BELLO, Roberta Alves. Guarda alternada versus guarda compartilhada: vantagens e 
desvantagens nos processos judicializados de continuidade dos laços familiares. Disponível 
em <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11387> 
acessado em 26 set. 2015. 
 
4 ROMERA, Mario. O instituto da guarda no Estatuto da Criança e Adolescente. Disponível em 
<https://www.mprs.mp.br/infancia/doutrina/id130.htm>. Acessado em 01 set. 2015. 
 
23 
 
Dentre os tipos de guarda observados em nossa sociedade, temos: guarda 
unilateral, guarda alternada, guarda nidal, guarda atribuída a terceiros. E o principal 
objeto de estudo, a guarda compartilhada, será analisada em capítulo próprio. 
 
 
 
3.1 Guarda Unilateral 
 
De acordo com o art. 1.583, §1º do CC: 
 
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada 
 
§1
o
: Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores 
ou a alguém que o substitua e, por guarda compartilhada a 
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da 
mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos 
filhos comuns. 
 
O art. 1.583, §2º, CC, em sua antiga redação trazia que a guarda unilateral 
deveria ser concedida àquele genitor que tivesse melhores condições para 
desempenhá-la, e apresentava o seguinte rol: (I) afeto nas relações com o genitor e 
com o grupo familiar; (II), saúde e segurança; (III) educação. 
Conforme Douglas Phillips Freitas, 
 
o rol era qualitativo, sendo o primeiro inciso o de maior prestígio. Porém, os 
incisos são interdependentes, uma vez que, mesmo tendo o afeto destaque 
nas relações familiares, não há como negar que a guarda deva ser 
concedida àquele que propicie também melhores condições de saúde, 
educação e segurança ao filho. (FREITAS apud ROSA, 2015, p.56). 
 
Sob a ótica da capacidade econômica, o dispositivo nunca poderia ser 
aplicado, pois fato é que não se pode dar prioridade àquele genitor que tenha um 
poder aquisitivo melhor do que o outro. 
O melhor a ser feito, é a análise do caso concreto, onde promotor e juiz 
devem observar o porquê do pai ou mãe ter manifestado esse desejo de guarda 
unilateral, afim de que se evite um quadro de alienação parental. 
A guarda unilateral passou a ser restrita, visto que existe o risco de gerar um 
conflito maior entre os pais e gerando consequências no convívio com os filhos. 
 
24 
 
Não é nada infrequente os juízes se depararem com disputas judiciais, 
cujos pais vindicam a primazia da condição de guardador, muitas vezes 
motivados por seus egoísticos interesses pessoais, em que visam a causar 
danos psíquicos ao ex-cônjuge do que o verdadeiro bem-estar do filho, 
mera peça deste jogo de poder, vítima da ascendência e irreversível 
prepotência daqueles incapazes de criar e preservar vínculos simples de 
amor. (MADALENO apud ROSA, 2015, p.57). 
 
Após a pós-ruptura, aquele que detenha a guarda, assume unipessoalmente 
as responsabilidades, os direitos e deveres, sem prejudicar o outro genitor. 
De acordo com o art. 1.583, §5º, do CC: 
 
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada: 
 
§ 5º: A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a 
supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, 
qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar 
informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos 
ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica 
e a educação de seus filhos. 
 
Destarte, embora o detentor da guarda tenha a capacidade de tomar 
decisões na vida do filho, como escolher a escola e médicos, o outro genitor deve 
ser comunicado no tocante da vida dos filhos. 
 
3.2 Guarda Alternada 
 
A guarda alternada ocorre quando os filhos ficam sob a guarda material de 
um dos pais por períodos alternados. (GRISARD FILHO, apud ROSA, 2015, p. 58). 
Neste modelo, a guarda fica atribuída a um ou outro genitor, ocorrendo à 
alternância do tempo que o filho fica com cada um. O tempo que durar a guarda, o 
pai ou a mãe tem total exclusividade nos direitos e deveres do filho. 
A guarda alternada acaba se tornando certo egoísmo por parte de um dos 
pais, que trata o filho como mero objeto de posse, ou o mito do filho “mochilinha” e 
defronta assim o Princípio do Melhor Interesse da criança. Tanto que no Brasil, ela 
não tem respaldo jurídico de aplicação. 
 
