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Manual Água Conservação, Uso Racional e Reúso - Texto final para internet

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MANUAL “ÁGUA – CONSERVAÇÃO, USO RACIONAL E 
REÚSO” 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília, 2009 
 
 2 
Manual “água – conservação, uso racional e reuso” 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
Luiz Inácio Lula da Silva – Presidente do Brasil 
José Alencar Gomes da Silva – Vice-Presidente 
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 
Carlos Minc – Ministro do Meio Ambiente 
Egon Krakheke – Secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável - SEDR 
Marcos Dal Fabbro – Chefe de Gabinete 
Paulo Guilherme Cabral – Diretor do Departamento Rural Sustentável 
ASSOCIAÇÃO NOVO ENCANTO DE DESENVOLVIMENTO ECOLOGICO 
Presidente de Honra – Raimundo Monteiro de Souza 
Gestão 2006/março 2009: 
Flavio Gordon – Presidente da Diretoria Nacional 
Giancarlo Nuti Stefanuto – 1° Vice-Presidente 
José Roberto da Silva Barbosa – 2° Vice-Presidente 
Patricia Lúcia Cantuária Marin – 3° Vice-Presidente 
Claudio Plaza Pinto – 4° Vice-Presidente 
Gestão março 2009/2012: 
Genis Garcia Pereira Junior – Presidente 
Hamilton Viroli – 1º Vice-Presidente - José Roberto da Silva Barbosa – 2º Vice-Presidente - Jander 
Gonçalves Vieira – 3º Vice-Presidente - Flavio Gut – 4º Vice-Presidente 
ELABORAÇÃO - Alfredo Eduardo Anastácio de Paula – Especialista em Desenvolvimento Sustentável e 
Direito Ambiental – Coordenador da 5ª Edição DF – Festival Àgua no 3º Milênio - Associação Novo Encanto 
de Desenvolvimento Ecológico 
SUPERVISÃO TÉCNICA 
Carcius Azevedo dos Santos - Coordenador do Projeto GESTAR/SEDR – Luciano de Assis - Coordenador do 
Grupo de Projetos da Associação Novo Encanto - Gestão 2006/2009 – Maria do Carmo Zinato – M.Sc. 
Planejamento Urbano e Rural 
REVISÃO - Ivanir de Oliveira – CAPA - Alfredo Eduardo Anastácio – Salto do Itiquira – Formosa/GO 
 
 
 
P3249m Paula, Alfredo Eduardo Anastácio de 
 Manual “água – conservação, uso racional e reuso” / 
 Alfredo Eduardo Anastácio de Paula; Associação Novo 
 Encanto de Desenvolvimento Ecológico. -- Brasília: MMA, 
 2009. 
 73 p. 
 
 Parceria com o projeto “Gestão Ambiental Rural em 
Assentamentos Humanos Situados em Bacias Hidrográficas do 
Brasil” – Projeto Gestar-SEDR/MMA. 
 
 1. Água. 2. Racionamento de Água. 3. Preservação 
 Ambiental. 4. Educação Ambiental. I. Título. 
 
 CDU 628.17 
 Ficha Catalográfica elaborada pela equipe da Biblioteca Graciliano Ramos – ENAP 
 3 
PREFÁCIO 
 
“O sintoma mais doloroso, já constatado há décadas por sérios analistas e pensadores 
contemporâneos, é um difuso mal-estar da civilização. Aparece sob o fenômeno do descuido, 
do descaso e do abandono, numa palavra, da falta de cuidado. 
(...) o que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma 
atitude. Portanto abrange mais que um momento de atenção, de zelo e desvelo. Representa uma 
atitude de ocupação, de preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o 
outro.” (Leonardo Boff –Saber Cuidar) 
 
Este Manual “Água – Conservação, Uso Racional e Reúso”, que tenho o 
privilégio de apresentar, vem numa linha de mais atenção com o planeta que é a nossa casa, 
e mais cuidado com os meios naturais que nos são dados de forma generosa pela Natureza. 
Um destes meios, dos mais essenciais, é a água, que para alguns parece ser infinita, mas 
que na realidade é finita e existe na mesma quantidade desde o início dos tempos. 
E onde há água, há Vida. No mais distante e longínquo deserto deste planeta, se 
houver uma minúscula gota de água, ali há Vida. A água é Vida. 
Com o objetivo de colaborar para a preservação desse meio natural, tão importante 
para toda a Vida, a Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico apresenta o 
presente trabalho, fruto da parceria com o Projeto “Gestão Ambiental Rural em 
Assentamentos Humanos Situados em Bacias Hidrográficas do Brasil” - Projeto 
GESTAR-SEDR/MMA. 
Conforme se vê das referências, este não se trata de um trabalho inédito ou 
exclusivo, mas um compêndio de conhecimento agrupado para ser colocado em prática por 
todos aqueles que buscam o cuidar como eixo e linha de Vida. O cuidar implica em prática 
e é isto que a Novo Encanto e o Projeto GESTAR-SEDR/MMA propõem. 
Este Manual, elaborado pelo zootecnista e advogado, especialista em 
Desenvolvimento Sustentável e Direito Ambiental, Alfredo Eduardo Anastácio de Paula, 
por sua densidade e abrangência é, na realidade, um livro, um compêndio; foi proposto, 
junto com outros, no II Encontro de Ambientalistas organizado pela Novo Encanto, 
realizado em Campinas-SP, em novembro de 2006. Ele vem na esteira de um dos princípios 
contidos na Carta de Princípios da Associação Novo Encanto - www.novoencanto.gov.br, 
que é... “combinar a implantação de projetos de conservação do meio ambiente com 
atividades de conscientização de um número cada vez maior de pessoas quanto à seriedade 
da crise em que estamos vivendo, assim como os caminhos de sua superação”. 
Então, em nome da Novo Encanto, expresso minha gratidão a todos que 
participaram da elaboração deste Manual. Esperamos que possa auxiliar a todos que, em 
diferentes lugares do planeta, estejam alinhados neste sentido, conforme a Carta de 
Princípios ... “o de tecer novamente os fios que nos religam à Natureza, aos nossos 
semelhantes e a nós mesmos.” 
Campinas, 1° de maio de 2008. 
 
 
Flavio Gordon 
Presidente 
 4 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 07 
CAPÍTULO 1 - Da Necessidade de Conservação e Uso Racional da Água 09 
 1.1. A Terra...Planeta Água 09 
 1.2. A Água na Natureza 10 
 1.3. A Água no Brasil 11 
CAPÍTULO 2 - Conservação e Uso Racional da Água 12 
 2.1. Conservação da Água 12 
 2.1.1. Programa de Conservação de Água – PCA 12 
 2.1.2. Sugestões para a Redução do Desperdício de Água 18 
 2.2. Uso Racional e Economia de Água – Boas Práticas – Ambientes Urbano e Rural 19 
 2.2.1. Sugestões CAESB para Economia de Água 20 
 2.2.2. Boas Práticas para Economia e Uso Racional da Água Recomendadas 
 pela Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério 
 do Meio Ambiente 21 
 2.3. Boas Práticas para Conservação e Uso Racional da Água em Áreas Rurais 27 
 2.3.1. Conservação e Recuperação de Nascentes 30 
 2.3.1.1. Proteja as Nascentes 30 
 2.3.1.2. Passos para Recuperação de Nascentes32 
CAPÍTULO 3 - Reúso de Água 35 
 3.1. Tipos de Reúso de Água 38 
 3.2. Padrões de Qualidade da Água para Reúso e Exigências Mínimas para Uso da 
 Água Não-Potável 38 
 3.3. Fontes Alternativas de Água 41 
 3.3.1. Água Cinza 41 
 3.3.2. Água Pluvial 43 
CAPÍTULO 4 - Aproveitamento da Água da Chuva 44 
 4.1. Construção de Reservatórios para Captação de Água da Chuva 46 
 4.1.1. Modelo de Reservatório de Ferro-cimento 48 
 4.2. Métodos de Captação de Água de Chuva “in situ” para Localidades 
 Rurais Localizadas na Região do Semi-árido Brasileiro 49 
 4.2.1. Sistema Guimarães Duque 50 
CONCLUSÃO 51 
GLOSSÁRIO 52 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58 
ANEXOS 61 
ANEXO I - Fabricação de Sabão a Partir de Óleo de Cozinha Usado 62 
ANEXO II - Construção de Reservatório para Captação de Água da Chuva Modelo 
 Ferrocimento – Capacidade para 20.000 litros 65 
 
 
 
 5 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Distribuição da água, da superfície e da população 11 
Figura 2 - Distribuição do consumo de água em unidade residencial unifamiliar 14 
Figura 3 - Planta geral - Barraginhas - Município de Sete Lagoas-MG 29 
Figura 4 - Sistema de pré-limpeza para cisternas, composto de “T” de pvc, tampa do 
 reservatório, bóia de nível, haste de ferro de 9,5 mm e tanque coletor 48 
Figura 5 - Construção de reservatório para captação de água da chuva em área rural de 
 Brasília/DF - modelo ferrocimento 49 
Figura 6 - Representação do sistema de captação de água de chuva "in situ" Guimarães 
 Duque 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Distribuição da água doce no mundo e no Brasil 09 
Tabela 2 - Consumo doméstico de água por atividade 14 
Tabela 3 - Defeitos/falhas dos aparelhos sanitários e intervenções necessárias 19 
Tabela 4 - Consumo Médio de Água pelos Animais 30 
Tabela 5 - Características físicas, químicas e bacteriológicas da água cinza originada 
 em edifício residencial 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO 
 
O presente estudo procura reunir e compilar informações importantes e práticas, 
lançadas por várias instituições, públicas e não públicas, com as fontes devidamente 
citadas. A idéia de lançamento deste manual surgiu da necessidade de conscientização das 
pessoas sobre a importância da promoção de campanhas de economia de água, divulgando 
o caráter finito deste elemento fundamental. Outra motivação é divulgar formas de reúso e 
aproveitamento de água da chuva, apresentando sugestões práticas para a utilização 
racional e a conservação desse precioso líquido, que mantém a vida no planeta. 
 
