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Noções de Economia Aula 05

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Aula 05
Noções de Economia p/ PF - Agente - 2014
Professores: Heber Carvalho, Jetro Coutinho
Noções de Economia para Agente da PF 
Teoria e exercícios comentados 
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AULA 05 ± Evolução da participação do setor 
público na atividade econômica. Contabilidade 
fiscal: NFSP; resultados nominal, operacional e 
primário; dívida pública. Sustentabilidade do 
endividamento público. Financiamento do déficit 
público a partir dos anos 80 do século XX. 
 
SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA 
Déficit e dívida pública 01 
Critérios acima e abaixo da linha 05 
NFSP acima da linha 07 
NFSP abaixo da linha 10 
Regime de contabilização 12 
Conceitos Adicionais 13 
Evolução e sustentabilidade do endividamento público 16 
Resumão da Aula 23 
Exercícios comentados 24 
Lista de questões apresentadas na aula 36 
Gabarito 40 
 
Olá caros(as) amigos(as), 
 
 Hoje, veremos os conceitos atinentes à forma como é feita a 
conceituação do déficit e da dívida pública no Brasil. 
 
 É a última aula de nosso curso. Esperamos que gostem ;-) 
 
 E aí, todos prontos? Então, aos estudos! 
 
 
DÉFICIT E DÍVIDA PÚBLICA 
 
Nota 1 Æ Neste tópico, adotaremos algumas definições que divergem um pouco 
daquelas encontradas no estudo de contas nacionais. Não estranhem, pois essas 
definições foram retiradas de manuais de Finanças Públicas, onde é comum 
haver essa divergência em relação à metodologia utilizada nos Sistemas de 
Contas Nacionais. Assim, se a questão for de contas nacionais, responda com 
base no que é ensinado na aula 01 de nosso curso de Economia, mas se a 
questão for de Finanças Públicas ou Macroeconomia (política fiscal, déficit e 
dívida pública), adote os conceitos que estão aqui. 
 
 
 A arrecadação total de impostos no país corresponde à chamada 
carga tributária bruta. A diferença entre a carga tributária bruta e as 
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transferências governamentais1 é a carga tributária líquida do governo. 
É com base nesta carga tributária líquida que o governo pode financiar 
seus gastos correntes2 (o chamado consumo do governo). A diferença 
entre a carga tributária líquida e os gastos correntes determina a 
poupança do governo em conta corrente. 
 
Carga tributária bruta (CTB) Total de impostos arrecadados 
 
Carga tributária líquida (CTL)=(CTB) ± Transferências do governo 
 
Poupança do governo = (CTL) ± Gastos correntes 
 
 A poupança do governo não é o resultado do orçamento público, 
nem se constitui em uma medida do déficit público, pois não considera as 
despesas de capital (mais detalhes são estudados na aula de Contas 
Nacionais, em Economia). O que ela mostra é a capacidade de 
investimento do governo, sem pressionar outras fontes de financiamento. 
Deixe-nos explicar um pouco melhor: quando o governo apresenta 
poupança positiva (excesso de carga tributária líquida sobre os gastos 
correntes) é sinal que sobrou um dinheiro que poderá ser usado para as 
despesas de capital, que são os investimentos públicos3 (construção de 
escolas, estradas, portos, etc). 
 
 A diferença entre a poupança do governo (ou poupança 
pública) e o investimento público fornece o valor do déficit ou 
superávit público. Se a poupança do governo for maior que o 
investimento público, haverá superávit público. Se o investimento for 
maior que a poupança, haverá déficit público. Note que a diferença entre 
poupança do governo e investimento público significa a diferença entre a 
arrecadação total e o gasto total. Assim: 
 
 
1 Dentro destas transferências governamentais, estão enquadrados os gastos com programas de 
transferência de renda, subsídios, assistência e previdência social e os juros da dívida interna. 
2 Existem dois tipos de gastos ou despesas: as correntes e as de capital. Os gastos correntes são 
aqueles gastos de custeio com as atividades corriqueiras do governo (compra de materiais de 
escritório, aluguéis, pagamento de servidores públicos, pagamento de juros da dívida pública, etc). 
Os gastos de capital referem-se ao conceito de investimento do setor governamental, são despesas 
orçamentárias realizadas com a intenção de adquirir ou construir bens de capital que irão contribuir 
para a produção de novos bens ou serviços e que, ao contrário dos gastos correntes, geram aumento 
patrimonial. Temos como exemplo de gastos de capital: construção de estradas, pontes, edifícios, 
hospitais, escolas, amortização da dívida pública, etc. Vale destacar em relação à dívida pública que 
o pagamento de juros é considerado gasto corrente, enquanto a amortização da dívida é 
considerada gasto de capital. Quando falamos em dívida pública, falamos tanto da dívida interna (os 
credores fazem parte do mercado interno) como da dívida externa (os credores fazem parte do resto 
do mundo). 
3 Despesas de capital do governo investimento público. 
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Déficit/superávit público=Poupança do governo± gastos de capital 
 
ou 
 
Déficit público/superávit público = poupança do governo ± 
investimentos do governo 
 
Ou 
 
Déficit/superávit público = Total de impostos ± Transferências do 
governo ± Gastos correntes ± gastos de capital (investimentos) 
 
 Quando há superávit público, isto significa que o governo está 
arrecadando mais do que está gastando, logo, está fazendo política fiscal 
contracionista (restringindo a demanda agregada). Quando há déficit 
público, isto significa que o governo está gastando mais do que está 
arrecadando, logo, está fazendo política fiscal expansiva (aumentando a 
demanda agregada). 
 
 Devemos nos concentrar agora na situação em que há déficit 
público (os investimentos superam a poupança, ou os gastos totais 
superam a arrecadação total). Caso o governo incorra em déficit, o gasto 
que supera a receita deverá ser financiado de alguma maneira, ou seja, o 
JRYHUQR�GHYHUi��RX�³WLUDU´�GLQKHLUR�GH�DOJXP�OXJDU�SDUD�FREULU�HVWH�GpILFLW��
RX�DLQGD��SRGHUi�³IDEULFDU´ dinheiro. 
 
2� DWR� GH� ³IDEULFDU´� GLQKHLUR� FRQVLVWH� QD� HPLVVmR� GH� PRHGD� SHOR�
%DQFR�&HQWUDO��2�DWR�GH�³WLUDU´�GLQKHLUR�GH�DOJXP�OXJDU�FRQVLVWH�QD�YHQGD�
de títulos públicos ao setor privado (interno e externo). Funciona dessa 
maneira: o governo, prometendo uma determinada remuneração (juros), 
vende títulos ao setor privado. Assim, ocorre uma troca: o setor privado 
entrega dinheiro ao governo, que, por sua vez, entrega o título (público) 
ao setor privado. Esta operação consiste em uma transferência de 
poupança do setor privado para o setor público4. 
 
 Resumimos assim as duas principais maneiras de se obter recursos 
para financiamento do déficit público: 
 
 
 
 
4 O setor privado utiliza o seu excedente (poupança) para comprar os títulos do governo. Assim, o 
setor privado entrega a sua poupança ao setor público. 
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x Emitir moeda5: o Banco Central 
(instituição emissora de moeda) emite 
moeda e a entrega ao Tesouro Nacional 
(União); 
 
x Venda de títulos públicos aosetor 
privado (interno e externo). 
 
 
A primeira forma de financiamento do déficit (monetização da 
dívida ou emissão de moeda) tem a inconveniente consequência de 
provocar inflação, conforme apregoa a teoria quantitativa da moeda, 
sendo que, neste caso, a emissão de moeda representaria política 
monetária expansiva. Entretanto, ela tem a vantagem de não implicar 
endividamento do governo�� SRLV� HOH� VLPSOHVPHQWH� ³LPSULPH´� R� GLQKHLUR�
de que necessita. 
 
A segunda forma tem a inconveniente consequência de aumentar o 
endividamento público. Este, por sua vez, traz uma nova categoria de 
gastos que é a rolagem e o pagamento dos serviços (juros, custas, 
emolumentos, etc) dessa dívida. Entretanto, ela tem a vantagem de não 
provocar pressões inflacionárias adicionais, além daquelas que foram 
provocadas em momento anterior pelo excesso de gastos públicos, uma 
vez que, vendendo títulos, o governo não estará criando mais moeda para 
satisfazer o seu déficit. 
 
Ainda não comentamos sobre isso, mas achamos importante 
ressaltar que os conceitos de déficit e dívida pública não se confundem. 
Déficit é o excesso de gastos sobre a arrecadação, enquanto dívida é o 
acumulado de déficits, ou seja, é uma espécie de passivo do Estado. 
Dizemos que o déficit é uma variável ³fluxo´ e a dívida é uma 
variável ³estoque6´ (na aula 01, isto é visto em maiores detalhes). 
 
 
5 Esta operação também pode ser conceituada como uma venda de títulos públicos ao Banco 
Central ou ainda monetização da dívida. Assim, o BACEN recebe títulos (emitidos pelo Tesouro 
Nacional) e entrega moeda ao Tesouro Nacional, e este utiliza esta moeda para financiar o seu 
déficit (pagar os credores) elevando a base monetária da economia. 
6 Variável fluxo é uma variável econômica medida por unidade de tempo (ano, semestre, mês, etc). 
Por exemplo, o déficit público no ano X foi equivalente a R$ Y reais. 
Variável estoque é uma variável medida em um determinado ponto do tempo (instante do tempo). 
Por exemplo, a dívida pública do Brasil hoje é equivalente a R$ X reais. 
São exemplos de variáveis à?fluxoà?: produto interno bruto de um país, os gastos públicos, as 
exportações e as importações, etc. 
São exemplos de variáveis à?estoqueà?: a taxa de câmbio, o nível de reservas internacionais, o estoque 
de moeda em circulação, etc. 
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Este método de apuração do déficit público explicado acima é o 
método tradicional, no entanto, ele apresenta algumas incorreções, 
porquanto considera o conceito de governo levando em conta apenas a 
administração direta (União, Estados, Municípios e DF). Todavia, sabemos 
que existem outras instituições públicas não enquadradas na 
administração direta que auferem receitas e realizam gastos. Temos, por 
exemplo, as empresas estatais (empresas públicas e sociedades de 
economia mista), as autarquias e as fundações públicas. 
 