 
 
25 
 
3.3 Guarda Nidal 
 
De acordo com as palavras de Rodrigo da Cunha Pereira: 
 
A expressão “nidal” vem do latim nidus, que significa ninho. Traz consigo o 
sentido de que os filhos permaneceram no “ninho”, e os pais é quem se 
revezarão, isto é, a cada período, um doa genitores ficará com os filhos na 
residência original do casal. (PEREIRA, apud ROSA, 2015, p. 60). 
 
Neste tipo de guarda, não existe proibição alguma, mas em relação à 
praticidade, ela é pouco usada em nosso ordenamento jurídico. 
Das vantagens existentes neste tipo de guarda, a de que o filho terá um só 
lugar para ficar e desse modo não muda guarda-roupa, lugar de lazer e estudo é 
uma delas. Ele também não terá que revezarentre a residência do pai e da mãe. 
Existindo pais dispostos a exercer a guarda nidal e situação econômica 
favorável para tal, o juiz analisará o caso e poderá homologar este tipo de guarda. 
 
 
3.4 Guarda atribuída a terceiros 
 
A guarda, via de regra, é o atributo do poder familiar e consiste no 
direito/dever dos pais de terem os filhos em sua companhia e sob sua custódia 
material, cultural e patrimonial. (GIORGIS, apud ROSA, 2015, p. 61). 
Não obstante, o art. 1.584, §5º, CC, apresenta que 
 
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: 
 
§5º Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai 
ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a 
natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e 
as relações de afinidade e afetividade. 
 
De acordo com o art. 33 do ECA “a guarda obriga a prestação de assistência 
material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o 
direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.” 
Refere-se ao fato de outra pessoa guardar a vida daquele que por algum 
motivo não teve as necessidades supridas por quem o gerou. Para a definição de 
26 
 
quem irá exercer este papel, será de acordo com o caso concreto. Podendo ser 
conferida até mesmo a algum irmão mais velho. 
O guardião assume deveres e direitos, com objetivo de proteger e guarnecer 
as necessidades da criança. Ele terá o dever de dar assistência ampla e irrestrita em 
relação a cuidados com a saúde, moral, diversão e educação da criança. 
Importante ressaltar que a guarda atribuída a terceiros, se difere da tutela, 
pois naquela não se afasta o poder familiar, gera somente uma transferência a 
terceiros que terão obrigação provisória de cuidar da integridade psíquica e física da 
criança e do adolescente. 
Em último caso, o Estatuto da Criança e do Adolescente ainda tem a 
previsão da chamada “guarda institucional”. Nesta, insere-se “a criança ou o 
adolescente que está em situação de risco, em programas de acolhimento familiar 
ou institucional, de caráter provisório e excepcional” (CARVALHO, apud ROSA, 
2015, p. 62). A finalidade é reintegrar o menor na família, ou em caso de insucesso 
com este, uni-lo em uma família substituta. 
A respeito da guarda compartilhada, o capítulo seguinte apresenta-a de uma 
maneira mais detalhada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
4 Guarda Compartilhada 
 
