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Aula 03 Noções de Economia p/ PF - Agente - 2014 Professores: Heber Carvalho, Jetro Coutinho Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 68 AULA 03 ± Políticas fiscal e monetária. Outras políticas econômicas (parte III). SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA IS-LM na economia fechada 02 Curva IS 03 Deslocando a curva IS 05 Inclinação da curva IS 08 Curva LM 15 Deslocando a curva LM 17 Inclinação da curva LM 21 Equilíbrio e políticas fiscal e monetária 24 Efeito deslocamento (crowding out) 30 Eficácia das políticas fiscal e monetária 31 Casos especiais (armadilha da liquidez, caso clássico, etc) 34 Os déficits gêmeos 39 Resumão da aula 41 Exercícios comentados 43 Lista de questões apresentadas na aula 63 Gabarito 68 Olá caros(as) amigos(as), Continuamos hoje nosso curso, onde aprenderemos o modelo IS- LM, que guarda estreita relação com os estudos das políticas fiscal, monetária. O modelo também guarda profunda relação com a avaliação dos gastos governamentais. Ao longo da teoria, veremos diversas situações em que as políticas fiscais e/ou monetárias são eficazes para aumentar o nível do produto, e outras situações em que não são. Estamos chegando ao final do nosso curso! Lembrem de revisar a teoria e treinar muitos exercícios. O Cespe é uma banca difícil, mas pode ser vencida. Continuem firmes com os estudos. E aí, todos prontos?! Então, aos estudos! Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 68 MODELO IS-LM Na aula 01, nós vimos o modelo keynesiano de determinação da renda. Naquele modelo, nós adotamos algumas simplificações bastante ULJRURVDV�H�GLItFHLV�GH�VHUHP�YHULILFDGDV�QD�³YLGD�UHDO´��7DLV�VLPSOLILFDo}HV� dizem respeito ao fato de considerarmos o nível de preços e a taxa de juros constantes. Por isso, aquele modelo é também chamado de modelo keynesiano simplificado, onde a renda (Y) da economia não depende ou não leva em conta as taxas de juros e o nível de preços. Nesta aula, nós relaxaremos a primeira hipótese e consideraremos o papel da taxa de juros na determinação da renda para uma economia fechada, donde surge o modelo IS-LM (também chamado de modelo Keynesiano Generalizado). Em um segundo momento, nós incluiremos o resto do mundo na análise IS-LM, dando origem a um outro modelo, chamado de modelo de modelo Mundell-Fleming, que é nada mais que o modelo IS-LM na economia aberta. Em todo o caso, tal modelo nos serve para analisarmos os efeitos das políticas de governo em relação ao nível de renda e taxa de juros da economia. Como o modelo IS-LM é uma extensão do modelo keynesiano simplificado, vale a pena relembrarmos a condição que define o equilíbrio da economia, segundo aquele estudo realizado: a renda da economia (Y) se equilibra quando o investimento é igual à poupança (ou quando a oferta agregada é igual à demanda agregada). Esta condição reflete o equilíbrio da demanda agregada, ou simplesmente o equilíbrio do lado real da economia, ou ainda, o equilíbrio no mercado de bens e serviços. Desse equilíbrio, surge a curva IS (investiment=saving1). Assim, temos o seguinte: Equilíbrio no mercado de bens e serviços => equilíbrio no lado real da economia => investimento é igual à poupança => curva IS Nesta primeira do estudo deste modelo, nós incluiremos a taxa de juros no modelo keynesiano. A partir dessa inclusão, surge a necessidade de contrapormos ao mercado de bens o mercado de moeda (mercado monetário); e o equilíbrio no mercado de moeda acontece quando a oferta de moeda é igual à demanda de moeda. Deste equilíbrio, surge a curva LM. Assim, temos o seguinte: Equilíbrio no mercado de moeda => equilíbrio no lado monetário da economia => demanda é igual à oferta de moeda => curva LM 1 Traduzindo para o Português: investimento poupança. Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 68 A sigla LM deve-se aos termos em inglês para demanda e oferta de moeda. Demanda de moeda = Liquidity; oferta de moeda = Money. Assim, a curva LM significa: liquidity=money. Feita esta breve introdução, faremos um estudo pormenorizado das curvas IS e LM, considerando primeiramente uma economia fechada. Neste estudo, veremos mais detalhadamente o que cada curva significa, o que faz com que elas mudem de lugar e o que faz com que suas inclinações sejam alteradas. Após a análise separada de cada curva, trabalharemos com o equilíbrio simultâneo e a análise das eficácias das políticas fiscal e monetária. 1. IS-LM NA ECONOMIA FECHADA 1.1. Curva IS ± o equilíbrio no mercado de bens A curva IS representa o equilíbrio no mercado de bens e serviços, mostrando todos os pontos para os quais I (investment) = S (saving). Necessitamos agora definir o que influencia estes agregados: o investimento é função da taxa de juros, enquanto a poupança é função da renda. Observe que no modelo keynesiano simplificado aprendido na aula 01, nós vimos que o investimento era dependente da renda (vimos, na página 16 dessa aula, que poupança é a renda não consumida, ou seja, a poupança depende da renda. Como investimento = poupança, e a poupança depende da renda, segue que o investimento também depende da renda). Naquela ocasião, era suposição daquele modelo que a taxa de juros era constante. No entanto, no modelo IS-LM, nós consideramos a taxa de juros como um elemento ativo no modelo. Desta forma, considere, a partir deste momento, que o investimento é dependente da taxa de juros. Quanto maior a taxa de juros, menor será o investimento. Isto é algo bem intuitivo: quanto mais altas forem as taxas de juros, menos os empresários vão querer investir no aumento da capacidade produtiva da economia, e mais eles vão querer investir no mercado financeiro para auferir lucros provenientes dos juros altos. Em contrapartida, se os juros forem baixos, os empresários preferirão investir no aumento da capacidade produtiva a colocar seu dinheiro no mercado financeiro. Assim, nota-se que o investimento é função inversa (ou decrescente) da taxa de juros: quando esta aumenta, aquele diminui; e vice-versa. O outro componente da curva IS, a poupança (S), será função da renda. Quanto maior a renda da economia (Y), maior será a poupança Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 68 (S); quanto menor a renda, menor a poupança. Esta relação também é bastante intuitiva: quanto mais se tem de renda, obviamente, mais dinheiro sobra para se poupar; o inverso também é verdade, quanto menos se tem de renda, menos sobrará para a poupança. Assim, nota-se que a poupança é função direta (ou crescente) da renda. Podemos então apresentar o seguinte quadro resumindo as relações entre investimento x taxa de juros; poupança x renda: Juros2 (i/r) Renda (Y) Investimento (I) r Ĺ e I Ļ - r Ļ e I Ĺ Poupança (S) - Y Ĺ e S Ĺ Y Ļ e S Ļ O modelo IS-LM é quase que inteiramente trabalhado com auxíliode gráficos. O uso deles facilitará bastante nosso trabalho e será necessário caso você queira aprender a matéria e ser um exímio acertador de questões. Assim, já se acostume com o diagrama deste modelo, onde teremos, no eixo vertical do gráfico (ou eixo Y, ou eixo das ordenadas), a variável i (taxa de juros) e, no eixo horizontal (ou eixo X, ou eixo das abscissas), a variável Y (=renda/emprego/produto/demanda agregada3). Veja como exemplo a figura 01. Neste diagrama, a curva IS possui inclinação negativa, descendente, decrescente ou podemos dizer também que ela é inclinada para baixo. Isto é explicado pelo fato de a renda da economia, no mercado real, possuir uma relação inversa com a taxa de juros. Quanto maior a taxa de juros, menor será o investimento. E quanto menor for o investimento, menor também será a renda, afinal o investimento é um dos agregados integrantes da renda da economia. Como estamos considerando que a economia é fechada, temos que a renda será: Y = C + I + G Taxas de juros altas significam I baixo, e I baixo significa Y baixo. Assim, temos uma relação inversa entre os juros (i) e a renda (Y) e isso acaba tornando a curva IS negativamente inclinada. Veja a figura 01: 2 A variável taxa de juros Ġ�ĚĞĨŝŶŝĚĂ�ƉĞůĂƐ�ůĞƚƌĂƐ� “ƌ ?�ŽƵ� “ŝ ? 唀 ĚĞǀŝĚŽ�ĂŽ�ƚĞƌŵŽ�Ğŵ�ŝŶŐůġƐ P�interest rate (taxa de juros). 3 Nesta aula, quando falamos em renda, devemos entender o termo em sentido amplo, de modo que renda, produto, nível de emprego, despesa/demanda agregada tenham significados equivalentes. Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 68 i A curva IS é negativamente inclinada devido à relação inversa entre o investimento e a taxa de juros. iA A Figura 1 B iB Y YB YA No ponto A, quando a taxa de juros é iA, a renda da economia é YA. Ao reduzir a taxa de juros para iB, o investimento é aumentado, tendo em vista ele ser inversamente relacionada aos juros. Em virtude do aumento do investimento, a renda também aumenta. Na figura 1, a renda é aumentada de YA para YB. Apesar de a curva IS significar a curva/reta para a qual temos a igualdade entre poupança e investimento, veja que quem realmente dá o ³WRP´�� RX� UHDOPHQWH� ³PDQGD´� QD� FXUYD� ,6� p� R� Lnvestimento, pois é ele quem influenciará diretamente a renda economia, uma vez que a renda é o somatório de C, G e I. $JRUD� TXH� HQWHQGHPRV� R� ³MHLWR´� GD� FXUYD� ,6�� YHQGR� TXH� HOD� p� negativamente inclinada e significa o equilíbrio no mercado de bens, ou no lado real da economia, nós veremos nos próximos dois itens o que faz com que esta curva seja deslocada e/ou tenha sua inclinação alterada. 1.1.1. Deslocando a curva IS Quando variamos as taxas de juros, como nós fizemos no caso da figura 01, nós nos deslocamos ao longo da curva IS. Veja que estas alterações dos juros fazem com que façamos movimentos ao longo da curva, sem que haja qualquer alteração do posicionamento da mesma. Assim, em primeiro lugar, devemos entender que alterações das taxas de juros não deslocam a curva IS. Para que a curva IS seja deslocada ou empurrada para a direita ou para a esquerda, é necessário que haja alterações da renda (Y) para a mesma taxa de juros. Como Y=C+I+G, então, qualquer alteração em C, I ou G fará a nossa curva IS ser deslocada, pois qualquer alteração em C, I, e G alterará a renda (Y). Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 68 Após o aumento de G, ocorre o aumento de Y para a mesma taxa de juros (i). Assim, devemos deslocar a curva IS para a direita, no sentido do aumento de Y. Fig. 2 i IS2 IS1 IS1 Y2 Y1 Y1 Por exemplo, suponha que o governo decida aumentar os gastos públicos (G). Naturalmente, haverá aumento de Y. Para refletirmos essas mudanças no gráfico, será necessário deslocar toda a curva IS para a direita, no sentido do aumento da renda4. Veja a figura 02: Como Y=C+I+G, nós temos que qualquer aumento em C, I ou G fará aumentar a renda (Y) e, consequentemente, empurrará a curva IS para a direita. Ao mesmo tempo, como a curva IS é negativamente inclinada, o deslocamento para a direita também faz com que ela seja deslocada para cima. Ou seja, no nosso exemplo, o aumento de G fez com que a curva IS fosse deslocada para a direita e para cima. De forma análoga, qualquer redução em C, I ou G fará com que a renda (Y) diminua e, consequentemente, a curva IS seja deslocada para a esquerda, no sentido da redução de Y. Ao mesmo tempo, em virtude da inclinação negativa de IS, o deslocamento para a esquerda também faz com que ela seja deslocada para baixo. Assim, qualquer redução de C, I ou G faz com que a curva IS seja deslocada para a esquerda e para baixo. Decore apenas que alterações no sentido do aumento de renda deslocam a curva para a direita, enquanto alterações no sentido da redução da renda deslocam a curva para a esquerda. O fato de a curva ir para cima ou para baixo será puro reflexo da sua inclinação. Vejamos graficamente o que ocorre com a curva IS se o governo decide aumentar a tributação sobre as pessoas. A função consumo, veremos mais à frente, é dada por: C=C0+c(Y ± T). Assim, o aumento de T (tributação) faz com que o C (consumo) diminua. Isto, por sua vez, fará reduzir a renda. Concluímos então que o aumento de T faz reduzir a renda Y e a curva IS será deslocada para a esquerda. Vejamos isso na figura 03: 4 Como a renda (Y) aumenta para a direita, nós devemos deslocar a curva IS para a direita caso queiramos representar graficamente a consequência do aumento de renda sobre a curva IS. Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 68 Após o aumento de T, ocorre redução de C e, em razão disso, há redução de Y para a mesma taxa de juros (i). Assim, devemos deslocar a curva IS para a esquerda, no sentido da redução de Y. Fig. 3 i IS1 IS2 IS1 Y1 Y2 Y1 As decisões do governo têm grande impacto sobre a curva IS, uma vez que ele controla totalmente o agregado G e ainda possui grande influência sobre o agregado C. Este é influenciado pelo governo por meio da política de tributação (T) e transferências5 (R). Quanto maior a tributação, menor o consumo e menor a renda, e vice-versa. Quanto maiores as transferências, maior o consumo e maior a renda, e vice- versa. Pelo fato de a política de gastos do governo influenciar bastante o posicionamento da curva IS, é muito comum encontrarmos em muitos textos a afirmação de que a curva IS é influenciada ou reflete a política fiscal do governo, o que é inteiramente verdade, conforme vimos. Se a política fiscal for expansiva6 (aumento de G e/ou R, ou redução de T), a curva IS será deslocada para a direita. Se a política fiscal for restritiva7 (redução de G e/ou R, ou aumento de T), a curva IS será deslocada para a esquerda. Então, finalizando o tópico, podemos entender que a curva IS será deslocada para a direita ou para a esquerda se houver, respectivamente, aumento ou reduçãoda renda (Y) e, obrigatoriamente, este aumento ou redução for provocado por alterações em C, I ou G. Por outro lado, alterações das taxas de juros (i) não deslocam a curva IS, mas apenas provocam deslocamentos ao longo da curva. 5 Denominam-se transferências pela letra R devido ao termo em inglês: replacement. Um exemplo de transferências seria o programa bolsa-família do governo federal. Quanto maior o R, maior será o C e, consequentemente, maior a renda (Y). 6 Política fiscal expansiva é o mesmo que política expansionista ou inflacionária. 7 É o mesmo que política anti-inflacionária ou recessiva. Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 68 1.1.2. Inclinação da curva IS A inclinação da curva IS depende basicamente de dois fatores: i. A sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros; ii. A propensão marginal a consumir. Vejamos em maiores detalhes os dois fatores, a começar pelo primeiro: i. Sensibilidade investimento x taxa de juros Quanto ao primeiro caso, nós podemos dizer que, em economia, o termo comumente usado para se referir à sensibilidade com que uma variável muda em resposta à variação de outra variável é chamado elasticidade. Assim, entenda que elasticidade=sensibilidade. Por exemplo, se a taxa de juros aumentar, o investimento cairá. Isto já é algo que intuímos com certa facilidade. Contudo, muitas vezes desejamos saber quanto vai aumentar ou quanto vai cair o investimento. Até que ponto o investimento poderá ser afetado? Muito ou pouco? Se a taxa de juros aumentar 20%, em quantos % o investimento cairá? Utilizamos as elasticidades para responder a perguntas como essas. (P� ³HFRQRPrV´� elasticidade significa sensibilidade. A elasticidade mede o quanto uma variável pode ser afetada por outra. Há muitos tipos de elasticidades e todas envolvem basicamente o mesmo raciocínio. Em primeiro lugar, elas medem a mudança percentual em uma variável, que, no nosso caso, é o investimento. Em segundo lugar, a variação de alguma variável provocou essa mudança percentual a que estamos nos referindo. Por exemplo, se essa variável foi a taxa de juros, e ela provocou uma mudança no investimento, temos a elasticidade do investimento em relação à taxa de juros. Em terceiro lugar, dividimos as variações percentuais das duas variáveis em análise. Veja, por exemplo, a tabela abaixo: Tabela 1 Investimento A Investimento B Investimento C iA IA iB IB iC IC Momento 1 10% 100 10% 100 10% 100 Momento 2 11% 80 11% 99,5 11% 99 Veja que, em todos os casos, aumentamos a taxa de juros em 1%, mas as variações nos investimentos foram diferentes. Isto significa que as elasticidades são diferentes para cada nível de investimentos, afinal o Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 68 Figura 4 i ȴi=i2 ² i1 ȴI ȴY=Y2 ² Y1 i2 i1 IS ȴY=Y2 ² Y1 IS Y1 Y2 Y1 Y2 Renda (Y) b) Investimento é menos elástico à taxa de juros a) Investimento é mais elástico à taxa de juros nível de investimento reage de um jeito diferente às variações nas taxas de juros. Veja que, dos três níveis de investimentos, o mais sensível à variação de preços é o investimento A. O aumento de 1% na taxa de juros reduziu o investimento em 20%, ou seja, há bastante sensibilidade. Quando