A fim de solucionar este problema, o Brasil passou a utilizar a partir 
do início da década de 1980 um método mais abrangente utilizado pelo 
Fundo Monetário Internacional (FMI). Este método é o de Necessidade 
de Financiamento do Setor Público Não Financeiro7 (NFSP). Não se 
assuste com o nome, pois ele próprio sugere o seu significado: 
necessidade de financiamento (ou seja, é igual a déficit, pois quando há 
déficit, há também a necessidade de financiá-OR��GDt�R�QRPH�³QHFHVVLGDGH�
GH� ILQDQFLDPHQWR���´��� 1R� HQWDQWR�� DQWHV� GH� GHILQLU� DV� 1)63�� GHYHPRV�
VDEHU�R�TXH�D�GLIHUHQoD�HQWUH�RV�FULWpULRV�³DFLPD´�H�³DEDL[R´�GD�OLQKD� 
 
 
1��0HGLomR�³DFLPD�GD�OLQKD´�YHUVXV�³DEDL[R�GD�OLQKD´ 
 
 9HULILTXH��DSHQDV�FRPR�H[HPSOR��D�HVWUXWXUD�GH�JDVWRV�GH�³-RVp´�QR�
mês de Janeiro de 2014: 
 
Despesas Receitas 
Aluguel 700 Salário 2300 
Luz, água, NET 300 
Alimentação 600 
Outros 1000 
Total 2600 Total 2300 
Acima da linha ј 
Abaixo da linha љ 
Necessidade de Financiamento do José : 2600 ± 2300 = 300 
 
 Fazendo um paralelo entre o orçamento de José, representado 
acima, e o orçamento do governo, temos o seguinte acerca dos métodos 
de mensuração do déficit público: 
 
x Acima da linha: ocorre quando se mede o déficit com base na 
execução orçamentária das entidades que o geram, isto é, 
diretamente das receitas e das despesas. No caso de José, pelo 
método acima da linha, mediríamos o déficit por meio da medição 
do que foi auferido como receita e do que foi gasto como despesa 
 
7 K ƚĞƌŵŽ à?não financeiroà? ŝŶĚŝĐĂ ƋƵĞ ƋƵĂŶĚŽ ĨĂůĂŵŽƐ Ğŵ à?ƐĞƚŽƌ ƉƷďůŝĐŽà?à? ŶĞƐƚĞ ĐĂƐŽà? ĞƐƚĂŵŽƐ
excluindo os bancos públicos, como o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, etc. 
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(pela verificação dos dados que estão acima da linha, como o 
próprio nome sugere). No caso do governo, verificamos quais foram 
os gastos com, por exemplo, educação, saúde, custeio, etc. (enfim, 
todos os gastos das entidades) e quais foram as receitas, para, 
então, verificarmos o déficit ou superávit público. 
 
x Abaixo da linha: por este método, mede-se o tamanho do déficit 
pelo lado do financiamento. Em vez de se preocupar com as 
receitas e gastos, simplesmente, faz-se a seguinte pergunta: 
quanto eu tenho que pagar (quanto eu tenho que financiar)? A 
resposta será o próprio déficit público8. No caso de José, pelo 
método abaixo da linha, mediríamos o seu déficit pela quantia que 
ele precisa financiar para fechar as contas do mês (ele precisa 
financiar 300, logo, 300 é o seu déficit ou sua necessidade de 
financiamento). 
 
Os dados oficiais das necessidades de financiamento do Brasil são 
gerados pelo Banco Central e o método utilizado é o ³DEDL[R� GD�
OLQKD´, ou seja, a partir das alterações no valor da necessidade de 
financiamento (ou na variação do endividamento). A razão da escolha 
desse critério é que, se a conferência de receitas e despesas é diferente 
da variação do endividamento, o mais provável é que os dados acima da 
linha, muito mais trabalhosos e complicados de contabilizar, estejam 
errados (algum item talvez não tenha sido corretamente apurado, 
gerando, porém, na prática, uma variação na necessidade de 
financiamento). 
 
Conquanto os dados oficiais sejam mensurados por meio do método 
³abaixo da linha´, outras entidades governamentais (geralmente as 
XQLGDGHV�RUoDPHQWiULDV�GH�PHQRU�HVFDOmR�� ID]HP� OHYDQWDPHQWRV� ³acima 
da linha´��SRLV��DSHVDU�GH�PDLV�LPSUHFLVRV��HOHV�SHUPLWHP�VDEHU�GH�IRUPD�
mais apropriada o que exatamente se passa com a receita e a despesa 
das unidades orçamentárias (com o que está se gastando mais, por 
exemplo). 
 
Assim, perceba que nós podemos conceituar as NFSP utilizando 
qualquer um dos dois critérios, ainda que o cálculo oficial realizado pelo 
BACEN utilize somente o critério abaixo da linha. Assim, se você vir uma 
TXHVWmR� GH� SURYD� FRP� HVWH� IRUPDWR�� ³SHOR� FULWpULR� DFLPD� GD� OLQKD��
conceituam-VH� DV�1)63���´�� QmR� HVWUDQKH�� SRLV� R� FULWpULR� DFLPD�GD� OLQKD�
está sendo usado apenas como meio de conceituação e isto não significa 
que o BACEN utilize o critério acima da linha para apurar as NFSP. 
 
Agora, nós veremos os diversos conceitos das NFSP, pelos dois 
critérios: 
 
8 Ou ainda, caso as receitas superem as despesas, pelo método abaixo da linha, pergunta-se: quanto 
sobrou de dinheiro?Neste caso, não há déficit, mas sim superávit. 
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���$V�1)63�VHJXQGR�R�FULWpULR�³DFLPD´�GD�OLQKD 
 
Neste ponto, devemos distinguir três conceitos de necessidade de 
financiamento do setor público (NFSP): 
 
x Déficit nominal ou total (Necessidade de Financiamento do 
Setor Público ± Conceito nominal): engloba qualquer 
necessidade de novos financiamentos para fazer frente a qualquer 
despesa. Podemos então concluir que o déficit nominal significa: 
gastos totais menos receitas totais. 
 
x Déficit primário ou fiscal (Necessidade de Financiamento do 
Setor Público ± Conceito primário): é medido pelo déficit total, 
excluindo a correção monetária e cambial da dívida e os 
pagamentos de juros de dívidas contraídas anteriormente. De fato, 
é a diferença entre os gastos públicos e a arrecadação tributária no 
exercício, independente de juros e correções da dívida passada. 
Podemos então concluir que o déficit primário significa: gastos não 
financeiros menos receitas não financeiras. Pode ser conceituado 
também como: déficit primário = déficit nominal ± pagamento 
de juros nominais. Consequentemente, temos: déficit nominal = 
déficit primário + pagamento de juros nominais. 
 
x Déficit operacional (Necessidade de Financiamento do Setor 
Público ± Conceito operacional): é medido pelo déficit primário 
acrescido dos pagamentos de juros da dívida passada. Em outras 
palavras, é o déficit nominal, excluindo a correção monetária e 
cambial. Este é o conceito considerado mais adequado para refletir 
as necessidades reais de financiamento do setor público, uma vez 
que o conceito nominal apresenta-se inconveniente, já que é muito 
suscetível às variações nas taxas de inflação (elas causam correção 
monetária) e às variações na taxa de câmbio (causam correção 
cambial). Assim, as cláusulas de correção monetária (devido à 
inflação) fazem com que qualquer aumento da inflação eleve as 
NFSP, sem que isso signifique maiores gastos. Nos períodos de 
inflação elevada, era o conceito para se medir o déficit público. 
Podemos, então, concluir que o déficit operacional significa: déficit 
operacional = déficit primário + pagamentos de juros reais. 
Hoje, no entanto, com a inflação e câmbio estáveis, o déficit 
nominal é o mais adequado, pois é o mais amplo (receitas totais ± 
gastos totais). 
 
 
 
 
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Juros nominais X Juros reais 
 
A taxa de juros nominal corresponde ao ganho monetário obtido por 
determinada aplicação, independente do comportamento do valor da 
moeda (independente da inflação). Por exemplo, se eu aplico hoje R$ 
100,00 e resgato daqui a 01 mês R$ 130,00, a taxa de juros nominal foi 
de 30% a.m., ou seja, os R$ 30,00 que eu ganhei em relação aos R$ 
100,00 que apliquei. Se eu tivesse resgatasse R$ 300,00, a taxa de juros 
nominal teria sido de 200% a.m. 
 
A taxa de juros real corresponde ao ganho que se obtém em termos de 
poder de compra. Ou seja, ela corresponde à taxa de juros nominal 
recebida, descontada a perda de valor da moeda, isto é, descontada a 
inflação no período da aplicação. Ou seja, a taxa de juros real é igual à 
taxa de juros nominal menos a taxa de inflação. 
 
Suponha que eu tenha aplicado R$ 100,00 e resgatado R$ 130,00; mas a 
inflação no período tenha sido de 30%. Neste caso, percebemos 
claramente que os 30% que eu ganhei nominalmente foram totalmente 
corroídos pela inflação. Do ponto de vista real, descontada a inflação, o 
ganho da aplicação foi de 0%. 
 