4.1 Origem 
 
No início do século XIX, o poder de guarda dos filhos era único e exclusivo 
concentrado nas mãos do pai, uma vez que a mãe era considerada inapta a praticar 
atos da vida civil, além disso, a mãe submetia-se totalmente às vontades do 
patriarca e era privada de realizar os deveres relacionados à vida matrimonial do 
casal. 
Já no século XX, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, surgem 
diversas modificações nas famílias, fazendo com que até mesmo o homem 
começasse a participar mais ativamente da educação e criação de seus filhos. 
Diferente da atual formação familiar, naquele século era notório a presença de 
muitos herdeiros em uma mesma casa. 
Destarte, a mulher, estando mais apta a cuidar de toda a prole, passa a ficar 
mais em casa. E o pai, assume toda a responsabilidade material, saindo para 
trabalhar. Todavia, tal modelo não ficou presente por muito tempo, já que a mulher 
começa a trabalhar e se iguala ao marido quanto às tarefas da casa. 
Com todas essas mudanças no núcleo familiar e na guarda dos filhos, foi 
preciso implantar um novo instituto para cuidar do assunto. Eclodindo assim, a 
guarda compartilhada. 
Surgida em meados da década de 60 na Inglaterra, a guarda compartilhada 
ganhou forças também em outros países como França, Estados Unidos e Brasil. “Na 
França, esta modalidade de guarda foi assimilada a partir de 1976, com o intuito de 
diminuir as injustiças causadas pela guarda isolada, consolidando desde então, a 
importância dos genitores no exercício comum da chamada autoridade parental”. 
(BRESSAN, 2015).5 
No Brasil, foi introduzido no ordenamento jurídico com a Lei nº 11.698/2008, 
modificando os art. 1.583 e 1.584 do CC. Posteriormente nasce a Lei 13.058/2014 
que alterou além dos arts. 1.583 e 1.584, também os 1.585 e 1.634 da Lei 
 
5
 BRESSAN, Vinícius Costa. A guarda compartilhada e sua aplicação no ordenamento jurídico 
brasileiro. Disponível em <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6819>. Acessado em 01 out. 
2015. 
 
28 
 
no 10.406/2002 (Código Civil), estabelecendo o significado da expressão “guarda 
compartilhada” e dispondo sobre sua aplicação. 
 
4.2 Conceito 
 
“Compartilhar”, remete à ideia de partilhar e no caso da guarda 
compartilhada, seria ‘partilhar com o outro’. 
Prevista na legislação brasileira, desde 2008, a guarda compartilhada surge 
da necessidade de igualizar os direitos e obrigações dos pais para com os filhos, 
independentemente de quem seja o guardião. Fazendo com que a guarda unilateral 
dada exclusivamente às mães, tornasse ultrapassada. 
 
4.3 Objetivo 
 
Seu objetivo principal é o de conservar os laços afetivos existentes, 
diminuindo os efeitos que o fim da relação matrimonial acarretou aos filhos, além de 
ser de extrema importância para a formação psicológica da criança, conviver em 
harmonia e cotidianamente com ambos os pais. 
 
“A guarda compartilhada traz uma nova concepção para a vida dos filhos de 
pais separados: a separação é da família conjugal e não da família parental, 
ou seja, os filhos não precisam se separar dos pais quando o casal se 
separa, o que significa que ambos os pais continuarão participando da 
rotina e do cotidiano deles.” (PEREIRA, apud ROSA, 2015, p. 64). 
 
Conforme o jurista mineiro Dimas Messias de Carvalho, o estabelecimento 
da guarda compartilhada, em resumo: 
 
a) Mantém e estreita os vínculos com ambos os pais; 
b) Estreita a síndrome da alienação parental; 
c) Auxilia na criação e educação dos filhos; 
d) Mantém os vínculos com a família; 
e) Mantém as referências paterna e materna. (DE CARVALHO, apud 
ROSA, 2015, p. 67). 
 
Destarte, o objetivo da guarda compartilhada vai além da simples 
responsabilidade dos genitores por seus filhos; ela tem um significado importante 
29 
 
que é o de conduzir a criação e educação do menor. Traz excelentes benefícios aos 
filhos, como: segurança, proteção e principalmente, a certeza de que o amor dos 
pais por eles não cessou. 
 
