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Tolerância imunológica e autoimunidade Integrantes: Lara Raíssa Matos Carvalho, Paulo Gabriel da rocha moura, Jefferson Feques Ferreira costa, Vinícius Ribeiro de Arêa Leão, Luciano Silva Mendonça UEMA - Universidade Estadual Do Maranhão CESC - Centro de Estudos Superiores de Caxias Curso de Medicina Disciplina: Microbiologia e imunologia Profº: Laurindo CAXIAS, Março 2018 Tolerância imunológica Não responsividade do sistema imunológico a um determinado antígeno Ocorre geralmente com antígenos próprios (autotolerância) Os antígenos que induzem tolerância são chamados de tolerógenos A tolerância é específica e pode existir tanto em células B como em células T A tolerância induzida pode terminar após exposição prolongada ao tolerógeno ou por tratamentos danosos ao sistema imune Características gerais da tolerância imunológica Todos os indivíduos recebem os mesmos segmentos de genes para receptores de antígenos Após a diferenciação dos linfócitos esses genes são recombinados de maneira aleatória Capacidade do sistema imunológico de não responder a antígenos próprios. Características gerais da tolerância imunológica A tolerância é diferente da imunossupressão terapêutica e da imunodeficiência A tolerância induzida é considerado um método terapêutico para rejeição de enxertos (microquimerismo hepatopoético). É dividida em tolerância central (linfócitos imaturos) e periférica (linfócitos maduros) Tolerancia central: aspectos gerais Ocorre nos órgãos linfoides centrais (timo e medula óssea) Durante a maturação de linfócitos imaturos Os órgãos linfoides centrais ou primários contém majoritariamente células próprias Linfocitos reativos nesses órgãos geralmente indicam células específicas para antígenos próprios Mecanismos de controle: apoptose, edição de receptor, diferenciação em células reguladoras (TCD4) Tolerância periférica: aspectos gerais Serve para corrigir falhas ocorridas no mecanismo de tolerância central Os linfócitos autorreativos já maduros sofrem apoptose ou são suprimidos por células T reguladoras (linfócitos T) OBS: isolamento anatômico de alguns antígenos próprios Alguns antígenos estranhos podem induzir tolerância (lepra lepromatosa) Tolerância central de células T Proteínas próprias são processadas, associadas à moléculas do MHC e apresentadas aos linfócitos pelas APC. Proteína reguladora autoimune: mecanismo do timo para induzir tolerância em antígenos presentes apenas em tecidos periféricos AIRE funciona como fator de transcrição para a expressão de antígenos teciduais externos ao timo Síndrome poliendócrina: alterações no gene AIRE A deleção clonal ocorre tanto no córtex (++) quanto na medula do timo (+) Tolerância central das células T Ao encontrar antígenos próprios associados a moléculas de MHC as células com alta afinidade a antígenos próprios sofrem apoptose Sinalização do TCR ativa a proteína Bim Algumas células TCD4 autorreativas após o contato com antígeno próprio tornam-se células reguladoras inibindo respostas autoimunes na periferia Não se sabe se falhas nesse tipo de tolerância contribua para algum tipo doença autoimune conhecida Tolerância Periférica de Células T Tolerância Periférica de Células T Mecanismo pelo qual as células T maduras reconhecem antígenos próprios dos tecidos periféricos, se tornando incapazes de responde-los. Os principais mecanismos de tolerância periférica são: Anergia, Supressão e Deleção. Anergia Exposição de células TCD4 maduras a um antígeno próprio na ausência de coestimulação ou imunidade natural pode tornar as células incapazes de responder a esse estímulo. TCR( sinal 1 )+ CD28(sinal 2) = ativação completa Na anergia, alterações bioquímicas reduzem a habilidade dos linfócitos de responder a seus receptores de antígenos. Acredita-se que várias vias bioquímicas contribuem para manter esse estado não responsivo Anergia As células anérgicas mostra um bloqueio na transdução do sinal induzido pelo TCR, devido a uma degradação aumentada ou recrutamento de moléculas inibidoras Ativação de ubitiquinas ligases