Assim, podemos definir que a taxa de juros nominal corresponde à soma 
entre a taxa de juros real e a taxa de inflação: 
 
juros reais = juros nominais - inflação 
ou 
juros nominais = juros reais + inflação 
 
Veja que o conceito de juros nominais é bem mais amplo, e inclui a 
inflação (correção dos preços). Esta correção dos preços pode ser 
resumida nas correções monetária e cambial, pois tais correções são 
decorrentes de variações no valor da moeda (correção monetária e 
cambial). 
 
Assim, quando somamos os juros nominais ao déficit primário, estamos 
somando não somente as taxas de juros sobre a dívida, mas também a 
correção monetária e cambial. Por isso: 
 
déficit nominal = déficit primário + juros nominais. 
 
Os juros reais não incluem a correção de preços (correção monetária e 
cambial). Por isso: 
 
déficit operacional = déficit primário + juros reais 
 
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Juros nominais 
Resultado operacional 
Assim, fique atento quando a questão fala em juros nominais ou reais. 
Neste caso, apenas se a questão fizer esta distinção entre "nominais" e 
"reais", os conceitos que você deve decorar são os que estão acima. 
 
Esta diferenciação é importante, pois muita gente não entende porque o 
déficit nominal é igual ao déficit primário (e não o déficit operacional) 
mais os juros nominais. A chave está no entendimento da diferença entre 
juros nominais e juros reais. 
 
6H� IRU� IDODGR� DSHQDV� ³MXURV´�� VHP� HVSHFLILFDU� VH� VmR� ³QRPLQDLV´� RX�
³UHDLV´��YRFr�SRGH�DGRWDU�R�VHJXLQWH� 
 
déficit nominal = déficit primário + juros + correção monetária e/ou 
cambial 
 
déficit operacional = déficit primário + juros 
 
Nota: quando se fala em NFSP, sem especificar se é o conceito 
nominal, operacional ou primário, a intenção é tratar do conceito nominal, 
que é o mais amplo dos três (receitas totais ± gastos totais). 
 
O quadro a seguir resume as principais diferenças entre os 
conceitos de déficit público: 
 
 
 
 
Os mesmos conceitos se aplicam quando falamos de superávits, 
assim, temos: 
 
x Superávit primário: excesso de arrecadação sobre os gastos 
totais, excluindo os gastos (ou receitas) com pagamentos de juros 
sobre a dívida e correção monetária e cambial. 
 
x Superávit operacional: resultado primário levando-se em conta, 
adicionalmente, os gastos (ou receitas) com pagamentos de juros 
reais. 
 
x Superávit nominal: resultado operacional levando-se em conta, 
adicionalmente, os gastos (ou receitas) com correção monetária e 
cambial da dívida passada. Pode ser também igual ao superávit 
primário mais os pagamentos de juros nominais. 
 
Resultado 
nominal 
Correção monetária 
e/ou cambial 
Juros reais 
Resultado primário 
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 Ressaltamos também que, quando temos superávits, em qualquer 
conceito, não temos Necessidades de Financiamento, ou podemos dizer 
também que as Necessidades de Financiamento, neste caso, são 
negativas. Quando as NFSP são positivas, há déficit (uma vez que há 
³QHFHVVLGDGH´�GH�ILQDQFLDPHQWR�� 
 
 O conceito que apresenta maior destaque na mídia é o conceito 
primário, pois é ele que mostra efetivamente como está a condução da 
política fiscal do governo (apesar do conceito primário ser o mais 
³EDGDODGR´��HOH�QmR�p�R�PDLV�UHOHYDQWH��R�PDLV�LPSRUWDQWH�H�UHOHYDQWH�p�R�
conceito nominal, que é o mais amplo), ao apurar somente a arrecadação 
de impostos e os gastos correntes e de investimento, independentes da 
dívida pública(que provoca gastos/receitas com pagamentos de juros e 
correção monetária). A relevância desse conceito está no fato de separar 
o esforço fiscal do impacto das variações nas taxas de juros, o que, 
dependendo do tamanho da dívida pública, tem grande influência sobre as 
necessidades de financiamento do governo. 
 
 
���$V�1)63�VHJXQGR�R�FULWpULR�³DEDL[R´�GD� OLQKD��H�QR�0DQXDO�GH�
Finanças Públicas do BACEN) 
 
Em primeiro lugar, veja que, seguindo o método abaixo da linha, 
nós temos que a NFSP será igual à variação da dívida em um determinado 
período. Por exemplo, suponha que José (aquele mesmo do quadro que 
montamos no início da aula), antes do mês de Janeiro de 2014, não tenha 
qualquer dívida com quem quer que seja (ou seja, dívida de José antes de 
Janeiro igual a 0). Em Fevereiro, entretanto, José teve NFSP de 300 
(déficit de 300). A variação de sua dívida, portanto, foi no valor de 300. 
Você observa que a dívida variou exatamente no valor da necessidade de 
financiamento (NFSP). Por este exemplo, é fácil constatar, de um modo 
geral, que a NFSP �FRQFHLWR�³WRWDO´�RX�QRPLQDO��será sempre igual à 
variação da dívida. 
 
Com o governo, ocorre o mesmo: a NFSP corresponde à variação da 
dívida pública. Se o governo, em um período, apresentar necessidade de 
financiamento, digamos, no valor de 100, então, isso é sinal que a sua 
dívida aumentou em 100 (NFSP=variação da dívida). A partir desta 
ideia, podemos verificar mais a fundo como conceituamos as NFSP por 
meio do critério abaixo da linha. Ressalto que este é o critério utilizado 
pelo BACEN, e que consta no seu Manual de Finanças Públicas. 
 
Seguem os conceitos que foram retirados quase que literalmente do 
Manual do BACEN. Portanto, fique atento, pois o examinador pode fazer 
XP�³FRSLDU´�´FRODU´��DSHQDV�PXGDQGR�SDODYUDV�SDUD�WH�FRQIXQGLU� 
 
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¾ Resultado nominal sem desvalorização cambial: corresponde à 
variação nominal dos saldos da dívida líquida (DLSP9), deduzidos os 
³ajustes patrimoniais10´� HIHWXDGRV� QR� SHUtRGR� �UHFHLWDV� GH�
privatizações e os reconhecimentos de dívida). Exclui, ainda, o 
impacto da variação cambial sobre a dívida externa e sobre a dívida 
mobiliária11 interna indexada à moeda estrangeira (este ajuste 
levando-se em conta a indexação à moeda estrangeira é chamado 
GH�³ajuste metodológico´���$EUDQJH�R�FRPSRQHQWH�GH�DWXDOL]DomR�
monetária da dívida, os juros reais e o resultado fiscal primário. 
 
¾ Resultado nominal com desvalorização cambial: corresponde à 
variação nominal dos saldos da dívida líquida, deduzidos os ajustes 
patrimoniais efetuados no período (privatizações e reconhecimento 
de dívidas). Exclui, ainda, o impacto da variação cambial sobre a 
dívida externa (ajuste metodológico). Abrange o componente de 
atualização monetária da dívida, os juros reais, a apropriação da 
variação cambial sobre a dívida mobiliária interna e o resultado 
fiscal primário. 
 
Nota 1�� YHMD� TXH�� PHVPR� FRQVLGHUDQGR� ³FRP� GHVYDORUL]DomR� FDPELDO´��
não se considera (é excluído) o impacto da variação cambial sobre a 
dívida externa. Para a dívida interna, contudo, considera-se a variação 
cambial. 
Nota 2: Segundo Fernando Rezende, ainda podemos conceituar a NFSP 
nominal como: a variação da dívida fiscal líquida (DFL12) entre dois 
períodos de tempo. 
 
¾ Resultado primário: os juros incidentes sobre a dívida líquida 
dependem do nível de taxa de juros nominal e do estoque de dívida, 
que, por sua vez, é determinado pelo acúmulo de déficits nominais 
passados. Assim, a inclusão dos juros no cálculo do déficit dificulta 
a mensuração do efeito da política fiscal executada pelo governo, 
 
9 A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) é dada pela soma das dívidas interna e externa do setor 
público (governo central, Estados e municípios e empresas estatais) junto ao setor privado, 
incluindo a base monetária e excluindo-se ativos do setor público, tais como reservas 
internacionais, créditos com o setor privado e os valores das privatizações. Ou seja, estes últimos 
(os ativos), por serem excluídos, reduzem a dívida líquida do setor público. 
10 Ajuste patrimonial corresponde a variações nos saldos da dívida líquida não consideradas no 
cálculo do déficit público. Inclui as receitas de privatização e a incorporação de passivos 
contingentes (esqueletos), que correspondem a dívidas juridicamente reconhecidas pelo governo, 
de valor certo, e representativas de déficits passados não contabilizados (o efeito econômico já 
ocorreu no passado). 
11 A dívida mobiliária interna consiste na dívida pública representada por títulos emitidos pela 
União, inclusive os do Banco Central, Estados e Municípios. 
12 A Dívida Fiscal Líquida (DFL) é dada pela diferença entre a DLSP e o ajuste patrimonial. 
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motivo pelo qual se calcula o resultado primário do setor público, 
que corresponde ao déficit nominal (NFSP) menos os juros nominais 
apropriados por competência, incidentes sobre a dívida pública. A 
parcela dos juros externos e incidentes sobre a dívida mobiliária 
vinculada à moeda estrangeira é convertida pela taxa média de 
câmbio de compra. 
 
Nota 3�� R� 0DQXDO� GR� %$&(1� UHDOPHQWH� ³SXOD´� R� FRQFHLWR� GH� UHVXOWDGR�
operacional. Isto se deve à atual conjuntura econômica do Brasil, onde, 
em virtude dos baixos índices inflacionários, o déficit operacional perdeu 
sua relevância. A própria LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), em 
diversas passagens, faz referência somente aos resultados nominal e 
primário, ignorando o resultado operacional. No entanto, para provas de 
concursos, é claro, você deve saber os três conceitos. 
 
