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Aula 01 Mundo Contemporâneo p/ Senado Federal Professor: Leandro Signori Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 124 AULA 01 ± Elementos de Política Internacional Caro aluno, Em primeiro lugar, agradeço a confiança e a oportunidade de ser o seu professor de Mundo Contemporâneo neste concurso. Na aula de hoje vou abordar os temas relacionados com a sociedade internacional, conflitos internacionais, política internacional, relações internacionais, segurança internacional e organizações internacionais. De imediato, vamos aos estudos! Um grande abraço, Prof. Leandro Signori Sumário Página 1. Islamismo, Mundo Árabe e Oriente Médio 2 1.1 Instabilidade Política e Conflitos Bélicos 4 1.2 Fundamentalismo Islâmico 11 1.3 O Irã 15 1.4 A questão da Palestina 16 1.5 Turquia 18 2. América Latina 20 3. Coreia do Norte 24 4. Eleições nos Estados Unidos 26 5. Os separatismos na Europa 27 6. Segurança Internacional 29 7. Organizações Internacionais 32 8. Temas Diversos 35 9. Questões Comentadas 37 10. Lista de Questões 93 11. Gabarito 124 Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 124 1. O Islamismo, Mundo Árabe e Oriente Médio Ao lado do Cristianismo e do Judaísmo, o Islamismo é uma das três grandes religiões monoteístas, ou seja, acreditam na existência de um único Deus. A palavra Islã significa submeter-se e exprime a obediência à lei e à vontade de Alá (Allah, Deus em árabe). O livro sagrado do Islamismo é o Alcorão, que consiste na coletânea das revelações divinas recebidas por Maomé de 610 a 632. Os seguidores da religião são conhecidos como muçulmanos. Atualmente, o Islã é a religião que mais se expande no mundo, está presente em mais de 80 países e compreende mais de um bilhão de fiéis. Após a morte do profeta Maomé, em 632, criou-se a figura do califa, ou seja, o líder da comunidade muçulmana no mundo. A divisão do Islã entre sunitas e xiitas remonta ao século VII e tem origem na disputa sobre a sucessão do profeta. Os sunitas defendem que o chefe do Estado mulçumano (califa) deve reunir virtudes como honra, respeito pelas leis e capacidade de trabalho, porém, não acham que ele deve ser infalível ou impecável em suas ações. Os xiitas defendem que a chefia do Estado muçulmano só pode ser ocupada por alguém que seja descendente do profeta Maomé ou que possua algum vínculo de parentesco com ele. Afirmam que o chefe da comunidade islâmica, o imã, é diretamente inspirado por Alá, sendo, por isso, um ser infalível. O quarto califa foi Ali, primo do profeta Maomé e casado com sua filha, Fátima. Ali foi assassinado. Os sunitas são a grande maioria, mais de 80% dos muçulmanos no mundo. Os xiitas são maioria apenas no Irã, Iraque e Azerbaijão; nos dois primeiros os presidentes são dessa ramificação. Os alauítas são uma variação moderada dos xiitas, presentes, sobretudo na Síria, tendo o presidente Bashar al-Assad como um dos seus seguidores. O grupo guerrilheiro Hezbollah é de orientação xiita. Por sua vez, o Hamas e a Al Qaeda são sunitas. O Estado Islâmico (EI) também é sunita e luta pelo retorno do califado islâmico. O último califado foi o Império Otomano, e foi abolido pelo nacionalista e secular líder turco Mustafa Kamal Ataturk em 1924. O califado é uma forma de governo centrada na figura do califa, que seria um sucessor da autoridade política do profeta Maomé, com atribuições de chefe de Estado e líder político do mundo islâmico. Mundo Árabe e Oriente Médio A civilização árabe tem origem na península Arábica. No século VII, as tribos da região unificaram-se em torno da língua árabe e do islamismo. A partir da unificação, os árabes formaram um vasto império que se expandiu até a Índia, o norte da África e a península Ibérica, com apogeu em 750 d.C. O mundo Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 124 árabe ocupa a área que vai do oceano Atlântico ao golfo Pérsico, abrangendo o norte da África e boa parte do Oriente Médio (veja no mapa abaixo). Os contornos dos atuais países existentes no mundo árabe são, até certo ponto, arbitrários e resultam do domínio das potências estrangeiras sobre a região no início do século XX. Com fortes interesses no controle das grandes reservas de petróleo, governos estrangeiros negociaram a independência de suas colônias ou áreas sob seu controle para que fossem governadas por aliados ou colaboradores. O Oriente Médio não deve ser confundido com o mundo árabe. É uma região que faz parte da Ásia, tem muito petróleo e pouca água. Integra Irã e Turquia com populações islâmicas não árabes e Israel, país judeu. Os curdos habitam vários países do Oriente Médio, região onde também vivem várias minorias como os assírios e caldeus. Historicamente Irã e Arábia Saudita disputam hegemonia e influência no Oriente Médio. Possuem diferenças étnicas e religiosas, os iranianos são persas e muçulmanos xiitas, os árabes são sunitas. Estas diferenças fazem com que apoiem governos e grupos armados de acordo com a orientação religiosa de cada país. Como exemplo temos a Síria, onde o Irã apoia o governo do xiita Assad e a Arábia Saudita apoia grupos rebeldes sunitas. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 124 (CESPE/FUB/2015 ± VÁRIOS CARGOS) O Vaticano e a Palestina assinaram um acordo histórico sobre os direitos da Igreja Católica nos territórios palestinos. A preparação do texto por uma comissão bilateral OHYRX�TXLQ]H�DQRV��(PERUD�R�9DWLFDQR�VH�UHILUD�DR�³(VWDGR�GD�3DOHVWLQD´� desde o início de 2013, os palestinos consideram que a assinatura do acordo equivale a um reconhecimento de fato de seu Estado. O Estado de S.Paulo, 27/6/2015, p. A21 (com adaptações). Tendo esse fragmento de texto como referência inicial e considerando a amplitude do tema por ele abordado, bem como o contexto geopolítico no qual este se insere, julgue o item a seguir. O Oriente Médio, onde se situa o território palestino, é região estratégica para o mundo contemporâneo desde que o petróleo passou a exercer papel relevante na economia mundial, o que explica a histórica atenção que lhe é conferida pelas grandes potências. COMENTÁRIO: A Palestina situa-se no Oriente Médio, região com a maior reserva de petróleo do mundo, fonte de energia mais utilizada no mundo. Berço do Islamismo, região de clima desértico, o Oriente Médio passou a ser estratégico para o mundo contemporâneo, desde que o petróleo passou a exercer papel relevante na economia mundial, o que explica a histórica atenção que lhe é conferida pelas grandes potências. Gabarito: Certo 1.1 Instabilidade Política e Conflitos Bélicos Em 2011, o mundo árabe se viu diante de uma série de revoltas populares, que ficaram conhecidas como Primavera Árabe, em alusão à Primavera de Praga. O palco dos conflitos foi a África do Norte e o Oriente Médio, região formada por países de maioria árabe e muçulmana. As revoltas ocorreram em países com regimes autoritários e teve como resultado a deposição dos ditadores da Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen. Na Síria, a revolta se transformou em uma sangrenta guerra civil. A Tunísia é o único país em que arevolta popular alcançou o objetivo da democracia. Nos demais países onde os ditadores foram derrubados ± Egito, Líbia e Iêmen ± D�3ULPDYHUD�VH�WUDQVIRUPRX�QXP�WHQHEURVR�³,QYHUQR�ÈUDEH´�� além da Síria, onde descambou para a guerra civil. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 124 Tunísia A Revolução de Jasmim, como ficou conhecido o processo que atingiu a Tunísia, entre 2010 e 2011, levou à queda do presidente Ben Ali, que ocupava o cargo desde 1987. Ela começou com protestos populares após o suicídio de um vendedor ambulante, contra o regime autoritário do presidente. As manifestações foram reprimidas violentamente e resultaram na derrubada do regime em 14 de janeiro de 2011. A Tunísia é o único país da Primavera Árabe, que após as revoltas instalou- se a democracia. O país realizou eleições em 2012 e 2014. Egito Segundo país alcançado pela Primavera Árabe, as revoltas populares levaram à renúncia do ditador Hosni Mubarak, após 35 anos no poder. No entanto, a promessa de instauração de democracia não prosperou. A conturbada transição para a democracia levou ao poder a Irmandade Muçulmana (fundamentalistas islâmicos). Mohammed Mursi foi o primeiro islâmico a assumir a chefia de um Estado Árabe pelo voto, em 2012. Porém, foi deposto por um golpe militar um ano após a posse. O atual presidente, eleito em um pleito esvaziado, é o marechal Abdel Fattah al-Sissi. Ex-chefe do Exército, Sissi comandou o golpe de estado que destituiu o presidente islâmico Mohamed Mursi, em julho de 2013. O parlamento está fechado, Sissi acumula os poderes executivo e legislativo. Desde a queda de Mursi, o cerco à Irmandade Muçulmana tem sido brutal. Centenas de membros foram mortos e milhares presos, incluindo Mursi e líderes políticos do grupo. A irmandade foi declarada uma organização terrorista, o que torna crime participar de suas atividades. A campanha de repressão não atinge só islamistas. O governo proibiu manifestações e está perseguindo quem critica ou se opõe aos militares. Líbia A queda do ditador Muammar Kadafi, em 2011, que governou o país com mão de ferro por 42 anos, gerou um vácuo de poder, fomentando a disputa entre milícias armadas, que até então lutavam juntas contra o ditador. Esses grupos armados combatem por interesses próprios, para abocanhar o poder nas regiões em que atuam e para obter lucros com a exploração de recursos naturais, em particular do petróleo. Distinguem-se mais pela origem étnica e pela vinculação a suas regiões do que pela inspiração religiosa, e formam coalizões que podem juntar islâmicos ou não. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 124 As disputas políticas após as eleições de 2014 levaram à formação de dois governos, que disputam a legitimidade de falar em nome do país. O governo reconhecido internacionalmente está sediado na cidade de Tobruk e aglutina particularmente os setores laicos. O outro, com sede na capital do país, Trípoli, tem grande presença de islâmicos e contra a parte mais importante do país. Esse quadro de instabilidade tem sido agravado com a presença do Estado Islâmico que se expandiu para o país. O grupo controla a cidade de Sirte e tem realizado atentados terroristas, sequestros, execuções e decapitações de cristãos. Síria Combates encarniçados desenvolvem-se, desde 2011, quando manifestações pró-democracia, logo após os acontecimentos da Primavera Árabe, na Tunísia e no Egito, chegaram ao país e foram duramente reprimidas pelo regime do ditador Bashar al-Assad. A reação de parte da oposição foi armar-se para tentar derrubar o governo. Assim surgiu o Exército Livre da Síria (ELS), dirigido pela oposição moderada, que iniciou combates contra as forças de Assad. De lá para cá, a situação agravou-se, assumindo o caráter de uma guerra civil e de um conflito mais amplo do que simplesmente opositores contra o governo. Países do Oriente Médio se envolveram no conflito, assim como os Estados Unidos, Rússia e potências ocidentais. As tropas do presidente sírio, Bashar Al- Assad, lutam contra cerca de mil grupos rebeldes. Alguns com forte tendência extremista e com vínculos com a Al-Qaeda. Desde o começo de 2014, entrou em cena o grupo extremista autodenominado Estado Islâmico, enfrentando tanto o governo como os rebeldes, sejam radicais ou moderados. É um xadrez geopolítico complicado, que precisamos compreender, pois tem sido cobrado nas provas de Atualidades. O governo da Síria é apoiado pela Rússia, Irã e pelo grupo xiita libanês Hezbollah. Os rebeldes moderados anti-Assad têm o apoio dos Estados Unidos, de potências ocidentais, da Arábia Saudita, Turquia e de outros países do Oriente Médio. A Arábia Saudita e alguns países árabes também apoiam grupos extremistas sunitas anti-Assad. O Estado Islâmico não é apoiado e não apoia ninguém. Todos os países envolvidos no conflito e os curdos combatem o grupo. A principal bandeira dos curdos é a criação do seu país independente, o Curdistão. Não combatem o regime de Assad. São inimigos do Estado Islâmico e de outros grupos radicais. São apoiados pelos Estados Unidos e Rússia na sua luta contra o Estado Islâmico, mas não no pleito de criação do seu país. A Turquia Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 124 se opõe aos curdos pelo temor de que a criação de um Curdistão independente fortaleça o movimento separatista do Curdistão turco. Mapa da guerra civil na Síria Atualmente, vigora um cessar-fogo no conflito negociado por Rússia e Estados Unidos. Participam do cessar-fogo a coalizão liderada pelos Estados Unidos, o governo da Síria, a Rússia, o Irã, a milícia xiita Hezbollah, grupos da oposição armada moderada e grupos da oposição civil baseados na Síria e no exílio. A Frente al-Nusra e o Estado Islâmico estão fora do cessar fogo, continuam combatendo o governo sírio e sendo combatidos. Sob os auspícios da ONU, estão ocorrendo negociações de paz em Genebra, Suíça. Participam das negociações potencias ocidentais, a Síria, a Rússia, países árabes, a oposição civil, as Nações Unidas, a União Europeia, a Liga Árabe e a Organização dos Estados Islâmicos. Em abril de 2016, nas áreas controladas pelo governo ocorreram eleições legislativas. Esta é a segunda eleição desde o início da guerra em 2011. Pela primeira vez, vários partidos foram autorizados a participar, mas o partido do Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 124 governo, Baath, obteve a maioria dos 250 deputados eleitos para um mandato de quatro anos. A guerra na Síria já causou a morte de 300 mil pessoas, gerou mais de 4 PLOK}HV�GH�UHIXJLDGRV�H�HVWi�VHQGR�FRQVLGHUDGD�³D�PDLRU�FULVH�KXPDQLWiULD�GH� QRVVD�HUD´�SHOD�218��$OpP�GRV�UHIXJLDGRV��RXWURV�����PLOK}HV�IRUDP�GHVORFDGRV� pelo interior do país. O total de 9,5 milhões de pessoas forçadas a sair de suas casas equivale a quase metade da população do país. Os refugiados foram principalmente para Turquia, Líbano e Jordânia. A destruição pelo país é generalizada. (CESPE/CPRM/2016 ± TÉCNICO EM GEOCIÊNCIAS) O Oriente Médio é uma das mais tensas regiões do mundo contemporâneo. Nele, interesses econômicos, sobretudo os ligados ao petróleo, se juntam adivergências políticas e animosidades religiosas para fazer daquela área um foco permanente de conflitos. O país que, na atualidade, se tornou símbolo de tragédia humanitária, representada por milhares de migrantes que buscam abrigo na Europa, e que sofre os males de uma guerra civil, a ação de grupos insurgentes e a violência do terrorismo é a A) Síria. B) Turquia. C) Palestina. D) Arábia Saudita. E) Jordânia. COMENTÁRIOS: Fácil! O país é a Síria, que desde 2011 vive uma sangrenta guerra civil. Ainda sobre as alternativas da questão, pode-se comentar que na Palestina são frequentes os conflitos entre grupos armados e as forças de segurança de Israel. A Turquia está envolvida em conflitos com os separatistas curdos, ligados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), além de atentados terroristas praticados no país, pelo Estado Islâmico. Gabarito: A Iraque Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 124 A maioria da população do Iraque é xiita, os sunitas são minoritários. O nordeste do país é habitado por curdos. Em 2003, os Estados Unidos invadiram o Iraque e derrubaram do poder o ditador Saddam Hussein, da minoria sunita. Permaneceram no país até 2011. Ao derrubar Saddam Hussein, os norte- americanos insuflaram antigas disputas políticas internas. A democracia é frágil. O governo de maioria xiita privilegia este segmento da população, o que acirra as tensões com os sunitas e curdos. O Curdistão iraquiano é uma região com grande autonomia política e administrativa. Mas, os curdos almejam a independência. Assim como na Síria, aproveitando-se do caos institucional e das rivalidades entre sunitas e xiitas, o Estado Islâmico conquistou vastas áreas do território iraquiano. Curdistão Nos combates contra o Estado Islâmico, destaca-se a ação dos guerreiros curdos iraquianos (chamados de peshmerga) e sírios. O Estado Islâmico persegue os curdos e a minoria yazidi, que pratica uma religião própria. O enfrentamento direto com os jihadistas do EI tem passado em boa medida pela atuação das forças curdas, armadas pelos aliados ocidentais, que dão combate terrestre ao grupo islâmico, apoiando dessa forma os bombardeios aéreos comandados pelos EUA. Esse papel de destaque leva analistas a especularem se uma das consequências dos conflitos atuais não seria a ampliação da autonomia dos curdos dentro do Iraque ou até mesmo a formação, num prazo ainda indefinido, de um novo país, o Curdistão, reunindo os curdos que vivem espalhados pela região. Maior etnia sem Estado no mundo, com 26 milhões de pessoas, os curdos habitam uma área contínua que abrange territórios de Turquia, Iraque, Síria, Irã, Armênia e Azerbaidjão (veja mapa a seguir). O projeto de um Estado curdo ganhou força no final do século XX, sobretudo na Turquia e no Iraque, países nos quais o movimento foi violentamente reprimido. O principal grupo separatista curdo atuante na Turquia, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), desenvolvia a luta armada contra o Estado turco, mas negocia há anos um acordo com o governo central. Em 2013, o partido declarou um cessar-fogo. Contudo, em julho de 2015, o governo da Turquia começou a atacar redutos do PKK no Curdistão iraquiano, próximo à fronteira turca. O PKK reagiu e as hostilidades tem se sucedido de lado a lado. Na Síria, a milícia curda Unidades de Proteção do Povo (YPG), com apoio de ataques aéreos, resistiu heroicamente a ofensiva do EI sobre a estratégica cidade curda de Kobane, na tríplice fronteira síria, turca e iraquiana. Após meses de conflitos, o Estado Islâmico recuou e desistiu de conquistar a cidade. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 124 Embora sejam muçulmanos sunitas, os curdos não são islamitas conservadores. As mulheres têm mais liberdade, são mais respeitadas. Muitas estão nas fileiras da milícia curda síria YPG, lutando contra o Estado Islâmico. Fonte: Dictionnaire de Geopolitique (IDECAN/PREFEITURA DE MARILÂNDIA/2016 ± AGENTE ADMINISTRATIVO) Estabelecido em grande parte da região norte da Síria, o Curdistão é: A) O maior grupo étnico do mundo sem Estado próprio e fragmentado entre vários países. B) Um grupo de origem palestina, de ideologia sunita, que se organiza por um partido político e brigadas armadas. C) Um povo que se caracterizara, sobretudo, por formar uma nação de guerreiros, governada por uma aristocracia militar que vem se expandindo no norte da África e no Oriente Médio. D) O grupo terrorista mais agressivo da região, originário do Iêmen, que vem cometendo uma série de atentados na Europa, principalmente em nações aliadas aos EUA, como França e GrãǦBretanha. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 124 COMENTÁRIOS: Maior etnia sem Estado no mundo, com 26 milhões de pessoas, os curdos habitam uma área contínua que abrange territórios de Turquia, Iraque, Síria, Irã, Armênia e Azerbaijão (veja o mapa). No Iraque, na Síria e na Turquia, os curdos lutam por um Estado independente. Gabarito: A 1.2 Fundamentalismo Islâmico Ainda que o fundamentalismo esteja atualmente muito associado aos islâmicos, grupos fundamentalistas existem em todas as religiões. Os agrupamentos políticos fundamentalistas buscam impor seus dogmas religiosos como base da organização do Estado e da sociedade. É uma posição obscurantista, que recusa a democracia e se opõe à perspectiva secular adotada desde a Revolução Francesa (1789), quando os negócios de Estado se separaram das convicções religiosas. A enorme maioria dos adeptos da religião islâmica é constituída por pessoas comuns que professam uma crença religiosa. Por isso, é um erro grave, que tem origem em preconceito religioso ou social, identificar grupos terroristas que dizem agir em nome do islamismo com os hábitos e crenças das populações muçulmanas em geral. O fundamentalismo islâmico é contrário ao Estado democrático e laico, e sua perspectiva é a do Estado teocrático, como no Irã, onde o chefe do Estado é o líder religioso supremo, o aiatolá. Defendem a implantação da Sharia ± o conjunto de leis e códigos de conduta extraídos do livro sagrado, o Alcorão e da Suna (obra que narra a vida e os caminhos de Maomé), como lei, rejeitando o princípio da separação entre religião e Estado. O fundamentalismo islâmico é a fonte inspiradora de vários grupos armados do mundo islâmico, que lutam pela tomada do poder nos países em que atuam. Os mais conhecidos são a Al-Qaeda, Estado Islâmico e Boko Haram. Al Qaeda O saudita Osama bin Laden fundou a Al Qaeda, em 1988, no Afeganistão, quando lutava ao lado dos guerrilheiros islâmicos (mujahedin) contra a ocupação soviética, com equipamentos e recursos vindos das potências ocidentais. Mas após a Guerra do Golfo, em 1990, quando tropas lideradas pelos EUA atacam o Iraque, a jihad (guerra santa) da Al Qaeda passa a ter como inimigo o Ocidente, em especial os Estados Unidos, por causa da crescente presença militar no Oriente Médio. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 124 Nos anos de 1990, Bin Laden foi responsabilizado por vários ataques a alvos norte-americanos, até realizar o atentado terrorista de11 de setembro de 2001, contra os EUA. Então, Bin Laden ganhou fama mundial. Vários grupos anunciaram sua ligação com a Al Qaeda, o que permitiu ao grupo expandir seu alcance para se tornar uma rede terrorista com ramificações internacionais. Na última década, porém, a Al Qaeda Central (AQC), no Afeganistão e Paquistão, foi duramente atingida pelas ações militares dos EUA. O trabalho de espionagem e os ataques com drones mataram seus líderes e reduziram sua FDSDFLGDGH�GH�DomR�H�GH�VH�FRPXQLFDU�FRP�DV�³ILOLDLV´��$�PRUWH�GH�%LQ�/DGHQ�SRU� uma equipe da Marinha dos EUA, em 2011, enfraqueceu o grupo. O novo líder, o médico egípcio Ayman al Zawahiri, não possui o carisma do fundador. Estado Islâmico Com um vasto território que extrapola fronteiras, abrangendo áreas do Iraque e da Síria, ativos estimados em 2 bilhões de dólares e um contingente em torno de 30 mil combatentes, o Estado Islâmico (EI) consolida-se como a mais poderosa organização extremista islâmica em atividade. Sua ascensão é surpreendente quando se considera que, até pouco tempo atrás, o EI era uma filial da Al Qaeda entre tantas outras atuando na Ásia e na África. Criado no Iraque em 2003, com o nome Al Qaeda no Iraque (AQI), o grupo espalhou o terror contra as forças de ocupação e os xiitas, até ser praticamente aniquilado após a morte de seu comandante, Abu Musab al- Zarqawi, em 2006. Rebatizado Estado Islâmico do Iraque (EII), o grupo renasce a partir de 2010, sob um novo líder, Abu Bakr al-Baghdadi. O vácuo de segurança criado pela retirada militar dos EUA, o clima de revolta dos sunitas com o governo pró-xiita do Iraque e o caos da guerra civil síria criam condições para que o EI prosperasse. Ao expandir as atividades para a Síria, onde infiltrou militantes para abocanhar dinheiro e armas, recrutar guerrilheiros e instalar bases, em 2013, o grupo muda o nome para Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL). E, após dominar territórios no norte da Síria e do Iraque o grupo anuncia a criação de um Califado, em junho de 2014, se autodenominando Estado Islâmico (EI). O Califado é uma referência aos antigos impérios islâmicos surgidos após a morte de Maomé, que seguiam rigorosamente a Sharia, a lei islâmica ± dos quais o mais notório é o Império Árabe. O califa, considerado sucessor do profeta, é a autoridade política e religiosa máxima. Al-Baghdadi é proclamado califa do EI. Nas áreas que conquista, o EI rapidamente assume o controle sobre bases militares, bancos, hidrelétricas e campos de petróleo e instaura um governo próprio, com ministérios, cortes islâmicas e aparato de segurança. A cobrança Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 124 de taxas e impostos, junto com a venda ilegal de petróleo, os sequestros e as extorsões, garantem ao grupo uma renda diária estimada em 2 milhões de dólares. No plano social, o código moral é severo. Um traço marcante do EI é o emprego de táticas tão bárbaras que até a Al Qaeda renegou o grupo. São execuções em massa, às vezes contra comunidades inteiras, e mortes coletivas, por crucificação, decapitação e enforcamento. Além de ser uma estratégia de guerra, visando submeter populações locais pelo terror, a violência indiscriminada, também direcionada DRV� ³LQILpLV´� �PLQRULDV� pWQLFDV� H� UHOLJLRVDV� H� RFLGHQWDLV��� p� XPD� PHQVDJHP� poderosa para atrair muçulmanos desiludidos de todas as partes do mundo, inclusive do Ocidente, que passam a lutar em suas fileiras e aniquilar inimigos do islã com a promessa da salvação. Mais de 30 grupos jihadistas de vários países da África e Ásia juraram lealdade ao autoproclamado califa Estado Islâmico. Esses grupos têm cometido uma série de atentados terroristas, principalmente na Líbia, Tunísia, Egito, Iêmen e Afeganistão. O Estado Islâmico também se notabilizou pela destruição de esculturas, monumentos, palácios e templos do patrimônio cultural e arqueológico de cidades históricas do Iraque e da Síria, nas áreas conquistadas. O EI justifica a destruição dizendo que cultuam outras divindades e por isto são demoníacas, ferindo, portanto, os princípios do Islã. O EI é bastante ativo na internet. Utiliza intensamente a web para divulgar suas atividades, recrutar novos combatentes e invadir sites de organizações governamentais e privadas. Como vimos, o Estado Islâmico conquistou vastas áreas territoriais no Iraque e na Síria. No entanto, no momento, no terreno militar está na defensiva, ante a ofensiva que sofre nesses dois países. O grupo já perdeu 50% do território que controlava na Síria e 20% no Iraque. No Iraque é atacado pelo exército iraquiano, por milícias xiitas, pelos curdos e pela coalizão de países liderados pelos EUA. Na Síria, é atacado pelas forças do governo e aliados russos e iranianos; pelos curdos, por outros grupos locais e pela coalizão de países lideradas pelos EUA. A fortaleza do Estado Islâmico é a província de Raqa, onde fica a cidade de mesmo nome, capital do Estado Islâmico. Após dois anos, as forças que combatem o EI, conseguiram entrar na província de Raqa. O objetivo é tomar a cidade, capital do autoproclamado califado. Na medida em que perde território, o Estado Islâmico tem realizado brutais atentados terroristas em vários países do mundo. Cita-se os atentados terroristas em Paris, em janeiro e novembro de 2015, em Bruxelas, em março de 2016, no Iraque, Bangladesh, Tunísia, Síria e outros países. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 124 O grupo também reivindicou a autoria do atentado terrorista na cidade balneária de Nice, França, em julho de 2016. Nesse atentado, um terrorista avançou com um caminhão entre as pessoas que estavam à beira-mar, festejando a queda da Bastilha, o dia nacional da França. O ataque deixou mais de 80 mortos e 200 feridos. (VUNESP/SAP/2015 ± AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIA) O grupo Estado Islâmico (EI) publicou nesta segunda- feira (15.12) fotos da execução de 13 homens apontados como combatentes sunitas inimigos dos jihadistas. Três fotos, publicadas em um fórum jihadista e nas redes sociais, mostram a execução dos homens, todos vestidos com macacões de cor laranja. (http://noticias.terra.com.br/mundo/estado-islamico-revela-fotos-de-execucao--em-massa,35ebdcd49705a410VgnCLD200000b2bf46d0RCRD.html. 16.12.14. Adaptado) O grupo Estado Islâmico tem forte atuação (A) no Egito. (B) na Argélia. (C) no Iraque. (D) na Arábia Saudita. (E) no Irã. COMENTÁRIOS: O Estado Islâmico tem forte atuação no Iraque e na Síria, domina vastos territórios dos dois países, onde proclamou a criação de um califado islâmico. Gabarito: C Boko Haram O Boko Haram atua na Nigéria e realiza incursões no Chade, Níger e Camarões. Criado em 2002, na Nigéria, a partir de 2009, iniciou atos de violência, com o objetivo de impor nesse país uma versão mais radical da sharia (a lei islâmica), que veta a adoção de vários aspectos da cultura ocidental, como a educação secular. A maioria dos muçulmanos rejeita essa interpretação. O Boko Haram, que era aliado da rede terrorista Al Qaeda, vinculou-se em 2015 ao Estado Islâmico. Segundo o Índice de Terrorismo Global 2015, o Boko Haram é o grupo terrorista mais violento da atualidade. O índice, baseado em dados de ataques Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 124 de grupos extremistas,assinala que o Boko Haram matou 6.444 pessoas em 2014, mais do que o Estado Islâmico. (FUNIVERSA/SEAP DF/2015 ± AGENTE DE ATIVIDADES PENITENCIÁRIAS) Particularmente célebre pelas atrocidades cometidas contra suas vítimas, muitas das quais decapitadas a sangue frio em cenas gravadas e postadas na Internet, o Boko Haram identifica- se como grupo armado comprometido com a defesa de Israel. COMENTÁRIOS: O Boko Haram é um grupo terrorista, fundamentalista islâmico, que atua na Nigéria. Não tem nenhum compromisso com a defesa do Estado judeu de Israel. O grupo quer tomar o poder na Nigéria e implantar um estado islâmico, com base na sharia (lei islâmica). Gabarito: Errado Al Shabah Fundado em 2004, o Al Shabah atua na Somália, sendo filiado à rede Al Qaeda. O grupo passou a ser mais conhecido em 2013, a partir do atentado que cometeu em um shopping center em Nairóbi, capital do Quênia. Desde 2007, uma força de paz composta por vários países da União Africana (UA) atua ao lado de forças do governo somali no combate ao Al Shabah, o que tem imposto várias derrotas e enfraquecido a milícia. 1.3 O Irã O Irã ocupa lugar central no xadrez do Oriente Médio. O regime define-se desde a Revolução de 1979 como uma república islâmica, e segue a vertente xiita do islamismo. Posiciona-se frontalmente contra Israel e é aliado do regime sírio de Bashar al-Assad, exercendo também influência sobre partidos xiitas que estão no governo do Iraque. Dessa forma, busca formar um arco xiita de poder, centrado na oposição a Israel e às monarquias sunitas do Golfo Pérsico, como Arábia Saudita, Barein e Catar. Desde 2003, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), os EUA e as demais potências ocidentais tentam impedir o avanço do programa nuclear Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 124 iraniano. Eles acusam o país de desenvolver a tecnologia de enriquecimento de urânio com a intenção de fabricar armas nucleares. O Irã nega. A ONU exigia que o Irã parasse de enriquecer urânio e autorizasse o acesso irrestrito da AIEA às suas instalações. Diante da negativa do Irã, foram aprovadas quatro rodadas de sanções contra o país, entre 2006 e 2010. Como a China e a Rússia se opuseram a novas sanções na ONU, os EUA e a União Europeia anunciaram, em 2011, o embargo ao petróleo iraniano e punições financeiras contra nações que compram petróleo do país. Foram decretadas também sanções contra o sistema bancário do Irã. O embargo levou à queda expressiva nas exportações de petróleo iraniano, comprometendo a obtenção de divisas externas. Em 2013, o Irã começou a negociar um acordo para a retirada das sanções com o Grupo 5+1 (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China + Alemanha) em troca da limitação de suas iniciativas nucleares. Em 2015, Irã e as potências chegaram a um acordo, que limita e condiciona o programa nuclear iraniano, visando assegurar que o programa nuclear iraniano tenha um caráter não militar, em troca da retirada das sanções internacionais que asfixiam a economia do país. O texto autoriza o Irã a prosseguir com o programa nuclear civil e abre o caminho para uma normalização da presença do país no cenário internacional. Os iranianos se comprometeram a reduzir a capacidade nuclear (redução de dois terços do número de centrífugas de urânio em 10 anos, de 19.000 para 6.104, diminuição das reservas de urânio enriquecido) durante vários anos e a permitir que os inspetores da AIEA realizem inspeções profundas em suas instalações. 1.4 A questão da Palestina A criação do Estado de Israel, em 1948, dá início a um conflito entre judeus e árabes, já que estes últimos viviam na região do novo país. O território ocupado por Israel, após uma guerra, foi maior do que o aprovado pela ONU. A criação de Israel levou à expulsão de mais de 700 mil palestinos, que se tornaram refugiados. Atualmente, a população palestina refugiada soma 5 milhões de pessoas, que reivindicam o direito ao retorno a suas terras, o que não é aceito por Israel. Os Acordos de Oslo (1993-1995), assinados entre palestinos e israelenses, com mediação dos EUA, traçaram a meta de dois Estados: um judeu (Israel) e um palestino, formado pela Faixa de Gaza e pela Cisjordânia, ambas ocupadas pelos israelenses em 1967. Definiram ainda a criação da Autoridade Nacional Palestina (ANP), como embrião do futuro Estado. Nos últimos 20 anos, a SHUVSHFWLYD�GRV�³GRLV�(VWDGRV´�JXLD�DV�QHJRFLDo}HV�GH�SD]��1mR�KRXYH��SRUpP�� Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 124 avanços efetivos para uma paz duradoura, por causa das divergências entre as partes. O Hamas, baseado na Faixa de Gaza, e o Hezbollah, baseado no sul do Líbano, são as mais importantes organizações guerrilheiras anti-Israel. Ambas pregam a destruição total do Estado judaico. Gaza, que está submetida por Israel a um bloqueio territorial e econômico, sofreu, em 2014, pela terceira vez em cinco anos, um pesado ataque militar por parte dos israelenses, que causou milhares de mortes e a destruição de boa parte da infraestrutura local. A Cisjordânia se vê cortada por um muro que a separa de Israel, invade seu território e impede a livre circulação de seus habitantes, tratados como potenciais terroristas. 1RV�~OWLPRV����DQRV��HVVD�SHUVSHFWLYD�JHUDO�GRV�³GRLV�(VWDGRV´�p�D�TXH� tem guiado as negociações de paz. Na prática, porém, não houve avanços. Do lado israelense, o atual governo, do primeiro-ministro Benyamin Netanyahu, defende posições que os palestinos consideram inaceitáveis, como a continuidade e a ampliação dos assentamentos israelenses na Cisjordânia. Outra divergência é sobre o status da cidade de Jerusalém. Os palestinos defendem que a parte oriental da cidade, também ocupada pelos israelenses desde 1967, seja a capital de seu futuro Estado. Israel não aceita essa divisão, reivindicando a cidade inteira como a sua própria capital. Ponto de honra para os árabes nas negociações, é o direito ao retorno dos palestinos expulsos de Israel e seus descendentes pelas guerras de 1948 e dos Seis Dias (1967). O governo israelense não aceita sequer debater a sua volta, pois o eventual regresso colocaria em xeque a própria existência de Israel tal como é hoje. Em 2012, a ONU concedeu para a Palestina a condição GH� ³(VWDGR� observador não-PHPEUR´�� 0DLV� GH� ���� (VWDGRV�� LQFOXVLYH� R� %UDVLO�� Mi� reconhecem o Estado da Palestina. O último a reconhecer foi o Vaticano, em junho de 2015. (CESPE/FUB/2015 ± VÁRIOS CARGOS) O Vaticano e a Palestina assinaram um acordo histórico sobre os direitos da Igreja Católica nos territórios palestinos. A preparação do texto por uma comissão bilateral OHYRX�TXLQ]H�DQRV��(PERUD�R�9DWLFDQR�VH�UHILUD�DR�³(VWDGR�GD�3DOHVWLQD´� desde o início de 2013, os palestinos consideram que a assinatura do acordo equivale a um reconhecimento de fato de seu Estado. O Estado de S.Paulo, 27/6/2015, p. A21 (com adaptações). Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 124 Tendo esse fragmento de texto como referência inicial e considerando a amplitude do tema por ele abordado, bem como o contexto geopolítico no qual este se insere, julgue os itens a seguir. As tensões no Oriente Médio se elevaram no pós-Segunda Guerra Mundial, quando, por resolução das Nações Unidas, decidiu-se pela partilha do território conhecido como Palestina,para nele serem criados dois Estados: um judeu e outro, árabe. COMENTÁRIO: Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) dividiu a Palestina histórica em dois Estados ± um para os judeus, com 53% do território, outro para os árabes palestinos, com 47%. Estes últimos rejeitaram o plano. Já na sua criação, Israel se deparou com uma guerra em 1948. Cinco países árabes enviaram tropas para impedir sua fundação, mas Israel estava preparado e tinha o respaldo das principais potências ± EUA e União Soviética. As forças militares do novo Estado não apenas defenderam suas fronteiras originais como empurraram os palestinos para uma área menor do que a que lhes tinha sido destinada. A criação do Estado judeu nunca foi aceita na sua totalidade pelos árabes. Após a sua criação, os conflitos e as tensões se elevaram no Oriente Médio. Na atualidade, grupos armados como o Hezbollah e o Hamas pregam a destruição do Estado de Israel e se envolvem em conflitos frequentes com a nação judaica. Gabarito: Certo 1.5 Turquia A Turquia está localizada entre a Europa e o Oriente Médio, posição que sempre lhe conferiu um papel estratégico e histórico relevante. O país foi o centro irradiador de poder dos impérios Bizantino (330-1453) e Otomano (1281- 1918). O Islamismo é a religião de 99% da população. Alçada à condição de grande potência emergente na última década, a Turquia enfrenta grandes desafios em 2016. O país tem sido alvo de atentados terroristas do Estado Islâmico e dos separatistas curdos; vive a tensão interna entre o secularismo e a islamização; a vizinha Síria está em guerra civil, onde na fronteira atua o Estado Islâmico e abriga milhões de refugiados sírios, que fugiram da guerra civil. As bases da Turquia moderna começaram a ser estabelecidas com a dissolução do Império Otomano, após a derrota na I Guerra Mundial, em 1918. A crise política e econômica do pós-guerra deu origem a um movimento Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 124 nacionalista liderado pelo general Mustafa Kemal, que adotou o codinome de ³$WDWXUN´��RX�³SDL�GRV�WXUFRV´�� Ataturk aboliu o califado islâmico e separou a religião islâmica do Estado. Essa separação é chamada de secularismo. A medida provocou profundas alterações na estrutura social do país. As forças políticas acompanharam a polarização na sociedade e se dividiram entre aqueles que defendiam os valores seculares de Ataturk e os favoráveis a um papel maior da religião islâmica na vida pública. Como guardiões do secularismo, os militares derrubaram sucessivos governantes que tinham um perfil mais religioso, nos anos de 1960, 1971, 1980 e 1997. Esta divisão da sociedade e da política e o histórico papel do exército na defesa do secularismo ajudam a entender a fracassada tentativa de golpe militar de julho de 2016. O atual presidente, Recep Tayyip Erdogan, foi primeiro-ministro entre 2003 e 2014. Com ambições políticas, ele quer mudar a lei, adotando o presidencialismo em substituição ao atual sistema parlamentarista. Por trás dessa iniciativa, está a tentativa de acumular os poderes da chefia de governo, que hoje cabem ao primeiro-ministro. Como presidente, Erdogan vem adotando uma agenda autoritária, retirando poderes do Judiciário, minando a influência dos militares no país e prendendo jornalistas críticos ao seu governo. Paralelamente adotou medidas como a liberação do uso do lenço islâmico em escolas e repartições públicas e a proibição da venda de bebidas alcoólicas à noite. Seus críticos denunciaram a imposição de uma agenda islâmica, enquanto os seus simpatizantes consideraram as medidas como como uma restauração da liberdade de expressão religiosa. Foi nesse contexto que parcela dos militares tentou dar um golpe e depor o presidente em 15 de julho. Segundo os golpistas, a iniciativa era em prol da democracia, da liberdade de expressão e da defesa dos direitos humanos. A tentativa de prender Erdogan fracassou. Atendendo ao seu apelo, a população foi às ruas em defesa do atual governo. Uma parte dos militares não aderiu ao movimento e o golpe de Estado fracassou. Nos dias seguintes, Erdogan tem promovido a prisão e/ou destituição dos cargos de milhares de militares, policiais, juízes, funcionários públicos e reitores de universidades. Após o golpe fracassado, analistas esperam uma dura reação de Erdogan, com um aumento da concentração de poderes. Nos últimos meses, vários bárbaros atentados terroristas foram executados em Istambul e Ancara, atribuídos a dois inimigos do país: o grupo terrorista Estado Islâmico e militantes curdos. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 124 Desde o ano passado, a Turquia é parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos que combate o Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Além de fazer bombardeios aéreos em áreas dominadas pelo grupo extremista, o governo turco permite que os aviões americanos usem suas bases aéreas para atacar alvos na Síria. Os atentados terroristas do Estado Islâmico seriam uma reação ao envolvimento turco nos combate ao grupo. Os curdos, maior etnia do mundo sem pátria, habitam o oeste do país e lutam pela independência do seu território. O principal grupo separatista é o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que iniciou a luta armada em 1984. Com o tempo, passaram a exigir apenas mais autonomia nas regiões onde vivem, e as negociações levaram a um cessar-fogo em 2013. Esse foi rompido em 2015; o governo turco tem atacado alvos dos curdos na Síria, Iraque e Turquia. A Turquia também é uma das principais portas de entrada de imigrantes e refugiados (especialmente sírios) na Europa. Em março de 2016, a União Europeia aprovou um acordo com o governo turco para conter o fluxo de imigrantes ilegais. Pelo acordo, são enviados de volta à Turquia os ilegais que chegam da costa turca à Grécia. Em contrapartida, por cada sírio que seja devolvido à Turquia, outro que esteja em campos turcos será admitido na UE. 2. América Latina Argentina, Venezuela e Peru realizaram eleições recentemente. Após a normalização das relações diplomáticas, Cuba e Estados Unidos prosseguem com ações para uma maior aproximação entre os países. Na Colômbia, o governo e a guerrilha das FARC chegaram a um acordo histórico. Vejamos a seguir: Argentina Maurício Macri é o novo presidente da Argentina. A sua vitória encerrou um período de 12 anos de governo do kirchnerismo, como é conhecido o período em que a Argentina foi governada pelo casal Néstor e Cristina Kirchner. Ambos são peronistas. O novo presidente derrotou no segundo turno, Daniel Scioli, candidato do peronismo e de Cristina Kirchner. Maurício Macri é empresário, ex-prefeito de Buenos Aires, ex-presidente do clube Boca Juniors e líder de uma frente de centro-direita opositora do governo de Cristina Kirchner. Esta é a primeira vez que um líder da direita liberal chega ao poder pelas urnas em eleições livres, sem o apoio de uma ditadura, fraudes ou candidatos proscritos. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 124 Esta é a primeira vitória, desde que se instituiu o voto, em 1916, de um candidato civil que não pertence nem ao partido peronista nem ao radical social- democrata, as duas grandes forças populares, em 100 anos de vida política na Argentina. Na área internacional, sob o governode Macri, a Argentina deve se afastar politicamente de posições políticas defendidas pelos países do grupo bolivariano: Venezuela, Bolívia, Equador, Cuba e Nicarágua. Por outro lado, terá uma maior aproximação com os Estados Unidos e Brasil. Macri também promete uma relação menos turbulenta com o Reino Unido, na discussão da reivindicação argentina de soberania sobre as ilhas Malvinas e negociar a pendência judicial e o pagamento da dívida do país, com fundos internacionais norte-americanos. Esses fundos foram chamados de abutres pela ex-presidente Cristina Kirchner. Tema que gerou grande repercussão no governo de Cristina Kirchner, a dívida externa FRP�RV�³IXQGRV�DEXWUHV´� IRL paga por Macri, tirando o país da moratória, em função do calote da dívida em 2001. Venezuela A Venezuela realizou eleições legislativas, para a Assembleia Nacional, no dia 06 de dezembro. A oposição, reunida na coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), alcançou uma poderosa maioria qualificada de dois terços das cadeiras, revertendo quase duas décadas de domínio dos socialistas (desde 1999, com a primeira eleição de Hugo Chávez) representados pelo presidente Nicolás Maduro. A oposição é formada por partidos conservadores e de centro. O partido governista é o PSUV ± Partido Socialista Unido da Venezuela. O atual governo diz que está realizando uma Revolução Bolivariana (alusão a Simón Bolívar). Hugo Chávez governou a Venezuela por 11 anos, até a sua morte, em 2013. Com este número de deputados, o bloco opositor havia superado a marca de dois terços necessária para grandes mudanças, como criar ou suprimir comissões permanentes, aprovar e modificar leis orgânicas, submeter a referendo tratados internacionais e projetos de lei, remover magistrados do Tribunal Supremo de Justiça, designar os integrantes do Conselho Nacional Eleitoral, aprovar projeto de reforma constitucional e até buscar retirar de maneira antecipada o presidente do poder. Contudo, dias depois da eleição, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), dominado por ministros chavistas, suspendeu a proclamação de três deputados opositores eleitos. A medida deixou a oposição sem a maioria qualificada na Assembleia. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 124 Nos termos do que dispõe a Constituição venezuelana, a oposição articula a realização de um referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro. No final de maio, a Organização dos Estados Americanos (OEA) acionou a chamada Carta Democrática Interamericana contra a Venezuela. Essa é a primeira vez na história que o instrumento é solicitado, o que implica a abertura de um processo que pode levar à suspensão do país daquele organismo regional. A OEA vai decidir se na Venezuela há um processo de grave alteração da ordem constitucional. O país enfrenta uma grave crise econômica, marcada pela alta inflação, recessão e escassez de alimentos. Uma severa seca atinge a Venezuela, afetando a produção de energia elétrica e causando grandes UDFLRQDPHQWRV� H� ³DSDJ}HV´�� (Qtre as medidas adotadas para economizar a energia estão a alteração da hora legal em 30 minutos e a redução dos dias e horários de trabalho em repartições públicas. A crise econômica generalizada afetou os voos de companhias aéreas ao país. A Gol, Latam e Lufthansa suspenderam os voos que operavam com destino à capital, Caracas. Peru Em uma eleição disputada voto a voto, Pedro Pablo Kuczynski venceu Keiko Fujimori, por apertadíssima margem de votos, sendo eleito o novo presidente do Peru. Kuczynski é um economista de orientação liberal e vai suceder o presidente de esquerda Ollanta Humala. Candidata conservadora, Keiko Fujimori é filha de Alberto Fujimori, que foi presidente do Peru por dez anos, de 1990 a 2000. Fujimori encontra-se preso no Peru, condenado por cometer crimes contra os direitos humanos. Cuba Cuba é o único país comunista das Américas. Vive uma crise econômica, com desemprego, queda de renda e racionamento de alimentos. Para enfrentar a crise, o governo decidiu reduzir o papel do Estado e abrir a economia parcialmente para o mercado. Passou a permitir a criação de empresas privadas, a compra e venda de imóveis e automóveis e o arrendamento de terras aos agricultores, que poderão ter lucro. Após a Revolução Cubana de 1959, e desde a adoção do comunismo, em 1962, os EUA mantêm um bloqueio, proibindo o comércio e financiamentos de empresas norte-americanas para os cubanos. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 124 Em uma decisão histórica, Cuba e Estados Unidos anunciaram, em dezembro de 2014, a retomada das relações diplomáticas após mais de 50 anos, mas o embargo comercial à ilha ainda continuará. O fim do bloqueio oficial depende de aprovação pelo Congresso norte-americano. Junto com o anúncio, foram adotadas medidas que iniciam uma aproximação, como a troca de prisioneiros, a redução de restrições a viagens de norte-americanos e a remessas de dinheiro para a ilha. O embargo, porém, se mantém, pois tem de ser revogado pelo Congresso dos EUA. Ele exerce um grande peso sobre a economia cubana, pois sufoca seu comércio exterior. O Vaticano (Papa Francisco) e o Canadá atuaram nos bastidores das negociações para o restabelecimento das relações diplomáticas. Em maio de 2015, Cuba foi retirada da lista norte-americana dos países que apoiam o terrorismo. As relações entre os dois países foram formalmente retomadas com a reabertura das embaixadas de Cuba em Washington e dos EUA em Havana. No entanto, a cerimônia oficial de reabertura da Embaixada dos Estados Unidos em Havana, só ocorreu em agosto de 2015, com a presença de John Kerry, primeiro secretário de Estado norte-americano a visitar Cuba em 70 anos. Em março de 2016, Barack Obama fez uma visita oficial a Cuba, a primeira de um presidente dos Estados Unidos em 88 anos. Antes dele, Calvin Coolidge viajou oficialmente a Cuba, em um navio de guerra, em 1928. Os dois países prosseguem com a adoção gradual de medidas econômicas, que fomentem o intercâmbio entre ambos e o turismo norte-americano em Cuba. O Brasil, por meio do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), financiou a construção do Porto de Mariel, projeto de 1 bilhão de dólares, executado pela construtora brasileira Norberto Odebrecht. A ilha de Cuba fica numa posição privilegiada, na entrada do Golfo do México. O porto foi planejado para receber os maiores cargueiros em operação no mundo, que poderão atravessar o Canal do Panamá após a conclusão de sua ampliação. O projeto do governo cubano é transformar o porto em uma área estratégica de logística mercantil internacional. Para isso, está criando em Mariel uma zona econômica especial, com baixos impostos, semelhante às zonas econômicas especiais da China. Colômbia A Colômbia é um dos destaques econômicos da América Latina, com expansão de 4,4% do PIB em 2014 e 3,1% em 2015. Em junho de 2016, o Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 124 governo colombiano e a maior organização guerrilheira do país, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), anunciaram um cessar-fogo bilateral e definitivo. O acordo encerra mais de 50 anos de conflito armado que deixou mais de 220 mil mortos na Colômbia. As Farc nasceram no dia 27 de maio de 1964 em Marquetalia, região deTolima, onde um grupo de liberais armados tentou frear uma ofensiva do Exército que pretendia acabar com uma comunidade autônoma de camponeses que existia no lugar. As negociações para o cessar-fogo foram realizadas em Havana, Cuba, que além desse país, teve como mediadores a Noruega, Venezuela e Chile. O governo colombiano pretende assinar um acordo de paz ainda em 2016. (VUNESP/CRO SP/2015 ± CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR) Estados Unidos e Cuba vão formalizar, nesta segunda-feira (20 de julho), o restabelecimento de suas relações diplomáticas com a reabertura de embaixadas em Washington e Havana, um passo definitivo que encerra mais de meio século de ruptura e desconfiança. (G1, 19.07.15. Disponível em: <http://goo.gl/ugBqrv>. Adaptado) Entre as pendências na reaproximação dos dois países, está a) a restrição imposta à circulação de diplomatas dos dois países em território estrangeiro. b) o impedimento das remessas de dinheiro entre os dois países. c) a proibição de viagens de cidadãos dos EUA à Cuba. d) o bloqueio econômico imposto pelos EUA à Cuba. e) a suspensão da participação de Cuba nos organismos internacionais como a ONU. COMENTÁRIOS: O principal obstáculo para normalizar as relações entre os dois países é o embargo ou bloqueio econômico, imposto pelos EUA a Cuba, em 1962. O embargo só pode ser revogado pelo Congresso norte-americano, cuja maioria dos parlamentares é contrária. Gabarito: D 3. Coreia do Norte Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 124 A Coreia do Norte, fundada em 1948, é parte da antiga Coreia, nação asiática dividida em duas zonas de ocupação ao final da II Guerra Mundial. De 1950 a 1953, a Guerra da Coreia opôs os norte-coreanos (governados por comunistas e apoiados pela China) à Coreia do Sul (apoiada por tropas da ONU e principalmente pelos EUA). Após a assinatura de uma trégua, a Coreia do Norte foi reconstruída com a ajuda de URSS e China. Desde o início, o regime caracterizou-se pelo culto ao ditador Kim Il Sung, que morreu em 1994. Seu filho, Kim Jong Il, tornou-se então o chefe de Estado, sendo também cultuado. Em 2011, morreu, e foi substituído pelo filho mais novo, Kim Jong Un. Só por essa forma de transmissão de poder, nota-se que o regime norte- coreano mistura elementos em princípio incompatíveis, como o fato de se dizer comunista e ao mesmo tempo adotar uma sucessão dinástica (de pai para filho). Outras características são a forte repressão a opositores e dissidentes e o fato de que o país se mantém isolado, fechado a estrangeiros. Desde que Kim Jong Um chegou ao poder, a imprensa notícia execuções de altos dirigentes do governo e das forças armadas, a seu mando, sob o argumento de conspiração contra o regime e traição. O país preocupa as potências ocidentais por ameaçar usar armas atômicas que desenvolveu e tem testado. O regime norte-coreano deixou o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). De lá até o presente, já fez quatro testes com bombas atômicas e tem dado provas de estar acelerando seu programa nuclear para constituir um arsenal. Desde 2006, ano do primeiro teste, sofre forte pressão internacional e até sanções da ONU. O último teste foi em janeiro de 2016, quando testou uma miniatura de uma bomba de hidrogênio. No mês seguinte, em fevereiro, o país lançou um míssil de longo alcance. O anúncio oficial da TV norte-coreana informou que o foguete colocou um satélite em órbita, mas suspeita-se que a real intenção tenha sido testar tecnologia de mísseis que poderiam transportar armas nucleares. A partir de 2002, pressionada pelas dificuldades econômicas, a Coreia do Norte iniciou mudanças orientadas para o mercado. Seguindo o exemplo da China, o governo criou uma zona industrial especial (Kaesong), na qual empresas da Coreia do Sul empregam trabalhadores norte-coreanos a baixo custo, e uma zona turística especial. No entanto, em represália ao teste do míssil de longo alcance, a Coreia do Sul, ordenou o fechamento e a saída de todos os seus cidadãos que trabalham na zona industrial de Kaesong. Ato contínuo, os norte-coreanos ordenaram a tomada por militares do complexo industrial. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 124 (CESPE/CPRM/2016 ± TÉCNICO EM GEOCIÊNCIAS) Nos últimos tempos, a Coreia do Norte tem chamado a atenção da comunidade internacional e merecido manchetes dos meios de comunicação mundiais. O interesse suscitado por esse pequeno país asiático deve-se, entre outras razões, ao fato de ele A ter substituído o rígido modelo comunista pela economia de mercado. B anunciar testes militares com artefatos poderosos e de grande alcance. C ter-se decidido a atacar a vizinha Coreia do Sul com armas nucleares. D ter, recentemente, enviado tropas para o Oriente Médio em apoio à Rússia. E ser um país democrático cercado por vizinhos submetidos a regimes ditatoriais. COMENTÁRIOS: A Coreia do Norte é um dos países mais fechados do mundo. O regime é comunista, governado com mão de ferro por ditadores que se sucedem de pai para filho. O atual ditador é Kim Jong Un. O país mantém uma retórica beligerante para com a Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos. País pobre, preocupa o mundo, pois está desenvolvendo armas atômicas e fazendo testes militares de grande alcance. Gabarito: B 4. Eleições nos Estados Unidos Em novembro de 2016, os Estados Unidos escolherão o seu novo presidente. O sistema-eleitoral norte-americano é diferente do brasileiro. Nele, os eleitores não votam diretamente no candidato, mas em delegados, esses serão os que vão eleger o presidente. A população escolhe quem vai escolher o seu líder governamental, os FKDPDGRV� ³VXSHUGHOHJDGRV´� �RX� DSHQDV� GHOHJDGRV��� &ada estado tem um número de delegados, que é relativo ao número de habitantes. Quanto mais populoso o Estado, maior o número de delegados. Ao todo, há um número de 538 delegados que fazem parte do Colégio Eleitoral nos Estados Unidos. Para ser eleito, o candidato deve ter o voto de 50% mais um dos delegados (271). Por mais votos populares que o candidato tenha, o mais importante é ter votos do Colégio Eleitoral, pois é ele que escolhe o novo Presidente. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 124 Com 55 delegados, a Califórnia é o Estado que possui o maior número de delegados. Vencer na Califórnia representa conquistar 10% dos votos de todos os delegados do país e uma vantagem para o candidato. Hillary Clinton, mulher de Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, é a candidata do Partido Democrata. Donald Trump, bilionário empresário, é o candidato do Partido Republicano. Na sua campanha, Trump tem proposto a extradição de todos os imigrantes ilegais e promete barrar a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos. Ainda propõe a construção de um muro entre os Estados Unidos e o México para barrar a imigração ilegal e diz que quem vai pagar a construção do muro é o governo mexicano. A sua campanha é acusada de xenofobia, racismo e machismo. Nos Estados Unidos é permitida uma reeleição presidencial, como no Brasil. Barak Obama, atual presidente, está no último ano do seu segundo mandato. Ele é do Partido Democrata. (VUNESP/CRO SP/2015 ± &$5*26� '(� 1Ë9(/� 683(5,25�� ³4XDQGR� R� México envia suas pessoas para os EUA, ele não envia as melhores. Ele envia pessoas com muitos problemas.E elas trazem esses problemas SDUD�Fi��(ODV�WUD]HP�GURJDV��WUD]HP�FULPH��6mR�HVWXSUDGRUHV�´ (UOL, 11.07.15. Disponível em: <http://goo.gl/gvVF8R>. Adaptado) A autoria da frase é de a) Condoleezza Rice, ex-secretária de Estado dos EUA. b) Jeb Bush, pré-candidato à presidência dos EUA. c) Donald Trump, pré-candidato à presidência dos EUA. d) Hillary Clinton, pré-candidata à presidência dos EUA. e) Barack Obama, atual presidente dos EUA. COMENTÁRIOS: O autor da frase é Donald Trump, um dos pré-candidatos do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos. Na sua campanha, ele tem prometido expulsar todos os imigrantes ilegais dos Estados Unidos, construir um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México, proibir a entrada de imigrantes muçulmanos no país, entre outras propostas conservadoras, xenófobas e machistas. Gabarito: A 5. Os separatismos na Europa Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 124 A Escócia realizou, em setembro de 2015, plebiscito para decidir se permanecia ou tornava-se independente do Reino Unido. 55% dos eleitores votaram contra a separação, ou seja, a maioria decidiu que a Escócia deve continuar fazendo parte do Reino Unido. Analistas avaliam que o referendo escocês, reacendeu o debate sobre soberania na Europa, dando força a movimentos separatistas até então sufocados em alguns países. É o caso da Catalunha, importante região autônoma da Espanha, onde além do espanhol, o catalão também é idioma oficial. A sua capital é Barcelona. Os grupos que defendem a independência da Espanha são maioria no parlamento regional. O presidente da Catalunha, Artur Mas, também é separatista. Em um plebiscito informal, realizado em novembro de 2014, 80% dos eleitores da região votaram pela separação catalã da Espanha. O plebiscito foi considerado inconstitucional pela Justiça espanhola e realizado sob forte oposição do governo de Madri. Já em novembro de 2015, o parlamento regional aprovou uma resolução para iniciar o processo de separação da Espanha. A declaração, que partidos pró-independência na região esperam que possa levar à separação da Espanha em 18 meses, foi apoiada pela maioria no parlamento regional. O governo espanhol considera ilegal o desejo separatista da Catalunha. A Constituição espanhola não permite separação das regiões. O sentimento separatista aumentou durante a crise econômica espanhola, que levou o desemprego aos dois dígitos. Há temores crescentes que a articulação territorial da Espanha possa afetar a confiança dos mercados e a recuperação do país. Na Itália, a população da região do Vêneto (Veneza) aprovou, em votação online realizada em março de 2015, a independência em relação a Roma. Embora o pleito não tenha valor legal, o resultado surpreendeu: 89% dos ouvidos votaram pela separação. O resultado dá forças ao grupo separatista ³/LJD� 9HQHWD´�� TXH� SUHWHQGH� DSUHVHQWDU� DR� JRYHUQR� LWDOLDQR� XP� SUojeto de independência da região. Já na Bélgica, os nacionalistas flamengos querem a separação da rica região de Flandres, em que se fala o neerlandês, da menos rica Valônia, onde se fala o francês. As raízes do separatismo flamengo remontam as origens da formação da Bélgica como país. Se as aspirações dos separatistas flamengos se concretizarem, a Bélgica pode desaparecer por completo do mapa do mundo. Embora os argumentos econômicos tenham importância central no debate separatista, no cerne do desejo de independência estão as raízes culturais, étnicas e históricas e um sentimento de identidade nacional. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 124 Por mais legítimo que possa parecer o direito de uma maioria decidir seu alinhamento político, de acordo com seu senso de identidade, a prerrogativa de autodeterminação é limitada no direito internacional. Há um consenso de que isso só pode ocorrer dentro de um processo democrático, transparente e aceito pelo governo central, como aconteceu com o referendo escocês. A realização do pleito foi decidida em 2012, depois de uma longa negociação entre o parlamento escocês e o britânico. 6. Segurança Internacional A permeabilidade das fronteiras, as modificações operadas pela globalização e a porosidade das relações entre economia internacional e Estado nacional geraram novos desafios para a defesa e a segurança do Estado. Fatores que são apresentados como impulsionadores do declínio do Estado e da soberania, como o terrorismo internacional, o crime organizado, o narcotráfico e a ameaça de espionagem, são igualmente responsáveis pela ampliação e expansão de estruturas de inteligência sob comando estatal em quase todo o mundo. O Terrorismo O terrorismo é uso de violência física ou psicológica, através de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, alargando-se para a população do território. O terrorismo de Estado consiste em um regime de violência instaurado por um governo, em que o grupo político que detém o poder se utiliza do terror como instrumento de governabilidade. Caracteriza-se pelo uso da máquina de repressão do Estado como organização criminosa, restringindo os direitos humanos e as liberdades individuais. Na segunda metade do século XX, em muitos países da América Latina, chegaram ao poder ditaduras militares que estabeleceram regimes de exceção com restrições democráticas aos direitos humanos e às liberdades individuais. Contra esses regimes, levantaram-se oposições civis e grupos armados. Como método de dissuasão e combate às oposições, os regimes autoritários muitas vezes se utilizaram do terrorismo de Estado. Alguns especialistas apresentam como exemplo de terrorismo de Estado, a atuação do DOPS durante a ditadura militar brasileira, cuja tortura e acúmulo sistemático de informações sobre cidadãos considerados suspeitos de subversão potencializou um processo de terror. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 124 Por outro lado, a segunda metade do século XX também foi pródiga no surgimento e atuação de grupos guerrilheiros e terroristas na América Latina que se utilizavam de métodos violentos para o enfrentamento aos governos que se opunham. Na sua ação, muitos se utilizaram de atos terroristas como sequestros, assassinatos e atentados à bomba. Historicamente, atos que seriam tidos como terroristas foram considerados heroicos quando associados à luta contra a opressão ou pela libertação nacional. É o caso da Resistência Francesa, que lutou contra a ocupação nazista na II Guerra Mundial (1939-1945). $�UHWyULFD�GD�³JXHUUD�DR�WHUURU´�GR�H[-presidente norte-americano George W. Bush levou muitos a associarem o terrorismo ao islamismo. Na verdade, há grupos fundamentalistas em todas as religiões. São os que enxergam nos textos sagrados de sua crença a orientação para a organização do Estado e da sociedade. É uma posição que recusa a democracia e se opõe à perspectiva adotada pela Revolução Francesa (1789) de separação entre religião e Estado. O terrorismo islâmico é uma forma de terrorismo religioso cometido por extremistas islâmicos. Fundamenta-se numa leitura dogmática e literal de trechos do Alcorão, o livro sagrado do Islã. São grupos armados que não contam como apoio e a adesão da maioria da população islâmica. É um erro associar mecanicamente o Islã ao fenômeno do terror político contemporâneo. O crime organizado Crime organizado é toda organização cujas atividades são destinadas a obter poder e lucro, transgredindo a lei das autoridades locais. Entre as formas de sustento do crime organizado encontram-se o tráfico de drogas, os jogos de azar e a compra de "proteção", como acontece com a Máfia italiana. Em cada país, as facções do crime organizado costumam receber um nome próprio. Assim, costuma-se chamar de Máfia ao crime organizado italiano e ítalo- americano; Tríade ao chinês; Yakuza ao japonês; Cartel ao colombiano e mexicano e Bratva ao russo e ucraniano. A versão brasileira mais próxima disso são os Comandos, facções criminosas sustentadas pelo tráfico de drogas e sequestros. Seja qual for a atividade à qual o crime organizado se dedique, este sempre enfrentará, além do combate das forças policiais de sua região de atuação, a oposição de outras facções ilegais. Para manter suas ações ilícitas, os membros de organizações criminosas armam-se pesadamente, logo pode-se dizer que as armas ± e os assassinatos ± são o sustentáculo do crime organizado. Após o fim da Guerra Fria e a queda do comunismo, o crime organizado se reconfigurou em nível internacional. As grandes organizações criminosas se Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 124 diversificaram, algumas se uniram ou passaram a atuar em parceria. A globalização e o uso da moderna tecnologia e telecomunicações expandiram e enriqueceram tremendamente o crime organizado internacional. De acordo com dados do Escritório da ONU contra Drogas e Crimes, o comércio ilegal do crime organizado registra ganhos anuais de mais de US$ 2 trilhões. O número é alto, porém é apenas uma estimativa dada a natureza ilegal do que está sendo analisado. Este número equivale a cerca de 3,6% de tudo o que se produz e é consumido no planeta em um ano. O último relatório do Fórum Econômico Mundial fez uma estimativa menor - mais de US$ 1 trilhão - com base em uma pesquisa de 2011 feita pelo Global Financial Integrity (GFI), um centro de estudos de Washington. O GFI elaborou seu relatório a partir de 12 atividades ilegais e as cinco primeiras são estas. 1º Narcotráfico: US$ 320 bilhões 2º Falsificação: US$ 250 bilhões 3º Tráfico humano: US$ 31,6 bilhões 4º Tráfico ilegal de petróleo: US$ 10,8 bilhões 5º Tráfico de vida selvagem: US$ 10 bilhões Se juntarmos a estas cifras os ganhos com outras atividades criminosas (desde o tráfico de órgãos até a venda de obras de arte) a soma chega a US$ 650 bilhões. E se levarmos em conta que a maioria das transações são feitas em dinheiro vivo, a lavagem de dinheiro se transforma em um grande negócio que explica a soma total de mais de US$ 1 trilhão citada pelo Fórum Econômico Mundial. Interpol A Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) é uma organização internacional que ajuda na cooperação de polícias de diferentes países. Sua sede é em Lyon, na França e tem a participação de 188 países membros. A Polícia Federal é a representante brasileira da Interpol. A Interpol não se envolve na investigação de crimes que não envolvam vários países membros ou crimes políticos, religiosos e raciais. Trata-se de uma central de informações para que as polícias de todo o mundo possam trabalhar integradas no combate ao crime internacional, o tráfico de drogas e os contrabandos. Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 124 (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/2015 ± AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL) Cássio, promotor de justiça, comprou pela Internet e recebeu por SEDEX dois novos tipos de drogas, maconha sintética e pentedrona. As drogas, encomendadas como parte de uma investigação sobre o tráfico na Internet, foram entregues no gabinete do promotor, no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, maior complexo judiciário da América Latina. A encomenda foi postada em Fortaleza ± CE, embora o sítio estivesse hospedado nos Estados Unidos da América (EUA). Folha de S.Paulo, 26/10/2014, p. C1 (com adaptações). Tendo o fragmento de texto acima como referência inicial e considerando a relevância do tema por ele tratado no mundo contemporâneo, julgue o item seguinte. O episódio narrado no texto remete ao fato de que as facilidades introduzidas pelas inovações tecnológicas não são apropriadas apenas pelo sistema produtivo, por instituições diversas ou pelas pessoas comuns, mas também o são pela extensa rede do crime organizado que atua em escala global. COMENTÁRIOS: O episódio narrado já traz a resposta da questão como correta. Um promotor comprou drogas pela internet, portanto utilizou uma inovação tecnológica que se popularizou há poucas décadas. O site onde o promotor fez a compra está hospedado em outro país, nos Estados Unidos. Mas o despacho da mercadoria não foi de algum lugar ou cidade daquele país, foi de uma cidade brasileira ± Fortaleza, no Ceará. É uma demonstração de que o crime organizado atua em escala internacional e faz uso das inovações tecnológicas. A organização e a atuação do crime organizado acompanham a globalização, os criminosos passaram a atuar em rede e fazem uso das modernas tecnologias de comunicações e eletro/eletrônicas. Gabarito: Certo 7. Organizações Internacionais ONU Mundo Contemporâneo para o Senado Federal ʹ Polícia Legislativa Prof. Leandro Signori Prof. Leandro Signori www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 124 A Organização das Nações Unidas (ONU) tem como objetivo manter a paz, defender os direitos humanos e as liberdades fundamentais e promover o desenvolvimento dos países. Surge após a II Guerra Mundial, em substituição à antiga Liga das Nações. A organização é constituída por várias instâncias, que giram em torno do Conselho de Segurança e da Assembleia-Geral. A ONU atua em diversos conflitos por meio de suas forças internacionais de paz. A partir da ONU, foram criadas agências especializadas em temas que requerem coordenação global. As agências são autônomas. Além do Banco Mundial e do FMI na área econômica, e da UNESCO, na de educação, algumas das mais conhecidas são: Organização para a Agricultura e a Alimentação (FAO), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização Mundial da Saúde (OMS). O Conselho de Segurança (CS) é considerado o centro do poder político mundial. A criação da ONU foi arquitetada pelas potências que emergiram com o fim da II Guerra Mundial: Estados Unidos, França, Reino Unido, a antiga União Soviética (atualmente a Rússia) e pela China. Esses países desenharam a distribuição do poder na ONU e até hoje são os únicos membros permanentes do CS. O CS é o órgão que toma as decisões mais importantes sobre segurança mundial. Tem poder para deliberar sobre o envio de missões de paz para áreas em conflito, definir sanções econômicas ou a intervenção militar num país. Além dos cinco membros permanentes, outras dez nações participam do CS como membros rotativos (que se revezam a cada dois anos). Todos participam das discussões, mas apenas os membros permanentes têm poder de veto. O Brasil já esteve por dez vezes como membro rotativo, mas atualmente não integra o CS. A estrutura do CS estava em harmonia com a correlação de forças do período da Guerra Fria (1945-1991), quando o mundo permaneceu dividido entre os blocos comunista e capitalista.
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