No Capítulo 1, encontram-se informações sobre a quantidade de água doce 
disponível no planeta, no Brasil e nas diversas regiões geográficas do País. Há ainda dados 
sobre o ciclo hidrológico, evidenciando que o consumo atual vai muito além do ritmo que a 
natureza necessita para repor o que é utilizado. O texto expõe ainda os motivos que tornam 
urgente uma maior conscientização de cada um de nós - da sociedade e dos governantes, 
nos níveis federal, estadual e municipal – de que todos somos responsáveis pelo consumo 
racional da água. 
 
 É justamente desse consumo racional e da conservação da água que trata o Capítulo 
2, trazendo informações e dicas práticas sobre como viabilizar a instalação de mecanismos 
e sistemas, bem como adotar hábitos que ajudam a evitar desperdícios e gastos 
desnecessários, para que tanto as gerações atuais quanto as futuras possam continuar 
usufruindo de água de boa qualidade e em quantidade suficiente para a sobrevivência digna 
de cada ser humano. O leitor irá encontrar uma série de itens de fácil implementação em 
residências, empresas, escolas e municípios, bem como no meio rural. Ainda, neste 
capítulo, são apresentadas relevantes informações a respeito das nascentes, bem como 
sugestões práticas e de fácil implementação para sua conservação e, quando for o caso, 
recuperação. 
 
O Capítulo 3 traz informações importantes e esclarecedoras sobre o reúso de água, 
isto é, a utilização de água reciclada. Essa água de reúso pode ser tratada ou não, ficando 
claro que as chamadas águas de qualidade inferior não são potáveis, ou seja, não são 
adequadas para o consumo humano, e, sempre que possível, devem ser utilizadas para usos 
menos nobres, como irrigação paisagística, combate ao fogo, descarga de vasos sanitários, 
sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos, de quintais e calçadas, dentre outros. 
 
No Capítulo 4, são disponibilizadas informações sobre como é possível obter, na 
prática, o aproveitamento de água da chuva. Este assunto, por sua importância na 
conservação de água, além de outros benefícios como educação ambiental, redução do 
escoamento superficial e a conseqüente redução da carga nos sistemas urbanos de coleta de 
águas pluviais e o amortecimento dos picos de enchentes, contribuindo para a redução de 
inundações, vem recebendo atenção cada vez mais crescente. 
 
 
 
 8 
 Por fim, este Manual não poderia deixar de reforçar a importância da educação, 
particularmente a ambiental, principalmente junto às crianças e jovens. Na fase de 
formação, a chance de internalizar o aprendizado é maior, fazendo com que as novas 
gerações desenvolvam boas práticas de utilização da água, servindo de exemplo e estímulo 
para pessoas de todas as idades. 
 
 Em Anexos, fechando o presente trabalho, podem ser encontrados:I - Receitas de sabão a partir de óleo de cozinha usado; 
 II - Procedimentos e passos para construção de reservatório para captação e 
 armazenamento de água da chuva, modelo ferro-cimento. 
 
 
 
CARCIUS AZEVEDO DOS SANTOS 
Coordenador do Projeto Gestar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
CAPÍTULO 1 
DA NECESSIDADE DE CONSERVAÇÃO E USO RACIONAL DA ÁGUA1 
1.1 - A TERRA...PLANETA ÁGUA 
 
A Hidrosfera - parte do planeta composta de toda a água líquida ou sólida - cobre 
70% do Planeta, de modo que este é composto, em sua maioria, por água. Apesar de todo 
esse imenso volume, desse total, 97% estão na forma de mares e oceanos, imprópria para o 
consumo humano ou para ser utilizada nas indústrias. Entre as águas doces, 2,7% 
encontram-se na forma de geleiras, vapor de água e águas subterrâneas. Assim, verifica-se 
que apenas 0,3% do volume total de água do Planeta podem ser aproveitados para o 
consumo humano, sendo 0,01% encontrado em fontes de superfície (rios e lagos) e o 
restante, ou seja, 0,29%, em fontes subterrâneas (poços e nascentes)2. 
 
A água subterrânea, também conhecida como aqüífero (áreas onde se acumulam as 
águas subterrâneas), vem sendo acumulada no subsolo há séculos e somente uma pequena 
fração é acrescentada anualmente pelas chuvas ou retirada pelo homem. Sua extração é 
possível mediante a construção de poços, porém a um custo muito alto. 
 
Assim, as águas doces dos rios, lagos e chuvas representam menos de 1% do total de 
água doce do planeta, sendo esta a água utilizada pelo homem e que mantém a vida dos 
seres humanos, das plantas e dos animais. 
 
Coincidentemente...ou não, a maior parte do corpo humano (70%) é composta por 
água, que é o maior elemento em quantidade nas células e no sangue dos animais, como 
também na seiva das plantas. Proporcionalmente, portanto, a Terra e o corpo humano 
possuem a mesma quantidade de água. 
 
 Tabela 1 – Distribuição da água doce no mundo e no Brasil 
 
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA DOCE NO MUNDO E NO BRASIL 
POR CONTINENTE NO CONTINENTE AMERICANO 
África 15,0% América do Norte 32,2% 
América 39,6% 
Ásia 31,8% América Central 6,5% 
Europa 15,0% 
Oceania 9,7% América do Sul 61,3% 
BRASIL 13,7% BRASIL 34,9% 
 Fonte:UNESCO 
 
 
1
 ANASTÁCIO, Alfredo Eduardo. Co-Autor: Izabel Zaneti. Política Nacional de Recursos Hídricos – Análise 
dos Limites da Competência da Agência Nacional de Águas (ANA) com Enfoque na Formulação de Políticas 
Públicas. Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Lumen Juris Editora. Rio de Janeiro, 
2008:314/315, com adaptações. 
2
 Funasa – Fundação Nacional de Saúde/Ministério da Saúde – Manual de Saneamento. Brasília, 2004:39. 
 10 
Vê-se que, além da água doce disponível no mundo ser uma quantidade mínima em 
relação à Hidrosfera, a distribuição da mesma, não apenas por continente e por país, mas 
também dentro de um mesmo país, é extremamente desigual. Apenas nove países detêm 
cerca de 60% das fontes renováveis de água doce do globo terrestre, dentre os quais o 
Brasil se coloca em primeiro lugar. 
 
Além dos rios, as águas subterrâneas têm sido poluídas e utilizadas além das suas 
capacidades naturais de recuperação. 
 
Aproximadamente um terço da população mundial vive em países que sofrem de 
estresse hídrico, sendo o consumo de água superior a 10% dos recursos renováveis de água 
doce. A projeção para o ano de 2020 é que o uso de água irá aumentar em 40%, o que 
tornará necessário um adicional de 17% para a produção de alimentos, de modo a satisfazer 
o nível da população em crescimento (PNUMA 2002). Ademais, mais de meio bilhão de 
habitantes vivem em regiões com seca crônica, sendo que, para o ano de 2025, essas 
projeções são de 2,4 a 3,4 bilhões de habitantes (ENGELMAN e outros 2002 e HALWEIL 
2002 citados por BRIGHT 2003)3. 
 
1.2 - A ÁGUA NA NATUREZA 
 
Desde a formação do planeta Terra, a quantidade de água é a mesma, não muda. Isso 
se deve ao fato dela estar sempre circulando, se transformando, indo de um lado para o 
outro, para cima e para baixo, se infiltrando na terra e brotando em forma de nascentes, 
lagos, rios...desaguando nos mares4. Esse movimento contínuo da água no planeta, ou seja, 
o movimento da água entre os continentes, os oceanos e a atmosfera é chamado de ciclo 
hidrológico, um retrato dos vários caminhos da água em interação com os demais recursos 
naturais. 
 
De forma simplificada, pode-se dizer que a água dos lagos, rios, oceanos, vegetação, 
animais e solo evapora-se. O vapor de água se move na atmosfera - o que constitui 
importante componente do ciclo hidrológico visto que, através dele, grande quantidade de 
água, na forma de vapor, é levada de uma região para outra - podendo vir a se concentrar na 
forma de nuvens. A água das nuvens pode se precipitar, na forma de chuvas, se dispersando 
de várias formas, ficando a maior parte temporariamente retida no solo próximo de onde 
caiu, retornando posteriormente à atmosfera na forma de vapor d’água; uma parte da água 
restante escoa pela superfície do solo ou através deste para os rios, enquanto outra parte 
penetra no solo, suprindo o lençol d’água subterrâneo5. As principais fontes de vapor 
d’água na superfície da Terra, suprindo a atmosfera mediante o processo de evaporação, 
são os oceanos e os grandes reservatórios de água. 
 