Dos conceitos acima, extraídos principalmente do Manual de 
Finanças Públicas do BACEN, pode-se depreender, de forma 
esquematizada, que: 
 
Resultado nominal s/ desvalorização cambial = variação da DLSP ± 
Ajustes patrimoniais ± impacto da variação cambial sobre as dívidas 
interna e externa 
Resultado nominal c/ desvalorização cambial = variação da DLSP ± 
Ajustes patrimoniais ± impacto da variação cambial sobre as dívidas 
externa 
Resultado nominal = variação da DFL entre dois períodos (ver nota 2) 
Resultado operacional = variação da DFL ± correção monetária da 
dívida13 
Resultado primário = variação da DFL ± correção monetária da dívida 
± Juros reais 
 
 
4. Regime de contabilização 
 
 Existem dois tipos de regimes para contabilização do déficit público: 
 
x Regime de competência: os fatos contábeis são registrados de 
acordo com o período em que ocorreu o fato gerador (despesa ou 
receita). Por exemplo, imagine que o governo brasileiro faça a 
compra de 10 aviões caça Rafale da França, no valor de US$ 150 
bilhões. No regime de competência, a despesa será contabilizada no 
momento do fato gerador (momento da compra) e não no momento 
 
13 �ƐƚĂ ĐŽƌƌĞĕĆŽ ŵŽŶĞƚĄƌŝĂ ƚĂŵďĠŵ Ġ ĐŚĂŵĂĚĂ ĚĞ à?ŝŵƉŽƐƚŽ ŝŶĨůĂĐŝŽŶĄƌŝŽà?à? ƚĞŶĚŽ Ğŵ ǀŝƐƚĂ
representar exatamente o impacto negativo que a inflação tem sobre a moeda. Assim, Resultado 
operacional = variação da DFL ʹ imposto inflacionário. Falamos sobre imposto inflacionário na aula 
sobre o modelo OA-DA. 
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em que o governo brasileiro efetua o pagamento ao governo 
francês. 
 
x Regime de caixa: os fatos são registrados no momento em que se 
dá o pagamento ou o recebimento. No exemplo acima, segundo o 
regime de caixa, a compra dos aviões só seria contabilizada no 
momento em que houvesse o pagamento ao governo francês. De 
acordo com o regime utilizado, pode-se chegar a diferentes valores 
de déficit/superávit. 
 
No Brasil, os resultados primários são contabilizados pelo 
regime de caixa. Já as despesas financeiras líquidas (juros 
nominais pagos e recebidos) são apuradas pelo Banco Central pelo 
regime de competência, e com isso as NFSP no conceito nominal, 
formadas pela soma do resultado primário e dos juros nominais (despesas 
financeiras líquidas), são computadas de forma híbrida. Assim, temos o 
seguinte: 
 
x Resultado primário: regime de caixa 
 
x Resultado nominal: regime híbrido (pois os juros são 
contabilizados pelo regime de competência, enquanto as 
receitas e despesas não financeiras são contabilizadas pelo 
regime de caixa). 
 
PS: o resultado operacional também será contabilizado em um 
regime híbrido, devido ao fato de os juros serem contabilizados pelo 
regime de competência. 
 
 
5. CONCEITOS ADICIONAIS 
 
Neste item, colocamos alguns conceitos adicionais retirados das 
publicações da Diretoria de Política Econômica do BACEN, especialmente 
as Normas Relacionadas à Política Econômica-Financeira, extraídas do 
Manual de Finanças Públicas daquela entidade. 
 
As bancas, às vezes, gostam de cobrar estes conceitos de forma 
literal, exatamente como eles constam nas publicações do BACEN. Assim, 
sugerimos a leitura (e memorização) do que está abaixo. Além da 
transcrição literal dos conceitos, também procuramos sistematizar o texto 
original, a fim de facilitar o entendimento. 
 
Conceito de setor público e governo geral 
 
O conceito de setor público utilizado para mensuração da dívida 
pública da dívida pública e do déficit público é o do setor público não-
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financeiro mais Banco Central. Consideram setor público não-financeiro as 
administrações diretas federal, estaduais e municipais, as administrações 
indiretas, o sistema público de previdência social e as empresas estatais 
não-financeiras federais, estaduais e municipais, além da Itaipu 
Binacional. 
 
Incluem-se também no conceito de setor público não-financeiro os 
fundos públicos que não possuem característica de intermediários 
financeiros, isto é, aqueles cuja fonte de recursos é constituída de 
contribuições fiscais e parafiscais. 
 
Assim, você deve guardar os integrantes do setor público não-
financeiro: 
 
- Administrações diretas federal, estaduais e municipais; 
- Administrações indiretas; 
- Sistema público de previdência social; 
- Empresas estatais não-financeiras federais, estaduais e municipais; 
- Itaipu Binacional; e 
- Fundos públicos cuja fonte de recursos é constituída de contribuições 
fiscais e parafiscais. 
 
 Já a mensuração da dívida pública líquida e do déficit público 
engloba todo o pessoal aí de cima (setor público não-financeiro) mais o 
Banco Central. 
 
Fique ligado! Veja que o BACEN não faz parte do setor público não-
financeiro. Apenas afirmamos que a mensuração da dívida líquida e do 
déficit leva em conta o setor público não-financeiro mais o BACEN. Ou 
seja, repetindo: não estamos dizendo que o BACEN faz parte do setor 
público não-financeiro, mas apenas que seu resultado faz parte da 
mensuração da dívida e do déficit. 
 
O BACEN é incluído na apuração da dívida líquida pois o seu 
resultado é transferido imediatamente para o Tesouro Nacional (para o 
³FDL[D´�GR�JRYHUQR14). Assim, qualquer operação do BACEN que implique 
lucro ou prejuízo impactará imediatamente as disponibilidades em caixa 
do Tesouro Nacional, o que impactará, por conseguinte, a dívida pública. 
 
Por exemplo, suponha que o BACEN tenha feito algumas operações 
de open market (compra e venda de títulos públicos) e tenha auferido 
alguma receita decorrente de tais operações. Esta receita irá 
imediatamente para o Tesouro Nacional. Neste caso, a dívida líquida do 
 
14 K à?ĐĂŝdžĂà? ĚŽ ŐŽǀĞƌŶŽ Ġ Ž ƋƵĞ ĞƐƚĄ ĚĞƉŽƐŝƚĂĚŽ ŶŽ dĞƐŽƵƌŽ EĂĐŝŽŶĂůà? Ğ ŶĆŽ Ž ƋƵĞ ƚĞŵŽƐ ŶŽ ����Eà?
No Brasil, o caixa do BACEN é sempre igual a zero. Assim, todos os recursos disponíveis para o 
governo gastar estão no Tesouro Nacional, e não no BACEN, como muitos pensam. 
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governo será diminuída. Então, veja que, realmente, as operações do 
BACEN devem fazer parte do cômputo da variação da dívida líquida do 
governo. 
 
Ademais, segundo o manual de Finanças Públicas do BACEN, outro 
motivo que leva este a ser incluído na mensuração da dívida líquida e do 
déficit é o fato de que o BACEN é o agente arrecadador do imposto 
inflacionário. Este se refere à perda de valor da moeda decorrente das 
emissões monetárias realizadas pela autoridade monetária. 
 
Quando o BACEN emite moeda, coeteris paribus, surge a inflação e 
a perda de valor da moeda. Assim, os agentes possuidores de moeda têm 
sua riqueza diminuída, mas o BACEN tem sua riqueza aumentada, pois 
ele emitiu a moeda que fez os agentes perderem riqueza15. Essa moeda 
emitida segue para o Tesouro Nacional, devendo, portanto, impactar a 
dívida pública líquida. Assim, veja que o fato de o BACEN ser o 
arrecadador do imposto inflacionário também faz com que ele seja 
considerado no cômputo da variação da dívida pública líquida e do déficit 
público. 
 
Ainda em relação ao BACEN, deve-se notar que o conceito de dívida 
líquida leva em conta os ativos e passivos financeiros do BACEN, 
incluindo, dessa forma, a base monetária16. 
 
3RU� ILP�� GHYHPRV� FRQFHLWXDU� ³governo geral´�� abrange as 
administrações diretas federal, estaduais, municipais, bem como o 
sistema público de previdência social. Esta conceituação de governo geral 
tem o objetivo de aproximar os indicadores brasileiros dos padrões 
internacionais adotados. 
 
Vejamos agora a diferenciação entre dívida líquida e pública: 
 
Dívida líquida do setor público 
 
Corresponde ao saldo líquido do endividamento do setor público 
não-financeiro e do BACEN frente ao sistema financeiro (público e 
privado), ao setor privado não-financeiro e ao resto do mundo. 
 
Ou seja, é o que setor público não-ILQDQFHLUR� ³GHYH´� �GpELWRV� RX�
dívidas) em contrapartida ao que ele tem de crédito (créditos). Enfim, a 
dívida líquida é o balanceamento entre dívidas e créditos. 
 
 
15 �ŽŵŽ ŚĄ ƚƌĂŶƐĨĞƌġŶĐŝĂ ĚĞ ƌĞŶĚĂ ĚŽƐ ĂŐĞŶƚĞƐ ƉĂƌĂ Ž ŐŽǀĞƌŶŽà? ƚĞŵŽƐ ĞƐƐĂ ŶŽŵĞŶĐůĂƚƵƌĂ à?ŝŵƉŽƐƚŽ
ŝŶĨůĂĐŝŽŶĄƌŝŽà?à? 
16 Decore o seguinte: a base monetária faz parte do passivo financeiro do BACEN. 
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A contabilização da dívida líquida, conforme já destacado na aula, 
segue o regime de competência. 
 
Dívida pública do governo geral 
 
A dívida bruta do governo geral abrange o total dos débitos de 
responsabilidade do governo federal, estaduais e municipais, juntoao 
setor privado, ao setor público financeiro, ao BACEN e ao resto do mundo. 
 