4.4 A nova Lei de Guarda Compartilhada 
 
Com a necessidade de uma legislação que regulasse a aplicação da guarda 
compartilhada, é aprovada a Lei n. 11.698/2008, que modificou dois importantes 
artigos do CC (arts. 1.583 e 1.584). 
Porém apesar de este modelo de guarda ser aplicado há tantos anos, ainda 
é passível de dúvidas por grande parte dos pais divorciados ou separados sobre 
como tudo funciona. Por isso, mesmo com a aprovação da Lei, ainda percebe-se a 
presença da guarda unilateral na sociedade. Em consequência, surge à nova Lei da 
Guarda Compartilhada, n. 13.058/2014. 
O que realmente se espera das diversas salas de audiência de conciliação é 
que seja aplicado o melhor tipo de guarda existente em nosso ordenamento jurídico 
em prol do menor, e não mais dê lugar a litígios mal resolvidos por indiferenças 
pertencentes aos pais. Neste sentido faz-se necessário analisar os tópicos principais 
que vieram com a atual Lei da Guarda Compartilhada e a possibilidade de sua 
utilidade nos processos de guarda, e no próprio núcleo familiar.4.4.1 Custódia Física Obrigatória 
 
Quando a nova Lei surgiu trazendo mudanças no instituto da guarda 
compartilhada, diversas dúvidas apareceram de como seria aplicado em cada caso 
concreto. Em relação à custódia física principalmente. Não há que se falar em 
quanto tempo cada pai poderá ficar com o filho, pois falar em custódia física é tão 
somente dizer com quem o filho irá morar, se com o pai ou com a mãe. Se falarmos 
de tempo, seria remeter-se à guarda alternada, o que nem existe em nosso 
ordenamento jurídico. 
O art. 1.583, §3º, CC, trata em sua nova redação da “base de moradia”, 
onde: 
30 
 
 
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada 
 
§3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos 
filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos. 
 
Nesta nova redação, o artigo fala de forma expressa que mesmo os pais não 
residindo na mesma cidade, ainda assim poderá ser aplicada a guarda 
compartilhada. 
Como o legislador chamou a atenção, a definição de onde será a moradia do 
filho, vai ser de acordo com aquela que “melhor atender aos interesses dos filhos”. 
Porém se ausente à concordância entre os genitores, “caberá ao juiz e ao promotor 
a utilização da perícia social e psicológica para que, de forma efetiva, esse critério 
seja atendido.” (ROSA, 2015, p. 77). 
A perícia será realizada por perito nomeado pelo juiz, e de acordo com o art. 
421, CPC: 
 
Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a 
entrega do laudo. 
 
§ 1
o
 Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do 
despacho de nomeação do perito: 
 
I - indicar o assistente técnico; 
II - apresentar quesitos. 
 
Peritos e assistentes técnicos têm a seu favor, para se chegar a uma 
resposta mais eficiente e correta, alguns meios como testemunhas, fotografias e 
desenhos, nestes dois últimos independentemente da idade do filho. 
Na redação dada pelo art. 436, CPC, temos que “o juiz não está adstrito ao 
laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos 
provados nos autos”, pertencendo a ele decidir qual residência será a “base de 
moradia” para os filhos. Após a determinação da residência do filho, em 
consequência se determinará como será a convivência com o outro genitor. 
Importante salientar que é de extrema importância que cada genitor tenha 
aposentos em suas casas para que seus filhos possam usufruir e sentir-se em casa, 
ou seja, terem “um canto pra chamar de seu”. Aposentos estes que deverão ser de 
acordo com a condição financeira de cada um. 
31 
 
Conrado Paulino da Rosa, nos chama a atenção de que a “atribuição da 
custódia física a um dos pais irá, também, resultar na responsabilidade do outro 
progenitor no pagamento da pensão alimentícia.” (ROSA, p. 79). Portanto, mesmo 
os pais usufruindo da guarda compartilhada, não exonera o genitor não guardião de 
pagar alimentos aos filhos. 
 