a queda no investimento é percentualmente superior ao aumento da taxa de juros, dizemos que o investimento é elástico, sensível, à taxa de juros. Já com relação ao investimento B, o aumento de 1% na taxa de juros provocou redução de 0,5% no nível de investimento, ou seja, há pouca sensibilidade. Quando a queda no investimentos é percentualmente inferior ao aumento da taxa de juros, dizemos que o investimento é inelástico à taxa de juros. Quando a queda nos investimentos é percentualmente igual ao aumento das taxas de juros, dizemos que a elasticidade é unitária. É importante ressaltar que o mesmo raciocínio é válido para reduções nas taxas de juros, com a diferença, é claro, que tais reduções provocarão aumento nos investimentos ao invés de diminuição. Essas relações foram feitas apenas para exemplificar. O que você deve guardar é o seguinte: quanto mais sensível à taxa de juros, mais deitada a IS é. Quanto maior a elasticidade (sensibilidade) da demanda do investimento em relação à taxa de juros, menos inclinada (mais horizontal ou achatada) será a curva IS. Por outro lado, quanto menor a elasticidade da demanda do investimento em relação à taxa de juros, mais inclinada (mais vertical) será a curva IS. Veja a figura 04: Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 68 Figura 5 IS i Curva IS do modelo keynesiano simplificado, onde o investimento não depende (é totalmente inelástico) da taxa de juros. . IS Y a) Investimento é perfeitamente elástico à taxa de juros b) Investimento é perfeitamente inelástico à taxa de juros Y No diagrama a, o investimento é mais elástico (mais sensível) à taxa de juros do que no diagrama b. Naquele, uma pequena variação da WD[D� GH� MXURV� �ƩL�� SURYRFD� XPD� YDULDomR� SURSRUFLRQDOPHQWH� PDLRU� QR� LQYHVWLPHQWR� �Ʃ,� !� ƩL��� &RPR� D� YDULDomR� QR� LQYHVWLPHQWR� p� JUDQGH�� D� YDULDomR�QD�UHQGD��Ʃ<��WDPEpP�p�JUDQGH��2X�VHMD��TXDQGR�D�FXUYD�,6�p� mais horizontal ou achatada, o investimento é mais elástico (ou menos inelástico) em relação à taxa de juros e uma pequena variação nos juros induzirá uma grande variação no investimento e, portanto, na renda. Por outro lado, quando a curva IS é mais inclinada ou vertical, como no diagrama b, uma variação na taxa de juros provoca uma variação menor no investimento que aquela verificada em no diagrama a, de forma que a variação proporcional na renda seja menor que a variação na taxa GH� MXURV� �Ʃ<� �� ƩL��� ,VWR� DFRQWHFH� SRUTXH� R� LQYHVWLPHQWR� p� LQHOiVWLFR� (pouco elástico) à taxa de juros Existe um bizú para identificarmos, no gráfico, quando a elasticidade de uma variável em relação a outra é grande ou pequena. Basta vermos o ângulo com que a curva/reta de uma variável intercepta o eixo da outra variável. Por exemplo, no diagrama a, o ângulo com que a curva IS intercepta o eixo Y, onde temos a taxa juros, é bem maior que o ângulo do diagrama b. Logo, a elasticidade do investimento em relação à taxa de juros é maior em a, pois o ângulo entre a curva IS e o eixo da taxa de juros é maior em a. Quando o ângulo é máximo (90º), a elasticidade é máxima (é infinita) ou dizemos também que o investimento é perfeitamente ou totalmente elástico. Quando o ângulo é mínimo (a retas são paralelas), a elasticidade é mínima (é igual a zero), ou podemos dizer que o investimento é perfeitamente inelástico à taxa de juros (totalmente insensível à taxa de juros). Observe a figura 05: Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 68 Veja que, quanto maishorizontal é a curva IS, maior será o seu ângulo em relação ao eixo onde está a taxa de juros, logo, maior será elasticidade do investimento em relação à taxa de juros. Esse é o caso do diagrama a, onde a angulação da curva IS em relação ao eixo da taxa de juros é máxima (ângulo de 90º). De forma inversa, no digrama b, a curva IS é vertical e não há ângulo entre ela e o eixo onde está a taxa de juros, o que indica que não há qualquer elasticidade/sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros. Observe que a curva IS do diagrama b reflete o caso do modelo keynesiano simplificado visto na aula 01, em que a renda e o investimento não sofrem qualquer alteração da taxa de juros (são totalmente insensíveis/inelásticos), já que é pressuposto daquele modelo de determinação da renda não levar em conta a presença da taxa de juros. Para qualquer nível de i, o Y será o mesmo, indicando que Y não sofre qualquer influência (é totalmente inelástico) da taxa de juros. Nota Æ não confunda elasticidade com a inclinação. Por exemplo, no diagrama a, a elasticidade do investimento em relação à taxa de juros é alta, pois o ângulo entre a curva IS e o eixo da taxa de juros é alto. Entretanto, a inclinação da curva IS é baixa, de modo que a curva IS é achatada ou horizontal. Assim, quando a elasticidade do investimento em relação aos juros é alta, a inclinação da curva IS é baixa, e vice-versa. ii. Propensão marginal a consumir Vimos na aula 01 que a demanda/despesa agregada é o somatório das despesas dos quatro agentes da economia (famílias, empresas, governo e resto do mundo): DA = C + I + G + X ± M Para que possamos compreender o que é a Propensão marginal a consumir, precisamos aprofundar mais nossos estudos na função Consumo (C): Consumo (C) O consumo das famílias é dividido em duas partes. Uma parte é dependente da renda disponível. A outra parte é uma variável independente, que não depende da renda disponível. Esta última seria um nível de consumo das famílias que seria gasto qualquer que fosse a renda disponível. Poderíamos, assim dizer, que essa parte independente ou autônoma seria relacionada a um consumo mínimo de subsistência. Algebricamente, temos a função consumo: Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 68 C = C0 + c.YD A parte dependente da renda disponível seria o termo cYD. Por este termo, vemos que, quanto maior a renda disponível, maior será o consumo. A parte independente ou autônoma da renda seria o termo C0, denominado consumo autônomo. Por este termo, vemos também que, quanto maior o consumo autônomo, maior será o consumo. É importante ressaltarmos que o consumo é função da renda disponível (YD). É premissa da teoria keynesiana que temos somente impostos diretos, assim, a renda disponível será a renda (Y) MENOS os tributos diretos (T). Logo, YD=Y±T , de forma que: C = C0 + c.(Y ± T) Agora, falta definirmos o que significa o parâmetro c. Ele é a propensão marginal a consumir (PMgC): o aumento no consumo em relação ao aumento de renda. Em outras palavras, é a parcela do acréscimo de renda disponível destinada ao consumo. Algebricamente, isso significa: ࢉ ൌ �ࡼࡹࢍ ൌ ઢઢࢅࢊ Por exemplo, supondo uma propensão marginal a consumir de 0,8, isto quer dizer que, se a renda disponível aumentar em R$ 1.000, as famílias tendem a aumentar o consumo em R$ 800. A palavra marginal, em economia, tem o significado de incremental, DGLFLRQDO� RX� ³QD� PDUJHP´�� $VVLP�� D� 30J&� UHSUHVHQWD� TXDO� VHUi� R� consumo adicional decorrente de um aumento na renda. Numa situação em que, depois de aumentada a renda, não temos alteração no consumo �Ʃ& ���� D� 30J&� VHUi� LJXDO� D����$QDORJDPente, numa situação em que, depois de aumentada a renda, o aumento no consumo será exatamente LJXDO� DR� DXPHQWR� GD� UHQGD� �Ʃ& Ʃ<D), a PMgC será igual a 1. Daí, concluímos que a PMgC varia entre 0 e 1. Logo, �F�. Adjacente a esta definição de propensão marginal a consumir, nós temos a definição de propensão média a consumir (PMeC). Ela é simplesmente o consumo dividido pela renda disponível, significando, portanto, a parcela ou parte da renda que é gasta com o consumo. Algebricamente: ࡼࡹࢋ ൌ � ࢅࢊ Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 68 Exemplo numérico: A partir da função de consumo abaixo, montemos um quadro com os valores do consumo, da propensão marginal a consumir e da propensão média a consumir: C = 100 + 0,8YD YD C 30J&��Ʃ&�Ʃ<D) PMeC (C/YD) 1000 900 - 0900/1000 = 0,90 1200 1060 160/200 = 0,8 1060/1200 = 0,88 1400 1220 160/200 0,8 1220/1400 0,87 1600 1380 160/200 0,8 1380/1600 0,86 1800 1540 160/200 = 0,8 1540/1800 = 0,86 2000 1700 160/200 = 0,8 1700/2000 = 0,85 Obs: os valores da última coluna foram aproximados A partir da verificação dos dados, podemos inferir algumas conclusões: 9 O consumo cresce junto com a renda (disponível); 9 A função de consumo apresentada é uma função linear8, e a propensão marginal a consumir é constante para uma função dada; 9 A propensão marginal a consumir só assume valores entre 0 e 1 (�F�); Em primeiro lugar, deve ficar claro que, quando falamos que a inclinação da curva IS depende da propensão marginal a consumir, também falamos indiretamente que a mesma depende do multiplicador de gastos keynesiano. Afinal, quanto maior a propensão marginal a consumir, maior será o multiplicador, e vice-versa. Isso acontece porque o multiplicador keynesiano tem uma fórmula, e essa fórmula leva em consideração a propensão marginal a consumir (não se preocupe, pois o edital da PF não nos cobra essa fórmula). A fórmula do multiplicador keynesiano, apenas a título de curiosidade, é: ݇ ൌ � ? ? െ ܿ 8 Função linear é uma função cujo gráfico é representado por uma reta ou uma linha (daí o nome função linear). Como decorrência disso, são aquelas também em que o expoente da variável é 1. Por exemplo, na função consumo C C0+c.YD, a variável da função é YD (temos o consumo em função da renda disponível). Em questões de concursos, a menos que o enunciado diga o contrário, considere a função consumo como uma função linear. Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 68 Repare que se nós aumentarmos o c (aumentarmos a propensão marginal a consumir), nós aumentaremos também o k (multiplicador NH\QHVLDQR���7HQWH�DWULEXLU�DOJXQV�YDORUHV�SDUD�³F´�H�ver o que acontece FRP�R�PXOWLSOLFDGRU�TXDQGR�YDPRV�DXPHQWDQGR�³F´ (apenas lembre que ³c´ varia entre 0 e 1). Quanto mais aumentarmos o k, mais a política fiscal será eficaz. Assim, podemos dizer também que a inclinação depende do multiplicador de gastos, o que é mera decorrência de ela depender da propensão marginal a consumir. Se a propensão marginal a consumir ou o multiplicador de gastos forem elevados, qualquer mudança nos investimentos provocada por variações nas taxas de juros causará grande variação na renda. Assim, quando o multiplicador de gastos é elevado, uma pequena variação nos MXURV��ƩL�SHTXHQR��FDXVD�XPD�JUDQGH�YDULDomR�QD�UHQGD��Ʃ<�JUDQGH���H� isso acontece quando a curva IS é mais achatadaou horizontal, conforme se observa na figura 04, diagrama a. Se o multiplicador e a propensão marginal a consumir são baixos, uma alteração nos juros provocará uma variação proporcionalmente menor sobre a renda e a curva IS será mais inclinada/vertical, conforme se observa na figura 04, diagrama b. Ressaltamos que, como decorrência das relações postas no parágrafo anterior, também podemos tecer alguns comentários relacionando a inclinação da curva IS com a propensão marginal a poupar. Conforme podemos inferir�� HVWD� p� R� ³FRQWUiULR´� GD� SURSHQVmR� marginal a consumir, tendo em vista que o que não é consumido, obviamente, é poupado. Assim, quanto maior é propensão marginal a poupar, mais inclinada (mais vertical) será a curva IS. Ou seja, é o comportamento contrário ao que se observa na relação entre a inclinação da curva IS e a propensão marginal a consumir. Podemos resumir assim os fatores que definem a inclinação da curva IS: Inclinação da IS Elasticidade de I em relação a i Propensão marginal a consumir Multiplicador de gastos keynesiano + inclinada/vertical Ļ Ļ Ļ + achatada/horizontal Ĺ Ĺ Ĺ Por fim, apresentamos um resumo sobre a curva IS. Curva IS: resumo 1. A curva IS é negativamente inclinada; Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 68 2. A curva IS representa o equilíbrio no lado real da economia, ou no mercado de bens e serviços (investimento=poupança), representando as combinações de valores de renda e de taxa de juros que produzem o equilíbrio no mercado real; 3. O investimento é função da taxa de juros; a poupança é função direta da renda; 4. A curva IS será deslocada para a direita quando houver aumento da renda Y, sendo que este aumento deve ser provocado por aumentos em C, I ou G; 5. A curva IS será deslocada para a esquerda quando houver redução da renda Y, sendo que esta redução deve ser provocada por reduções em C, I ou G; 6. A curva IS é afetada pela política fiscal do governo; 7. Alterações da taxa de juros não deslocam a curva IS; 8. A curva IS será pouco inclinada (mais horizontal) quando a elasticidade da demanda por investimento em relação à taxa de juros for alta; 9. A curva IS será pouco inclinada quando a propensão marginal a consumir e o multiplicador de gastos forem altos e propensão marginal a poupar for baixa. 1.2. Curva LM ± equilíbrio no mercado de ativos Enquanto a curva IS representa o equilíbrio no mercado de bens e serviços, a curva LM mostra o equilíbrio no mercado de moeda9 e este, por sua vez, é atingido quando a oferta (M=Money) e a demanda (L=liquidity) de moeda se igualam. A oferta de moeda10 (M/P) é uma variável exógena (externa ao modelo), pois é determinada ou fixada institucionalmente pela autoridade monetária. Ou seja, por ser uma variável que não é determinada pelos 9 Em algumas obras, também é aceito que a curva LM representa o equilíbrio no mercado de ativos, em alusão ao fato de que estes também servem para satisfazer os motivos pelos quais a moeda é demandada. 10 Algebricamente, nós indicaŵŽƐ�Ă�ŽĨĞƌƚĂ�ĚĞ�ŵŽĞĚĂ�ƉĞůĂ�ĞdžƉƌĞƐƐĆŽ� ?D ?W 缃?� “D ?�Ġ�Ă�ƋƵĂŶƚŝĚĂĚĞ�ĚĞ� ŵŽĞĚĂ ?�EſƐ�ĚŝǀŝĚŝŵŽƐ� “D ?�ƉŽƌ� “W ?�ƉĂƌĂ�ŝŶĚŝĐĂƌ�Ă�ŽĨĞƌƚĂ�REAL de moeda, e ela depende do nível de preços (P) da economia. Se os preços aumentam, e Ă� ƋƵĂŶƚŝĚĂĚĞ� ĚĞ� “D ?� ƉĞƌŵĂŶĞĐĞ� ĐŽŶƐƚĂŶƚĞ ?� podemos entender que há redução da oferta real de moeda (redução de M/P). Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 68 i iB B A curva LM é positivamente inclinada, evidenciando a relação positiva entre a demanda de moeda e a renda e a relação negativa entre aquela e a taxa de juros. Figura 6 A iA Y YB YA parâmetros do modelo (exógena), nós a consideramos fixa. Assim, em nosso estudo, é a demanda por moeda TXHP�GLWDUi� R� ³UXPR´� GD� FXUYD� LM. Na aula 02, nós vimos que a moeda é demandada por três motivos: transação, precaução e especulação. Em relação aos dois primeiros, a demanda por moeda será uma função direta da renda, indicando que, quanto maior a renda, maior será a demanda por moeda. Em relação ao terceiro motivo (especulação), a demanda por moeda será função inversa da taxa de juros, indicando que, quanto maiores forem os juros, menor será a demanda por moeda. Assim, nós podemos dizer que a demanda por moeda é, ao mesmo tempo, função crescente da renda e decrescente dos juros. Segue um quadro com o resumo das relações: Motivo Variável determinante Relação: Variável X Demanda de moeda Transação Renda Direta Precaução Renda Direta Especulação Taxa de juros Inversa Nota Æ se você teve dificuldades no entendimento do último parágrafo e/ou do quadro, talvez seja bom reler a aula 02, páginas 03 e 04. A curva LM, ao contrário da curva IS, possui inclinação ascendente, conforme podemos enxergar na figura 06: Quando há um aumento da renda (por exemplo, de YA para YB), há aumento da demanda de moeda para fins de transação e precaução. Como a oferta de moeda (=estoque de moeda) é mantida fixa pela autoridade monetária, isto faz com que haja redução do nível de liquidez da economia. Em outras palavras, o aumento de renda provoca aumento da demanda de moeda e esse aumento de demanda não é suprido pela DXWRULGDGH�PRQHWiULD��(P�YLUWXGH�GLVWR��R� ³SUHoR�GD�PRHGD´�DXPHQWD�H� HVWH�³SUHoR�GD�PRHGD´�p�D�WD[D�GH�MXURV�� Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 68 Assim, podemos concluir que o aumento de renda provoca o aumento de demanda de moeda e também o aumento da taxa de juros. Logo, como há uma relação direta entre a renda e a taxa de juros (o aumento daquela provoca o aumento desta), a curva LM será positivamente inclinada. Na figura 06, o aumento de Y provoca o aumento de i, segundo o ponto de vista do mercado monetário. Bem, agora já sabemos que a curva LM é positivamente inclinada, agora, falta-nos saber o que a desloca e o que altera a sua inclinação. 