Os débitos de responsabilidade das empresas estatais das três 
esferas de governo não são abrangidos pelo conceito. Os débitos são 
considerados pelos valores brutos, sendo as obrigações vinculadas à área 
externa convertidas para reais pela taxa de câmbio de final de período 
(compra). 
 
Os valores da dívida mobiliária do Governo Federal (que abrange 
dívidas securitizadas e carteira de títulos públicos federais no BACEN) são 
calculados com base na posição de carteira, que não leva em 
consideração as operações compromissadas17 pelo BACEN. São deduzidos 
da dívida bruta do governo federal os créditos representados por títulos 
públicos que se encontram em poder de seus órgãos da administração 
direta e indireta, de fundos públicos federais, dos estados e dos 
municípios, a saber: aplicações da previdência social em títulos públicos, 
aplicações do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e outros fundos em 
títulos públicos e aplicações dos estados em títulos públicos federais. 
Analogamente, são deduzidas da dívida dos governos estaduais e dos 
municipais as parcelas correspondentes aos títulos em tesouraria. 
 
 
6. Evolução e sustentabilidade do endividamento público 
 
 Neste tópico, vamos falar da evolução do endividamento público a 
partir dos anos 1980 e também da sustentabilidade do endividamento. 
Vamos começar falando um pouco de sustentabilidade do endividamento 
público. 
 
17 �Ɛ ŽƉĞƌĂĕƁĞƐ ĚĞŶŽŵŝŶĂĚĂƐ à?ĐŽŵƉƌŽŵŝƐƐĂĚĂƐà? ŶŽ ƐŝƐƚĞŵĂ ĨŝŶĂŶĐĞŝƌŽ ƐĆŽ ĂƐƐŝŵ ĐŚamadas quando 
há, por uma das partes, o compromisso de realizar uma operação contrária àquela que realizou. Isto 
é, se o banco vendeu, ele se compromete a comprar de volta e, se comprou, ele se compromete a 
vender. Traduzindo: vamos supor que o banco tenha um título (um documento que represente uma 
dívida). Pode ser um título público, um certificado de depósito bancário ou uma debênture. 
Recapitulando, o banco tem este título. Aí, ele propõe vender para você com o compromisso de 
recomprá-lo em 30 dias, por exemplo. Nesse caso, o banco está agindo como se estivesse pedindo 
dinheiro emprestado a você e dando como garantia de que irá pagar, este título. Veja que ele não 
ƋƵĞƌ ƐĞ à?ĚĞƐĨĂnjĞƌà? ĚŽ ƚşƚƵůŽ ŽƵà? ƉŽƌ ŽƵƚƌŽ ůĂĚŽà? ǀŽĐġ ŶĆŽ ƋƵĞƌ à?ĂĚƋƵŝƌŝƌà? ĞƐƐĞ ƚşƚƵůŽà? �ĂƐŽ ĐŽŶƚƌĄƌŝŽ, 
Ă ŶĞŐŽĐŝĂĕĆŽ ƐĞƌŝĂ à?ĚĞĨŝŶŝƚŝǀĂà? à?ĞůĞ ǀĞŶĚĞ, você compra, e pronto). 
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 De um modo geral, a noção que devemos ter se uma dívida é 
grande ou não vai depender muito do devedor de que estamos tratando. 
Por exemplo, suponha que uma empresa de pequeno porte (uma loja) 
deva uns R$ 300.000 a um banco. Se a empresa é pequena, e fatura 
pouco, isto representa uma grande dívida. A empresa pode até decretar 
falência por causa disso. 
 
 Agora, por outro lado, se um conglomerado financeiro ou industrial 
tem uma dívida de R$ 300.000, isto não representa NADA. É troco de 
pão! Isto porque o faturamento do conglomerado é altíssimo, de tal forma 
que essa dívida não impacta as atividades do conglomerado. 
 
 Quando vamos fazer um financiamento em um banco (vamos 
assumir uma dívida), o primeiro item levado em conta é a nossa renda. 
Dependendo da renda que comprovamos possuir, podemos assumir 
grandes dívidas. No entanto, se nossa renda é baixa, o banco não nos 
emprestará uma quantia razoável (não nos deixará assumir uma dívida 
grande). 
 
 Com um país (em vez de uma empresa ou pessoa), a situação é 
semelhante em alguns aspectos. A diferença está no fato de que um país 
QmR�SUHFLVD�GH�³DXWRUL]DomR´�SDUD�VH�HQGLYLGDU��%DVWD�HOH�HPLWLU��H�YHQGHU��
títulos no mercado e, pronto, a dívida aumenta. Nesta situação, é 
diferente de uma pessoa normal, para a qual é necessária um agente 
credor (um banco, geralmente) interessado em emprestar algum dinheiro. 
 
 A semelhança acontece no que se refere à análise se uma dívida vai 
ser grande ou não. O item levado em conta para avaliarmos se uma 
dívida é JUDQGH�RX�QmR�p�D�UHODomR�GD�GtYLGD�FRP�R�³IDWXUDPHQWR´�RX�D�
³UHQGD´� GR� SDtV�� 6y� TXH� XP� SDtV� QmR� SRVVXL� IDWXUDPHQWR��PDV� VLP� XP�
³3,% �´� $VVLP�� nós avaliamos a sustentabilidade do endividamento 
público a partir da relação dívida/PIB. 
 
 Se esta relação for baixa, o endividamento é sustentável. Na 
medida em que a relação aumenta, o endividamento perde 
sustentabilidade. Assim, uma dívida pública de R$ 1,5 trilhão para o Brasil 
não é tão grave, uma vez que o PIB é de mais de R$ 4,5 trilhões. Ou seja, 
a relação dívida/PIB do Brasil é de aproximadamente 35%, o que é 
considerado uma relação muito boa. Dívida sustentável. 
 
 Já a mesma dívida do Brasil (R$ 1,5 bilhão) para um país com PIB 
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bem menor (por exemplo, a Argentina, que possui um PIB de R$ 1,5 
bilhão... aproximadamente) seria mais grave. Apenas a título de 
comparação, vários dos países em crise na Europa possuem relação 
dívida/PIB maior que 01 unidade. Ou seja, a dívida supera o PIB. Veja 
alguns números de alguns países (dados de 2012, referentes, portanto, 
ao consolidado de 2011): 
 
País Relação dívida/PIB (aproximado) 
Brasil 35% 
EUA 107% 
Irlanda 109% 
Japão > 200% 
Itália 121% 
Grécia 165% 
Portugal 106% 
 
 Ainda em relação ao endividamento público, apresentamos abaixo 
alguns conceitos que podem cair em prova (retirado do trabalho 
³Sustentabilidade e limites de endividamento público: o caso brasileiro �´�
publicado no site do Tesouro Nacional): 
 
x Solvência; 
x Liquidez; 
x Sustentabilidade; e 
x Vulnerabilidade 
 
Um primeiro conceito relacionado à discussão da dinâmica da dívida 
pública é o de solvência. Uma entidade qualquer é dita solvente se o 
valor presente descontado de seus gastos primários (isto é, exclusive 
encargos financeiros) correntes e futuros não é maior que o valor 
presente descontado de sua renda corrente e futura, líquida de qualquer 
endividamento inicial. Ou seja, na análise da dívida pública, de modo 
simplificado, podemos entender que a condição de solvência requer que a 
previsão de receitas (presentes e futuras) seja maior que a previsão de 
despesas (presentes e futuras). 
 
Outro conceito é o de liquidez. Uma entidade é dita líquida se seus 
ativos líquidos e o financiamento disponibilizado pelo mercado são 
suficientes para honrar o pagamento e/ou a rolagem do serviço e das 
amortizações de suas dívidas. 
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O terceiro conceito é o de sustentabilidade. A posição de 
endividamento de uma entidade é dita sustentável se ela satisfaz a 
condição de solvência sem que sejam necessárias maiores correções em 
suas receitas e/ou gastos dados os custos de financiamento que ela 
encara no mercado. Portanto, o conceito de sustentabilidade engloba 
conjuntamente os conceitos de solvência e liquidez, sem fazer uma 
delimitação clara entre eles. 
 
 Dentro desta ideia de sustentabilidade, existem (existiram) vários 
estudos sobre o que seria uma dívida sustentável. Conforme dissemos, 
hoje, pelo menos para fins de prova, o que interessa é nós focarmos na 
relação dívida/PIB.No entanto, ainda vale a pena expor aqui na aula o 
argumento de Bohn (o mais relevante, para concursos): 
 
Î Caso o resultado primário responda positivamente a 
acréscimos na dívida pública, então, esta pode ser vista 
como sustentável (mesmo em uma ambiente de incerteza 
econômica). 
 
Por fim, o conceito de vulnerabilidade é simplesmente o risco de 
que as condições de solvência e/ou liquidez sejam violadas e a entidade 
devedora entre em crise. 
 
.... 
 
 Agora que vimos a sustentabilidade do endividamento, vamos falar 
da evolução da dívida a partir dos anos 1980. No início dos anos 1980, as 
projeções sobre o endividamento brasileiro não eram nada boas. Quem, à 
época, fizesse qualquer projeção sobre o que aconteceria naquela década 
em relação à dívida/déficit diria que o déficit público brasileiro seria alto 
durante a década de 1980 e que a relação dívida/PIB iria aumentar. 
 
 No entanto, não foi o que aconteceu. A relação dívida/PIB de 
meados dos anos 1990 era muito similar à do início dos anos 1980. Isto 
aconteceu devido à receita da senhoriagem. Ou seja, uma inflação alta 
gera a necessidade de emissões monetárias (que tendem a realimentar a 
inflação). Ao mesmo tempo, a emissão monetária é dinheiro que fica com 
o governo. Ou seja, a emissão monetária significa propriamente o 
governo imprimindo dinheiro para si mesmo. Só que essa emissão 
realimenta a inflação. 
 