 
4.4.2 Guarda Compartilhada como regra? Possível aplicação sem 
consentimento entre os genitores? 
 
A fim de acabarem com a ideia cujos filhos são troféus de uma disputa 
judicial selada por seus genitores, a guarda compartilhada surge para favorecer o 
lado da criança ou adolescente, para assim conviver com ambos os pais. 
A redação do art. 1.584, §2º, do Código Civil, traz uma importante ideia 
sobre a guarda compartilhada: ela como regra, pois: 
 
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: 
 
§ 2
o
 Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do 
filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, 
será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar 
ao magistrado que não deseja a guarda do menor 
 
A expressão “sempre que possível”, foi a que teve interpretação equivocada. 
Sabe-se que os pais que convivem bem entre si e com seus filhos, não necessitam 
da imposição de uma regra como a guarda compartilhada, ela serve para aqueles 
que não entram em acordo quanto à guarda dos filhos. 
Outra importante ideia trazida pelo art. 1.584, §2º, do Código Civil é a de que 
 
Além de o compartilhamento passar a ser regra em nosso ordenamento 
jurídico, de forma expressa, o magistrado, de acordo com a nova redação 
do art. 1.584, §2º, do Código Civil, deverá aplicar a guarda compartilhada 
mesmo sem consenso, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer 
o poder familiar, “salvo se um dos genitores declarar ao juiz que não deseja 
a guarda do filho”. (ROSA, 2015, p. 84). 
 
Uma considerável observação é a de que a regra da guarda compartilhada 
pode ser usada também nos casos onde só há só o pai ou só a mãe, fazendo com 
que exista a possibilidade da guarda ser entre avó paterna e a mãe. 
32 
 
A Guarda Compartilhada como regra, faz com que a guarda unilateral seja 
aplicada como exceção, visto que ela tem gerado conflitos entre os pais e 
desconforto para os filhos. Ao final de cada processo de guarda, deve ser analisado 
qual a melhor se aplica ao caso concreto. 
 
 
4.4.3 Atribuições de cada um dos pais e a necessidade de um trabalho 
interdisciplinar 
 
De acordo com a nova redação do art. 1.584, §3º, de nossa codificação civil, 
a respeito das atribuições: 
 
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: 
 
§ 3
o
 Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de 
convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento 
do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional 
ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do 
tempo com o pai e com a mãe. 
 
Quanto às outras atribuições, como por exemplo, quem leva o filho à escola 
ou se paga algum outro tipo de transporte, isso será acordado entre os pais e com a 
situação financeira de cada um. O importante é que cheguem a comum acordo, para 
o melhor benefício do filho. 
Uma nova inovação que veio com a Lei n. 13.058/2014 é a que se refere ao 
exercício do dever de vigilância dos genitores. Apesar de os pais terem o dever de 
contribuir para a criação e educação dos filhos, algumas instituições de ensino 
delimitavam o acesso à informação daquele que não fosse o guardião legal da 
criança ou adolescente. 
Isso mudou, após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 
9.394/96), em seu art. 12, VII, apresenta a seguinte mudança, em 2009: 
 
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e 
as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: 
 
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o 
caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, 
bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola. 
 
33 
 
Para reforçar tal mudança, a Lei 13.058/2014, trouxe consigo uma nova 
redação ao art. 1.584, §6º, CC: 
 
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: 
 
§ 6
o
 Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar 
informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de 
multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia 
pelo não atendimento da solicitação. 
 
Tudo isso, em prol da igualdade entre genitores, e que estes estejam mais 
próximo possíveis de seus filhos. 
 
