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2.2 Transformada de Fourier e Espectro Contínuo Analisam-se a seguir, sinais não periódicos, concentrados ao longo de um curto intervalo de tempo. Definição: sinal estritamente limitado no tempo Dado um sinal não periódico v(t), diz-se que ele é estritamente limitado no tempo, ao longo de um intervalo τ, se for identicamente nulo fora do seu intervalo de duração. Exemplo: Definição: sinal assintoticamente limitado no tempo Dado um sinal não periódico v(t), diz-se que ele é assintoticamente limitado no tempo, se v(t)→0 quando t→±∞. Ambos os sinais anteriores podem ser informalmente denominados como pulsos. Ao se calcular a média de v(t) [ou de |v(t)|2] para todos os tempos (Eq. 2.1.9): sempre resulta em zero ! Em vez de utilizar a potência média é melhor usar a energia. v(t) Se v(t) é a tensão através de uma resistência R, a energia total liberada é determinada integrando-se a potência instantânea p(t)=v2(t)/R (watts = J/s) no tempo. Definição: energia de sinal normalizada (R = 1 Ω): sendo equivalente a área total sob a curva de |v(t)|2 . Definição: sinal não periódico de energia é um sinal v(t) tal que a integral (2.2-1) exista e resulte em 0 < E < ∞ (seja finito). Quase todos os sinais limitados no tempo e de interesse prático se enquadram nesta categoria. Ser um sinal não periódico de energia é a condição essencial da análise espectral usando a transformada de Fourier. (J = joule) Transformada de Fourier (TF): Será relembrada a análise apresentada no final da seção 2.1, introduzindo-se a TF a partir da representação de um sinal periódico de potência e sua série de Fourier (2.1-2): De acordo com o teorema de Fourier, existe uma representação similar a (2.1-2) para um sinal não periódico de energia, obtida como a forma limite da série de Fourier do sinal quando o período tende ao infinito. As linhas espectrais, espaçadas por f0= 1/T0, tornam-se cada vez mais próximas entre si, à medida que o período aumenta. Contudo, se a largura τ do pulso ficar constante, a forma da envoltória do espectro permanece inalterada. ____________________________________________________ No limite, quando T0 e n em (2.1-2) tendem ao infinito, o espaçamento em frequência 1/T0 = f0 aproxima-se de zero, sendo representado por df , o produto nf0 aproxima-se da frequência contínua f, e o somatório aproxima-se da integral: O termo entre colchetes está relacionado com os coeficientes das linhas espectrais [c(nf0) de (2.1-2), mas que agora têm espaçamento nulo, formando um espectro contínuo] e constitui a transformada de Fourier (TF) de v(t): A função v(t) em (2.2-3) é recuperada a partir do seu espectro [outrora, a soma de fasores discretos em (2.1-2)] por meio da transformada de Fourier inversa (TFI): fasores discretos, espectro espectro Par de transformadas de Fourier: TF: TFI: Como estudado no caso da série de Fourier, converge na média para v(t), com o fenômeno de Gibbs ocorrendo nas descontinuidades. Contudo, considera-se válida a operação de igualdade em (2.2-5) na maioria dos casos. i) A TF, V(f), é uma função complexa, tal que |V(f)| é o espectro de amplitudes e arg V(f) é o espectro de fases de v(t), ii) O valor de V(f) em f=0 é igual a área líquida de v(t), pois iii) Se v(t) for real em (2.2-4), então, o espectro exibe simetria hermitiana: e assim, e Exemplo 2.2-1: Pulso retangular de largura τ, amplitude unitária e centrado na origem: __________________________ Portanto, um pulso retangular de largura τ e amplitude A pode ser representado por: Inserindo v(t) na integral da