 
 
3
 GENERINO, Regina Coeli Montenegro. Contribuição da abordagem multicritério na seleção de alternativas 
de reúso de água: aplicação em um caso de irrigação agrícola e paisagística no Distrito Federal. Tese de 
Doutorado – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo - USP. São Paulo, 2006. 
4
 Água – A Essência da Vida. Projeto GESTAR – Ariranha/SC. Publicação da Secretaria de Extrativismo e 
Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente – SEDR/MMA, 2003. 
5
 Ana (2004), material de divulgação.
 
 11 
1.3 - A ÁGUA NO BRASIL 
 
Com uma área de 8.512.000 km² e cerca de 183.511.802 habitantes (IBGE, 2005)6, o 
Brasil é hoje o quinto país do mundo, tanto em extensão territorial como em população. 
Com dimensões continentais, os contrastes existentes quanto ao clima, distribuição da 
população, desenvolvimento econômico e social, entre outros fatores, fazem com que o país 
apresente variados cenários. 
 
 Apesar dos contrastes, o Brasil é um país privilegiado ante a maioria dos países 
quanto ao volume de recursos hídricos, pois possui 13,7% da água doce do mundo. Sua 
disponibilidade, porém, é desigual. Em torno de 68,5% da água doce disponível no País se 
encontra na Bacia Amazônica, que é habitada por menos de 5% da população. Portanto, 
considerando-se dados do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC
7
, 31,5% 
dos recursos hídricos brasileiros estão disponíveis para 95% da população brasileira. 
 
 Figura 1 – Distribuição da água, da superfície e da população 
68,5
15,7
6,5 6 3,3
45,3
18,8
6,8
10,8
18,3
6,98 6,41
15,5
42,65
28,91
0
20
40
60
80
Norte Centro Oeste Sul Sudeste Nordeste
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA, DA SUPERFÍCIE E 
DA POPULAÇÃO (em % do total do País)
Rec. Hídrico Superfície População
 
 Fonte: Consumo Sustentável: 2002. IDEC/MMA 
 
Assim, caso não haja adequada gestão dos recursos hídricos disponíveis, dentro do 
modelode desenvolvimento sustentável - sendo a água um dos fatores condicionantes do 
desenvolvimento econômico regional e nacional, fazendo parte de diferentes etapas dos 
mais diversos processos produtivos -, estarão comprometidos não só os desenvolvimentos 
econômico e social como também a própria vida no País e no Planeta, razão pela qual o ex-
senador Bernardo Cabral profetizou, em 1997, que “a água é o ouro do século XXI”. 
 
 
 
6
 Estimativas da População no dia 21/4/2005 às 14 hs 11 min. - 
http://www.ibge.gov.br/home/disseminacao/online/ popclock/popclock.php. 
7
 Consumo Sustentável: Manual de Educação - Parceria IDEC/MMA. Instituto Brasileiro de Defesa do 
Consumidor - IDEC, 2002. 
 12 
CAPÍTULO 2 
CONSERVAÇÃO E USO RACIONAL DA ÁGUA 
 
Na definição constante do Glossário de Termos Hidrológicos, da Agência Nacional 
de Águas – ANA, o termo conservação da água significa “providências tomadas para 
economizar a quantidade de água utilizada para qualquer finalidade ou para protegê-la 
contra a poluição; preservação eficaz e econômica, desenvolvimento e utilização racional 
dos recursos hídricos (ABID, 1978)”. 
 Já na definição contida no Glossário Ambientebrasil8, o termo conservação 
significa, em sentido amplo, “o conjunto de atividades e políticas que asseguram a contínua 
disponibilidade e existência de um recurso; ação de reunir atividades de preservação, 
manutenção, utilização sustentada, restauração e melhoria do meio ambiente, de forma a 
produzir o maior benefício sustentado para as gerações atuais e, ao mesmo tempo, manter 
sua potencialidade para satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras e a 
sobrevivência das espécies vegetais e animais e de seu ambiente natural”. 
Assim, pode-se entender conservação da água como qualquer ação que: reduza a 
quantidade de água extraída em fontes de suprimento; reduza o consumo de água; reduza o 
desperdício de água; aumente a eficiência do uso de água; e aumente a reciclagem e o reúso 
de água. 
O Município de Curitiba, no Estado do Paraná, editou a Lei municipal nº 10.785, de 
18 de setembro de 2003, que “cria no Município de Curitiba o Programa de Conservação e 
Uso Racional da Água nas Edificações – PURAE”. Referido Programa tem como objetivo 
instituir medidas que induzam à conservação, uso racional e utilização de fontes 
alternativas para captação de água nas novas edificações, bem como a conscientização dos 
usuários sobre a importância da conservação da água. A referida lei ainda define 
Conservação e Uso Racional da Água como sendo o “conjunto de ações que propiciam a 
economia de água e o combate ao desperdício quantitativo nas edificações”. 
Para otimizar o uso da água, considera-se importante destacar a evolução do 
conceito de uso racional da água para o de conservação desse precioso recurso. 
Implementar o uso racional da água consiste em sistematizar as intervenções que devem ser 
realizadas em uma edificação que, em sua maioria, utiliza água potável para a realização de 
quase todas as atividades, independente da qualidade da água necessária. Assim, a evolução 
do conceito do uso racional para a conservação de água considera que usos menos 
nobres devem ser atendidos, sempre que possível, por águas de qualidade inferior. 
 
2.1. CONSERVAÇÃO DA ÁGUA 
2.1.1. PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO DE ÁGUA – PCA9 
 
O conjunto de ações que visam otimizar o consumo de água, voltadas para a gestão 
da oferta (utilização de água com diferentes níveis de qualidade para atendimento das 
necessidades existentes) e da gestão da demanda de água (redução do volume dos efluentes 
 
8
 http://www.ambientebrasil.com.br. 
9
 Conservação e Reúso da Água em Edificações, publicação da Agência Nacional de Águas - ANA, 2005 – 
www. ana.gov.br. 
 13 
gerados, a partir da racionalização do uso), é denominado de Programa de Conservação 
de Água – PCA. Várias dessas ações podem ser adotadas já na fase de projeto de 
edificações, para que a conservação de água não aconteça apenas em construções já 
existentes, mas também naquelas que serão levantadas/construídas. Assim, um PCA 
possibilita otimizar o consumo de água com a conseqüente redução do volume dos 
efluentes gerados, procurando-se resguardar a saúde pública e os demais usos envolvidos. 
 
Os principais motivos para implantação de um PCA são: i) economia gerada pela 
redução do consumo de água; ii) redução dos efluentes (rejeitos, industriais ou domésticos) 
gerados com conseqüente economia de outros insumos como energia e produtos químicos; 
iii) redução de custos de operação e manutenção dos sistemas hidráulicos e equipamentos 
da edificação; iv) aumento da disponibilidade de água (proporcionando, no caso das 
indústrias, por exemplo, a possibilidade de aumentar a produção sem aumento de custos de 
captação e tratamento); v) redução do efeito da cobrança pelo uso da água; vi) melhoria da 
visão da organização na sociedade, em decorrência da sua responsabilidade social. 
 
Os Programas de Combate ao Desperdício de Água, de um modo geral, resultam em 
economia no consumo de água e energia, no controle e prevenção de poluição e outros 
benefícios, e são compostos de ações sociais, tecnológicas e de ordem econômica: i) ações 
sociais - relacionadas com práticas educativas, buscam a mudança de atitudes e hábitos, 
bem como cultivar valores; ii) ações tecnológicas - utilização de tecnologias, como 
torneiras econômicas e com arejadores ou bacias sanitárias de volume de descarga 
reduzido, com caixa acoplada de 6 litros ou com válvula de ciclo fixo de 6 litros; 
e iii) ações de ordem econômica - relacionadas às tarifas da concessionária do serviço de 
distribuição de água10. 
 
 Os usos de água internos, em construções/edificações residenciais, cujo 
conhecimento é importante para se saber onde se deve priorizar as ações de conservação do 
uso da água em edificações, se distribuem, principalmente, em atividades de limpeza e 
higiene, enquanto os usos externos ocorrem com irrigação, lavagem de veículos e piscinas, 
entre outros. Já em edificações comerciais (edifícios de escritórios, restaurantes, hotéis, 
entre outros), geralmente, o uso de água é para fins considerados domésticos 
(principalmente em ambientes sanitários), sistemas de resfriamento de ar condicionado e 
irrigação. 
 
Em artigo intitulado “Escassez de Água”11, o engenheiro Paulo Ferraz Nogueira 
aponta que o consumo de água nas residências brasileiras gira em torno de 200 litros 
diários, dos quais 27% para consumo (cozinhar, beber), 25% em higiene (banho, escovar os 
dentes), 12% para lavagem de roupa; 3% outros (lavagem de carro, etc.) e finalmente 33% 
em descarga de banheiro. Essa distribuição mostra que, tanto nas cidades como nas 
indústrias, se existirem duas redes de água reusando "água cinza" (água resultante de 
lavagens e banho) para descarga de vasos sanitários, pode-se economizar até 1/3 da água 
consumida. 
 
10
 Água: Manual de Uso – Vamos Cuidar de Nossas Águas. Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente 
Urbano do Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2006, pág. 91. 
11
 http://www.uniagua.org.br/reuso. 
 14 
 Já ROCHA et al., 1999, em um apartamento de um conjunto habitacional de 
interesse social, localizado na cidade de São Paulo, verificou a distribuição do consumo de 
água apresentada na Figura 2, a seguir. Ressalta-se que tais valores de consumo são apenas 
ilustrativos, não representando, necessariamente, a realidade de toda e qualquer edificação 
habitacional. 
 