4.4.4 Descumprimento de atribuições e suas as consequências 
 
Conrado Paulino da Rosa nos ensina que “a sistemática de 
responsabilidades e dinâmicas será, de preferência, fixada em sentença de forma 
detalhada para que, em havendo descumprimento, alguma atitude possa ser 
realizada” (ROSA, p.90). 
Destarte, existindo descumprimento de algumaatribuição ao que incumbia a 
um dos genitores, é passível que exista uma punição. Tal possibilidade existe desde 
a Lei n. 11.698/2008, no art. 1.584, §4º, CC, ao que diz que o “descumprimento 
imotivado da cláusula de guarda, unilateral ou compartilhada, poderá implicar a 
redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor, inclusive quanto ao número de 
horas de convivência com o filho”. 
A parte final deste artigo, porém, foi alvo de críticas por alguns 
doutrinadores, como Ana Carolina Brochado Teixeira, “no sentido de que se trata de 
um raciocínio que visa punir o genitor sem cogitar se esta é a medida que melhor 
condiz com os interesses da criança e do adolescente”. (TEIXEIRA apud ROSA, 
2015, p. 90). 
A lei manteve a possibilidade de redução de prerrogativas, porém não as 
estipulou, mas não é possível que aquele genitor que descumpriu duas funções 
passe ileso a alguma punição. 
Com fundamento no art. 461, §4º, do CPC, aquele que for o detentor da 
guarda e da custódia física, que não cumprir o de deixar o filho ver o outro genitor 
poderá sofrer punição como multa. 
34 
 
Esta deve existir para que inexista ou se encerre o descumprimento de 
função, portanto “diz-se que não tem ela finalidade sancionatória ou reparatória, mas 
age como instrumento de coerção indireta, tendente a dar efetividade ao 
mandamento judicial” (MIGUEL FILHO, apud ROSA, 2015, p. 92). 
Ademais, existem outras punições se houver violação ou abuso no exercício 
da autoridade parental. Como os elencados nos artigos 98, II e 100, do ECA. 
Também há punições aos pais ou responsáveis, que variam de advertências à 
suspensão ou perda do poder familiar (arts. 22, 24 e 129, ECA). 
 
 
4.4.5 Pagamento de pensão alimentícia na Guarda Compartilhada 
 
Após a definição da “base de moradia”, em que um dos genitores exercerá a 
custódia física, será necessário determinar a fixação do valor da prestação de 
alimentos. 
Tal fixação encontra respaldo jurídico nos artigos 1.566, IV e 1.568, ambos 
do CC, no que diz: 
 
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: 
 
IV - sustento, guarda e educação dos filhos; 
 
 
Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus 
bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a 
educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial. 
 
E também nos art. 1.701, CC, “a pessoa obrigada a suprir alimentos poderá 
pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever 
de prestar o necessário à sua educação, quando menor.” Além do art. 1.703, CC: 
“Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na 
proporção de seus recursos”. 
Portanto, diferente do que algumas pessoas acreditavam após a nova Lei de 
Guarda Compartilhada, não há de se falar em eximir o genitor não guardião da 
prestação de alimentos aos filhos. 
Haverá a presença do binômio necessidade-possibilidade para o genitor que 
for arcar com os alimentos (art. 1.694, §1º, CC), “assim, a verba alimentar deve ter 
35 
 
como parâmetro as necessidades de quem postula o auxilio, denominado 
alimentado, e, por outro lado, as possibilidades de quem é o responsável pelo 
sustento, chamado de alimentante”. (ROSA, 2015, p. 104). 
Além deste binômio, deverá ser respeitada também a razoabilidade, 
cabendo ao juiz averiguar se há um equilíbrio do valor acordado entre os pais. 
 
 
4.4.5.1 Prestação de contas 
 
“Todo aquele que, de qualquer modo, administra bens ou interesses alheios, 
por força de relação jurídica legal ou contratual, tem a obrigação de prestar contas, 
quando solicitado, ou fornecê-las, voluntariamente, se necessário” (DONIZETTI, 
apud ROSA, 2015, p.110). 
No caso da prestação de contas dos alimentos destinados ao filho, existiam 
dúvidas se o não guardião poderia mesmo pedir tal procedimento. Para resolver a 
temática, o art. 1.583, §5º, CC, traz em sua nova redação, 
 
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. 
 
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a 
supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, 
qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar 
informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos 
ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica 
e a educação de seus filhos. 
 