TF resulta: tal que V(f=0)=Aτ, a área sob o pulso (obviamente!). (continua...) multiplicar e dividir por τ )sinc()( ττ fAfV = A figura revela que a porção significativa do espectro está na faixa | f | < 1/τ , pois |V(f )|<< |V(0)| para |f | >1/τ. Por causa disto, costuma-se adotar 1/τ como a largura espectral (ou largura de banda) de V(f). Se a duração do pulso, τ, for reduzida, esta largura espectral aumenta, e vice-versa: pulsos curtos têm espectros largos e pulsos largos têm espectros estreitos. Isto corresponde ao fenômeno de espalhamento recíproco (válido para todos os sinais), qual seja: componentes de alta frequência são causadas por variações temporais rápidas, enquanto variações temporais suaves ou lentas demandam baixo conteúdo de alta frequência. # Espectro de v(t): ↔ ftjfte ftj πππ 2sen2cos2 −=− ______________________________________________ Sinais simétricos e causalidade: Quando um sinal possui simetria em relação ao eixo dos tempos, sua TF pode ser simplificada. a) Como escreve-se: onde: são as porções par [Ve(−f) = Ve (f)] e ímpar [Vo(−f) = −Vo (f)] de V(f). Observe-se que: e a1) Se v(t) for real, Ve(f) e Vo(f) são reais, e então: como discutido anteriormente (simetria hermitiana). Obs: Par - Even: Ímpar - Odd: V(−f)=Ve(−f)+jVo(−f) ____________________________________________________________________ b) Se um sinal w(t) tem simetria, são válidas as relações: as quais se aplicam tanto a w(t) = v(t) cosωt quanto a w(t) = v(t) senωt. b1) Se v(t) tem simetria par, tal que: então w(t) =v(t) cosωt também é par, enquanto w(t) =v(t) senωt é ímpar. Com isso, Vo(f )=0, e )()()( fjVfVfV oe += w(t) w(t) ambos os casos são analizadoa a seguir ímpar = par × ímparpar = par × par _______________________________________________________________ b2) Se v(t) tem simetria ímpar, tal que: então w(t) =v(t) cosωt também é ímpar, enquanto w(t) =v(t) senωt é par. Com isso, Ve(f )=0, e _____________________________ Conclusão de (2.2-12 a-b) e (2.2-13 a-b): Um sinal real e par no tempo tem espectro real e par em frequência, e, Um sinal real e ímpar no tempo tem espectro imaginário e ímpar em frequência. )()()( fjVfVfV oe += Um sinal v(t) é causal se: Como a causalidade impede qualquer simetria temporal, o espectro consiste de ambas as partes real e imaginária, sendo calculado a partir de: Esta integral apresenta uma semelhança com a transformada de Laplace (TL): com s=σ + jω, e que implica em que v(t)=0 para t <0. Portanto, se v(t)= for causal, pode-se obter V(f) a partir de tabelas de TL fazendo-se s = jω = j2πf (ou seja, σ = 0). ____________________________________________________________ Obs: a) Tabelas de TL incluem muitos sinais que não são de energia, cujas TL’s existem somente com σ>0, tal que |v(t)e-st| = |v(t)e-σt |→0 quando t→∞. Tais sinais não têm TF, pois s=σ +jω cai fora do domínio (eixo) da frequência quando σ≠0. (Neste caso, a TL não serve para calcular TF.) b) Existem TFs de sinais de energia não causais e que, portanto, não possuem TL. Causalidade: )()( fjVfV oe += Exemplo 2.2-2: Pulso exponencial causal, com constante de tempo 1/b. O espectro pode ser obtido a partir da definição de TF, ou então, de tabelas de TL: fazendo s = jω = j2πf, obtém-se a TF: (15b) Como discutido, sendo v(t) causal, resultou-se num espectro complexo: V(f)=|V(f)| e j arg V(f) Como v(t) é real, o espectro tem simetria hermitiana. fjb AfV π2)( += (continua...) Ver próxima página ___________________________________________________________________________ A TF (2.2-15b) é uma função complexa, que pode ser rescrita como: onde se