Figura 2 - Distribuição do consumo de água em unidade residencialunifamiliar 
 
Fonte: ROCHA et al. 1999 
Extraído da Publicação Conservação e Reúso da Água em Edificações, Agência Nacional de Águas, 2005, p.18. 
 
Por sua vez, o Instituto de Defesa do Consumidor – IDEC, em parceria com o 
Ministério do Meio Ambiente, apresenta o seguinte consumo de água por atividade 
doméstica: 
 Tabela 2 – Consumo Doméstico de Água por Atividade 
 
AATTIIVVIIDDAADDEE QQUUAANNTTIIDDAADDEE EEMM LLIITTRROOSS 
11 ddeessccaarrggaa nnoo WWCC 1100 aa 1166 
11 mmiinnuuttoo ddee cchhuuvveeiirroo 1155 
11 ttaannqquuee ccoomm áágguuaa 115500 
11 llaavvaaggeemm ddee mmããooss 33 aa 55 
11 llaavvaaggeemm ccoomm mmááqquuiinnaa ddee llaavvaarr 115500 
11 llaavvaaggeemm ccoomm llaavvaa--lloouuççaa 2200 aa 2255 2200 aa 5500 
EEssccoovvaarr ooss ddeenntteess ccoomm áágguuaa ccoorrrreennttee 1111 
Lavagem do automóvel com mangueira 110000 
 Fonte: Consumo Sustentável: 2002. IDEC/MMA 
 
 
 15 
Apresenta-se a seguir algumas informações básicas relacionadas a um Programa de 
Conservação de Água - PCA para edificações existentes, sendo que maiores informações a 
respeito do tema podem ser obtidas na publicação intitulada “Conservação e Reúso de 
Água em Edificações”, da Agência Nacional de Águas – ANA12. 
 
 Implantar um PCA significa adotar uma política de economia de água. Numa 
construção que já se encontra pronta, algumas intervenções tecnológicas podem não ser 
viáveis por causa de imposições da própria edificação, como, por exemplo, falta de espaço 
para um novo sistema de reserva de água. No caso de uma nova edificação – ainda a ser 
construída - recomenda-se elaborar o projeto levando em consideração a otimização do 
consumo e a utilização de fontes alternativas de água nos usos menos nobres, ou seja, 
aqueles usos que não necessitam de água potável, como descarga de vasos sanitários, 
lavagem de veículos e quintais, dentre outros. 
 
 Caso a edificação não disponha de hidrômetro (ou relógio de água), que mede o 
consumo de água, deve-se implementá-lo, pois é uma ferramenta importante para se saber 
qual é o consumo, o que possibilita o seu monitoramento, sendo que este pode ser feito a 
partir de um único medidor, através da leitura visual em períodos de tempo pré-
estabelecidos (por exemplo, semanalmente, de 15 em 15 dias, etc.) ou por meio do 
acompanhamento das contas de água, dentre outros. Dessa forma, pode-se determinar o 
consumo de cada setor da edificação e qualquer alteração em relação aos índices habituais 
poderá ser corrigida (vazamentos, etc.). 
 
 A unidade que se adota para expressar o Indicador de Consumo (IC - relação entre o 
volume de água consumido em um determinado período de tempo e o número de agentes 
consumidores desse mesmo período) varia em função do tipo do edifício. Por exemplo, em 
um edifício residencial ou de escritórios tem-se litros/pessoa.dia; em uma escola, 
litros/aluno.dia. 
 
Para o conhecimento das características físicas e funcionais do sistema hidráulico e 
das atividades desenvolvidas em um edifício, recomenda-se um levantamento geral do 
sistema nas edificações existentes, o que pode ser feito por meio, principalmente, das 
seguintes atividades: • levantamento do sistema hidráulico do prédio; • detectar os 
vazamentos visíveis e não-visíveis; • levantamento da qualidade da água – que pode se dar 
pela realização de análise físico-química e bacteriológica da água, pela identificação de 
pontos do sistema hidráulico com potencial de contaminação da água, dentre outros; 
• levantamento dos procedimentos dos usuários – nesta etapa, os principais ambientes que 
devem ser observados são: cozinha, lavanderia, jardim e área externa, sanitário e outros. 
 
No que se refere à “detecção de vazamentos”, estes podem ser visíveis - como uma 
torneira pingando - ou invisíveis (escondidos), como no caso de canos furados ou de vaso 
sanitário. Para esse último, pode-se verificar a existência de vazamentos jogando cinza no 
fundo do vaso e observando por alguns minutos. Se a cinza se movimentar, ou se ela sumir, 
é sinal que há algum vazamento. 
 
 
12
 www.ana.gov.br/biblioteca/publicações. 
 16 
Outra forma de detectar os vazamentos invisíveis é através do hidrômetro da casa. 
De um modo geral, o usuário somente se dá conta do vazamento e providencia o reparo 
quando percebe que sua conta de água está muito alta. Por isso, é recomendável que se faça 
um controle constante do consumo para prevenir desperdícios. Para se detectar vazamentos 
invisíveis, através do hidrômetro, dois testes fáceis de realizar são: 
 Fechar todas as torneiras e desligar os aparelhos que usam água. Anotar o número 
indicado no hidrômetro e conferir depois de algumas horas para ver se houve alteração ou 
observar o círculo existente no meio do medidor para ver se continua girando. Se houver 
alteração nos números ou no movimento do medidor, há vazamento13. 
À noite, antes de ir dormir, verificar se todas as torneiras do imóvel estão bem fechadas, 
sem pingos. Não esquecer de fechar a entrada do registro da caixa d'água (que deve estar 
cheia). Anotar o que registra o medidor de água e o horário. À noite, como a demanda de 
uso é menor que durante o dia, a água que fica nos canos exerce pressão maior sobre estes 
nesse período e, por isso, é mais fácil se notar os vazamentos à noite do que durante o dia. 
Na manhã seguinte, logo de manhã, fazer novamente a leitura e compará-la com a da noite 
anterior. Se não houver vazamentos, os números lidos à noite e de manhã devem ser os 
mesmos. Se, porém, estes apontarem consumo de água, deve-se chamar um encanador para 
fazer os reparos14. 
 
 Levantamentos realizados na Região Metropolitana de São Paulo indicam que 85% 
dos vazamentos ocorrem na ligação predial (cavaletes, registro e ramal), mais de 50% dos 
vazamentos ocorrem em tubos com pressões superiores a 460 Kpa (46 mca), e que cerca de 
40% dos vazamentos ocorrem nas tubulações com mais de vinte anos. 
 
 Para construções existentes, as demais etapas de um Programa de Conservação de 
Água são, principalmente: i) elaboração do diagnóstico; ii) plano de intervenção; 
iii) otimização do traçado de tubulações; iv) controle de pressões e vazões; v) análise da 
oferta de água; vi) estudo de viabilidade técnica e econômica; e vii) redução do desperdício 
de água. 
 
Após a elaboração do diagnóstico, que é o levantamento das informações 
relacionadas ao consumo de água, apresentando as perdas de água provenientes de 
vazamentos, parte-se para o plano de intervenção, plano este elaborado a partir do 
diagnóstico realizado, com ações específicas para cada tipo de edifício, sendo que, em 
geral, as ações de intervenção deverão ser iniciadas pela correção dos vazamentos 
detectados. 
 
Otimizar o traçado de tubulações significa procurar concentrar as tubulações em 
uma mesma parede (chamada “parede hidráulica”), o que facilita a busca no caso de 
detecção de vazamentos. Reduzir a quantidade de juntas ou conexões também auxilia na 
diminuição das perdas, tornando o sistema menos vulnerável, sendo recomendável a 
utilização de tubulações flexíveis. 
 
 
13
 Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente – www.mma.gov.br/sds 
14
 Publicação IDEC – “A Água e os Consumidores” – www.idec.org.br 
 17 
 
O controle de pressões e vazões é outra medida de grande importância, visto que 
pressões elevadas podem levar não somente a perda de grandesvolumes, em caso de 
vazamento, como também ao uso exagerado (vazões muitas elevadas). A pressão elevada 
pode contribuir para as perdas e desperdício de água, não somente por rupturas no sistema 
como também pelo fornecimento de água em quantidade superior à necessária numa 
torneira, por exemplo. Uma redução de pressão de 30 mca para 17 mca pode resultar em 
economia de aproximadamente 30% (trinta por cento) do consumo de água, de modo que a 
avaliação e o controle da pressão no sistema hidráulico podem representar importante 
contribuição para a redução do consumo de água. Quando for constatada a existência de 
pressão superior à necessária, recomenda-se utilizar, por exemplo, restritores de vazão ou 
válvulas redutoras de pressão – ver item 2.1.2, iv. 
 
Na análise da oferta de água deve-se relacionar as possíveis fontes de água, que 
variam de acordo com as características de cada empreendimento, bem como a 
possibilidade de se utilizar fontes alternativas de água, considerando os níveis de qualidade 
da água necessários, as tecnologias existentes e os cuidados e riscos associados à aplicação 
de “água menos nobre” para “fins menos nobres”. Nesta etapa, devem ser planejadas e 
incorporadas ao projeto ações para uso de água menos nobre para utilização em atividades 
menos nobres, considerando, dentre outros: a) possibilidade de abastecimento através de 
concessionária (água potável e água de reúso); b) possibilidade de captação direta e 
tratamento necessário; c) possibilidade do uso de águas subterrâneas, usos específicos e 
tecnologias de tratamento necessárias; d) volume de reserva de água de chuva e possíveis 
usos; e) possibilidades de reúso, aplicações e tecnologias necessárias; f) investimentos 
necessários e custos de manutenção. 
 