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 O fato é que, nos regimes inflacionários da década de 1980, a 
receita de senhoriagem se constituiu em uma forma de financiamento do 
déficit público, impedindo que a relação dívida/PIB se elevasse. Durante 
os anos 1980, essa relação dívida/PIB manteve-se relativamente estável 
(especialmente, na segunda metade da década). 
 
Na fase seguinte à implantação do Real, com a inflação controlada, 
e sem a receita de senhoriagem, a relação dívida/PIB cresceu bastante 
entre 1994 e 2003 (chegou a 60% do PIB!). 
 
Para sistematizar nosso estudo, e ficar mais fácil para vocês 
estudaremos, vamos dividir a trajetória da dívida pública em alguns 
períodos (Giambiagi e Além, Finanças Públicas: teoria e prática no Brasil, 
3ª.edição, página 221): 
 
o 1981/1984; 
o 1985/1989; 
o 1990/1994; 
o 1995/1998; 
o 1999/2002; 
o 2003/2006. 
 
Entre 1981 e 1984, houve elevação da dívida/PIB em um contexto 
de fortes recessão econômica e déficit fiscal. Este período foi o único da 
década de 1980 onde houve elevação da relação dívida/PIB. Isto 
aconteceu devido aos elevados déficits fiscais e à desvalorização cambial 
ocorrida em 1983 (elevando consideravelmente o componente externo da 
dívida). 
 
Entre 1985/1989, houve um déficit fiscal igualmente forte, porém 
com uma ligeira redução da relação dívida/PIB. Nestes anos, o 
crescimento do PIB (denominador da fração) ajudou a reduzir a relação. 
Houve também um aumento significativo da receita de senhoriagem 
(emissão de moeda). Finalmente, a aceleração inflacionária provocou uma 
subindexação da dívida passada (ou seja, parte da dívida herdada do 
passada perdia valor real frente ao aumento de preços... e isto fazia com 
que a dívida caísse). 
 
Entre 1990/1994, o PIB cresceu muito pouco, mas a relação 
dívida/PIB continuou caindo (devido ao imposto inflacionário ou receita de 
senhoriagem). Também, em 1994, o Brasil selou um acordo da dívida 
externa, que implicou cancelamento de parte do seu valor. Isto fez com 
que a dívida total (interna e externa) perdesse força. Neste momento, em 
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1994, a relação dívida/PIB era de aproximadamente 30% do PIB. 
 
Entre 1995/1998, iniciou-se um processo de inflexão. A relação 
dívida/PIB começou a aumentar. Houve déficits fiscais elevados e redução 
da receita de senhoriagem (em virtude da inflação baixa). A combinação 
de redução de receitas de senhoriagem com os elevados déficits públicos 
fez com que a relação dívida/PIB aumentasse. As taxas de juros elevadas 
também contribuíram para elevar os gastos públicos, na medida em que o 
pagamento com juros aumentou. Neste momento, em 1998, a relação 
dívida/PIB chegou a quase 40%. 
 
A partir de 1999 (entre 1999/2003), o Brasil empreende um esforço 
no alcance de metas de superávits primários, mas a dívida ainda aumenta 
por alguns anos, por conta dos ajustes patrimoniais (como o 
reconhecimento de dívidas passadas ou esqueletos), provocados 
principalmente pelo impacto das desvalorizações cambiais (fazendo o 
componente externa da dívida aumentar). No inicio de 2003, a relação 
dívida/PIB chegou a mais18 de 60%! 
 
A partir de 2003 (entre 2003 e 2006), Governo Lula, finalmente, a 
relação dívida/PIB volta diminuir. Neste período, o superávit primário 
aumenta e o câmbio é apreciado (reduzindo o componente externo da 
dívida). No caso do governo Lula, os ajustes patrimoniais (neste caso, 
provocado pela apreciação cambial) foram favoráveis, reduzindo a dívida 
pública. 
 
 Depois de 2006, a relação dívida/PIB continuou caindo. Isto 
aconteceu devido aos superávits primários, à redução da taxa de juros 
(diminuindo o serviço da dívida) e o crescimento da economia brasileira 
(aumento do denominador da fração: o PIB). 
 
De 2006 para cá, tivemos apenas um período em que a relação 
dívida/PIB voltou a crescer. Aconteceu entre o final de 2008 e início de 
2009, devido à depreciação cambial provocada pela crise financeira 
internacional. 
 
Abaixo segue um gráfico (fonte: Banco Central) com a evolução 
recente da dívida como proporção do PIB: 
 
18 Mesmo com uma relação dívida/PIB alta, no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, a relação dívida/PIB 
ďƌĂƐŝůĞŝƌĂ ĞƌĂ ŝŶĨĞƌŝŽƌ ă ĚĞ ŵƵŝƚŽƐ ƉĂşƐĞƐ ĚĞƐĞŶǀŽůǀŝĚŽƐà? K ƉƌŽďůĞŵĂà? ĞŶƚƌĞƚĂŶƚŽà? ƌĞƐŝĚŝĂ ŶĂ à?ƋƵĂůŝĚĂĚĞà? ĚĂ
dívida brasileira. O prazo de vencimento dos títulos emitidos pelo governo brasileira eram mais curtos; e as 
taxas de juros eram mais elevadas. 
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Bem pessoal, por hoje é só! Terminamos o curso! Agora só falta a nossa 
última aula, com revisão e o simulado final! 
 
Essa aula é pequena, mas bem complicadinha. Lembrem de revisar! 
 
Abraços a todos e bons estudos! 
 
Heber Carvalho e Jetro Coutinho 
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jetro@estrategiaconcursos.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
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Juros nominais 
Resultado operacional 
 
RESUMÃO DA AULA 
 
Formas de anciamento do Déficit úblico 
 
¾ Emitir moeda: o Banco Central (instituição emissora de moeda) emite moeda e a entrega ao 
Tesouro Nacional (União); 
 
¾ Venda de títulos públicos ao setor privado (interno e externo). 
 
Critérios de apuração o re ultado f cal 
 
¾ Acima da linha: Medido pela STN, é o resultado do confronto entre receitas e despesas. 
 
¾ Abaixo da linha: Medido pelo BACEN, é o resultado da variação da NFSP entre dois 
períodos. 
 
Conceitos do R ultado F cal 
 
ConceitoNominal: Gastos Totais ± Receitas Totais 
 
Conceito Primário: Déficit nominal ± pagamento de juros nominais (Representa o esforço fiscal) 
 
Conceito Operacional: Déficit nominal ± correção monetária e cambial (Relevante em países com 
alta inflação). De outra forma: Resultado operacional = Resultado Primário + juros REAIS. 
 
 
 
 
Regime e Contabilização 
 
¾ Resultado Primário: Contabilizado pelo Regime de caixa (Efetivo pagamento) 
 
¾ Resultado Nominal: Regime Híbrido (Juros por competência e demais receitas/despesas 
pelo regime de caixa). 
 
Dívida quida do etor Público 
 
¾ Soma das dívidas interna e externa do setor público (governo central, Estados e municípios e 
empresas estatais) junto ao setor privado, incluindo a base monetária e excluindo-se ativos 
do setor público, tais como reservas internacionais, créditos com o setor privado e os valores 
das privatizações. 
 
Dívida i cal quida 
 
¾ Diferença entre a DLSP e o ajuste patrimonial. Sob a ótica da DFL, temos que o Resultado 
Nominal é a variação da DFL entre dois períodos. 
Resultado 
nominal 
Correção monetária 
e/ou cambial 
Juros reais 
Resultado primário 
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EXERCÍCIOS COMENTADOS 
 
 
Com relação aos conceitos de dívida pública e superávit primário, 
julgue os itens seguintes. 
 
01. (CESPE/UnB ± Economista ± SUFRAMA ± 2014) No cálculo da 
dívida líquida do setor público, não são consideradas as dívidas 
junto a instituições como Caixa Econômica Federal, Banco do 
Brasil, BNDES e demais bancos públicos federais. 
 
COMENTÁRIOS: 
Correto, pois a DLSP não leva em consideração o setor público financeiro. 
 
GABARITO: CERTO 
 
02. (CESPE/UnB ± Economista ± SUFRAMA ± 2014) O superávit 
fiscal primário corresponde à diferença entre receitas e gastos 
governamentais, excetuadas as despesas com pagamento de 
juros. No conceito acima da linha, as receitas são apuradas pelo 
regime de caixa, enquanto as despesas são apuradas pelo regime 
de competência. 
 
COMENTÁRIOS: 
Na verdade, não há relação entre os critérios acima/abaixo da linha e os 
regimes de contabilização. Mas, no conceito primário, as receitas e 
despesas são apuradas, ambas, pelo regime de caixa. 
 
GABARITO: ERRADO. 
 
03. (CESPE/Unb ± Consultor de Orçamento ± Câmara dos 
Deputados ± 2014) Se o governo federal perdoar a dívida de 
governos estaduais e municipais dos quais seja credor, o efeito 
contábil imediato desse perdão sobre a dívida líquida do setor 
público será nulo. 
 
COMENTÁRIOS: 
Correto! Isso acontece por causa do regime de caixa. Como o governo 
federal só iria contabilizar quando recebesse o dinheiro e agora não vai 
mais contabilizar, o efeito contábil é nulo. Já que não havia registro e, 
com o perdão da dívida, não mais haverá também. 
 
GABARITO: CORRETO. 
 
04. (CESPE/Unb ± Consultor de Orçamento ± Câmara dos 
Deputados ± 2014) O resultado primário é um conceito de déficit 
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público que visa medir o esforço fiscal feito pelo governo dentro 
de um dado intervalo de tempo, incluindo no cálculo o efeito de 
déficits ou superávits passados sobre o esforço fiscal feito no 
período sob análise. 
 
COMENTÁRIOS: 
Na verdade, o objetivo de calcularmos o resultado primário é justamente 
o de EXCLUIR os efeitos passados sobre o esforço fiscal feito pelo 
governo. 
 