1.2.1. Deslocando a curva LM Basicamente, a curva LM será deslocada em virtude de alterações na oferta de moeda (que é fixada exogenamente) e na demanda de moeda. Agora, você pode estar se perguntando se não há uma contradição entre o que eu disse anteriormente (que consideraríamos a oferta de moeda fixa) e o que eu estou dizendo agora (alterações na oferta de moeda deslocam a curva LM). A resposta é não, não existe contradição. Em qualquer modelo econômico em que tenhamos uma curva em um gráfico e esta curva relacione algumas variáveis, nós observamos que somente mudanças nas variáveis exógenas podem provocar o deslocamento desta curva como um todo. Na curva IS, por exemplo, aumentos de C, I e G deslocam a curva IS. Observe que estas variáveis são externas (exógenas) ao modelo da curva IS, pois não são determinadas no modelo da curva IS. Quando o governo aumenta os gastos ou reduz a tributação, estas decisões certamente são externas ao modelo. Por isso, elas deslocam a curva IS como um todo. Então, quando estas variáveis exógenas mudam a renda (Y), temos que deslocar a curva IS como umtodo. Se houver alteração de alguma variável endógena da curva IS (alteração de juros ou renda), temos deslocamento ao longo da curva IS e não da curva inteira. Apenas para exemplificar, suponha que o consumo da economia tenha aumentado em virtude do aumento da renda. Será que haverá deslocamento da curva IS? A resposta é não, pois o que houve, de fato, foi o aumento da renda, que é variável endógena (interna ao modelo). Este aumento da variável endógena, por sua vez, aumentou o consumo. Desta forma, a alteração ocorrida foi de uma variável endógena (aumento da renda) e não de uma variável exógena, então, não há deslocamento da curva IS. Por outro lado, quando o governo reduz a tributação (alteração exógena), há aumento do consumo. Como consequência do aumento do consumo, empurramos a curva IS para a direita, mas veja que o acontecimento inicial foi uma alteração de uma variável exógena Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 68 (tributação Æ consumo), indicando que, neste caso, temos que deslocar a curva IS como um todo. Apenas para clarificar, entenda que, na curva IS, as variáveis endógenas são os juros (i), a renda (Y), o investimento que é dependente da taxa de juros (I) e a poupança (S). O mesmo raciocínio se aplica à curva LM. Apenas mudanças exógenas (externas ao modelo) podem deslocar a curva LM. No caso específico desta curva, a oferta de moeda é variável exógena, por conseguinte, ela tem o efeito de deslocar a curva LM. Alterações da demanda de moeda que sejam exógenas (não sejam provocadas por alterações dos juros e da renda) também provocam deslocamento da curva LM. Como exemplo desta situação, temos as expectativas dos agentes quanto à rentabilidade futura dos títulos. Se as pessoas têm incerteza quanto à rentabilidade dos títulos, e entenderem que seus preços vão cair, elas preferirão se desfazer de títulos e adquirir moeda, de forma que este desejo de adquirir moeda aumentará a demanda por moeda. Este aumento da demanda por moeda (preferência pela liquidez) foi provocada por variáveis exógenas, externas ao modelo (expectativas). Neste caso, ela provocará o deslocamento da curva LM como um todo. De modo resumido, podemos dizer que quando há aumento da oferta de moeda, fruto da adoção de políticas monetárias expansivas, a curva LM é deslocada para a direita e para baixo, no sentido do aumento da renda. Quando há redução da oferta de moeda, fruta da adoção de políticas monetárias restritivas, a curva LM é deslocada para a esquerda e para cima, no sentido da redução da renda. Quando há aumento da demanda de moeda, fruto da mudança de comportamento das pessoas, a curva LM é deslocada para a esquerda e para cima, no sentido da redução da renda (e do aumento da taxa de juros). Quando há redução da demanda de moeda, fruto da mudança de comportamento das pessoas, a curva LM é deslocada para a direita e para baixo, no sentido do aumento da renda (e da redução da taxa de juros). Assim, temos o seguinte em relação aos deslocamentos da curva LM: Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 68 Alteração de variáveis exógenas: Desloca LM para: Política monetária (oferta de moeda) Expansiva (aumento da oferta de moeda) P/ direita e p/ baixo Restritiva (redução da oferta de moeda) P/ esquerda e p/ cima Alteração da demanda de moeda provocada por mudança no comportamento dos agentes econômicos Redução da demanda de moeda P/ direita e p/ baixo Aumento da demanda de moeda P/ esquerda e p/ cima Vale destacar que, dentro da política monetária, nós temos uma série de itens que devem estar muito bem memorizados na nossa cabeça. Estes itens foram estudados na aula 02, item 1.4 . Se você não os lembra com perfeição, sugerimos que releia o item citado. Outro item que desloca a curva LM é a alteração de salários nominais. É o que chamamos de efeito Keynes. Este é um fator de deslocamento da curva LM que você não encontra nos livros tradicionais de Economia utilizados nos cursos de graduação de Economia (Blanchard, Mankiw, Dornbusch, Froyen, Vasconcellos, etc), mas, mesmo assim, o CESPE/Unb já cobrou em algumas provas. Quando ocorre um aumento nos salários nominais dos trabalhadores, o custo de produção das mercadorias aumenta. Os empresários tendem a repassar este aumento de custo para o preço das mercadorias. Este aumento de preços, por sua vez, faz com que a demanda por moeda seja aumentada11. Conforme vimos, o aumento da demanda por moeda desloca a curva LM para a esquerda, fazendo a taxa de juros aumentar e a renda diminuir. Ou seja, o efeito Keynes nos diz que o aumento de salários nominais desloca a LM para a esquerda, aumentando os juros e reduzindo a renda. E isto é explicado basicamente pelo aumento de preços provocado pelo repasse de aumento do custo de salários. Este aumento de preços aumenta a demanda por moeda, deslocando a curva LM para a esquerda. Agora, vejamos um exemplo de aplicação para treinar (você verá na prática que é mais fácil do que parece): 11 No item 1.2 (Demanda por moeda), na aula sobre MOEDA, nós explicamos por que o aumento de preços faz a demanda por moeda aumentar. Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 68 Após o aumento das operações de redesconto, haverá mais moeda circulando (mais oferta de moeda), de forma que a curva LM será deslocada para a direita e para baixo. LM1 LM2 LM1 Fig. 7 i Y2 Y1 Y1 O que acontecerá com a curva LM se o BACEN decidir reduzir a taxa do redesconto que é cobrada dos bancos comerciais e estes, em virtude disto, aumentarem o montante das operações de redesconto? Se o BACEN reduz a taxa do redesconto, e isso faz com que os bancos comerciais aumentem as operações de redesconto, isto significa que haverá mais dinheiro (mais oferta de moeda) circulando na economia. Isto configura um caso de política monetária expansiva, que, com certeza, deslocará a curva LM para a direita e para baixo, no sentido do aumento da renda, conforme se observa na figura 07: Outro exemplo: o que acontecerá com a curva LM se o governo aumentar a exigência de depósitos compulsórios? Se os bancos comerciais são obrigados a depositar compulsoriamente mais dinheiro no BACEN, isto significa que sobrará menos dinheiro para ser emprestado (e multiplicado) ao público, de forma que teremos neste caso menos moeda circulando na economia (política monetária restritiva). Veja a consequência sobre a curva LM: Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 68 Após o aumento da exigência de depósitos compulsórios, haverá menos moeda circulando (menos oferta de moeda), de forma que a curva LM será deslocada para a esquerda e para cima. LM1 LM1 LM2 Fig. 08 i Y2 Y1 Y11.2.2. Inclinação da curva LM Já sabemos que a curva LM é positivamente inclinada, mas quando será que ela é muito ou pouco inclinada? Os fatores que afetam a inclinação da curva LM são as elasticidades da demanda de moeda em relação à renda e à taxa de juros. Na curva IS, nós vimos que a elasticidade da demanda de investimento em relação à taxa de juros é um dos fatores que define a inclinação da IS, isto porque o investimento é função da taxa de juros. Na curva LM, porém, a demanda de moeda é função de dois fatores (renda e juros), assim, nós analisamos a elasticidade da demanda de moeda em relação a duas variáveis (renda e juros). Quanto maior a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda (quanto maior for o ângulo entre a curva LM e o eixo onde está a renda), maior será a inclinação da curva LM (mais ela será vertical). Neste caso, uma pequena variação na renda levará a uma grande expansão na demanda de moeda, o que provocará uma maior elevação na taxa de juros para compensá-la. É o caso da figura 09, diagrama b. Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 68 Figura 9 LM i LM i1 i2 Y1 Y2 Y1 Y2 Renda (Y) b) Demanda de moeda é bastante elástica à renda e pouco elástica (inelástica) aos juros. a) Demanda de moeda é pouco elástica (inelástica) à renda e bastante elástica aos juros. Observe também que quando falamos que a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda é alta, isto implica dizer, obrigatoriamente, que a elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros é baixa, uma vez que, se o ângulo entre LM e o eixo da renda é alto, necessariamente, o ângulo entre LM e o eixo dos juros é baixo, indicando que a elasticidade da demanda de moeda em relação aos juros é baixa. Assim, temos as seguintes relações: Alta elasticidade da demanda de moeda em relação à renda => curva LM muito inclinada (+ vertical) => baixa elasticidade da demanda de moeda em relação aos juros Quanto maior a elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros (quanto maior o ângulo entre LM e o eixo dos juros), menor será a inclinação da curva LM. É o caso do diagrama a da figura 9. Observe que o ângulo entre LM e o eixo dos juros é alto, o que nos indica que a elasticidade da demanda de moeda em relação aos juros é alta, fazendo com que a curva LM seja mais horizontal ou menos inclinada. Da mesma forma que analisamos para o diagrama b, podemos dizer que, em relação ao diagrama a, a situação de alta elasticidade da demanda de moeda em relação aos juros implica dizer, obrigatoriamente, que a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda é baixa. Assim, Alta elasticidade da demanda de moeda em relação aos juros => curva LM pouco inclinada (+ horizontal) => baixa elasticidade da demanda de moeda em relação à renda Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 68 Podemos resumir na seguinte tabela os determinantes da inclinação da curva LM: Inclinação da LM Elasticidade da demanda de moeda em relação a Y Elasticidade da demanda de moeda em relação a i + inclinada/vertical Ĺ Ļ + achatada/horizontal Ļ Ĺ Por fim, apresento um resumo sobre a curva LM. Curva LM: resumo 1. A curva LM é positivamente inclinada; 2. A curva LM representa o equilíbrio no lado monetário da economia, ou no mercado de moeda (oferta de moeda=demanda de moeda), representando as combinações de valores de renda e taxa de juros que produzem o equilíbrio no mercado monetário; 3. A demanda de moeda é função direta da renda (motivos transação e precaução) e função inversa da taxa de juros (motivo especulação); 4. A curva LM será deslocada para a direita e para baixo quando houver aumento da oferta de moeda (política monetária expansiva) ou redução da demanda de moeda provocada por mudanças no comportamento dos agentes (menor preferência pela liquidez); 5. A curva LM será deslocada para a esquerda e para cima quando houver redução da oferta de moeda (política monetária restritiva) ou aumento da demanda de moeda provocada por mudanças no comportamento dos agentes (maior preferência pela liquidez); 6. A curva LM é afetada pela política monetária do governo; 7. Alterações da taxa de juros e da renda não deslocam a curva LM (pois juros e renda são variáveis endógenas); 8. A curva LM será pouco inclinada (mais horizontal) quando a elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros for elevada e/ou quando a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda for baixa; 9. A curva LM será muito inclinada (mais vertical) quando a elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros for Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 68 i Curva LM E iE Figura 10 Curva IS Y YE i Curva LM E iE Curva IS Y YE A B C D baixa e/ou quando a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda for alta. 1.3. O equilíbrio: as curvas IS e LM combinadas Na figura 10, nós combinamos as curvas IS e LM. A curva LM possui inclinação positiva e mostra todos os pontos de equilíbrio no mercado monetário (ou mercado de ativos). A curva IS possui inclinação negativa e mostra todos os pontos de equilíbrio no mercado de bens e serviços. O ponto de intersecção entre as duas curvas, o ponto E, é o (único) ponto de equilíbrio geral para ambos os mercados. É o ponto onde temos a combinação de renda e taxa de juros, onde estaremos em equilíbrio nos dois mercados considerados (real e monetário). Somente ao nível de renda YE e à taxa de juros iE a economia estará em equilíbrio no lado real (investimento=poupança) e no lado monetário (oferta de moeda=demanda de moeda). Agora, vamos identificar o que acontece em pontos fora do equilíbrio. Isso já caiu em prova -. Se a banca quiser dificultar, isso pode cair. Veja o gráfico abaixo: Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 68 O ponto E não demanda muitas explicações, conforme já vimos. Por estar ao longo da curva IS, temos equilíbrio no mercado de bens (demanda de bens é igual à oferta de bens, ou investimento iguala a poupança). Ao mesmo tempo, por estar ao longo da curva LM, temos equilíbrio no mercado monetário (oferta de moeda é igual à demanda de moeda). Mas e quanto aos outros pontos? Nos outros pontos, os mercados não estarão em equilíbrio; teremos excesso GH�³DOJXPD�FRLVD´� Vamos analisar, primeiro, os pontos A e B (pontos acima ou à esquerda da LM). Para um mesmo nível de renda (visualize pelo ponto A), pontos acima da LM nos mostram uma taxa de juros maior que aquela verificada no equilíbrio. Acontece que a economia tende automaticamente para o seu equilíbrio. Então, para a economia retornar ao seu equilíbrio, partindo de pontos acima da LM, a taxade juros deve cair. Isso acontece porque a oferta de moeda12 é superior à demanda de moeda. Em C e D (pontos abaixo ou à direita da LM), temos a situação inversa (a taxa de juros deve subir): a demanda de moeda é superior à oferta de moeda. Agora, vamos analisar os locais A e C (pontos à direita ou acima da IS). Para uma mesma taxa de juros (visualize pelo ponto C), pontos à direita da IS nos mostram uma renda ou produto (Y) maior que aquele verificado no equilíbrio. Temos, portanto, excesso de oferta de bens sobre a demanda de bens. Ao mesmo tempo, temos poupança13 agregada (S) superior ao investimento agregado (I). Nas duas análises, o prognóstico é de que a renda caia para o nível de equilíbrio. Se a oferta de bens supera a demanda, haverá excesso de produtos (estoques encalhados), forçando as empresas a produzir menos. Se houver excesso de poupança, isto significa que as famílias estão gastando pouco, o que vai reduzir a renda. Em B e D (pontos abaixo ou à esquerda da IS), temos a situação inversa14: a demanda de bens é superior à oferta de bens (ou temos investimento agregado superior à poupança agregada). Assim, em resumo, temos o seguinte, para você não errar caso 12 A taxa de juros é o preço da moeda. Então, se há excesso de oferta de moeda, seu preço (taxa de juros) cairá. 13���ĐƵƌǀĂ�/^�ŵŽƐƚƌĂ�ƵŵĂ�ŝĚĞŶƚŝĚĂĚĞ�ĞŶƚƌĞ�ƉŽƵƉĂŶĕĂ�Ğ�ŝŶǀĞƐƚŝŵĞŶƚŽ 堀 ��ƉŽƵƉĂŶĕĂ�Ġ�ĨƵŶĕĆŽ�ĚŝƌĞƚĂ�ĚĂ� renda, enquanto o investimento é função inversa da taxa de juros. Um local como o ponto C apresenta a renda maior que aquela verificada no equilíbrio. Esta renda maior nos levará a uma poupança maior que a do equilíbrio, para o mesmo nível de taxa de juros. Logo, pontos à direita da IS nos mostram situações em que a poupança supera o investimento. 14 A renda é inferior àquela do equilíbrio, e o prognóstico é de que a economia cresça. Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 68 apareça na prova: Local O que está acontecendo: Ao longo da IS x Equilíbrio no mercado de bens ou no mercado real. À direita ou acima da IS x Excesso de oferta de bens. x Poupança agregada supera o investimento. À esquerda ou abaixo da IS x Excesso de demanda de bens. x Investimento agregado supera a poupança. Ao longo da LM x Equilíbrio no mercado monetário, de moeda, financeiro ou de ativos. À esquerda ou acima da LM x Excesso de oferta de moeda. À direita ou abaixo da LM x Excesso de demanda de moeda. 1.3.1. Alterando o equilíbrio por meio das políticas fiscal e monetária Agora que temos plena noção do que representa cada curva e dos fatores que as modificam, nós podemos verificar quais as consequências da adoção de determinadas políticas (fiscais e monetárias) sobre a taxa de juros e o nível de renda/emprego da economia. Desde já, gostaria de dizer que não é aconselhável decorar nada do que será dito, mas apenas aprender o método de raciocínio e a forma com que as curvas são deslocadas, ora para a direita, ora para a esquerda. Aprender esta sistemática é a nossa meta, pois é ela que nos permitirá resolver as questões de prova com segurança. Inicialmente, apenas vá lendo (e entendendo) os exemplos e acompanhando as resoluções dos questionamentos. Ao fim dos exemplos, será passado um bizú de como se deve raciocinar para resolver os problemas. Exemplo 1: Política fiscal expansiva Qual o efeito de um aumento dos gastos do governo sobre a taxa de juros e o nível de renda da economia? Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 68 Novo equilíbrio LM LM i Figura 11 Equilíbrio inicial E2 iE2 E1 iE1 E1 iE1 IS2 IS1 IS1 Y YE1 YE1 YE2 LM LM i Novo equilíbrio Equilíbrio inicial Figura 12 E1 iE1 iE1 E2 E1 iE2 IS1 IS1 YE1 IS2 YE2 YE1 Y Após o aumento dos gastos do governo (G), haverá aumento de Y, uma vez que Y=C+I+G. Como sabemos, aumentos de C, I e G deslocam a curva IS para a direita. Note que, ao deslocarmos a curva IS para a direita, obrigatoriamente, deslocamo-la também para cima. No nosso gráfico, acima isto está representado pelo deslocamento de IS1 para IS2. Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos nova taxa de juros de equilíbrio iE2 e nova renda de equilíbrio YE2. Conclusão: o aumento de gastos do governo (política fiscal expansionista) provocou aumento da taxa de juros e aumento do nível de emprego. Exemplo 2: Política fiscal restritiva Qual o efeito de um aumento da tributação em relação à taxa de juros e o nível de renda da economia? Após o aumento da tributação, haverá redução de C e, consequentemente, redução de Y, o que faz com que desloquemos a curva IS para a esquerda (de IS1 para IS2). Observe que, ao deslocarmos Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 68 Figura 13 LM2 Equilíbrio inicial i LM1 iE2 LM1 E2 iE1 iE1 E1 E1 IS IS YE1 YE2 YE1 a curva IS para a esquerda, inevitavelmente, temos que deslocá-la também para baixo. Isto é um movimento natural, provocado pela inclinação da curva IS, que é decrescente. Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos nova taxa de juros de equilíbrio iE2 e nova renda de equilíbrio YE2. Conclusão: o aumento da tributação (política fiscal restritiva) provoca redução da taxa de juros e redução do nível de emprego. Exemplo 3: Política monetária restritiva Qual a consequência da venda de títulos públicos ao mercado em relação à taxa de juros vigente e ao nível de renda da economia? A venda de títulos públicos reduz a quantidade de moeda circulando na economia, uma vez que o governo recebe moeda do público e entrega títulos. Esta redução da oferta de moeda (política monetária restritiva) provoca o deslocamento para a esquerda da curva LM. Observe que, pelo fato da curva LM ser positivamente inclinada, ela será deslocada não só para a esquerda, mas também para cima (de LM1 para LM2). Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos nova taxa de juros e novo nível de renda, iE2 e YE2, respectivamente. Conclusão: a venda de títulos públicos (política monetária restritiva) provoca aumento da taxa de juros e redução do nível de emprego. Exemplo 4: Política monetária expansiva Qual a consequência da compra de títulos públicos do mercado para a taxa de juros vigente e para o nível de renda da economia? Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 68 Figura 14 LM1 LM1 Novo equilíbrio Equilíbrio inicial i LM2 iE1 iE1 E1 E1 iE2 E2 IS IS YE2 YE1 YE1 A compra de títulos públicos aumenta a quantidade de moeda circulando na economia, uma vez que o governo entregamoeda ao público e recebe títulos. Esse aumento da oferta de moeda (política monetária expansiva) provoca o deslocamento para a direita da curva LM. Observe que, pelo fato da curva LM ser positivamente inclinada, ela será deslocada não só para a direita, mas também para baixo (de LM1 para LM2). Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos nova taxa de juros e novo nível de renda, iE2 e YE2, respectivamente. Conclusão: a compra de títulos públicos (política monetária expansiva) provoca redução da taxa de juros e aumento do nível de emprego. Com estes 04 exemplos, pudemos observar o efeito isolado da adoção de políticas fiscais e monetárias, levando-se em conta a taxa de juros e o nível de renda da economia. No entanto, preste bem atenção, estes efeitos não devem ser decorados. Eles foram colocados apenas para efeito de ilustração do método de raciocínio, e é esta sistemática de raciocínio que você deve adquirir e, de forma nenhuma, a simples memorização dos efeitos. Para sistematizar o raciocínio, sugiro o seguinte método: Ao se deparar com um problema em que você tenha que descobrir, a partir de um acontecimento qualquer (pode ser política fiscal ou monetária), quais serão os efeitos sobre as taxas de juros e nível de renda da economia, siga os passos abaixo: 1 ± primeiro, verifique se este acontecimento afeta (desloca) a curva IS ou a curva LM. Mudanças em C, I e G deslocam a curva IS. Mudanças na oferta de moeda e na demanda de moeda (desde que esta última seja resultado da mudança de comportamento das pessoas) deslocam a curva Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 68 i Curva LM iE2 E2 ƩG.K ƩY=YE2 ² YE1 E1 iE1 Figura 5 Curva IS2 Curva IS1 Y YE2 YE1 LM. Lembre-se também de que a curva IS é relacionada à política fiscal, enquanto a curva LM é relacionada à política monetária. 2 ± depois, verifique para onde serão deslocadas as curvas. Isto é, se o acontecimento desloca a curva IS ou LM para a direita ou para a esquerda. Lembre-se de que políticas expansionistas (fiscais ou monetárias) irão deslocar as curvas para a direita, no sentido de aumento do nível de renda, que está representado no eixo horizontal do gráfico. Políticas restritivas ou recessivas irão deslocar as curvas para a esquerda. 3 ± após deslocar a(s) curva(s), verifique, por si só, o novo ponto de equilíbrio e as consequências sobre a nova taxa de juros e o novo nível de renda da economia. Esteja habituado a esta sequência e forma de pensar, pois elas são muito úteis na hora de raciocinar durante as questões. Para quem já estudou microeconomia para outro concurso, é visível que a sistemática é bastante parecida com a que é usada no estudo sobre oferta e demanda. Quando nós aprendermos o modelo de oferta e demanda agregada, este tipo de raciocínio também será bastante útil. 1.4 O efeito deslocamento (crowding out) No exemplo 1 do item passado, nós vimos que um aumento dos gastos do governo (política fiscal expansiva) provoca aumenta da taxa de juros e do nível de renda da economia. Vejamos esta situação de forma mais detalhada: O aumento dos gastos, ao nível da taxa de juros iE1, deveria provocar o aumento na renda de equilíbrio equivalente ao valor do DXPHQWR�GRV�JDVWRV��Ʃ*��PXOWLSOLFDGR�SHOR�PXOWLSOLFDGRU�NH\QHVLDQR��.��� Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 68 $VVLP��R�DXPHQWR�QD�UHQGD�GH�HTXLOtEULR��Ʃ<��SURYRFDGR�SHOo aumento de JDVWRV� GHYHULD� VHU� �Ʃ*�.��� GH� IRUPD� TXH� Ʃ< Ʃ*�.�� H[DWDPHQWH� FRPR� aprendemos na aula 01. No entanto, observa-se que o aumento em Y foi em magnitude menor que o aumento de gastos do governo multiplicado por K. Ou seja, Ʃ<���Ʃ*�.��H�LVWR�DFRQWHce devido ao papel da taxa de juros. Quando o governo aumenta os gastos, há aumento da taxa de juros (iE1 para iE2). Como os investimentos são função inversa da taxa de juros, consequentemente, o aumento dos gastos do governo resultará em um decréscimo nos investimentos (decréscimo em I), de forma que esse decréscimo em I fará com que a renda não aumente no valor exato do aumento dos gastos do governo multiplicado pelo multiplicador keynesiano. Assim, temos que o aumento de G faz com que a renda aumente em Ʃ*�.�� PDV�� DR� PHVPR� WHPSR�� ID]� FRP� TXH� R� DJUHJDGR� investimento (I) seja reduzido em algum valor, em virtude do aumento das taxas de juros. Esse fenômeno é conhecido como crowding-out ou efeito deslocamento. Entende-se que, neste caso, o governo está ocupando um espaço maior na economia, em detrimento do setor privado. Quanto mais os investimentos forem sensíveis (elásticos) aos juros, maior será o efeito deslocamento. Em outras palavras, quanto menos inclinada (mais deitada) a curva IS, maior o efeito deslocamento. Quanto mais insensível (menos elástico) forem os investimentos em relação aos juros, menor será o efeito deslocamento. Isto é, quanto mais inclinada a curva IS, menor o efeito deslocamento. 