observa que Relembrando (2.2-10a): realiza-se a conversão de V(f) para a forma polar: cujos gráficos foram plotados na Fig. 2.2-3 anterior. # Teorema de Rayleigh da Energia: Teorema de Rayleigh: a energia E de um sinal v(t) se relacionadacom seu espectro V(f) por: o qual é um caso particular da relação mais geral: ________________________________________________________________ Prova: sabendo-se que então: no qual a ordem das integrações em t e f foram permutadas. O termo entre colchetes corresponde a V(f), completando-se a prova. (integra em f depois em t) (integra em t depois em f ) Obs: Interpretação: Integrando-se o quadrado do espectro de amplitudes em todas as frequências obtém-se a energia total. A função |V(f)|2 (em J.s) fornece a distribuição de energia no domínio da frequência, podendo ser designada de densidade espectral de energia: Gv(f) = |V(f)|2 . A energia contida numa banda diferencial em frequência df é: |V(f)|2 df (medida em J). __________________ Exemplo: Já foi visto que a TF do pulso v(t) é: e assim, a densidade espectral de energia do pulso é dada por )sinc()( ττ fAfV = )(sinc)()( 222 ττ fAfV = (continua...) J=V2(f)/s → V2(f)=J.s ___________________________________________________ A maior parte da energia está na faixa |f |<1/τ. A energia nesta banda é a área hachurada: Obviamente, a energia total de um pulso com largura τ e amplitude A é: = A2τ. a qual corresponde à área total sob a curva de |v(t)|2 . Portanto, a largura espectral 1/τ engloba mais de 90% da energia total do pulso. )(sinc)()( 222 ττ fAfV = (só tem solução numérica!) Teorema da dualidade: Se v(t) ↔ V(f), então, dado ocorre Prova: ver o livro do Carlson. ________________________________________________________ Exemplo 2.2-3: Pulso sinc com largura 2× 1/2W = 1/W: Z(f )=? t (continua...) ___________________________________________________ Já foi estudado que: Assim, reescrevendo-se (2.2-19a) como: e fazendo-se z(t)=V(t), tem-se B=A/2W e τ=2W. A dualidade diz que: ou seja: ↔ Espectro limitado em banda.Sinal temporal eterno. t =ℑ= )]([)()( tVtVtz porta com largura 2W espectro com largura de banda Wpulso com largura 1/W Cálculos de transformadas: i) Calcular a integral pela definição da TF (‘força bruta’) (ver Exemplo 2.2-1); ii) Consultar tabelas de transformadas de Fourier (ver adiante); iii) Consultar tabelas de transformadas de Laplace (ver Exemplo 2.2-2);; iv) Usar teoremas da transformada de Fourier (dualidade, etc.) (ver Exemplo 2.2-3). v) Formas de ondas aproximadas Se se aproxima de z(t) e o erro quadrático é pequeno, e também, se e , então, aplicando-se o teorema de Rayleigh à diferença resulta: Como a ordem de grandeza do erro no domínio da frequência é o mesmo que no domínio do tempo, pode-se utilizar como boa aproximação para Z(f). Exemplo: será usado adiante que, se vi) Cálculo de séries de Fourier a partir da transformada de Fourier )(~ tz )(~ fZ (continua...) )()(~)()()(lim)(~ 0 fZfZtztttz ≅=≅= ∈ ∈→ δδ erro no tempoerro em frequência vi) Cálculo de séries de Fourier a partir da transformada de Fourier Seja v(t) um sinal periódico e z(t)=v(t) Π(t/T0) um sinal não periódico consistindo de apenas um período de v(t). Calcula-se Z(f) como: Então, recordando-se da Eq. (2.1-14) da seção 2.1, qual seja (coeficiente de função periódica): então, por comparação, conclui-se que os coeficientes da série de v(t) periódica são dados por: −+∞ ∞− − =Π= 0 22 0 )()/()()( T ftjftj dtetvdteTttvfZ ππ Π(t/T0) [uma vez conhecido Z(f), calculam-se os coeficientes cn de v(t) !! ]
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