Portanto, a partir deste novo artigo é possível ao genitor ou qualquer outra 
pessoa (irmão mais velho, avós, tios) que tenha interesse e seja legitimado para tal, 
solicitar prestação de contas. 
Pode o filho, também exigir a prestação de contas, se ocorrerem colisão 
entre os interesses do filho e seus pais, e tal situação encontra respaldo no art. 
1.692, CC, “sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais 
com o do filho, a requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador 
especial”. 
 
 
36 
 
4.4.6 Convivência equilibrada 
 
A Lei n. 13.058/2014 trouxe em seu art. 1.583, § 3º, CC, uma pequena 
mudança em seu texto. Substituiu a palavra “custódia física” por “convívio”. O que 
antes era “na guarda compartilhada, o tempo de custódia física dos filhos (...)”, 
passou a ser “na guarda compartilhada, o tempo de convívio dos filhos (...)”. 
Porém em ambas as redações o que causa confusão é a expressão 
“convivência equilibrada”, vez que não se pode considerar equilibrada quando o não 
guardião passa apenas quatro dias com o filho (que seriam os finais de semana 
alternados). 
 “Na fixação do regime de convivência deve ser buscada, em um ambiente 
ideal, uma construção conjunta dos dias, horários e locais de retirada, sempre 
pensando no melhor interesse da prole. Os horários devem atender ao conforto dos 
filhos e não dos genitores”. (ROSA, 2015, p. 125). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
CONCLUSÃO 
 
No âmbito social e jurídico, a definição, o ponto de vista e a amplitude de 
família são os que mais se modificaram no decorrer dos tempos. A sociedade, por 
longa data, buscou preferir o padrão “pais e filhos” por meio do matrimônio. Tal 
padrão retrata a tradição e devido a ela, quem não a seguisse não era benquisto 
coletivamente, hoje tal padrão encontra-se quase escasso. 
Além da família, o instituto do poder familiar também sofreu consideráveis 
mudanças ao longo da história, vez que ele mantém-se atrelado à família e à sua 
estrutura. Em vista disso, muda-se a família, muda-se este instituto. 
Na sua evolução histórica, o poder familiar expõe-se no aspecto de 
submissão e subordinação dos filhos para com os pais. Constata-se dessa forma 
que o poder exercido pelos genitores era de hierarquia, e notório a presença de 
castigos. Bem distante do que o Direito Romano defendeu no que diz respeito à 
patria potestas pertencer somente ao patriarca, no século atual é salientado o poder 
familiar caber aos pais, em conjunto. 
Mesmo esse “conjunto” não mais existindo, não se extingue o poder familiar, 
visto que não existe a figura do ex-filho. Foi necessário então, após a dissolução 
matrimonial, manter os pais na vida dos filhos, surgindo então as variáveis formas de 
guarda. Ao analisar cada caso individualmente, juízes e promotores chagariam a 
uma melhor forma de guarda seria aplicada. Dentre um dos modelos de guarda, está 
a compartilhada. 
A pesquisa realizada trouxe seus principais pontos, e analisou as mudanças 
que ocorreu após a publicação da nova Lei da Guarda Compartilhada (Lei n. 
13.058/2014). O que se percebe com as novas redações dos artigos é cada vez 
mais demonstrar que o objetivo da guarda compartilhada vaialém da simples 
responsabilidade dos genitores por seus filhos; ela tem um significado importante 
que é o de conduzir a criação e educação do menor. Traz excelentes benefícios aos 
filhos, como: segurança, proteção e principalmente, a certeza de que o amor dos 
pais por eles não cessou. 
Portanto, a guarda compartilhada aplicada como regra, vem para conservar 
os laços afetivos existentes, diminuindo os efeitos que o fim da relação matrimonial 
acarretou aos filhos, além de ser de extrema importância para a formação 
psicológica da criança, conviver em harmonia e cotidianamente com ambos os pais. 
38 
 
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vantagens e desvantagens nos processos judicializados de continuidade dos 
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39 
 
 
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