Em relação ao estudo de viabilidade técnica e econômica, para cada 
construção/edificação a escolha do PCA a ser implantado deve ser determinada por critérios 
que variam caso a caso, de acordo com as características e especificidades de cada 
construção. 
 
Quanto a redução do desperdício de água, este pode ser entendido como toda a água 
que está disponível em um sistema e não é utilizada, ou seja, é perdida pelo uso excessivo, 
devido ao descaso dos usuários pela necessidade de sua preservação e também onde a água 
é utilizada sem que desta se obtenha algum benefício, como é o caso dos vazamentos. 
Dessa maneira, o desperdício engloba tanto a perda quanto o uso excessivo. A perda pode 
ocorrer por causa de vazamentos, mau desempenho do sistema e negligência do usuário, 
podendo ser definida como toda a água que escapa antes de ser utilizada para uma atividade 
fim; já o uso excessivo ocorre quando a água é utilizada de modo inadequado em uma 
atividade, como o uso de procedimentos incorretos e o mau desempenho do sistema. 
Assim, o consumo total de água de uma edificação pode ser definido como: consumo = uso 
+ desperdício. 
 
 
 
 
 
 18 
 2.1.2. SUGESTÕES PARA A REDUÇÃO DO DESPERDÍCIO DE ÁGUA 
 
i) Corrigir os vazamentos - uma das ações mais eficientes na redução do consumo de 
água. É extremamente importante, por exemplo, a correção de vazamentos antes da 
substituição de componentes convencionais por equipamentos que economizam água 
(economizadores). 
ii) Reduzir as perdas - por meio da manutenção adequada, evitando-se as perdas por 
vazamento, mau desempenho do sistema ou por negligência do usuário. 
iii) Realização de campanhas educativas e de sensibilização - A campanha de 
sensibilização, que potencializa outras ações que venham a ser adotadas, é uma 
comunicação mais abrangente, destinada a todos os usuários do sistema, podendo abordar: 
o objetivo da conservação da água; as vantagens econômicas e ambientais da redução de 
volume de água; a redução de gastos com as contas de água e de energia; a possibilidade de 
atendimento a um maior número de usuários. 
Algumas atividades que podem ser desenvolvidas nessa campanha são, por exemplo, 
apresentação/palestras sobre procedimentos para higienização de utensílios de cozinha e 
preparação de alimentos, bem como palestras que abordem procedimentos de limpeza em 
geral, limpeza de reservatórios e irrigação de jardins, dentre outros – vide itens 2.2.1. e 
2.2.2. 
iv) Instalação de tecnologias economizadoras nos pontos de consumo de água - Para 
redução do consumo de água independentemente da ação do usuário ou da sua disposição 
em mudar de comportamento para diminuir o consumo de água. Deve ser implementada 
quando o sistema estiver estável, ou seja, sem nenhuma perda de água por vazamento. De 
um modo geral, os desperdícios de água que se verifica em bacias sanitárias, torneiras, 
chuveiros, mictórios e outros componentes ocorrem por vazão excessiva, tempo de 
utilização prolongado, dispersão do jato (que são fatores que podem ser controlados pela 
instalação de componentes adequados) e por vazamentos. 
A vantagem econômica que se obtém com a substituição de componentes 
convencionais por componentes economizadores de água, depende das condições de cada 
local, devendo-se verificar com antecedência os componentes a serem substituídos, seus 
respectivos custos, inclusive de mão-de-obra e, ainda, a necessidade de obras. 
 A especificação de louças, metais sanitários e equipamentos hidráulicos é um dos 
fatores que determinam o maior ou menor consumo de água em uma edificação. No 
mercado brasileiro, atualmente existe uma grande variedade de equipamentos sanitários que 
têm como objetivo atender às necessidades dos usuários e promover o uso racional da água 
para as atividades a que se destinam. Em edificações existentes, recomenda-se substituir os 
equipamentos convencionais por equipamentos economizadores de água e, em novas 
edificações, o projeto já deverá prever os equipamentos mais apropriados para o uso 
racional da água. 
 
Na publicação citada, a Agência Nacional de Águas - ANA apresenta uma relação 
de tecnologias economizadoras de água, com especificação de equipamentos hidráulicos15. 
 
15
 Op. cit., Anexo E - www.ana.gov.br 
 19 
Em relação à implantação de um Programa de Conservação de Água - PCA em uma 
nova edificação, o projeto já deverá levar em consideração a otimização do consumo, 
dando preferência a componentes economizadores de água, e a utilização de fontes 
alternativas de água nos usos menos nobres. 
 
Tabela 3 – Defeitos/falhas dos aparelhos sanitários e intervenções necessárias 
Extraído da publicação Conservação e Reúso da Água em Edificações, 
 Agência Nacional de Águas, 2005, p. 30. 
 
2.2. USO RACIONAL E ECONOMIA DE ÁGUA – BOAS PRÁTICAS – 
AMBIENTES URBANO E RURAL 
 
O ser humano não pode viver com menos de 20 litros de água por dia, entre o que 
bebe e o que utiliza para suas necessidades de higiene e alimentação. Sem esta quantidade 
diária de água, dificilmente se consegue sobreviver por mais de uma semana 
(SRHU/MMA, 2006). 
 
As ações de uso racional de água são basicamente de combate ao desperdício 
quantitativo, como a priorização do uso de aparelhos sanitários economizadores de água, o 
incentivo à adoção da medição individualizada, a conscientização do usuário para não 
desperdiçar água no ato do uso, a detecção e controle de perdas de água no sistema predial 
de água fria, o estabelecimento de tarifas inibidoras do desperdício, entre outras (SANTOS, 
2002) 16. 
 
A seguir, sugestões e procedimentos para o uso racional e conseqüente economia de 
água, tanto no meio urbano quanto no meio rural, de modo a evitar o desperdício desse 
líquido tão precioso.16
 Caracterização e aproveitamento de água cinza para uso não-potável em edificações. Dissertação 
(mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo - Centro Tecnológico. Bazzarella, Bianca 
Barcellos,Vitória, 2005, pág. 34. 
 20 
2.2.1. SUGESTÕES CAESB PARA ECONOMIA DE ÁGUA 
 
A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal – CAESB17, lembrando 
que não é só o vazamento que desperdiça água, apresenta as seguintes dicas para o uso 
racional e de economia de água, bem como os procedimentos para limpeza de caixas 
d'água, visando a qualidade da água para o consumo humano: 
a) Informações e dicas para uso racional e economia da água 
. Paredes mofadas ou molhadas, terreno molhado, piso fofo ou ruído de escapamento de 
água, é indício da existência de algum vazamento na instalação hidráulica, o que pode 
causar uma perda de 2 a 7 mil litros de água por dia; 
. A água pode escapar por torneiras mal fechadas, por furos nos canos, como também pelo 
ladrão (cano por onde escorre o excesso de água que entra na caixa), sendo que o 
desperdício de água pelo ladrão pode chegar a 10 mil litros por dia; 
. Uma torneira pingando desperdiça 46 litros por dia; 
. Uma torneira fluindo em filete desperdiça 180 a 750 litros por dia; 
. Uma torneira correndo normalmente - 8,5 mil a 12,5 mil litros por dia; 
. Uma torneira jorrando em jato - 25 mil a 45 mil litros por dia; 
. Feche a torneira ao se barbear ou quando escovar os dentes; 
. Utilize regador ao invés de mangueira. Após as 18h00 o aproveitamento da água pelas 
plantas é maior; 
. Regule a válvula do vaso sanitário e não dê descargas prolongadas; 
. Use água do tanque ou da máquina de lavar para a limpeza de calçadas; 
. Evite banhos demorados; 
. Lave o carro com balde ao invés de mangueira. 
b) Dicas para limpeza da caixa d'água 
. Retirar toda a água da caixa. Nas caixas subterrâneas isso é feito com bomba submersa. 
Nas caixas elevadas essa operação é realizada através de descargas/dreno de fundo; 
. Fazer a limpeza das paredes e fundo de caixa, podendo-se utilizar pás, baldes, vassouras, 
rodos e panos; 
. Lavar toda a caixa com água; recomenda-se utilizar luvas e botas de borracha, sendo que 
os materiais de limpeza deverão ser usados somente para esta finalidade: limpeza da caixa 
d’água; 
. Preparar uma solução desinfetante diluindo 01 litro de água sanitária em 05 litros de água 
para cada 1.000 litros de capacidade da caixa; 
. Espalhar a solução no fundo e nas paredes com uma broxa ou pano, utilizando 
equipamento de proteção individual apropriado para produto químico; 
 
17
 www.caesb.df.gov.br 
 21 
. Esperar por meia hora; 
. Lavar novamente com jatos d’água retirando em seguida toda água acumulada; 
. Encher a caixa. 
Mantenha fechadas as caixas d’água, assim como as cisternas, pois pássaros ou outros 
pequenos animais podem deixar cair algo que contamine a água ou até mesmo se afogar. 
Recomenda-se que toda caixa de água seja limpa e desinfetada periodicamente, de 
preferência de 06 em 06 meses, em média; caso suspeite de contaminação da caixa, solicite 
à Companhia de abastecimento de água, quando existente e tiver tal serviço disponível, 
uma análise da qualidade da água. 
 