1.5. Eficácias das políticas monetária e fiscal e as inclinações das curvas IS e LM A depender das inclinações das curvas IS e LM, nós podemos apresentar diferentes eficácias na aplicação de políticas fiscal e monetária. A política fiscal é intimamente ligada à curva IS, ao passo que a política monetária é ligada à curva LM. De modo geral, podemos dizer quanto mais estas curvas forem inclinadas (mais verticais), maior será a eficácia da política a ela relacionada. Por exemplo, se a curva IS for muito inclinada, a política fiscal será bastante eficaz; por outro lado, se a curva LM for muito inclinada, a política monetária será bastante eficaz. O oposto também é válido: se a Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 68 Figura 6 Eficácia a p lítica fiscal IS2 IS1 LM LM i E2 E1 E2 iE2 iE2 IS2 iE1 iE1 E1 IS1 YE1 YE2 Y a) Quando a curva IS ais inclinada, a política fiscal mais eficaz, havendo elevação da renda m montante semelhante o deslocamento da curva I . b) Quando a urva IS menos inclinada, a lítica iscal menos ficaz, havendo elevação da renda m montante muito inferior o deslocamento da urva I . YE2 YE1 Figura 17 Eficácia da p lítica monetária LM1 LM1 i LM2 LM2 E1 E2 iE1 E1 iE2 iE1 iE2 E2 IS YE1 IS YE2 Y YE2 a) Quando a curva LM menos inclinada, a política monetária menos eficaz, havendo elevação da renda m montante bastante inferior o deslocamento da curva LM. YE1 b) uando a urva LM é mais inclinada, a política monetária mais eficaz, havendo elevação da enda m montante semelhante o deslocamento da curva LM. curva IS é pouco inclinada, a política fiscal é ineficaz; se a curva LM for pouco inclinada, a política monetária é pouco eficaz. Nota Æ quando falamos em eficácia das políticas fiscal e monetária, estamos querendo falar especificamente sobre os seus impactos sobre o nível de renda (Y). Estas relações podem ser verificadas visualmente de forma bastante fácil.Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 68 Eficácia d política monetária LM1 LM1 i LM2 LM2 E1 E2 iE1 E1 iE2 iE1 iE2 E2 IS YE1 IS YE2 Y YE2 a) Quando a curva LM enos inclinada, a política monetária menos eficaz, havendo elevação da renda m montante bastante inferior o deslocamento horizontal curva LM. YE1 b) Quando a urva M é mais inclinada, a política monetária mais eficaz, havendo elevação da renda m montante emelhante ao deslocamento horizontal curva LM. Veja que todas essas conclusões não precisam ser decoradas, pois são deduzidas de modo simples depois que desenhamos os gráficos. Então, nesta parte da matéria, aconselho você a não decorar, mas sim a aprender a trabalhar com os gráficos, porque eles são o ponto de partida das informações de que você necessita. De qualquer forma, segue o quadro abaixo com o resumo das eficácias relativas das políticas monetária e fiscal e as inclinações das curvas IS e LM: POLÍTICA MONETÁRIA Curva IS Curva LM Muito inclinada Ineficaz Eficaz Pouco inclinada Eficaz Ineficaz POLÍTICA FISCAL Curva IS Curva LM Muito inclinada Eficaz Ineficaz Pouco incinada Ineficaz Eficaz PaUD� HVFODUHFHU� XP� SRXFR� PHOKRU� HVVD� TXHVWmR� GH� ³QmR� SUHFLVDU� GHFRUDU´��H�VLP�DQDOLVDU�GR�SRQWR�GH�YLVWD�JUiILFR��YRX�DSUHVHQWDU�DOJXQV� exemplos de análise visual. Quando vamos verificar a eficácia (ou não) de uma política (fiscal ou monetária), devemos comparar o deslocamento horizontal da curva (para uma mesma taxa de juros) com o efetivo aumento de renda. Veja o exemplo, abaixo, onde verificamos a eficácia da política monetária, considerando uma LM muito ou pouco inclinada: Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 68 Eficácia política fiscal IS2 IS1 LM LM i E2 E1 E2 iE2 iE2 IS2 iE1 iE1 E1 IS1 YE1 YE2 Y a) Quando a curva IS mais inclinada, a política iscal mais eficaz, havendo elevação da enda m montante emelhante ao deslocamento horizontal IS. b) uando a urva IS menos inclinada, a p lítica fiscal menos ficaz, havendo elevação da renda m montante muito inferior o deslocamento da urva I . YE2 YE1 Esclarecendo um pouco mais: o deslocamento horizontal a que me refiro é aquele deslocamento da posição 1 para 2 (LM1 para LM2) mantendo a taxa de juros IE1. Assim, no gráfico da esquerda, vemos que o deslocamento horizontal (segmento azul) é pouco refletido no aumento de renda (segmento vermelho). Ou seja, no gráfico da esquerda, a eficácia do deslocamento da LM (via política monetária expansiva) é baixa, uma vez que apenas uma pequena parte deste deslocamento foi aproveitado no aumento de renda. Veja que não é necessário decorar nada; apenas aprenda a analisar visualmente. No gráfico da direita, vemos que o deslocamento horizontal (segmento azul) é bastante refletido no aumento de renda (segmento vermelho). Ou seja, no gráfico da direita, a eficácia do deslocamento da LM (via política monetária expansiva) é alta, uma vez que uma grande parte deste deslocamento foi aproveitado no aumento de renda.. Agora, para concluir esse raciocínio, vejamos a eficácia (ou não) de uma política fiscal, considerando duas curvas IS, uma que é muito, e outra que é pouco inclinada: 1.6. Casos especiais Neste item, nós estudaremos três casos especiais dentro do modelo IS-LM: i. Modelo keynesiano simplificado: o investimento é totalmente inelástico à taxa de juros e a curva IS é 100% vertical; Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 68 IS2 IS1 i LM1 LM2 iE1 Figura 18 iE2 Y YE2 YE1 ii. Armadilha da liquidez: a elasticidade demanda de moeda em relação à taxa de juros tende ao infinito, e a curva LM é (quase) plenamente horizontal; iii. Caso clássico: a demanda de moeda depende somente da renda, e é totalmente inelástica à taxa de juros, fazendo com que a curva LM seja plenamente vertical. i. Modelo keynesiano simplificado No modelo keynesiano simplificado, que aprendemos na aula 01, o investimento não depende ou é totalmente inelástico à taxa de juros, de tal forma que a curva IS será uma reta vertical, indicando que, qualquer que sejam os juros, a renda será a mesma. Neste caso, a política monetária é totalmente ineficaz para aumentar o nível de emprego da economia. Ela apenas alterará as taxas de juros, mas o nível de emprego será sempre o mesmo. Por outro lado, a política fiscal terá alto grau de eficácia, uma vez que o deslocamento da curva IS será integralmente refletido na alteração da renda (Y). Isto acontece porque o investimento não depende da taxa de juros, então, neste caso, não existe crowding out nesta situação. Se o governo adotar política fiscal expansiva e, como consequência, a taxa de juros for aumentada, os investimentos não serão reduzidos porque eles são totalmente inelásticos (insensíveis) aos juros. Pela figura 18, observa-se que, quando a curva IS é vertical (investimento é insensível à taxa de juros), o uso de política de monetária não altera o nível de renda. Veja que o deslocamento da curva LM de LM1 para LM2 não tem qualquer efeito sobre a renda. Por outro lado, a política fiscal é totalmente eficaz e o deslocamento para a direita da curva IS (de Noções de Economia p/ Agente da PF Teoria e exercícios comentados Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 03 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 68 IS1 para IS2) é integralmente refletido na renda, sem a ocorrência de crowding out ou efeito deslocamento. Concluímos então que, quando temos a situação em que o investimento não depende da taxa de juros (modelo keynesiano simplificado), somente a política fiscal é eficaz. ii. Armadilha da liquidez Conforme nós aprendemos na aula 02, a demanda por moeda é função inversa da taxa de juros. Portanto, quando a taxa de juros atinge patamares bastante baixos, a demanda por moeda se eleva e as pessoas preferirão guardar sua riqueza sob a forma de moeda (juros baixos => maior demanda por moeda). Se os juros atingirem patamares extremamente baixos, é provável que as pessoas demandem e guardem consigo grande quantidade moeda. Neste caso, o uso da política monetária para aumentar a renda da economia será infrutífero, pois as pessoas já têm bastante moeda em seu poder. Assim, se o governo aumentar a oferta monetária, isso não será motivo para haver aumento da renda. Ao mesmo tempo, a política monetária expansiva também não servirá para baixar a taxa de juros, uma vez que ela já se encontra bastante baixa. Esta situação de juros baixos, muita moeda em poder das pessoas, e ineficácia da política monetária foi chamada por Keynes de armadilha da liquidez, em alusão ao fato de que as pessoas já estão bastante líquidas (em virtude dos juros baixos) e a política monetária expansiva é ineficaz para aumentar a renda. A curva LM, no caso da armadilha da liquidez, será
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