celulares, que leva as proteínas TCR à degradação proteolítica em proteossomos ou lisossomos Quando células T reconhecem antígenos próprios podem engajar receptores inibitórios da família CD28 Anergia O reconhecimento do antígeno por células T resulta do engajamento de receptores ativadores e inibitórios. Os principais receptores inibitórios são CTLA-4 e PD-1 CTLA-4 liga-se a moléculas B7, prevenindo assim coestimuladores nas APC de se ligar ao CD28, além de poder remover moléculas B7 da superfície das APC CTLA-4 também fornece sinais inibitórios que anulam os sinais disparados pela TCR Anergia Outro receptor inibitório da família CD28 é PD-1. Ele reconhece dois ligantes que são PD-L1 e PD-L2. Ambos são expressos nas APC . O engajamento do PD-1 por qualquer um dos ligantes leva Foi postulado que as funções CTLA-4 controlam principalmente a ativação inicial da célula T em órgãos linfoides, enquanto o PD-1 é mais importante para a limitação de resposta em células efetoras diferenciadas em tecidos periféricos Uma explicação para o engajamento de CTLA-4 vs CD28 por moléculas B7 está no fato de as APC que apresentam antígenos próprios expressarem baixos níveis de B7-1 e B7-2, sendo suficiente para para ativar o receptor inibitório CTLA-4 SUPRESSÃO DOS LINFÓCITOS AUTORREATIVOS PELAS CÉLULA T REGULADORAS Destaque para as células T supressoras em estudos imunológicos nos anos 1970 Histórico marcado por tentativas iniciais malsucedidas. Definir, purificar e analisar população de linfócitos T ( reguladores ) TCD4 -> Linfócitos T reguladores -> suprimir respostas imunológicas -> manter a autotolerância + cadeia alfa ( CD25) -> interleucina 2 Fator de transcrição -> FoxP3 -> desenvolvimento -> função SUPRESSÃO DOS LINFÓCITOS AUTORREATIVOS PELAS CÉLULA T REGULADORAS Camundongos – mutação/nocaute – FOXP3 – doença autoimune multissistêmica – ausência de células T reguladoras IPEX ( síndrome de desregulação imune, poliendocrinopatia e enteropatia ligada ao X ) Defeitos – doenças autoimunes Estudo no tratamento de doenças inflamatórias MARCADORES FENOTÍPICOS E HETEROGENEIDADE DE CÉLULAS T REGULADORAS Células T reguladoras fenotipicamente diferente CD4 , FoxP3, CD25 alto -> geração -> manutenção -> funcionamento / - / IL – 7 / + / IL – 2 Células T memória -> oposto -> CD127 alto e CD25 baixo -> IL 7 T reguladoras FoxP3 – CTLA-4 GERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE CÉLULAS T REGULADORAS Geração -> antígenos próprios (Timo) -> células T reguladoras naturais -> antígenos próprios ou estranhos (Órgãos Periféricos) -> linfócitos T CD4 virgens (naive) -> células adaptativas ou induzíveis -> TCD4 virgens como adaptação do sistema imunológico em resposta a certo tipo de exposição A GERAÇÃO E A SOBREVIDA DAS CÉLULAS T REGULADORAS SÃO DEPENDENTES DAS CITOCINAS TGF BETA E IL - 2 T virgens + anti TCR + TGF Beta + IL – 2 -> reguladoras (induzidas) Bloqueio de TGF Beta -> doença inflamatória sistêmica TGF Beta -> + FoxP3 Fornecimento de células de medula óssea -> FoxP3 IL – 2 -> diferenciação de células T / sobrevida / ativação de STAT5 -> +FoxP3 Populações específicas ou células dentríticas -> T reguladoras MECANISMOS DE AÇÃO DE CÉLULAS T REGULADORAS Indução da ativação da célula T/ etapa efetora Células T reguladoras -> IL – 10 e TGF Beta Citocinas T reguladoras -> / - / células T da APC FoxP3 -> CTLA 4 ->B7 nas APC ->/-/ -> inabilidade de fornecer coestimulação imunológica Consumo de IL - 2 -> morte de células T responsivas FATOR DE TRANSFORMAÇÃO DO CRESCIMENTO BETA Sistema imunológica há maior síntese de TGF Beta 1 Homodimérica / síntese e secreção -> T reguladoras CD 4, macrófago ativadoPrecursor inativo -> Complexo de Golgi -> homodímero -> remoção por digestão enzimática antes que a citocina ligue aos receptores TGF Beta 1 -> TGF Beta R 1 e TGF Beta R 2 -> fosforilam SMAD Serina/Treonina de TGF BR1 -> SMAD 2 e SMAD3 -> SMAD 4 (regula) FUNÇÕES TGF Beta Inibe a proliferação e as funções efetoras das células T e ativação dos macrófagos Regula a diferenciação de subtipos funcionais diferentes de células T Estimula a produção de