2.2.2. BOAS PRÁTICAS PARA ECONOMIA E USO RACIONAL DA ÁGUA 
RECOMENDADAS PELA SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS E 
AMBIENTE URBANO DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE18 
 
A seguir, sugestões para economia de água extraídas de “Água: Manual de Uso – 
Vamos Cuidar de Nossas Águas”, publicação da Secretaria de Recursos Hídricos e 
Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 2006, págs. 82 a 9619, às quais 
foram acrescentadas algumas sugestões constantes do Guia de Boas Práticas para o 
Consumo Sustentável, da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Ministério do 
Meio Ambiente – SDS/MMA20. 
 
 Uso racional e economia de água na COZINHA 
. Conforme visto no item 2.2.1, “a”, evite que as torneiras fiquem pingando, o que pode 
levar ao desperdício de grande quantidade de água. Caso a torneira apresente algum defeito, 
troque as peças danificadas; 
. Instale um aerador em sua torneira - dispositivo barato e fácil de colocar, economiza água 
e evita perdas fora do jato; 
. Quando for lavar a louça, procure usar uma bacia ou a própria cuba da pia, após tampar o 
ralo; para ajudar a soltar a sujeira dos pratos e talheres, deixe-os de molho por alguns 
minutos antes da lavá-los. Ensaboe tudo de uma vez, com a água acumulada; depois, use 
água corrente somente para enxaguar; 
. Quando encher um recipiente com água para esquentar ou ferver, encha somente o 
necessário, para que a água não derrame nem evapore à toa. Especialmente para cozinhar 
legumes, use pouca água para não perder o sabor e o valor nutritivo; 
. Dependendo do que for fervido, não jogue a água fora; ela poderá ser aproveitada para 
cozinhar o arroz, outro alimento ou fazer uma sopa mais tarde; 
. O uso de formas flexíveis, para fazer cubos de gelo, possibilita remover o gelo sem ter de 
colocá-lo sob o jato de água para se soltar; 
 
18
 Água: Manual de Uso – Vamos Cuidar de Nossas Águas. Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente 
Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 2006, págs. 82/96, com adaptações. 
19
 http://www.pnrh.cnrh-srh.gov.br 
20
 http://www.mma.gov.br/sds 
 22 
. Se em seu município você pode beber água de torneira, deixe uma garrafa de água na 
geladeira ou a moringa sempre cheia, com água fresca. Assim, caso saia água quente da 
torneira quente, no início, você não precisará bebê-la nem desperdiçá-la; 
. Quando for lavar verduras, procure usar um recipiente cheio e lavar todas de uma só vez. 
Se preferir lavar sob o jato de água, tampe o ralo da pia, pois essa água pode ser 
aproveitada para lavar as vasilhas depois; 
. Ao descascar vegetais ou frutas, evite usar água corrente; se precisar limpar a faca, use a 
água de uma pequena bacia ou feche a torneira, logo em seguida. 
. Não use água corrente para empurrar resíduos ou coisas para o ralo. Procure recolher os 
resíduos com uma bucha ou toalha de papel, e jogá-los na lixeira. Se for possível ter uma 
lixeira para resíduos orgânicos (também chamado lixo “molhado” - restos de comida, 
cascas de frutas e verduras, etc), poderá fazer compostos para serem usados em hortas e 
jardins, economizando duas vezes – a água e o adubo. 
 
Neste ponto, ressalta-se que o óleo de cozinha é altamente prejudicial ao meio 
ambiente, pois quando jogado na pia (rede de esgoto) pode causar entupimentos, havendo a 
necessidade, muitas vezes, do uso de produtos químicos tóxicos para a solução do 
problema. Se não houver um sistema de tratamento de esgoto, como o óleo é mais leve que 
a água, ele acaba se espalhando na superfície dos rios e das represas, criando uma barreira 
que dificulta a entrada de luz e a oxigenação da água, comprometendo os fitoplânctons, 
organismos essenciais para a cadeia alimentar aquática. Além disso, quando atinge o solo, o 
óleo tem a capacidade de impermeabilizá-lo, dificultando, por exemplo, a infiltração da 
água das chuvas, o que pode propiciar enchentes. 
 
Segundo a SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - 
em artigo acessado em data de 20 de março de 2009, intitulado Óleo de fritura para 
reciclagem, “basta um único litro de óleo para contaminar cerca de 25 mil litros de 
água”. Assim, evite jogar no ralo da pia o óleo usado em frituras; coloque-o em garrafas 
plásticas (por exemplo, as garrafas PET de refrigerante), feche-as e jogue-as no lixo normal 
ou orgânico. 
 
Em algumas cidades, já existem algumas cooperativas que recolhem eutilizam o 
óleo usado para a fabricação de sabão. Procure saber se existe alguma em seu município. 
Outra boa alternativa é guardar o óleo utilizado e fabricar seu próprio sabão. No Anexo I, 
encontram-se receitas de fabricação de sabão, a partir do óleo usado em frituras. Já o 
Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (LADETEL), da Faculdade de 
Filosofia, Ciências e Letras – USP – Ribeirão Preto/SP, vem desenvolvendo, com sucesso, 
pesquisas para a fabricação de biodiesel a partir de óleo de cozinha usado. 
 
 Uso racional e economia de água no BANHEIRO 
a) Chuveiro 
. Tome duchas mais breves e feche a torneira enquanto ensaboa o corpo ou os cabelos, 
enxaguando, depois, somente até tirar toda a espuma; 
 23 
. Evite se barbear ou depilar no chuveiro, já que para isso não há necessidade de molhar 
todo o corpo; 
. Procure aproveitar a água que sai fria da ducha, no início, guardando-a em um balde ou 
outro recipiente. Ela pode ser utilizada no vaso sanitário, para lavar alguma roupa, regar 
plantas ou outra necessidade doméstica; 
. Se estiver construindo sua casa, procure instalar equipamentos mais apropriados para o 
uso racional de água; se estiver reformando a casa, aproveite para trocar os equipamentos 
tradicionais por equipamentos economizadores de água. Existe uma série deles disponível 
no mercado, como por exemplo, bacias sanitárias de volume reduzido ou com duplo 
acionamento (3 ou 6 litros), arejadores, chuveiros e lavatórios com volumes fixos de 
descarga, etc. Informe-se nas casas especializadas. Vide item 2.1.2, iv. 
b) Pia do banheiro 
. Evite abrir as torneiras até o final, abrindo-as apenas o suficiente para aquele uso no 
momento, a não ser que tal uso necessite de uma maior pressão (quantidade) da água. Para 
lavar as mãos ou o rosto, por exemplo, não há necessidade de maior pressão da água na 
torneira. Instale algum dos dispositivos existentes no mercado para economizar água nas 
torneiras. Há vários tipos: redutores para baixar o consumo, aeradores e outros; 
. Enquanto se lavar e não estiver usando a água, não a deixe escorrendo à toa; 
. Feche a torneira enquanto escovar os dentes. Com esta atitude simples, uma família de 
cinco pessoas pode economizar até 40 litros de água por dia; 
. Enxágüe e limpe seu barbeador em um recipiente com água. Não o faça com água 
corrente; 
. Use escova, bucha ou seus dedos para remover pequenas sujeiras ao lavar qualquer objeto, 
no lugar do jato d’água da torneira. Não espere que a força da água faça o trabalho sozinha. 
c) Vaso sanitário 
. Atualmente, existem no mercado vários modelos de vasos sanitários, sendo que alguns 
deles são de baixo consumo de água e usam somente 6 litros por descarga. Assim, se for 
construir ou reformar, dê preferência a estes, mais indicados do que as válvulas de descarga 
diretamente na parede21; 
. Observe periodicamente se as válvulas de descarga, as bóias e a válvula de fechamento do 
vaso sanitário estão funcionando bem, para evitar que a água escape ou transborde. Se for 
necessário, substitua as peças por outras de melhor desempenho ou qualidade; 
. Dê descargas somente quando houver algo que produza mau odor. Se for somente papel 
higiênico, não há necessidade de dar uma descarga. Não se deve utilizar o vaso sanitário 
 
21
 Segundo pesquisas, numa residência com quatro pessoas, a descarga sanitária é acionada, em média, 16 
vezes ao dia. Então, se cada descarga gasta 30 litros, o total do consumo diário é de 480 litros. Quando 
multiplicados por 30 dias totaliza 14.400 litros ou 14,4 m3 de consumo ao mês. Quando é feita a substituição 
de equipamentos antigos por produtos com nova tecnologia, que já existem no mercado, a redução é 
significativa. Como estes novos equipamentos utilizam 6 litros de água por descarga, divide-se o cálculo 
acima por 5, o que resulta num consumo de 2.880 litros ou 2,88 m3/mês, obtendo, assim, uma economia de 
11.520 litros/mês ou uma redução de 80% no consumo de água nas descargas sanitárias. 
 24 
como lixeira para jogar fora absorvente higiênico, tocos de cigarro ou outros objetos, o que 
pode comprometer a tubulação, entupindo-a ou rompendo-a. 
 
