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A Bioética

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1 INTRODUÇÃO
	A Odontologia vem se destacando por seus avanços técnicos, biológicos e culturais, que nos leva ao paradigma, quanto mais avanço menos acesso. As condições sócio–econômico-culturais da maioria da população brasileira não têm permitido que suas ações se estendam nas dimensões que seria de se esperar, com o objetivo de uma assistência odontológica adequada, promovendo saúde (ABREU; PAIXÃO; RESENDE, 1999).
	A ética assume papel fundamental no campo da saúde, sendo esta um valor-mor para a Bioética, por sua direta ligação com a qualidade de vida das pessoas. Daí, ser atribuída importância ao conhecimento e à utilização dos fundamentos teóricos e práticos da Bioética para uma atividade profissional consciente e crítica (GARRAFA, 1995).
	Quando se pensa em Bioética, normalmente se pensa em casos de “situações limite” como a eutanásia, a fecundação assistida e o DNA recombinante, negligenciando-se com freqüência os problemas morais e éticos que envolvem grande número de pessoas na vida cotidiana (RIBEIRO, 2002).
	A bioética na odontologia ela não se restringe ao ato clínico, mas abrange também a inter-relação dos seus agentes, dando-lhes novos papéis de intercolaboradores e co-responsáveis no tratamento, de maneira tolerante e sob acordo mútuo (GARBIN et al., 2006).
2 BIOÉTICA
	A Bioética é a resposta da ética aos novos casos e situações originadas da ciência no âmbito da saúde. Poder-se-ia definir a Bioética como a expressão crítica do nosso interesse em usar convenientemente os poderes da medicina para conseguir um atendimento eficaz dos problemas referentes à vida, saúde e morte do ser humano (CLOTET, 2009).
	Segundo Garbin et al. (2006) a reflexão bioética traz, em sua bagagem, alguns princípios éticos que podem correlacionar-se com o Código de Ética Odontológica.
	 Beneficência – vem do latim bonum facere , fazer o bem. O próprio Código de Ética Odontológica, artigo 5.º, inciso V ressalta como dever fundamental do cirurgião-dentista “zelar pela saúde e pela dignidade do paciente”. Ou seja, o cirurgião-dentista deve ter em mente que todo e qualquer ato clínico odontológico precisa proporcionar o máximo de benefícios ao paciente.
	Não-maleficência – primum non nocere, acima de tudo não cause dano, devendo ser aquele que é previsível evitado ou mesmo eliminado. Esse princípio pode ser entendido de duas maneiras. A primeira é focada na prioridade de limitação da ação para que não provoque dano. Por exemplo, se o profissional tem um paciente que apresenta alto risco à cirurgia de extração, para evitar qualquer dano no transcorrer ou posteriormente à cirurgia, deve ter a liberdade de discutir sobre a condição sistêmica desse paciente, não apenas como médico dele, mas também com outros colegas, para sanar dúvidas e preocupações. A segunda forma de entender esse princípio relaciona-se à obrigação de não causar dano ao paciente – diferentemente da obrigação de ajudar o paciente, caracterizada nas decisões embasadas na habilidade clínica.11 Sobre isso, o Código de Ética Odontológica artigo 7.º, inciso V, trata como infração ética o cirurgião-dentista “executar ou propor tratamento desnecessário ou para o qual não esteja capacitado”.
	Autonomia – Corresponde ao livre-arbítrio do paciente, à vontade de ele reger seus próprios atos, à capacidade de governar-se e ao direito moral e legal para adotar suas próprias decisões, sem restrição ou coação, por mais benfeitoras que sejam as intenções do cirurgião-dentista, com base em seu valor e convicção. Assim, o paciente é valorizado como fim, e não como meio, no tratamento, pois muitos profissionais possuem a opinião de que ele é incapaz, para dispor de extensivo cuidado dental, da maneira que a profissão pode oferecer.
	Justiça – visa dar às pessoas aquilo que é delas por direito, agindo com eqüidade na
distribuição dos bens e benefícios e com responsabilidade na sociedade (GARBIN et al., 200
3 PROGRAMA DE SAÚDE BRASILEIRA
	Humanizar na atenção à saúde é entender cada pessoa em sua singularidade, tendo necessidades específicas, e, assim, criando condições para que tenha maiores possibilidades para exercer sua vontade de forma autônoma (FORTES, 2004).
	Na rede pública criam-se condicionantes para o acesso aos programas de saúde bucal, e estes ainda sofrem limitações na natureza de suas ações o que nos oferece uma outra realidade para ser refletida: a realidade dos desdentados por falta de próteses, de endodontias, de tratamentos periodontais, enfim de por falta de atenção as necessidades de média complexidade em odontologia que, também, não são resolvidas. Some-se a isto, de um lado, as condições de trabalho dos profissionais, muitas vezes precárias (cadeiras com ergonomia desfavorável, auxiliares pouco preparados, falta de materiais, agendas lotadas, salários indignos), de outro lado usuários impacientes e, ainda, os coordenadores exigindo produtividade (PIRES; CERVEIRA, 2003).
	Todos estes fatores, unidos, influem na conduta do profissional, que, todavia, não deve abdicar da ética em sua atividade profissional. É urgente, portanto, que os Cirurgiões-dentistas passem a interessar-se por ao invés de cuidar de no que tange aos problemas e políticas de saúde bucal neste contexto brasileiro (PIRES; CERVEIRA, 2003).	
4 CONCLUSÃO
	
	A bioética vem, de maneira singular ajudar a odontologia a permanecer relacionada ao papel de entendimento dos desafios e asseguramento dos benefícios para a saúde geral, como também, mediante diagnóstico, a agir na prevenção e no tratamento de doenças bucais, contribuindo significantemente na qualidade de vida humana.
REFERÊNCIAS 
ABREU, M.H.N.G; PAIXÃO, H.H; RESENDE, V.L.S. Controle de placa bacteriana
em portadores de deficiências físicas: Avaliação de pais e responsáveis. Arq.
Odontol; 35(1/2): 27-37, 1999.
CLOTET, J. Por que a Bioética. Professor de Ética e Bioética, Cursos de pós-graduação em Filosofia e Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. 2009. Disponível em: <revistabioetica.cfm.org.br> Acesso em: 02 jun. de 2011.
FORTES, P. A. C. Ética, direitos dos usuários e políticas de humanização da atenção à saúde
Saúde e Sociedade v.13, n.3, p.30-35, set-dez 2004. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v13n3/04.pdf> Acesso em: 02 jun. de 2011.
GARBIN, C.A.S..; GARBIN, A. J. I.; GONÇALVES, P. E. Um olhar bioético pelo código de ética odontológica. Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 18 (1): 47-50, 2006. Disponível em: 
<http://www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/revfol18_1art06.pdf> Acesso em: 02 jun. 2011.
GARRAFA, V. A Dimensão da Ética em Saúde Pública. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública-US/Kellogg Foundation; 1995.
PIRES, L. A. G.; CERVEIRA, J. A Bioética na Odontologia. v.9, n.17, jul./dez. 2003
Disponível em: <http://www.ulbra.br/odontologia/stomatos/v09n17jul-dez2003/7.bioetica.pdf> Acesso em: 02 jun 2011.

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