anticorpos IgA induzindo células B a alternar para esse isotipo Promove o reparo do tecido depois que reações imunológicas e inflamatórias diminuem INTERLEUCINA 10 Inibidor de macrófagos e células dentríticas Família de Citocinas Heterodimetéricas - IL 19, 20,22,24,26 e 27 IL – 10 -> citocina tipo II -> cinases JAK 1 e TYK 2 -> STAT 3 Feedback negativo Produzida por células imunológicas, queratinócitos Função: -> inibe a produção de IL – 2 por células dentríticas e macrófagos ativados -> inibe a expressão de coestimuladores e de moléculas do MHC de classe II em células dentríticas e macrófagos FUNÇÕES DAS CÉLULAS T REGULADORAS NA AUTOTOLERÂNCIA E NA AUTOIMUNIDADE Doença intestinal inflamatória Diabetes tipo I Esclerose múltipla Tratar rejeição de transplantes DELEÇÃO DE CÉLULAS T POR MORTE APOPTÓTICA Os linfócitos T -> reconhecimento -> sem inflamação -> apoptose VIA MITOCONDRIAL -> Bcl – 2 -> inibe a apoptose -> Bcl – 2 ( BH3) -> ativada -> sinalização celular / privação do fator de crescimento / estímulos nocivos / danos ao DNA -> sensores -> ligam-se -> morte de efetores -> Bim -> Bcl – 2 -> Bax e Bak -> membrana mitocondrial externa -> + permeabilidade ->antiapopitóticos Bcl – 2 e Bcl – X -> reguladores -> vazar devido BH3 Bax Bak -> /-/ Bcl - 2 e Bcl – X -> citocromo c -> ativam caspases -> fragmentação do DNA nuclear -> apoptose DELEÇÃO DE CÉLULAS T POR MORTE APOPTÓTICA VIA DE RECEPTORES DE MORTE -> receptores na célula -> homólogos (TNF) -> homólogos a citocina TNF -> ativam proteínas adaptadoras -> clivam a caspase8 -> apoptose Via mitocondrial -> ampliar / sinalizar -> receptores de morte Pós apoptose -> bolhas e fragmentos ->mudança bioquímica Morte celular induzida por ativação As células T que reconhecem antígenos próprios sem coestimulação podem ativar a Bim -> apoptose mitocondrial A estimulação repetida das células T -> coexpressão de receptores de morte-> empenho -> morte apoptótica -> Fas -> TNF ->Fas L liga ao Fas -> cascata -> morte (síndrome linfoproliferativa autoimune (ALPS) TOLERÂNCIA PERIFÉRICA EM LINFÓCITOS T CD8 TCD8 -> reconhecimento dos peptídeos MHC de classe I TCD8 -> encontram sinal -> linfócitos T CD4 T reguladoras CD25 -> inibir / TCD8 ou suprimir / CD4 FATORES QUE DETERMINAM O GRAU DE TOLERÂNCIA DOS ANTÍGENOS PRÓPRIOS Antígenos protéicos -> induziram a células T Antígenos próprios (tolerogênicos) ->Timo -> seleção negativa / T reguladoras -> na periferia engajam receptores por períodos prolongados -> exposição sem inflamação -> APC baixa influência Ativação -> receptor T -> ausência de imunidade natural -> tolerância periférica / presença de imunidade natural -> + células T, efetoras, memória TOLERÂNCIA DOS LINFOCITOS B TOLERÂNCIA CENTRAL DOS LINFOCITOS B Linfócitos imaturos Necessidade: manter a não responsividade aos antígenos próprios. Responsividade controlada por várias maneiras Eliminação ou mudança de especificidade TOLERÂNCIA CENTRAL DOS LINFOCITOS B Edição de receptores Antígenos próprios em alta concentração Exposição multivalente Cruzamento entre receptores de antígenos Criação de novos receptores com nova especificidade TOLERÂNCIA CENTRAL DOS LINFOCITOS B DELEÇÃO Edição falha Morte por apoptose (mecanismos não bem definidos) TOLERÂNCIA CENTRAL DOS LINFOCITOS B ANERGIA Linfócitos B reconhecem fracamente antígenos próprios. Antígeno solúvel, poucas ligações com os receptores. Células tornam-se funcionalmente não responsivas (anérgicas) Deixam a medula nesse estado. TOLERÂNCIA PERIFÉRICA DOS LINFOCITOS B Linfócitos maduros ANERGIA E DELEÇÃO Células B autorreativas necessitam de níveis mais elevados do fator de crescimento BAFF/BLys Não competem eficientemente com células B virgens Consequência: vida encurtada, eliminadas rapidamente. TOLERÂNCIA PERIFÉRICA DOS LINFOCITOS B SINALIZAÇÃO POR RECEPTORES INIBITÓRIOS Células B que reconhecem antígenos com baixa afinidade Existência de receptores inibitórios Evita resposta Funções dos receptores: Limiar para a ativação TOLERÂNCIA INDUZIDA POR ANTÍGENOS ESTRANHOS Antígenos estranhos podem ser administrados de forma a induzir a