 Uso racional e economia de água na LIMPEZA DA CASA E DAS ROUPAS 
. Para a lavagem do piso ou outros lugares, evite utilizar mangueira, pois esta, 
normalmente, leva a um gasto de água maior que o necessário; use um balde para medir e 
controlar a quantidade de água; 
. Ao lavar roupas, deixe-as de molho por algum tempo; ao esfregar a roupa com sabão, use 
um balde com água, que pode ser a mesma do molho, e mantenha a torneira do tanque 
fechada. Procure utilizar água corrente somente no enxágüe. Use o resto da água com sabão 
para lavar o seu quintal; 
. Esfregar com as mãos ou escova as partes mais sujas das roupas evita lavagem dupla ou 
tripla. Use sua máquina de lavar somente quando tiver roupas suficientes para enchê-la, a 
não ser que sua máquina tenha ajuste manual de quantidade de água; 
. Tome cuidado com o excesso de sabão para evitar um número maior de enxágües. Se for 
comprar uma lavadora, prefira as de abertura frontal, que gastam menos água que as de 
abertura superior22; 
. Quando for possível, procure guardar a água perfumada que sai da lavadora – com sabão e 
amaciante – para usar nos vasos sanitários. O sistema pode ser instalado quando construir 
sua casa ou reformá-la. Outra opção é usar a água para lavar o passeio da casa, o quintal ou 
para outro uso menos nobre. Se a água do enxágüe final não tiver amaciante, pode ser usada 
para regar suas plantas; 
. Ao limpar a calçada, use a vassoura, E NÃO ÁGUA para varrer a sujeira; não use a 
mangueira como se fosse vassoura. Depois, se quiser, jogue um pouco de água no chão, 
somente para “baixar a poeira”, podendo, para isso, usar aquela água que sobrou do tanque. 
 
Se você mora em um edifício – a grande maioria deles ainda possui uma única conta 
de água, onde se somam o consumo individual de cada apartamento e o consumo coletivo - 
não se engane pensando que quem paga a água é o condomínio e não o morador, visto que 
seu consumo está embutido na conta do condomínio e é você quem paga uma das 
parcelas23. O consumo do condomínio também está diretamente relacionado à orientação 
sobre procedimentos a serem adotados pelos funcionários da limpeza. Portanto, procure 
observar se enquanto estão ensaboando o piso dos corredores deixam a mangueira ligada, 
jorrando água; qual o horário de rega dos canteiros e jardins; e se usam a água para lavar 
passeios. Esses pequenos detalhes também influenciam na sua conta de água. 
 
Considerando o nível tecnológico atual, um edifício comercial deve ter um consumo 
de no máximo 30 litros/pessoa/dia. "Basta verificar na conta de água o consumo médio do 
prédio nos últimos seis meses, dividir pelo número de usuários do prédio e dividir 
novamente pelos dias úteis do mês. Se o resultado estiver acima de 30 litros, é possível 
 
22
 Guia de boas práticas para o consumo sustentável, SDS/MMA – www.mma.gov.br/sds 
23
 Em algumas cidades já é obrigatória a instalação, por parte das construtoras e incorporadoras, de medidores 
individuais, em cada apartamento, para que cada morador tenha informações precisas sobre seu consumo. 
 25 
economizar". Um prédio residencial não deve passar de 180 litros/pessoa/dia 
(www.h2c.com.br). 
 
 Uso racional e economia de água no QUINTAL, JARDIM e PISCINAS 
. Para maior economia, planeje, selecione bem e distribua adequadamente as plantas que 
usará no paisagismo de seu jardim. Existe grande variedade de plantas nativas em cada 
região, inclusive cactáceas, que requerempouca água e são ornamentais, formando belos 
arranjos. Procure cultivar plantas que necessitam de pouca água, como bromélias, cactos, 
pinheiros e violetas; 
. Sempre que possível, utilize a água da chuva, a melhor para regar suas plantas em época 
de seca. Você pode armazená-la em recipientes colocados na saída das calhas e depois usá-
la para regar as plantas. É importante não se esquecer de tampar esses recipientes para que 
não se tornem focos de mosquito da dengue; 
. Regue as plantas somente quando for necessário, caso não seja época de chuva ou se 
realmente estiver muito seco. Não regue em excesso e faça-o bem cedo ou depois que o sol 
se pôr, para evitar evaporação. Não as regue em momentos com muito vento e o faça de 
maneira que a água infiltre até a raiz das plantas, sem encharcar o solo. Esse procedimento 
simples evita que muita água se evapore ou seja levada antes de atingir as raízes. Não deixe 
a água escorrendo pelo passeio e, muito menos, causando erosão do solo; 
. Para reduzir a evaporação da irrigação de suas plantas, cubra o solo do jardim com 
pedaços de madeira, folhas secas, palha, pedrinhas ou outro material que achar mais 
interessante: esses materiais mantêm o solo úmido por baixo deles, diminuindo a perda de 
água; 
. Ao regar com aspersores, para evitar que reguem áreas pavimentadas, que não necessitam 
de água, ajuste o grau de giro dos mesmos de acordo com a área a ser irrigada. Caso use 
mangueiras, adapte peças que permitem o controle do fluxo; 
. Na época de seca, mesmo que o gramado fique amarelado, evite desperdiçar água no 
mesmo; normalmente as gramíneas ficam inativas nessa época e revivem quando caem as 
primeiras chuvas. Evitar recolher a grama cortada, na época de seca, ajuda a diminuir a 
evaporação e o ressecamento do gramado. 
. Evite utilizar fertilizantes em excesso, pois quanto mais a grama crescer, mais precisará de 
água; 
. Para manter as raízes saudáveis e permitir que o solo tenha alguma sombra natural, 
retendo a umidade, mantenha afiadas as lâminas da podadora24 e não corte o gramado muito 
rente ao solo. A altura conveniente é de 5 a 8 cm; 
. Quanto às piscinas, existem produtos químicos e equipamentos que, quando bem usados, 
mantêm a água com boa qualidade. Se for realmente necessário esvaziá-las para limpeza, 
aproveite a água para regar um gramado ou outro uso menos nobre. 
 
 
24
 Caso as lâminas da podadora não estejam afiadas, estas poderão arrancar as raízes ou enfraquecer o 
gramado, tornando-o mais susceptível a pragas e enfermidades, o que leva a aumento da demanda de água 
para mantê-lo bonito. 
 26 
 Uso racional e economia de água nas ESCOLAS e no TRABALHO 
. Nas escolas, seja você professor(a), pai, mãe ou aluno, procure observar o funcionamento 
dos sistemas de abastecimento, saneamento básico e drenagem da água de chuva da escola 
para aproveitar as oportunidades de promover o uso racional desse precioso recurso. Ajude 
a implementação de programas de combate ao desperdício de água – vide item 2.1.1. - e 
proponha projetos para conhecer e preservar a bacia hidrográfica onde está situada sua 
escola. 
. No trabalho, sempre que puder, sugira às lideranças de locais de uso coletivo - escolas, 
indústrias, edifícios comerciais, repartições públicas e outros - que observem as contas de 
água do edifício; observe suas próprias contas, em sua residência. Este procedimento 
poderá indicar aumentos de consumo fora do normal que podem representar vazamentos ou 
desperdício de água pelos usuários; vigie as torneiras de água para que estejam sempre 
fechadas; sempre que possível, coloque ou sugira o uso de adesivos com mensagens 
educativas e simpáticas, lembrando a todos, de cada setor, que é importante fechar bem as 
torneiras e apagar as luzes ao sair, por último, do ambiente de trabalho. 
No caso de indústrias, sugira ou ajude na instalação de medidores de consumo de água nos 
diversos setores, bem como procure observar as descargas industriais, que muitas vezes 
encarecem os tratamentos de efluentes ou contaminam o meio ambiente ao redor das 
instalações. Procure evitar a contaminação de aqüíferos ou corpos d’água superficiais, 
evitando, por exemplo, o armazenamento de substâncias tóxicas de maneira inadequada, 
para evitar que sejam levadas ou infiltradas pela ação da chuva. Caso a água resultante da 
lavagem de qualquer objeto ou matéria-prima contenha substâncias tóxicas, procure fazer 
algum tipo de tratamento antes de deixar que regresse à natureza. 
. Observe a conveniência de implantar um Sistema de Aproveitamento de Água de Chuva, 
assunto detalhado no Capítulo 4. 
 