GABARITO: ERRADO 
 
05. (CESPE/Unb ± Consultor de Finanças Públicas ± Câmara dos 
Deputados ± 2014) O resultado primário, que corresponde ao 
resultado nominal excluída a parcela referente aos juros nominais 
incidentes sobre a dívida líquida, indica, efetivamente, o esforço 
fiscal do setor público sem os efeitos dos déficits incorridos no 
passado. 
 
COMENTÁRIOS: 
Tudo certo! Com o resultado primário, pode-se avaliar o real esforço fiscal 
do governo em conter despesas. Isso acontece porque os juros pagos 
num ano são decorrentes de despesas de anos anteriores. Assim, ao 
excluir do cálculo as despesas com juros, considera-se somente o ano 
corrente, não levando em consideração as despesas de anos passados. 
 
GABARITO: CERTO 
 
06. (CESPE/Unb ± Consultor de Finanças Públicas ± Câmara dos 
Deputados ± 2014) O conceito de resultado operacional consiste 
em indicador de ampla relevância em países de inflação alta, como 
o Brasil antes do Plano Real, uma vez que exclui o impacto da 
inflação sobre a necessidade de financiamento do setor público. 
 
COMENTÁRIOS: 
Questão bem tranquila! Ao excluir a correção monetária (e também a 
cambial), o país exclui o efeito da inflação sobre as contas públicas. Vimos 
na aula passada que a inflação tem como consequência a alteração nas 
contas públicas (Efeito Oliveira-Tanzi e Patinkin). O conceito de resultado 
operacional exclui esses dois efeitos sobre a NFSP e, por isso, refletem 
adequadamente os impactos da dívida pública num país com inflação alta. 
Já nos países com inflação baixa, os outros dois conceitos são suficientes 
para medir as NFSP. 
 
GABARITO: CERTO 
 
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07. (CESPE/Unb ± Consultor de Finanças Públicas ± Câmara dos 
Deputados ± 2014) A apuração dos resultados fiscais pode ser 
realizada por dois critérios: abaixo da linha e acima da linha. O 
primeiro critério é calculado pela Secretaria de Tesouro Nacional 
do Ministério da Fazenda, enquanto o segundo é acompanhado 
somente pela Secretaria de Orçamento Federal do Ministério de 
Planejamento, Orçamento e Gestão, órgão que apura o 
desempenho fiscal do governo. 
 
COMENTÁRIOS: 
Fácil essa, não? O critério abaixo da linha não é acompanhado somente 
pela SOF-MPOG, mas principalmente pelo BACEN. 
 
GABARITO: ERRADO 
 
08. (Cespe ± Analista Economia ± MPU ± 2013) Em relação à 
contabilidade fiscal, endividamento e financiamento do déficit 
público, julgue os itens que se seguem. 
As necessidades de financiamento do setor público não financeiro 
(NFSP) apuram o resultado pelo regime de caixa, de maneira que 
as despesas públicas, com exceção dos juros, são computadas 
como déficit no momento em que são pagas, e as receitas não são 
consideradas quando ocorre o fato gerador, mas no momento do 
recebimento dessas. 
 
COMENTÁRIOS: 
Exatamente. Como vimos na aula, as receitas e as despesas são 
contabilizadas pelo regime de caixa. Exceção fica à conta dos juros, que 
são contabilizados por competência. 
 
GABARITO: CERTO 
 
 
09. (CESPE ± Ana. Adm. ± ANAC ± 2012) A necessidade de 
financiamento do setor público (NFSP) corresponde ao conceito de 
déficit nominal, referindo-se à variação da dívida fiscal líquida 
entre dois períodos de tempo. 
 
COMENTÁRIOS: 
Exatamente. Vimos essa relação durante a aula, na página 11. 
 
GABARITO: CERTO 
 
 
10. (CESPE ± Ana. Adm. ± ANAC ± 2012) O déficit operacional é 
uma unidade de medida utilizada em períodos de inflação estável. 
 
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COMENTÁRIOS: 
Pelo contrário. O conceito operacional é utilizado para períodos de elevada 
de inflação instável, pois ele exclui o efeito da inflação e permite umamelhor visualização do desempenho das contas públicas, sem o efeito 
monetário do ajuste de preços. 
 
GABARITO: ERRADO 
 
11. (CESPE ± Ana. Adm. ± ANAC ± 2012) O déficit nominal resulta 
da diferença entre os gastos totais e as receitas totais, enquanto o 
déficit primário resulta da diferença entre os gastos não 
financeiros e as receitas não financeiras. 
 
COMENTÁRIOS: 
Ok! Sem problemas, né? 
 
GABARITO: CERTO 
 
12. (CESPE ± Ana. Adm. ± ANAC ± 2012) A dívida líquida do setor 
público é a soma das dívidas interna e externa do setor público 
com o setor privado, incluindo a base monetária e excluindo os 
ativos do setor público, tais como as reservas internacionais e os 
valores das privatizações. 
 
COMENTÁRIOS: 
Exatamente como visto em aula (página 11, nota de rodapé nº 9). 
 
GABARITO: CERTO 
 
13. (CESPE ± ACE ± TCDF ± 2011) As necessidades de 
financiamento do setor público, apuradas nos três níveis de 
governo ² federal, estadual e municipal ², correspondem à 
avaliação do desempenho fiscal da administração pública, 
podendo ser denominadas necessidades de financiamento das 
empresas estatais caso se refiram ao resultado do orçamento 
fiscal. 
 
COMENTÁRIOS: 
Errado. Como vimos, as NFSP compreendem o setor público não-
financeiro que compreende as administrações diretas federal, estaduais e 
municipais, as administrações indiretas, o sistema público de previdência 
social e as empresas estatais não-financeiras federais, estaduais e 
municipais, além da Itaipu Binacional. Assim, não podemos denominar as 
1)63�FRPR�³QHFHVVLGDGHV�GH�ILQDQFLDPHQWR�GDV�HPSUHVDV�HVWDWDLV´� 
 
GABARITO: ERRADO 
 
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14. (CESPE ± ACE ± TCDF ± 2011) Estimar o resultado primário 
como função da dívida pública e de variáveis como o hiato do 
produto e os gastos atípicos do governo é uma das formas de 
testar a sustentabilidade do endividamento público. Na hipótese 
de o resultado primário responder positivamente a acréscimos na 
dívida pública, esta será considerada sustentável. 
 
COMENTÁRIOS: 
Exatamente. Vimos que o resultado primário corresponde ao esforço do 
governo para conter a dívida pública. Assim, se a dívida pública crescer e 
o resultado primário responder positivamente (ou seja, crescer na mesma 
proporção), a dívida será considerada sustentável. Isso acontece porque o 
país aumentará a dívida na mesma proporção que aumentou sua 
³SRXSDQoD´�SDUD�SDJDU�D�GtYLGD� 
 
GABARITO: CERTO 
 
15. (CESPE ± Prof. Gestão Financeira ± IFB ± 2011) Em uma 
economia fechada e sem inflação, déficit operacional iguala-se ao 
déficit nominal. 
 
COMENTÁRIOS: 
Exatamente. Em uma economia fechada, não temos correção cambial. E 
em uma economia sem inflação, não temos correção monetária. Ou seja, 
se a economia for fechada e sem inflação, a economia não apresentará 
nenhuma correção cambial nem monetária, fazendo com que o Déficit 
operacional se iguale ao déficit nominal (conforme quadro das páginas 
08/09). 
 
GABARITO: CERTO 
 
16. (CESPE ± Economista ± MS ± 2010) Deficit nominal é também 
conhecido como necessidades de financiamento líquido do setor 
público. Já deficit primário exclui do deficit nominal correções e 
juros da dívida interna. 
 
COMENTÁRIOS: 
Questão bem simples, né? 
 
GABARITO: CERTO 
 
17. (Cespe ± Economista ± MTE ± 2008) Dívidas públicas elevadas 
exigem déficit fiscal menor para manter a razão dívida/PIB 
constante, garantindo, assim, a sustentabilidade da dívida pública. 
 
COMENTÁRIOS: 
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Não são necessários déficits fiscais menores para manter a relação 
dívida/PIB constante. Ou se diminui a dívida (caso em que serão exigidos 
superávits fiscais), ou se aumenta o PIB em proporção maior que a 
dívida. Nesse segundo caso, podemos ter déficits fiscais, mas, como o PIB 
está crescendo mais que a dívida, a relação dívida/PIB fica constante. 
 
GABARITO: ERRADO 
 
 
18. (CESPE ± Economista ± MTE ± 2008) Aumentos nas taxas de 
juros que incidem sobre a dívida pública elevam as necessidades 
de financiamento do setor público (NFSP) no conceito nominal, 
porém, não alteram o resultado primário do setor público. 
 
COMENTÁRIOS: 
Exatamente. Esse aumento nas taxas de juros eleva a NFSP porque 
aumentam o montante de juros a ser pago. Como o resultado primário 
não leva em consideração os juros, o aumento nas taxas de juros não 
altera o resultado primário. 
 
GABARITO: CERTO 
 
 
19. (CESPE ± ECONOMISTA ± MPU ± 2010) - O déficit operacional 
reflete adequadamente as necessidades reais de financiamento do 
setor público. 
 
COMENTÁRIOS: 
Em macroeconomia, as variáveis reais geralmente indicam que estamos 
descontando o índice de preços de variáveis nominais (exemplos: PIB real 
= PIB nominal/índice de preços; salários reais (W/P) = salários nominais 
(W) / índice de preços (P)). Nos conceitos de déficits, ocorre o mesmo. 
 