tolerância Estratégia de tratamento para doenças imunológicas Altas doses de antígenos administrados de forma sistêmica tendem a induzir tolerância Tolerância oral PATOGÊNESE DA AUTOIMUNIDADE Importante causa de doença em humanos Autoimunidade resulta de uma falha dos mecanismos de autotolerância em células T ou B Quando a autotolerância falha, o resultado é a autoimunidade PATOGÊNESE DA AUTOIMUNIDADE CAUSAS DA PERDA DA AUTOTOLERÂNCIA 1. Linfócitos autorreativos não foram eliminados ou inativados Defeitos da deleção Defeitos na edição Apoptose defeituosa Função inadequada dos receptores inibitórios 2. As APC são ativadas de modo que os antígenos próprios são apresentados ao sistema imunológico de uma maneira imunogênica PATOGÊNESE DA AUTOIMUNIDADE Células T auxiliares: reguladores-chave de todas as respostas imunes a proteínas Maioria dos antígenos próprios implicados em doenças autoimunes são proteínas Anomalia de células T auxiliares e produção de autoanticorpos Elas são necessárias para a produção de anticorpos contra antígenos proteicos PATOGÊNESE DA AUTOIMUNIDADE Fatores que contribuem para o desenvolvimento da autoimunidade Suscetibilidade genética Causas ambientais (infecções e lesões teciduais locais) Genes de suscetibilidade podem interromper mecanismos de autotolerância Infecção ou necrose nos tecidos promove entrada de linfócitos autorreativos Infecções e lesões também alteram a forma em que os antígenos próprios são expostos ao sistema imunológico (falha na autotolerância e ativação de linfócitos autorreativos). Fatores que contribuem para o desenvolvimento da autoimunidade DOENÇAS AUTOIMUNES 1. SISTÊMICAS Complexos imunológicos circulantes Lupus Eritematoso Sistêmico 2. ÓRGÃO-ESPECÍFICAS Distribuição tecidual de antígenos próprios Miastenia grave, diabetes tipo I, esclerose múltipla Associação dos alelos MHC e autoimunidade O lócus gênico HLA contribui sozinho em torno de metade ou mais da suscetibilidade genética para o desenvolvimento de doenças autoimunes. RISCO RELATIVO : probabilidade de desenvolvimento de doenças autoimune tendo como base a quantidade de alelos herdados no lócus HLA. Exemplo : Espondilite Anquizolante >>> alelo HLA 1 B27 Espondilite Anquizolante As moléculas de MHC influenciam o desenvolvimento da autoimunidade pelo controle da seleção e ativação das células T. Vale ressaltar que a expressão de um gene HLA específico não é por si só a causa de uma doença autoimune, mas um dos fatores contribuintes. Complexo Principal de Histocompatibilidade Polimorfismos em genes não-HLA assosciados à autoimunidade Acontecem em genes que influenciam o desenvolvimento e regulação de respostas imunológicas, podendo proteger ou aumentar a incidência da doença. Os estudos de abrangência genômica sugerem que os polimorfismos genéticos afetam a expressão das proteínas codificadas. Genes associados às doenças autoimunes PTPN22 : associado a artrite reumatoide, diabetes tipo 1 e tireoidite autoimune. NOD2 : associados a Doença de Crohn. ATG16 : associado a doenças inflamatórias intestinais. Anomalias em genes únicos que causam autoimunidade Nesse caso, quase todos os indivíduos portadoresda mutação são afetados. Exemplo : FcRIIB : a deleção genética resulta numa doença autoimune semelhante ao lúpus. Papel das infecções na autoimunidade Infecções virais ou bacterianas, nas quais os micro-organismos provocam uma série de respostas imunológicas, podem contribuir para o desenvolvimento e exacerbação de doenças autoimunes. A autoimunidade se desenvolve por 2 mecanismos : - Ativação espectadora - Mimetismo molecular Outros fatores na autoimunidade Alterações anatômicas : podem ser causados por processo inflamatório, lesão tecidual ou trauma isquêmico. Influências hormonais : muitas doenças autoimunes possuem maior incidência em mulheres. exemplo : Lúpus Eritematoso Sistêmico (SLE) Lúpus Eritematoso Sistêmico REFERÊNCIAS ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. H. I. V. Imunologia celular e molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
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