 Cuidados com a água em sua cidade 
. Considerando que em cidades onde há abastecimento normal de água, a população tende 
ao consumo excessivo, observe se o serviço de saneamento de sua cidade realiza 
campanhas para reduzir o nível de consumo da mesma. 
. Procure saber o número do telefone do serviço de abastecimento de sua cidade para 
informar vazamentos que observar em lugares públicos, pois essas perdas afetam todos os 
moradores, tanto pela possível falta de água nas residências, quanto pelo seu custo final25. 
. Para lavar automóveis, use uma toalhinha ou esponja macia e balde, no lugar de 
mangueira. Apóie e dê preferência a serviços de lavagem de carros que reúsam a água. 
. Informe-se para poder contribuir, procurando conhecer como é feita a gestão da água em 
sua cidade. Busque participar das reuniões do Comitê de Bacia Hidrográfica de sua cidade 
e região, informando-se também sobre as Organizações da Sociedade Civil que dele 
 
25
 No município, a oferta e a demanda de água devem ser racionalmente equilibradas e deve-se prestar um 
serviço eficiente e controlado. Na distribuição local da água existem grandes perdas por causa de fugas nas 
canalizações principais e nas instalações clandestinas. Estudo realizado em 15 cidades latino-americanas 
mostrou que os sistemas municipais perdiam entre 40 e 70% da água, de modo que solucionar este problema 
permitiria uma grande economia de água e uma maior eficiência no serviço. 
 27 
participam. Entre em contato com essas organizações para tomar conhecimento de suas 
atividades e do que vem sendo feito para a preservação e recuperação dos recursos hídricos. 
. Procure saber para onde vai a água que sai de sua residência pelos ralos e vasos sanitários. 
Se essa água está indo para os córregos ou rios, cada vez que alguém joga alguma 
substância tóxica na pia ou no vaso sanitário – venenos, remédios, detergentes que não são 
biodegradáveis, restos de comida, etc., a poluição das águas aumenta. 
. Conscientize-se de que quando uma pessoa cuida do lixo de sua casa, está cuidando 
das águas de seu município, tanto em termos de qualidade, quanto em termos de 
quantidade. Assim, procure reduzir a quantidade de resíduos que você e sua família jogam 
fora. Um volume significativo de lixo pode ser evitado se as pessoas usarem menos 
produtos descartáveis e tantas embalagens ao fazerem compras. Ainda, quando for separar 
aquilo que não é lixo, primeiro selecione o que pode ser reutilizado; após, separe o que 
pode ser reciclado e procure uma associação de catadores, ferro-velho, loja de móveis 
usados ou outra empresa que compre esse material. 
Cada brasileiro produz, em média 700g de lixo por dia, podendo chegar a mais, 
dependendo do estilo de vida e do grau de conscientização de cada um. A maior parte do 
lixo é orgânica (também chamado de lixo “molhado” - restos de comida, cascas de frutas e 
legumes, podas de jardim, etc.), que pode ser transformado em adubo ou composto, mas, 
geralmente, é jogado fora da casae, transportado até lixões, acaba contaminando as águas, 
pela infiltração do chorume (líquido escuro) gerado em sua decomposição. 
Procure saber para onde vai o lixo que sai de sua casa. Anualmente, são produzidas 
cerca de 125 mil toneladas de lixo urbano no Brasil, das quais 76% vão parar nos lixões a 
céu aberto, contaminando o meio ambiente e prejudicando a saúde pública. Quando chove, 
muitas vezes, parte desses resíduos que poderia ter sido vendida para indústrias de 
reciclagem26, transformada em belos artesanatos ou utensílios domésticos, ou, ainda, no 
caso do lixo orgânico, transformado em adubo, é levada para os córregos ou nascentes. 
Portanto, não jogue lixo nenhum na rua. Além de deixar os lugares com aspecto 
desagradável, é uma atitude que traz sérios problemas aos moradores nas épocas de chuva, 
com entupimento de bueiros e estrangulamento dos corredores de água, o que pode causar 
alagamentos em alguns pontos das cidades. 
 
2.3. BOAS PRÁTICAS PARA CONSERVAÇÃO E USO RACIONAL DA ÁGUA 
EM ÁREAS RURAIS27 
 
. Procure verificar quais das práticas acima – itens 2.2.1 e 2.2.2 podem ser aplicadas, de 
acordo com as especificidades do meio rural onde vive. 
 
26
 A reciclagem proporciona os seguintes benefícios: i) preserva os recursos naturais; ii) economiza energia; 
iii) diminui a poluição do ar e das águas; iv) gera empregos, através da criação de indústrias recicladoras. A 
reciclagem de 1.000 kg de papel evita o corte de 20 árvores, economiza 8 mil litros de água e, ao longo do 
tempo, ainda sobram em torno de 3 metros cúbicos de espaço disponível nos aterros sanitários para outros 
resíduos; a reciclagem de 1.000 kg de plástico implica na não extração de milhares de litros de petróleo; uma 
tonelada de alumínio reciclada significa a não extração de 5.000 kg de minério; já uma tonelada de vidro 
reciclado implica na não extração de 1300 kg de areia dos rios, além de economizar energia. 
27
 Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente. Op. cit., págs. 
98/101, com adaptações. 
 28 
. Adote a técnica de irrigação mais adequada para sua propriedade, de modo a conseguir 
uma economia mais significativa de água. Para alcançar os benefícios do bom manejo do 
solo e da água em sua propriedade, solicite assessoria especializada dos órgãos de apoio à 
agricultura do seu município ou estado, sem custos ou a custos rapidamente recuperáveis. 
Saiba que, muitas vezes, o custo que paga pelo uso da água é inferior ao seu valor 
verdadeiro e que, em caso de escassez, custará muito mais. Portanto, procure usar bem a 
água, aproveitando ao máximo a água da chuva e irrigando somente quando for necessário. 
Consulte especialistas e procure utilizar técnicas que evitam perdas, desperdícios e 
evaporação. 
Em nível mundial, a agricultura irrigada é a atividade que mais utiliza água doce, demandando 
mais de 70% dos recursos hídricos disponíveis, porém, nem sempre toda a água é utilizada de 
forma adequada. Métodos de irrigação mal projetados, má distribuição das chuvas e o 
fornecimento de água às plantas em quantidades maiores das quais realmente necessitam são 
alguns dos principais problemas do uso inadequado desse recurso natural tão precioso
28
. 
. Sempre que puder, use curvas de nível para que a água da chuva seja retida, evitando 
erosão e aumentando a capacidade de infiltração no solo. O uso de curvas de nível previne 
a formação de erosão29 e o surgimento de voçorocas (grandes buracos) nas pastagens. Essa 
terra que sai do pasto e das plantações acaba aterrando nascentes além de entupir rios e 
igarapés causando seu assoreamento, ou seja, aterra o leito do rio tornando-o mais raso, o 
que facilita a ocorrência de alagamentos. 
. Evite o uso de agrotóxicos e, quando o mesmo se tornar indispensável, faça-o com 
supervisão técnica, pois essas substâncias, além de fazer mal à saúde, podem contaminar as 
águas da região. Com as chuvas, boa parte se infiltra nos lençóis subterrâneos de água ou é 
carregada para os rios. 
. Proteja e ajude a preservar locais onde existem florestas, matas e bosques, que são 
fundamentais no controle da quantidade e qualidade de água doce no planeta. Quando 
chove, as águas vão se infiltrando lentamente no solo, contribuindo naturalmente para o 
armazenamento de grande quantidade de água subterrânea que abastece os poços e as 
nascentes, que formam rios, córregos e represas. Quando for necessária alguma retirada de 
árvore dessas áreas, procure orientação técnica, de modo a fazê-lo de forma cuidadosa, bem 
como reflorestar para compensar a perda. É preciso preservar para manter a quantidade de 
água necessária ao abastecimento, irrigação e outros usos. 
. Promova a recomposição da mata ou vegetação nativa, especialmente em áreas de recarga 
(topos de morro, algumas encostas e terrenos arenosos), margens de corpos d’água (que 
devem estar cobertas por mata ciliar), e áreas sujeitas à erosão. 
. Dê preferência a produtos que não propiciem o desmatamento de florestas. 
 
28
 Revista Acadêmica, v. 4 n. 1 jan./mar. 2006. Um Estudo Diagnóstico do Consumo de Água pela Irrigação 
na Bacia do Rio Miringuava, Região Metropolitana de Curitiba/PR. Denise Maria Gineste e
 
Edilberto Nunes 
de Moura. www2.pucpr.br/reol/index.php/ACADEMICA?dd1=838&dd99=view. 
29
 A erosão é resultado da ação de chuva ou outro tipo de água corrente, que vai levando partículas do solo 
para outro lugar mais baixo, quase sempre uma nascente, córrego, lagoa ou rio, assoreando-o. É importante 
combater a erosão para garantir água limpa. As matas ciliares - matas que crescem naturalmente nas margens 
de rios ou córregos ou foi reposta, parcial ou totalmente, pelo homem - são importantes, especialmente em 
áreas de agricultura intensa, pois evitam que as enxurradas levem partículas do solo, agrotóxicos e nutrientes 
diretamente para a água dos rios, assoreando-os e/ou mudando suas características e sua qualidade. 
 29 
. Evite impermeabilizar o solo e plante sempre, procurando, dentro do possível, empregar 
práticas agroflorestais, evitando monoculturas e valorizando a diversidade de espécies. 
 
. Barraginhas – com o objetivo de recuperar áreas degradadas pelo escorrimento das águas 
de chuva sobre solos compactados, desenvolveu-se a tecnologia social que consiste na 
construção de barraginhas contentoras de enxurradas. 
 A utilização desta tecnologia, que vem sendo estudada pela Embrapa Milho e 
Sorgo, Unidade de Sete Lagoas – MG há mais de 10 anos, traz importantes benefícios, 
como elevação do nível de água do lençol freático, revitalização de córregos e rios, maior 
tempo de umidade dos solos de baixada e diminuição dos efeitos de enchentes e veranicos. 
Num primeiro momento, freia a degradação do solo, evitando a desertificação e, num 
segundo momento, possibilita a elevação do nível de água no solo, reabastece o lençol 
freático, revitaliza mananciais, nascentes e córregos, suavizando a seca. Na prática, 
ameniza os efeitos das secas e estiagens (veranicos) em lavouras localizadas em partes 
úmidas de baixadas e propicia plantios de safrinha após o encerramento do ciclo chuvoso. 
Ainda, permite o plantio de pomares, hortas e canaviais nas partes baixas das barraginhas, 
bem como a construção de cacimbas e cisternas para o fornecimento de água para consumo 
humano e animal, diminuindo ou eliminando a necessidade de caminhão pipa nessas 
regiões. 
 
Figura 3 – Planta geral – Barraginhas – Município de Sete Lagoas-MG

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