O déficit nominal leva em conta as necessidades nominais de 
financiamento, incluindo a diferença de receitas e gastos (conceito 
primário), juros pagos e recebidos (conceito operacional) e correção 
monetária devido à inflação (conceito nominal). As necessidades reais são 
calculadas descontando-se o índice de preços, ou seja, não levam em 
conta a correção de preços provocada pela inflação. Assim, as 
necessidades reais de financiamento são refletidas pelo conceito de déficit 
operacional (desconta-se o índice de preços, ou correção monetária, do 
conceito de déficit nominal), ao passo que as necessidades nominais são 
refletidas pelo conceito de déficit nominal. 
 
É uma abordagem conceitual um pouco diferente e que raramente 
aparece em provas (nem se encontra nos livros textos sobre o assunto, 
pois está em desuso). Como a banca já cobrou, achei interessante colocar 
na aula! 
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GABARITO: CERTO 
 
(CESPE/Unb - ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO - 
CIÊNCIAS ECONÔMICAS ± SEGER/ES - 2009) A economia do setor 
público analisa o papel desempenhado pelo governo nas 
economias de mercado. Acerca desse assunto, julgue os itens. 
 
20. O resultado primário do setor público é mais apropriado para 
avaliar a magnitude do ajuste fiscal porque ele não leva em conta 
os impactos da política monetária. 
 
COMENTÁRIOS: 
Os impactos da política monetária (questões envolvendo as remunerações 
de juros e correção monetária) são avaliados somente nos resultados 
operacional e nominal. O resultado primário leva em conta somente 
receitas e despesas não financeiras. Assim sendo, a assertiva está 
correta. 
 
GABARITO: CERTO 
 
21. O resultado nominal do setor público corresponde ao resultado 
primário acrescido das receitas financeiras e das despesas de 
juros incorridos pela dívida pública. 
 
COMENTÁRIOS: 
O conceito trazido pela assertiva foi o de resultado operacional. Assim, o 
resultado operacional corresponde ao resultado primário acrescido das 
receitas financeiras (juros) e das despesas de juros. 
 
O resultado nominal corresponde ao resultado primário acrescido das 
receitas financeiras (juros), correção monetária e cambial e das despesas 
de juros, correção monetária e cambial. 
 
GABARITO: ERRADO 
 
(CESPE/Unb - ANALISTA DE COMÉRCIO EXTERIOR ± MDIC - 2008) 
- A teoria macroeconômicaanalisa o comportamento dos grandes 
agregados econômicos. Com base nessa teoria, julgue os itens a 
seguir. 
 
22. Quando o deficit nominal do setor público, mensurado em 
termos do PIB, corresponde ao produto entre a taxa de 
crescimento do PIB real e a razão dívida/PIB, essa razão é 
constante. 
 
COMENTÁRIOS: 
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Questão bem engenhosa, não é mesmo!? 
 
Vamos lá: 
 
Em primeiro lugar, nós temos a razão (é sobre ela que gira o raciocínio da 
assertiva): 
 ܦÀݒ݅݀ܽܲܫܤ 
 
Para facilitar, vamos dar números hipotéticos à dívida e ao PIB. Suponha 
que a dívida seja 500, e o PIB seja 1000. Se o PIB crescer a uma taxa 
qualquer, digamos, uns 5%; então, para essa razão se manter constante 
a dívida também só pode crescer 5%. Neste caso, para a dívida crescer 
5% (no valor de 25), o déficit nominal deve ser 25. 
 
Agora, é só fazer as contas para ver a assertiva está correta. O produto 
entre a taxa de crescimento do PIB real e razão dívida/PIB seria: 
 
Crescimento do PIB real X (dívida/PIB) = 0,05 x (500/1000) = 0,025 
 
Como o PIB é 1000, e o déficit nominal é 25, então, o déficit nominal 
mensurado em termos do PIB seria 0,025. 
 
No entanto, muita atenção! A questão fala em crescimento do PIB real. O 
que isto quer dizer? Isto significa que o crescimento do PIB não leva em 
conta o crescimento dos preços, descontando-o. 
 
Ou seja, o crescimento do PIB real desconta o nível de preços da 
economia, ou desconta a correção monetária (descontar o nível de preços 
é o mesmo que descontar a correção monetária). Desta forma, se houver 
variação de preços (que é a situação comum), o que está escrito no 
enunciado não será correto. 
 
Apresento abaixo duas versões alternativas, que poderiam ser 
consideradas corretas: 
 
Quando o deficit operacional do setor público, mensurado em termos do 
PIB, corresponde ao produto entre a taxa de crescimento do PIB real e a 
razão dívida/PIB, essa razão é constante. 
 
Î Neste caso, estamos falando do déficit operacional, que desconta o 
nível de preços da economia (desconta a correção monetária), 
assim como faz o PIB real. 
 
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Quando o deficit nominal do setor público, mensurado em termos do PIB, 
corresponde ao produto entre a taxa de crescimento do PIB nominal e a 
razão dívida/PIB, essa razão é constante. 
 
Î Neste caso, estamos falando do crescimento do PIB nominal, que 
não desconta o nível de preços da economia (não desconta a 
correção monetária), assim como ocorre no déficit nominal. 
 
GABARITO: ERRADO 
 
(CESPE/Unb - ECONOMIA - PREF. VILA VELHA-ES - 2008) - O 
desequilíbrio orçamentário decorrente de um processo 
inflacionário superior ao estimado na elaboração do orçamento, 
era constante. Determinei, em junho de 1993, um corte de US$ 6 
bilhões das despesas numa reprogramação do orçamento de 
comum acordo com o Congresso. Da mesma forma, a privatização, 
observem bem, de estatais que não justificavam sua permanência 
na gestão governamental. Com os recursos captados reequipei a 
Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, além de injetar 
recursos na Saúde e Educação, Ciência e Tecnologia. Levando-se 
em conta o curto período de mandato, de dois anos e poucos 
meses, teríamos que priorizar setores. 
 
Itamar Franco. Entre a Crise e o Real. In: O Estado de São Paulo. 
Publicado: 28/1/2008 ( com adaptações ). 
 
23. O deficit público primário é igual ao deficit total ou nominal 
excluídas as correções monetária e cambial e os juros reais da 
dívida contraída anteriormente. 
 
COMENTÁRIOS: 
A assertiva está perfeita! Outra definição para o déficit público primário 
seria: 
 
... é igual ao deficit total ou nominal excluídas os juros nominais da 
dívida contraída anteriormente. 
 
GABARITO: CERTO 
 
24. As necessidades de financiamento do setor público (NFSP) - 
conceito operacional - são iguais ao deficit público primário 
excluídas as correções monetária e cambial. 
 
COMENTÁRIOS: 
A assertiva está errada. Ela estaria certa caso fosse trocada a palavra 
³SULPiULR´�SRU�³QRPLQDO´��DVVLP� 
 
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As necessidades de financiamento do setor público (NFSP) - conceito 
operacional - são iguais ao deficit público nominal excluídas as correções 
monetária e cambial. 
 
GABARITO: ERRADO 
 
25. Um governo que se defronta com uma situação de déficit 
poderia financiá-lo através da monetização da dívida, que é a 
emissão monetária pelo banco central. 
 
COMENTÁRIOS: 
Item correto. Se o governo quiser, ele pode emitir moeda para financiar 
seu déficit. Os governos tentam evitar tal tipo de medida pois ela sempre 
vem acompanhada de inflacão. 
 
GABARITO: CERTO 
 
(CESPE/Unb - CONTROLADOR DE RECURSOS MUNICIPAIS ± 
ECONOMIA ± PMV ± SEMAD/ES - 2008) - A ação do Estado é 
crucial para garantir a produção eficiente e eqüitativa de bens 
públicos, bem como de bens privados ofertados pelo setor público. 
Baseando-se nos princípios básicos da economia do setor público 
e das finanças públicas, julgue os itens subseqüentes 
 
26. As Necessidades de Financiamento do Setor Público (NFSP), 
no conceito operacional, representam a diferença entre as NFSP 
nominais e a atualização monetária incidente sobre a dívida 
líquida do setor público. 
 
COMENTÁRIOS: 
Item correto. A única dúvida que poderia pairar é com relação à parte 
final da assertiva, quando fala que a atualização monetária existente é 
aquela que incide sobre a dívida líquida do setor público. Isto é correto. 
Aliás, não é só a correção monetária, mas também os juros. 
 
Tanto a correção monetária quanto os juros que são tratados nos diversos 
conceitos de NFSP incidem sobre a dívida líquida do setor público. 
 
GABARITO: CERTO 
 
27. Aumentos do superavit primário e das taxas de juros 
contribuem para elevar a razão dívida/PIB para uma dada taxa de 
inflação. 
 
COMENTÁRIOS: 
O aumento do superávit primário tende a reduzir a razão dívida/PIB, ao 
passo que o aumento das taxas de juros tende a aumentar a razão 
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dívida/PIB. Não é possível saber o efeito resultante só com a afirmação do 
enunciado. 
 
GABARITO: ERRADO 
 
28. Aumentos nas taxas de crescimento da economia contribuem 
para elevar o patamar de sustentabilidade da dívida pública, 
porque o crescimento permite elevar o endividamento do setor 
público sem aumentar a proporção da dívida em relação ao PIB. 
 
COMENTÁRIOS: 
O critério para avaliar a dívida pública de um país é a relação dívida/PIB. 
Se um país com PIB reduzido possuir uma dívida, digamos, de 100 
bilhões, isto é ruim. Por outro lado, se um país com PIB elevado possuir o 
mesmo montante de dívida, isto já não é considerado ruim. 
 
Então, o que se avalia como critéULR� GD�GtYLGD� p� D� UHODomR� ³GtYLGD�3,%´��
Por exemplo, hoje, no Brasil, esta relação gira em torno de 37%. Na 
Grécia, esta relação é de mais de 100% (ou seja, a Grécia deve mais que 
o valor de seu PIB). 
 
Desta forma, se um país cresce (crescimento do PIB), isto significa que há 
espaço para a dívida

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